ZE
DO
Jornalismo- UFSC- SantaCatarina, abril/1985
Cuidado:
você
pode
adoecer
no
hospital.
Saiba porque.
Pág.
5
No
Brasil,
de cada
dez
biriteiros
,...
um
é
alcoólatra
Pág.
5
em
fazer música
independente.
pág.
JS
Estatuto
da
terra
na
pãg.
6
Rodar
ou
não
rodar..
na
pág.
3
j Os craquesganham
. bilhões. Mas osestádios
estão cada / vez mais vazios. E agrande crise-
do futebol Na última. lnfo rmática é matéria dediscussao
em todoopaís.
Zero abordaaquestão
naspáginas
centrais.Página
2
Formandos
e o
mercado
de trabalho
EDITORIAL---if-r
IEstamos colocando na rua mais uma
edição
dojornal
laboratório do curso deJornalismo
-ZERO. A
criança
que agora dá seusprimeiros
gri
tos de choro teveuma
gestação
demoradae difícil.Abril de
85,
abreosolhos trés mesesdepois
doesperado.
Todos osproblemas
dagestante,
a sestafase do curso, começaram em abril de
84,
quando
os
professores
daUFSC,
apoiando
uma greve nacional,
paralisaram
suas atividades. Os alunosnão.
deixaram por menos, foram solidários. A luta co
meçou,
continuou,
se arrastou por mais de trésmeses. Os
professores,
sem terem suas reivindicações
maisimportantes
levadasem
consideração
epressionados
detodasasformas
pelo
MEC,
resolveram voltaràsatividades.A revoltaerageral.
O vírus da greve trouxe novas
complicações.
Agestante
já
previa
dias ruins.Depois
de uma decisão democrática tomada numaassembléia
geral
deestudantes, funcionários
eprofessores pela
realiza-ção
de apenas um semestre e do CUN e CEPE'darem pareceres
favoráveis a essadecisão,
o todopoderoso
Reitor Rodolfo Pinto da Luzmanipulou
toda a
comunidade
universitária eimpês
a realiza�ão
de dois semestres,em setemeses, comum mêsde
paralisação
para férias.I
V
Agestante
dessejornal
estavacada vez maisen-joada.
Mas não era a única. Osprofessores
docurso, derrotados nagreve, não
exigiam
muito desua
capacidade
de ensinar e com marasmo levavamas
'disciplinas.
Nós não ficávamos atrás. Aco;
Iuna
já
doía de tanto carregar esse feto e nemmesmotínhamosmuitas esperanças de queviriaao
mundo. Outros
problemas
vinhamagravar agesta
ção.
Motivados por melhorescondições
de trabalho e por melhores salários
alguns
professores
deixaram o curso. A cadeira deJornalismo
Gráfico,
responsável
pela
produção
das matérias queformaram o
feto,
foi a maisprejudicada.
Emmenos de um mês o curso
perdeu
dois de seusprofessores.
Esses nãoforam substituídos. A c-rgade trabalho que ficou para o único
professor
dacadeira não
possibilitou
uma assessoria melhorpara
quem
estava"queren(lQ
aprender
a escreverjornalisticamente".
Além disso enfrentamos também o
problema
da falta de outrosprofessores.
Esse fato ocasionou um
remanejamento
da cargahorária do corpo docente e uma
compactação
dematérias.
A sexta fase sofreu asintempéries
disso.Tivemos que escrever em dois meses as matérias que normalmente
terfamos quatro
para fazê-Io.Mas a vontade de ver esse filho
parido
continuouforte.
Os
enjôos,
doresdecoluna,
pontapés
nabarriga,
e ascomplicações
dagestação,
que apareceramcontra nossa
vontade,
transformam-se numa alegria
materna nesse instante que embalamos nossacria.
Greve,
falta deprofessores,
matériasimpres
cindíveis mal
concluídas,
não foram bastante paranos derrubar. Mesmo que ainda não saibamos es crever
jornalisticamente
e de nãoestarmos preparados para o mercado de
trabalho,
como é daopi
nião de
alguns
professores,
estamospondo
essefilhono mundo. Nossoe amado.
Que
cresçae
apa-reça.
-Aspessoas quefizeramoZero
'-"'f.O\f.tl1f.
f.�
JomalLaboratóriodoCurso deComunicação
Social-Habilitação
Jomalismo - Universidade Federal de Santa Catarina-Março/85. Tiragem:
Milexemplares.
{:irculação:
Campus
Universitário.Redação:
Adriana AIIhoff, Carbs
Jung,
CláudiaErthal, Francisco Carlos Kuneski,
JeniJoana de Andrade, Maria de Fátima Mafra,-Marse
Ortiga,
Marisa de SouzaNaspo
lini,Mauro Anton oPandolfi, Meiri FátimaColetti, Nilson
Rogério
do Nasci mento, PauloScarduelli,Raquel
VieiraWandelli,Rosangela
dos Santos, Stela Maris Ganilho Dias Belo,Suely
Regina
deAguiar
e Valentina da Silva Nunes(res
pórteres/red
atores/diagramado
res/Fotog
rafia/Cartun)
- 6.a Fase. Professoresresponsáveis: Ayrton
Kanitz.LuizLanzettaeCésarValente. Cálculos de
diagrama
ção: Jucélia Femandes.
Composto
e impresso na EmpresaEditora Jomal O Estam
-Florianópolis.
Alunos
do
Curso
conquistam
prêmios
NILSON NASCIMENTO
Com um ano
letivo findando agora
emmarço, mais
uma turma, aque
ingressou
em1l)81, forma-se
emComunicação
Social.
habili
tação
emJornalismo,
naUniversidade Federal de
Santa Catarina
(UFSC).
Isso,
antesde
tudo,
representa
acolocação
de pessoas que
sededica
ram
qu
atro anos aestudar
aComunicação
e astécnicas
dos
meios,
nomercado de trabalho.
Esse
mercado,
emFlorianópolis,
constitui-se
de
três
emissoras de
televisão,
varias
estações
de
radio,
jornais,
assessorias
de
imprensa
ede
tecnologia
educacional.
atividades
emempresas
publicitarias,
alem
da
imprensa
alternativa. Um
mercado
aparentemente
amplo
para
umnu
mero tão
pequeno
de
novosprofissionais.
Para
Fabiola Souza de
Oliveira,
23 anos,fun-cionaria
publica
feder-al,
entretanto,
.
excetuando-se
asmodalidades alternativas,
estemercado,
por maior que
fosse,
ainda não lhe
apeteceria. "Porque
atualmente,
todas
essasempresas estão muito
comprometidas
com essesistema",
diz ela.
,.E eu
gostaria
mesmo erade
fazer
umtrabalho de real interesse
às
camadas
populares", explica.
Jorge
Massarollo.
2Y anos,todavia,
não
encontrou esseproblema
ideolo
gico.
Já
estaempregado
erazoavelmente satis
feito
com seusalário
numjornal,
cooperativista.
Ronaldo dos
Santos,
27 anos,funcionário da
Fundação
Catarinense
de cultura mantendo
noórgão
ocargo de
assessorde
imprensa, aproveita
o
recebimento
de
seudiploma
para reivindicar
um aumento
salarial.
"E-que,
ateagora,
eu recebo
comoassistente
enão
emruvel tecnico
fsuperior",
justifica.
Ja suacolega
de
turma,Sir-ley Virginia
Ribeiro,
sem apreocupaçao
comsalário,
pelo
menospor
enquanto,
espera
conseguir
umemprega,
valendo-se
da
experiência
edo material
queconseguiu
levantar
quando
realizava
seuprojeto final
no cursoda UFSC.
'Omeu
projeto
é de interesse do Estado. Se eles
reconhecessem
isso,
contratariam-me
nacerta",
diz ela:
Há também
osque
têm
empregos
emoutras
áreas
e, no momento,não pensam
emtroca-los
pelo jornalismo.
bha tambem quem
esteja
de
sempregado
eassim
prefere
ficar por
enquanto.
O
que
seobserva
nogeral.
é
uma certainse
gurança. Há
omedo de sair da
universidade
eenfrentar
omundo lá fora.
Hostil;
já
que
ocursosuperior
emjornalismo
e recente, eaté
há
pouco
qualqu
er umpodia
provisionar-se
comojornalista
emFlorianópolis.
Aconcorrência
assim
e maiorainda.
Edeve-se
reconhecer;
Quem
nunca atuou naárea (só
fez de
conta naescola)
so
pode
sentir-se
defasad-o
diante
daqueles'
que trabalham
nos meios. Avelha história da
prática
versusteoria.
Meiri Fátima Coletti, aluna da 6° fase deJornalismo e
CelsoVícenzi.da 8°fase,
conquistaram
recentementedoisprêmios
nas áreas-jornalisticas
eliterária.Meiri, alémde
possuir
umbomtextojornalístico.
vemsededicando,comêxito, à
podução
decontos.Ela obteve 03"lugar
no Concurso "Contos da Maioria", com o Conto "Tudo bem, Glória".Celso
participou
do IV Concurso Nacional deReporta
gens e
ganhou
oPrêmioRegional
SuL com areportagem
"Umalemão consegue muito dinheiro catando
papelão",
públicada
em dezembro do anopassado.
O Concursocontoucom a
participação
de 230jornalistas,
de todo Brasil. e teve seu resultado
divulgado
dia 13 de marco.Sabe-r-que
existemcompanheiros
de talento nocursoeque
já
sabemescrever tãobem,é motivo desatisfação
edeRODAR OU
NÃO
RODAR?
CHIKO KUNESKI
As pessoas
deficientes, além
de superarem
aslimitações
e oestigma
socialcausados
poressacondição,
ainda têmque enfrentarasbarreiras
arquitetôni
cas que lhes são
impostas.
Segundo
aABRADEFS
(Associação
Brasileira
de Deficientes FísicoseSensoriais)
secção
de Santa
Catarina,
osdeficientes
somam 10% dapopulação
da GrandeFlorianópolis.
Apesar
donúmero
existente e de haver leis que asseguram o
direito do livre trânsito
dessa
parcela
da
população,
eles nãopodem
"sairde casa". As leis morrem nosarquivos.
As
dificuldades
aumentam para osdeficientes que utilizam cadeiras de rodas.
É
quaseimpossível,
porexemplo,
paraumapessoaparaplégica
outetraplégica
fazerqualqu
ercursonaUFSC. "Não há
condições
de circularno
Campus
Universitário em cadeirade
rodas", adverte
ArnoKumrner, Engenheiro Agrônomo
eparaplégico
hátrês
anos. "Não existemrampas
deacesso, rebaixamento de
calçadas
emeio-fio,
banheiros com alargura
dasportas
necessárias paraa passagem dacadeira,
além daexistência
de roletasnaBiblioteca Centrale noRestaurante
Universitário."
A
solução
para todos essesproble
masjá
foiapresentada
em 1981 porumacomissão
especial
-formada
por
três
pessoasdeficientes
e umfuncioná
rioda Universidade
-que
estudava'
ocasodas
barreiras,
ao então ReitorErnane
Bayer.
Oprojeto
paraamelhorianas
condições
de
acesso aosdeficientes
naUniversidade foina
época
(Ano
Internacional
das
PessoasDeficientes)
muitobem
recebido
pela
reitoria. Pos teriormentearquivado
eesquecido.
"Na
Universidade
nãoconseguiria
nem mesmo
chegar
ao Reitor ereclamardo
descaso
de não mepermitirem
acessosozinho",
observa Paulo Bravo,professor
universitário
da FERJ e paraplégico,
"há um enormedegrau
antes do
elevador".
CIDADE
Em
Florianópolis
éimpossível
transitar em
cadeira
de rodasnas ruas. Ascalçadas
nãooferecem
condições,
não existem rampas de acesso, rebaixamento do
meio-fio
e oslugares
maisnecessários
e comuns comobancos,
cinemas,
repartições públicas,
colégios
e
até
aCatedral
Metropolitana
nãoestão
preparados
para receberemasca-.deiras
derodas.
Nodia 30 de outubro de 1984entrou
em
vigor
aLeiMunicipal.
de n.? 2.153,que assegura
às
pessoas deficientes" o direito de ter suasnecessidades
espe ciaislevadas
emconsideração
emtodos os
estágios
deplanejamento
físico-territorial. econômico
e social."Segundo
aLei 2.153oPoder
ExecutivoMunicipal
deverá promover:
rebaixamentodo meio-fio das
calçadas,
acesso aosedifícios
publicos
e a terminais depassageiros
urbanos,
além defiscalizar
asconstruções
dos
prédios
multi-familiares
e comerciais que deverãoser
acessíveis
às
pessoasdeficientes,
emtodos
os seuspavimentos.
Depois
dequatro
mesesda Lei ter entrado emvigor,
ainda
nãohouve
qualquer modificação
nas ruas eprédios
da cidade. Mais umalei morrenos
arquivos.
.: ParaPauloBravoasbarreiras
arqui
tetônicas, aqui
como emqualquer
outro
lugar, obrigam
odeficiente
a terum
poder
aquisitivo
bem maior que uma pessoa não deficiente. "Não há acesso aos locais que têm preços maisbaratos
como aslojas
que ficam nassobre-lojas,
mercadopúblico,
etc, temosque nossujeitar
apagaros preços dos
lugares
quepermitem
acessoàs
rodas",
explica
ele. E continua: "masàs
vezes nem mesmo oslugares
maiscaros nos
permitem
acesso etemosque passarpelo
vexame de sermoscarre
-gados
nocolo,
quando
poderíamos
noslocomover
sozinhos. Um'exemplo
emFlorianópolis
é oPloph
, um hotel decinco
estrelas,
semrampa para cadeirasde
rodase sementradapela garagem."
Segundo
PauloBravo,
"bastavocê
prestar
umpouquinho
maisde
atenção
e vaiver comosãoraros oslugares
que
permitem
irmossozinhos,
semque
alguem
noscarregue."
"E uma verdadeira
maratona",
comentaAmo Kummer. "Para ira
qual
quer
lugar
tenhoprimeiro
queestudar
bem
o local e versehácondições
queme
permitam
chegar
lásozinho.
Tenhoque traçar
verdadeiras
manobras para fazeroque necessito devido às barreiras"
-Segundo
Amo, funcionarioda ClDASC, "adeficiência
nãoimpede
apessoa deser
iridependente.
Com certas
adaptaçoes
que fazemos em nossasvidas,
nos viramos sozinhos." Ele explica
ainda que muitasvezes, como no seu caso, asociedade
resolvepaliati
vamente o
problema
das barreiras arquitetônicas,
sem, no entanto, daruma
soluçao
final. "unde trabalho haum
degrau
enorme. Oproblema
fOI
parcialmente
solucionado
com a colocação
de uma rampa movei que mepermite
ingressar
no predio.
mas continuo
dependendo
de outra pessoa para colocareretirararampa",
diz ele.O t
etraplegico
e medico Adalberto Michels diz que '·0problema
das barreiras
arquitetônicas
limitaodeficiente em tudoeamplia
opeso da deficiênciaque muitas vezes não e tao
grande."
Segundo
Adalberto eimp
ossrvel sairsozinho nessa cidade em ladeiras de
rodas.
"Depois
que sofrioacidente fuiaocinema umaunica vez, isso porque
meu cunhado me levou no colo", co
menta ele,
DESCASO
João Batista Cintra
Ribas,
em'seu
livro "U Que São Pessoas Deficien
tes)",
diz: '·0 que me pareceimpor
tante équeumdeficiente que 'transe'
bemsuacadeira de rodasecom a
vida,
sem duvida
poderá
tersuas lirnitaçóes
atenuadas." Muitos deficientes seguemesse
conselho,
mas asresoluçocs
de certas
dificuldades
normalmente estão fora do alcance desuas maos. Asbarreiras
arquitetônicas
sao uma írnposição
que lhesfoge
ao controle."Não é difícil
facilitar
umpouconossavida",
dizPaulo,
"basta apenas nosdeixarem viver como somos e nos
permitirem
acesso aoslocais que todostêm."Para
ele,
aspessoasresponsáveis
pela
construção
de imoveis e ruas talvez nem
saibam
que os deficientesexistem,e os
órgãos
responsáveis
pelo
rumprimento
das leisespeciais
são totalmente
relapsos
em suasfunções.
ParaArno,
já
esta
na hora de acabar com o descasocom queo deficiente etratado.
"Comrelação
as barreiras arquitetônicas
nãoédifícilresolver,
pois
em todo
lugar
queum deficienteva asoutraspessoas
podem
ir,mas nosluga
res que os não deficientes vao nagrande
maioria das vezes não temosacesso", constata ele.
São
cim.siderada
spess()(ls
paraplégicas
todas
aquelas
que são portadoras
de
umasequela,
resultado
de
uma
lesão,
no sistema nervoso congênita
oucausada
poracidente,
an{vel medular, determinando
a interrupção
de
impulsos
nervososabaixo
daquele
nível.
Normalmente atinge
apenas 'os
membros
inferiores.
São
consideradas
pessoas t etrapltrgicastodas
aspessoasportadoras
de
limasequelaresultado
de
umale
são,
no sistema nervosocentral,
causada
poracidente,
anível
medular,
que
determina
ainterrupção
de
impulsos
nervosos eocasiona
o comprometimento
dos
membros
inferiures
16
milhões
de
alcoólatras
no
Brasil
Contaminação
dos
hospitais
ameaça
pacientes
ROSÂNGELADOS SANTOS
Ao contrário do quemuitos pensam, o
alcoolismo éuma
doença
- e asegunda
que mais mata no mundo. No Brasil, de acordocom estudos realizados, de cada 10pessoas que bebem socialmente uma se
tornaálcool-dependente.E há,
hoje,
cercade 16 milhões de alcoólatras no
país.
Em Santa Catarina eles sãoaproximadamente
200 mil.
Considerada uma
doença bío-psíco
social,porafetaroindividuo física; mental e moralmente, o alcoolismo é tratavel e
recuperável.
masnão totalmente curável.A
doença
éprogressiva,opaciente
temquerealmenteabater-se da bebidaparamelho
rar."Seoalcoólatra
pára
debeberadoença
estaciona",
explica
o doutor Aristeu Stadler. Chefe do Departamento de Alcoo lismo doInstituto SãoJosé. "Masse apes soa toma uma dose novamente,
perde
oautocontrole
eadoença
recomeça."Apesar dos inumeros estudos feitos, a causa desta
doença
ainda não foi descoberta. Apenas se conhece
alguns
fatoresque .agern no desenvolvimento do alcoo
lismo,como ofator metabolico,ohereditá
rio (uma
pesquisa
feita nosEUA detectouque de4.500alcoólatras, 54% tinhaman
tepassados portadores
dadoença)
eosfatores
sociológicos
oupsicológicos.
"São muitas aspessoas que atribuem à crise econômicaou aos
problemas
sociaisaorigem
do alcoolismo", relataoDr. Aristeu. "Eumraciocínio equivocado.O quepode
acontecer diante de uma dificuldade ou
trauma é o desenvolvimento do alcoo
lismo.Masestapessoa
ja
temumatendência a ser alcoólatra".
Realmente. Lonsultados, os familiares
de alcoolistas apontam os
problemas
emcasa,
choques
como a morte de uma pes soaquerida,
relacionamento entrepais
efilhos e influência de amizades como as
principais
razõesque levamapessoa abeber."Sefôssemos beber porcausados pro
blemas que ternos,o Brasil seria um
país
alcoolizado", diza
socióloga
JuçaraMatias,Apesar
do progressoalcançado
nosúltimos 50 anos nos camposda
esterilização,
da
desinfecção
edaassepsia,
de 3,5aIS,5%dos
pacientes hospitalizados adquirem
infecções.
Destetotaloíndicede mortalidade varia entre 13 e17%.Os resfriados, as pneumonias ou as le sões de
pele
estão entre asdoenças
maisfreqüentes,
contraídasemhospitais.
Asinfecçoes
deorigem cirúrgica,
porexemplo,
representam de17a30% do total de infec
ções hospitalares.
Das pessoas submetidasao cateterismo venoso cerca de 15% são
vítimas de
infecções.
E osproblemas
deinfecções
urináriasatingem
de IS a 44%dos
pacientes
internados.O aumento das
infecções hospitalares
temmuitascausas.
Alguns
fatores sãoamáesterilizaçãode
objetos
usadosnospacien
tes, curativos feitos semque se tenha to
dos oscuidadosnecessários,ou anãoob
servação,na
prática,
de técnicas básicas dehigiene. Além
disso,
atualmente, houve""Um aumento da taxadesobrevivênciade recém nascidos prematuros e de pessoas
idosas, todas muito suscetíveisà microor
ganismos.
O empregode determinadas medidaste I
rapêuticas
como umtratamentoprolongado
com antibióticos, ou a
quimioterapia,
no casodetumoresmalignos,
tendemaalterardoInstituto SãoJosé,diantedestas afirma
çcies.
SINTOMAS
Para o
paciente
é difícil admitir que oálcool está sendo
prejudicial.
Quantomais a pessoa bebemaistemvontade debeber.Mas
ninguém
se torna alcoolista da noiteparaodia. Adoençavaisedesenvolvendo,
progressivamente.
Uma
gastrite,
aalteração
no apetite ou umahipertensãoarterialpodem
ser aspri
meirasmanifestaçõesfísicas doalcoolismo. As maiores conseqüências da
doença,
noentanto,sãoos
problemas psíquicos
queseoriginam
como adepressão,
ansiedade,angustia
ou ate mesmo alucinaçoes."Na
primeira
etapa de um tratamento opaciente
e medicado e desintoxicado. Ha umaavaliação
medica que detectaosproblemas físicos e
psíquicos
decorrentes dadoença.
Depois,apessoa passa porumpro grama deconscientizaçãointensiva, que e feito emgrupo, onde todosdiscutem suas duvidas e trocamexperiências
sobre adoença", explica
Aristeu Stadler.Em Santa Catarina apenasdois
hospitais
oferecem serviços
especializados
no trata mentodoalcoolismo:oInstituto SaoJosee a Colônia Santana.No Instituto São Joseo tratamento efeito
durante
quatro
semanas e cercade70pessoassãoatendidas mensalmente.
Não há estudosque
indiquem
opercen tual de pacientesqueretornamapós
otra tamento. De acordo com uma estimativarealizadanos anosde 82/83o
percentual
deretorno,no·Instituto SãoJosé, foi de25')0. Em Porto
Alegre,
porexemplo,
onde osserviços sao mais especializados 42'10 dos alcoolistas tratadoscontinuamsem beber.
Essenúmeroe
expressivo já
queemservi ços internacionais oí
ndice de alcoolatras queretornam aos
hospitais
oscilaentre3Oa60'Yo.
"Abase de todoo tratamento e a
predis
posiçãodo alcoolatra emse recuperarea sua conscientizaçãode quenão
pode
maisingerir
álcool", enfatizao Dr. Aristeu.o
organismo
dealguns pacientes
inutilizandosuas defesasnaturais.
Assim,asaltastaxasde
infecção hospita
lar
não significam,
necessariamente, máqualidade
de assistênciamédica.Emprin
cípio
quanto melhor for ohospital,
maisgraves serão os
problemas
dospacientes
nele internados, o que
pode
aumentar oíndice de
infecções
causadaspela
debili dade doorganismo
dapessoa queestaem tratamento."Por isso o cuidado que temos que ter
com a
higiene
é tãoimportante
quanto oacompanhamento e a
observação
rigorosadosmedicamentosqueestãosendo
aplica
dosemcada caso, para quesepossa diminuir o índice de
infecções hospitalares",
explica
Alfredo Daura Jorge, Diretor doHospital
CelsoRamos.Como sevê
ninguém
estáimune dessesriscos.
Masoquese
pode
fazer paraprevenir
ediminuir os casos de
infecções hospitala
res?
CUIDADOS BASICOS
NOS H OSPIT AIS O
problema
é grave epreocupante.No
hospital.
ao seplanejar
aadoção
demedidas saneadoras, é
oportuna
apartici
paç-ão
de todo o corpo clínicoque deveráser alertado para a
importância
social doproblema;
paraaextensãodoscustosdire-toseindiretos devidos à
infecções
oriundas Mas, infelizmente,apreocupaçãocom ode��Jil.tOs_de
pequeno porte masproblema
parece ser mais burocrática, poisde
grande põtcnQal.idíld.ece,
finalmente.c.c-naprática
poucacoisavemsendofeitapelo
paraacertezadoretornodosinvestimentos governo federal.
feitos nesta area. "Nãoháfiscalização.Nemrigorosa,nem
Serámais
lógico
terumsuprimentoade- naorigorosa.Afinalquem
éoprincipal
res-quado
de luvas e sondas paraaspiração
ponsável pela
situaçao em que seencon-endotraqueal
do quedespejar
rios de di- tram oshospitais,
senão ogoverno?
Talveznheironacompra de antibióticosparatra- eles baixema
portaria
enão fiscalizempor-tarasbroncopneumoniasresultantes da falta que não tem
condiçóes
morais de fiscali-de cuidados. zar",continua Daura. "Mas aportaria
foiOutro ponto importante na
prevenção
implantada,
e e uma primeirapreocupa-de
infecções
é oalerta feitoatodaa cornu-ção.
No caso doHospital
Celso Ramos anidade para que não váaos
hospitais,
visi-comiSSâõ�)receacu
aportarTá=aõMinistro"
.•tarumdoente,com
gripe, alergias
ouqual-
Com 250leitose umcorpo clínico de�OOquer
tipo
de lesão. pessoasoHospital
c.elsoRamosvemtraba-AS COMISSOES lhandoem cimado
problema
deinfecções
"Não há uma
preocupação
COIlS- atravesda sua CUH.tante,quando
odoentechega
aoshospitais,
com as
possibilidades
deleadquirir
infecções.
Masisto deveriaocorrer.Jáhá,inclu sive,umaportaria
do Ministérioda Saude que trata daformação
de Comissões deControle de
Infecções Hospitalares
-CCIH,em todasas casasdesaúde", dizAlfredo Daura.
A
portaria
doMinistériofoidivulgada
háum ano e meio e o
objetivo
dessas comissões éode coordenarum sistemade
vigilân
cia permanente
para
que seavalie.
deforma contínua, todasas causasdoproces
soinfeccioso, tendo em vista o seu con
trole.
OS
ANONIMOS
Emcima destaconscientizaçaodo alcoo latra e da
força
de vontade que o doentetemparasecu rar eque osgruposdeAlcoo
latras Anônimos -A.A.-, desenvolvem
seu trabalho.
"A pessoa que
freqüenta
assiduamenteasreunioes eestáconscientedesua
impo
tência peranteoalcoolequemantemfirme
oseu
propósito
deabandonarabebidaconsegueserecuperar. Dos que
freqüentam
osgruposdeAlcoólatrasAnônimos cercade
30"0 reagem assim", declara um
dirigente
de mesadogrupo deA.A.
U primeirogrupode AlcoolatrasAnôni
mos do mundo foi formado em I Y3 5 em
Akron, Ohio. na America do Norte. Lm
Santa Catarina existem70gruposde A.A.
O primeiro deles foi fundado em Blu rue-MariseOrtiga
Em Santa Catarinaonúmero dealcoólatras
ultrapassa200 mil.
nau.Na
capital
oprimeirogru po.intitulado"Tranqüilidade", originou-se em I')70 e
hoje
eles são em numero de nove.NogrupoTranqüilidadecercade 12 pes soasparticipam das rcuniocs realizadas de
segunda
a sexta, dasvinte asvinte eduashorasedomi ngosdemanha.Ncstes encon
tros, atraves de uma
terapia
de grupo, osalcoólatras tentam alca.ncar asobriedade. "Osrecursos m
cdico-hospirala
rcsso resolvema fase
aguda
do alcoolismo,quel'adcsiutoxicarao. A
dependência psicologica
e resolvida aqui", diz um alcuolatra anô
nimo."Ualcoolatraque nãopara de hcbcr
termina na loucura e morte prematuras",
continua elc.vO alcoolistase mantem cu
rado acada vintee quatrohoras de absti nência total de álcool."
Nos grupos, os
dirigentes
de mesa saoalcuolatras
recuperados.
Muitos lovens e um numero considcr avcl de mulherestambemprocuramosA.A. NoInstituto Sao
José, por
exemplo,
ha um grupo de A.A. que reune-setrêsvezes porsemana.UsA.A.naoaceitam qualquerespel iede
ajuda
financcira e nao têm nenhum vinculo com entidades
privadas
ou governamentais. Apesardenãoterem, tambcm. o
apoio
expresso do governo estadual, hauma orientacao do Ministerio da Saudc
paraque as secretariasdesaudcdosestados dêem total
apoio
aforma,aodessesgrupos.FAMILIARES
Com a
dependência
que se cria e diluilpara o paciente deixar o alcool sozinho,
sem
qualquer aluda.
NoInstitutoSãoJosehaumprogramade
orientação
as famIlias durante o tratamento do alcoolatra. Semanalmente sao
realizadosencontrosondeosfamiliares são
esclarecidos e orientados sobre as conse
qüências
dadoença
e as formas de tratamento.
Atravesdogrupo de AlcoolatrasAnôni
mos são de se nv ol.idos, iambcm dois
programasdeorientação,oALANON, desti
nadoao
cônjuge
doalcoólatraeoALATEEN,PARA OS FILHOS.
"A nossa taxa de
infecção
e de 3,6'Yo, estandoentreas menoresdo mundo", de clarao DiretordoHospital.
..Só para seter
umaidéiaantesda comissaoserinstalada nós utilizavamos �2.0QD unidades deanti
bióticos, porsemestre.Agora essenúmero
caiu para 45.000unidades.Issomostraque
as
infecções
foram realmentedebeladasem suagrande
maioria."Na
capital
doEstado, alem doCelsoRamos,somente os
hospitais
Joanade Gusmão, Florianópolis
e asMaternidades Carmela DutraePágina
6
Vinte
anos
do
estatuto
da
terra
FÁTIMAMAFRA
"O Estatuto daTerrafez 20anos no final
do ano
passado.
Entretanto, neste mesmoperíodo,
ocrescímento donúmerodosSemTerra foi assustador. No Brasil, eles são mais de 12 milhões.Em Santa Catarina mais de 170 mil. Diante deste
quadro,
oSecretário da Comissão Pastoral da Terra
Francisco veríssírno. considera
"que
o Es tatutofoi criadopelo
governomilitar para neutralizaramobilização
que havia há 20anos
em'
torno da ReformaAgrária.
E foijustamente depois
dogolpe
de 64 quelevou ao
poder, pela
violência, asforças
maisreacionáriase
exploradoras
destePaís, o númerodos Sem Terracresceu assustadoram ente".
O SecretariodaCPTdisse queoEstatuto
daTerra nasceu no
bojo
dos movimentossociaisnadécada de 60,emmeioa
organi
zação
de formaespontânea
como asLigas
Camponesas,
Sindicatos, ouseja,
movimentospara quefosse instituídaaReforma
Agrária.
"OEsta tutopossui
váriasfacetas",afirma Francisco. "Uma tenta definir o
conceitode Reforma
Agrária
como aredistribuição
daspropriedades,
outraapenasadistribuição
.de
terras medidas egarantias
de
mudanças
deumanovamentalidadedeuso e
distribuição
daterra.Acomercialização,
aprodução,
osinsumos, oscréditoseassistência técnica também."
Teoricamente'
aaplicação
do Estatuto édefenderaGrande
Empresa
Rural,explica
Francisco
Venssimo. "Com ocapitalismo
desaparece
apequenapropriedade
impro
dutiva, há uma
grande
concentração
de.1
VALÊNTINA
NUNES"A
importância
económica
dopalmito
ainda éumaincógnitá.
Nos,nomomento,estamosmais
preocupados
emevitar queaespécie
seextinga
nasmatasdosul, devidoà
predação
desenfreada, eposteriormente,
sim,procuraremos desenvolver técnicas de
transformação
para queseja
utilizado dediversas maneiras"
afirma
oprofessor
do Centro de CiênciasAgrárias
da Universi dade Federal de Santa Catarina, RubensOnofreNodari. Nodari éocoordenador do
,.
Proj
etoNativas Florestais" que está sendodesenvolvidonas zonasda MataAtlântica,
região
típica
do litoral catarinense. e queprocura preservar as
espécies
naturaisameaçadas,
como é o caso dapolpa
daspalrnaceas.
tambémconhe_cida
cornopal
mito.
O
"Projeto
Nativas Florestais" reúne mais seisprofessores
dos cursos deAgro
nomia,
Biologia
eEngenharia
deProdução,
e tem por
principal
objetivo,
o reflorestamentodas áreas ondeaocorrência do
pal
mito é natural; e também o desenvolvimentodenovastécnicas paraseu
aprovei
tamentoeconómíco.
atravésdacriação
denovos
produtos
comopatê,
cremesedoces. "Opatê
depalmito
éalgo
inédito, nãotemosconhecimento de que
seja
desenvol vido emoutros-
paíes;
apenas na França, um dosprincipais importadores, sabemos
que uma pasta é consumidapela popula
ção,
masnãochega
a serumpatê
propria
mentedito" afirmaNodari. Masomais im
portanteé queo
patê
seráfeito daprimeira
I'
I,
,
terras e a
mudança
dotipo
de lavoura de subsistência paraadeexportação.
Houveamodificação
dasrelações
nocampo,surgiu
a
grande propriedade
eaparecemcomisso,osassalariados rurais. Este sistema apenas
manteu a lavoura de fumo, a
criação
deporcos e aves, mas de forma
integrada
edependente
dasgrandes
Empresas.
Segundo
Francisco,o êxodo ruralaconteceu devido a inviabilidade da pequena
lavoura com a
aplicação
dasexportações.
"Houvea necessidadeda mao-de-obra na
cidade e os trabalhadores rurais tiveram
que ir trabalharnasIndústrias."
-,
SANTA CATARINA
Seesta
situação
noBrasiljogou
12 milhoes de trabalhadores rurais sem terra na
miséria diz Frandsco, Santa Catarina cer
tamenteestáincluída. "Umlevantamento feito
pelo
Sindicato dosagricultores
do Estado feito em 1982 confirma que há 136
mil
agricultores
semterra, sem contar osassalariados,osbóias-frias, arrendatáriose
diaristas". A comissão Estadualde Plane
jamento
Agrícola,
CEPA,com aparticipa
ção
do INCRAconcluiunofinalde 84umlevancamento que demonstra que este número
já
aumentou para 170 mil,A CPTestá
engajada
com aluta dos trabalhadores
rurais.Segundo
Francisco,a lutacresce na
organização
de um movimentodos Sem Terras,
surgido
danecessidadede resistir eavançarnalutapela
terra,elimi nando os conflitos naprática.
"O movimentodos Sem Terra vivede
opressão,
maspossui
como arma a suaorganização
e adisposição
de lutaatéavitória",disse ele.cascado
palmito,
conhecidacomo bainha,eque até
hoje
nuncafoiaproveitada pelas
indústrias detransformação.
Paraa
comercialização
dosnovosprodu
tos o
projeto
receberáapoio
da indústriaGerrner, quese
encarregará
de embalá-loedistribuí-lo para todoo Brasil. "Neste ve
rão,
aproveitamos
avinda dos turistas paralançá-lo
na rede hoteleira,pois
assim oproduto
tornar-se-á mais conhecido"acrescenta Nodari. Os
responsáveis pela
produção
dopatê
serãoosmembros do projeto,
enquantoa indústria Germer, com aqual
estão emconvênio, fará apenasa comercialização,
pois
esteéumin vestimentacaro- e o
projeto
nãotemtantosrecursos.A necessidade de
surgimento
de tal projeto surgiu
dadiminuição
das reservas naturais que,
conseqüentemente,
geroua extinção
das indústrias detransformação,
amenor
arrecadação
de tributos, o desemprego,umbaixo índice de
exportação
ededivisas parao
pais.
Adiminuição
dasreser vasnaturaissedeucom apredação
desenfreada, desde que o
produto,
apartir
de1912,
conquistou
os mercados nacional einternacional.Paraseterumaidéiada de manda do
palmito,
ataxadeexportação
de 1922subiude685,60dólares por tonelada para 2.883,57 doUton. em 1981, resul tando daí um verdadeiro desastre ecológico,
apesar dos benefícios que tambémtrouxe.
"As industrias de
transformação
baseavam-se no puro extrativismo, e
Chico Veríssirro
Moradia:umdos
proble_mas
dosposseiros
"Nascidoa
partir
doacampamentode En cruzilhada Natalino, em Ronda Alta -RS,hoje
está por 12 Estados do Brasil e nãotardaráa ser presença marcante em todo
Q
território
Nacional.
Onde
existir latifun diário eagricultor
sem terra, aí o movimentoestará
presente",
conclui Francisco Verissimo.Em
janeiro
deste ano inclusive, os SemTerra promoveram o seuI
Congresso
Na-quando
cortavamasárvoresadultasnãosepreocupavamcom assementes,ou com a
reposição
de novasplantas".
Outro fatoresponsável pela
extinção
doEuterpe
Edutis, nomecientíficodo
palmito,
é que elesereproduz pela
relação
sexuadaeleva de6a10anosparasercolhido.Assim,seasárvo
ressãoretiradas,a
espécie
nãotemcomo sereproduzir;
foioqueaconteceunazonadaMata
Atlântica,
vegetação
que caracterizaolitoral dos Estados do Rio deJaneiro, São
Paulo,Paraná e Santa Catarina.
"Com a
extinção
dopalmito
do sul dopaís,
asindústrias detransformação
sevoltaram parao
palmito
daAmazônia,queede
qualidade
inferior,masapresentacaracterísticasfavoráveisparaocorte".
Segundo
Nodari. a
espécie
Euterpe
Oleraceaupica
da Amazônia,cujo
nomevulgar
eAssai,
apresentavários filosnuma
planta
só,queoriginam
variaspalmitos,
embora mais finos queos daespécie
sulina,queorigina
apenasum
palmito
porplanta.
AvantagemdoAssaíé que
quando
cortado,elebrota,eo
palmito
do sul não."Dessa
maneira, aespecie
que é natural destaregião,
eondeoVale do
Itajaí
apresentao maiorpotencial,
estáse
extinguindo
por falta de incentivosecuidados. Por isso nos voltamos para tal
problema" explica
Nodari.Para a
preservação
natural da Mata Al tânticaoprojeto
estáprocurando
ajustar
oreflorestamento do
palmito junto
com odemadeirasnobres,que também são
típicas
da
região.
"Parasanear odesequilíbrio
eco-lógico
causadopelo
desmatamento daco-cíonal.emCuritiba. Coma
participação
de 1.500delegados
representando
os traba lhadores rurais de todooPaís,eles fizeram doCongresso
um"grito pela
ReformaAgrária já".
Através deum documento final,
exigiram
o fim da violência que sãosubmetidos no campo, a
desapropriação
dasterrasdasmultinacionaisedos latifun
diários,a
revogação
do Estatuto daTerrae aReforma
Agrária
controladapelos
traba lhadores.Palmito:
um
produto
que
vira
subproduto
o Centro
de,
Ciéncias
Agrárias
da Universidade Federal de Santa Catarina está desenvolvendoo"Projeto
NativasFlorestais",
que visa preservarespécies
em
extinçâo
da Zona da MataAtlântica,
vegetação
típica
dolitoralcatarinense.Opalmito
éumadasespécies ameaçadas, eoprojeto, juntocoma
indústria de
transformação Germer,
procuranovosprodutos
para seuaproveitamento:
porexemplo,
opaté
depalmito.
bertura da Mata, o que provocou a rosão dossolosdeclivosos.
pretendemos
reflorestarasáreascom
palrnaceas
emadeirasnobres; como imbuia, canela preta, canela
sassafras. e
peroba,
que sãoespécies
associadas naturalmente". Paratal. irão sele cionarasárvores
genotipicamente
superio
res,desenvolvertecnicas de
conservação
evigor
dassementes,determinarparâmetros
para maior
aproveitamento
eidentificaraspráticas
demanejo
dasassociações.
O
"Projeto
NativasPlorestais"
estárecebendofinanciamento da FIPEC que éuma
agência
financiadora do Banco doBrasil.eque reconheceua
importância
doinvesti mento,depois
que oParaguai
deixou deproduzir
opalmito,
e oBrasiltornou-se oúnico
exportador
mundial,principalmente
para os
seguintes
países:
França,Bélgica,
EUA,
Argentina
eLuxemburgo.
"Ocultivodo
palmiteiro
atravésdomanejo
sustentado e umapossibilidade
concreta de tornar econômica e
ecologica
menteviavela
exploração
denossasmatas,ao mesmotempoqueaspreservas,
permi
tindoa
associação
deessênciasde alta qualidadecomele"
explica
Nodari.Eoprojeto,
além detornarviávela
exploração
econômicadasmatas,irá introduzirnomercado novos
produtos
a serem consumidospela
população,
como é oexemplo
dopatê
depalmito,
dos cremes, molhos, emulsões.papas e pastas. "Acredito no sucesso do
nosso
projeto"
afirma esperançoso o pro•
O
ULTIMO
ALAMBIQUE
parecem se
orgulhar
da vida que levam:"Cada homem temseuconhecimento,eu
não sei ler, nem
dirigir
carro, mas sei daroça.dosanimais,sei fazer
pinga
efarinha de mandiocav-Basíantepaciente,
pareceterprazer em ensina seus conhecimentos: "A
noite o boi mói a
cana.ocaldoescorr cparaum
tonel.que
vai dar na caldeira. Pondofogo
no forno, agarapa evapora, sai porumcano,que passa
por dentro
dagua
para esfriar, e se transforma em
pinga,
que
cai direto no barril".Tudoemuitovelho,asmadeirase osbarris, esegu ndoseuChico,eisso que faza
pinga
ser mais suave. "Ouanto mais velha apinga,
maisgostosa".
Da vida, um unico lamento, nao ter se
casado nem ter tido filhos para transmitir
.seus conh ecimcruos.
,.
As
raparigas
não querem moraraqui,
muitolonge,
muito trabalho".Eassim,os anosvãosepassand
oparaseu Chicoe sinhá Alarde.sempre tra
balhando e alimentando muita gente. no
centenário
engenho,
em que aprincipal
diversão é assistir a brincadeira de dois fi lhotes dom estícos: um
gatinho
e um cachorrinho, que se perseguem e se encon
tram, miando elatindo. "Veja so. moça.o
que faz o amor, osanimais sabem disso, o
melhor de tudoe a amizade,por isso que
meusbichosmeatendem,
-eu
dou carinho para eles" epedindo desculpas,
se retira para cortar cana,porquea reportcrlevou umdos ultirnosgarrafocs
depinga.
eles,
pois
se encontram amuitosquilôme
tros de
qualquer
assistência médica. "Asaude e a melhor coisa que existe, mas
quando
agentevai ficandovelhoedoenteenãoservemais pranada,atnãodá mais,e
melhormorrer. Masqueeu gostoda vida,
eu
gosto"
falae riseuChico,
mostrandoounicodente da boca.
Isolados da
civilização,
parecem ter paradono tempo,a não ser
pelo
unico meio queosliga
à atualidade dos fatos:oradio depilhas
que possuem. Ee atravesdele queficam sab endo dos acontecimentos do
mundo,comoa
questão
dapreservação
daLagoa
do Peri, queosdeixa bastante irrita dos."A Fatma veio dizendo que porcausado
Parque
do Peri a gente não vai maispoder plantar.
Nãopode
mais desmatar.mas se a gente desmaia é porque vamos
plantar"
etocandonesseassuntoseuChicose exalta: "Veio o doutor da Fatma com
todoseuconhecimento,
proibindo
aplan
tação,
aí eufalei pra ele que quem alimentava o povo eram os
agricultores,
e nãocomoeleestavaacostumado,comosediza
moda,aenchera
barriga
nasombra".Mostrandoos calos das mãos e
orgulhando-se
dissoacrescenta:
"Porque
Deusdeuaterrapara
plantar,
eo unico céu que existe, é océu daboca,que
precisa
seralimentada, enós trabalhadores do campo, é que alimen
tamos ele".
Mas,apesar das dificuldades que enfren
tam e da carência em que vivem, osdois
da
maispra
nada" desabafa entristecido."Eninguém
quertrabalhar" acrescentaa valente
eheptagenária
sinhá Alarde."Masse oscupins,
asformigas
e ospassarinhos
trabalham, a gente tem que trabalhar tam
bém" diz seu Chico referindo-se à árdua tarefa que executam; todos os dias, das 4:30da manhã às 23:00 horas: alimentar
osseteporcos,asdez
galinhas,
osoitoboisevacas,ocavalo,alem decortaracana, arai
a terra,
plantar
novassementes e moer a canaparao preparodapinga,
diariamenteprocurada
por seusfregueses.
VALENTlNA DA SILVA NUNES
"Este
engenho
era do meu avô, eaqui
trabalhavam muitos escravos, mesmo
antesdomeu
pai
nascer",afirma Francisco Tomás dos Santos,oChicodoAlambique,
comoé mais conhecido
pelas
pessoas quechegam
ao seusítiode 80hectares, à procurada
puríssima
pinga
que fabrica. Herdeirodasterrasdeseu
pai,
depois
damortedeseusdoisirmãos,seuChico vive do que fabricaemseu
engenho,
situadono Sertão doPeri.entreaspraias
doPântanodo SuleRibeirão daIlha,em
Florianópolis:
farinha de mandioca no inverno epinga
o anotodo,além davenda dosporcos no Natal.
Atualmente com 52 anos, ele afirma:
"Aqui
nasciefuicriado,neste mesmobar racão, sempre trabalhando na roça e no.engenho,
eseumdia tiver devender tudo,não sei pra onde vou". Solteiroesemfilhos,
vive há 26 anos apenas com uma preta
senhora, a sinhá Alaída. que ali
chegou
para auxiliarsuamãe,e terminou ficando
mesmo
depois
desuamorte.Os dois vivemno centenário barracão,que foi edificado
pelos
escravosde seu avô, e que alem deengenho,
serve deabrigo
para gatos, cachorros,
galinhas
e terneiros. Não há luzelétrica,nem
água
encanadae, noentanto,pagam
imposto
aoIncrahá muitosanos."Antigamente,
naépoca
do meu avô edomeu
pai,
esta terraeraterraderiquezas.
Hoje
étudo diferente,oclimamudou,não"Estas terras
já
alimentaram muitagente,e no tempodomeu avô o
engenho
fabricava
açúcar
também. Sóque moravamuitagente
aqui,
muitosescravos e escravas, gente forte e
corajosa"
relembra seuChico, e se
perde
nas histórias deseupai:
"Eles trabalhavam acorrentados
pelos
pés
para não
fugirem,
ehavia um queera tãoforte,queumavezarrebentouascorrentes
e foram encontrá-lo lá
pelas
bandas daLagoa
do Peri".E enquantovaicontando,sinhá Alaíde vai servindoo
almoço: feijáo
pretocomfarinhae
peixe
frito,Tudooque comem vem dalavoura, raras vezes compram
algo
nacidade,e opeixe
trocam porseus
produtos
no Ribeirão da Ilha. "Plantamos cana,
feijão,
milho,mandioca ebatata; tomamos caldo-de-cana; e
pinga,
sóquando
chovee agentesemolha,pranaoficar doente". E
doença
é umperigo
paraDerrubada
da
centenária
igreja
do
Pântano
do
Sul
não
foi
esquecida
Foto Valentina da- SilvaN."es
"Foi um absurdoterem derrubado aquela igreja,afinal.faziapartedaculturada vila. Ela
nunca deveria ter'sido destruída" afirma, aindabastanteínconformado. AmarildoMon
teiro, um dos herdeiros do afamado Arante
Bar, situadonapraiadoPântanodo Sul,a30 km de
Florianópolis.
No entanto,Amarildofoiumadaspoucasvozesaseoporàdemoliçâoda centenária igreja. "Éramos somente nós, os
jovens,favoráveisa sua
preservação,
mas,infelizmente, osjovensnuncatêm
poder.
enofinal.tudo não passou
deumajogada política".
Aconfusãoemtornoda
igreja,
nessevilarejode
pescadores
aosuldaIlha,comcercade dois milhabitantes,é muitogrande.
Maso certoé queaantigaigrejinha,
edificadanoséculopas sadoporescravosvindos dasIlhasdosAçores,e que utilizaram
pedras
do costáo e óleo debaleia, terminou sendo destruída. Em seu
lugar háuma novaigreja, maioremais mo
derna,masque nadatem a ver comacultura local. "Aquela igreja fazia parte da vida do
povoado,
poisalinossosbisavóseavósforambatizadose secasaram"assegurou NíveoSan tos, idealizador de um projeto cultural que transformariaa antigaigrejanuma biblioteca
publica.
"OprojetoFranklinCascaes.como obatizamos, tinha por base proporcionar um
maior entrosamento da comunidade e, para
tal. aumentaríamosaescola,opostodesaúde, construiríamosumapraça deesportese a an
tiga igrejaseriautilizadacomobibliotecaear
quivodedocumentoshistóricos".Níveoe sua
mãe, que é diretora da escolalocal, resolveram
formarjuntoà
população
umConselho Comuni tário de ondesurgiuaidéia doprojeto
cultural. Enviando fotos, cantigas,rendasdebilro eoutrasformasdemanifestaçãodacultura local para diversas
fundações
como a Funarte, aFundaçãoPró-Memóriaea
Fundação
CatarinensedeCultura,oProjetoFlanklinCascaesia
recebendoelogioseapoio."Parainiciá-lo,re
solvemos começar com a reforma da antiga
igrejinha,
e com oDelegado
da UnesconoBrasil, obtivemosa quantiadeCr$4milhões de
cruzeiros,além de diversos instrumentosmu
sicais que serviriam para formarmos uma
banda local". Mas, de repente, tudo foi por
A nova, ainda nao
inaugurada
igrejaerapequena, chovia dentroenão garan
tia seguras condiçõesparaa
realização
dascerimõnias religiosas. "Eu acho que se chovia
dentroeramelhor que tivessemtrocadoas te
lhas. Ela começou aserconstruídaem 1884e
em dezembro último faria 100 anos" acres
centaRegina Capistranose opondoàopinião
deseupai,
Alípio
Capistrano,que éocolaborador dopadrena
celebração
do cultoreligioso.
"A igreja era velha epequena, tinha cupim,nãoabrigava toda a
população
enão proporcionava boas
condições
para acelebração
dasmissas, então, resolvemos derrubá-la antes
que completasse 100 anos, pois senão seria
transformada em patrimônio histórico" de
claraindiferente
Alípio
Capistrano.·"Nós COI"'.sultamosa
população,
esóapequenajuventudenãoquisademolição",ondesuaprópria
filhaéumexemplo.
Paraaconstruçãodanovaigreja,oConselho
Comunitáriodistribuiuentre osmoradoresal gunscarnês. através dos quaiselescontribui
ram com o equivalente a 1% desuasrendas mensais. "Recebemos também verba da Ale
manha.maisou menos7milhões decruzeiros,
edo governo doEstadoaquantiade3milhões de cruzeiros". Mas não faltam acusações de
desvio das verbas para benefícios pessoais.
"Construíram.urnanova igreja somentepara
estorquirgrama","oatual
presidente
do Con selhoComunitário tentou,com aconstruçãoda novaigreja,fazer o seu nomeparaconse
guirvotosparaserVereador"afirmamosmais
jovenserevoltados.
Por outro lado,há os que estão contentes'
comanovaigreja: "Quetradiçãoquenada,o
importanteéaigrejasermaioremaisbonita";
"Anovaigrejaterádoiscrucifixos de doisme
trosedois altares la terais-eagora,noinício de
abril, será
inaugurada.
Estamos contandocoma presença do ilustre Governador
Esperidião
Arnin". Eemmeioatantasdeclaraçõesotimis
tas tevegentequechorou:"Quandoviaigreja
resistindoaosduros
golpes
damáquinademolidora, meus olhos encheram-se delágrimas;
mas
depois
de tantosgolpes
aspedras
foramcedendo,ecomeçaramacair,ejuntocomelas
os meussonhose
esforço"
desabafa arrasadoedesesperançoso Níveo Santos. "Destruiram mejunto comacentenária
igrejinha".
A
antiga,
construidaem1884,
demolidacem anos
depois
águaabaixo. Uma discussãoentredoisprofes
soreseadiretoriada escolapropiciouausurpa
çãodaPresidência doConselho Comunitário por oportunistas com interesses
políticos.
"Roubaram-nosaidéia do Conselho Comuni
tário,sua
presidência,
ealteraramseuestatuto queprevia umpresidente
nativo eque resi disse nolocal,o que não éo caso do senhor Oswani Silva, Na minha opinião essenovo
Conselho
já
éfraudulento desdeoinício" desabafaNíveoSantos,que viuseuprojetocultu ral desabarjunto àantiga
igrejinha.
"OConselhoComunitário,soba
presidência
do OswaniSilva,alegouque iriaapenas refor
maraigreja,masderepente,numdomingo,
fizeram-na ruir" acrescenta Amarildo Mon teiro. Segundo