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SÍNTESE EVOLUTIVA DOS MARSUPIAIS (MAMMALIA: METATHERIA) EVOLUTIONARY SUMMARY OF THE MARSUPIALS (MAMMALIA: METATHERIA)

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SÍNTESE EVOLUTIVA DOS MARSUPIAIS

(MAMMALIA: METATHERIA)

EVOLUTIONARY SUMMARY OF THE MARSUPIALS (MAMMALIA: METATHERIA)

Marcus Vinicius Bonafé CABRAL1. 1Centro Universitário Hermínio Ometto – FHO|Uniararas.

Autor responsável: Marcus Vinicius Bonafé Cabral. Endereço: Rua Guaianases, n. 456, Jardim Fátima, Araras – SP. CEP: 13.607-081, e-mail: <cabral@uniararas.br>.

RESUMO

A classe dos mamíferos possui uma história evolutiva que remonta o final do Triássico e todo um extenso contexto norteado pelo registro fóssil incompleto que a paleontologia reuniu ao longo de anos de escavação e coleta. Os primeiros mamíferos em condições razoavelmente preservados são do Jurássico Inferior (KERMACK, MUSSETT e RIGNEY, 1973, 1981; JENKINS e PARRINGTON, 1976), cujos espécimes são minúsculos, com crânios variando de 20 a 30 mm, corpo com cerca de 150 mm e aparência semelhante aos atuais musaranhos. Os mamíferos modernos se dividem em placentários, marsupiais e monotremos, e, a despeito do escasso material fóssil, os marsupiais possuem uma história evolutiva peculiar e relações filogenéticas complexas, de maneira a trazer este grupo como foco especial deste trabalho. Provavelmente os marsupiais surgiram durante o Cretáceo Inferior na Ásia e, a partir deste momento, dispersaram-se para a América do Norte e, logo após, para a América do Sul e Australásia (SZALAY, 1994). Geralmente se aceita que os marsupiais australianos compõem um clado diferente daqueles das Américas, o que é confirmado por meio de análises moleculares recentes (AMRINE-MADSEN et al., 2003). Por muitos anos a distribuição separada dos marsupiais foi estabelecida como um enigma e, assim, foram propostas várias teorias paleobiogeográficas a fim de explicá-lo.

Palavras-chave: Marsupiais. Evolução. Paleontologia.

Fósseis.

ABSTRACT

The class of mammals have an evolutionary history that dates back to the end of the Triassic and throughout an extensive context guided by the incomplete fossil record that paleontology gathered over years of excavation and collection. The first mammals reasonably preserved in conditions are the Lower Jurassic (KERMACK et al., 1973, 1981; JENKINS e PARRINGTON, 1976), whose specimens are tiny, with skulls ranging from 20 to 30 mm body with about 150 mm and appearance similar to current shrews. Modern mammals are divided into placental, marsupials and monotremes and despite the scarce fossil material, marsupials have a peculiar evolutionary history and complex phylogenetic relationships, in order to bring this group as a special focus of this work. Probably marsupials arose during the Early Cretaceous in Asia and, from this moment, dispersed to North America and, soon after, to South America and Australasia (SZALAY, 1994). It is generally accepted that the Australasian marsupials comprise a different side of those from the Americas, which is confirmed by recent molecular analysis (AMRINE-MADSEN et al., 2003). For many years, separate distribution of marsupials was established as a puzzle and thus have been proposed several biogeographical theories to explain it.

Keywords: Marsupials. Evolution. Paleontology.

Fossils.

INTRODUÇÃO

Tradicionalmente a Classe Mammalia divide-se em três subclasses: Allotheria (multitu-berculados, totalmente extintos); Prototheria (monotremados) e Theria, que se subdivide nas infraclasses Methateria (marsupiais) e Eutheria

à presença de uma “bolsa” situada na região inguinal chamada de marsúpio, local onde os recém-nascidos completam seu desenvolvimento embrionário. Mesmo que a estrutura semelhante seja observada nos monotremos, ocorre que nem todos marsupiais possuem marsúpio, no entanto,

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esta característica é um dos elementos diagnósticos deste grupo (TYNDALE-BISCOE, 2005).

Os marsupiais são mamíferos de constituição primitiva com pequeno cérebro, crânio alongado anteriormente e substituição dentária restrita ao terceiro pré-molar, o que lhes atribui condição peculiar, permitindo, assim, a distinção dos placentários (CARVALHO, 2004).

Entre as formas atuais, as mais conhecidas compreendem os cangurus, gambás e coalas. Atualmente, aceita-se que marsupiais e placentários tiveram origem simultaneamente por meio de um ancestral comum durante o Cretáceo. Marsupiais são taxonomicamente menos diversos do que os placentários, mas seu longo percurso evolutivo, muitas vezes isolado, resultou em um conjunto de espécies cuja diversidade morfológica e ecológica é quase análoga ao observado em mamíferos placentários (SPRINGER, KIRSCH e CASE, 1997). Os marsupiais evoluíram de forma a ocupar os mais variados nichos, indo desde o dos pequenos comedores de insetos, passando pelo nicho dos grandes carnívoros e avançando em direção ao nicho ocupado pelos roedores (TYNDALE-BISCOE, 2005).

Síntese paleobiogeográfica

Em determinado instante do início do Paleógeno (65 m.a.), os marsupiais didelfídeos da América do Norte colonizaram a Eurásia. Na América do Norte, os didelfídeos foram extintos durante o Mioceno, porém, reentraram recentemente por meio da América do Sul. Na

Austrália, os marsupiais são conhecidos a partir do início do Eoceno. A atual distribuição separada dos marsupiais deu origem a inúmeros debates entre especialistas em Biogeografia. Anteriormente à década de 1960, em geral atribuía-se preferência a uma rota de dispersão ao norte com os eventuais primeiros marsupiais deslocando-se através da Ásia para a América do Norte e Austrália no início do Paleógeno, apesar de até então não haver evidências de marsupiais encontradas na Ásia. Com a aceitação da comunidade científica acerca da deriva continental, assim ocorreu a preferência sobre a hipótese de uma rota de dispersão no sul, da América do Sul até a Austrália pela Antártica. Foi encontrada recentemente na Antártica uma variedade de marsupiais sul-americanos datando do início do Terciário, confirmando, dessa forma, a maior possibilidade de a rota de dispersão ter ocorrido pelo sul (BENTON, 2008).

Alguns dentes isolados de marsupiais recentemente foram datados apontando para o Oligoceno da Ásia Central. Os espécimes pertencem a didelfídeos muito semelhantes ao

Peratherium europeu e sem parentescos com os

marsupiais australianos (Figuras 1A e 1B). As novas evidenciam irradiação de marsupiais na Europa no início do Terciário e sua migração para o continente africano e asiático, com extinção subsequente nas três regiões. Sendo assim, é razoável especular que o gambá asiático poderia ter sido interpretado de maneira bem diferente por aquele que acreditasse na rota de dispersão pelo norte.

Figura 1A Fragmento de mandíbula (A) de Peratherium.

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Figura 1B Detalhes da dentição de Peratherium.

Fonte: Paléothèque (s/d).

Marsupiais australianos

Os marsupiais australianos formam o clado dos Australidelphia, muito diferente do clado de marsupiais sul-americanos. No entanto, uma notável descoberta revelou um mamífero

sul-americano, o pequeno monito del monte (Dromiciops) (Figura 2), e seus parentes extintos (Microbiotheria) parecem estar associados ao clado australiano, e não ao sul-americano (SZALAY, 1994; SPRINGER et al., 1998).

Figura 2 Monito del monte (Dromiciops).

Fonte: Discovery Life (s/d).

A convergência entre marsupiais australianos e mamíferos placentários de outras regiões do mundo é extraordinária. O extinto recentemente “lobo” marsupial Thylacinus, por exemplo, possuía um crânio que parecia, à primeira vista, idêntico ao de uma raposa ou cão, conforme demonstra a Figura 3. Ocorrem diferenças em alguns detalhes, no entanto, os molares do

Thylacinus possuem tanto superfícies de corte

quanto de trituração, enquanto em Canis a carne é cortada e os ossos são triturados por diferentes tipos de dentes. Convergências parecidas podem ser encontradas em tamanduás, toupeiras, insetívoros arborícolas, folhívoros e até ungulados pastadores marsupiais (ainda que o canguru seja muito diferente de um antílope ou cervo, vive de forma semelhante a eles).

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Figura 3 Evolução convergente da forma craniana semelhante à de um canídeo (vista ventral) no “lobo” marsupial (a)

e canídeo placentário (b).

Fonte: Benton (2008, p. 314).

O registro fóssil dos marsupiais da Austrália regride até o início do Eoceno (ARCHER, GODTHELP e HAND, 1993) com restos mais expressivos do final do Oligoceno em diante. As faunas mais admiráveis são conhecidas do Pleistoceno, quando driptodontes, cangurus e outros viviam juntamente às équidnas gigantes, à tartaruga encouraçada Meiolania, à serpente

Mon-typythonoides e ao lagarto varanídeo Megalania,

cujo tamanho era semelhante ao de uma vaca.

Os marsupiais australianos irradiaram dando origem a quatro clados principais (SZALAY, 1994; JONES, DICKMAN e ARCHER, 2003). A ordem Dasyuromorphia inclui cerca de 60 espécies de ratos e camundongos marsupiais, dasiuros (semelhantes a gatos), o diabo-da-tasmânia e o lobo-da-tasmânia

Thylacinus, representado na Figura 4 a seguir.

Em 1926 o último espécime fêmea de lobo-da-tasmânia tornou-se extinto quando morreu no zoológico de Hobart.

Figura 4 Thylacinus, o “lobo-da-tasmânia” em cativeiro.

Fonte: Uniprot Consortium (s/d).

Atualmente, a ordem Diprotodontia é representada por 117 espécies de pequenos gambás australianos (assemelhando-se aos primatas), cangurus, wallabies, cuscus planadores, vombates e coalas. O “leão” marsupial Thylacoleo pode ser um falangeroide. Era um predador conhecido do

Pleistoceno que se alimentava de outros mamíferos. O crânio robusto de 250 mm de comprimento de

Thylacoleo (Figura 5) possui incisivos caniformes

fortes e lâminas extraordinariamente longas para cortar, estendendo-se ao longo de dois dentes.

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Figura 5 Crânio do “leão-marsupial” Thylacoleo: dentes molares em forma de lâmina.

Fonte: Western Australian Museum (s/d).

Os cangurus surgiram no início do Mioceno e alcançaram grande porte no Plioceno.

Procoptodon, o canguru-de-rosto-curto do

Pleistoceno (Figura 6) forrageava pastagens que utilizava suas mandíbulas poderosas para trituras gramíneas e folhas. Seu crânio era mais alto e curto em analogia aos cangurus modernos. Como eles, possuía quatro dígitos, porém o quarto era o único funcional do canguru extinto Protemnodon, como mostra a Figura 7 a seguir. Os dígitos 2, 3 e 5 eram reduzidos e unidos entre si de maneira firme por tecido conjuntivo, uma condição denominada sindactilia, o que ocorre em todos os marsupiais

australianos com exceção dos dasiuroides. Não há dúvidas de que o Procoptodon se movia em rápidos saltos como fazem os atuais cangurus, um modo eficiente de locomoção que permite alcançar velocidades entre 44 e 55 km/h em curtas distâncias. Os coalas datam do Mioceno Médio e os vombates atuais são parentes dos extintos Dripotodontidae. Os diprotodontídeos surgiram no meio do Mioceno (cerca de 14 m.a.) e sobreviveram até o Holoceno (dias atuais). É possível que os últimos tenham sido caçados pelos primitivos aborígenes australianos.

Figura 6 Crânio do canguru Procoptodon, segundo Nicholson e Lydekker (1889).

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Figura 7 Pé do canguru Protemnodon mostrando o quarto dedo dominante, segundo Flannery (1982).

Fonte: Benton (2008, p. 315).

O Diprotodon, representado na Figura 8, possuía membros robustos com pés largos plantígrados para sustentar seu peso, além de garras grossas que poderiam ser usadas para escavar alimento. Este gigante tinha crânio robusto,

maxilar e mandíbula munidos de um par de dentes incisivos em forma de presas na porção anterior, e molares trituradores mais largos acondicionados posteriormente.

Figura 8 Esqueleto do diprodontídeo Diptrodon, segundo Flower e Lydekker (1891).

Fonte: Benton (2008, p. 314).

Mamíferos da América do Sul: uma história a parte

Durante grande parte do Cenozoico (65 m.a. até os dias atuais), a América do Sul foi uma ilha em condição de isolamento em relação a todas as outras regiões do mundo. Na Austrália, uma fauna endêmica espetacular (restrita geograficamente) de mamíferos evoluiu revelando pouca semelhança taxonômica com as de outras partes do globo. A América do Sul possui suas próprias famílias de marsupiais, algumas das quais se parecendo com ursos, cães, felinos dentes-de-sabre e outros.

Durante a maior parte no decorrer do Cenozoico, os herbívoros eram compostos por roedores, alguns do porte de um cervo ou até mesmo maiores, ungulados sul-americanos nativos incluindo alguns parecidos com rinocerontes e cavalos, e os tatus e preguiças. Contudo, permanece a questão: de onde vieram estes animais notáveis e o que ocorreu com eles?

A América do Sul e os mamíferos mesozoicos No decorrer de um grande período do Mesozoico (251-65 m.a.), a América do Sul estava ligada à África, porém esta conexão foi perdida

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durante o Cretáceo, quando se iniciou a abertura do Oceano Atlântico. Pode ter existido uma ponte de terra geologicamente breve, formada entre as Américas do Norte e Central aproximadamente há 70 milhões de anos, por meio da qual os mamíferos podiam atravessar para ambos os lados.

Na Argentina, os mamíferos do mesozoico incluem Vincelestes, do Cretáceo Inferior, representado na Figura 9, e um conjunto diversificado de mamíferos na Formação Los Alamitos, na Patagônia, sendo esta associada a dinossauros titanossaurídeos e hadrossauros e a crocodilianos. Conforme Bonaparte (1994), esta fauna inclui os triconodontes (grupo de mamíferos primitivos aparentados com os ancestrais de todos os mamíferos atuais), um simetrodonte (grupo primitivo de mamíferos do Mesozoico distintos pelo aspecto triangular dos molares), dez driolestoides (clado extinto de mamíferos do mesozoico) e os gondwanaterídeos (subordem de mamíferos primitivos, cujo termo é uma referência por terem habitado o antigo continente de Gondwana, que mais tarde se partiria para formar os atuais continentes da América do Sul, África,

Índia, Oceania e Antártica), conhecidos somente nos continentes meridionais. No Peru, a fauna de Laguna Umayo datando provavelmente do final do Cretáceo inclui ainda o marsupial didelfídeo

Alphadon, um marsupial carnívoro pediomiídeo e

um condilartra (ordem de mamíferos primitivos que deu origem a ungulados, peixes-boi, elefantes e baleias no Paleoceno inferior), associados com cascas de ovos de dinossauros.

Após o evento de extinção K-Pg (Cretáceo-Paleógeno, os grupos basais de mamíferos e de muitos marsupiais desapareceram do resto do planeta. Entretanto, a América do Sul tornara-se novamente uma ilha e os placentários e marsupiais evoluíram neste local em isolamento. A fauna do início do Plioceno de Tiupampa (Bolívia) inclui 11 marsupiais, muitos revelando semelhanças com grupos sul-americanos posteriores (MUIZON e CIFELLI, 2000, 2001), assim como os representantes de vários grupos placentários, outros apresentando relações de parentesco com formas norte-americanas (cimolestanos, mioclaenídeos, pantodontes), no entanto, alguns (notoungulados) exclusivos da América do Sul.

Figura 9 Vincelestes do Cretáceo Inferior (130-112 m.a.).

Fonte: Deviantart (s/d).

Marsupiais sul-americanos

Na América do Sul, a irradiação de marsupiais foi menor em relação à Austrália, porém, estes dominaram como insetívoros e incluem os principais grupos de carnívoros e alguns herbívoros de pequeno porte. As 15 famílias de marsupiais carnívoros e insetívoros extintos revelam notável convergência representada por felinos, musaranhos, cães marsupiais e dentes-de-sabre. Os Ameridelphia, marsupiais

sul-I) Os Didelphimorpha, essencialmente gambás, bem conhecidos para o Cretáceo Superior da América do Norte (Alphadon, Figura 10) e do Paleoceno da América do Sul (MUIZON e CIFELLI, 2001). Os didelfídeos obtiveram sucesso sobrevivendo na América do Norte através do Cenozoico, no entanto, foram extintos neste continente durante o Mioceno. A reinvasão destes na América do Norte ocorreu durante o Grande Intercâmbio Americano, fenômeno conhecido

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permitiu uma troca faunística entre os continentes americanos, de maneira que grande número de espécies de mamíferos nativos do norte invadiu a

América do Sul e um número reduzido de espécies percorreu o caminho inverso (MARSHALL e MUIZON, 1988), pondo um fim a esse isolamento.

Figura 10 Alphadon, do Cretáceo Superior da América do Norte, era provavelmente semelhante a

um gambá atual.

Fonte: BBC (s/d).

II) Os Paucituberculata compõem diversas famílias de carnívoros, herbívoros e insetívoros, abrangendo todo o Cenozoico. O representante paucituberculado mais antigo da América do Sul

foi o caroloameguinídeo Roberthoffesteteria, um pequeno insetívoro, conforme demonstra a Figura 11 (MARSHALL e MUIZON, 1988).

Figura 11 Fragmentos da mandíbula do Caroloameguinídeo Roberthoffestetteria do Paleoceno nas

vistas lateral e oclusal (a, b), segundo Marshall e Muizon (1988). Abreviações: M1-M4, molares.

Fonte: Benton (2008, p. 316).

Os cenolestídeos, como Palaeothentes do final do Oligoceno e início do Mioceno, foram pequenos insetívoros ou onívoros com incisivos inferiores alongados e dentes posteriores com lâminas cortantes, conforme demonstra a Figura 12 a seguir. Ressalta-se que a família sobrevive até hoje: o Caenolestes é um pequeno animal que se

assemelha a um musaranho habitante dos Andes, em elevadas altitudes. O Agyrolagus, parecido com um rato-canguru, possuía molares largos para triturar vegetais mais duros e focinho curto, além de membros posteriores longos e fortes, indicando um meio de locomoção aos saltos, conforme a Figura 13 a seguir.

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Figura 12 Cenolestídeo do Oligoceno e Mioceno Inferior, Palaeothentes, segundo Marshall (1980).

Fonte: Benton (2008, p. 316).

Figura 13 Argirolagídeo do Plioceno, Argylolagus, segundo Sinclair (1906).

Fonte: Benton (2008, p. 316).

III) Sparassodonta, o terceiro clado, refere-se a dois grupos de animais maiores, ambos de hábitos carnívoros. Os borienídeos, ocorrendo para o período que se estende do Paleoceno (MUIZON, CIFELLI e PAZ et al., 1997) ao Plioceno, como, por exemplo, o Protothylacinus (Figura 14), que possuía crânio semelhante ao de um cachorro e membros curtos. Seus parentes posteriores, os tilacosmilídeos, que datam do final do Mioceno e

do Plioceno, com crânios quase indiferenciáveis dos crânios dos felinos dentes-de-sabre (placentários) que habitaram a América do Norte durante o mesmo período, conforme a Figura 15 a seguir. O canino superior é muito longo e crescia de forma contínua, ao contrário dos caninos dos felinos verdadeiros. Presumivelmente, era utilizado para perfurar a espessa pele dos grandes notoungulados sul-americanos.

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Figura 14 O borienídeo Prothylacinus do Mioceno Inferior, segundo Sinclair (1906).

Fonte: Benton (2008, p. 316).

Figura 15 O tilacosmilídeo de dentes-de-sabre do Plioceno, Thylacosmilus, segundo Riggs (1934).

Fonte: Benton (2008, p. 316).

Em toda a sua trajetória evolutiva e a separação de um ancestral comum há mais de 100 milhões de anos, as linhagens placentárias e marsupiais continuaram a evoluir de forma independente apesar de suas semelhanças no nível de comportamento, habitat, locomoção e alimentação; porém, a forma reprodutiva é o espectro mais evidente que reflete as relações evolutivas distintas.

Os marsupiais deixaram em seus registros fósseis algumas poucas pistas de um passado dinâmico que produziu uma diversidade incrível e bastante controversa em alguns aspectos. De fato, esta infraclasse permanece como motivo de muita investigação com abertura para novas perspectivas paleontológicas e paleobiogeográficas.

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