Desenvolvimento de mudas de abobrinha em diferentes profundidades
de plantio e posições de semente
Wilson Itamar Godoy1; Flavia C. Borsatti1; Fabiana C. Borsatti1; Mateus Bedin1; Heloísa Thomazi1;
1UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Via do Conhecimento, Km 1, CEP 85503-390 -
Pato Branco - PR – Brasil, godoyutfpr@gmail.com; flacborsatti@hotmail.com; fabianaborsatti@gmail.com; mmateus_@hotmail.com; helloisathomazi@hotmail.com
RESUMO
O objetivo desse trabalho foi avaliar a influência das diferentes profundidades de semeadura e posições de sementes no desenvolvimento de mudas de abobrinha-italiana (Cucurbita pepo L). O experimento consistiu em um bifatorial, sendo o fator A: três profundidades de semeadura: (1,0; 1,5 e 2,0 cm) e o fator B: quatro posições de semente (1 - hilo voltado para baixo; 2 - hilo voltado para cima; 3 - hilo voltado para o lado formando um ângulo de 90º com o eixo imaginário do substrato e 4 - semente deitada com o hilo na horizontal). Foram realizadas análises do desempenho fitotécnico da cultura, determinando-se a altura da parte aérea (APA), área foliar (AF), fitomassa fresca da parte aérea (FFPA) e fitomassa seca da parte aérea (FSPA). Dentre as profundidades de semeadura avaliadas os melhores resultados agronômicos foram encontrados nas sementes submetidas à profundidade de 1,0 cm. A posição de semente com o hilo voltado para baixo mostrou-se mais adequada ao desenvolvimento das mudas de abobrinha-italiana.
PALAVRAS-CHAVE: Cucurbita pepo L.; hilo; produção de mudas ABSTRACT
Development of seedlings of zucchini in different positions and depths of planting seed
The aim of this study was to evaluate the influence of different sowing depths and positions of seeds in the development of seedlings of zucchini (Cucurbita pepo L). The experiment consisted of a factorial, with factor A, three depths (1.0, 1.5 and 2.0 cm) and factor B: four seed positions (1 - hilum side down, 2 - hilum facing up 3 - hilum facing the side at an angle of 90 degrees to the imaginary axis of the substrate and 4 – seed planted with the hilum horizontally). Analyses of performance phytotechnical culture, determining the height of the shoot (APA), leaf area (LA), shoot fresh weight (FFPA) and dry weight of shoot (FSPA). Among the sowing depths evaluated the best agronomic results were found in seeds subjected to a depth of 1.0 cm. The position of seed with the hilum facing downward to show more suitable for the development of seedlings of zucchini.
Keywords: Cucurbita pepo L., hilum, seedlin production
A abobrinha-italiana (Cucurbita pepo L.) apresenta porte pequeno, e crescimento rápido, é originária da região central do México e pertence à família das Cucurbitáceas. O desenvolvimento de tecnologias para a produção de mudas vem sendo estudado por vários pesquisadores almejando à obtenção de materiais mais vigorosos, livres de doenças e consequentemente, originando plantas mais produtivas. A profundidade de
semeadura ideal é aquela que garanta uma germinação homogênea das sementes e rápida emergência das plântulas, produzindo assim mudas vigorosas. Nesse sentido, pesquisadores recomendam a profundidade de semeadura entre 2,5 a 3,0 vezes a maior dimensão da semente. A posição da semente também é um fator importante que interfere no desenvolvimento das plântulas, devido às dificuldades mecânicas à que se condiciona o desenvolvimento do hipocótilo e do sistema radicular. O objetivo desse trabalho foi avaliar a influência das diferentes profundidades de semeadura e posições de sementes no desenvolvimento de mudas de abobrinha-italiana (Cucurbita pepo L). MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi implantado no dia 05 de Março de 2011 em casa de vegetação, nas dependências da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Pato Branco-PR, mantendo-se a temperatura do ambiente entre 25 a 28 ºC.
Para a semeadura utilizou-se o substrato comercial Humusfértil® acrescido de esterco de ovinos, na proporção de 3:1 respectivamente, acondicionado em bandejas de poliestireno com 72 células. Cada unidade experimental foi composta por meia bandeja (36 células), considerando-se como parcela útil as 16 plantas centrais, excluindo-se as bordaduras. O experimento constou de 12 tratamentos (3 profundidades de semeadura e 4 posições da semente), conduzidos conforme delineamento de blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições, utilizando-se sementes de abobrinha híbrida Clarita. As profundidades utilizadas foram 1,0 cm; 1,5 cm e 2,0 cm, sendo adotadas as seguintes posições de sementes: 1: hilo voltado para baixo ; 2: hilo voltado para cima; 3: hilo voltado para o lado formando um ângulo de 90º com o eixo imaginário do substrato e 4: semente deitada com o hilo na horizontal, conforme mostrado na Figura 1.
A coleta das amostras para avaliação dos tratamentos foi realizada quando as mudas atingiram o ponto de desenvolvimento satisfatório para serem transplantadas no campo, entre 3-4 folhas definitivas. Foram realizadas análises do desempenho fitotécnico da cultura, determinando-se a altura da parte aérea (APA), área foliar (AF), fitomassa fresca da parte aérea (FFPA) e fitomassa seca da parte aérea (FSPA). Para a determinação da fitomassa seca da parte aérea as amostras foram colocadas a secar em estufas com temperatura de + 70ºC, até atingirem peso constante, sendo posteriormente pesadas em balança de precisão.
As avaliações de área foliar foram feitas através do medidor de área foliar LI – COR, modelo LI – 3100. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando verificado significância para o teste F, com 1% de probabilidade, para os fatores isolados ou para interação entre os mesmos, foi realizada a comparação de médias utilizando-se o teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
RESULTADO E DISCUSSÕES
Para a variável APA houve interação entre os fatores avaliados, percebendo-se pela Tabela 1 que a profundidade de semeadura de 1,0 cm não influenciou na altura das plântulas para qualquer posição, por outro lado na profundidade de 1,5 cm, verificou-se que as posições 2, hilo voltado para cima e posição 3, hilo voltado para o lado formando um ângulo de 90º com o eixo imaginário do substrato apresentaram menor altura da parte aérea em relação a posição 1, hilo voltado para baixo e posição 4, semente deitada com o hilo na horizontal, o mesmo ocorrendo para a profundidade de 2,0 cm em que a posição 2 foi inferior estatisticamente a posição 1. De acordo com Taiz e Zeiger (2004), quando um broto está crescendo verticalmente, a auxina é transportada de modo polar da extremidade em crescimento para a zona de alongamento. A polaridade do transporte da auxina do ápice para a base é determinada pelo desenvolvimento sendo independente da orientação em relação à gravidade. Este resultado também foi verificado por Robles et al., (2000), em experimento avaliando o desenvolvimento de plântulas de Limoeiro ‘Cravo’ relacionado a posição de semeadura. Os resultados encontrados nesse trabalho corroboram com Santos et al., (2009) que na avaliação da emergência e do vigor de plântulas de Cedrela fissilis L. em função de diferentes posições e profundidades de semeadura, obtiveram maiores valores de comprimento de plântulas quando semeadas com o hilo posicionado para baixo, na profundidade 2,48 cm (Tabela 1).
Para a avaliação de AF (Tabela 2) verificou-se que as profundidades 1,0 e 1,5 e 2,0 cm não diferiram estatisticamente entre si para as posições 1, hilo voltado para baixo e posição 3, hilo voltado para o lado. Por outro lado, a profundidade 1,5 cm associada à posição 2, hilo voltado para cima, apresentou a menor média dos tratamentos, possuindo a menor AF, sendo que também não diferiu estatisticamente da posição 3 na mesma profundidade. Com relação à avaliação da área foliar é possível afirmar que quando as sementes de abobrinha são semeadas a 1,5 cm de profundidade elas não devem ser
colocadas na posição 2 e 3, pois suas folhas terão menor superfície foliar (Tabela 2). Para Lucena et.al. (2007), o aumento da profundidade de semeadura para sementes de mamona (Ricinus communis L.) ocasionou uma redução linear na área foliar cotiledonar, comprovando que, no momento da semeadura, quanto mais profunda a semente é acondicionada ao solo, maior o tempo e energia necessária para que ocorra a emergência.
Para a variável FFPA (Tabela 3), verificamos que as profundidades de semeadura 1,0 e 2,0 cm não sofreram influência do posicionamento da semente, não diferindo estatisticamente entre si. Por sua vez a profundidade 1,5 cm sofreu influência da posição de semeadura, sendo que a posição 2, hilo voltado para cima, apresentou o menor peso foliar dos 4 tratamentos. Por outro lado, Sousa et al. (2007) encontraram resultados antagônicos aos obtidos nesse trabalho, onde as sementes de moringa (Moringa oleifera Lam) plantadas com ápice para cima e deitadas obtiveram maior peso de massa fresca, devido a germinação mais rápida, pois o poro de germinação se encontrava mais próximo da superfície do substrato.
Na avaliação da variável FSPA (Tabela 4), verificou-se que as profundidades de semeadura 1,0 e 2,0 cm não sofreram influência dos posicionamentos das sementes, não apresentando diferença significativa entre si. Por outro lado a profundidade de semeadura de 1,5 cm sofreu influência das posições 2 e 3, apresentando as menores FSPA nesta profundidade. Este fato ocorre provavelmente, pela maior dificuldade de enraizamento e problemas mecânicos durante a emissão do hipocótilo, pois, segundo Carvalho e Nakagawa, (2000), o tipo de germinação de sementes epígeas requer a realização de movimentos rotatórios por parte dos cotilédones dentro do solo, por isso é possível que existam posições que facilitem ou que dificultem a emergência das plântulas. Resultados semelhantes foram obtidos no trabalho de Cardoso et al., (2008), realizando avaliação semelhante em plântulas de Erythrina velutina, onde verificou que as plântulas oriundas de sementes com o hilo para baixo apresentaram maior conteúdo de massa seca da parte aérea. Sousa et. al (2007) também verificou que a massa seca da parte aérea não apresentou relação substancial com a profundidade de plantio para o desenvolvimento de plântulas de Moringa oleifera Lam.
De forma geral, dentre as profundidades de semeadura avaliadas a que apresentou as melhores médias foi a de 1,0 cm e a posição de semeadura mais adequada ao
desenvolvimento das mudas de abobrinha-italiana foi a com o hilo voltado para baixo. REFERÊNCIAS
CARDOSO EA; ALVES EU; BRUNO RLA; ALVES AU; ALVES AU; SILVA KB. 2008. Emergência de plântulas de Erythrina velutina em diferentes posições e profundidades de semeadura. Ciência Rural v.38, n.9, p.2618-2621.
CARVALHO NM; NAKAGAWA J. 2000. Sementes: ciência, tecnologia e produção. Jaboticabal: FUNEP. 4.ed. 429p.
LUCENA AMA. 2007. Influência do estádio de maturação da semente e da profundidade de semeio I: emergência das plântulas e área foliar dos cotilédones. In: III CONGRESSO BRASILEIRO DA MAMONA – Energia e Ricinoquímica. Anais... Campina Grande: EMBRAPA Algodão.
ROBLES WGR; ARAÚJO PSR; MINAMI K. 2000. Desenvolvimento de plântulas de Limoeiro ‘Cravo’ relacionado à posição de semeadura. Scientia Agricola v.57, n.2, p.371-373.
SANTOS SS; MOURA MF; GUEDES RS; GONÇALVES EP; ALVES EU; MELO PAFR. 2009. Emergência e vigor de plântulas de Cedrela fissilis L. em função de diferentes posições e profundidades de semeadura. Revista Biotema v.22, p.45-52. SOUSA H.; et al. Profundidades e posições de semeadura na emergência e no
desenvolvimento de plântulas de moringa. Revista Caatinga, vol. 20, núm. 4, Outubro - Dezembro, 2007, pp. 56-60 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Mossoró, Brasil.
Tabela 1. Dados médios altura da parte aérea (APA) de plantas de abobrinha, avaliadas aos 13 dias após a semeadura, referente a diferentes profundidades de semeadura e posições de sementes. Sendo: 1 - hilo voltado para baixo. 2 - hilo voltado para cima; 3: hilo voltado para o lado formando um ângulo de 90º com o eixo imaginário do substrato e 4: semente deitada com o hilo na horizontal [Average values of shoot height of zucchini, evaluated at 13 days after sowing, referring to different depths of sowing and seed positions. Where: 1 hilum facing down ward; 2 hilum facing up; 3 -hilum facing the side at an angle of 90 degrees to the imaginary axis of the substrate and 4 – seed planted with the hilum horizontally]. UTFPR, Pato Branco, PR, 20111.
1Médias seguidas pela mesma letra maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
significativamente entre si, pelo teste de Tukey,a 5% de probabilidade de erro. (Means followed by the same letter in upper and lower in the column do not differ significantly by Tukey p<0.05)
Tabela 2: Dados médios de área foliar (AF) de plantas de abobrinha, avaliadas aos 13 dias após a semeadura, referente a diferentes profundidades de semeadura e posições de sementes. Sendo: 1 - hilo voltado para baixo. 2 - hilo voltado para cima; 3: hilo voltado para o lado formando um ângulo de 90º com o eixo imaginário do substrato e 4: semente deitada com o hilo na horizontal [Average values of leaf area of zucchini, evaluated at 13 days after sowing, referring to different depths of sowing and seed positions. Where: 1 hilum facing down ward; 2 hilum facing up; 3 -hilum facing the side at an angle of 90 degrees to the imaginary axis of the substrate and 4 – seed planted with the hilum horizontally]. UTFPR, Pato Branco, PR, 20111.
Posição da Semente
Profundidade 1 2 3 4
1,0 cm 44,36aA 53,82aA 52,75aA 49,02bA
1,5 cm 53,00aAB 39,78bC 43,56aBC 61,12aA
2,0 cm 44,97aA 42,76abA 44,62aA 44,72bA
CV 14,03 %
1Médias seguidas pela mesma letra maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
significativamente entre si, pelo teste de Tukey,a 5% de probabilidade de erro. (Means followed by the same letter in upper and lower in the column do not differ significantly by Tukey p<0.05)
Posição da Semente
Profundidade 1 2 3 4
1,0 cm 16,31aA 15,68aA 15,58aA 14,14aA
1,5 cm 17,21aA 12,56bC 13,56aBC 16,08aAB
2,0 cm 16,31aA 13,29abB 14,52aAB 14,69aAB
Tabela 3: Dados médios da fitomassa fresca da parte aérea (FFPA) de plantas de abobrinha, avaliadas aos 13 dias após a semeadura, referente a diferentes profundidades de semeadura e posições de sementes. Sendo: 1 - hilo voltado para baixo. 2 - hilo voltado para cima; 3: hilo voltado para o lado formando um ângulo de 90º com o eixo imaginário do substrato e 4: semente deitada com o hilo na horizontal [Average values of fresh weight of shoot of zucchini, evaluated at 13 days after sowing, referring to different depths of sowing and seed positions. Where: 1 hilum facing down ward; 2 hilum facing up; 3 -hilum facing the side at an angle of 90 degrees to the imaginary axis of the substrate and 4 – seed planted with the hilum horizontally]. UTFPR, Pato Branco, PR, 20111.
. Posição da Semente
Profundidade 1 2 3 4
1,0 cm 2,88aA 3,21aA 3,03aA 2,88aA
1,5 cm 3,17aAB 2,27bC 2,47aBC 3,38aA
2,0 cm 2,75aA 2,53abA 2,63aA 2,72aA
CV 14,01%
1Médias seguidas pela mesma letra maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
significativamente entre si, pelo teste de Tukey,a 5% de probabilidade de erro. (Means followed by the same letter in upper and lower in the column do not differ significantly by Tukey p<0.05)
Tabela 4: Dados médios da fitomassa seca da parte aérea (FSPA) de plantas de abobrinha, avaliadas aos 13 dias após a semeadura, referente a diferentes profundidades de semeadura e posições de sementes. Sendo: 1 - hilo voltado para baixo. 2 - hilo voltado para cima; 3: hilo voltado para o lado formando um ângulo de 90º com o eixo imaginário do substrato e 4: semente deitada com o hilo na horizontal [Average values of dry weight of shoot of zucchini, evaluated at 13 days after sowing, referring to different depths of sowing and seed positions. Where: 1 hilum facing down ward; 2 hilum facing up; 3 -hilum facing the side at an angle of 90 degrees to the imaginary axis of the substrate and 4 – seed planted with the hilum horizontally]. UTFPR, Pato Branco, PR, 20111.
Posição da Semente
Profundidade 1 2 3 4
1,0 cm 0,24aA 0,26aA 0,25aA 0,24aA
1,5 cm 0,25aA 0,19bB 0,20bB 0,26aA
2,0 cm 0,23aA 0,22bA 0,22abA 0,23aA
CV 9,49 %
1Médias seguidas pela mesma letra maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
significativamente entre si, pelo teste de Tukey,a 5% de probabilidade de erro. (Means followed by the same letter in upper and lower in the column do not differ significantly by Tukey p<0.05)
Figura 1: Posicionamento das sementes de abobrinha (Cucurbita pepo L.): A) P1 – Hilo voltado para baixo; B) P2 – Hilo voltado para cima; C) P3 - Hilo voltado para o lado formando um ângulo de 90º com o eixo imaginário do substrato e D) P4 - semente deitada com o hilo na horizontal (Positioning squash seed (Cucurbita pepo L.): A) P1 – Hilo side down; B) P2 – Hilo side up; C) P3 – hilum facing the side at an angle of 90 degrees to the imaginary axis of the substrate and D) P4 – seed planted with the hilum horizontally). UTFPR, Pato Branco, PR, 2011.
Figura 2: Desenvolvimento de mudas de abobrinha (Cucurbita pepo L.) do segundo dia após o plantio até o décimo terceiro dia após o plantio (Development of seedlings of zucchini (Cucurbita pepo L.) from the second day after planting to thirteen days after planting), UTFPR, Pato Branco, PR, 2011.
