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A Lei e a Graça. Pr. Fernando Herculano Gonçalves

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Academic year: 2021

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A Lei e a Graça

Pr. Fernando Herculano Gonçalves

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Essa pesquisa apresenta uma reflexão bíblica e teológica a respeito da lei e da graça que são representadas respectivamente pelo Antigo e Novo Testamentos. A abordagem visa colocar ambos os períodos como uma continuidade e como temas que se entrelaçam formando um todo, uma unidade, a partir de uma revelação mais antiga ao povo judeu, mas que se desenvolve e amplia até que a nova aliança tenha sido estabelecida com todos os povos em Jesus Cristo. A partir desse pressuposto é apresentado algumas posições extremas que antagonizam a lei e a graça e respectivamente os dois Testamentos. O tema é também abordado a partir da ótica de algumas das personagens mais importantes da história da igreja em todos os tempos.

Palavras-chaves: Lei, graça, Antigo Testamento, Novo Testamento, legalismo, antinomianismo.

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SUMÁRIO

1 Introdução...06

2 Conceitos...07

3. Contradição ou Continuação?...07

4. Os Extremos: O Legalismo e o Antinomianismo...07

5. A Lei e a Graça Como Sistemas...08

6. A Lei e o Antigo Testamento Interpretados Por Várias Personalidades...09

7. Harmonia da Lei e Graça, Antigo e Novo Testamentos...10

8 Conclusão...11

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1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que as questões que envolve lei e graça, Antigo e Novo Testamentos, fazem parte de debates desde os tempos apostólicos bem como na atualidade. Há certamente uma problemática em harmonizar esses temas de modo que não se rompa a coerência e unidade de todas as Escrituras.

Diante desse objetivo surgem perguntas como: Lei e graça são partes de um todo ou são contraditórios? Antigo e Novo Testamentos são uma continuidade ou expressam idéias antagônicas? Certamente são perguntas que não se calam, mas não há dúvida que a pesquisa bíblica e o pensamento de personagens da história da igreja que foram fundamentais na formação da teologia cristã, concederão grande contribuição para que se possa chegar a uma conclusão satisfatória a respeito do tema proposto.

Portanto esse é o objetivo, buscar essas respostas com coerência, clareza e objetividade, pois, o presente tema é de alta relevância para a fé e a vida cristã prática, podendo proporcionar uma condição superior na compreensão e na experiência da vida cotidiana.

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2 Conceitos

A lei é o conjunto de normas, ordenanças, orientações estabelecidos no Antigo Testamento, o termo hebraico é “torah”, no grego o termo correspondente é “nomos”. O decálogo é chamado de lei, e de igual forma o Pentateuco. O apóstolo Paulo usa o termo “regime da lei” (Rm 4.16; 5.13; ICo 9.20; 21) dando uma conotação mais ampla, tempo ou dispensação. Dessa forma entende-se que o Antigo Testamento é a lei, ou a dispensação da lei, nominada também como Antiga Aliança com o povo judeu.

Graça é um termo muito próprio do Novo Testamento, o termo grego é “charis” e significa o amor de Deus que o leva a salvar as pessoas e as manterem unidas a Ele. É um favor, um presente concedido ao homem que exerce a sua fé no salvador. Segundo as Escrituras a graça é alcançada mediante o exercício de fé independente de qualquer outra coisa, é a tônica da Nova Aliança.

3 Contradição ou Continuação?

Uma harmonia entre esses dois termos ou dois tempos distintos se faz necessário: A lei é própria do Antigo Testamento, mas é perceptível de modo sensível na Nova, por outro lado, a graça é claramente perceptível também no Antigo Testamento em muitos eventos como por exemplo na chamada de Noé1 que achou graça diante de Deus. Certamente são harmônicos entre si, mas que ao longo da história da igreja, desde a era apostólica até a atualidade, tem sido amplamente discutido tornando-se um importante tema a elucidar.

4 Os Extremos: O legalismo e o Antinomianismo

Na história da igreja se detecta dois fenômenos antigos e que se transvestem de nova roupagem, por um lado o legalismo judaizante e por outro, a antinomia de Marcião. A antinomia de Marcião2 teve a atitude de tratar o Antigo Testamento como um livro de uma religião sem nenhuma ligação com o cristianismo, segundo ele, o cristianismo é a religião do amor e que não havia espaço para a lei e dessa forma, apontou um Deus distinto entre o Antigo e Novo Testamentos. Marcião foi considerado pela igreja um herético e excomungado

no ano de 144 d.C..

1

Gn 6:8 Porém Noé achou graça diante do SENHOR.

2

Marcião era filho do bispo de Sinope, na região do Ponto. Considerado como herege pela igreja no segundo século. Ensinava o rompimento dos cristãos com o Antigo Testamento.conf. Gonzalez p.98, vol. 1.

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Testamento...O própósito de Cristo tinha sido a destituição do Deus do Antigo Testamento (que guardava uma incrível semelhança com o demiurgo dos gnósticos, uma figura semidivina vista como o princípio organizador do universo),

introduzindo-nos na adoração do verdadeiro Deus da graça.”.3

Por outro lado percebe-se outro fenômeno, judaizante, que preconiza a prática da Nova Aliança aos moldes do Antigo Testamento exigindo a circuncisão e a prática da lei, conforme evento ocorrido nos tempos bíblicos:

“Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos.” At 15:1

É razoável que se pense em um equilíbrio e consenso para que a mensagem das Escrituras seja harmonizada. As duas posições acima citadas são extremamente afastada da idéia do Novo Testamento.

5 A Lei e a Graça Como Sistemas

Segundo Champlin4 Paulo apresenta a lei como um sistema de vida e não apenas uma série de mandamentos. E a operação do Espírito Santo nunca é ligada a esse sistema, a lei, portanto, foi dada para que a natureza do pecado e sua realidade fossem percebidas, conforme as indicações dos textos bíblicos:

“Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” Gl 3:2

“Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri.” Rm 7.9

A graça por sua vez é também identificada como um novo sistema de vida espiritual, ajudada pela operação do Espírito Santo no interior do homem. È enfatizado uma operação espiritual no interior, a nova vida não será movida pela lei ou por rituais religiosos e sim um contato místico entre o agraciado e Deus, é uma nova forma de vida enfatizada pelo Novo Testamento:

“Mas agora morrendo para aquilo que antes nos prendia, fomos libertados da Lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito, e não segundo a velha forma da Lei escrita”Romanos 7.6 NVI

Portanto, é enfatizado dois modos diferentes segundo Paulo: velha forma da lei, é o modo pertencente à Antiga Aliança e o novo modo do Espírito, que é senão a vida debaixo da graça de Deus. Está aqui em contraste uma vida baseada na confiança de justificação em

3 Macgrath, p.203 (visão de Marcição a cerca do Deus revelado no Antigo Testamento). 4

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relação à lei e o modo de vida com os princípios interiorizados pelo Espírito Santo. Concordando com esse princípio a seguinte passagem de Romanos:

“Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus.” Rm 2:29

6 A Lei e o Antigo Testamento Interpretados Por Várias Personalidades

Jesus falou a respeito da lei de modo diferente em relação a Paulo, conforme Champlin5. Jesus reconhece a autoridade da lei e de todo o Antigo Testamento, rejeita o fanatismo legalista dos fariseus e interpreta alguns pontos da lei de uma forma que vai além da que está escrita como se observa no sermão do monte quando fala sobre o adultério, a vingança, dentre outros.

Paulo como um apóstolo para os gentios aborda e centraliza sua mensagem na graça de Deus como o único fator justificador para o pecador. Preconiza contra o legalismo judaico e aponta a lei como um princípio fundamental para avultar o pecado no homem demonstrando assim a condição pecadora do ser humano. Paulo inclusive extrai do Antigo Testamento noções de graça em sua abordagem.

Segundo Macgrath, Lutero tinha leves traços desse pensamento de Marcião, mas considerava que o Deus do Antigo e Novo Testamentos era o mesmo, mas entendia que o judaísmo estava totalmente voltado para a idéia de justificação mediante as obras, dessa forma acreditavam que era possível receber o favor de Deus por meio de méritos pessoais, enquanto que o Novo testamento apontava claramente para uma justificação mediante os méritos de Jesus Cristo. Teólogos luteranos afirmam a visão de Lutero da lei na Fórmula de Concórdia6 (1577), a declaração de fé luterana aponta três utilidades da lei: revelar o pecador; estabelecer um nível de moral na sociedade e conceder uma regra aos regenerados pela fé.

Macgrath afirma que Calvino defende uma semelhança e continuidade ente os Testamentos baseados nos seguintes argumentos: Ênfase da imutabilidade da vontade de Deus; ambos os Testamentos proclamam a graça de Deus que se manifesta em Jesus Cristo, o testemunho do Antigo Testamento é mais de longe e de forma mais obscura, mas sem dúvidas presente; os sinais de sacramentos estão presentes em ambos Testamentos.

“Calvino defende que os dois testamentos são basicamente idênticos. Eles diferem em administratio, mas não em substantia. Em relação à substância e conteúdo, não há uma ruptura radical entre ambos. O Antigo Testamento acaba ocupando uma posição cronológica diferente do Novo Testamento no plano divino

5

Champlin, P.774, vol.3

6

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mesmo.”

7 Harmonia da Lei e Graça, Antigo e Novo Testamento

Fica claro que é necessário buscar uma posição equilibrada e harmoniosa a partir do seguinte conceito: A igreja cristã historicamente aceita a autoridade de ambos os Testamentos, portanto, deve-se pensar coerentemente nesses termos.

Segundo Calvino8 A revelação do Antigo Testamento é restrita à nação de Israel e a revelação do Novo Testamento tem um escopo universal, então a esfera da Antiga Aliança é restrita a Israel, com o advento de Jesus essa distinção entre judeus e gentios obteve seu fim.

Dessa forma o Antigo Testamento preenche um tempo anterior da revelação de Deus de modo a iniciar um ponto de partida para o todo. Há uma progressão na revelação divina e a Antiga Aliança é o princípio, potencializando um povo em uma época para que todo o plano completo se desenrolasse e se tornasse abrangente. Deus inicia com Israel, mas o alvo era todos os povos conforme Gênesis 12:3:

“Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.”

Dessa forma a graça está na Antiga Aliança, os homens vocacionados são uma expressão da graça, a lei também é graça, pois visava o plano integral de Deus:

“Porém Noé achou graça diante do SENHOR.” Gn 6:8

O regime da lei foi um tempo em que Deus preparou um povo para ser guardião das Escrituras e para que fosse preparado toda a estrutura para que a maior manifestação da graça de Deus tomasse lugar: A vinda de Jesus. Em Jesus a revelação de Deus foi plena inaugurando a Nova Aliança, que certamente é uma continuidade do plano redentor que é eterno. Aquilo que estava revelado em partes agora era muito mais claro. E todo o ensinamento de Jesus, enriquecido pela sua revelação e aumentado pela sua autoridade, forma a igreja e o Novo Testamento. A origem Neo Testamentária é totalmente apostólica. Em Cristo a mensagem evangélica é acessível a todos os povos, sem distinção alguma. A igreja é a união de todos mediante a fé em Jesus Cristo o Salvador.

7

Macgrath, p.204

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8 Conclusão

A finalidade da pesquisa foi harmonizar lei e graça demonstrando que não há antagonismo e sim completude entre ambos os temas, e que igualmente não há contrariedade entre os dois Testamentos das Escrituras, são apenas revelações para épocas diferentes, a Antiga exclusivamente a judeus e a Nova para todos os povos. A primeira é o ponto de partida, o início e a segunda a conclusão da revelação progressiva.

Conclui-se, portanto, que esses temas formam os dois lados da mesma moeda, de modo que as posições extremas certamente dificultarão a compreensão do todo. Há que se caminhar em uma linha tênue da sensibilidade, conhecimento, coerência, unidade e equilíbrio, para que se evite tanto o legalismo quanto antinomianismo.

A graça é o conjunto de tudo o que Deus fez visando a regeneração do gênero humano, e nesse conjunto está a lei, o Antigo Testamento, a vocação do povo judeu, os apóstolos, a igreja, o Novo Testamento, o exemplo de fé em todas as eras da história e Jesus Cristo.

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CHAMPLIN, R.N. Encicolopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2008, vol.3. 935p.

CHAMPLIN, R.N. Encicolopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2008, vol.2. 995p.

MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica. São Paulo:Shedd Publicações, 659p.

GONZALEZ, Justo L. Uma História Ilustrada do Cristianismo – A Era dos Mártires. São Paulo: Vida Nova, 177p.

CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo. São Paulo: Milenium, Vol 5. 670p.

GONZALES, Justo L. Dicionário Ilustrado dos Intérpretes da Fé. São Paulo: Editora Academia Cristã Ltda, 2008,701p.

COENEN, Lothar, BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo.: Vida Nova, 2000. 1360p.

SHEDD, R.P. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Edições Vida Nova, 1998, vol 2. 780p.

BÍBLIA SAGRADA, Nova Versão Internacional. 5ª Ed. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001

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