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Clipping SCA. Data de Criação: 05/03/2020. Criado por: Biblioteca. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido

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Data de Criação: 05/03/2020

Criado por: Biblioteca

Clipping SCA

Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido

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Sumário das

Matérias:

Disputa se acirra no caso IRB x Squadra

Valor ––05 de março...01 Plano de ajuda traz alívio ao Rio, mas não contém gasto com pessoal

Valor ––05 de março...04 Regulamentação chegou muito tarde

Valor ––05 de março...06 Uma no cravo, outra na ferradura

Valor ––05 de março...09 Cteep promete ser agressiva nos leilões

Valor ––05 de março...12 Inframérica decide devolver concessão de aeroporto no RN

Valor ––05 de março...14 Justiça determina bloqueio de bens de Marcelo Odebrecht

Valor ––05 de março...17 Movimento falimentar

Valor ––05 de março...19 Fusões e aquisições batem recorde, diz PwC Valor ––05 de março...22 MP do Agro agora depende apenas do aval de Bolsonaro Valor ––05 de março...24 Conselho define tributação de valores recebidos por árbitros

Valor ––05 de março...25 STJ volta a julgar penhora sobre investimentos Valor ––05 de março...27 Carf analisa autuações a Collor

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Valor ––05 de março...29 Melhor balizando o conceito de insumo

Valor ––05 de março...31 Responsabilização civil e criminal do dano psíquico Folha ––05 de março...34 Senado aprova MP que moderniza crédito rural; texto vai para sanção

Folha ––05 de março...36 Justiça bloqueia indenização milionária paga a Marcelo Odebrecht por empresa da família

Folha ––05 de março...38 Suprema Corte Francesa reconhece relação trabalhista entre Uber e um motorista

Globo ––05 de março...41 Aviso prévio e verbas rescisórias estão no topo do ranking de reclamações da Justiça do Trabalho

Globo ––05 de março...43 Confiança e reciprocidade

OESP ––05 de março...45 Falta de pagamento de multa não impede admissão de recurso

Conjur ––05 de março...47 STF decidirá a quem compete julgar controvérsias sobre admissão de pessoal em empresa pública

Migalhas ––05 de março...48 Empresas são impedidas de comercializarem cápsulas de café compatíveis com outra marca

Migalhas ––05 de março...50 Aras contesta Dodge e diz ao STF que tabelamento do frete é inconstitucional

Jota ––05 de março...52 STF reafirma que filiados a partidos não podem apoiar criação de outra legenda

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Página,

quinta-feira 05 de março de 2020.

Disputa se acirra no caso IRB x

Squadra

Inconsistências na comunicação

do IRB com o mercado

aumentaram o desconforto dos investidores com a empresa e seus principais executivos

Por Ana Paula Ragazzi — Do Rio

Primeiro, a gestora Squadra questionou, em carta, os resultados do IRB. Este queixou-se à CVM de que estaria sendo vítima de manipulação, pois a gestora tinha posições que a beneficiariam caso as ações do IRB caíssem - como de fato aconteceu após a divulgação da carta.

Agora, especialistas acreditam que a mesma acusação poderá ser feita contra o presidente e o vice-presidente financeiro do IRB, José Carlos Cardoso e Fernando Passos. Na semana passada, circulou lista de investidores que estariam comprando ações da resseguradora, entre eles a Berkshire Hathaway. Em teleconferência na segunda-feira, os dois executivos repetiram essa informação, o que fez subir a cotação do IRB. Mas a Berkshire a desmentiu e as ações chegaram a cair 40% ontem. Questionados pela CVM, eles negaram ser a fonte da informação. Ontem à noite, o IRB anunciou ao mercado que ambos renunciaram aos cargos.

01

Administração do IRB pode ser

acusada de manipular mercado

Informação sobre Berkshire

elevou preço dos papéis na B3 Por Ana Paula Ragazzi — Do Rio

Uma semana após a Squadra divulgar uma carta questionando a sustentabilidade de seus resultados, o IRB queixou-se à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de que a gestora estaria manipulando o mercado. Agora, especialistas ouvidos pelo Valor acreditam que essa acusação poderá ser feita contra os próprios executivos do IRB, especificamente o vice-presidente financeiro Fernando Passos e o presidente, José Carlos Cardoso.

Desde a semana passada circula no mercado uma lista de acionistas da empresa em que a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, aparecia como um dos sócios do IRB. Em teleconferência com analistas na segunda-feira, os dois executivos repetiram a informação, destacando que as compras de papéis teriam sido feitas pela Berkshire Insurance.

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Na noite de terça, a Berkshire divulgou nota dizendo que nunca teve ações do IRB, não comprou papéis nos últimos dias e nem pretende comprar. Cerca de meia hora depois, a empresa respondia a questionamento da CVM dizendo que a informação sobre a participação da Berkshire não havia partido do IRB, sem confirmar ou negar que ela existia. O comunicado diz que a Berkshire não possuía mais do que 5% das ações e, portanto, não haveria obrigação de divulgação.

O suposto interesse de Buffett na empresa fez as cotações subirem após vários pregões de queda depois dos questionamentos da gestora Squadra. O advogado Raphael Martins, sócio do Faoro & Fucci, avalia que, no caso de informação verdadeira, os executivos poderiam ser investigados por uso de informação privilegiada. Se falsa, incorrem em práticas de manipulação de preços das ações na bolsa. Isso porque a empresa teria divulgado uma informação sabidamente falsa ao mercado, o que induziria os investidores a erro.

“Não há dúvida de que os indícios são de manipulação de mercado, o que é crime, com pena prevista de um a oito anos de reclusão”, afirmou Martins. O comportamento difere do da Squadra, que apresentou sua opinião sobre os resultados da empresa com base em informações públicas.

O Valor apurou que a CVM está investigando outra informação incorreta passada pelo IRB ao mercado. No dia seguinte à publicação da primeira carta da Squadra, em 3 de fevereiro, a empresa fez teleconferências para clientes de bancos de investimento. Uma delas foi

02 organizada pelo Santander que, após a conversa, encaminhou um e-mail para seus clientes com a apresentação utilizada pelos executivos durante a conferência. A Squadra usou os dados dessa apresentação para divulgar uma segunda carta, uma semana depois, esclarecendo ao mercado que o IRB havia usado informações incorretas sobre seus questionamentos e estava confundindo conceitos ao tentar esclarecer o mercado.

O IRB, em entrevistas à imprensa e também em comunicado respondendo a questionamentos da CVM, negou que fosse o autor dos slides da apresentação replicada na segunda carta da Squadra. No entanto, é possível identificar, pelo documento encaminhado àqueles que acompanharam a teleconferência, que ele foi criado naquele mesmo dia, por volta das 12h, pelo contador do IRB, Paulo Daniel Araújo da Rocha. Procurados, o IRB não comentou e a CVM informou que abriu processo para analisar o assunto.

A autarquia também analisa a divulgação pela empresa da renúncia de Ivan Monteiro à presidência do conselho de administração. O Valor apurou que a carta tem data de 20 de fevereiro e no dia 21 foi protocolada no Ministério da Economia, com cópia para o IRB. No dia 27, questionado pelo Valor, o IRB negou que tivesse acontecido pedido de renúncia. E, no dia seguinte, perto das 22h, informou a saída de Monteiro. Em comunicado na noite de terça-feira, o IRB informou que a renúncia foi “efetivamente formalizada” pelo ministério no dia 28, às 18h10, e “prontamente” comunicada ao mercado às 21h50.

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As inconsistências na comunicação do IRB com o mercado aumentaram o desconforto dos investidores com a empresa e seus principais executivos. A empresa, até o momento, não respondeu claramente ao mercado sobre os questionamentos apresentados pela Squadra.

Desde que o IRB foi para a bolsa, em 2017, os boatos de que a Berkshire seria acionista - ou estaria prestes a tornar-se - são recorrentes. Aconteceram logo após o IPO e também no ano passado, quando o ressegurador fez uma oferta subsequente de ações. Mas a gestora de Buffett foi categórica ao afirmar, na noite de terça, que nunca teve nem pretende ter ações do IRB.

Desconfiados, os investidores optaram por vender os papéis. No pregão desta quarta-feira, as ações foram continuamente colocadas em leilão na bolsa, por conta da queda que chegou a superar os 41%. O comportamento pouco transparente da companhia após os questionamentos da Squadra deverá aumentar as dúvidas e incertezas em relação a seus resultados recentes. O Bank of America Merrill Lynch (BofA) colocou ontem os papéis do IRB em revisão, destacando que as notícias sobre a renúncia de Monteiro e o investimento da Berkshire geraram preocupações sobre a credibilidade da administração da empresa. Afirmou ainda que o banco não se sentia mais confortável com a base atual de informações disponíveis do ressegurador.

Semana passada, o BofA acompanhou os executivos do IRB em apresentações para investidores estrangeiros para explicar o caso Squadra. Após esses encontros, chegou a reiterar a

03 recomendação de compra dos papéis, elevando o preço-alvo das ações para R$ 44. Ontem, os papéis fecharam a R$ 19,05, com baixa de 31,96%.

https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/03/05

/administracao-do-irb-pode-ser-acusada-de-manipular-mercado.ghtml Retorne ao índice

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quinta-feira 05 de

março de 2020.

Plano de ajuda traz alívio ao

Rio, mas não contém gasto com

pessoal

Estado negocia ampliação do Regime de Recuperação Fiscal de seis para dez anos

Por Rodrigo Carro — Do Rio

Pedro Paulo, relator do Plano Mansueto: Estados que cumprirem metas teriam ritmo de pagamentos mais suave — Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara

Rumo ao seu terceiro ano no Rio de Janeiro, o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) foi ineficaz até agora em conter gastos de pessoal e ampliar o fluxo de receitas do governo fluminense, mas representou até o fim de janeiro um alívio financeiro de R$ 42,22 bilhões para o Estado.

04

Em conjunto com outros três Estados que ainda pleiteiam a adesão ao RRF, o Rio de Janeiro negocia com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) a revisão dos termos do regime.

Segundo apurou o Valor, já existe consenso entre as partes em torno da extensão do prazo máximo de duração do RRF para dez anos, em vez dos seis atuais. O texto fechado entre os Estados e o Tesouro será apresentado ao deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ), relator do Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF), conta fonte que acompanha de perto as negociações. Caberá ao parlamentar acolher ou não a sugestão, mas Pedro Paulo se diz favorável ao alongamento. “Concordo se os critérios [para a extensão de prazo] estiverem bem definidos”, ressalta. A prioridade no caso do Rio de Janeiro é, além de estender a duração do RRF, postergar o reinício dos pagamentos da dívida fluminense com o governo federal. Pelo cronograma atual, o Estado teria de voltar a honrar suas dívidas com a União a partir de setembro deste ano.

Uma das propostas em discussão - segundo a fonte que falou sob condição de anonimato - seria incrementar o valor pago a cada ano até chegar a 100% do serviço da dívida, ao fim de dez anos. Assim, os Estados começariam a pagar 10% do serviço ao fim do primeiro ano de vigência do novo regime e passariam para 20% após o segundo. O nível de desembolsos seguiria aumentando gradativamente a um ritmo de dez pontos percentuais por ano.

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As discussões em torno do retorno escalonado aos pagamentos ainda estão em aberto, frisa a fonte. Relator do PEF (mais conhecido como Plano Mansueto), Pedro Paulo enxerga a possibilidade de suavizar a retomada das amortizações para os Estados que cumprirem mais rigorosamente as obrigações previstas no novo regime. “A retomada seria mais lenta se as medidas forem cumpridas.”

A intenção é estabelecer metas de ajuste ano a ano, com suas respectivas punições em caso de descumprimento. Único Estado incluído no RRF, o Rio registrou aumento na despesa com pessoal ativo concursado desde a sua adesão ao plano de socorro financeiro. Os dados constam do relatório de fevereiro do Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal. Em agosto de 2017, mês anterior ao início da vigência do regime, o Executivo fluminense desembolsou R$ 906,8 milhões com o pagamento de funcionários da ativa. Ao fim do ano passado, esse total estava em R$ 940,8 milhões.

Embora a despesa tenha crescido em termos nominais, houve retração de 5,36% considerando a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período, pelos cálculos do Valor Data.

A despesa de pessoal efetivamente realizada cresceu de R$ 41,1 bilhões, em 2017, para R$ 44 bilhões em 2019, se forem considerados os valores nominais gastos com servidores do Executivo e de outros poderes.

05 O aumento ocorreu apesar da diminuição no número de servidores em atividade. Desde agosto de 2017, o quadro de pessoal do Executivo estadual encolheu 9%, segundo o Conselho de Supervisão do RRF, para 172,5 mil.

A queda foi insuficiente para contrabalançar o ritmo acelerado de expansão da folha salarial fluminense durante boa parte desta década. A despesa bruta com pessoal mais do que dobrou entre 2011 e 2018 no Estado, segundo dados do Tesouro. O cálculo leva em consideração a despesa empenhada (autorizada pelo gestor público), corrigida pelo IPCA.

Ainda assim, o Regime de Recuperação Fiscal permitiu uma melhoria no resultado nominal do governo fluminense. O indicador, que mede as necessidades de financiamento do Estado, terminou o ano passado no patamar negativo de R$ 13,76 bilhões. Em 2017, o déficit foi mais que o dobro (R$ 28,17 bilhões).

Nesse caso, o Estado foi beneficiado pela estabilização das despesas totais do governo fluminense desde 2017. E, também, por receitas extraordinárias de R$ 1,2 bilhão resultantes do leilão dos excedentes da cessão onerosa e da arrecadação de royalties do petróleo. A receita do governo com royalties e participações especiais somou R$ 13,5 bilhões em 2019.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/05/p lano-de-ajuda-traz-alivio-ao-rio-mas-nao-contem-gasto-com-pessoal.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quinta-feira 05 de

março de 2020.

Regulamentação chegou muito

tarde

Agilidade do governo teria evitado os problemas ocorridos no início

deste ano envolvendo o

Orçamento impositivo

Por mais incrível que possa parecer, somente nesta semana o governo tomou a iniciativa de encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de lei alterando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), válida para 2020, estabelecendo normas para aplicação, com segurança jurídica, do chamado Orçamento impositivo. Ou seja, os pneus estão sendo trocados com o carro em movimento.

Na exposição de motivos que acompanha o projeto de lei, o ministro da Economia, Paulo Guedes, comete uma impropriedade. Ele diz ao presidente Jair Bolsonaro que a regulamentação está sendo feita agora porque, quando as emendas constitucionais 100 e 102, que instituíram o Orçamento impositivo, foram promulgadas, o projeto da LDO válido para 2020 já tinha sido aprovado pelo plenário da Comissão Mista de Orçamento do Congresso (CMO).

06

Orçamento impositivo começou sem regras claras

Na verdade, a emenda constitucional 100 foi promulgada no dia 26 de junho de 2019, quando o relator do projeto da LDO, deputado Cacá Leão (PP-BA), nem sequer tinha apresentado o seu relatório, o que só foi feito no dia 7 de julho do ano passado. Foi a EC 100 que determinou ser dever da administração “executar as programações orçamentárias, adotando os meios e as medidas necessários, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade”.

Na época, a EC 100 causou grande preocupação dentro da área técnica do governo, pois não estava explícito no texto constitucional que as programações orçamentárias poderiam ser contingenciadas para o cumprimento das metas fiscais ou do teto de gastos. Nem mesmo que elas não poderiam ser executadas em caso de impedimento de ordem técnica. Em negociação direta com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a área econômica do governo acertou um texto a ser incluído em outra proposta de emenda constitucional para deixar todas essas questões explícitas.

A EC 102, aprovada no dia 26 de setembro de 2019, simplesmente determinou que a execução orçamentária se subordina ao cumprimento de dispositivos constitucionais e legais que estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas. Ela explicitou também que a obrigatoriedade da execução não

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impede o cancelamento necessário à abertura de créditos adicionais e não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica devidamente justificados.

O Orçamento impositivo foi instituído, portanto, pela EC 100, de junho. O projeto da LDO foi aprovado pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso no dia 8 de agosto de 2019. Havia portanto, tempo suficiente para que o governo pedisse ao relator que paralisasse a tramitação do projeto, enquanto a EC 102 não fosse aprovada. Mesmo porque o Congresso Nacional só aprovou a LDO válida para 2020 no dia 9 de outubro do ano passado.

Seria possível, portanto, fazer as alterações no projeto da LDO, estabelecendo normas para a aplicação do Orçamento impositivo, com segurança jurídica. O que teria evitado os problemas ocorridos no início deste ano, quando as dúvidas sobre a aplicação da EC 100 dificultaram enormemente a execução orçamentária. Em meio a todas as incertezas sobre a execução do Orçamento impositivo, o veto do presidente Bolsonaro ao artigo 64 da LDO adicionou um elemento politicamente explosivo. O presidente considerou contrário ao interesse público que os parlamentares indicassem os beneficiários de suas emendas e a prioridade de execução. Em reação, os senadores e deputados aprovaram a Lei 13.957, explicitando a obrigatoriedade de execução das emendas do relator-geral do Orçamento e das comissões do Senado e da Câmara e reinstituindo os mesmos critérios de indicação e de prioridade que tinham sido vetados anteriormente. O presidente vetou novamente.

07 Quando o Orçamento para 2020 foi aprovado, descobriu-se que o relator-geral tinha feito emendas no valor de R$ 30 bilhões. Nunca antes um relator-geral tinha feito emendas nesse montante. Elas eram diferentes, pois ele cortou algumas programações propostas pelo governo e, ao mesmo tempo, as incluiu no Orçamento como emendas suas, com acréscimo de valor. Na área técnica do Executivo, esse procedimento é chamado de “emenda cachorro”, pois lembra um cachorro mordendo o próprio rabo.

Com esse mecanismo, o relator retirou do governo a gestão sobre uma montanha de investimentos e passou a ser a pessoa a indicar o nome dos beneficiários dos recursos e a prioridade de execução. Uma das emendas do relator-geral, por exemplo, destinou R$ 351,7 milhões para a ação de policiamento, fiscalização, combate à criminalidade e corrupção. Parece não haver dúvidas de que cabe ao ministro da Justiça e da Segurança Pública definir os beneficiários dessa ação e a prioridade de execução, e não ao relator-geral do Orçamento.

Finalmente, a proposta de regulamentação das ECs 100 e 102 chegou nesta semana ao Congresso. Junto com ela, um projeto que acaba com a possibilidade de o relator-geral apresentar a chamada “emenda cachorro”. Se o projeto for aprovado, ele só poderá indicar os beneficiários dos acréscimos que ele fez nas programações originais do Executivo. Os projetos foram encaminhados após um acordo, feito pelo governo com as lideranças políticas, para a manutenção do veto do presidente ao artigo 64 da LDO. Ontem, o veto de Bolsonaro foi mantido e os parlamentares poderiam

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votar, à noite, as propostas de mudanças na LDO.

No caso da regulamentação do Orçamento impositivo, propriamente dito, o projeto define que o contingenciamento das emendas parlamentares será feito na mesma proporção aplicável às demais despesas do Executivo, que os restos a pagar de exercícios anteriores estarão dentro do limite financeiro anual de cada órgão e que o Executivo poderá remanejar os recursos de despesas que não estão sendo executadas para pagar outras. Assinatura

A exposição de motivos de um dos dois projetos que alteram a LDO, justamente aquele que trata das emendas do relator-geral, não é assinado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Ribamar Oliveira é repórter especial e escreve às quintas-feiras E-mail: ribamar.oliveira@valor.com.br https://valor.globo.com/brasil/coluna/regulamentaca o-chegou-muito-tarde.ghtml Retorne ao índice 08

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Valor Econômico

Caderno: Opinião, quinta-feira 05 de

março de 2020.

Uma no cravo, outra na

ferradura

A regulamentação bancária é extensa, detalhista e complexa,

induzindo a uma maior

concentração do setor Por Roberto Troster

O bem-estar de uma nação depende, para melhor ou para pior, da burocracia e dos burocratas. E o Brasil é o país com mais burocracia do mundo, está na 141ª posição entre 141 países, de acordo com o último relatório de competitividade global do Fórum Econômico Mundial. Isso traz consequências adversas para o emprego, o crescimento, o investimento e a concorrência da economia, que poderiam ser evitadas com uma regulamentação mais eficiente.

Se depender do Banco Central, deve permanecer nesse posto por algum tempo. No ano passado, publicou 2.228 normas, algumas delas com dezenas de páginas, complexas, que implicam alterações de outras regras e em mudanças em todas as organizações financeiras. Foram adicionadas às incontáveis já existentes.

09

A regulamentação bancária é extensa, detalhista e complexa,

induzindo a uma maior

concentração do setor

É um recorde histórico, talvez mundial, 42,9% superior à média do triênio anterior e o dobro de 1994, quando houve a mudança de moeda e a implantação do Plano Real. No setor bancário, o impacto é mais grave do que em outros, por ser um setor intermediário, fazendo que os efeitos se propaguem por toda a economia.

Apesar de bem intencionada, a regulamentação bancária brasileira é extensa, detalhista e desnecessariamente complexa induzindo a perdas de eficiência, a aumentos nos custos dos financiamentos e a economias de escala regulatórias e, consequentemente, a uma maior concentração do setor. Como os custos de observância, por conta da quantidade de normas, são os mesmos para todos, e como são despesas predominantemente fixas, são proporcionalmente maiores para as instituições menores, tirando-lhes competitividade e diminuindo dessa forma a concorrência na intermediação financeira.

Quanto maior a quantidade de normas, maior a estrutura que exige advogados, contadores, economistas e consultores para operar. Além das regulamentações, as instituições devem encaminhar ao Banco Central milhares de informações, gerando contingências, multas e sanções.

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Além do volume excessivo, muitas delas são supérfluas, desnecessariamente complexas e às vezes estão voltadas para objetivos não relacionados ao desempenho dos bancos. Um exemplo são as normas socioambientais. É indiscutível a preocupação com o meio ambiente de todos os brasileiros. Há alguns anos, uma iniciativa meritória de alguns bancos, divulgando práticas e ações sociais e ambientais dessas instituições, se transformou em mais um peso (pesadelo) regulatório para todos.

O Banco Central estabeleceu a obrigatoriedade de uma política de responsabilidade socioambiental, um diretor responsável e um relatório anual. Exige sistemas, rotinas e procedimentos que possibilitem identificar, classificar, avaliar, monitorar, mitigar e controlar o risco socioambiental presente nas atividades e nas operações da instituição; registro de dados referentes às perdas efetivas em função de danos socioambientais, pelo período mínimo de cinco anos, incluindo valores, tipo, localização e setor econômico objeto da operação; avaliação prévia dos potenciais impactos socioambientais negativos de novas modalidades de produtos e serviços, inclusive em relação ao risco de reputação; e procedimentos para adequação do gerenciamento do risco socioambiental às mudanças legais, regulamentares e de mercado.

Ficam as dúvidas de como um depósito de poupança polui o meio ambiente? Por que uma iniciativa que era voluntária virou obrigatória? E porque só os bancos e não todas as empresas?

10 Atualmente, o Banco Central tem a Agenda BC# com quatro pilares, um deles é Transparência e tem como justificativa o aprimoramento do processo de formação de preço e as informações de mercado e do BC. Ela investe no incremento da comunicação, na avaliação de resultados e na simetria de informação. Para tanto, coloca como fundamental o relacionamento com parlamentares, investidores e o grande público.

Diz ainda que o BC trabalha para que a informação flua transparentemente em todos os aspectos, como no direcionamento de crédito e nos serviços financeiros. Todavia, na nota de crédito do Banco Central falta a informação mais importante, que é o custo efetivo do crédito concedido cada mês. Portanto, não há como aferir a qualidade da política bancária com precisão.

O sistema é tudo, menos transparente. Ilustrando: uma aplicação por cinco dias, dependendo se houver um fim de semana no meio, tem a remuneração líquida diferente. Já o uso do cheque especial, nesse prazo, tem custo efetivo maior se virar o mês.

Nas informações aos clientes, um mesmo número pode significar valores bem diferentes. Se um gerente informa a taxa de 4,25%, pode se referir a uma aplicação em que a taxa é anual ao que deve ser deduzida a tributação. Já para empréstimos, o padrão é usar a taxa mensal, portanto, os mesmos 4,25% mensais equivalem a 64,78% anualizados ao que devem ser acrescentados os impostos, que variam conforme o prazo.

(15)

São bizantinos. 99% da população brasileira não têm como entender a complexidade do sistema. Mesmo assim, o conteúdo do pilar Transparência não tem ações para melhorar a transparência para os usuários. Outro pilar é Educação Financeira, o que não é possível sem entender antes como calcular as taxas efetivas das operações. Pode ser solucionado fazendo o que o resto do mundo faz.

A regulamentação deveria ser voltada apenas para a missão do BC: “Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente”. Todavia, tem focos difusos e é utilizada para outros propósitos, tais como a questão socioambiental mencionada acima, a restrições nos ativos e passivos para subsidiar certos setores e o compulsório, com o objetivo de servir de base do imposto inflacionário.

A bem da verdade, a missão poderia ser aprimorada incluindo “a saúde financeira de cidadãos e de empresas”. Que poderia melhorar se cada norma tivesse um benefício concreto voltado para a missão do BC que compensasse os custos de observância.

É isso.

Roberto Luis Troster é economista robertotroster@uol.com.br

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/uma-no-cravo-outra-na-ferradura.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quinta-feira 05

de março de 2020.

Cteep promete ser agressiva

nos leilões

Estratégia é disputar apenas lotes com sinergia, mas com propostas competitivas

Por Letícia Fucuchima — De São Paulo

Já de olho nos próximos leilões de linhas de transmissão de energia, a ISA Cteep pretende manter a estratégia do último certame, que se mostrou bem sucedida: se concentrar nos empreendimentos que trazem mais sinergias às suas operações e pelos quais pode oferecer lances imbatíveis. “Vamos focar em alguns lotes, para sermos competitivos”, disse ao Valor Alessandro Gregori, diretor financeiro e de Relações com Investidores.

De acordo com o executivo, a empresa começou a avaliar os empreendimentos que serão oferecidos no próximo leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), previsto para junho. Também estuda os projetos já divulgados para o certame programado para dezembro, ainda que os lotes não estejam totalmente definidos.

A ISA Cteep foi a maior ganhadora do último leilão de transmissão, em dezembro. Na ocasião, ao ofertar elevados deságios, o grupo arrematou

12

três lotes, que somam 379 quilômetros de linhas, R$ 1,3 bilhão de investimentos e Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 76 milhões. Esses projetos se juntam a outros 10 conquistados em leilões nos últimos quatro anos, que já consumiram R$ 890 milhões.

O primeiro desses treze lotes entrou em operação comercial no terceiro trimestre do ano passado, com 18 meses de antecedência em relação ao prazo da Aneel. Para 2020, a expectativa é de energizar de 4 a 6 projetos, também antes do prazo previsto pelo regulador. Com alguns empreendimentos greenfield chegando à fase mais “crítica” de desembolsos, o volume de investimentos em 2020 deve ficar acima dos R$ 770,8 milhões de 2019, de acordo com a companhia. Em outra frente, ela deve acelerar os investimentos em reforços e melhorias das linhas existentes: a empresa vinha investindo cerca de R$ 180 milhões por ano nesses projetos e já tem autorizações para R$ 500 milhões, que pretende executar nos próximos dois anos.

A ISA Cteep encerrou 2019 com lucro líquido de R$ 1,22 bilhão, resultado “robusto” e suficiente para permitir a continuidade da estratégia de crescimento dos negócios, avalia Gregori. Segundo ele, a queda de 4,3% do lucro líquido ante 2018 reflete basicamente as captações realizadas pela empresa para fazer frente a novos investimentos - essas operações aumentaram a dívida e, consequentemente, pesaram sobre a despesa financeira.

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Em termos de endividamento, a companhia tinha, em dezembro, alavancagem de 1,1 vez a relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado. O nível é considerado baixo e, junto à capacidade de geração de caixa, permite boas condições para financiar os projetos.

A ISA Cteep fechou 2019 com capacidade instalada (controladora, controladas e coligadas em operação) de 65,9 mil megavolt-ampères (MVA) de transformação, 18,6 mil quilômetros de linhas de transmissão, 25,8 mil quilômetros de circuitos e 126 subestações próprias. https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/0 5/cteep-promete-ser-agressiva-nos-leiloes.ghtml Retorne ao índice 13

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quinta-feira 05

de março de 2020.

Inframérica decide devolver

concessão de aeroporto no RN

Grupo argentino vai sair de Natal,

mas mantém operação em

Brasília e estuda novos leilões Por Daniel Rittner — De Brasília

Arruda, presidente da Inframérica: “Temos compromisso de manter os empregados e a qualidade operacional” — Foto: Andre Coelho/Valor

O grupo argentino Inframérica vai devolver ao governo federal o aeroporto de Natal (RN), que foi leiloado à iniciativa privada em 2011, como primeira concessão do setor no país. A decisão será comunicada formalmente hoje, por meio de ofício, à Agência Nacional de Aviação (Anac).

A operadora entrará com pedido de indenização, nos termos da Lei 13.448

14

de 2017, que trata da devolução amigável de concessões e de sua posterior relicitação. Ela calcula ter investido cerca de R$ 700 milhões, sem levar em conta atualização monetária, em obras de infraestrutura.

O aeroporto fica no município de São Gonçalo do Amarante, nas proximidades de Natal, e tem menos de dez anos. Sua pista foi construída inteiramente com recursos públicos. Coube à Inframérica erguer o terminal de passageiros (com 42 mil metros quadrados de área operacional e seis pontes de embarque), fazer o pátio de aeronaves e acessos à pista.

Três fatores motivaram o grupo a tomar essa decisão: 1) os estudos de viabilidade do aeroporto à época do leilão previam um movimento de 4,3 milhões de passageiros em 2019, mas na realidade a demanda verificada foi de 2,3 milhões; 2) por questões regulatórias, as tarifas de embarque ficaram defasadas e hoje são 35% inferiores às dos aeroportos da segunda e da terceira rodadas de concessões, que foram licitados em 2012 e em 2013; e 3) a torre de controle em Natal é a única operada por uma concessionária, mas tem tarifas de navegação aérea que equivalem a um quarto do valor praticado pelas torres da Infraero ou do Decea, vinculado à Aeronáutica.

De acordo com o presidente da Inframérica, Jorge Arruda, autoridades federais e do Rio Grande do Norte já foram avisadas informalmente. Pelos termos da Lei 13.448, o pedido de devolução é encaminhado inicialmente à Anac. Depois, passa pelo Ministério da Infraestrutura e a pelo Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

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“Nos últimos dois anos, foi criado um arcabouço regulatório que permite a devolução amigável. Vamos seguir estritamente a regulamentação vigente”, disse Arruda ao Valor. Ele preferiu não estimar prazos para todo o procedimento, mas lembrou que a operação do aeroporto continuará com a Inframérica até uma futura passagem de bastão para outra concessionária. “Nesse meio tempo, temos um compromisso de manter os empregados, a qualidade operacional e os esforços de atratividade de novas rotas para Natal, além de compromisso com os lojistas e prestadores de serviços.”

Com a crise econômica dos últimos anos prejudicando as operações e a impossibilidade de reequilíbrio econômico do contrato, segundo Arruda, a devolução amigável tornou-se a melhor alternativa. Ele esclareceu que a concessionária está “100% adimplente” com suas obrigações regulatórias e financeiras. A outorga em Natal é de R$ 15 milhões por ano e a parcela de 2020 já foi quitada em janeiro.

O executivo desvincula esse processo das operações em Brasília e descarta completamente a possibilidade de entregar também sua principal concessão no país. “Continuamos investindo no aeroporto de Brasília e, como holding aeroportuária, estamos atentos às oportunidades no Brasil.” Tanto é assim que suas equipes já estão mobilizadas para estudar os três lotes de aeroportos a serem leiloados neste ano. Ele menciona que o Bloco Sul, com Curitiba à frente, pode ter sinergia com as operações do grupo na Argentina e no Uruguai. O Bloco Norte tem Manaus como carro-chefe, um aeroporto com

15 bastante movimentação de cargas, experiência que a Inframérica adquiriu em Natal.

O grupo está capitalizado. Em 2017, a Corporación América - empresa-mãe da Inframérica - levantou US$ 500 milhões em sua oferta inicial de ações na Bolsa de Nova York. Ela opera 52 aeroportos em sete países, somando 84 milhões de passageiros por ano.

Em Natal, a Inframérica é dona de 100% do aeroporto. No caso de Brasília, ela detém 51% - a Infraero manteve participação de 49% na sociedade. Ambas as unidades foram privatizadas no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Procurada, a Anac disse que “a adesão à relicitação é um ato voluntário da concessionária e consiste na devolução amigável do ativo, com a consequente realização de novo leilão e assinatura de contrato de concessão com outra empresa”. A agência avalia que esse instrumento “traz segurança jurídica para os contratos, além de permitir a continuidade da prestação de serviços aos usuários”.

O procedimento é detalhado pelo decreto presidencial 9.957, de 2019, e pela resolução 533 da Anac, que define a metodologia de cálculo dos valores para indenização dos investimentos de bens reversíveis não amortizados. Para o Ministério da Infraestrutura, a sinalização de que a Inframérica pretende usar o mecanismo da devolução amigável é vista como um movimento natural de mercado e até oportuno do ponto de vista estratégico. “Oportuno porque o contrato atual é anterior a uma série de inovações de modelagem que estamos aplicando com

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muito sucesso no setor”, informou a assessoria da pasta.

“Trata-se também de passo significativo na consolidação do mecanismo e passa aos investidores uma boa imagem de respeito aos contratos, com correção de eventuais erros do processo, sem nenhuma intervenção antimercado”, completou. “Por último, o aeroporto de Natal é considerado um ativo extremamente interessante, por sua proximidade com a América do Norte e com a Europa, uma região turística de enorme potencial e com investimentos estrangeiros consolidados.” https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/0 5/inframerica-decide-devolver-concessao-de-aeroporto-no-rn.ghtml Retorne ao índice 16

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quinta-feira 05

de março de 2020.

Justiça determina bloqueio de

bens de Marcelo Odebrecht

Odebrecht vai tentar reaver R$

143,5 milhões exigidos por

Marcelo para assinar acordo de colaboração

Por Graziella Valenti — De São Paulo

A Justiça de São Paulo bloqueou R$ 143,5 milhões do patrimônio de Marcelo Odebrecht, esposa e filhas. A medida, de caráter liminar, foi solicitada pela Odebrecht S.A., principal holding do grupo, como medida preparatória para uma arbitragem contra o ex-presidente, condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A decisão foi concedida pelo juiz Eduardo Pellegrinelli, da 2ª Vara Empresarial de Conflitos e Arbitragens, na terça-feira. Os recursos foram pagos a Marcelo pela própria Odebrecht, em 2016, como condição exigida por ele para que assinasse o acordo de colaboração premiada (individual) com o Ministério Público Federal (MPF), junto com mais outros 76 executivos, o que permitiria que o grupo obtivesse o acordo de leniência (corporativo).

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Além dessa soma, a Odebrecht também arcou com a multa imposta ao ex-presidente pelas autoridades, no valor de R$ 73,4 milhões. Os recursos adicionais a essa multa foram obtidos exclusivamente por Marcelo. Nenhum outro colaborador do conglomerado teve acesso a tais facilidades. No total, o grupo gastou R$ 217 milhões com ele, sem considerar o salário que recebeu até a demissão por justa causa no fim do ano passado.

A Odebrecht buscará, por meio da arbitragem, reaver os recursos. A disputal arbitral está prevista como saída para solução de conflitos no contrato patrimonial que Marcelo assinou com a empresa. Além do bloqueio dos bens, o grupo solicitou segredo de Justiça para a causa, mas Pellegrinelli indeferiu.

A Odebrecht é uma sociedade anônima de capital fechado. O argumento da empresa na Justiça é que o pagamento foi um ato de liberalidade cometido pela administração em benefício de um acionista, contra os interesses da sociedade. Além disso, a decisão não teria cumprido nenhum rito oficial, como aprovação formal em conselho de administração ou assembleia de acionistas.

Os pagamentos feitos à Marcelo foram revelados pelo Valor em dezembro passado, em entrevista concedida pelo presidente do grupo, Ruy Sampaio. Logo após as declarações, a Odebrecht iniciou uma investigação interna a respeito do contrato, conduzido pelo escritório Veirano Advogados. Os trabalhos ainda não foram concluídos, conforme fontes.

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Desde junho, a Odebrecht está em recuperação judicial, com um total de R$ 98 bilhões em compromissos, sendo R$ 65 bilhões em dívidas com terceiros e R$ 33 bilhões entre as empresas do grupo.

Nesta semana, o colunista Lauro Jardim, de O Globo, informou que Marcelo colocou em andamento uma mudança de regime na relação patrimonial com a esposa, de comunhão para separação de bens. Pellegrinelli determinou o bloqueio de recursos pelo Banco Central e que a Sul América, instituição na qual estão investidos os recursos, bloqueasse os valores de fundo de previdência usado para os pagamentos da Odebrecht e informasse o destino dos recursos, em caso de eventual transferência de titularidade. https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/0 5/justica-determina-bloqueio-de-bens-de-marcelo-odebrecht.ghtml Retorne ao índice 18

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quinta-feira 05

de março de 2020.

Movimento falimentar

Falências Requeridas

Requerido: Conenge Manutenção e Montagem Industrial Ltda. - CNPJ: 06.371.965/0001-77 - Endereço: Rua Guaicurus, 80, Bairro Iguaçu - Requerente: Banco Fibra S/A - Vara/Comarca: 1a Vara de Ipatinga/MG Requerido: Katel Casa Shopping Ltda. - CNPJ: 18.750.511/0001-96 - Endereço: Av. Senador Feijó, 547, Bairro Vila Matias - Requerente: Vera Márcia Volpe - Vara/Comarca: 11a Vara de Santos/SP Requerido: Marcorélio Dias Mesquita Júnior Me, Nome Fantasia Grãos Mineiros - CNPJ: 13.011.834/0001-44 - Endereço: Rua Das Margaridas, 60, Bairro Campina Verde - Requerente: Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios Intercapital - Vara/Comarca: 1a Vara Empresarial de Contagem/MG

Requerido: N. A. da Silva Móveis - CNPJ: 26.743.882/0001-79 - Endereço: Rua Dr. João Éboli, 68, Bairro Vila Nova - Requerente: Vera Márcia Volpe - Vara/Comarca: 11a Vara de Santos/SP Requerido: Nc Games & Arcades Comércio, Importação, Exportação e Locação de Fitas e Máquinas Ltda. - CNPJ: 01.455.929/0001-78 - Endereço: Alameda Araguaia, 2104, 7º Andar, Cjto. 71, Bairro Alphaville, Barueri/sp –

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Requerente: Fundo de Investimento em Direitos Creditórios da Indústria Êxodus Institucional - Vara/Comarca: 1a Vara de Barueri/SP

Processos de Falência Extintos Requerido: Azevedo & Travassos Engenharia Ltda. - CNPJ: 57.259.392/0001-25 - Endereço: Rua Vicente Antonio de Oliveira, 1050, Bairro Vila Mirante - Requerente: Proshield Serviços e Monitoramento Eireli Epp - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/1A - Observação: Desistência homologada.

Requerido: Bela Vila Farmácia de Manipulação Ltda. - CNPJ: 09.434.013/0001-43 - Endereço: Rua Espartaco, 849, Bairro Vila Romana - Requerente: Klass Transporte de Cargas Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP - Observação: Homologado acordo entabulado entre as partes.

Requerido: Construtora Oas S/A - CNPJ: 14.310.577/0001-04 - Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 1350, 17º Andar, Sala 1701, Bairro Água Branca - Requerente: Keller Tecnogeo Engenharia e Fundações Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP - Observação: Desistência homologada.

Requerido: Coriant Serviços Técnicos do Brasil Ltda. - CNPJ: 17.102.486/0001-71 - Requerente: Midas Securitizadora Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São

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Paulo/SP - Observação: Desistência homologada.

Requerido: Fraga de Medeiros Projetos Ltda. - CNPJ: 05.903.138/0001-14 - Endereço: Rua Augusta, 1406, 2º Andar, Cjto. 21, Bairro da Consolação - Requerente: Dpr Telecomunicações Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP - Observação: Pedido julgado elidido.

Requerido: Gafisa S/A - CNPJ: 01.545.826/0001-07 - Endereço: Av. Das Nações Unidas, 8501, 19º Andar, Bairro de Pinheiros - Requerente: Aldo Bizinotto da Cunha - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP - Observação: Petição inicial indeferida. Requerido: Inipla Veículos Ltda., Nome Fantasia Alpini Veículos - CNPJ: 02.738.044/0001-49 - Endereço: Av. José de Souza Campos, 1549 A, Bairro Cambuí - Requerente: Milene Antoniassi Bortolin - Vara/Comarca: 5a Vara de Campinas/SP - Observação: Pedido julgado improcedente.

Requerido: Ricardo Orsi - Requerente: Four Credit Securitizadora S/A - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo/SP - Observação: Desistência homologada.

Recuperação Judicial Requerida Empresa: Companhia Leader de Promoção de Vendas - CNPJ: 07.504.125/0001-06 - Endereço: Av. Visconde do Rio Branco, 511 Parte, Centro, Niterói/rj - Vara/Comarca: 3a Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ

20 Empresa: Leader.com.br S/A - CNPJ: 11.748.375/0001-50 - Endereço: Av. República do Chile, 230, Centro - Vara/Comarca: 3a Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ

Empresa: Ull Moda Ltda. - CNPJ: 27.361.689/0001-36 - Endereço: Rua Francisco de Sousa e Melo, 1590, Galpão 05, Armazém 114, Cordovil - Vara/Comarca: 3a Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ

Empresa: União de Lojas Leader S/a, Nome Fantasia Leader Magazine - CNPJ: 30.094.114/0001-09 - Endereço: Av. Visconde do Rio Branco, 511, Centro, Niterói/rj - Vara/Comarca: 3a Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ Recuperação Judicial Deferida Empresa: C. Rezende Maschietto Transportes Eireli - CNPJ: 20.080.219/0001-55 - Endereço: Fazenda Rio Verde, S/nº, Bairro Rio Verde - Administrador Judicial: Dr. Wagner José Guimarães - Vara/Comarca: 1a Vara de Itararé/SP Empresa: Consunav Rio Consultoria e Engenharia S/A - CNPJ: 00.189.283/0001-61 - Endereço: Av. Rio Branco, 53, Pavimento 05, Centro, Rio de Janeiro/rj - Administrador Judicial: Medeiros, Medeiros & Santos Administração de Falências e Empresas em Recuperação Judicial Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara de Ipojuca/PE Empresa: Cyro Rezende Maschietto, Firma Individual - CNPJ: 36.281.367/0001-78 - Endereço: Fazenda Rio Verde, S/nº, Bairro Rio Verde - Administrador Judicial: Dr. Wagner José Guimarães - Vara/Comarca: 1a Vara de Itararé/SP

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Empresa: D a Câmera Comércio Ltda. - CNPJ: 36.310.763/0001-86 - Endereço: Não Consta - Administrador Judicial: Aj1 Administração Judicial, Representada Pelo Dr. Ricardo Ferreira de Andrade - Vara/Comarca: 2a Vara de Balsas/MA

Empresa: E Bedim Câmera Ltda., Nome Fantasia Fazenda Santa Lúcia V - CNPJ: 36.314.453/0001-30 - Endereço: Gleba Data Ipoeira, Lote 04, S/nº, Zona Rural, São Raimundo Das Goiabeiras/ma - Administrador Judicial: Aj1 Administração Judicial, Representada Pelo Dr. Ricardo Ferreira de Andrade - Vara/Comarca: 2a Vara de Balsas/MA

Empresa: Estaleiro Atlântico Sul S/A - CNPJ: 07.699.082/0001-53 - Endereço: Ilha de Tatuoca, S/nº, Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, Suape - Administrador Judicial: Medeiros, Medeiros & Santos Administração de Falências e Empresas em Recuperação Judicial Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara de Ipojuca/PE

Empresa: Go Câmera Ltda., Nome Fantasia Fazenda Bom Futuro - CNPJ: 36.310.659/0001-91 - Endereço: Gleba Data Cana Brava, S/nº, Zona Rural, Carolina/ma - Administrador Judicial: Aj1 Administração Judicial, Representada Pelo Dr. Ricardo Ferreira de Andrade - Vara/Comarca: 2a Vara de Balsas/MA

Empresa: I Soldatelli Ltda. - CNPJ: 36.310.371/0001-17 - Endereço: Não Consta - Administrador Judicial: Aj1 Administração Judicial, Representada Pelo Dr. Ricardo Ferreira de Andrade - Vara/Comarca: 2a Vara de Balsas/MA

21 Empresa: J Soldatelli Ltda. - CNPJ: 36.310.715/0001-98 - Endereço: Não Consta - Administrador Judicial: Aj1 Administração Judicial, Representada Pelo Dr. Ricardo Ferreira de Andrade - Vara/Comarca: 2a Vara de Balsas/MA Empresa: Ll Câmera Ltda., Nome Fantasia Fazenda Bom Princípio Iii - CNPJ: 36.310.602/0001-92 - Endereço: Gleba Data São Gonçalo, S/nº, Lote Bom Princípio Iii, Zona Rural, Carolina/ma - Administrador Judicial: Aj1 Administração Judicial, Representada Pelo Dr. Ricardo Ferreira de Andrade - Vara/Comarca: 2a Vara de Balsas/MA

Empresa: Rio Verde Administradora de Bens Ltda. - CNPJ: 17.254.036/0001-02 - Endereço: Fazenda Rio Verde, S/nº, Bairro Rio Verde - Administrador Judicial: Dr. Wagner José Guimarães - Vara/Comarca: 1a Vara de Itararé/SP Homologação de Desistência de Recuperação Judicial

Empresa: Indústria Têxtil Poles Ltda. - CNPJ: 43.239.375/0001-11 - Endereço: Rua Carioba, 959, Bairro Cordenonsi - Vara/Comarca: 4a Vara de Americana/SP

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/0 5/745b01c1-movimento-falimentar.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quinta-feira 05

de março de 2020.

Fusões e aquisições batem

recorde, diz PwC

Volume de negócios em janeiro foi o maior já realizado para o mês; tecnologia puxou as transações Por Ivan Ryngelblum — De São Paulo

O ano começou agitado no mercado de fusões e aquisições brasileiro, com o volume de operações em janeiro sendo o maior já registrado para o mês, uma sinalização de que 2020 será um ano marcante para este tipo de operação. Segundo levantamento feito pela consultoria e auditoria PwC Brasil obtido pelo Valor, foram anunciadas 89 transações no período, acima das 53 apuradas em janeiro de 2019, sendo o maior número da série histórica, iniciada em 1992.

Os dados demonstram que a recuperação da economia, ainda que gradual, ajuda a fortalecer o crescimento da quantidade de fusões e aquisições, segundo Leonardo Dell'Oso, sócio da PwC Brasil. “Vimos um crescimento expressivo de 2018 para 2019 na quantidade de fusões e aquisições e a expectativa é de que a gente bata recorde em 2020, passando de 1 mil transações, o que seria bastante emblemático”, disse ele ao Valor.

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De acordo com Dell’Oso, a estabilização da economia e as medidas do governo federal e do Congresso para melhorar a segurança jurídica do país estão colaborando para que os investidores olhem para o mercado e busquem oportunidades de negócios, especialmente os brasileiros, que conhecem as peculiaridades e as dificuldades do mercado local.

Em janeiro, houve um crescimento de 94% no número de negócios feitos por investidores nacionais, com 64 transações, correspondendo a 76% do total das aquisições e compras minoritárias anunciadas - um recorde para o mês.

O número de operações conduzidas por estrangeiros também aumentou, em 25%, para 20 transações. Dell'Oso disse que há grande interesse do público externo por ativos locais, informando que sua equipe tem recebido muita encomenda de trabalhos de diligência por parte dos estrangeiros. Mas afirmou que ainda há um certo grau de cautela nas intenções de compra.

“O estrangeiro é mais reticente. O Brasil já passou por várias ondas e crises, o que o deixa receoso. Eles preferem investir depois que as reformas forem aprovadas”, disse.

O setor de tecnologia da informação (TI) continuou sendo o que mais atraiu interesse, respondendo por 26% do total transacionado em janeiro. Foram registradas 23 operações, alta de 64%. A manutenção da liderança, segundo o sócio da PwC Brasil, é explicada pelo tamanho das companhias, geralmente pequenas, e a quantidade de startups que surgem a cada ano, com produtos

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que atraem investidores não especializados em tecnologia.

“Tem uma gama de empresas de serviços, produtores e indústrias que estão buscando melhorar seus processos, equipamentos, dar agilidade à produção e que estão adquirindo este tipo de empresa”, afirmou Dell'Oso. No segmento de serviços imobiliários foram apuradas nove transações em janeiro, uma sinalização de que o mercado está se recuperando. Em janeiro de 2019 não foram apuradas operações nesse mercado.

O levantamento apontou ainda que janeiro registrou três operações de privatização e concessão de serviços públicos. Em 2020, a PwC estima que o país possa fazer cerca de 100 transações de concessões e privatizações. Em 2019, foram 55 transações, um aumento de 53% ante 2018.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/0 5/fusoes-e-aquisicoes-batem-recorde-diz-pwc.ghtml Retorne ao índice

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Valor Econômico

Caderno: Agronegócios, quinta-feira

05 de março de 2020.

MP do Agro agora depende

apenas do aval de Bolsonaro

Congresso concluiu ontem a votação da Medida Provisória

Por Rafael Walendorff — De

Brasília

O Congresso concluiu ontem a votação da Medida Provisória 897/2019, a MP do Agro. A proposta foi aprovada de forma simbólica pelo Senado Federal e seguiu para a sanção do presidente da República, Jair Bolsonaro.

“Essa MP vira a página do crédito rural brasileiro. Ela traz oportunidade de modernização e de facilitação ao crédito”, afirmou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. “É um farol para a economia do Brasil”, reforçou o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Alceu Moreira (MDB/RS).

Prometida desde o anúncio deste Plano Safra 2019/20, em junho do ano passado, a medida provisória foi publicada no início de outubro depois de longas negociações em torno do texto em diversos órgãos do governo. A MP altera regras do crédito rural e é encarada pelo setor produtivo como um “divisor de águas” para o financiamento agropecuário. Entre os principais

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pontos, a MP amplia o escopo para emissão de títulos do agronegócio e tem potencial para atrair dezenas de bilhões de dólares para o campo nos próximos anos.

A Cédula de Produto Rural (CPR), por exemplo, poderá ser emitida de forma eletrônica, em moeda estrangeira, por residentes no país ou estrangeiros, por agroindústrias de beneficiamento e até para produtos que não são negociados em bolsa. A MP também permite a operação de recursos do Tesouro Nacional, com equalização de juros, por bancos privados, regra restrita a instituições públicas e cooperativas. A MP também institui o chamado “patrimônio de afetação”, para que propriedades rurais possam ser fracionadas e oferecidas como garantia em mais de uma operação de crédito, e também cria o Fundo Garantidor Solidário (FGS), a ser formado por produtores, bancos e credores, para avalizar a renegociação de dívidas e a contratação de crédito. O texto ainda abre uma linha de crédito com R$ 200 milhões para construção de armazéns por empresas cerealistas.

Com receio de impacto fiscal, o Ministério da Economia deverá pedir que Bolsonaro vete um artigo aprovado pelo Congresso que amplia o prazo de adesão à renegociação de dívidas rurais.

https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2020/0 3/05/mp-do-agro-agora-depende-apenas-do-aval-de-bolsonaro.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos,

quinta-feira 05 de março de 2020.

Conselho define tributação de

valores recebidos por árbitros

Para conselheiros, deve-se aplicar alíquota de 27,5% de Imposto de Renda

Por Beatriz Olivon — De Brasília

Tiago Conde: OAB já recebeu consulta sobre a arbitragem e definiu que é atividade privativa de advogado — Foto: Andre Coelho/Valor

O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) definiu ontem que valores recebidos por advogados que atuam como árbitros devem ser tributados como pessoa física. Para os conselheiros, deve-se aplicar a alíquota de 27,5% de Imposto de Renda (IRPF), e não a de 15% paga por pessoa jurídica. Atletas como Neymar Jr., Alexandre Pato e Gustavo Kuerten já tiveram essa mesma discussão com a Receita Federal. Porém, foi a primeira vez que o

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órgão analisou o caso de um advogado que atua como árbitro.

A decisão da 2ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção foi por voto de qualidade - o desempate do presidente da Turma. É possível recorrer à Câmara Superior. Mas é necessário apresentar precedente sobre o mesmo assunto em sentido contrário (processo nº 12448.731372/2014-15).

O profissional foi autuado porque a Fazenda entende que a arbitragem não é uma atividade da advocacia. Por isso, os rendimentos não podem ser recebidos pelo escritório. Devem ser tributados por meio da pessoa física, como definiram os conselheiros.

No julgamento, a relatora, conselheira Ana Claudia Borges de Oliveira, representante dos contribuintes, ficou vencida. No voto, considerou que o árbitro atua com uma equipe de profissionais, responsáveis por pesquisas e levantamentos sobre o tema em discussão e, por isso, a tributação poderia ser na pessoa jurídica.

Já o presidente da turma, conselheiro Denny Medeiros da Silveira, representante da Fazenda, levou em consideração o fato de a contratação ser de pessoa física. Para ele, o serviço de arbitragem não é próprio da advocacia, já que o árbitro pode ser qualquer pessoa que tenha expertise na matéria. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já recebeu consulta sobre a arbitragem e definiu que é atividade privativa de advogado, mas a parte pode ter árbitros com outras formações, segundo o advogado Tiago Conde, sócio do escritório Sacha Calmon, que

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acompanhou o julgamento. “A decisão é grave para os advogados”, afirma. A advocacia, acrescenta Conde, é um serviço altamente especializado e, por isso, se encaixa nas atividades de natureza intelectual, que a Lei nº 11.196, no artigo 129, afirma se sujeitar à legislação de pessoa jurídica.

Apesar de incomum na arbitragem, a discussão é comum para atletas e artistas. Desde 2003, mais de 400 já foram autuados por esse motivo. Nos casos, as discussões costumam incluir acusações de criação de empresas fictícias para o recebimento de serviços prestados e direitos de imagem.

Os atletas costumam tomar como base a Lei nº 11.196, de 2005, que permite a abertura de pessoa jurídica para o recebimento de remuneração por prestação de serviços intelectuais, mesmo em caráter personalíssimo - como é o caso da cessão de direitos de imagem para eventos e propagandas. Em muitas situações, tenta-se a aplicar de forma retroativa a norma. Mas as decisões do Carf em casos anteriores a 2005 são, em sua maioria, contrárias aos contribuintes.

O primeiro caso julgado pela Câmara Superior foi o do ex-tenista Gustavo Kuerten. A cobrança sobre contratos de patrocínio foi mantida pelo órgão. No caso de Pato e Neymar, parte foi cancelada em turmas, mas falta manifestação da última instância do Carf. O processo de Neymar poderá ser encerrado por uma questão processual.

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/03/ 05/conselho-define-tributacao-de-valores-recebidos-por-arbitros.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos,

quinta-feira 05 de março de 2020.

STJ volta a julgar penhora

sobre investimentos

Ministros discutem bloqueio de quantias de até 40 salários mínimos pelo sistema Bacen Jud Por Joice Bacelo — De Brasília

Luis Felipe Salomão: proteção independe da conta em que está o depósito — Foto: Divulgação

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) está dividida sobre a penhora de quantias de até 40 salários mínimos pelo Bacen Jud, o sistema do Banco Central. Os ministros discutem se há impedimento apenas para os valores que estão depositados na poupança, como prevê o Código de

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Processo Civil (CPC), ou se a vedação pode ser estendida para outras aplicações financeiras e também para a conta corrente dos devedores.

Há, por enquanto, dois votos sobre esse tema. Um para cada lado. O caso foi discutido na sessão de ontem e acabou sendo suspenso por um pedido de vista regimental do relator, o ministro Herman Benjamin. Não há ainda uma nova data definida para voltar à pauta. Herman Benjamin pediu vista logo após o voto do ministro Luis Felipe Salomão. O relator argumentou que, a partir do olhar do colega sobre o tema, divergente do seu, gostaria de analisar novamente a matéria.

Benjamin havia proferido voto em novembro do ano passado, quando o julgamento teve início, e fez uma interpretação restritiva da legislação. Para ele, como o CPC, no artigo 833, inciso 10, trata expressamente de “poupança”, a impenhorabilidade de valores de até 40 salários mínimos teria de se limitar a esse tipo de conta.

Já o ministro Luis Felipe Salomão, que apresentou o seu voto na sessão de ontem, entendeu que a proteção dos 40 salários mínimos independe da conta em que os valores estão depositados. Para o ministro, a intenção do legislador, ao inserir a poupança no rol da impenhorabilidade, foi a de garantir um mínimo existencial ao devedor como consequência do princípio da dignidade da pessoa humana.

“Entendo que a norma carrega forte viés humanitário e protetivo”, disse ao proferir o voto. “Não pode ser interpretada com base no nome da

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aplicação financeira e não em função da natureza de reserva do pequeno poupador. A execução não pode servir para levar o devedor à ruína”, acrescentou o ministro.

O recurso em análise pelos ministros que compõem a Corte Especial - são os 15 mais antigos do tribunal - foi apresentado pela União contra a liberação de valores que haviam sido bloqueados de forma eletrônica, por meio do Bacen Jud, em uma execução fiscal de dívida ativa (REsp nº 1660671).

Essa execução havia sido redirecionada para um dos sócios de uma empresa. O valor penhorado, cerca de R$ 34 mil, estava depositado na conta corrente do devedor. Um outro recurso, também apresentado pela União e envolvendo situação semelhante, está sendo julgado em conjunto. Trata-se do REsp nº 1677144.

Atualmente, a jurisprudência que predomina no tribunal está mais próxima da interpretação que foi feita pelo ministro Luis Felipe Salomão, ou seja, por ampliar o que consta no inciso 10 do artigo 833 do CPC. A 2ª Seção, por exemplo, que julga as questões de direito privado no tribunal, tem decisões que estendem a impenhorabilidade de até 40 salários mínimos para outros tipos de conta e aplicações, inclusive fundos de investimento, desde que não haja abuso de direito, má-fé ou fraude pelo devedor, situação que deve ser apurada caso a caso. https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/03/ 05/stj-volta-a-julgar-penhora-sobre-investimentos.ghtml Retorne ao índice 28

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos,

quinta-feira 05 de março de 2020.

Carf analisa autuações a Collor

Receita cobra Imposto de Renda que não teria sido recolhido pelo senador

Por Beatriz Olivon — De Brasília

O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) começou a julgar ontem três processos do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello (Pros-AL). Nas autuações fiscais, a Receita Federal cobra Imposto de Renda (IRPF) sobre valores que a Operação Lava-Jato teria apontado se tratar de propina. A defesa do senador, por sua vez, alega que seriam empréstimos.

As cobranças são analisadas pela 1ª Turma da 2ª Câmara da 2ª Seção. Porém, antes mesmo do voto do relator o julgamento foi suspenso por um pedido de vista. O caso será retomado em abril.

Os autos de infração são referentes a valores de Imposto de Renda que deixaram de ser recolhidos nos anos de 2010, 2011, 2012 a 2014. Neles, a fiscalização aponta omissões de rendimentos recebidos de pessoas físicas e jurídica (TV Gazeta de Alagoas) e por meio de depósitos de origem não comprovada. É cobrada multa qualificada de 150%.

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De acordo com o termo de verificação fiscal, foram identificados por meio da Operação Lava-Jato cinco comprovantes de depósito bancário do doleiro Alberto Youssef para o senador. Estariam em nome do senador e da Gazeta de Alagoas, que teria recebido os valores em nome do político, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR). O então juiz Sergio Moro autorizou o compartilhamento dos documentos com a Receita Federal. Na sustentação oral, o advogado do senador, Felipe Lins, sócio do escritório BJLL, alegou ilegalidade no uso de provas geradas em processo penal que teria usurpado competência do Supremo Tribunal Federal (STF). Também haveria nulidade por falta de apresentação dos extratos bancários do senador para comprovar os depósitos. Ainda segundo o advogado, há valores autuados referentes a empréstimos e, por isso, não haveria tributação pelo IRPF.

O advogado afirmou que Collor faz saques na Gazeta de Alagoas há mais de 20 anos, quando nem existia Operação Lava-Jato. Seriam empréstimos, sobre os quais a Receita já cobrou IOF no passado. “Agora, depois da Operação Lava-Jato, a Receita muda o conceito, diz que não são contratos de mútuo, mas lavagem de dinheiro”, afirmou Já a procuradora Lívia da Silva Queiroz, da Fazenda Nacional, destacou em sustentação oral, entre outros pontos, que as receitas que Collor obteve não vinham, por exemplo, da atividade da TV Gazeta, não eram lucro distribuído e nem empréstimo, mas valores que transitaram pelas contas da empresa. “Não há devolução do principal, a

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dívida só se acumula. Também não há juros. Só saques dos valores das empresas, afirmou.

Ao analisar o caso, o relator, conselheiro Savio Salomão de Almeida Nóbrega, representante dos contribuintes, rejeitou as preliminares alegadas pelo senador. Se aceitas, impediriam o julgamento de mérito, derrubando as cobranças. O presidente Carlos Alberto do Amaral Azeredo, representante da Fazenda, adiantou que seguiria o entendimento, mas sua posição ainda não foi computada. Em seguida, o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra, também representante da Fazenda, pediu vista, suspendendo o julgamento (processos nº 10410.724936/2016-27, nº 10410.725543/2017-11 e nº 10410.725180/2016-33). https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/03/ 05/carf-analisa-autuacoes-a-collor.ghtml Retorne ao índice 30

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