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CARLOS QUEIROZ TELLES Sementes de sol

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Academic year: 2021

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PROJETO DE LEITURA

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Rosane Pamplona

CARLOS QUEIROZ TELLES

Sementes de sol

Leitor crítico — Jovem Adulto

Leitor crítico — 7ª e 8ª séries

Leitor fluente — 5ª e 6ª séries

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O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente

Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espa-ço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histó-rica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos ou-tras árvores:

Deus fez crescer do solo toda es-pécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2

Ah, essas árvores e esses frutos, o de-sejo de conhecer, tão caro ao ser huma-no…

Enigmas e adivinhas convidam à decifra-ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma ár-vore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas se-mentes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvo-re frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que prote-gem sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.

Árvores e tempo de leitura

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DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jo-vens e adultos.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o en-redo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.

A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço move-diço, cheio de conflitos e deslocamentos.

Empregar estratégias de leitura e desco-brir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um proces-so que, inicialmente, se produz como ativi-dade externa. Depois, no plano das relações

interpessoais e, progressivamente, como re-sultado de uma série de experiências, se trans-forma em um processo interno.

Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alu-nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.

Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.

Depende de nós.

pertence, analisando a temática, a perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.

Com esses elementos, o professor irá identi-ficar os conteúdos das diferentes áreas do co-nhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recur-sos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escri-tora dos alunos.

QUADRO-SÍNTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e te-mas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão.

__________

1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

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Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê de-pendem, e muito, de nossas experiências an-teriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiarida-de com a prática leitora. As atividafamiliarida-des sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.

• Antecipação de conteúdos tratados no tex-to a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustra-ção, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a par-tir dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.

• Leitura global do texto.

• Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas.

✦ nas tramas do texto

• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empre-gados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vis-ta sustenvis-tados pelo autor.

• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásti-cas, etc.

✦ nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

✦ nas ondas do som

• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.

✦ nos enredos do real

• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, es-timulando o desejo de enredar-se nas vere-das literárias e ler mais:

◗ do mesmo autor;

◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o ho-rizonte de expectativas do aluno-leitor, en-caminhando-o para a literatura adulta.

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leira de Letras (1972), APCA — Associação Paulista dos Críticos de Arte (1972, 73, 75, 77, 81, 84, 88, 92), Jabuti (1991) e Oswald de Andrade (1990). Sobre sua obra, em 1984, o professor Marco Antonio Guerra defendeu tese de mestrado na Escola de Comunicações e Artes da USP. Carlos Queiroz Telles foi con-selheiro do Museu Lasar Segall. Faleceu em 17 de fevereiro de 1993, no momento mais criativo de sua carreira.

RESENHA

Esse corpo desproporcional, fora de esqua-dro, essa falta de jeito para dançar e, além do calor e da prova, aquela minissaia senta-da bem ao lado!

E eu, por que fui gostar de um homem tão mais velho? Por que meus pais não aceitam que eu cresci? Chega uma hora na vida em que tudo que mais quero é ficar sozinha…

Vou pendurar um cartaz bem em cima da minha cama: Silêncio! Jovem crescendo!

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Poeta e dramaturgo, Carlos Queiroz Telles nasceu em março de 1936, em São Paulo. Na Faculdade de Direito da USP, onde se for-mou, participou da fundação do Grupo de Teatro Oficina, que estreou com a peça A

ponte, de sua autoria. De 1957 a 1973

tra-balhou em publicidade, nas áreas de cria-ção e planejamento, e em jornalismo. Dedi-cou-se nos anos seguintes ao magistério, como professor titular de redação da Facul-dade de Comunicação da FAAP, e à criação de programas para televisão. De 1977 a 1986, foi diretor da TV Cultura de São Paulo e con-selheiro de programação do SINRED — Sis-tema Nacional de Rádio e Televisão Educativas. Tem 53 obras editadas e mais de duas dezenas de peças teatrais encenadas no Brasil. No exterior, seus textos Muro de

Arrimo e Marly Emboaba, com traduções em

aproximadamente doze idiomas, já foram encenados profissionalmente em mais de vinte países. Pelos seus trabalhos, recebeu, entre outros, os prêmios Molière (1972 e 1975), Arthur Azevedo, da Academia

Brasi-CARLOS QUEIROZ TELLES

Sementes de sol

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COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

É a adolescência que fala por meio destes po-emas de Carlos Queiroz Telles, para expres-sar o que sente e o que pensa. São dúvidas, incertezas, medos e esperanças, momentos de afirmação da personalidade de um ado-lescente. As transformações do físico, o nas-cimento da atração pelo sexo oposto, a divi-são entre o amor pela família e o desconcer-to pelas opiniões divergentes, a descoberta maior de si mesmo…

Sementes de sol é um diálogo poético em

que o autor fala com os jovens de hoje, abrin-do espaço para conversas e discussões sobre temas fundamentais para essa delicada épo-ca de transição.

QUADRO-SÍNTESE

Gênero: poema

Palavras-chave: conflitos da adolescência, medos, esperanças, transformações

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa Temas transversais: Ética, Saúde, Orien-tação sexual, Pluralidade cultural

Público-alvo: alunos de 7a e 8a séries do Ensino Fundamental

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Antes da leitura

1. Apresente aos alunos o livro que vão ler, contando-lhes um pouco sobre a obra de Carlos Queiroz Telles. Talvez algum aluno já tenha lido algo desse autor e queira comen-tar em classe.

2. Explore com seus alunos os sentidos que podem ser depreendidos do título da obra: o Sol é a fonte da luz, do calor, da vida; a semente, por sua vez, é a promessa de vida.

Que expectativas o título projeta a respeito dos poemas reunidos na obra?

3. Peça que observem a ilustração que inte-gra a capa e verifiquem como o artista so-brepõe os dois elementos: semente e sol numa única imagem.

4. Informe aos alunos que os poemas tratam das questões que marcam a adolescência. Como é possível interpretar o título a partir dessa informação?

Durante a leitura

1. Solicite que leiam anotando os temas de cada poema e que observem em que momen-tos sentiram alguma identificação com o que foi dito.

2. Peça também que anotem, em cada poe-ma, se a perspectiva do eu-lírico é de um garoto ou de uma garota.

Depois da leitura ✦ nas tramas do texto

1. O autor agrupou os poemas em dois con-juntos, Diário e Dúvidas e confissões. Consi-derando a lista de temas levantados pelos alunos no decorrer da leitura, proponha que reagrupem os poemas em quantos conjun-tos acharem necessários.

2.Organize a classe em grupos e, a partir dos conjuntos estabelecidos na atividade anterior, distribua um tema para cada gru-po. Eles deverão comentar as idéias ali registradas, apresentando sua opinião a respeito.

3. Promova uma votação na classe para ele-ger o poema mais apreciado. Depois promo-va um concurso de declamação desse poe-ma. Ele pode ser recitado em grupo ou indi-vidualmente.

4. Estenda a atividade de declamação para qualquer dos poemas do livro. Estimule-os a

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usar a criatividade, apresentando os textos acompanhados de música, fantasias ou ou-tros recursos cênicos.

5. Proponha que escrevam outras mensagens interessantes para o poema Mensagens or-topédicas.

6.Aproveitando a estrutura do poema In-segurança máxima, proponha que escre-vam um parecido, trocando as frases por outras que falem de seus próprios dile-mas.

7.Organize com os alunos uma Semana da Poesia na escola. Peça que tragam seus poemas favoritos, que escrevam outros, que perguntem aos pais se se lembram de algum poema. Envolva os outros profes-sores da escola, estimule-os a trazer tam-bém os seus poemas. Estabeleça um ho-rário diário para que esses poemas sejam apresentados.

✦ nas telas do cinema

Muitos filmes tratam da adolescência.

Ago-ra e Sempre (direção de Lesli Linka Glatter)

expõe de uma maneira sensível o encontro de quatro amigas que, juntas, relembram a época em que eram adolescentes. Os meni-nos talvez prefiram uma comédia, como Dez

coisas que eu odeio em você (direção de Gil

Yurger), sobre os acertos e desacertos de uma turma de adolescentes.

✦ nos enredos do real

Os poemas de Carlos Queiroz Telles abrem caminho para que se possa discutir com os alunos as inquietações que costumam marcar a puberdade e o ingresso na ado-lescência.

Não se trata apenas de estudar o aparelho reprodutor feminino e masculino, ou de co-nhecer as transformações corporais do pon-to de vista biológico, mas de acolher os sen-timentos dos jovens num diálogo aberto e sereno.

DICAS DE LEITURA DICAS DE LEITURA

◗ do mesmo autor

Sonhos, grilos e paixões — São Paulo,

Mo-derna

A cama que sonhava — São Paulo, Moderna

◗ sobre o mesmo gênero

Nariz de vidro — Mário Quintana, São

Pau-lo, Moderna

Viva a poesia viva — Ulisses Tavares, São

Pau-lo, Saraiva

Antologia escolar de poemas para a juven-tude — seleção de Henriqueta Lisboa, Rio de

Janeiro, Ediouro ◗ leitura de desafio

Os poemas de Caprichos e relaxos, de Paulo Leminski (São Paulo, Brasiliense), podem agra-dar muito ao adolescente, pela irreverência e bom humor.

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Referências

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