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In: SEABRA, G. (Org.) Educação Ambiental. João Pessoa: EdUFPb, 2013.

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In: SEABRA, G. (Org.) Educação Ambiental. João Pessoa: EdUFPb, 2013.

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS USUÁRIOS DA PRAIA DE COPACABANA, CIDADE DO RIO DE JANEIRO (RJ) SOBRE A PROBLEMÁTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Alexandre de Gusmão PEDRINI Professor Associado do Laboratório de Ficologia e Educação Ambiental Departamento de Biologia Vegetal, IBRAG, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

pedrini@globo.com

Milena BOCHNIAK Aluna do curso de Especialização da Faculdade Integrada AVM, Universidade Cândido Mendes, Rio de

Janeiro milenabochniak@yahoo.com.br Resumo

Os resíduos sólidos têm aumentado principalmente em face da magnificação do consumo de produtos e a cultura dos descartáveis. Eles, em geral, possuem embalagens em demasia e raramente reaproveitáveis ou reciccláveis. Os resíduos sólidos podem ocorrer em praias urbanas. Foi selecionada a Praia de Copacabana situada na zona sul da cidade e estado do Rio de Janeiro (Brasil) por sua visibilidade turística nacional e internacional no turismo de sol e praia e por sua beleza estética. Nela há prática de esportes e atividades de lazer e eventos musicais, religiosos e esportivos. Foram selecionadas ao acaso três áreas na calçada (“calçadão”) da orla da praia para as entrevistas. O roteiro semiestruturado continha 13 perguntas sobre a percepção dos usuários da praia em relação a resíduos sólidos depositados na areia e no mar subjacente. As entrevistas foram realizadas em 12/2011 e 01/2012 época dos picos de visitação e com usuários escolhidos ao acaso. Foram entrevistadas 39 pessoas, sendo 23 banhistas e 16 comerciantes locais. A maioria dos banhistas era de nível superior completo ou incompleto (64%) e a dos comerciantes tinha o primeiro grau incompleto ou segundo grau incompleto (62%). Os entrevistados atribuem ao frequentador: a) presença dos resíduos; b) manutenção da limpeza da praia; c) sua vitimização. A maioria acredita que as doenças (31%) e a poluição ambiental e marinha (26%) são os principais efeitos negativos da presença de resíduos sólidos na praia. Os frequentadores mostram uma perspectiva fragmentada do meio ambiente praial e não percebem sua importância ecológica para o meio ambiente. Apenas o desejam limpo para uso humano. Foi identificado que há

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muitas percepções ambientais equivocadas dos banhistas e comerciantes sobre resíduos sólidos. É necessário o desenvolvimento de programas e ações permanentes de Educação Ambiental dirigidos a todos os atores envolvidos com a praia de Copacabana.

Palavras-chave: Educação ambiental, resíduos sólidos, ecossistema marinho, poluição, percepção ambiental.

Abstracts:

The solid wastes have increased mainly in the face of the magnification of the consumption raise of disposable products and culture. They, in general, have too much packaging that are rarely reusable or recyclable. Solid waste can occur in urban beaches. Copacabana Beach was selected that is located on the south side of the city and state of Rio de Janeiro (Brazil) for their visibility in national and international tourism of sun and beach and in reason of their aesthetic beauty. Inside it there is practicing of sports, leisure activities and musical, religious and sport events. They were randomly selected three areas on the sidewalk ("big Portuguese pavement created by Roberto Burle Marx") from the beach border for the interviews. The semi-structured guide contained thirteen questions on perceptions of beach users in relation to solid waste deposited in the sand and the underlying sea. The interviews were conducted in 12/2011 and 01/2012, visitation peak time and users chosen at random. We interviewed 39 people, with 23 swimmers and 16 local traders. Most of bathers had a level a complete university degree (64%) and most of traders had incomplete primary education or not finished high school (62%). Interviewees assigned to the goer: a) the presence of wastes, b) maintenaince of the beach cleanliness, c) their victimization. Most believe that diseases (31%) and environmental and marine pollution (26%) are the main negative effects of the presence of solid waste on the beach. Goers show a fragmented perspective of the beach environment and do not realize its ecological importance for the environment. They just want it clean for human use. It was identified that there are many mistaken environmental perceptions of swimmers and traders about solid waste. It is necessary to develop programs and permanent actions of Environmental Education directed to all actors involved with Copacabana beach.

Key-words: Environmental education, solid waste, marine ecosystem, pollution, environmental perception.

Introdução

O planeta Terra vem apresentando uma baixa qualidade socioambiental. Inúmeros problemas vêm aumentando em intensidade e sem uma abordagem de enfrentamento da questão de forma imediata. A problemática dos resíduos sólidos (RS) é um desses problemas que não vêm sendo

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adequadamente tratado no escopo da gestão socioambiental urbana. Atualmente a humanidade, em geral, adota um padrão de consumo exacerbado por bens que são dotados de grande quantidade de embalagens, nem sempre passíveis de reaproveitamento ou reciclagem. A redução do consumo e, por consequência, a diminuição dos resíduos sólidos (RS), não vêm ocorrendo. Esse novo padrão consumista generalizado é o que vem gerando imensa quantidade de RS (FERREIRA, 2003).

Nesse texto, adota-se o termo resíduo sólido segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): “material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede de esgotos ou em corpos d´água, ou exijam para isso solução técnica ou economicamente inviável em face da melhor tecnologia disponível”. Rejeito sólido é o RS destituído de qualquer possibilidade de aproveitamento e que demanda disposição final socioambientalmente adequada. Há que se lembrar também que os produtos denominados como duráveis, pela indústria internacional, têm duração limitada, gerando assim mais resíduos sólidos, caso dos equipamentos de informática. Assim, convive-se também com a cultura dos descartáveis (KLIGERMAN, 2003).

Desenvolver nova conduta de consumo sustentável e então reduzir, reaproveitar e reciclar todos os RS é uma meta da Educação Ambiental (EA) ainda a se atingir. As praias costeiras nas cidades litorâneas turísticas demandam estudos para se conhecer a dinâmica dos seus usuários e assim a problemática dos RS.

Referencial teórico

A nova cultura humana consumista contemporânea demanda por políticas e programas públicos em todos os níveis de governança. Há vários documentos internacionais que propugnam pelo combate sistemático e urgente da questão do lixo, especialmente dos resíduos sólidos (RS). Um deles é a Agenda 21 (BRASIL, 2003) que em seu vigésimo primeiro capítulo apresenta as diretrizes para o gerenciamento dos resíduos sólidos, compatibilizadas com a conservação ambiental. Em um de seus trechos, os países em desenvolvimento signatários, como o Brasil, teriam de possuir até 2010 um programa nacional que incluísse metas de reutilização e reciclagem eficazes dos RS, além de evitar a descarga de efluentes residuais no mar. E que até o ano de 2025, depositasse todo o esgoto, águas residuais e RS de acordo com diretrizes nacionais, e, na sua ausência, adotasse as normas internacionais de qualidade ambiental. Porém, nem no capítulo 17, nem no 21, há uma clara menção ao combate ao lixo marinho na Agenda 21 internacional.

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Porém, o enfrentamento sistemático em nível nacional para a redução da produção de RS, complementado por sua reutilização, impediria ou evitaria um grande aporte de lixo marinho local. O aporte de lixo do mar às praias poderia ser de contribuição baixa, caso todos os países tomassem as mesmas providências recomendadas pela Agenda 21, no seu território terrestre e aquático dulcícola. Ferreira (2003) acredita que a Agenda 21 internacional é a única alternativa viável a humanidade, pois provê a sociedade de diretrizes e metas claras temporais de como enfrentar e resolver os efeitos nocivos da má gestão dos RS.

O Brasil aprovou, em 2010, através da lei federal no 12.305 de 2 de agosto de 2010 a instituição da PNRS que atendeu a Agenda 21 internacional (BRASIL, 2012). No mesmo ano publicou o decreto no 7.404 de 23 de dezembro de 2010. Esse decreto, nas suas disposições finais, inclui o inciso 9o ao artigo 84 do decreto no 6.514 de 22 de julho de 2008, que trata das infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações. Esse inciso trata justamente da proibição de lançamento de resíduos sólidos (RS) ou rejeitos em praias, no mar ou em quaisquer recursos hídricos no Brasil.

Essa legislação possibilitou a criação de uma série de Planos e Programas nas mais variadas esferas de poder, permitindo alguns avanços na qualidade socioambiental. Em todos os documentos acima citados há como princípio a instituição de programas e ações de EA para o Consumo Sustentável. Porém, os graves problemas relacionados ao lixo sólido persistem nas grandes e pequenas cidades. Os RS vêm causando impactos na saúde pública, para as atividades turísticas e pesqueiras e também para a biota marinha (PERES, 2008). De todos os ângulos do Brasil, tem sido mencionada a ocorrência de resíduos sólidos nas praias costeiras como as do Maranhão, por Silva et al. (2003), na Bahia por Sul (2005), no Rio de Janeiro por Oigman-Pszczol e Creed (2007) e no Rio Grande do Sul por Carvalho (1999). Santos et al. (2008) formularam um capítulo de livro para amplo público leigo, e em português, uma breve síntese da problemática do lixo marinho flutuante, depositado no leito marinho, nas praias arenosas e ingeridos por animais. Os dados são alarmantes.

Nesses trabalhos percebe-se que é unânime a necessidade de se realizar uma EA permanente, tendo como tema-gerador o lixo costeiro e marinho. Porém, como afirmam educadores ambientais um diagnóstico prévio através da percepção ambiental de conceitos-chaves é necessário ser feito com os atores sociais envolvidos na problemática (REIGOTA, 2002; PEDRINI et al., 2010). Trabalhos sobre percepção ambiental, sobre a população usuária de praias marinhas, vêm sendo desenvolvidos com o fim de se identificar como a comunidade que as utiliza entendem a problemática do lixo presentes nesses lugares. Os trabalhos de Santos et al (2003) para o litoral do Rio Grande do Sul e Santanna-Neto et al. (2011) para o do Nordeste brasileiro apresentam várias deficiências constatadas nos depoimentos das

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cerca de, respectivamente, 200 a 300 entrevistas realizadas. Ambos os trabalhos concluíram que, nas cidades gaúchas e em Salvador, a EA era a solução para uma nova conduta dos usuários das praias.

Porém, o que se tem verificado, em geral, é que são as próprias pessoas ou Organizações Não Governamentais que promovem mutirões de limpezas pontuais (PEDRINI, 2012), conhecidos internacionalmente como "Clean Up Days". Nesse trabalho, em uma restrita parte da Praia de João Fernandes no município de Armação de Búzios (RJ), foi encontrado cerca de 830 kg de RS. O fato é preocupante, pois no ano anterior, na mesma data, e sem incluir a parte submersa, houve apenas cerca de 300 kg. Nesses eventos são mostrados à sociedade e às autoridades, a necessidade de se limparem regularmente as praias e aos seus frequentadores a obviedade de as manterem limpas. Dessa maneira, surgiu o interesse em desenvolver um estudo que poderá contribuir para a formulação de ações e programas de EA para o Consumo Sustentável, em praias rasas arenosas marinhas. As praias marinhas, como a de Copacabana, ainda são divulgadas internacionalmente como paraísos turísticos e ainda atraem turistas de todo o mundo. No entanto, não se sabe se os seus usuários têm alguma noção sobre: a) a existência de resíduos sólidos nas areias da praia; b) quem contribui para a degradação da praia; c) de quem é a responsabilidade sobre a manutenção da qualidade da praia; d) quem é prejudicado pela degradação da praia.

O presente capítulo objetivou conhecer, em caráter preliminar, como os usuários de uma praia arenosa marinha urbana famosa turisticamente entendem a temática sobre os resíduos sólidos em ambiente praial marinho.

Metodologia

A área estudada, a Praia de Copacabana, situa-se na zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, que é o principal atrativo turístico em termos de turismo de praia e sol. Essa praia foi selecionada por ser a de maior destaque nos roteiros turísticos da cidade e por receber toda sorte de eventos e comemorações públicas da cidade. Recentemente, em em entrevista da TV, o representante da COMLURB (EBC, 2013) afirmou que após intensas chuvas foram recolhidas cerca de 370 toneladas de RS na referida praia. Foram selecionadas ao acaso 3 áreas na calçada (“calçadão”) da orla da praia para a realização das entrevistas. Um roteiro original semiestruturado foi formulado com 13 perguntas relativas à questão da percepção dos usuários da praia em relação à existência de RS depositados na areia e no mar. Foram eleitos 3 pontos de coleta na praia. As entrevistas foram realizadas em dezembro de 2011 e janeiro de 2012, que são as épocas de picos de visitação com usuários escolhidos ao acaso.

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Resultados

Foram entrevistadas 39 pessoas, sendo 23 banhistas e 16 comerciantes tanto fixos como ambulantes locais. O perfil dos respondentes foi traçado, percebendo-se uma grande diferença no grau de escolaridade dessas duas categorias, conforme o quadro 1. Enquanto a maioria dos banhistas era de nível superior completo (43%) ou incompleto (21%) a maioria dos comerciantes de beira de praia tinha o primeiro grau incompleto (37%) ou segundo grau incompleto (25%). Ou seja, os respondentes mais escolarizados se encontravam entre os banhistas e os menos entre os comerciantes.

Quadro 1 – Grau de escolaridade dos comerciantes e banhistas entrevistados no calçadão da Praia de Copacabana, Rio de Janeiro.

Os entrevistados, independente da escolaridade e profissão, entendem que o ser humano é a principal causa de degradação por RS nesta praia. Atribuem esse fato pela falta de orientação/educação das pessoas (resposta dos banhistas) ou pela ação humana (resposta dos comerciantes). Ou seja, todos responsabilizam o homem pela presença dos resíduos e em especial o freqüentador pela manutenção da limpeza da praia. Em sua totalidade, se consideram responsáveis pelo lixo gerado. A maioria crê que as doenças (31%) e a poluição ambiental, incluindo a do mar (26%) são os principais efeitos negativos da presença de RS (lixo) na praia e que os próprios freqüentadores são os mais prejudicados (Quadro 2). Quadro 2 – Principais efeitos da degradação da praia pelos RS (N=39).

Principais efeitos negativos da degradação por resíduos sólidos na praia Respondente

No %

1. Doenças ao ser humano 12 31

2. Poluição ambiental 7 18

3. Não sabe 6 15

4. Prejuízo ao turismo 5 13

5. Demora na reabsorção do lixo pelo meio 4 10

6. Poluição marinha 3 8

7. Atração de animais indesejados 2 5

Total - 7 39 100 Grau de escolaridade Número de Comerciantes % Número de Banhistas % 1o Incompleto 6 37 0 0 Completo 0 0 0 0 2o Incompleto 4 25 1 6 Completo 5 31 7 30 3o Incompleto 1 7 5 21 Completo 0 0 10 43 Total (=39) 16 100 23 100

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De fato, a maioria dos frequentadores atribui a responsabilidade tanto aos comerciantes como aos banhistas para que a manutenção da limpeza caiba a eles (59%) como se verifica no Quadro 4. Porém, 38% atribui ao poder público e a sociedade em geral. Apenas 3% seria própria da consciência ambiental de cada um. Parece então que seria uma responsabilidade compartilhada, pois tanto os banhistas como o poder público teriam de fazer sua parte, ou seja, como é hoje em dia, em que o governo diariamente limpa a praia.

Quadro 3 – Responsabilidade pela manutenção da limpeza na Praia, (N=39).

Responsabilidade manutenção da praia limpa Respondentes

Número %

Frequentadores 23 59

Poder público e sociedade civil 9 23

Prefeitura 6 15

Consciência individual 1 3

Total - 4 39 100

A percepção de que os efeitos nocivos dos resíduos sólidos na praia só são ruins para o homem que frequenta o lugar (61%) mostra um entendimento limitado e humanizante, segundo Reigota (2002). Apenas 39% acreditam que os efeitos negativos dos resíduos sólidos causariam efeitos a todos os seres vivos (Quadro 4).

Quadro 4 – Maior prejudicado com a presença dos RS na Praia de Copacabana (N=39).

Maior prejudicado com a poluição da praia Pessoas

Número %

1. Frequentadores 24 61

2. Ser humano, animais e natureza 8 20

3. A natureza 4 10

4. Ser humano e animais 3 9

Total - 4 39 100

Essa visão parcial dos frequentadores da praia sobre a problemática dos resíduos sólidos em ambiente praial marinho na cidade do Rio de Janeiro, que tem apelo turístico, evidencia uma baixíssima qualidade de sua EA de seus habitantes.

Discussão

O perfil dos banhistas entrevistados, a maioria de nível superior (43%) foi similar ao do trabalho de Santos et al. (2003) com 42,9% para a Praia do Cassino (Rio Grande, Rio Grande do Sul) e

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Santana-Neto et al. (2001) com 61% para a Praia do Porto da Barra, Salvador, RS. A percepção que permanece é de que os usuários de praias entrevistados são, na maioria, de nível superior e os que trabalham para servir os banhistas têm apenas o ensino fundamental. Porém, ambos reconhecem e identificam os males da presença dos resíduos sólidos (RS) na praia de maneira aproximada. Os usuários, tanto comerciantes quanto banhistas, entendem que o ser humano é a principal causa da degradação por RS na Praia de Copacabana.

Atribuem esse fato pela falta de orientação/educação das pessoas (resposta dos banhistas) ou pela ação humana (resposta dos comerciantes). Ou seja, todos responsabilizam o homem pela presença dos RS e, em especial, o freqüentador pela manutenção da limpeza da praia. Em sua totalidade, se consideram responsáveis pelo lixo gerado. Santos et al. (2003) identificaram que os frequentadores responsabilizavam-se mutuamente pela presença dos RS, apesar de só uma minoria assumir ter deixado RS na praia. Entenderam que os RS presentes se devem aos usuários costumeiros da praia.

A maioria dos entrevistados na praia acredita que as doenças (31%) e a poluição ambiental, incluindo a do mar (26%) são os principais efeitos negativos dos RS (lixo) na praia, prejudicando seus frequentadores. As respostas foram muito gerais, tal como, foi encontrado por Santana et al (2011) para praia do Cassino no Rio Grande do Sul. De fato, nenhum dos entrevistados se disse vítima da presença de RS ou dos efeitos dela. Isso poderia explicar porque mesmo sendo limpa diariamente a praia no dia seguinte esta mostre mais RS.

Os frequentadores mostram uma perspectiva fragmentada do conceito de meio ambiente, desconhecendo que os resíduos sólidos têm efeitos negativos a todo o meio (REIGOTA, 2002). Constatou-se que os usuários têm interesses diferentes pelo ambiente praial, seja de trabalho ou lazer. Verificou-se que não há pleno entendimento da importância do ambiente praial para o equilíbrio ecológico local. Só há percepção de que a presença dos RS nesse ambiente é prejudicial. Mas, esse entendimento se restringe à espécie humana. Os resíduos líquidos ou alimentares podem estar associados aos sólidos e em sua decomposição geram outras substâncias tóxicas como o chorume ácido que mata organismos micro ou macroscópicos (SANTOS et al., 2003).

Conclusão

Os frequentadores, em geral, da praia têm um restrito entedimento da problemática dos resíduos sólidos em ambiente praial. Urge a implantação de um Programa de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis (PEASS) para o cidadão e sua coletividade. Ele deve ser elaborado para capacitar qualitativamente o acesso à informação sobre RS, usando todos os instrumentos midiais e pedagógicos possíveis. O enfrentamento não poderia ser apenas através de transmissão de dados e informações por campanhas festivas ou não pontuais e sim permanente, envolvendo todos os atores

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sociais locais como adultos, adolescentes e crianças moradores do bairro, frequentadores da praia ou do calçadão, comerciantes fixos e ambulantes, turistas, guarda-vidas e policiais, dentre outros.

Deveria também buscar atender os pressupostos pedagógicos da EASS em programas futuros que são: a) emancipatória política e financeiramente; b) transformadora; c) interdisciplinar; d) contextual; e) permanente; f) abrangente; g) globalizadora. Incentivar estudantes de ensino público e privado a adquirirem informação quanto aos conceitos ecológicos, importância dos ecossistemas e conhecimento das políticas públicas relativas ao meio ambiente geral, marinho e de resíduos sólidos, visando assim maior educação da população no trato dos resíduos sólidos e seu correto descarte.

Agradecimentos:

Milena agradece à Priscilla Gomes da Silva e à Julia Bragança Cavalcante pela amizade e imenso auxílio no trabalho de campo e a Marcelo Andrade Amorim, pela grande ajuda e pelo companheirismo. Alexandre agradece ao Jalton Pinho pela revisão do texto, ao Centro de Estudos do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (CEBIO), especialmente a Marly Veiga e Cláudia Lima. À Rosana, Nair e Anna Luísa.

Referências

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