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Ref.: Consulta Pública do Projeto de Regulamento PRIIPS da CMVM n.º 9/2017

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À

Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) Rua Laura Alves, n.º 4

Apartado 14258 1064-003 Lisboa

30 de novembro de 2017

Exmos. Senhores,

Ref.: Consulta Pública do Projeto de Regulamento PRIIPS da CMVM n.º 9/2017 Em nome do Commerzbank Aktiengesellschaft (“Commerzbank”) e do Citigroup Global Markets Deutschland AG (“CGMD”), com o apoio do Euronext Lisbon e da Associação Europeia de Produtos de Investimento Estruturados (European Structured

Investment Products Association - “EUSIPA”), gostaríamos de começar por agradecer a

oportunidade de submeter as nossas observações ao projeto de Regulamento da CMVM relativo a produtos de investimento de retalho e a produtos de investimento com base em seguros (“PRIIPS”), submetido a consulta pública a 10 de novembro de 2017 (o “Projeto Português de Regulamento PRIIPS”), que (i) desenvolve e operacionaliza o Regulamento (UE) n.º 1286/2014, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de novembro de 2014, no que se refere aos documentos de informação fundamental para PRIIPS (“Regulamento UE PRIIPS”) e (ii) revoga o Regulamento da CMVM n.º 2/2012.

Enquanto emitentes de longo prazo e comprometidos com o mercado de vários instrumentos financeiros em Portugal, e beneficiando da expertise e experiência do Euronext Lisbon e da EUSIPA, entendemos estar numa posição privilegiada para oferecer o nosso ponto de vista no que se refere à comercialização de PRIIPS no mercado português.

Tendo em conta o acima exposto, submetemos, pela presente, as nossas observações relativas ao Projeto Português de Regulamento PRIIPS:

1. Enquadramento

O Projeto Português de Regulamento PRIIPS tem por objetivo desenvolver e operacionalizar o Regulamento UE PRIIPS, sendo expectável que tal ocorra em conformidade com o Direito da União Europeia e em termos consistentes com regulamentação prévia sobre

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a matéria (em particular, com o Regulamento da CMVM n.º 2/2012, que será revogado pelo Regulamento Português PRIIPS).

Não obstante, é nosso entendimento que o Projeto Português de Regulamento PRIIPS não assegura a conformidade com o acima disposto, sobretudo em face da incompatibilidade entre os respetivos termos e:

(i) O princípio da não aplicabilidade dos requisitos de informação a alguns PRIIPS negociados em mercado (“ETPs”)1, conforme decorre do artigo 2.º, n.º 3 do Regulamento da CMVM n.º 2/2012; bem como

(ii) O Regulamento (UE) n.º 600/2014, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de maio de 2014, relativo aos mercados de instrumentos financeiros, que altera o Regulamento (UE) n.º 648/2012 (“RMIF”), em particular o respetivo artigo 42.º (intervenção das

autoridades competentes sobre produtos).

Adicionalmente, considerando as atuais condições de mercado, é nosso entendimento que caso a redação do Projeto Português de Regulamento PRIIPS se mantenha, tal poderá ditar a extinção do mercado dos ETPs em Portugal.

Atualmente, o segmento de ETPs em Portugal é composto por aproximadamente 2.000 produtos admitidos à negociação no Euronext Lisbon. Estes produtos são maioritariamente produtos alavancados aos quais os investidores de retalho têm acesso através dos intermediários financeiros nacionais que disponibilizam um serviço competitivo de intermediação financeira online. O investidor atua tipicamente sem prévia solicitação e os ETPs não são ativamente distribuídos a estes investidores. O segmento de ETPs tem experiência comprovada de alcance de um elevado nível de auto-regulação em cada mercado regional.

Cumpre ademais notar que, em toda a União Europeia, a Bélgica foi, até agora, o único Estado-Membro a aprovar regulamentação nacional relativa a PRIIPS.

1

Produtos Negociados em Mercado (ETPs) são produtos financeiros, emitidos por bancos, que têm por base um prospeto aprovado pelo supervisor financeiro nacional, que são admitidos para negociação contínua em mercado regulamentado ou sistema de negociação multilateral. Em Portugal, ETPs inclui produtos como warrants tradicionais, turbo warrants, factor warrants e também produtos não alavancados como index tracking

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Em todo o caso, e de acordo com a informação recebida da BELSIPA - a associação nacional belga para emissão de produtos estruturados - as regras de implementação dos PRIIPS não irão prever, em relação a ETPs, designadamente, o requisito de notificação do DIF à autoridade local FSMA com cinco dias de antecedência. No contexto do mercado belga, esta isenção respeita quase exclusivamente a produtos alavancados. De acordo com a informação de que dispomos, é suposto que esta isenção seja clarificada de forma explícita no texto legal que acompanhará as normas nacionais relevantes, que terão, na Bélgica, o formato de Real Decreto.

Contrariamente, mercados desenvolvidos de ETPs como a Alemanha, França ou Suécia prescindiram de regulamentação nacional relativa a PRIIPS e revelaram não ter intenção de fazê-lo no futuro.

Pelas razões acima expostas, que serão exploradas com maior detalhe nos capítulos seguintes, é entendimento do Commerzbank e do CGMD, com o apoio do Euronext Lisbon e da EUSIPA, que o Projeto Português de Regulamento PRIIPS não deverá ser aprovado, uma vez que o mesmo implicará a proibição de produtos como os ETPs acima referidos, e potencialmente uma violação do Direito da União Europeia.

2. Incompatibilidade do Projeto Português de Regulamento PRIIPS com o Princípio da Não-Aplicabilidade dos Requisitos de Informação a certos ETPs

De acordo com o artigo 2.º, n.º 3 do Regulamento da CMVM n.º 2/2012, que será revogado pelo Regulamento Português PRIIPS “A prestação exclusiva do serviço de receção

e transmissão ou execução de ordens relativas a PFC negociado em mercado regulamentado ou sistema de negociação multilateral não fica sujeita ao disposto no presente regulamento, desde que o serviço seja comprovadamente prestado por iniciativa do cliente.” (“Regra de

Isenção dos ETPs”)

Surpreendentemente, o Projeto Português de Regulamento PRIIPS não inclui uma Regra de Isenção de PRIIPS, não obstante não haver razões para que essa isenção deixe de ser aplicável.

O próprio Regulamento UE PRIIPS parece assumir a isenção dos ETPs, ao prever que a necessidade de regular e impor determinados requisitos de divulgação decorre de

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divulgações descoordenadas existentes para investidores de retalho quando são oferecidos alguns desses PRIIPS, que frequentemente não os ajudam na comparação dos diferentes produtos ou na compreensão dos riscos e custos envolvidos.2

Em linha com o previsto no artigo 2.º, n.º 3 do Regulamento da CMVM n.º 2/2012, notamos que a oferta de PRIIPS nesses termos não é equivalente - e nunca será - à prestação de serviços de receção e transmissão de ordens relativas a ETPs, por iniciativa do cliente que analisa o desempenho dos ETPs no mercado relevante e toma decisões de investimento baseadas na sua análise, sem que lhe seja dirigida uma oferta por uma entidade comercializadora.

Em face das considerações anteriores, torna-se essencial garantir que o Projeto Português de Regulamento PRIIPS, se finalmente aprovado, incluirá uma Regra de Isenção de ETPs, nos mesmos termos previstos no artigo 2.º, n.º 3 do Regulamento da CMVM n.º 2/2012.

Ainda que, hipoteticamente, a CMVM decidisse que não deveria existir qualquer Regra de Isenção de ETPs no Regulamento Português PRIIPS, pelo menos as disposições referidas abaixo não deveriam ser aplicáveis a ETPs, uma vez que de outro modo o mercado de ETPs não poderia operar e, consequentemente, acabaria por rapidamente se extinguir:

(i) Notificação Prévia do Documento de Informação Fundamental à CMVM - Artigo 5.º do Projeto Português de Regulamento PRIIPS

É nosso entendimento que o dever de notificação prévia do Documento de Informação Fundamental (“DIF”) à CMVM não deverá ser aplicável aos ETPs. Com efeito, existe um modelo estandardizado de DIF para todos os ETPs e estes serão atualizados diariamente, sempre que um investidor ou comercializador pesquise tal documento.

A responsabilidade do emitente é disponibilizar o DIF conforme disposto no Regulamento UE PRIIPS. Admite-se que o modelo-base do DIF possa ser disponibilizado à CMVM para prévia revisão e aprovação. Porém, o envio do DIF através do domínio extranet da CMVM não é exequível de um ponto de vista operacional.

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(ii) Formulário de Subscrição - Artigo 7.º do Projeto Português de Regulamento PRIIPS

A exigência de um formulário manuscrito ou digitado pelo investidor não deverá ser aplicável aos ETPs quando o investidor tenha sido objeto de qualificação nos testes para colocação no respetivo mercado-alvo, salvo quando a entidade comercializadora procure comercializar ativamente o ETP junto de um cliente.

Importa realçar que, por exemplo, para um negociador diário (day trader) de ETPs, que poderá utilizar um algoritmo para investir, poderá não ser possível de um ponto de vista operacional, e não fará sentido, preencher o formulário de subscrição previamente a cada investimento. Ademais, para ETPs, a obrigação de subscrever documentos adicionais, com a perda de tempo que isso implica, pode mesmo prejudicar o investidor, uma vez que o valor de um ETP está em permanente variação.

Acresce que seria discriminatório tornar mais difícil para os investidores em Portugal subscrever PRIIPS comparativamente com investidores em outros Estados-Membros da União Europeia.

(iii) Comunicação de Alterações Resultantes da Revisão do DIF - Artigo 9.º do Projeto Português de Regulamento PRIIPS

Esta disposição não é suscetível de ser operacionalizada quando estejam em causa ETPs, em particular considerando que a entidade comercializadora necessitará de (a) criar um DIF de forma manual (através de um link proporcionado pelo emitente) e (b) enviar esse mesmo documento a todos os investidores; o que claramente não é exequível em face das proporções e volume do mercado português de ETPs e da tecnologia disponível.

(iv) Publicidade a PRIIPS - Artigos 15.º a 17.º do Projeto Português de Regulamento PRIIPS

Uma vez mais, entendemos que os ETPs deverão estar fora do âmbito de aplicação destes artigos, ou pelo menos estas disposições deveriam ser revistas no sentido de adaptar o seu conteúdo aos ETPs. Com efeito, os emitentes destes produtos podem ter a intenção de fazer publicidade aos ETPs, muito embora não estejam a comercializar estes produtos junto dos investidores.

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Em todo o caso, e como comentário genérico ao regime proposto, notamos que, uma vez que o investidor é alertado para a existência de um DIF e deve reconhecer a existência do DIF, a obrigação de apresentar, em todos os materiais publicitários, informação como a prevista no artigo 15.º do Projeto Português de Regulamento PRIIPS revela-se desnecessária e injustificável.

Com efeito, resulta claro que a principal preocupação deste regime é assegurar que o investidor apenas irá adquirir um determinado PRIIP após ser confrontado com os riscos de forma clara e transparente (como no DIF). A justaposição desses requisitos com regras rígidas em relação à publicidade é, na nossa opinião, irrazoável.

3. Ausência de Competitividade do Mercado Português de PRIIPS em

Resultado do Projeto Português de Regulamento PRIIPS

A aplicação dos requisitos estabelecidos no Projeto Português de Regulamento PRIIPS representa um pesado encargo para os intermediários financeiros, em particular no que diz respeito à tecnologia necessária para cumprir com esses requisitos, que é suscetível de eliminar parte dos canais de distribuição (intermediários financeiros) e conduzir vários emitentes de longo prazo de instrumentos financeiros em Portugal a cessar a respetiva atividade nos mercados portugueses, ficando a atividade concentrada em um ou dois players do mercado.

Gostaríamos de enfatizar que a promulgação do Projeto Português de Regulamento PRIIPS é também suscetível de causar o desinvestimento por investidores tomadores de risco, que tentarão evitar mercados excessivamente regulados como o mercado português dos PRIIPS e procurarão investir em PRIIPS em outras jurisdições, com a consequente deserção de investimento no mercado português.

4. Incompatibilidade do Projeto Português de Regulamento PRIIPS com o RMIF

Finalmente, o RMIF, que entrará em vigor em janeiro de 2018, inclui disposições que, no nosso entendimento, são incompatíveis com o Projeto Português de Regulamento PRIIPS.

Com efeito, de acordo com o artigo 42.º, n.º 2 do RMIF, uma autoridade nacional apenas pode proibir ou restringir (i) a comercialização, distribuição ou venda de determinados

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instrumentos financeiros ou depósitos estruturados ou instrumentos financeiros ou depósitos estruturados com determinadas características específicas; ou (ii) um determinado tipo de atividade ou prática financeira; - como o Projeto Português de Regulamento PRIIPS restringe - caso estejam preenchidas as seguintes condições (“Condições Cumulativas”):

a) Um instrumento financeiro, depósito estruturado ou uma atividade ou prática suscita preocupações significativas quanto à proteção dos investidores ou constitui uma ameaça ao funcionamento ordenado e à integridade dos mercados financeiros ou dos mercados de mercadorias ou à estabilidade de todo o sistema financeiro ou de parte dele pelo menos num Estado-Membro; ou um derivado tem efeitos prejudiciais sobre o mecanismo de formação de preços do mercado subjacente;

b) Os requisitos regulamentares existentes, previstos no Direito da União Europeia e aplicáveis ao instrumento financeiro, depósito estruturado ou à atividade ou prática, não contemplam de forma adequada os riscos a que se refere a alínea a) e o problema não seria tratado de forma mais eficaz através do reforço da supervisão ou cumprimento dos requisitos existentes;

c) As medidas são proporcionadas, tendo em conta a natureza dos riscos identificados, o grau de sofisticação dos investidores ou dos participantes no mercado em causa e os efeitos prováveis dessas medidas sobre os investidores e os participantes no mercado que possam deter ou utilizar o instrumento financeiro, depósito estruturado ou a atividade ou prática ou deles beneficiar;

d) A autoridade competente consultou devidamente as autoridades competentes de outros Estados-Membros suscetíveis de serem afetados de forma significativa pelas medidas; e) As medidas não têm um efeito discriminatório sobre os serviços ou atividades

desenvolvidos a partir de outro Estado-Membro3.

3

E a autoridade competente consultou devidamente os organismos públicos competentes pela supervisão, administração e regulação dos mercados agrícolas físicos ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 1234/2007, caso determinado instrumento financeiro ou atividade ou prática financeira constitua uma ameaça grave ao funcionamento ordenado e à integridade do mercado agrícola físico.

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É nosso entendimento que não existe uma justificação plausível para considerar o mercado português dos PRIIPS como abrangido pelas condições cumulativas estabelecidas no artigo 42.º do RMIF, o que significa que o Projeto Português de Regulamento PRIIPS, caso seja promulgado, e a partir de 3 de janeiro de 2018, implicará uma violação daquele preceito do RMIF.

* * *

Esperamos que a presente resposta à Consulta Pública seja útil e permanecemos à disposição de V. Exas caso necessitem de algum esclarecimento ou pretendam discutir algum dos pontos acima referidos.

Com os melhores cumprimentos,

COMMERZBANK AG CITIGROUP GLOBAL MARKETS DEUTSCHLAND AG EURONEXT LISBON EUSIPA

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