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Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

Anais

ISSN online:2326-9435 XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação

II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação

AS RECOMENDAÇÕES DO BANCO MUNDIAL PARA AS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

JANUARIO, Erika Ramos erikinha_ramos_@hotmail.com SILVA, Renata Valério rehvalerio@gmail.com MOREIRA, Jani Alves da Silva jasmoreira@uem.br Universidade Estadual de Maringá – UEM Políticas educacionais e gestão escolar

INTRODUÇÃO

A pesquisa em questão apresenta uma análise sobre a influência que o Banco Mundial (BM) exerce na educação brasileira, especificamente, no âmbito das políticas de formação de professores. O objetivo principal deste artigo é elucidar as recomendações abordadas no documento “Prioridades y Estrategias para La Educacion” (1995)i, o qual traz em sua essência a preocupação com o acesso, a qualidade e a equidade da educação, visando à educação básica como o princípio para o progresso estudantil. De acordo com o discurso produzido pelo BM, a educação básica, especificamente as séries iniciais, é uma etapa importante por ser o primeiro contato do aluno com a escrita e leitura, elementos primordiais para o ingresso do mesmo no mercado de trabalho. Destarte, a análise apresentada refere-se a uma primeira aproximação ao tema, já que as influências do Banco Mundial se acirraram após a década de 1990. Nesse sentido, enfatiza-se que o documento “Prioridades y Estrategias

para La Educacion” refere-se as orientações implementadas na década de 1990.

Os documentos produzidos pelo BM neste período foram utilizados como referências na produção dos documentos legais em diversos países, inclusive no Brasil. Nota-se uma forte influência destes documentos em leis, projetos, planos, entre outros. Há consonância no discurso produzido por um organismo internacional, com as leis brasileiras, que acabam por acatar discursos idealizados que se distanciam da realidade do país.

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O documento apresenta a importância da educação para ascensão social, impactando de forma ativa na economia, saúde e população dos países periféricos. Nesta perspectiva a orientação do mesmo é focalizada nas ações governamentais direcionadas a população carente, pois acredita que “[...] o rápido desenvolvimento econômico de sociedades inteiras não é possível sem um investimento suficiente na preparação e educação dos muitos pobres e das minorias” (BANCO MUNDIAL, 1995, p. XXXII, tradução nossa).

Diante de um novo cenário onde a erradicação da pobreza é a principal meta do BM, a educação torna-se elementar para alcançar tal objetivo, aparece como o principal suporte, principalmente a educação primáriaii, de acordo com Torres (1998), está fase é considerada essencial para o desenvolvimento sustentável e de longo prazo, para o aumento da economia e diminuição da pobreza nos países.

Nas recomendações do documento é importante também investir no professor da educação básica, sendo necessário que esse seja capacitado e qualificado, o qual “[...] consiste em contratar profissionais devidamente capacitados, cujos os conhecimentos sejam elevados” (BANCO MUNDIAL, 1995, p.91, tradução nossa). Neste sentido, para o documento os professores devem ser conscientes no seu processo de ensino, pois estes são responsáveis pela qualidade da educação e o desenvolvimento dos alunos, obtendo um papel decisivo no progresso da educação e no fracasso da mesma.

Ao considerar que as propostas apresentadas no documento exerceram influências na elaboração de políticas para formação de professores no Brasil, parte-se de uma análise que é essencial e nesse foco, as seguintes indagações se tornam pertinentes: Por que existe a preocupação do BM com a formação de professores? Quais recomendações e orientações são abordadas no documento intitulado de “Prioridades y Estrategias para La Educacion”, no que a tange formação de professores?

Para responder tais questionamentos, primeiramente, apresenta-se a influência do Banco Mundial na educação, visto que esse é um organismo que propõe orientações, investe financeiramente na formação de professores e propõe políticas educacionais aos países periféricos. Posteriormente, analisa-se o documento “Prioridades y Estrategias para La

Educacion” no que tange às políticas de formação de professores.

A INFLUÊNCIA DO BANCO MUNDIAL NA EDUCAÇÃO

Os organismos internacionais tiveram papel fundamental no processo de financiamento de políticas para formação de professores nos últimos anosiii. No entanto,

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compreender a ação das agências internacionais para este setor, é fundamental e elenca-se para o estudo, a influência do Banco Mundial (BM) no contexto político e econômico da educação dos países periféricos, principalmente no que concerne ao Brasil.

Em princípio, o Banco Mundial, que oficialmente é chamado de Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), criado em 1944, teve como objetivo, juntamente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), ser instrumento de política econômica dos países mais desenvolvidos para reconstrução dos países destruídos pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O ponto fulcral do Banco Mundial, até metade dos anos 60, era em financiamentos que “privilegiavam os projetos de infra-estrutura física, comunicação, transporte e energia, como medidas de base para o crescimento econômico” (FONSECA, 2001, p. 169).

Com a entrada dos anos 80, os países em desenvolvimentos que recebiam empréstimos do BM, tiveram suas economias endividadas, devido à superprodução das suas mercadorias e o baixo fluxo de movimento dessas. Neste sentido, a dívida desses países, como do Brasil, aumentou e “[...] o país já não exportava tanto e as taxas de importações eram muito elevadas; tendo em vista essa crise de endividamento, o BM impôs programas de estabilização e ajuste na economia brasileira” (MOREIRA; SILVA, 2016, p. 41).

Para tanto, o BM se responsabiliza pelo pagamento dessas dívidas e em troca passa a intervir no controle das políticas e na reestruturação desses países, por meio da implantação de programas e projetos que visassem acentuar a pobreza. Suas recomendações principais foram “[...] uso produtivo dos recursos mais abundantes dos pobres - o trabalho - e o fornecimento de serviços básicos aos pobres, em especial saúde elementar, planejamento família, nutrição e educação primária” (ALTMANN, 2002, p.79). Desse modo, o BM passa a intervir na criação de políticas internas e atuar diretamente na legislação dos países mais pobres.

Destarte, a educação ganha destaque no processo de investimento dos recursos do Banco Mundial, pois com os pressupostos da Teoria do Capital Humanoiv (TCH) está passa a ser vista como a melhor forma de elevação social e diminuição da pobreza para os países periféricos.

Dito de outro modo,

[...] o setor da educação passou a fazer parte de uma agenda positiva preconizada pelo Banco Mundial, assumindo a tarefa de promover a inserção dos países periféricos à almejada economia globalizada. Este Banco prescreve a necessidade de investimento mínimo na educação básica

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universal, priorizando o ensino primário, de acordo com as potencialidades de cada país envolvido (SEGUNDO; GIMENEZ, 2015, p.49).

O Banco Mundial segundo Altmann (2002) propende dar ênfase para a educação primária, em que ela é tida como aliada na contenção demográfica, além de preparar principalmente as mulheres, para o planejamento familiar e a vida produtiva. Assim, para Oliveira (2000) a educação feminina no ensino primário, possibilita a redução das taxas de natalidade dos países em desenvolvimento, bem como inseri-las no mercado de trabalho.

Ainda sobre a educação primária, o ensino fundamental passa a se constituir como meta principal a ser alcançada por todas as crianças de 6 a 14 anos em que “[...] o Banco Mundial recomenda que a oferta da escolarização desse nível seja assumida pelo setor público, de preferência com apoio das parcerias com o setor privado e as ONGs” (SEGUNDO; JIMENEZ, 2015, p.51). Verifica-se a antinomia no discurso proferido pelo BM, pois mesmo acreditando que a educação seja pré requisito básico para a promoção dos países periféricos tende-se por descentralizar a responsabilidade do ensino, buscando iniciativas e cooperação da instituição privada dentre outros setores sociais.

Essa descentralização, segundo Altmann (2002) é uma das recomendações do BM para reforma educacional Em que deve ocorrer uma,

Descentralização e instituições escolares autônomas e responsáveis por seus resultados. Os governos devem manter centralizadas apenas quatro funções: (1) fixar padrões; (2) facilitar os insumos que influenciam o rendimento escolar; (3) adotar estratégias flexíveis para a aquisição e uso de tais insumos; (4) monitorar o desempenho escolar (ALTMANN, 2002, p. 80).

Nesta lógica, com a reforma educacional, o Estado desempenha o mínimo possível do seu papel na educação e abre as portas para que empresas privadas estabeleçam “parcerias” com as escolas e também sejam fatores decisivos nas tomadas de decisões relacionadas a educação.

O marco inicial desta reforma é a partir da conferência Mundial sobre Educação para Todosv (EPT), realizada em Jomtien, Tailândia, em 1990, convocada por agências internacionais como Nações Unidas para a Educação (UNESCO), Fundo das nações Unidas para a Infância (UNICEF), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Banco Mundial. Esta conferência contou com a presença de 155 países e 120 organizações não governamentais, e teve como meta principal impulsionar reformas socioeducacionais a serem implantadas nos países periféricos, inclusive no Brasil, influenciando o sistema educacional (FILHO, O.M. et al, 2016).

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Cria-se nesta conferência o documento intitulado de Declaração Mundial de Educação para Todos, que tem como intuito impulsionar os esforços para oferecer a educação básica igualitária para toda a população em seus diferentes níveis de ensino. Porém, conforme Pronko (2015, p.96) “[...] educação para todos não significava a universalização da educação básica de maneira igualitária”. Pois, logo no seu primeiro artigo, advoga-se que a “amplitude das necessidades básicas de aprendizagem e a maneira de satisfazê-las variam segundo cada país e cada cultura” (UNESCO, 1998, p. 1).

No Brasil a educação começa receber influências diretas do BM. São aprofundadas as políticas neoliberais no campo educacional, em que instituições privadas passam a definir e interferir nos moldes da escola. A educação conduz aos moldes empresarias e inicia-se a formação escolar de cidadãos para empregabilidade, ou seja, desenvolver nos alunos conhecimentos mínimos para que este possa ser “[...] inserido no mercado de trabalho e garantir seu emprego, isto é, para ser colocado ou recolocado no mercado” (HOLANDA; FRERES; GONÇALVES, 2009. P.130).

Gentili (1996) enfatiza que neste período, as instituições escolares são pensadas e avaliadas como se fossem empresas produtivas. Sob essa lógica, os alunos são formados para o trabalho, no entendimento que a escola proporcionará apenas o conhecimento básico e necessário para que esse possa competir no mercado de trabalho.

Nesta lógica,

A preocupação com o papel das escolas, com o conteúdo por elas transmitido ganha centralidade, na medida em que há um interesse de que a educação possa responder às exigências do mercado. Nesse contexto, o trabalho do professor é destacado e a formação desse profissional passa a ser motivo de preocupação de organismos internacionais que veem nesse sujeito um elemento chave na cadeia da produção do conhecimento necessário ao desenvolvimento dadita sociedade (MAUÉS, 2008, p.12)

Ransolin (2010) destaca que a ação de combinar economia e ensino modifica a visão da sociedade sobre a escola, altera seu objetivo e sua função. “A escola passa a ser administrada como se fosse uma empresa [...]” (RANSOLIN, 2010, p.4). Desse modo, evidencia-se que a escola perde sua essência de formar cidadãos e transmitir o conhecimento cientifico e mais elaborado da humanidade, e passa a formar sujeitos para a produção no mercado de trabalho.

A escola adota as nomenclaturas aderidas dentro das empresas, como eficiência, competência, habilidades e competitividades. Voltadas para a formação do capital humano,

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inicia-se um processo de reformas dentro da escola não focadas na melhoria da educação, mas na melhoria do mercado de trabalho e de elevar o setor econômico (PANSARDI, 2009).

O documento Prioridades y Estrategias para la Educacion (1995) afirma que, para ocorrer uma reforma educacional, é necessário iniciar pela gestão, para isso é preciso gerenciar os recursos recebidos de modo que todos os campos da educação sejam contemplados (BANCO MUNDIAL, 1995). De acordo com o Banco Mundial, o gerenciamento desses recursos encontra como obstáculo os governos estaduais e federais, por distribuírem os recursos e os investi-los de maneira não unânime.

Outro ponto abordado é sobre a centralização, ou seja, os governos dedicam-se ora para solucionar os problemas de um campo da educação (como salário dos professores), ora para solucionar os problemas encontrados nas reformas educacionais, portanto não existe totalidade nas medidas. Ainda, evidencia a emergência da reforma educativa, na solução dos problemas que impedem o desenvolvimento da educação como acesso, qualidade, equidade, aceleração das reformas e ainda enfatiza a importância da distribuição equitativa dos recursos destinados à educação. As orientações não trazem como foco principal o professor; porém, devido à impossibilidade de separar esse profissional do processo educativo, as questões abordadas atingem, ora de maneira direta ora de maneira indireta, os docentes (MOREIRA; SILVA, 2016).

Compreendo a importância do papel do professor, o Banco Mundial passa a propor políticas de formação, principalmente sendo essas formações continuadas, que visassem a capacitação e qualificação dos mesmos. Sob está ótica, o documento “Prioridades y

Estrategias para la Educacion” obtém o intuito de orientar os países em como inserir e

alocar investimentos para educação, não obtendo como ponto fulcral a formação do professor, mas enfatizando a importância de investimentos nesse profissional para que se tenha uma educação básica de qualidade.

A POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO DOCUMENTO “PRIORIDADES

Y ESTRATEGIAS PARA LAEDUCACION (1995)

Sabendo que os documentos criados pelo BM tem como objetivo nortear os países que fazem empréstimo dessa agência, principalmente os países periféricos, este tópico visa analisar o documento intitulado de “Prioridades y Estrategias para laEducacion (1995)”, que já em sua introdução elucida que as políticas educacionais referida pelo BM tem por objetivo

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“[...] reduzir a pobreza e melhorar os padrões de vida através do desenvolvimento sustentável e de investimento em seres humanos” (BANCO MUNDIAL, 1995, p. XIII, tradução nossa).

Neste viés, o documento abarca a importância da educação para eliminar o analfabetismo e segue a linha da compreensão de que esta é fundamental para ascensão social. Seguindo o ideário da Teoria do Capital Humano, o documento da ênfase no investimento dos seres humanos por intermédio da educação, pois “[...] contribui para o crescimento econômico, redução da pobreza e para um bom governo, que são fatores essenciais para implementar políticas econômicas e sociais sólidas” (BANCO MUNDIAL, 1995, p. XI, tradução nossa).

O documento apresenta que a preocupação basilar é com as séries inicias, sendo está o primeiro contato da criança no processo de alfabetização e aquisição de conhecimentos. Assim, o professor se torna um dos principais protagonistas no processo educativo, sendo o mediador dessa transmissão de conhecimentos científicos e mais elaborados socialmente. Porém, deve-se enfatizar que o intuito de se investir na educação e na formação dos professores não era de formar um aluno ativo e pensante, mas de formar um cidadão apto a responder as necessidades da sociedade vigente, ou seja, capitalista.

Nesta lógica de formar o aluno para o mercado de trabalho, o BM acredita na necessidade de ter professores capacitados e qualificados para atuarem em sala de aula, pois “[...] professores com maiores conhecimentos mais profundo de determinando assunto e com maior competência linguística verbal e escrita tem os alunos com maiores rendimentos” (BANCO MUNDIAL, 1995, p. 91 tradução nossa).

Segundo o BM, só é possível obter resultados positivos quando se investe na educação como um todo. Para obter esses resultados então é preciso três condições, quais sejam: “[...] compartilhavam aspirações quanto aos objetivos de aprendizagem da escola, profissionalismo por parte dos professores e autonomia da escola na alocação flexível de recursos educacionais” (BANCO MUNDIAL, 1995, p. 9 tradução nossa).

Porém, na perspectiva do documento analisado pode-se compreender que a visão do BM é de fornecer ao professor uma formação em doses homeopáticas, ou seja, descarta a importância do ensino superior de qualidade e retoma a ideia de que apenas um curso técnico, ou mesmo uma licenciatura de forma rápida e muitas vezes frágil podem formar e qualificar os docentes. Assim, esta formação tênue será suprida por meio de cursos de capacitação de professores, oferecido pelo governo ou instituições privadas, no período que este estiver atuando em sala de aula. Mesmo com essa visão, o BM coloca o professor como chave para a

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melhoria da qualidade da educação escolar, o responsabilizando pelo fracasso e sucesso dos estudantes.

Elucida-se que deve aumentar o total de alunos por professores, implicando em melhoria para a educação, pois

As escolas de países de baixa renda poderiam economizar custos e melhorar a aprendizagem aumentando o coeficiente professores alunos. Utilizariam assim menos professores e poderiam ceder recursos para outros insumos que melhoram o rendimento” (BANCO MUNDIAL, 1995, p.85, tradução nossa).

Pode-se compreender que a alocução do banco é a partir da valorização de outros instrumentos para o rendimento do aluno ao invés da qualidade do ensino, deixando de levar em conta que o excesso de alunos em sala de aula, dificulta o processo de ensino- aprendizagem entre o docente e o discente.

Além do aumento do número de alunos, o documento apresenta que o professor deve ter autonomia, porém precisará seguir as diretrizes que norteiam a educação do país. E assim “[...] juntamente com o aumento de medidas financeiras para incentivar a autonomia e a responsabilidade da escola e das seguintes instituições incluem o uso de impostos locais” (BANCO MUNDIAL, 1995, p. 34, tradução nossa).

A preocupação com as políticas de formação docente tem como objetivo melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem. Se, em épocas passadas, a preocupação com a educação centrava-se no desenvolvimento de políticas de acesso, ou seja, no aumento do número de pessoas escolarizadas, nos anos finais da década de 1990 e nos anos iniciais do século XXI, essa apreensão deixou de ser prioritária: a questão primordial passou a ser a qualidade da educação ofertada e a formação de professores. A partir do momento em que a qualidade passou a ser o principal objetivo da educação, os professores tornaram-se elementos fundamentais nesse processo, pois, embora não sejam os únicos responsáveis pela garantia de qualidade do processo de ensino aprendizagem, possuem um papel essencial.

Neste sentido, acredita-se que é imprescindível entender que a formação do professor é essencial, é um direito social de o professor ter uma boa formação. O professor precisa manter-se sempre atualizado para realizar seu árduo trabalho de ensinar, pois, para passar conhecimento é preciso adquiri-lo, para isso a importância ao incentivo à formação continuada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas análises em destaque, pode-se notar a coerência das políticas de formação de professores, especificamente no Brasil com as recomendações do Banco Mundial. Assim, sendo um órgão financiador, ele concede os empréstimos para os países periféricos e em troca norteia as políticas que julgam necessárias.

Após os anos 90, no Brasil, seguindo os modelos das políticas neoliberais, o governo elucida a importância da formação continuada para professores com a criação de programas e projetos que seguiam as recomendações do BM. Neste contexto, uma das principais recomendações presentes no documento “Prioridades y Estrategias para la Educacion”, é sobre a importância da capacitação de professores em curto período e de forma fragmentada. Capacitação essa que ocorrerá quando o trabalhador estiver em local de trabalho, por meio de projetos e programas governamentais ou por formações após a graduação em instituições privadas.

Com este discurso, torna-se contínuo a necessidade do governo de criar políticas paliativas, projetos e programas de formação continuada que visa suprir a carência da formação inicial dos professores. Seguindo as orientações do documento supracitado, o Estado se afasta das funções de formação de docentes, e cede espaço para iniciativa privada, que visa na formação destes e o direcionam para o mercado de trabalho.

Observa-se uma centralidade nas políticas de formação de professores que conduz à construção de políticas educacionais que promovam a denominada educação de qualidade. Atribui-se a aos professores a responsabilidade pela melhoria da qualidade da educação. Além disso, percebem-se, no documento do BM, discursos idealizados e repetitivos que são acatados nas legislações educacionais por meio do consenso instituído na relação de cooperação e intervenção que o Brasil estabelece junto ao BM.

Sendo assim, ao encerrar as análises que esta pesquisa apresenta, retoma-se as indagações na introdução deste estudo: Por que existe a preocupação do BM com a formação de professores? E quais recomendações e orientações estão no seu primeiro documento denominado de “Prioridades y Estrategias para La Educacion”, no que a tange formação de professores?

Dentro da lógica do sistema capitalista, devemos enfatizar que a preocupação do BM, é em formar professores que transmitam os conhecimentos básicos e mínimos aos alunos para o mercado de trabalho, ao invés de ensinar uma educação que vise emancipá-los, e ensiná-los conhecimentos que possam fazê-los refletir sobre a forma de sociedade vigente.

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Responsabilizar apenas um grupo de profissionais pela qualidade de um país é ignorar a composição escolar, pois a educação não é feita apenas por professores, mas sim por uma equipe. Outrossim, é desconsiderar a história e as relações sociais de produção no contexto capitalista que produz as desigualdades sociais. A efetivação de uma política de formação de professores, condizente com a realidade social, inicia-se pelo governo federal, que deve disponibilizar recursos às escolas para que haja uma melhoria na estrutura física, materiais didáticos para alunos e professores. É preciso que os alunos cheguem até a escola e encontrem um ambiente propicio para seu desenvolvimento integral. Dessa forma é necessário ter uma análise critica sobre as políticas de formação de professores.

Assim, compreende-se que as recomendações e orientações pautadas no documento são salvo de um conjunto de interesses que visa a predominância de uma classe elitista, no qual a escola passa a representar um instrumento ideológico de dominação dessa classe, que tende por objetivo fragmentar o conhecimento científico e educar o sujeito para inserir no mundo do trabalho.

Diante disso, acreditamos que a formação tanto inicial como continuada dos professores deve contribuir para o rompimento da visão unilateral e pragmática da realidade, sendo, portanto uma formação humana e profissional que vise o enriquecimento intelectual, pessoal e político social do professor, para que esse possa contribuir consequentemente na formação de seus alunos.

i

Traduzido para língua portugueses se refere a “Prioridades e Estratégias para a Educação”.

ii

O documento do BM utiliza a expressão “educação primária” para se referir ao ensino fundamental, anos iniciais.

iii

Entre os principais Organismos e Organizações pode-se destacar: Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização das Nações Unidas para educação, ciência e cultura (UNESCO), e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Economico (OCDE).

iv

“Os pressupostos da Teoria do Capital Humano, à qual está filiado Milton Friedman, teve origem na Escola de Chicago, nos anos 70 do século XX. Bastante criticadas nos anos 1980, mas resgatadas nos anos 1990, as teorias de Milton Friedman ganharam destaque por condenarem a intervenção do Estado na economia e atribuírem às forças de mercado a capacidade de resolver os desequilíbrios econômicos” (SEGUNDO; JIMENEZ, 2015 p.48). Vale ressaltar, que segundo Freres, Gomes e Barbosa (2015) a TCH, tem como pressuposto principal a ideia de que ao aumentar a instrução para a classe trabalhadora, aumenta em igual proporção a capacidade de produção, ou seja, ao desenvolver o capital humano , por meio do acesso a educação, se aumentará a capacidade produtiva e os conhecimentos básicos necessário para a produção.

v

Para saber mais sobre as reformas do Movimento de Educação Para Todos, ver artigo de Mendes Segundo (2007).

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REFERÊNCIAS

ALTMANN, Helena. Influências do Banco Mundial no projeto educacional brasileiro. Educ. Pesqui., ene./jun. 2002, vol.28, no.1, p.77-89.

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MAUÉS, Olgaíses. A política de educação superior para a formação e o trabalho docente: a nova regulação educacional. GT-11: Política da Educação

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