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UTILIZAÇÃO DA SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES

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UTILIZAÇÃO DA SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR NA ALIMENTAÇÃO DE

RUMINANTES

FERNANDES, L. de O.1; MARTINS, C. F.2

1

Doutor em Zootecnia

,

Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba (MG),e-mail: leonardo@epamiguberaba.com.br 2 Estudante de Pós-Graduação, Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba (MG), e-mail: cariston.feltrin@gmail.com

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi apresentar o valor nutritivo da silagem de cana-de-açúcar sem tratamento ou com

tratamento utilizando aditivos químicos, biológicos e físicos para a sua utilização na alimentação de ruminantes. Constatou-se que a cana-de-açúcar possui alto conteúdo de açúcares solúveis (CS), resultando em rápida proliferação de leveduras, que convertem esses CS em etanol, CO2 e água, conseqüentemente perda excessiva de matéria seca (MS). O uso de aditivos tem o intuito de melhorar o padrão de fermentação e conservação das silagens. Novas pesquisas buscam associação de microrganismos a aditivos químicos pra melhor eficiência no controle das fases de fermentação e estabilidade aeróbia. Porém a associação de aditivos físicos como rolão de milho e resíduo da colheita de soja à ensilagem proporcionam melhor qualidade nutritiva, com menores perdas de MS e carboidratos solúveis, principalmente na forma de gases, e, por conseguinte, menor acúmulo dos componentes da parede celular, além da redução da digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) da forragem.

PALAVRAS CHAVE: cana-de-açúcar, inoculante, silagem, uréia.

USE OF THE SILAGE OF CANE SUGAR IN THE FEEDING OF RUMINANTS

ABSTRACT: The aim of this study was to present the nutritive value of sugar cane without treatment or with treatment

using chemical additives, biological and physical processes and their use in ruminant feed. The study found that cane sugar has a high content of soluble sugars, resulting in rapid proliferation of yeasts, which convert these sugars soluble in ethanol, carbon dioxide and water, therefore excessive loss of dry matter. The use of additives is intended to improve the standard of fermentation and storage of silage. New research seek association of microorganisms to chemical additives for better efficiency in controlling the stages of fermentation and aerobic stability. However, the association of physical and additives cob corn and soybean crop residue silage to provide better nutritional quality and lower losses of dry matter and soluble carbohydrates, mainly in the form of gases, and consequently, lower accumulation of cell wall components , besides a reduction of in vitro digestibility of forage dry matter.

KEY WORDS: cane sugar, inoculant, silage, urea. INTRODUÇÃO

A baixa produção de forragem nos períodos de estiagem é apontada como um dos principais fatores para a baixa produtividade dos rebanhos brasileiros. Em busca de minimizar a nutrição inadequada dos ruminantes, a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), tem sido de grande interesse dos pecuaristas por ser uma gramínea tropical de fácil cultivo e de alto potencial de produção de matéria seca e energia, por unidade de área (SCHMIDT et al., 2007). Normalmente, a utilização clássica da cana-de-açúcar é na forma in natura (cortada e picada) e fornecida diariamente conforme as necessidades do rebanho. Entretanto esta prática tem grandes dificuldades operacionais se tratando de grandes rebanhos. Esta limitação tem sido contornada com o uso da ensilagem, uma técnica que facilita o manejo em sistemas de produção, por melhorar a eficiência de colheita, pois, permite o aproveitamento de talhões em declínio (em rendimento, em acamamento ou prejudicados por geadas ou fogo), disponibiliza material em outros períodos de escassez de alimento, além de concentrar a mão-de-obra e reduzir o trabalho e os deslocamentos diários de máquinas na propriedade (SIQUEIRA et al., 2007). Por outro lado, o

inconveniente desta forrageira na obtenção de silagem de boa qualidade é seu alto conteúdo de açúcares solúveis (CS), que resulta em rápida proliferação de leveduras responsáveis por converter esses CS em etanol, CO2 e água, conseqüentemente ocorrendo perda excessiva de matéria seca (MS). A obtenção de resultados técnicos e econômicos positivos dependem de vários fatores a serem considerados, entre eles a escolha da espécie, idade de corte, tamanho de corte e a utilização de aditivos químicos como a uréia e NaOH e inoculantes microbianos como

Lactobacillus buchneri, Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum (FREITAS et al., 2006b). Os

inoculantes microbianos têm sido utilizados com o intuito de melhorar o padrão de fermentação e conservação das silagens, promovendo o desenvolvimento dos microrganismos benéficos, como as bactérias produtoras de ácido lático, e a inibição dos indesejáveis de leveduras e clostrídios. Uma nova linha de pesquisa tem sido a associação de microrganismos a aditivos químicos visando melhorar a eficiência no controle das fases de fermentação e estabilidade aeróbia. Tratamentos químicos, físicos ou biológicos podem ocasionar melhora na digestibilidade. A

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ensilagem com ou sem aditivos pode contribuir para o melhor aproveitamento da forragem. (FERREIRA et al., 2007). O objetivo do trabalho é citar as principais técnicas utilizadas na ensilagem de cana-de-açúcar, discutindo sobre os seus pontos positivos e negativos e buscando a solução para atingir a viabilidade de produção de uma silagem de boa qualidade e de bons desempenhos zootécnicos, utilizando recursos disponíveis em uma propriedade rural.

DESENVOLVIMENTO

A cana-de-açúcar é uma das culturas mais difíceis de ensilar devido ao baixo teor de matéria seca (MS) entre 20 a 30% (ideal 34%) e o alto conteúdo de açúcares solúveis (CS) (59,9%), entretanto a silagem de cana-de-açúcar possui poder tamponante com valores de pH próximo a 3,5 (FREITAS et al., 2006a).

O grande inconveniente do alto teor de carboidratos solúveis é a rápida proliferação de leveduras consequentemente rápida fermentação dos açúcares solúveis em álcool etílico, gás carbônico e água, com acentuada redução no seu valor nutritivo em relação à cana-de-açúcar in natura. De acordo com Freitas et al. (2006a citado por Woolford, 1984), os principais fatores que possibilitam o rápido desenvolvimento de leveduras nas silagens de cana são os baixos teores de matéria seca (20 a 30%) e a elevada concentração de açúcares solúveis. A fim de corrigir tais fatores a utilização de aditivos químicos e microbianos é de grande importância. Com o aumento do teor de matéria seca pode-se inibir a produção de etanol, em trabalho realizado por Freitas et al. (2006a), foi observado à redução de etanol em 99% com a elevação do teor de matéria seca de 20,9 para 27%. A qualidade nutricional do material utilizado como aditivo absorvente além de melhorar o padrão de fermentação, também pode melhorar o valor nutritivo da silagem, Freitas et al. (2006a conforme Evangelista et al. 2002), concluiu que a adição de farelo de soja na ensilagem da cana-de-açúcar proporcionou melhoria significativa nas características nutricionais da silagem. A associação do resíduo da colheita de soja à cana-de-açúcar no processo de ensilagem melhora a qualidade nutritiva da silagem, promovendo menores perdas de MS e CS (por reduzir a produção de etanol) (FREITAS et al., 2006a). Em trabalho realizado por Andrade, Ferrari Júnior, Raun (2001), concluíram que a adição de rolão-de-milho na ensilagem da cana-de-açúcar melhora o padrão de fermentação da silagem e aumenta o valor nutritivo da silagem.

Silagens convencionais como a de milho podem ter acréscimo no teor de MS pela formação e perda de efluentes na fase fermentativa da massa ensilada já nas silagens de cana-de-açúcar, a perda de efluente é muito pequena ou até inexistente, a “água metabólica” que é resultado dos processos de fermentação fica retida no material ensilado, contribuindo, para redução no teor de MS da forragem. A elevada perda de MS e a dificuldade de controlar estas perdas provavelmente estão relacionadas ao elevado conteúdo de CS (59,9%) presente na cana-de-açúcar. A cana-de-açúcar ensilada sofre uma reação

bioquímica da produção de etanol, em que a MS é catalisada via fermentação pelas leveduras, de modo que cada molécula de glicose fermentada gera duas moléculas de etanol, duas de dióxido de carbono e duas moléculas de água (FREITAS et al., 2006a).

Em condições aeróbicas, as leveduras são capazes de sobreviver com diversos ácidos orgânicos por tempo maior que a maioria dos microrganismos. Em condições anaeróbicas, no entanto, as leveduras precisam obter sua energia da fermentação de açúcares sendo assim favorável o ambiente para a proliferação de leveduras durante o processo de ensilagem. Embasado em Freitas et al. (2006b segundo Van Soest, 1994), o teor de MS do material ensilado pode reduzir a proliferação destes microrganismos, pela elevação da pressão osmótica, esse fato demonstra a necessidade de aumentar o teor de MS para obter uma silagem boa qualidade.

Os inoculantes microbianos têm sido utilizados com o intuito de melhorar o padrão de fermentação e conservação das silagens, promovendo o desenvolvimento dos microrganismos benéficos, como as bactérias produtoras de ácido lático, e a inibição dos indesejáveis, como as leveduras e clostrídios (FERREIRA et al., 2007).

A utilização de bactérias ácido-láticos promove queda mais acentuada do pH da silagem e rápido acúmulo de ácido-lático o aumento da população inicial de bactérias acido-láticas aumenta a competição por substrato entre os microrganismos, inibindo o desenvolvimento das leveduras em condições anaeróbicas (FREITAS et al., 2006b). Contudo afirma que como leveduras podem sobreviver em pH próximos ou inferiores a 2, a produção de ácido lático nas silagens aditivadas não se mostra tão eficiente em controlar as leveduras em silagens de cana, por outro lado, têm-se demonstrado aumento da estabilidade aeróbia e melhoria na fermentação em silagens de cana-de-açúcar aditivadas com a bactéria heterolática L. buchneri, este tem uma via metabólica de degradação anaeróbia do ácido lático, em que um mole de ácido lático é convertido em meio mol de ácido acético, meio mol de 1,2-propanodiol e traços de etanol, os maiores teores de ácido acético têm efeitos positivos sobre a inibição de leveduras e o controle da fermentação alcoólica, uma possível explicação para a falta de efetividade da adição de L. buchneri é a quantidade utilizada de bactérias (3,64 × 105 ufc/g MV), possivelmente insuficiente para promover mudanças na fermentação e diminuir significativamente a produção de etanol. O L. buchneri, propicia elevação de ácido acético um ácido orgânico que em solução com pH inferior ao pKa, encontram-se não dissociados, permitindo sua entrada por difusão passiva nas células das leveduras, no interior do microrganismo, o pH é por volta de 7, fazendo com que haja dissociação desses ácidos e liberação do íon H+, que é tóxico às leveduras, então, é necessário que as leveduras gastem energia (ATP) para expulsar o H+, promovendo decréscimo no crescimento desses microrganismos e até mesmo a morte (SIQUEIRA et al., 2010).

Em trabalho realizado por Freitas et al. (2006a), utilizando resíduo da colheita de soja e inoculantes como

Lactobacillus plantarum, Lactobacillus buchneri, foi

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experimentos com inoculantes microbianos e o controle apresentaram níveis muito baixos de MS. Constam na Tab.1 os valores médios da composição química do material original e das silagens de cana-de-açúcar submetidas aos diferentes tratamentos. Os teores de MS da cana-de-açúcar pura e com a inclusão dos aditivos mantiveram-se em níveis bem próximos aos 30% para se obter fermentação de boa qualidade. Após o processo de ensilagem, os tratamentos controle e com a adição dos inoculantes microbianos apresentaram níveis muito baixos de MS (aproximadamente 20,7%), enquanto aqueles com adição do resíduo mantiveram teores de MS em torno de 28,1% A adição do resíduo também foi eficiente em elevar o teor de PB das silagens (P<0,05), o que era esperado, tendo-se em vista o elevado teor protéico do resíduo (33,3%). O valor médio de PB das silagens com adição do resíduo foi de 11,6%.

A aplicação dos inoculantes microbianos em combinação com o resíduo resultou em perda de CS (P<0,05) superior à observada com adição exclusiva do resíduo, neste experimento concluiu-se que a adição dos inoculantes L. plantarum e L. buchneri na ensilagem da cana-de-açúcar não melhorou a composição química e o perfil de fermentação das silagens, todavia neste experimento a dose de população de leveduras foi de 5,0x104 ufc/g MN para o Lactobacillus buchneri, Sousa

(2008), enfatiza que vários trabalhos têm comprovado reduções sobre a população de leveduras apenas com uso de L. buchneri na dose de 106 ufc/g MN.

Em estudos Sousa et al. (2008), usou uréia na forma de fertilizante granulado na concentração de 1% na matéria verde, inoculante comercial Lalsil cana® (Lactobacillus

buchneri) na razão de 3,65×105 ufc/g MV, e um inoculante

não comercial contendo a combinação de bactérias

Pedioccocus pentosassus, homolática e Lactobacillus buchneri, heterolática (1×106 ufc/g MV), observou-se que, a uréia com a combinação de bactérias controlou a fermentação alcoólica com menor perda de MS (P<0,05) e os teores de MS ficaram próximos à faixa de 25 a 35%. O acido acético não dissociado é importante mecanismo de inibição do crescimento de leveduras sendo necessários 5,6g/L no meio de cultura (94 mmol/L). Nesse trabalho os maiores valores de ácido acético foram obtidos com a adição da combinação de bactérias L. buchneri e

Pediococcus, seguido pela silagem adicionada com uréia,

não houve diferenças significativas entre silagem com L.

buchneri e controle já que a dose na razão de 3,65×105

ufc/g MV pode ter sido insuficiente. Também foi observado que silagens inoculadas com a combinação das bactérias heteroláticas e homoláticas respectivamente, L.

buchneri e Pediococcus mostraram ser eficientes em

aumentar a velocidade de acidificação da massa ensilada e em reduzir o pH final, além do controle do crescimento de leveduras decorrente da maior produção de ácido acético, reduzindo significativamente as perdas de MS e CS (P<0,05). Na Tab.2 todas as silagens apresentaram, em relação ao material original, maiores valores de FDN e PB e redução nos teores de MS. O tratamento (L. buch+P) teve menor perda de MS (26,9) enquanto que o tratamento

(Uréia) obteve acréscimo de PB (16,33) ambos com significância estatística.

O sucesso do uso de combinações de bactérias ocorre somente se houver alta atividade de ambas as bactérias, homo e heteroláticas, havendo um sinergismo entre os ácidos acético e lático, e o aumento simultâneo de ambos permitem maior controle da fermentação alcoólica. Porém Freitas et al. (2006a), relatou que o controle da síntese de etanol esteve mais relacionado ao controle da MS da silagem que aos teores de ácido acético, neste caso, a ensilagem de cana-de-açúcar e L. buchneri mais resíduo de soja aumentou o teor de MS da silagem (28,2% vs 20,7% na silagem com L. buchneri apenas), levando ao controle da produção de etanol (8,4% vs 19,3%na MS).

De acordo com Sousa (2008), a adição de uréia faz com que a silagem de cana apresente pH mais elevado, pelo seu efeito tamponante, explicando os efeitos benéficos do nitrogênio no controle da produção de etanol , redução das perdas de CS e MS e na melhora da digestibilidade in vitro da MS. Possivelmente os aditivos nitrogenados em silagens de cana ao elevarem o pH nos primeiros estágios fermentativos favorece o desenvolvimento de bactérias lácticas, silagens com rápida redução do pH com valores menores que 3, favorecem o desenvolvimento de leveduras que sobrevivem em pH próximos a 2, o maior tamponamento nas silagens pela uréia em um substrato com maior nível protéico, pode contribuir para ambiente favorável ao desenvolvimento das bactérias láticas, esta teoria é comprovado em experimento onde silagens aditivadas com uréia, tiveram maior concentração de ácido lático (P<0,05) em relação às silagens sem aditivos de acordo com a Tab.3, a fermentação alcoólica foi dominante na silagem sem aditivo e na silagem aditivada com L.

buchneri: o ácido acético e lático foi detectado em segunda

ordem nestas silagens. A produção de etanol na silagem de cana-de-açúcar sem aditivos (8,27%) Na silagem controle e naquela com L. buchneri, o alto teor de etanol obtido foi superior ao encontrado nas silagens com uréia e com a combinação de bactérias L. buchneri e Pediococcus (P<0,05) e foi ocasionado pelo maior consumo de CS, perdas de MS e conseqüente aumento na fração de FDN (P<0,05).

Como cita Gentil et al. (2007), a inclusão da uréia na ensilagem da cana-de-açúcar, além do papel fungistático, propicia melhor padrão fermentativo, e em doses adequadas corrige o baixo teor de proteína bruta encontrada na cana-de-açúcar. A associação de uma fonte de nitrogênio prontamente disponível em uma ração balanceada energeticamente permite que os microrganismos do rumem aumentem sua eficiência na digestibilidade da fibra, o que por consequencia, aumenta a capacidade do animal em consumir mais forragem. A adição de uréia pode causar ruptura de algumas ligações ésteres entre os carboidratos estruturais, elevando a digestibilidade do material ensilado. Entretanto o sabor amargo da uréia pode reduzir o consumo animal desde que este não esteja adaptado. Em experimento Gentil et al. (2007), não observou a diferença (p>0,05) no consumo de MS, MO, FDN e PB entre os tratamentos que continham uréia, o experimento utilizou 12 borregos Santa Inês

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(49±3kg) e rações compostas por 50% de volumoso e 50% de concentrado na MS, sendo os quatro tratamentos experimentais demonstrados pela tab.4: a) cana-de-açúcar in natura (CC), b) silagem de cana-de-açúcar tratada com

L. buchneri (SAD), c) silagem de cana-de-açúcar tratada com 1,0% de uréia (U1,0) e d) silagem de cana-de-açúcar tratada com 1,5% de uréia (U1,5). O coeficiente de digestibilidade da FDN foi menor (p<0,05) para CC

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quando comparada com as silagens de cana-de-açúcar (CC vs SAD e CC vs U1,0 e U1,5), em relação a digestibilidade da PB foi maior (p<0,05) para os animais alimentados com U1,0% comparado com aqueles alimentados com U1,5%, também verificou que o consumo de MS refletiu no consumo de MO, FDN e PB, ressalta-se que no trabalho citado acima, o tamanho médio de corte da cana foi de partículas entre 5 a 10 mm, esse tamanho de partículas

pode ter influenciado nos resultados do experimento, Gentil et al. (2007) explica que o menor tamanho de partícula pode aumentar a taxa de passagem com menor tempo disponível para a ação dos microrganismos, e que a baixa digestibilidade da cana-de-açúcar in natura está relacionada ao complexo lignina-celulose e a cristalinidade desta celulose que dificulta a digestão da FDN.

A silagem de cana-de-açúcar é uma boa alternativa

para a nutrição de ruminantes, desde que a técnica de ensilagem seja utilizada corretamente. Mas alguns trabalhos demonstram que a produção animal é significativamente inferior ao se comparar a silagem de cana com outros tipos de silagens, apesar do consumo de ração total, quanto à matéria seca, proteínas brutas e nutrientes digestíveis totais, apresentarem valores muito próximos em alguns casos estatisticamente semelhantes.

Em estudos Valvasori et al. (1998), utilizou 12 vacas da Raça Holandesa e Parda Suíça, com o objetivo de avaliar a substituição de silagem de sorgo granífero por

silagem de cana-de-açúcar, os níveis protéicos foram corrigidos pela adição de proporções diferentes de farelo de algodão, de forma a garantir os nutrientes necessários para a mantença das fêmeas em lactação além de suplementar com mistura concentrada para as quantias de leite secretadas superiores a 8 kg. Foram utilizados no experimento três tratamentos: Tratamento A) silagem de sorgo granífero; Tratamento B) 50% de silagem de sorgo granífero e 50% de silagem de cana-de-açúcar; Tratamento C) silagem de cana-de-açúcar. As produções de leite por animal e por dia foram respectivamente 12,9 kg, 12,3 kg e 11,8 kg, sendo o tratamento A, significativamente superior

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ao C (p<0,05). “O consumo de matéria seca total por 100 kg de peso vivo (3,0 kg, 3,0 kg e 2,8 kg), bem como o de nutrientes digestíveis totais (9,2 kg, 8,8 kg e 8,0kg), respectivamente para os tratamentos A, B e C, não foram estatisticamente diferentes demonstrados na Tab.5” (VALVASORI et al.,1998).

Neste trabalho foram utilizados Doze ovinos da raça Ideal para realizar prova de digestibilidade aparente com os mesmos tratamentos aplicados às vacas em lactação: os valores encontrados para digestibilidade da matéria seca foram 54,4%; 56,8% e 52,0%; para os tratamentos A, B e C, não sendo consideradas as diferenças estatisticamente significativas conforme Tab.6, também foi observado diferença estatística entre tratamentos na digestão da proteína bruta, linearmente superior à medida que foi empregada mais cana-de-açúcar e mais farelo de algodão. “Torna-se difícil explicar este resultado a não ser considerando-se a maior participação da proteína da fonte

protéica junto com a silagem de cana-de-açúcar” (VALVASORI et al.,1998).

Em teste conduzido por Andrade, Ferrari Júnior, Raun (2001), com ovelhas, verificaram que com o aumento linear na adição de rolão-de-milho, obteve elevação do valor nutritivo da silagem de cana, assim como melhora no padrão de fermentação das silagens, aumento no consumo de matéria seca e fibra insolúvel em detergente neutro, bem como a ingestão de nutrientes digestíveis totais. A análise de variância dos teores de matéria seca da silagem mostrou significância (P<0,05) quanto aos níveis de rolão-de-milho utilizado. Na Tab.7 houve aumento nos porcentuais de MS, PB e FDN conforme foi se adicionando rolão de milho os teores de MS tiveram significância estatística (23,18%/MS, 25,44%/MS e 27,68%/MS) respectivamente nos tratamentos, com Cana + uréia + 40 kg de rolão, Cana + uréia + 80 kg de rolão e Cana + uréia + 120 kg de rolão.

Tabela 5 - Produções de leite e taxas de gordura láctea. Instituto de Zootecnia, Nova Odessa – 1991.

Tratamentos Kg leite/vaca/dia kg leite/vaca/dia corrigido Matéria Graxa não corrigido a 3,5% (MG) (MG) A (silagem de sorgo granífero) 12,93ª* 13,11ª 3,64ª B (silagem de sorgo granífero e cana-de-açucar) 12,34ªb 12,72ª 3,81ª C (silagem de cana-de-açucar) 11,78b 11,87ª 3,58ª Média Geral 12,38 12,57 3,68 C.V. (%) 4,10 9,59 13,95 * valores na mesma coluna, sobrescritos por letras diferentes, significam diferença estatística entre tratamentos. Fonte: VALVASORI et al.,1998

Tabela 6- Coeficientes de digestibilidade, em porcentagens, das diversas frações dos alimentos, e valores de nutrientes digestíveis totais. Instituto de Zootecnia, Nova Odessa – 1991.

Tratamentos MS MO PB FB EE ENN NDT A 54,47 57,16 59,55 48,26 80,52 60,26 57,31 B 56,79 59,28 63,64 49,75 83,05 63,73 59,41 C 51,96 54,52 64,07 42,47 76,25 58,82 53,85 CV% 5,71 5,12 4,37 12,17 3,72 8,46 5,15 REGRESSAO NS NS L NS Q NS NS L = linear; Q = quadrática, NS = Não significativa; MS = matéria seca; MO = matéria original; PB = proteína bruta; FB = fibra crua; EE = extrato etéreo; ENN = extrativos não-nitrogenados; NDT = nutrientes digestíveis totais.

Fonte: VALVASORI et al.,1998

Tabela 7. Porcentagens de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) das silagens de cana-de-açúcar tratada com uréia e acrescida de rolão-de-milho (1).

Silagem MS PB FDN Cana + uréia

Cana + uréia + 40 kg de rolão 23,18 9,03 66,20 Cana + uréia + 80 kg de rolão 25,44 9,18 63,71 Cana + uréia + 120 kg de rolão 27,69 9,86 61,21 CV (%) 4,55 4,96 2,63 (1)Quilograma de rolão-de-milho/t de cana-de-açúcar.

Fonte: ANDRADE, FERRARI JÚNIOR, BRAUN, 2001

CONCLUSÃO

Aditivos químicos e biológicos como uréia e L.

buchneri respectivamente, propiciam melhor padrão

fermentativo, a uréia em doses adequadas corrige o baixo teor de proteína bruta encontrada na cana-de-açúcar. A uréia combinada com bactérias homo e heteroláticas (L.

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ácido acético inibindo a síntese de etanol com maior recuperação de (CS). Entretanto aditivos físicos como rolão-de-milho e resido de colheita de soja possuem melhor resultados, promovendo menores perdas de matéria seca (MS) e açucares solúvel (CS). A silagem de cana-de-açúcar apresenta menor produção de leite quando comparada com outros tipos de silagem, apesar do consumo de MS, PB e NDT, apresentarem valores muito próximos e estatisticamente semelhantes.

REFERÊNCIAS

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Referências

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