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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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Academic year: 2021

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Registro: 2016.0000247460

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 3007336-92.2013.8.26.0084, da Comarca de Campinas, em que é apelante MARCELE FERREIRA DA ROCHA PEREIRA (ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA), é apelado BANCO PECUNIA S/A.

ACORDAM, em 25ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores HUGO CREPALDI (Presidente) e MARCONDES D'ANGELO.

São Paulo, 13 de abril de 2016

AZUMA NISHI RELATOR Assinatura Eletrônica

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APELAÇÃO Nº 3007336-92.2013.8.26.0084

COMARCA: CAMPINAS 4ª VARA CÍVEL MAGISTRADA: JOSÉ EVANDRO MELLO COSTA

APELANTE: MARCELE FERREIRA DA ROCHA PEREIRA (JG) APELADA: BANCO PECÚNIA S/A

Voto nº 1.797

APELAÇÃO AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO Preliminar de irregularidade na representação processual afastada. Mérito. Notificação extrajudicial foi praticada em local não abrangido pela delegação do respectivo Tabelião. Irrelevância. Mora configurada Purgação que não prescinde do pagamento do valor total do contrato. Matéria pacificada no C. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA em julgamento realizado na sistemática de recursos repetitivos (artigo 543-C do Código de Processo Civil). Discussão sobre encargos contratuais. Questão que desborda dos limites cognitivos desta ação e deve ser objeto de ação própria Precedentes - RECURSO DESPROVIDO.

Vistos.

Cuida-se de recurso de apelação interposto contra a r. sentença a fls. 74/77 que julgou procedente AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO ajuizada por BANCO PECÚNIA S/A contra MARCELE FERREIRA DA

ROCHA PEREIRA.

Irresignado, postula a ré a reforma, consoante razões a fls. 81/92. Aduz, preliminarmente, irregularidade na representação processual da autora, em razão da juntada de cópias simples da procuração e substabelecimentos outorgados. No mérito, alega a irregularidade na constituição em mora, vez que a notificação extrajudicial foi praticada fora dos limites do município em que situada a serventia judicial e também porque noticiou o valor em mora e também as parcelas vincendas. Ainda segundo a ré, os juros praticados estão acima da taxa média de mercado, prática abusiva e que deve ser afastada judicialmente.

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Recebido o recurso em seus regulares efeitos (fl. 93), não foram apresentadas contrarrazões.

É o relatório do necessário.

1.O recurso não comporta provimento.

2.Em relação à preliminar arguida, anote-se que a suposta irregularidade na representação processual não se verifica, vez que a inicial veio acompanhada de procuração e substabelecimento regularmente outorgados (fls. 5 e 5), não se exigindo outras formalidades como cópias autenticadas. Além disso, ainda que existente a irregularidade processual, tal não conduziria à extinção ou anulação de qualquer ato, em razão da ausência de prejuízo ao contraditório e ao direito de defesa do réu.

3. No mais, o fato de a notificação ter sido expedida por serventia extrajudicial situada em comarca diversa daquela em que reside o autor não acarreta qualquer irregularidade nem torna ineficaz a constituição em mora. O Superior Tribunal de Justiça já sedimentou o entendimento segundo o qual é válida a notificação implementada por Cartório extrajudicial de Comarca diferente da do domicílio do réu. A propósito, confira a expressa ementa de julgado submetido à sistemática dos recursos repetitivos:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E

APREENSÃO. CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE AUTOMÓVEL COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. NOTIFICAÇÃO

EXTRAJUDICIAL REALIZADA POR CARTÓRIO DE TÍTULOS E

DOCUMENTOS SITUADO EM COMARCA DIVERSA DA DO

DOMICÍLIO DO DEVEDOR. VALIDADE. 1. A notificação extrajudicial realizada e entregue no endereço do devedor, por via postal e com aviso de recebimento, é válida quando realizada por Cartório de Títulos e Documentos de outra Comarca, mesmo que não seja aquele do domicílio do devedor. (grifei) Precedentes. 2.

Julgamento afetado à Segunda Seção com base no

procedimento estabelecido pela Lei nº 11.672/2008 (Lei dos Recursos Repetitivos) e pela Resolução STJ nº 8/2008. 3. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.

4.No mais, o §3º do art. 2º do DL 911/69, faculta expressamente ao credor fiduciário considerar vencida a integralidade da dívida

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pendente. Assim, tampouco há falar que o valor estampado na notificação (parcelas vencidas e vincendas) impediu a purgação da mora. O contrato em questão é posterior à alteração do artigo 3º do Decreto-lei n.º 911/69, determinada pela Lei n.º 10.931/2004 (cf. fls. 6).

A redação do dispositivo, após a modificação conferida pela referida lei, ficou da seguinte forma:

“Art. 3o O proprietário fiduciário ou credor poderá,

desde que comprovada a mora, na forma estabelecida pelo § 2o do art. 2o, ou o

inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente, podendo ser apreciada em plantão judiciário.

§ 1o Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, consolidar-se-ão a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário, cabendo às repartições competentes, quando for o caso, expedir novo certificado de registro de propriedade em nome do credor, ou de terceiro por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária.

§ 2o No prazo do § 1o, o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade da dívida pendente, segundo os valores apresentados pelo

credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído livre do ônus. (grifo não original).

Nesse contexto, o devedor só evita a perda do bem caso, no prazo de cinco dias contados da execução da liminar, depositar o valor integral da dívida.

A matéria foi objeto de apreciação em sede recurso repetitivo julgado pelo C. Superior Tribunal de Justiça, oportunidade em que ficou assentada a tese no sentido de que a mora só é purgada na fase

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judicial caso o devedor deposite o valor integral da dívida. Confira-se a expressiva ementa:

“ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. DECRETO-LEI N. 911/1969. ALTERAÇÃO INTRODUZIDA PELA LEI N. 10.931/2004. PURGAÇÃO DA MORA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE PAGAMENTO DA INTEGRALIDADE DA DÍVIDA NO PRAZO DE 5 DIAS APÓS A EXECUÇÃO DA LIMINAR.

1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: "Nos contratos firmados na vigência da Lei n. 10.931/2004, compete ao devedor, no prazo de 5 (cinco) dias após a execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar a integralidade da dívida - entendida esta como os valores apresentados e comprovados pelo credor na inicial -, sob pena de consolidação da propriedade do bem móvel objeto de alienação fiduciária".

2. Recurso especial provido.”1

Neste E. Tribunal de Justiça o entendimento não é outro. Confira-se:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. Alienação fiduciária. Purgação da mora. Pagamento das prestações vencidas, acrescidas de encargos contratuais Impossibilidade. Não obstante a interpretação anteriormente adotada por esta Câmara, o Colendo Superior Tribunal de Justiça decidiu, em recurso representativo de controvérsia, que o texto atual do artigo 3º, §§ 1º e 2º, do Decreto-Lei 911/69 refere-se à necessidade de quitação de todo o débito, inclusive das prestações vincendas, vez que a Lei não faculta mais ao devedor a purgação da mora. REsp nº 1.418.593/MS. Orientação que, embora não vinculante, deve ser adotada em atenção à necessária interpretação sistemática do Direito e ao princípio da economia processual. Decisão interlocutória que deve ser reformada Recurso

1REsp n.º 1.418.593/MS, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, j. 14 de maio de 2014.

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provido.”2

5.Por fim, as matérias arguidas em defesa demandam dilação probatória que se mostra incompatível com a ação de busca e apreensão, cujo escopo está restrito à retomada do bem alienado e consolidação da propriedade fiduciária em favor do credor, salvo se houver a purga da mora. Em realidade, a defesa do devedor, no bojo da ação reipersecutória, deve estar diretamente relacionada com a ausência de mora e vir demonstrada cabalmente desde logo com documentos idôneos. Isso não implica dizer, por outro lado, que a alegação de abusividade consistente na prática de juros remuneratórios acima da taxa média de mercado não possa ser submetida à apreciação do Judiciário. Ao contrário, tal questão é suscetível de discussão em juízo, mas em ação própria, com ampla dilação probatória e contraditório pleno.

“(...) a ação de busca e apreensão visa exclusivamente a recuperação da posse do bem objeto da garantia fiduciária, daí o cunho reipersecutório da ação, que não se presta ao debate de cláusulas do contrato ou de outros aspectos da relação contratual, que devem ser ventilados por meio da ação judicial adequada.”3

6.Ademais, é assente na jurisprudência desta Corte que o caráter dúplice da ação de busca e apreensão está limitado ao âmbito possessório, de modo que o pleito revisional deve ser objeto de ação própria. A propósito, confiram-se os seguintes precedentes:

Busca e apreensão. Pretensão de reforma da sentença de procedência com base, em última instância, em busca de revisão do contrato. Descabimento. Necessidade de propositura de demanda própria. Admissão de débito. Ausência de demonstração de tentativa de composição. Apelação

2AI n.º 2073363-64.2015.8.26.0000, 25ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Hugo Crepaldi,

j. 07/05/15. No mesmo sentido: AI n.º 2183604-42.2014.8.26.0000, 27ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Mourão Neto, j. 28/10/14; AI n.º 2123237-18.2015.8.26.0000, 36ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Pedro Baccarat, j. 16/07/15; AI n.º 2125224-89.2015.8.26.0000, 31ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Carlos Nunes, j. 07/07/15.

332ª Câm. Dir. Priv., AP 0012602-81.2013.8.26.0482, rel. Des. RUY COPPOLA, j. 6/8/2015.

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desprovida.4

Alienação fiduciária. Busca e apreensão VW Fox, ano 05. Contrato vencido e veículo já apreendido (e leiloado). R. sentença de procedência, com apelo só do requerido. Purga da mora não efetivada. Inadimplência incontroversa. Incabível, observados os limites estreitos da ação de busca e apreensão, a revisão das cláusulas contratuais, ou mesmo de seus encargos, que deverá, se caso, ser objeto de discussão em demanda própria. Inteleção do art. 252 do Regimento Interno deste Tribunal. Mesmo com plena aplicação do CDC, nega-se provimento ao apelo do demandado.5

Admite-se o pedido de gratuidade a qualquer tempo, que se defere, nas circunstâncias. 2. Na reintegração de posse do bem objeto de compra e venda com reserva de domínio, procede-se à avaliação assim que se efetiva a liminar de busca e apreensão. Acolhida a reintegração de posse, desconta-se "do valor arbitrado", quer dizer, o da avaliação, "a importância da dívida", apurando-se o saldo e o devedor. 3. A natureza dúplice da ação restringe-se ao âmbito possessório. Pretensão de réu à revisão de cláusula contratual reclama reconvenção ou ação própria.6

7.Assim, ausente reconvenção e sendo limitado o espectro cognitivo da ação de busca e apreensão, o pleito declaratório formulado em contestação deve ser objeto de ação própria.

8.Sendo assim, de rigor a manutenção da r. sentença recorrida.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

AZUMA NISHI

Desembargador Relator

426ª Câmara de Direito Privado, AP 1001618-30.2014.8.26.0597, rel. Des. J. Paulo Camargo Magano, j. 03/03/2016.

527ª Câmara de Direito Privado, AP0000842-14.2010.8.26.0233, rel. Des. Campos Petroni, j.

26/1/2016.

628ª Câmara de Direito Privado, AP0028119-45.2012.8.26.0003, rel. Des.Celso Pimentel, j. 7/2/2014.

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