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Tutelas de Urgência Tratamento no Projeto do Código de Processo Civil

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Tutelas de Urgência – Tratamento no Projeto do Código de

Processo Civil

Graziella Pinheiro Godoy Matos1

Resumo

O presente trabalho pretende tratar das alterações a serem introduzidas no ordenamento jurídico pátrio, caso o Projeto do Código de Processo Civil seja aprovado, no pormenor relatório às Tutelas de Urgência, abordando seus pontos jurídicos relevantes, tais como os princípios constitucionais e infraconstitucionais que o regem, e todos os demais pontos relevantes que possivelmente serão trazidos pelo novo textoe que disciplinarão o tema.

Palavras-chave: Tutelas de Urgência; Reforma do Código de Processo Civil; Princípios Constitucionais;

SUMÁRIO: 1 Introdução. 2 Considerações acerca das Tutelas de Urgência. 3 Tutelas de Urgência no atual Código de Processo Civil. 4 Espécies de Tutelas de Urgência. 4.1 Tutelas Cautelares e Tutelas Antecipadas. 4.1.1 Tutelas Antecipadas. 4.1.2 Tutelas Cautelares. 5. Tutelas de Urgência no Estado Democrático de Direito. 6. Proposta do Novo Código de Processo Civil. 7. Considerações finais. Abstract. Referências.

1. INTRODUÇÃO

1Graziella Pinheiro Godoy: Graduada em Direito na Faculdade Arnalddo Janssen. Atualmente no

escritório Santos Rodrigues Advogados Associados atuando em Direito Bancário. Atuou como estagiária no Gabinete do Desembargador Roney Oliveira (Tribunal de Justiça de Minas Gerais). Tesoureira do Diretório Acadêmico de Direito Padre Gilson (DAPG).E-mail:

graziellapinheiro@hotmail.com. Trabalho de conclusão de curso aprovada com nota máxima perante a Banca composta pelos professores Sergio Henriques Zandona Freitas, Gustavo de Castro Faria e Cristiano Starling Erse. Cirrículo Lattes: Atuou como estagiária na Procuradoria do Trabalho e Administrativa na Advocacia geral do Estado de Minas Gerais. Parte do grupo de conciliadores do Juizado Especial de Consumo de Minas Gerais (JESP). Participação em cursos e palestras como Curso de Capacitação de Conciliadores - Juizados Especiais; Palestras Jurídicas, Gestão

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Sabe-se que as tutelas de urgência têm um significante papel no Direito, sobretudo garantindo a eficácia da prestação da atividade jurisdicional, sem afetar a segurança jurídica do processo.

Antes mesmo da vigência da Constituição da República de 1988, já muito se estudava a busca de um processo justo, que embasasse bem a eficácia do direito pleiteado.

Induvidoso que o Direito, por ser um reflexo das relações individuais e sociais, deve evoluir e se adequar de forma a tutelar os direitos decorrentes de tais necessidades e anseios do individuo e da sociedade.

O Projeto do novo Código de Processo Civil destaca-se, conforme inúmeras vezes mencionado pelo Presidente da Comissão que o elaborou, o Ministro Luiz Fux, como mecanismo de busca pela celeridade processual.

Dentro deste contexto, pergunta-se como mais uma reforma pode avançar e evoluir no tema tutelas de urgência.

Pretende-se debater, dentre as várias questões levantadase abordadas neste artigo, os pontos importantes, relevantes para que se alcance um direito mais justo e eficaz a atender as necessidades dos cidadãos e da sociedade como um todo.

Uma vez que esta questão ainda se encontra em debate até mesmo nos próprios Tribunais, percebe-se a necessidade de uma maior regulamentação no ordenamento jurídico para que esta reforma realmente ampare o direito de forma eficaz e satisfativa.

2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS TUTELAS DE URGÊNCIA

As tutelas de urgência, são um gênero e, como todo gênero tem suas espécies, a saber: as tutelas cautelares e as tutelas antecipatórias.

Assim, para a concessão da tutela antecipada, o magistrado deve se ater aos requisitos previstos no art. 273, do CPC, requisitos estes essenciais para a fundamentação da decisão, de forma a garantir a segurança jurídica, pautado na necessidade de quem as pleiteia, vez que sua essência está na urgência de concessão de um provimento.

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Já para a concessão das medidas cautelares, faz-se necessária a observação do fumus boni iuris deve ser analisado na medida em que, o juiz, diante do caso concreto, deve se voltar para a veracidade dos fatos a ele levados e o

periculum in mora, na verificação do perigo exposto à parte, caso demore ou não,

para que a ela seja dado na medida daquele momento, ou seja, verificar a veracidade do perigo de dano real que esta medida emergencial poderá causar, caso não concedida.

O art. 5º, XXXV, da Constituição da República, dispõe que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, positivando, desse modo, o direito fundamental de acesso à jurisdição.

Acontece que, em inúmeras vezes, tais direitos não são obtidos pelo decurso do tempo, causando graves prejuízos, principalmente ao direito pleiteado pela parte.

Dessa forma, levando-se em conta a tomada de posse, o monopólio da jurisdição por parte do Estado, a fim de se evitar que a justiça fosse feita com as próprias mãos, deve ele, fornecer aos indivíduos todos os meios necessários para a realização do direito, sem que sofram os prejuízos da demora.

Logo, visando, justamente, a efetivação da jurisdição e evitar perigo ou dano ao direito da parte que se encontra em situação de risco, que o legislador se valeu, em 1973, das tutelas de urgência.

3. Tutelas de Urgência no atual Código de Processo Civil

Inspirado do Código italiano, o código processual brasileiro tinha como tutela urgente todo aquele requerimento dito como urgente feito pela parte, ou de ofício pelo magistrado quando presumisse algum risco ao direito da parte, antes do provimento final, conforme disposto no art. 798, do CPC.

Com o passar dos anos, em 1994, foi inserido no ordenamento as tutelas antecipadas, dentro do art. 273, do CPC, face exigência da Lei 8.952/94.

Assim, a cautelar permaneceu intacta enquanto a antecipatória seguiu para o livro do processo de conhecimento, passando a ser analisada e deferida nos próprios autos do processo principal, muitas vezes, em sede de liminar mas, embora

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em livros separados e, conseqüentemente, em momentos diferentes, ambas exigem, via de regra, a urgência do provimento.

4. Espécies de Tutelas de Urgência

Com o advento das tutelas de urgência, o legislador cuidou de dividi-la em espécies, quais sejam, as tutelas cautelares e as tutelas antecipatórias, previstas no próprio Código de Processo Civil.

Ramiro Podetti muito bem classifica as tutelas:.

Uma classificação bastante difundida é a de Ramiro Podetti que considera a finalidade e o objeto sobre o qual deve incidir o provimento, dividindo-os em três espécies: a) Medidas para assegurar bens, compreendendo as que visam a garantir uma futura execução forçada e as que apenas procuram manter um estado de coisa; b) Medidas para assegurar pessoas, compreendendo providências relativas à guarda provisória de pessoas e as destinadas a satisfazer suas necessidades urgentes; c) Medidas para

assegurar provas, compreendendo antecipação de coleta de elementos de

convicção a serem utilizados na futura instrução do processo principal.( BORGES 2002, p. 8 /9)

Do mesmo modo Luiz Rodrigues Wambier:

“A concessão da medida pode se dar por meio de decisão interlocutória (agravável) ou por meio de sentença (apelável). Como se viu, prevalece à posição no sentido de que liminar é alterável, não gerando, pois, preclusão para o juiz. Concedida a medida por sentença, há preclusão consumativa.”(WAMBIER, 2006, p.40)

Assim, a fim de se efetivar a celeridade e fazer valer preceito constitucional de amplo e ágil acesso à justiça, lançou as espécies de forma a satisfazer e evitar qualquer ameaça ou lesão ao direito urgente e excepcional.

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O Código de Processo Civil vigente prevê, em seu artigo 796 e seguintes, normas acerca da Tutela Cautelar, enquanto as normas acerca da antecipação de tutela encontram-se dispostas no art. 273, do mesmo digesto processual.

Por possuírem previsões legislativa em dispositivos diversos, revela-se necessária a distinção entre as subespécies de tutelas de urgência, quais sejam, as cautelares e as antecipatórias, na medida em que aquela objetiva assegurar a efetividade do provimento jurisdicional cognitivo ou executivo, um resultado satisfatório e esta um resultado satisfativo.

Sobre o tema entende Fredie Didier Junior:

Sob essa perspectiva, somente a tutela antecipada pode ser satisfativa e atributiva, quando antecipa provisoriamente a satisfação de uma pretensão cognitiva e/ou executiva, atribuindo bem da vida. Já a tutela cautelar é sempre não satisfativa e conservativa, pois se limita a assegurar a futura satisfação de uma pretensão cognitiva ou executiva, conservando bem da vida, embora possa ser tutelado antecipadamente.

Da mesma forma preceitua Luiz Guilherme Marinoni:

Como visto, a tutela cautelar se destina a assegurar a efetividade da tutela satisfativa do direito material. Por esta razão, é caracterizada pela instrumentalidade e pela referibilidade. A tutela cautelar é instrumento da tutela satisfativa, na medida em que objetiva garantir a sua frutuosidade

Em suma, conclui-se que a principal diferença entre elas é que as tutelas antecipadas buscam assegurar antecipadamente o que futuramente iria ser concedido definitivamente em sentença, enquanto a tutela cautelar visa, liminarmente, assegurar uma medida urgente, sob pena de perigo de ineficácia do provimento final ou do pretendido direito.

4.1.1 – Tutelas Antecipadas

A tutela antecipada, introduzida no ordenamento brasileiro pela Lei 8.952/94, representou um grande avanço, na medida em que permitiu que o autor pudesse alcançar sua pretensão provisoriamente, ou seja, ter seu pedido atendido, seja de forma total ou parcial, antes do deslinde definitivo.

Entende-se por tutela antecipada a medida de urgência que visa garantir a eficácia do provimento jurisdicional final, concretizando o conteúdo da norma

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reguladora do direito pretendido, de forma a evitar prejuízo àquele que tem razão na lide.

O art. 273, do CPC, dispõe que:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

§ 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e

preciso, as razões do seu convencimento.

§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de

irreversibilidade do provimento antecipado

§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme

sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A

§ 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer

tempo, em decisão fundamentada.

§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até

final julgamento. § 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida

quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.

§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de

natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Em análise do referido dispositivo, verifica-se que a parte tem a possibilidade de obter, antecipadamente, o que receberia no futuro, quando da prolação da sentença definitiva, caso esta seja julgada procedente, desde que demonstre os requisitos previstos no supracitado dispositivo legal.

O objeto das tutelas se restringe na satisfação de determinado direito, mas de forma sumária, vez que devem estar presentes os requisitos necessários para sua concessão, o que demonstra sua real importância jurisdicional

Vale ressaltar que, apesar de parte da doutrina definir a tutela antecipada como antecipação da sentença, esta deve ser entendida como concretização antecipada dos efeitos da norma, conforme lição de Ana Lúcia Ribeiro, em sua dissertação de Mestrado, apresentada à PUC Minas:

No Estado Democrático de Direito, o que se busca com a medida antecipatória é a concretização antecipada do conteúdo da norma por meio

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de uma decisão interlocutória, sendo certo que os efeitos da norma, estes sim, já existem, eis que fora ela criada e encontra-se em vigor antes mesmo de qualquer pronunciamento jurisdicional. (RIBEIRO, 2009, p. 66)

Acerca das Tutelas Antecipadas, também é o entendimento do doutrinador Antônio Carlos Marcato:

Predomina o entendimento de que não se trata de cautelar, pois não se limita a conservar situações para assegurar a efetividade do resultado final, mas implica na antecipação do próprio resultado. (MARCATO, 2008, p.826) No mesmo sentido, o mestre Humberto Theodoro Júnior:

(...) diz-se na espécie que há antecipação de tutela porque o juiz se adianta para, antes do momento reservado ao normal julgamento do mérito, conceder à parte um provimento que, de ordinário, somente deveria ocorrer depois de exaurida a apreciação de toda a controvérsia e prolatada a sentença definitiva. (THEODORO JR., 1997, p. 606/607)

Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery assim ensinam:

(...) é providência que tem natureza jurídica mandamental, que se efetiva mediante execução lato sensu, com o objetivo de entregar ao autor, total ou parcialmente, a própria pretensão deduzida em juízo ou os seus efeitos. (NERY JUNIOR, 2001, p. 730)

E, de forma singular, foi o ditado por Luiz Guilherme Marinoni:

A tutela antecipatória satisfaz o autor, dando-lhe o que almejou ao propor a ação. O autor não quer outra tutela alem daquela obtida antecipadamente, diversamente do que sucede quando pede tutela cautelar, sempre predestinada a dar efetividade a uma tutela jurisdicional do direito. A tutela antecipatória também não aponta para uma situação substancial diversa daquela tutelada, ao contrario da tutela cautelar, que necessariamente faz referencia a uma situação tutelável ou a uma outra tutela do direito material

Cabe lembrar de um importante instituto, também previsto no dispositivo das tutelas, qual seja o da fungibilidade, na medida em que uma tutela pode ser substituída por outra, ou vice-versa, atendendo, por óbvio, determinados requisitos.

A tutela antecipada, pode ser concedida inaldita altera pars, ou seja, antes da citação do réu, antes da sentença, na sentença ou após sua prolação, lembrando que, nas hipóteses do inciso II, do art. 273, do CPC, ela só será concedida, se assim for o caso, após a apresentação da defesa.

A verossimilhança das alegações depende, a priori, de todas as provas e argumentos utilizados pelo autor, de forma a convencer o magistrado,

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antecipadamente, que seu direito existe. Logo, verifica-se pelo total empenho do autor em ratificar a exustencia de seu direito.

Ou seja, o autor deve provar que os fatos narrados, diante as provas colacionadas, são verossímeis, passíveis de lhe causar um dano irreparável ou irreversível, caso a tutela não seja concedida.

Vale reforçar que, o juiz deferirá a tutela por meio de uma decisão interlocutória, com base da verossimilhança apresentada, pautada, exclusivamente na probabilidade, vez ser concedida muito antes da sentença. Isso permite que o magistrado, caso conclua, em momento posterior do processo, que tal medida não deveria ser concedida, revogue-a, a qualquer tempo, destiladas as fundamentações para tanto.

Assim, conclui-se que, por ser concedida de forma antecipatória, trata-se de um provimento provisório, que só se tornará definitivo com o trânsito em julgado de decisão que a confirme. Permite-se, portanto, em sede antecipatória, a obtenção de um direito que possivelmente será adquirido no futuro, sob pena de se ver frustrada a devida prestação da atividade jurisdicional, conforme garantido pelo princípio da segurança jurídica e do direito constitucional de acesso à jurisdição.

4.1.2 Tutela Cautelar

O art. 797, do Código de Processo Civil dispõe que:

“Art. 797 - Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o juiz medidas cautelares sem a audiência das partes.”

A tutela cautelar, diferente da antecipada, incide em autos apartados, ou seja, é acessório, conforme preconiza o art. 796, do CPC.

Sendo uma medida acessória, considerada assecuratória, confere a parte o prazo de 30 dias para que ajuíze a ação principal, caso deferida, podendo ser proposta em juízo diverso da principal, não sendo apenas preparatórias, vez que podem ocorrer no curso do processo.

A tutela cautelar pode ser proposta antes do início do processo principal, fase esta denominada preparatória, ou até mesmo no curso dele, fase conhecida como incidental, na instância competente que poderá altera-la a qualquer tempo,exigindo, para tanto, a presença dos requisitos: fumus boni iuris e periculum in mora, na medida que a inobservância destes impossibilita ao magistrado analisar a

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veracidade dos fatos a causar prejuízo à parte, havendo risco na efetivação do direito almejado em face da demora e/ou ausência da fumaça do bom direito.

Fumus boni iuris, ou fumaça do bom direito consiste na apresentação dos

motivos, substanciais, aparentes, suficientes a embasar a concessão da medida, de forma que, numa eventual negativa de concessão, a parte sofra grandes e graves prejuízos.

Sobre o tema descreve Misael Montenegro Filho:

Na situação que envolve o fumus boni júris, que é um decréscimo da verossimilhança, e um decréscimo ainda maior do direito liquido e certo, percebemos que há possibilidade de que as alegações do autor sejam verdadeiras, mas algo ainda muito superficial, a reclamar ampla produção de provas, a serem colhidas no palco da ação principal. Não obstante a superficialidade da prova, e por um juízo de probabilidade, autoriza-se o deferimento da medida cautelar em favor do autor. Com as atenções voltadas para essas considerações preliminares, observamos que os institutos dizem respeito à qualidade e à profundidade da prova produzida pelo autor para ratificar a existência do seu direito.(FILHO, 2008, p.48)

Por outro lado, o periculum in mora, ou perigo na demora, nada mais que o clame de uma resposta imediata e veloz do Judiciário, sob pena de gerar uma difícil ou impossível reparação de dano à parte.

Logo, a presença destes dois requisitos faz valer a concessão de uma medida cautelar.

Neste sentido informa Luiz Guilherme Marinoni:

Como visto, a tutela cautelar se destina a assegurar a efetividade da tutela satisfativa do direito material. Por esta razão, é caracterizada pela instrumentalidade e pela referibilidade. A tutela cautelar é instrumento da tutela satisfativa, na medida em que objetiva garantir a sua frutuosidade. (MARINONI, 2008, P. 61)

Deste momento começa a ser contado o prazo para a propositura da ação principal, qual seja, de 30 dias. Não proposta no prazo legal, cessada restará a eficácia da medida liminar concedida, não aplicável aos casos de família e, cessada a eficácia da liminar, vedada esta a propositura da ação principal.

Conclui-se, assim, que, tal medida conta como quesitos essenciais à sua concessão a temporaneidade, logo, não satisfatória; instrumentalidade e não

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preventividade, podendo ser utilizada no início ou no curso do processo, conforme dito anteriormente.

Para tanto prescinde seu caráter provisório e instrumental, de forma a evitar que a parte se sinta ameaçada ou em risco, se revelando a tutela cautelar como um mecanismo de acesso direto ao direito material,

Face este caráter provisório, o magistrado, para conceder a liminar, levará em consideração a situação do processo naquele momento que, da mesma forma que a tutela antecipada, permite sua revogação a qualquer momento. Mas, uma vez dado fim à ação principal, esta perde sua eficácia, seu objeto, face a incidência de uma decisão definitiva.

5. Tutelas de Urgência no Estado Democrático de Direito

Conforme sabido, é inquestionável e irrefutável a Supremacia da Constituição, de forma que todas as situação, fatos ou atos jurídicos, devem estar de acordo, vinculado e nos moldes da Constituição da Republica de 1988 (CR/88). Logo, o que vai contra aos seus preceitos, é estritamente inconstitucional, seja em ração de suas normas ou atos, motivo por que a CR/88 estabeleceu a técnica do Controle de Constitucionalidade das leis, justamente para precaver tais infrações, em regra, exercido pelo Poder Judiciário.

Para tanto, a mesma Carta Magna, trouxe, em seu art. 102, I, “p”, a competência do Supremo Tribunal Federal para julgar os pedidos de medida cautelar nas ações que versem sobre inconstitucionalidade.

E, acerca das tutelas, no âmbito da inconstitucionalidade, traz Teori Albino Zavascki, entendendo que as diferenças entre os institutos da cautelar e da tutela antecipada se dão no sentido de :

Apesar das suas características comuns e da sua identidade quanto à função constitucional que exercem, as medidas cautelares e as antecipatórias são tecnicamente distintas, sendo que a identificação de seus traços distintos ganha relevo em face da autonomia do regime processual e procedimental que lhes foi atribuída pelo legislador. (ZAVASCKI, 2005, p.46)

Ou seja, a antecipação da tutela satisfaz e a cautelar garante.

Assim, conclui-se que, quando se trata de ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, os provimentos tutelares possuem natureza meramente antecipatória, devendo passar sob o crivo do art. 273, do CPC, de modo a

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suspender a eficácia de um preceito normativo, que seja objeto da ação até o julgamento definitivo, de eficácia erga omnes e efeito ex nunc.

As decisões que deferem ou indeferem as medidas, seja tutela antecipada ou cautelar, devem estar dotadas de fundamentação constitucional, o que, embora o magistrado exerça tal atividade pautado na facultatividade, permitira ao julgador demonstrar as reais razões que motivaram sei convencimento, assim como às partes compreender e, se for o caso, impugnar.

À isso se dá o nome de literal respeito ao “Estado Democrático de Direito”, ou seja, apreciar a pretensão das partes, de forma democrática, expressada na Carta Magna, nos direitos fundamentais.

Frise-se que a cautelaridade tenta buscar certas elucidações que possibilitem uma noção geral das cautelas, a cognição será desenvolvida em face da atuação conjunta das partes interessadas ate que se possa ter o provimento cautelar final.

Ou seja, será procedida determinadas considerações acerca do poder geral de cautela, de total relevância às medidas de emergência, especialmente quando em confronto com seus conceitos

6. Proposta do novo Código de Processo Civil

A proposta de um novo Código de Processo Civil, em trâmite no Congresso Nacional e já aprovado pelo Senado Federal, conta com o propósito de eliminar o Livro III, do CPC que trata do processo cautelar, sobretudo no que se refere às teminologias.

Assim, as tutelas de urgências terão um leque maior de incidência, onde não mais serão subdivididas, passando a existir as tutelas de urgência e as tutelas de evidencia, que deverão, as duas, ser ajuizadas no mesmo processo principal, possibilitando e estimulando a conciliação.

Assim, passando a existir as tutelas de evidencia e as tutelas de urgência, apenas, o que deixará o campo mais estruturado, dispensável se fará o periculum in

mora quando de deparar com uma tutela de evidencia, uma vez que, ampliados os

poderes dos magistrados na concessão das tutelas, estas ganharão mais força, tão logo, equilibradas.

Caso a alegação da parte evidencie risco de perecimento do direito ou ferimento à eficácia processual, deve a tutela ser concedida, em todo ou em parte, de forma rápida, assim como quando verificada um juridicidade ostensiva.

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Verifica-se, então, que o maior propósito desta reforma é tornar o processo mais simples e mais equilibrado, ou seja, uma vez concedida a medida e a outra parte não tenha manifestado resistência, o juiz poderá dar por encerrada a lide, sem afetar a coisa julgada.

As tutelas de urgência passarão a ter lugar na parte geral, não mais existindo o Livro específico das cautelares.

Desta forma disporá o art. 278:

O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.

Logo, verifica-se pelo cuidado em maior relevância às tutelas preventivas, que prioriza, nada mais, nada menos que impedir que seja violado o direito de alguém. Ou seja, terá uma prevenção em sede de tutela de urgência.

Continua permitida a substituição das medidas, de ofício e a requerimento das partes, quando um outro meio menos gravosos exista para reparar ou evitar o dano ou lesão, desde que prestada caução ou qualquer outra garantia, também, menos gravosa à outra parte.

Como requisitos para a concessão das tutelas de urgência, far-se-á necessária a demonstração do risco de dano irreparável ou de difícil reparação e da plausibilidade do direito invocado, o que, mais uma vez, vem comprovar possibilidade de se alcançar a tutela de caráter satisfativo.

Neste sentido, o art. 276, do projeto determina que:

Art. 276: a tutela de urgência será concedida quando forem demonstrados elementos que evidenciem a plausibilidade do direito, bem como o risco de dano irreparável ou de difícil reparação

Mas, uma das principais previsões do Projeto do Novo CPC está na expressa e nominada tutela de evidencia, que vem prescindir a comprovação do dano irreparável ou de difícil reparação, desde que se depare com algumas das situações elencadas no art. 285, também no novo Código que trará:

I - ficar caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do requerido;

II - um ou mais dos pedidos cumulados ou parcela deles mostrar-se incontroverso, caso em que a solução será definitiva;

III - a inicial for instruída com prova documental irrefutável do direito alegado pelo autor a que o réu não oponha prova inequívoca;

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IV - a matéria for unicamente de direito e houver jurisprudência firmada em julgamento de casos repetitivos ou súmula vinculante

Conceder-se-á a tutela de evidencia toda vez que houver caracterizado abuso de direito ou manifesto propósito protelatório da parte, tão logo, em análise dos supracitados dispositivos, conclui-se que estas já se fazem presente no código vigente, na figura das tutelas antecipadas, conforme dispõe o art. 273, II, do CPC.

Uma outra proposta de reforma nos requisitos exigidos para a concessão das tutelas de evidencia, com previsão no inciso III, do art. 278, da proposta:

a inicial for instruída com prova documental irrefutável do direito alegado pelo autor a que o réu não oponha prova inequívoca

Ou seja, a prova continua com o mesmo peso da prova do direito líquido e certo exigido nos mandados de segurança, o que dispensará a dilação probatória, que tornará, certamente, mais célere o processo.

Quanto ao inciso IV, do mesmo artigo disporá que será a matéria unicamente de direito quando os fatos forem incontroversos e possíveis de serem comprovados de plano.

Logo, mais um grande avanço no ordenamento jurídico brasileiro.

Ademais, ainda prevê que será dispensável a presença do risco de dano irreparável ou de difícil reparação, ou quando tratar de bem custodiado ou quando vier prova documental do deposito convencional ou legal.

Fredie Didier Jr. retrata com louvor a distinção entre as novas medidas:

A evidência é uma situação processual em que determinados direitos se apresentam em juízo com mais facilidade do que outros. Há direitos que têm um substrato fático cuja prova pode ser feita facilmente. Esses direitos, cuja prova é mais fácil, são chamados de direitos evidentes, e por serem evidentes merecem tratamento diferenciado.(DIDIER JR. 2010. p. 408)

Assim, cumpre registrar que o recurso adotado para refutar a concessão destas tutelas é o Agravo de Instrumento, nos termos do art. 279, do novo código.

Desta feita, assim está o dispositivo da proposta:

Art. 269: A tutela de urgência e a tutela de evidencia podem ser requeridas antes ou no curso do processo, sejam essas medidas de natureza satisfativa ou cautelar.

§1: São medidas satisfativas aquelas que visam antecipar ao autor, no todo ou em parte, os efeitos da tutela pretendida;

§2: São medidas cautelares aquelas que visam a afastar os riscos e assegurar o resultado útil do processo;

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A Exposição de Motivos do Projeto do Novo Código de Processo Civil, assim dispõe:

Extinguiram-se também as ações cautelares nominadas. Adotou-se a regra no sentido de que basta à parte a demonstração do fumus boni iuris e do perigo de ineficácia da prestação jurisdicional para que a providência pleiteada deva ser deferida. Disciplina-se também a tutela sumária que visa a proteger o direito evidente, independentemente de periculum in mora. O Novo CPC agora deixa clara a possibilidade de concessão de tutela de urgência e de tutela à evidência. Considerou-se conveniente esclarecer de forma expressa que a resposta do Poder Judiciário deve ser rápida não só em situações em que a urgência decorre do risco de eficácia do processo e do eventual perecimento do próprio direito. Também em hipóteses em que as alegações da parte se revelam de juridicidade ostensiva deve a tutela ser antecipadamente (total ou parcialmente) concedida, independentemente de periculum in mora, por não haver razão relevante para a espera, até porque, via de regra, a demora do processo gera agravamento do dano. Ambas essas espécies de tutela vêm disciplinadas na Parte Geral, tendo também desaparecido o livro das Ações Cautelares.

A tutela de urgência e da evidência podem ser requeridas antes ou no curso do procedimento em que se pleiteia a providência principal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de tais considerações, impõe-se reconhecer a importância das tutelas de urgência no direito brasileiro, tanto em satisfazer um direito, quanto em assegurar um direito, na medida em que, numa determinada situação de urgência, vai além da satisfação do direito , mas de assegurar a eficácia jurisdicional.

Assim, com fins a garantir esta eficácia, que o legislador, promoveu mudanças no ordenamento de forma a melhorar e fazer valer a busca do acesso à justiça.

Logo, conclui-se que, nem sempre uma cognição exauriente é o melhor caminho para satisfação de um direito, ainda que isso possa propiciar uma certa fragilidade à segurança jurídica.

Da mesma forma, se propõe à estas novas mudanças, agora em 2011, na tentativa de tornar menos burocrática e mais simples, célere e equilibrada a prestação jurisdicional via tutelas, e mostra o por que, o motivo para tantas

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pesquisas nas demandas processuais de forma a atender as necessidades de quem dela necessitar.

O Projeto de reforma do novo Código de Processo Civil tem se mostrado tendente a alcançar as deficiências, sobretudo nas metas que se propôs, especialmente acerca da concessão da medida sem real comprovação do dano.

REFERÊNCIAS

BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Antecipação da tutela: algumas questões controvertidas. Revista Síntese de Direito Civil e Processual Civil. v3, Saraiva, 2001.

BRASIL, Lei nº 8.952, de 13 de dezembro de 1994. Altera dispositivos do código de processo civil sobre o processo de conhecimento e o processo cautelar, Brasília, DF, 1994.

BRASIL, Lei nº 10.444, de 7 de maio de 2002. Altera a lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil. Brasília, DF, 2002.

DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Ed. 4, vol. 2. Podivim.

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Referências

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