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GÊNERO, CORPO E ESPÍRITO NO HINO BATISMAL DE 1 COR 12,13*

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Joel Antônio Ferreira**

GÊNERO, CORPO E ESPÍRITO NO HINO BATISMAL DE 1 COR 12,13*

Resumo: antes de Paulo, as comunidades primitivas cantavam um hino batismal que o Apóstolo colocou no centro da Epístola aos Gálatas (Gl 3,26-28). Depois, o mesmo Paulo inseriu este hino na Epístola aos Coríntios (1Cor 12,13). Aqui, ele adaptou alguns temas e con-ceitos, como Espírito e corpo para responder às questões colocadas pelas comunidades de Corinto. Do hino batismal primitivo, ele deixou, de fora, o texto “não há mais masculino (homem) e feminino (mulher)”. Veremos, que não houve recuo do Apóstolo, porque ele já havia trabalhado esta temática antes (1 Cor 7).

Palavras-chave: Hino batismal. Gênero. Corpo. Espírito.

APRESENTANDO O HINO BATISMAL

1Cor 12,13 pertence a um grupo de perícopes provenientes de uma “fór-mula litúrgico-batismal” presente em quatro lugares na literatura paulina (TAMEZ, 1998, p. 1665-9). Esta fórmula, ao que parece, era conhecida pelas comunidades anteriores a Paulo Apóstolo (BYRNE, 1993, p. 25). Este, com um tino pastoral e teológico interessantes, colocou esta fórmula como um projeto comunitário. Paulo chegou a esta belíssima síntese, é o que está em Gl 3,26-28, absorvendo o projeto das liturgias batismais das Igrejas primitivas (MARTYN, 199, p. 374). Não somente “não há macho e fêmea” (28c), mas toda a perícope teria sido assimilada pelo apóstolo. Ele a teria conhecido e absorvido (STRÖHER, 2000, p. 36-44; SCHOTTROFF, 1995, p.

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10 e 98). Vários exegetas sustentam, fundamentados na crítica das formas, que Paulo aqui teria usado uma fórmula já conhecida na Igreja primitiva (COTHENET, 1985, p. 65; BOYARIN, 1994, p. 5; WITHERINGTON III, 1981, p. 593-604; WITHERINGTON III, 1988, p. 270; MEEKS, 1974, p. 182; FIORENZA, 1992, p. 241-2) e, por isso, Gl 3,26-28 é classificado como “uma confissão batismal

citada por Paulo” (MEEKS, 1974, p. 165-182). Para Byrne (1993 p.

28), o apóstolo parece estar citando um hino batismal ou fragmento de credo muito conhecido pelas primeiras comunidades. Na passagem de Gálatas, segundo ele, provavelmente temos a declaração na forma original, com as demais ocorrências representando desdobramentos e alusões. Trabalharemos dois temas presentes em 1Cor 12,13, ou seja, “corpo” e “espírito” e um ausente, isto é, a questão de “gênero”.

Vejamos a sinopse:

Gl 3,26-28 1 Cor 12,13 Rm 10,12 Col 3,11

Vós todos sois filhos de Deus De sorte que não há pela fé em Cristo Jesus distinção

Pois todos vós fostes

batizados pois fomos todos batizados em Cristo num só Espírito

para ser um só corpo vos vestistes de Cristo

Não há Aí não há mais judeu nem grego judeus e gregos entre judeu e grego grego e judeu circunciso e incircunciso bárbaro, cita não há escravo nem livre escravos e livres escravo, livre não há homem e mulher

Pois todos vós sois e todos bebemos de Pois ele é mas um só em Cristo Jesus um só espírito o Senhor de todos... Cristo é tudo em todos

A

Epístola aos Gálatas, há um consenso, é anterior a Coríntios, Ro-manos e Colossenses (FERREIRA, 2005, p. 90). Vendo as quatro referências acima, o que nos chama a atenção é o surgimento do par de opostos homem-mulher apenas no texto de Gálatas. Por que será que somente esta epístola colocou “não há macho (homem) e fêmea (mulher)”, sendo que “não há judeu e grego” aparece em todas as quatro e “escravo e livre” aparece em três?

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Vendo pela estrutura literária, fica evidente que “não há judeu e nem grego” foi assimilado pelos cristianismos originários, mais tranquilamente. Parece que este slogan surgiu no ambiente helenístico-judaico--cristão, sendo que todos conseguiram manter esta coerência de ruptura com a discriminação racial, com implicações religiosas e culturais. O slogan “não há escravo nem livre” aparece em três epístolas, ficando fora apenas de Romanos. Paulo, ao não colocar a questão da escravatura social, possivelmente, estaria evitando algum possível constrangimento para seus leitores de Roma, ou mesmo, estaria querendo manter livres as estradas que conduziam a Roma, local onde ele queria ir evangelizar? O fato é que nas epístolas para as comunidades longínquas de Roma (Galácia, Corinto e Colossos), o slogan “não há escravos nem livres” aparece com evidência. A consolidação desta ideia de liberdade também social, parece, es-tava se firmando nas comunidades primitivas. É sintomático, que até para Colossos, com mentalidade patriarcalista e com receio da transformação social (Col 3,22-25), os discípulos de Paulo, após sua morte, redigiram a missiva, mantendo esta afirmativa.

A Epístola aos Gálatas é a única que manteve “não há macho (homem) e fêmea (mulher). Foi enviada antes das outras. Quem, dentro deste contexto, forçou a presença deste slogan no texto de Gálatas? Vemos três possibilidades plausíveis:

A primeira seria o local onde estava Paulo (Éfeso ou Corinto). Os cristãos entusiasmados com a nova religião cantavam o fim das assimetrias. Provavelmente, o tema do “patriarcalismo” era bem discutido. Líderes cristãs, percebendo que questões como “não há judeu e grego” e “não há escravo e livre” eram pontuadas, discutiram e impuseram, também, o “não há macho (homem) e fêmea (mulher)”.

A outra probabilidade pode ter sido a experiência de Paulo na Galácia (Gl 4,12-20) que, ao que parece, foi belíssima. Após aquela experiência marcante de Paulo com os gálatas, vieram alguns opositores do Apóstolo anunciando uma pastoral da lei da circuncisão. Os gálatas, confusos, escreveram a Paulo pedindo orientações. Isso teria criado, no ambiente feminino, um mal estar significativo. As mulheres não se circuncidam. Se elas já se sentiam iguais aos homens, com este anúncio, voltariam, de novo, para o ambiente androcêntrico. Paulo, que usara um exemplo feminino (Gl 4,19), escreve, claramente, que, a partir de Cristo, “não há macho e fêmea”. As mulheres que voltariam a ser segregadas, recebem a solidariedade de Paulo.

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A terceira possibilidade é que o slogan “não há macho e fêmea”, que está integral em Gl 3,26-28, tenha surgido em comunidades pré-Paulo ou contemporâneas dele, em outros cristianismos originários. Era um hino cantado nas celebrações batismais, provavelmente, com grande entusiasmo das comunidades que sonhavam com o fim das assime-trias culturais, sociais e de gênero. A presença feminina, certamente, animando os grupos litúrgico-bíblicos domésticos ia recitando “não há macho e fêmea”, até se tornar uma oração de inserção.

As três possibilidades podem ser corretas, como as três podem estar inter--relacionadas. Se o apóstolo recorreu a esta fórmula conhecida na Igreja primitiva, inserindo-a no contexto do advento da fé que cla-rifica os conflitos, é porque, na sua visão de liberdade e igualdade, esta só pode ser vivida numa comunidade que busca a igualdade em todos os níveis.

O HINO BATISMAL EM PRIMEIRA CORÍNTIOS (1CO 12,13)

1. Pois em um só Espírito nós todos fomos batizados para ser um só corpo, 2. Judeus e gregos,

3. Escravos e livres;

4. E todos bebemos de um só Espírito.

Comparando com o provável texto original (Gl 3,26-28), percebemos que o Apóstolo manteve os seguintes temas: “batismo”, a universalidade com o conceito “todos” (duas vezes), a unidade com o conceito “um só” (três vezes), as expressões “judeus e gregos” e “escravos e livres”. Acrescentou dois temas para se adaptar à situação vital de Corinto: “corpo” e “Espírito”. Reparemos na estrutura literária de 1 Cor 12,13:

Pois todos nós fomos batizados

num só Espírito para ser um só corpo

judeus e gregos escravos e livres e todos nós bebemos

de um só Espírito

Ambos os textos são escritos numa referência à liturgia batismal. Em Gálatas fala que “vós fostes batizados em Cristo, vos vestistes de

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Cristo” (Gl 3,27). Aqui se diz que “fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo”.

De imediato, percebemos que, embora a epístola aos gálatas aborde, a todo o momento, a pessoa do Espírito Santo, na fórmula de Gl 3,26-28 este vocabulário não aparece. Lá, são as palavras “Cristo” e “Cristo Jesus” que surgem por quatro vezes.

No contexto da discussão de Paulo sobre a lei e a fé, em Gálatas, dever-se- ia usar Cristo. A concentração de referências a “Cristo” quer mostrar que, pelo batismo, adquire-se uma nova identidade sem distinções étnicas, sociais e sexuais.

Já em 1 Cor 12,13 também é natural que Paulo use o vocabulário “Es-pírito” porque os capítulos 12-14 tratam da teologia do Espírito Santo. Aí se reflete o bom uso dos seus dons (carismas) para unir as novas comunidades dentro da diversidade. Os dons do Espírito são concedidos para o bem da comunidade. As linhas 1 e 4 são paralelas e a expressão “em um só Espírito” deve ser uma adição interpretativa de Paulo dentro do contexto de Corinto. A fórmula original, provavelmente, tinha a palavra “Cristo”.

As linhas 2 e 3 daqui são paralelas a Gl 3,28ab, embora aqui esteja na 1ª pessoa e lá na 2ª pessoa do plural.

Outro vocábulo que salta aos nossos olhos, de imediato, vendo o paralelo é a presença em Gálatas de “não há homem e mulher” e a sua ausência em 1 Coríntios. Por que Paulo não a usa aqui em 1 Cor 12,13? Era tão delicada assim a questão na comunidade de Corinto? Podia Paulo interferir num texto já existente, manipulando-o conforme os seus interesses ou por motivos pastorais? Ou o apóstolo o evitou porque já havia tratado da questão de gênero em 1 Cor 7? A situação era a seguinte: alguns cristãos e cristãs escreveram a Paulo, pedindo orientações sobre questões a respeito do matrimônio e também sobre o celibato-virgindade. O autor transpõe Gl 3,28c, “não há homem e mulher”, em conselhos práticos de como se deve agir em relação à sexualidade (SCHOTTROFF, 1995, p. 103).

Ele examina vários problemas seguidos, todos relativos ao casamento e às relações sexuais : a conveniência das relações sexuais no casa-mento (7,1-6); se os atuais solteiros deveriam se casar (7,7-9); o divórcio em casamento entre cristãos (7,10-11) e entre não-cristãos (7,12-16); conselhos mais genéricos (7,17-24); orientações aos que pensam no casamento (7,25-38) e às viúvas (7,39-40). Conforme Byrne (1993, p. 41), na passagem de 7,17-24 temos a temática dos

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“chamados” e aí se contemplam os dois pares de Gl 3,28ab, “não há judeu e grego” e “não há escravos e livres”. Em 7,18-19 refere-se aos circuncisos ou incircuncisos. Se se substituem estes vocábulos pela designação racial equivalente, temos “judeu ou grego”. Em 7,21-23 alude aos escravos e livres. E se lembrarmos que o contexto global de 1 Cor 7 se refere às relações entre os sexos, então a tríade de Gl 3,28 fica realmente completa: homem-mulher (BYRNE, 1993, p. 41-42). Parece que havia duas tendências a este respeito em Corinto. Conforme Fabris e Gozzini, uma que era intransigente e rigorista, e mais ainda, machista, com relação à vida sexual, tendo o seguinte slogan: “é bom ao homem não tocar em mulher” (1 Cor 7,1). A outra, cuja posição era laxista, confundia a liberdade defendida por Paulo com prática sexual desordenada. Para estes, o autor diz: “para evitar a fornicação... (7,2a). O apóstolo lembra que a instituição matrimonial, independente do cristianismo, é salutar: “que cada homem tenha a sua mulher e cada mulher o seu marido” (7,2b). Os esposos têm o compromisso mútuo de viver as relações sexuais (7,3-4). Neste local, vemos a posição do autor defendendo a igual-dade e reciprociigual-dade dos direitos e deveres conjugais do homem e da mulher. O corpo é a oportunidade do encontro dos cônjuges cristãos (FABRIS; GOZZINI, 1986, p. 124-6).

Para ele, o matrimônio e a vida sexual são compatíveis com a vocação cristã. Dentro da convivência fiel, ele admite que possa haver mo-mentos de abstinência, para a dedicação à oração, por um período breve (7,5-6). Claro, na visão dele e respondendo às dúvidas da comunidade, que a renúncia ao matrimônio poderia ser boa, mas não dentro dos motivos defendidos pelos rigoristas de Corinto. Quem eram estes rigoristas ascetas de Corinto? Ao ver de Byrne, eles

se consideravam participantes da nova era, imaginando-se com a vida imortal dos anjos. Se viveriam indefinidamente, não havia nenhuma necessidade de nova procriação. Não se justificavam as relações sexuais. Então, nesta visão, procuravam impor um rígido ascetismo sexual à comunidade toda, proibindo as relações sexu-ais no casamento, excluindo a possibilidade de novos casamentos e, por vezes, romper os já realizados. Imaginemos a situação dos membros da comunidade, vivendo em Corinto, cidade aberta aos excessos sexuais! Deveria ser insuportável o ascetismo imposto por alguns membros e, lógico, a tentação seria procurar manter relações adúlteras (BYRNE, 1993, p. 44).

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Ser, conscientemente, solteiro, é um dom de Deus (7,7), mas não uma obrigação moral. Ele responde às dúvidas sobre as diversas cate-gorias (solteiros, viúvos e viúvas, esposos cristãos e os que vivem no casamento misto). Em 7,10-11 vai mostrando a estabilidade do vínculo matrimonial. A reciprocidade do compromisso de fidelidade reflete a igualdade fundamental entre homem e mulher. Há uma interessante reciprocidade de suas declarações sobre os direitos e responsabilidades do homem e da mulher (BYRNE, 1993, p. 45). Também nos casos de matrimônio misto: se a convivência for pacífica e feliz, não há motivo para a dissolução do matrimônio, porque com as relações conjugais, ambos estão na mesma esfera da consagração cristã, como também estão os filhos do matrimônio misto. Superam--se os tabus religioso e racial que proibiam aos judeus o casamento misto. Se houver tensões, Paulo orienta, no caso dos casamentos mistos, que não haja dificuldade de separação, se a iniciativa for do marido ou mulher pagã, porque o matrimônio deve levar à paz (7,15). Mais uma vez aqui, notamos a indiscutível igualdade de posição entre marido e esposa, nas várias situações previstas pelo apóstolo (FABRIS; GOZZINI, 1986, p. 127-9).

Com relação aos que estão noivando, o mesmo critério. Distante da posição dos rigoristas ascéticos de Corinto, está a liberdade de escolha pelo matrimônio ou pela virgindade. O que vale é a fidelidade a Deus (7,17-24). Em 7,29-31, vemos que a instituição do matrimônio, como qualquer outro estado de vida, ou qualquer outra estrutura e instituição temporal estão relativizados porque estamos no tempo da ressurreição. Neste trecho, vemos Paulo, claro, condicionado pela cultura e pelas relações sociais de sua época, escrevendo uma fórmula “machista”: “aqueles que têm esposa...”. O importante é compreender que casar-se não é um absoluto, mas um modo de vi-ver a própria liberdade de se amar no Senhor (FABRIS; GOZZINI, 1986, p. 130-1).

Respondendo à questão do celibato e a virgindade (7,32-35), o apóstolo, de novo, longe do pensamento dos ascetas rigoristas, mostra que o importante é a relação vital com o Senhor Ressuscitado. Em 7,36-38 há algumas dificuldades para se saber quem é a pessoa responsável pela virgem (noivo, outro homem, pai, irmão?). Porém, Paulo, no-vamente, rejeita a intransigência dos ascetas, reafirmando a plena legalidade do matrimônio para os cristãos, enquanto manifesta a sua preferência pessoal pela virgindade, para quem tem o dom e a

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real possibilidade de guardá-la (FABRIS; GOZZINI, 1986, p. 132). Quanto às viúvas (7,39-40), longe do pensamento dos ascetas de Corinto, são livres para se casar de novo, embora, ele pessoalmente, apresente sua preferência para não se casarem, à espera do Senhor. Paulo respeita a liberdade da mulher, sugerindo-lhe os critérios de avaliação numa perspectiva de fé cristã. Ainda uma vez, lembrando os condicionamentos históricos e culturais que, às vezes, deixam o solteiro Paulo transparecer alguma expressão machista, no fundo, entretanto, ele destaca sempre a novidade cristã, onde a igualdade e a reciprocidade dos direitos e dos deveres da mulher e do homem, com relação ao estado matrimonial, são vitais. Paulo, neste texto de 1 Cor 7, respondendo às indagações da comunidade, rejeita as posições intolerantes dos ascetas rigoristas como a visão laxista dos cristãos de Corinto. É na relação com o Ressuscitado que a liberdade cristã, isto é, a liberdade de amar, leva à realização humana seja no matrimônio, seja no celibato ou virgindade. A condição da mulher é de relação com o Senhor (bem como o homem), por isso, ela está no mesmo estatuto da dignidade pessoal como o homem. Ela não é mais subordinada, por isso, não precisa ter medo da escravidão, porque também ela tem direito de escolha (FABRIS; GOZZINI, 1986, p. 133-4).

Diante da visão de 1 Cor 7, parece, não havia mais necessidade de Paulo colocar a fórmula “não há macho (homem) e fêmea (mulher) de Gl 3,28c. Possivelmente, o autor não quis ser redundante, porque a problemática fora bastante desenvolvida. Dentro da sua influência cultural e da mentalidade do seu ambiente, o apóstolo, em 1 Cor 7, respeita a liberdade da mulher que deve fazer seu discernimento na perspectiva da fé cristã. Mulher e homem, neste texto, têm a mesma reciprocidade do compromisso de fidelidade porque, entre ambos, existe a igualdade fundamental.

O CORPO EM PRIMEIRA CORÍNTIOS

1 Cor 12,13b diz que “todos nós fomos batizados... para sermos um só corpo”. Ele, diante dos problemas da comunidade de Corinto, par-ticularmente, as divisões, inicia chamando a atenção para o aspecto comunitário. O corpo é a comunidade.

Na antropologia bíblica, o ser humano forma uma unidade. Tendo a vi-são antropológica semita diante dos olhos, podemos arriscar, com

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Baumert, uma síntese teológica: no nível “psíquico” o ser humano é suscetível ao pecado e incapaz para Deus. No nível “carnal” o ser humano se coloca diante de Deus: é o seu humano impotente, pecador e, por isso, mortal. No nível “espiritual” o ser humano é perpassado pelo Espírito de Deus. No nível “cordial”, o ser huma-no está diante de Deus em seu processo de conhecimento e ação, “consciência” e “meio” (BAUMERT, 1999, p. 238).

Em Paulo, parte-se do pessoal para o comunitário. Ele tem uma visão unitária da pessoa humana. Isto é corporeidade. Cada pessoa é vista numa grande unidade. Nesta unidade pessoal, cada ser humano se realiza numa unidade mais ampla que é a comunitária. Ele compre-ende isto como unidade em Cristo, ou unidade eclesiológica. Quais as implicações desta visão do apóstolo?

A unidade pessoal e comunitária em Cristo abre as fronteiras para que sejam superadas todas as divisões. Esta é a força dinamizadora da corporeidade. Por isso, Paulo trabalhou esta concepção, entendendo que a transformação se dá no nível da comunidade como corpo de Cristo. É uma perspectiva utópica que precisa ser buscada, inces-santemente.

OS DEGRAUS DE 1 CORÍNTIOS EM TORNO DO CORPO

Estão nas Epístolas aos Coríntios as reflexões fundamentais do Apóstolo sobre a “corporeidade” seja na perspectiva teológica quanto na antropológica. Nas cartas aos coríntios o termo “sôma” aparece 56 vezes. É de se supor que, em Corinto, a problemática era séria. Particularmente, com os defensores de partidos, com os glossolálicos e com os “espiritualistas” de Corinto.

Comunidade Como Corpo de Cristo

Neste tópico, o acento teológico toma mais força que o antropológico. Exatamente, porque em 1 Coríntios o “corpo” toma um significado comunitário: um conjunto de membros diferentes de desigual valor, composto por Deus (1 Cor 12,12-14) tem que servir para glorificar a Deus (1 Cor 6,20). Segundo Born, a realidade concreta da vida humana, bem como a íntima constituição da personalidade, são de tal maneira corporais, que “o nosso corpo” e “a nossa pessoa” se tornam noções equivalentes; então, “o vosso corpo é o templo do

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Espírito de Deus” (1 Cor 6,19), tem o mesmo sentido que “vós sois o templo de Deus, e seu Espírito mora em vós” (1 Cor 3,16), como e “os vossos corpos são membros de Cristo (1 Cor 6,15) equivale a “vós sois membros do corpo de Cristo” (1 Cor 12,27) (BORN, 1971, p. 306). O corpo, que desde o batismo é o templo do Espírito Santo, os cristãos devem possuí-lo em santidade e reverência (1 Cor 6,13). Ao ver de Murphy, é preciso traçar uma distinção entre dois corpos de Cristo – um corpo individual, distinto dos fiéis, no qual ele ressuscitou, subiu aos céus, e um corpo eclesiástico que consiste em fiéis, no qual ele habita na terra, por intermédio de seu Espírito. Ao chamar a comunidade de Corpo de Cristo, Paulo identifica-a como a presença física de Cristo no mundo (MURPHY-O’CONNOR, 2000, p. 293). É a ekklesia (1 Cor 1,2), cujos membros compartilham uma existência comum, fundamentada no amor (1 Cor 13,2). Como os membros em relação ao corpo físico, os membros do Corpo de Cristo diferenciam-se por suas várias capacidades para o serviço. Cada um tem um dom espiritual diferente, que é necessário para o bem comum da comunidade (1 Cor 12,4-7). Este esforço de Paulo na compreensão do “corpo-comunidade” era para ajudar os coríntios a superarem os tantos conflitos e facções internas.

Foi, por isso, que o Apóstolo insistiu, buscando a unidade, na superação das brigas e tensões. Não seria uma vergonha um membro “proces-sar” um outro? (1 Cor 6,7). Esta epístola, partindo dos problemas comunitários, fez um esforço para a construção da comunidade (1Cor 14,3-5). Afinal, todos são membros de um só corpo (1 Cor 12,12-31) Aqui a imagem do corpo é usada, para que os coríntios compreendam a dinâmica da unidade. Todos são “um só” corpo. Esta unidade, de um modo misterioso e visível, açambarca a di-versidade e solidariedade. Judeus, gregos, escravos, livres (v. 13) fazem parte deste corpo, pelo batismo, dentro da mentalidade do Espírito. Então, a perspectiva cristã de construção da comunidade se fundamenta na unidade, usada, por três vêzes, neste v. 13. Paulo vê a unidade tomando corpo, justamente com os diferentes (judeus, gregos), porque aí dentro deve haver o espírito da solidariedade, onde todos se preocupam com cada um, especialmente os mais fracos (KÄSEMANN 1964, p. 111-115). Portanto, se, de um lado, cada membro da comunidade louva a Deus no seu corpo individual, porque é templo de Deus, ao mesmo tempo, faz parte da comunidade maior que é, justamente, o corpo de Cristo (1 Cor 12,27). A mística

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individual toma sentido quando se envolve, totalmente, com a vida da comunidade, o corpo de Cristo. Esta experiência diferente soava muito mal aos olhos, principalmente, dos romanos.

Embate com os Glossolálicos e Espiritualistas de Corinto sobre o Corpo Como salientamos antes, a influência dos “glossolálicos” e “espiritualis-tas” era forte em Corinto. Eram cristãos. É difícil saber se todos os glossolálicos eram espiritualistas e vice-versa. Sobre os glossolá-licos, a convivência era tão problemática, que o Apóstolo se ocupa com três capítulos (1 Cor 12-14) com eles. Parece que ânsia pelo poder era forte entre eles. Os espiritualistas (seriam os mesmos glossolálicos?), prováveis interlocutores de Paulo, diante de questões como o casamento, celibato e, especialmente, da sexualidade, eram fascinados pelo encratismo maximalista, ou seja, a total abstinência: “é bom para o homem não tocar em mulher”. Segundo Barbaglio, é certo que esta fórmula exprimia a posição dos espiritualistas. No texto (1 Cor 7,1), ela aparece como sendo de Paulo. Ele a afirma, porém, a redimensiona (BARBAGLIO, 1989, p. 244-252). Os espi-ritualistas se inclinavam para uma vida angélica, não comprometida sexualmente. Manifestava-se aqui uma oposição dualista entre alma espiritual (privilegiada) e corpo material. Este era perigoso. Vê-se aí a influência de correntes filosóficas gregas (pitagorismo e neoplatonismo) que desprezavam o mundo material. Quando se dicotomiza, principalmente, quando se privilegia o lado intimista, é fácil, ideologicamente, falando, controlar as consciências. Criam-se falsas seguranças. Não é claro, ainda, se o “gnosticismo” já seria uma corrente estruturada, naquele momento, e se teria influenciado os espiritualistas (BARBAGLIO, 1989, p. 244). Ao ver de Murphy (2000, p. 308), os espiritualistas foram educados segundo as ideias de Fílon. A cidade de Corinto, ao contrário, era aberta e hospitaleira. Ao mesmo tempo, Paulo anunciava o projeto 1 Cor 13,12. Como, aos coríntios, esta postura de abertura de Paulo se conciliou com a corrente espiritualista?

Se os coríntios escreveram a Paulo pedindo suas orientações, era porque, provavelmente, em toda a comunidade, também entre os espiritu-alistas, esta questão gerava dúvidas casuísticas e a vivência deste ideal era problemática. Estava problemático para o Apóstolo orientar. Nos capítulos 6-7, partindo do real e mostrando o ideal, Paulo, com

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muita prudência, foi colocando, por vezes, a posição do Senhor, e, por outros momentos, sua posição pessoal, sempre com abertura e, o importante, procurando desmontar a visão dualista dos encratistas espiritualistas sobre a corporeidade. Além disso, Paulo, nesse embate, foi demitizando o interesse pelo espírito, na perspectiva dualista, enfatizando a importância do corpo, compreendendo-o como o ser humano todo inteiro enquanto é pessoa-em-comunhão-com-outros (1 Cor 7,4; 9,27) (BOFF, 1971, p. 65-68).

Então, isso é claro: possivelmente, grupos de mentalidade dualista veiculavam entre os cristãos de Corinto. No entanto, Paulo, com seu vocabulário semita, representa a forma genuina da tradição judaica, ao falar do corpo, sempre envolvido na comunidade. 1 Cor 13, o hino do Amor, é uma proposta comunitária para orientar a toda comunidade. O Corpo na Vida Afetiva

A 1ª epístola aos Coríntios, neste tópico, segue também a fina flor do judaísmo. Ao abordar a questão do corpo em 6,12-20, o Apóstolo mostra que ele é o lugar da glória de Deus. Ao orientar em 1 Cor 7 as pessoas casadas, as separadas, solteiras, viúvas, ao responder sobre as questões de casamentos mistos, sobre a virgindade, sobre o noivado, Paulo nos traz a riqueza do encontro dos corpos (pessoas humanas). Se aos romanos (Rm 4,19) Paulo mostrou que o sôma é o órgão da geração, aqui em 1 Coríntios vemo-lo refletir sobre a rique-za do “corpo” no qual a atração sexual é viva, seja na mulher como no homem (1 Cor 7,4). No ato sexual, o corpo passa a pertencer ao outro com quem se relaciona, a ponto de tornar-se “um” corpo só (1 Cor 6,16). É contemplado o slogan “não há mais homem e mulher”. Porém, reflete também, que se o corpo pode realizar, pode também desonrar as pessoas (1 Cor 7,34), criando, pela lascívia, total desen-contro (1 Cor 6,13). Usando o termo sôma, como na mentalidade hebraica, Paulo aqui em 1 Coríntios o faz, e tem plena consciência disto, porque entende que na relação sexual está presente todo o ser da pessoa.

O Espírito em Primeira Coríntios

A concepção do “Espírito” (em hebraico “ruah”, em grego “pneuma”) quer dizer a pessoa-corpo-alma enquanto se abre totalmente para

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Deus, para valores absolutos e se entende a partir deles (BOFF, 1971, p. 61-8). Como espírito, o ser humano extrapola os limites de sua existência como carne-corpo-alma, para se comunicar com a esfera divina. Por isso, é um sinal da transcendência e da destinação divina do ser humano. Para o Novo Testamento, viver no espírito é viver uma existência humana nova no horizonte das possibilidades reveladas pela Ressurreição de Jesus, o Senhor.

Quando Paulo queria falar dos dotes humanos da inteligência natural, ele usava como em 1 Cor 14,14-15 a palavra “noos” (mente) para distingui-la do significado de “pneuma” (espírito). Significa o pró-prio ser do homem, no que tem de natural-espiritual. 1 Cor 12,13, por duas vezes, fala do Espírito. Num primeiro momento, mostra que “fomos todos batizados num só Espírito”. No final, diz-se que “todos bebemos de um só Espírito”. Nas duas vezes, temos o aspecto comunitário: todos. É a superação de qualquer divisão. O Espírito envolve toda a comunidade.

Pneuma num sentido teológico profundo, significava em Paulo, o próprio ser de Deus, de modo especial em suas intervenções sobre o mundo criado. Então, o característico do cristão é a posse do Espírito. Quem o possui participa do ser íntimo de Deus. Todo o amplo campo da vida entre Deus e o ser humano está dominado pelo Espírito Santo (1 Cor 2,10). O Espírito é o divino para a pessoa humana. Por isso, que Espírito e carne estão em oposição irredutível (Gl 5,17). As pessoas humanas obtêm o Espírito divino através da fé (Gl 3,2.5.14.28) e do batismo (Gl 3,26-28; 1 Cor 6,11; 12,13).

Paulo deu um salto para mostrar que uma comunidade do Espírito se transforma em todas as direções. A comunidade é do Espírito San-to. O líder da comunidade e todos os membros estão a serviço do Evangelho. Todos são cooperadores. Ninguém pode “aproveitar” da comunidade para projeção pessoal. Por isso, em 1 Cor 12-14 (aqui dentro está o nosso hino), o Apóstolo tem uma série de reco-mendações comunitárias para reverter as assimetrias. Quem está à frente (liderança) tem que ter consciência de que é servo de Cristo e da comunidade e administrador dos “mistérios de Deus” (1 Cor 4,1). Por isso, a insistência sobre a agapè (1 Cor 13).

Daí, o grande anúncio: a comunidade é “Templo de Deus”. Então, é preciso construir a comunidade como casa de Deus e morada do Espírito Santo. A comunidade é lugar santo. A casa feita para ser morada de Deus é a “comunidade”. Tocar na comunidade de Deus é envolver-se

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no sagrado. Quem divide, está tocando no próprio Deus. Quem se apossa da casa de Deus (comunidade viva) para a sua autopromoção, está apossando da casa de Deus, indevidamente. Construir o Templo de Deus é deixar o Espírito agir, dentro das aberturas humanas de construção na busca do novo social, étnico (racial), de gênero. Se se tem abertura, ele age, a comunidade cresce em todos os aspectos, exatamente, porque a liderança é de Cristo (1 Cor 3,5-7).

Para se entender a compreensão da Teologia do Espírito Santo é preciso entender os “partidos” de 1 Cor 1,12 como destruidores da unidade desse “corpo de Cristo” e das divisões glossolálicas e espiritua-listas (1 Cor 12 e 14) que podiam levar à ânsia pelo poder. Pelas informações de Paulo, alguns partidos (espiritualistas) negavam a cruz. Parece que a linha da teologia dos partidos era motivada pelo desejo de auto-expressão e de promoção pessoal contra os outros. Todos queriam mostrar a sua “sabedoria”, provavelmente, como reflexo da sabedoria grega. Esta, ao ver de Paulo, destruía a vida e a unidade do amor do corpo de Cristo (1 Cor 13). De fato, a teologia cristã de Paulo pontuou a cruz de Cristo. Esta leva à compreensão de que, em Cristo, tudo pertence à comunidade, e esta pertence ao Espírito de Cristo (pneuma).

É necessário entrar na mentalidade de 1 Coríntios para se compreender bem a teologia pneumática. Aqui, vemos que o campo de ação do Espírito é a comunidade: local da efetivação da unidade eclesioló-gica e da transformação, a partir da fé crítica.

Quem é o Espírito em 1 Coríntios? É aquele que ensina palavras de sa-bedoria divina e espiritual (1 Cor 2,13), sonda as profundidades de Deus (1 Cor 2,10), produz todos os dons espirituais e distribui a cada um seu Dom espiritual, como ele quer (1 Cor 12,11).

Se o campo de ação do Espírito é a comunidade, esta precisa viver em conformidade com Ele, realizando diariamente o que foi dado a ela por pura graça (Rm 8,12-13). Nesse sentido, o Espírito derrama na comunidade seu fruto. O fruto é o amor (1 Cor 13). O Espírito dá à comunidade dons especiais com seus efeitos (carismas) em 1Cor 12-14. O Espírito transforma toda a vida do cristão, porque é a força radical da existência cristã. É, por isso, que Paulo, tantas vezes, falou que a comunidade é a habitação do Espírito (Rm 8,9-11; 1 Cor 3,16) e que esta mesma comunidade é seu templo (1 Cor 6,19; 1 Cor 3,16). Para Paulo, o Espírito envolve tudo e tem um alcance comunitário e trans-formador. Ele fala para uma comunidade que tem muitas tensões em

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Corinto. Quer ajudá-la a voltar ao projeto de Deus. O Espírito que é amor, que tem seu campo de atuação na comunidade, quer que esta experiencie o amor. Os coríntios devem ser a casa do Espírito. Essa transformação tem que ser radical. Muda tudo. Se o Espírito faz morada na comunidade, aí começa acontecer uma interessante dinamicidade. O Espírito é transformador. Se a comunidade se apossa do Espírito, ou melhor, se o Espírito se apossa dela, ela se torna viva com essa presença: é o sentido forte das mudanças das relações humanas na comunidade.

Todo ser vivo tem uma constante propulsão energética o que o faz exis-tir e realizar sua função. A comunidade corintiana a qual escreve Paulo, tem também esta energia propulsora (Espírito) que a leva a agir, cristãmente, numa dinamicidade transformadora. Paulo expressa isso apontando as características do amor (1 Cor 13). A comunidade é a habitação dinâmica do Espírito Santo. Se há essa dinamicidade e se essa é transformadora então está confirmada a presença do Espírito. A comunidade caminha na vida, porque tem morando dentro de si, o Espírito Vivo de Deus. E o Espírito, porque vive aí, tem o seu campo de ação na comunidade. O Espírito age na própria casa. Esta morada movente é agilizada pelo Espírito. Vamos vendo a “liturgia da vida”, celebrada na casa do Espírito Santo que é a comunidade.

A comunidade é a habitação do Espírito Santo. Isto constitui uma in-timidade e uma força sempre crescente e viva, que não se tinha jamais ouvido falar antes. Jeremias (Jr 31,31-34) e Ezequiel (Ez 36,25-28) e o livro dos Jubileus (Jb 1,23 -25) tinham intuído essa grande novidade de Paulo. O Espírito faz o amor ser dinâmico. Esta dinamicidade é presente e acontece no dia-a-dia comunitário. Ela se agiliza em todos os segmentos dos seus membros – econômico, político, social, cultural, ideológico e religioso. Há uma atuação misteriosa e indefinível com a presença constante do Espírito que vive dentro da comunidade. O Espírito faz parte dela. Ela é Dele; Ele se compromete com ela. Ele é o morador que se move e a conduz. Quando ela se deixa absorver totalmente pelo Espírito, caminha em todos os

níveis e em todas as direções que o Espírito quiser conduzi-la. A co-munidade, ao se deixar mover pelo Espírito, começa, na existência, a ser casa de Deus (Rm 8,9 -11; 1 Cor 3,23s; 5,12). Lembremo-nos que, ao lado do fruto do amor, há duas características interessantes: a esperança e a fé (1 Cor 13,13). Coloca-nos em nível da

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“comu-nidade cúltica”. Esta celebra sua história, no Espírito, vitalmente. GENDER, BODY AND SPIRIT IN THE BAPTISMAL HYMN OF 1 COR 12,13

Abstract: before Paul, the early communities sang a hymn baptism that the Apostle placed in the center of the Epistle to the Galatians (Gl 3,26-28). Then the same Paul entered this hymn in the Epistle to the Corinthians (1 Cor 12:13). Here, he adapted some themes and concepts, such as Spirit and body to respond to the questions raised by the community of Corinth. Primitive baptismal hymn, he left, outside the text “no longer male (man) and female (woman)” We will see that there was no indentation of the Apostle, because he had worked this issue before (1 Cor 7).

Keywords: Baptismal hymn. Gender. Body. Spirit.

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* Recebido em: 18.05.2011. Aprovado em: 02.06.2011.

** Doutor em Ciências da Religião pela Umesp. Professor na Graduação e no Mestrado e Doutorado em Ciências da Religião na PUC Goiás. E-mail: joelantonioferreira@

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