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LI Licitação. Exercício da

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P A R E C E R

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Nº 1615/2015 Nº 1615/2015 Nº 1615/2015Nº 1615/20151111 LI – Licitação. Exercício da competência legislativa regulamentar. Âmbito municipal. Impossibilidade de tratamento diverso conferido por norma geral. Mera repetição da Lei 8.666/93. Inconveniência. Comentários.

CONSULTA:

CONSULTA:

CONSULTA:

CONSULTA:

O consulente solicita parecer jurídico quanto à legalidade e constitucionalidade de propositura legislativa de autoria do alcaide que "cria normas específicas de procedimento em matéria de licitações e contratos administrativos no âmbito do Município".

RESPOSTA:

RESPOSTA:

RESPOSTA:

RESPOSTA:

Conforme já abordado no Parecer nº 1.156/2012, a Constituição da República de 1988 traz em seu art. 37 o regime geral e os princípios aplicáveis à Administração Pública na esfera Federal, Estadual e Municipal, cumprindo destacar para o presente caso seu inciso XXI, o qual estabelece a obrigatoriedade de realização de licitação para as aquisições, e contratações de obras e serviços:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...)

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-XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações".

Desta forma, veio a Lei nº. 8.666/1993 para regulamentar o referido art. 37, XXI, estabelecendo normas geraisnormas geraisnormas geraisnormas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a compras, obras, serviços, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Para fins de atendimento à consulta formulada, há que se examinar seu art. 1º, que traz a noção da classificação das normas da mencionada lei em gerais e especiais:

Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios".

Em uma primeira leitura, pode-se afirmar que a Lei nº. 8.666/1993 veicula as normas gerais em matéria de licitações e contratos, com aplicabilidade à Administração Direta e Indireta do Distrito Federal, Estados, Municípios e União Federal. Mas a questão pede alguns comentários suplementares.

Há que se diferenciar, nesse momento, as normas gerais e especiais, para estabelecer posteriormente, qual o campo de atuação cabe a cada ente federativo no exercício de sua competência para regulamentar o texto legal.

Normas gerais são aquelas que vinculam todas as entidades administrativas, e que compreendem os princípios e as regras que se

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destinam a assegurar um regime jurídico homogêneo e uniforme para todas as licitações e contratações em todas as esferas de poder da Administração Pública.

Adentrando a análise do conceito de normas gerais, a doutrina mais autorizada entende que estas compreendem os princípios e regras que pretendem assegurar um regime jurídico homogêneo para as aquisições públicas em todas as esferas administrativas, com o estabelecimento de um modelo a ser seguido por toda a administração publica, por meio de diretrizes básicas comuns:

"Assim, pode-se afirmar que norma geral sobre licitação e contratação administrativa é um conceito jurídico indeterminado cujo núcleo de certeza positiva compreende a disciplina imposta pela União e de observância obrigatória por todos os entes federados (inclusive da Administração Indireta), atinente à disciplina de: a) requisitos mínimos necessários e indispensáveis à validade da contratação administrativa; b) hipóteses de obrigatoriedade e de não obrigatoriedade em licitação; c) requisitos de participação em licitação; d) modalidades de licitação; e) tipos de licitação; f) regime jurídico da contratação administrativa". (In, Marçal Justen Filho, Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 14ª Ed. 2010. pág. 16).

Em precedente destacável, o STF, no julgamento da ADI nº 3.059 (MC), consignou que a relativização ou flexibilização do princípio da isonomia, em tema de licitação pública, é matéria de competência legislativa da União, posto que relativa às diretrizes gerais. De modo que, toda e qualquer instituição de tratamento diferenciado de concorrência, ainda que sob o pálio de ações afirmativas e de incentivos finalisticamente louváveis, só poderão ser implementadas por lei da União.

Seguindo tal entendimento, a Suprema Corte na ADI nº 3.158-9 consignou que o art. 9º da Lei nº 8.666/93 que estabelece as hipóteses de impedimento de participação na licitação "é dotado de caráter geral, vistoé dotado de caráter geral, vistoé dotado de caráter geral, vistoé dotado de caráter geral, visto que confere concreção aos princípios da moralidade e da isonomia

que confere concreção aos princípios da moralidade e da isonomia que confere concreção aos princípios da moralidade e da isonomia que confere concreção aos princípios da moralidade e da isonomia".

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Dessa forma, a despeito da inexistência de um critério preciso para a caracterização de "norma geral" e "norma específica", é possível depreender, a partir da análise jurisprudencial, que a Suprema Corte reputa enquadrar-se como "normas gerais" os princípios, os fundamentos e as diretrizes conformadoras do regime licitatório no Brasil.

A propósito do tema releva destacar importante e elucidativa lição de Egon Bockmann Moreira e Fernando Vernalha Guimarães (A Lei Geral de Licitações e o Regime Diferenciado de Contratação. 1ª ed. 2012. p.37):

"É relevante perceber que as normas gerais não seas normas gerais não seas normas gerais não seas normas gerais não se esgotam na positivação de princípios e diretrizes

esgotam na positivação de princípios e diretrizes esgotam na positivação de princípios e diretrizes

esgotam na positivação de princípios e diretrizes. Vão além, pois muitas vezes veiculam disciplina genérica mas não necessariamente principiológica. Adotada a distinção entre regras e princípios, pode-se afirmar que normas gerais veiculam tanto uma como outra espécie de norma jurídica. (...) Será lícito à União legislar, sob formato fechado e condicional das regras, assuntos de interesse nacional. Por exemplo, a regra inserta no art. 65 da LGL, que fixa parâmetros para alterabilidade dos contratos, há de ser tomada por norma geral, porquanto subjaz à sua disciplina um interesse nacional (a inibição de desvios quanto à estabilidade qualitativa/quantitativa dos contratos). Mas seu formato é o de regra jurídica, pois apresenta hipóteses de incidência rígida, formada por conceitos determinados."

Vejamos, ainda, a lição de Hely Lopes Meireles em obra atualizada após seu falecimento (Licitação e Contrato Administrativo. 15ª ed. p. 59):

"E é natural que as entidades menores disponham sobre minúcias de suas licitações e contratações, atendendo às peculiaridades locais e à especificidade de suas obras, serviços, compras e alienações. O essencial é que não quebrem osO essencial é que não quebrem osO essencial é que não quebrem osO essencial é que não quebrem os princípios regedores da licitação, nem retirem o seu caráter princípios regedores da licitação, nem retirem o seu caráter princípios regedores da licitação, nem retirem o seu caráter princípios regedores da licitação, nem retirem o seu caráter competitivo, nem discriminem os interessados, nem falseiem o seu competitivo, nem discriminem os interessados, nem falseiem o seu competitivo, nem discriminem os interessados, nem falseiem o seucompetitivo, nem discriminem os interessados, nem falseiem o seu

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julgamento, razão pela qual as exigências mínimas podem ser julgamento, razão pela qual as exigências mínimas podem ser julgamento, razão pela qual as exigências mínimas podem serjulgamento, razão pela qual as exigências mínimas podem ser aumentadas no âmbito estadual e municipal, mas não podem ser aumentadas no âmbito estadual e municipal, mas não podem ser aumentadas no âmbito estadual e municipal, mas não podem ser aumentadas no âmbito estadual e municipal, mas não podem ser relegadas, nem dispensada a licitação fora dos casos enumerados relegadas, nem dispensada a licitação fora dos casos enumerados relegadas, nem dispensada a licitação fora dos casos enumeradosrelegadas, nem dispensada a licitação fora dos casos enumerados na lei federal

na lei federal na lei federal na lei federal.

A Lei 8666/93 manteve orientação, embora mais restritivamente. Não obstante, podem Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios, atendidas normas gerais de cunho nacional, elaborar suas normas específicas, como já fizeram anteriormente, respeitando sempre os prazos mínimos de convocação, de respeitando sempre os prazos mínimos de convocação, derespeitando sempre os prazos mínimos de convocação, derespeitando sempre os prazos mínimos de convocação, de interposição e decisão de recursos, bem como os limites máximos interposição e decisão de recursos, bem como os limites máximos interposição e decisão de recursos, bem como os limites máximos interposição e decisão de recursos, bem como os limites máximos de valor fixados para as modalidades licitatórias, e não ampliando de valor fixados para as modalidades licitatórias, e não ampliandode valor fixados para as modalidades licitatórias, e não ampliandode valor fixados para as modalidades licitatórias, e não ampliando os casos de dispensa, inexigibilidade e vedação de licitação

os casos de dispensa, inexigibilidade e vedação de licitação os casos de dispensa, inexigibilidade e vedação de licitação os casos de dispensa, inexigibilidade e vedação de licitação."

Ademais, de acordo com entendimento do STJ (Resp nº 402.711/ SP, rel. Min. José Delgado, j. em 11/06/2002) e do TCU (Acórdão nº 991/2006, Plenário, rel. Min. Guilherme Palmeira) o elenco dos arts. 28 a 31 deve ser reputado como máximo e não como mínimo, de modo que não é obrigatória a exigência pela Administração de todos os requisitos estabelecidos na Lei nº 8.666/93. Resta claro, assim, que o edital não poderá exigir mais do que ali previsto, mas poderá demandar menos.

Assim, conforme já lançado no Parecer nº 2.299/2011, resta claro que as entidades administrativas de Estados, Municípios e Distrito Federal podem expedir normas específicas que regulamentem os procedimentos de aquisição, complementando assim as normas gerais da Lei nº. 8.666/1993, sendo-lhes vedado, todavia inovar na ordem jurídica em sentido contrário à legislação de regência. Da mesma forma, a regulamentação jurídica não pode exceder os limites da legislação ordinária, pois a legitimidade para inovar na ordem jurídica em um Estado Democrático é dos representantes do povo escolhidos por meio do voto para o exercício de mandatos nas casas legislativas.

Desta maneira, é juridicamente viável a expedição de legislação específica para regulamentar os procedimentos licitatórios no âmbito das aquisições públicas municipais. Resta agora, tecer alguns comentários

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sobre o projeto de lei encaminhado para análise.

Em termos gerais, a lei em comento ou repete ou se limita a indicar a aplicação da Lei nº 8.666/93, sendo assim, desnecessária sua existência no ordenamento jurídico como se verifica quando repete a ordem do processo administrativo, quando prevê a possibilidade de saneamento de irregularidades não substanciais ou quando dispõe sobre aplicação de penalidades aos licitantes que "ensejar o retardamento do certame, não mantiver a proposta ou fizer declaração falsa."

Naquilo que trata de forma distinta em comparação com o tratamento conferido pela norma geral incorre em violação à competência da União para legislar sobre a matéria em caráter geral, conforme acima explanado.

Por exemplo, o art. 3º, VI, do projeto de lei dispõe que a "aberturaaberturaaberturaabertura dos envelopes e apreciação da documentação relativa à habilitação dos dos envelopes e apreciação da documentação relativa à habilitação dos dos envelopes e apreciação da documentação relativa à habilitação dos dos envelopes e apreciação da documentação relativa à habilitação dos concorrentes cujas propostas tenham sido classificadas até os três concorrentes cujas propostas tenham sido classificadas até os três concorrentes cujas propostas tenham sido classificadas até os trêsconcorrentes cujas propostas tenham sido classificadas até os três primeiros lugares

primeiros lugares primeiros lugares

primeiros lugares", o que fere expressamente o procedimento previsto na Lei Geral, além de violar o princípio da competitividade ao restringir a análise da documentação de habilitação, o que não é previsto na norma geral.

O § 10 do art. 3º do projeto prevê que a autoridade competente poderá, "até a assinatura do contrato, excluir o licitante ou o adjudicatário,até a assinatura do contrato, excluir o licitante ou o adjudicatário,até a assinatura do contrato, excluir o licitante ou o adjudicatário,até a assinatura do contrato, excluir o licitante ou o adjudicatário, por despacho motivado, se, após a fase de habilitação, tiver ciência de fato por despacho motivado, se, após a fase de habilitação, tiver ciência de fato por despacho motivado, se, após a fase de habilitação, tiver ciência de fato por despacho motivado, se, após a fase de habilitação, tiver ciência de fato ou circunstância,

ou circunstância,

ou circunstância, ou circunstância, anterior ou posterioranterior ou posterioranterior ou posterioranterior ou posterior ao julgamento da licitação, que ao julgamento da licitação, que ao julgamento da licitação, que ao julgamento da licitação, que revele inidoneidade ou falta de capacidade técnica ou financeira revele inidoneidade ou falta de capacidade técnica ou financeira revele inidoneidade ou falta de capacidade técnica ou financeira revele inidoneidade ou falta de capacidade técnica ou financeira" em sentido diametralmente oposto ao que dispõe o art. 43, § 5º da Lei nº 8.666/93, uma vez que admite a inabilitação dos licitantes após o transcurso desta fase específica por fato ou circunstância anterior ou posterior ao julgamento da licitação, vejamos: "§ 5º Ultrapassada a fase de§ 5º Ultrapassada a fase de§ 5º Ultrapassada a fase de§ 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso habilitação dos concorrentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso habilitação dos concorrentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso habilitação dos concorrentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação, III), não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação,III), não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação,III), não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após osalvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o julgamento

julgamento julgamento julgamento".

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Destarte, respondendo a consulta de forma objetiva, o projeto de lei não merece prosperar por trazer dispositivos que contrariam a competência privativa da União para legislar sobre norma geral de licitações e contratos administrativos, bem como por simplesmente reproduzir ou se remeter a dispositivos da Lei nº 8.666/93, o que viola o princípio da necessidade.

É o parecer, s.m.j.

Marcos Vinicius Souza do Carmo Consultor Técnico

Aprovo o parecer

Marcus Alonso Ribeiro Neves Consultor Jurídico Rio de Janeiro, 29 de junho de 2015.

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