1 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Instituto de Ciência e Tecnologia Diamantina - MG
Profa. Dra. Flaviana Tavares Vieira
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Estereoquímica dos
Compostos de Coordenação
-Existem várias formas de dispor os ligantes ao redor do átomo central.
-Os compostos que correspondem a essas diferentes maneiras de disposição possuem propriedades físicas e químicas bastante diferentes.
-Utiliza-se o estereoisomerismo para descrever a ocorrência de 2 ou mais compostos com o mesmo tipo, número de átomos e mesmas ligações químicas, mas com arranjos espaciais diferentes.
3 -Este estudo é de grande importância, já que
muitos complexos podem apresentar uma grande variedade de estruturas.
-Vamos examinar algumas geometrias comuns exibidas por alguns compostos de coordenação para diferentes números de coordenação.
4 -Tamanho do átomo ou íon central
-As interações espaciais entre a espécie central e os ligantes (interações estéricas) -As interações eletrônicas entre as espécies dentro da esfera de coordenação.
Fatores que influenciam o
número de coordenação
Número de Coordenação
e Geometrias
-Poucos complexos com NC=2 são conhecidos, eles são, geralmente, limitados aos íons +1 do Grupo 11 e para o Hg(II), todos com configuração d10. -Estes complexos são lineares e temos como
exemplos [Ag(NH3)2]+, [AgCl2]-, [Ag(CN)2]-, [CuCl2]-, [Cu(NH3)2]+, [Au(CN)2]-, [HgCl2] e [Hg(CN)2].
7 -Este é um NC raro entre os complexos metálicos d,
pois caso seja formado, muitos tendem a formar cadeias ou redes com NC mais alto.
-A geometria frequentemente adotada é a pirâmide trigonal ou trigonal plano.
-Ex.: [SnCl3]- com geometria pirâmide trigonal e [HgCl3]- com geometria trigonal plano
Número de Coordenação 3
8 Número de Coordenação 4 -Existem 2 geometrias comuns associadas com um
NC=4: quadrado-planar outetraédrica.
-Os complexos que apresentam a geometria
quadrado-planar são característicos dos íons de metais de transição com configurações d8 ou s1d7,
como exemplos temos:
[Pt(NH3)4]2+, [PtCl2(NH3)2], [Ni(CN)4]2-, [AgF4]-, [Cu(NH3)4]2+.
9 Número de Coordenação 4 -Os complexos que apresentam a geometria
tetraédrica são característicos dos complexos dos
metais representativos ou dos metais de transição com configuração eletrônica diferentes de d8 ou
s1d7.
Exemplos:
[BF4]-, [MnO4]-, [ZnCl4]2-, [Zn(NH3)4]2+.
10 Número de Coordenação 5 -Espécies contendo este NC são mais raras do que
aquelas com NC=3.
-Existem 2 geometrias comuns associadas com um NC=5: bipirâmide trigonal e a pirâmide quadrada (pirâmide de base quadrada).
-Ex.: [Ni(CN)5]3-, [Fe(CO)5]
Número de Coordenação 6 -O poliedro de coordenação regular é o octaedro,
porém dados experimentais mostram que tais compostos
exibem um prisma trigonal como forma geométrica do
poliedro de coordenação.
-Compostos que tenham o íon central com este NC
podem sofrer distorções no estado sólido em função do fator de empacotamento, ou seja, uma
compressão ou alongamento ao longo dos eixos de ordem 2, 3 ou 4.
Número de Coordenação 6 -A coordenação octaédrica é a mais comum e permite
diversos tipos de estereoisomerismo.
13 Número de Coordenação 7 -Para o caso de 7 ligantes, quando a
força repulsiva assumida é variada, a geometria do poliedro também varia.
Arranjo de 7 ligantes na superfície de uma esfera 14
Número de Coordenação 7 -Outros 2 arranjos geométricos são: o octaedro
monoencapuzado e o poliedro irregular.
Octaedro monoencapuzado Modelo para um íon heptacoordenado
15 Número de Coordenação 8 -As geometrias mais freqüentes para este NC são o
dodecaedro e o antiprisma quadrado.
-Outras geometrias como o cubo, bipirâmide hexagonal
e o prisma trigonal biencapuzado foram
formuladas, porém menos estáveis do que as duas
primeiras e conseqüentemente pouco freqüentes.
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Número de Coordenação 9 -O arranjo de 9 ligantes ocorre para íons metálicos
com raios iônicos grandes.
-Assim, este NC se restringe, com raras exceções, a
complexos de lantanídeos e actinídeos.
-Estruturas de complexos com coordenação 9 são sempre descritas em termos do prisma trigonal triencapuzado e do antiprisma quadrado monoencapuzado.
-O isomerismo é um aspecto característico tanto de compostos orgânicos quanto de inorgânicos. -Compostos que possuem a mesma fórmula
molecular, mas diferentes arranjos estruturais
são chamados de isômeros.
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Isômeros de Ligação
-Alguns ligantes ambidentados podem coordenar-se a metal através de diferentes átomos doadores. Ex.: o NO2- pode se coordenar através do N ou do O
-Quando o nitrato coordena-se através do N, ele é chamado de nitro: pentaaminonitrocobalto(III).
-Quando ONO- coordena-se através do
O, ele é chamado de nitrito: pentaaminonitritocobalto(III).
-Ocorre quando ligantes do lado de fora da esfera de coordenação entram para a esfera de coordenação.
Ex.: o CrCl3(H2O)6 tem 3 isômeros de esfera de coordenação:
[Cr(H2O)6]Cl3 (violeta), [Cr(H2O)5Cl]Cl2.H2O (verde) e [Cr(H2O)4Cl2]Cl.2H2O (verde).
Isômeros de Esfera de Coordenação
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Isômeros de Coordenação
-Ligantes são distribuídos diferente e entre os 2centros metálicos.
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Isômeros Geométricos
-São compostos com o mesmo tipo e número de átomos e com as mesmas ligações químicas, mas com arranjos espaciais diferentes.
-Utiliza-se os termos
cis
(adjacente) etrans
(lados opostos) para distinguir os respectivos isômeros.
-Considere o complexo quadrático plano [Pt(NH3)2Cl2].
-Os 2 ligantes NH3 podem estar tanto a 90 como a 180 entre si.
-Em geral os isômeros cis e trans dos compostos de coordenação possuem cores, temperaturas de fusão, momentos dipolares e reatividades químicas bastante diferentes. Ex.: (a) cis-diaminodicloroplatina
-Ex.: cis-[Co(NH3)4Cl2]+ é violeta e trans-[Co(NH3)4Cl2]+ é verde.
-Os 2 isômeros têm diferentes solubilidades. -Em geral, os isômeros geométricos têm
propriedades físicas e químicas diferentes.
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Isômeros de Hidratação
-Troca entre um ligante aniônico e um liganteneutro (molécula de água=solvente)
28 -Troca entre um ânion ligante e um contra-íon.
[Co(NH3)5Br]SO4 e [Co(NH3)5(SO4)]Br
Isômeros de Ionização
Violeta Vermelho
Isômeros Ópticos
-São compostos com imagens especulares nãosobreponíveis, no entanto possuem
propriedades físicas e químicas idênticas.
-Aos isômeros não sobreponíveis chamam-se
compostos quirais, aos sobreponíveis com suas imagens, são denominados compostos aquirais.
-As moléculas quirais desempenham um papel vital nas reações enzimáticas dos sistemas biológicos.
-Geralmente, das duas moléculas que constituem um par de isômeros quirais,
apenas uma possui atividade biológica. -As moléculas quirais são opticamente ativas e
provocam a rotação do plano da luz polarizada.
-Quando a luz polarizada horizontalmente entra em uma solução oticamente ativa. -À medida que a luz emerge da solução, o
plano de polaridade é alterado.
-A imagem especular de um enantiômero gira o plano de luz polarizada no sentido oposto.
Isomerismo estrutural
• Soluções destrorrotatórias giram o plano de luz polarizada para a direita. Esse isômero é chamado de isômero d.
• Soluções levorrotatórias giram o plano de luz polarizada para a esquerda. Esse isômero é chamado de isômero l.
• As moléculas quirais são oticamente ativas por causa de seu efeito na luz.
• As misturas racêmicas contêm quantidades iguais de isômeros l e d. Elas não têm nenhum feito
como um todo no plano de luz polarizada. 34
-Aos isômeros d e l, respectivamente, dextra-rotatório e levo-rotatório chama-se
enantiômeros, pois rodam o plano de polarização sempre no mesmo ângulo, embora em direções opostas.
-Assim sendo uma mistura equimolar dos 2 enantiômeros, chama-se mistura racêmica e não provoca qualquer rotação do plano de polarização da luz.
-Os isômeros óticos são imagens especulares que não podem ser superpostas uma na outra.
-Os isômeros óticos são chamados enantiômeros. -Complexos que podem formar enantiômeros são
quirais.
-A maior parte do corpo humano é quiral (as mãos, por exemplo).
• As enzimas são as substâncias mais altamente
quirais conhecidas.
• A maior parte das propriedades físicas e
químicas dos enantiômeros são idênticas.
• Conseqüentemente, os enantiômeros são muito
difíceis de separar.
• Um enantiômero pode produzir um efeito
fisiológico específico enquanto sua imagem especular produz um efeito diferente.
• Pasteur foi o 1o a separar o tartarato de amônio
racêmico [NaNH4C4H9O6] através da
cristalização da solução e fisicamente retirando os cristais que giram da esquerda para a direita da mistura usando um microscópio.
• O tartarato oticamente puro pode ser usado
para separar uma mistura racêmica do [Co(en)3]Cl3: se o tartarato d é usado, o
d-[Co(en)3]Cl3 precipita, deixando o l-[Co(en)3]Cl3 em solução.
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Nomenclatura dos
Compostos de Coordenação
REGRAS:
-Para os sais, dê nome primeiramente ao ânion antes do cátion precedido da preposição “de”.
Ex: [Co(NH3)5Cl]Cl2 damos nome ao Cl- antes do [Co(NH3)5Cl]2+.
-Dentro do íon complexo, os ligantes recebem os nomes (em ordem alfabética) antes do metal.
Ex: [Co(NH3)5Cl]2+ é pentaminoclorocobalto(II). Observe que a parte penta é uma indicação do número de grupos NH3 e não é considerada na ordem alfabética dos ligantes. -Os ligantes aniônicos terminam em ‘o’ e os ligantes neutros
são simplesmente o nome da molécula.
Nomenclatura de Química
de Coordenação
-Prefixos gregos são usados para indicar o número de ligantes (di-, tri-, tetra-, penta- e hexa-).Exceção: se o nome do ligante já tiver um prefixo grego. Coloque o nome do ligante entre parênteses e use bis-, tris-, tetrakis-, pentakis- e hexakis. Ex.: [Co(en)3]Cl3: tricloreto de tris(etilenodiamino)
cobalto(III)
-Se o complexo é um ânion, o nome termina em –ato. -O estado de oxidação do metal é dado em números
romanos entre parênteses no final do nome do complexo.
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Fórmulas e Nomes de Alguns Compostos de Coordenação Fórmula Nomes [Ag(NH3)2] + Diaminprata(I) [Co(NH3)6]3+ Hexamincobalto(III) [Mn(CO)6]+ Hexacarbonilmanganês(I) [Ni(CO)4] Tetracarbonilniquel(0) [Fe(SCN)6]3- Hexatiocianatoferrato(III) cis-[Pt(NH3)2Cl2]+2 cis-diaminadicloroplatina(II)
[Co(NH3)6]Cl3 Tricloreto de hexaminocobalto
K2[PtCl6] Hexacloroplatinato(IV) de potássio
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Referências Bibliográficas
-Farias, R.F. Química de coordenação: fundamentos e atualidades. Campinas, SP: Editora Átomo, 2005.-Barros, H.L.C. Química inorgânica: uma introdução. Belo Horizonte: 1992.
-Shriver, D.F.; Atkins, P.W. Química inorgânica. 3 ed. Porto Alegre: 2003.