Revis˜
ao e Pr´
e-Requisitos (2)
2.1
Coordenadas no plano
Da mesma maneira que os pontos de uma reta podem ser associados a n´umeros reais, ditos suas coordenadas, os
pontos do plano podem ser associados a pares de n´umeros reais.
Para isto, fixamos duas retas numeradas perpendiculares entre si que se interceptam na origem O de cada uma delas. Usualmente, uma delas ´e horizontal com a dire¸c˜ao positiva para a direita. Esta reta ser´a chamada eixo x ou eixo das abscissas. A outra reta, vertical com a dire¸c˜ao positiva para cima, ´e chamada eixo y ou eixo das ordenadas.
Podemos, agora, identificar qualquer ponto do plano com um ´unico par de n´umeros da seguinte maneira: a
coordenada x ou abscissa de um ponto P ´e a coordenada no eixo x, do p´e da perpendicular a este eixo passando por
P e a coordenada y ou ordenada de P ´e a coordenada no eixo y, do p´e da perpendicular a este eixo passando por P . Se P tem coordenadas x e y escrevemos P(x, y). Veja o gr´afico:
1 P P x y –2 –1 0 1 2 3 –3 –2 –1 1 2 3
Observe que a ordem na qual as coordenadas s˜ao escritas ´e importante. O ponto de coordenadas (1, 3) ´e P1, e este
ponto ´e diferente do ponto P de coordenadas (3, 1) = (x, y) mostrados na figura acima. Neste sentido, as coordenadas
de um ponto formam um par ordenado de n´umeros reais.
Pelo esquema fixado, todo ponto P determina um par ordenado de n´umeros reais, reciprocamente, todo par
ordenado de n´umeros reais (a, b) determina um ´unico ponto do plano. Temos, ent˜ao, uma correspondˆencia biun´ıvoca entre os pontos do plano e os pares ordenados de n´umeros reais. Uma correspondˆencia desse tipo ´e chamada sistema
de coordenadas no plano.
O sistema de coordenadas que definimos ´e chamado sistema de coordenadas retangulares ou sistema de coordenadas
cartesianas em homenagem ao matem´atico e fil´osofo francˆes Ren´e Descartes (1596-1650), que assinava seu nome em latim, Cartesius, e que foi o primeiro a definir um sistema de coordenadas no plano, estabelecendo as bases de um novo
ramo da Matem´atica chamado, hoje, Geometria Anal´ıtica. Parte do m´erito da descoberta da Geometria Anal´ıtica
deve ser creditado, tamb´em, a um outro francˆes, Pierre Fermat (1601-1665) que estabeleceu os mesmos princ´ıpios,
mais ou menos na mesma ´epoca que Descartes.
O plano munido deste sistema de coordenadas, usualmente chamado plano coordenado ou plano cartesiano, ´e denotado pelo s´ımbolo R2. O eixo das abscissas e o eixo das ordenadas,
usual-mente colocados na posi¸c˜ao indicada na figura ao lado, dividem o plano em quatro regi˜oes, denominadas quadrantes, que est˜ao indi-cados pelos s´ımbolos i , ii, iii e iv, respectivamente. De acordo com a figura, o primeiro quadrante ´e o conjunto de todos os pontos (x,
y) do plano para os quais x > 0 e y > 0; o segundo quadrante, o
conjunto de todos os pontos x, y do plano para os quais x < 0 e y
> 0 e assim por diante.
iv
ii i
iii
Como a correspondˆencia entre os pontos do plano e o conjunto de pares ordenados de n´umeros reais ´e biun´ıvoca, em geral nos referimos a um ponto P como o ponto (1, 2) ou o ponto (x, y), quando, na realidade queremos nos referir ao
ponto P cujas coordenadas s˜ao (1, 2) ou (x, y). Assim, quando escrevemos P = (x, y) significa, sem ambig¨uidade, que estamos nos referindo ao ponto P cujas coordenadas s˜ao dadas, de modo ´unico, pelo par ordenado (x, y) de n´umeros reais. Repare que a nota¸c˜ao usada para intervalo aberto (a, b) ´e a mesma usada para o ponto cujas coordenadas s˜ao
a e b. Dependendo do contexto onde estas nota¸c˜oes forem usadas, vocˆe dever´a ser capaz de fazer a distin¸c˜ao!
2.1.1
Distˆ
ancia entre dois pontos do plano
A distˆancia entre dois pontos P1(x1, y1) e P2(x2, y2) no plano, representada por d(P1P2), ´e definida pela f´ormula
d(P1P2) =
√
(x1− x2)2+ (y1− y2)2
Esta f´ormula ´e facilmente justificada pela Geometria Plana se observarmos que d(P1P2) ´e a medida da hipotenusa
de um triˆangulo retˆangulo cujos catetos medem| x2− x1| e | y2− y1|, como mostra a figura abaixo.
x2 x1 y1 y2 P1 P2
• Que teorema garante a validade dessa f´ormula? • O que acontece quando x1= x2ou quando y1= y2?
Exemplo Determine a distˆancia entre os pontos (1,−2) e (6, 2).
Solu¸c˜ao d =√(1− 6)2+ (−2 − 2)2=√25 + 16 =√41
O comando distance do pacote student do Maple calcula esta distˆancia automaticamente, como fazemos a seguir:
> with(student):
> distance([1,-2],[6,2]);
√
41
2.1.2
Exerc´ıcios
1. Quais os valores de t para que o ponto P de coordenadas ( 2 t + 4, 3− 2 t) esteja: (a) No primeiro quadrante
(b) No quarto quadrante
(c) Sobre o eixo x (d) Sobre o eixo y
2. As duas retas tra¸cadas abaixo representam a mesma fun¸c˜ao y = x
4. Por que as figuras tra¸cadas “parecem”
diferentes? O que se pode concluir?
–0.4 –0.2 0.2 0.4 –2 –1 1x 2 –2 –1 0 1 2 y –2 –1 1x 2
3. A rec´ıproca do Teorema de Pit´agoras afirma que se a soma dos quadrados dos comprimentos de dois lados de um triˆangulo ´e igual ao quadrado do comprimento do terceiro lado, ent˜ao o triˆangulo ´e retˆangulo. Use este teorema e a f´ormula de distˆancia entre dois pontos para mostrar que os pontos (−3, 4), (1, 0) e (5, 4) determinam um triˆangulo retˆangulo.
4. Um sistema de coordenadas n˜ao ortogonal
Num sistema de coordenadas qualquer, os eixos x e y formam um ˆangulo, n˜ao nulo, α̸= 90o. (a) Como podemos definir as coordenadas de um ponto P nesse sistema?
(b) Se P1(x1, y1) e P2(x2, y2), qual a distˆancia P1P2 nesse novo sistema?
5. Um sistema de coordenadas tridimensional
Se tomarmos uma reta perpendicular aos eixos x e y na intersec¸c˜ao de ambos, poderemos definir um sistema de coordenadas no espa¸co. Nesse sistema, temos uma correspondˆencia biun´ıvoca entre os pontos do espa¸co e triplas ordenadas de n´umeros reais. A proje¸c˜ao ortogonal de um ponto em um eixo ´e a coordenada deste ponto naquele eixo. Assim, um ponto fica completamente determinado por suas trˆes coordenadas e escrevemos P (x, y, z).
(a) Seja P um ponto do plano xy. Sua proje¸c˜ao no eixo x ´e 2 e no eixo y ´e 3. Quais s˜ao as suas coordenadas? (b) Se P1 ´e um ponto qualquer no plano yz, escreva suas coordenadas como uma tripla ordenada de n´umeros
reais.
(c) Sobre que eixo est´a cada um dos pontos: A(0, 3, 0), B(−2, 0, 0) e C(0, 0, 5). (d) Sobre que plano est´a cada um dos pontos: R(4, 0, 2), S(3,−2, 0) e T (0, 1, 5).
(e) Se P′ ´e a proje¸c˜ao do ponto P (2, 3, 4) no plano xy, quais s˜ao as coordenadas de P′? (f) Qual a distˆancia do ponto (3, 2,−2) ao plano xy? E ao plano xz? E ao plano yz?
(g) Responda o item anterior para o ponto (x, y, z), onde x, y e z s˜ao n´umeros reais quaisquer. (h) Qual a distˆancia do ponto P1(x1, y1, z1) ao ponto P2(x2, y2, z2)?
(i) Quais as coordenadas do ponto m´edio do segmento que liga os pontos P1e P2?
2.2
Gr´
aficos de equa¸
c˜
oes
A id´eia b´asica da Geometria Anal´ıtica ´e explorar a correspondˆencia entre pontos e suas coordenadas para estudar problemas geom´etricos, especialmente as propriedades de curvas, com os instrumentos da ´Algebra. Dessa maneira,
podemos usar o ferramental computacional da ´Algebra em problemas geom´etricos, e este foi o grande avan¸co na
Geometria desde os tempos dos gregos. A seguir, damos alguns exemplos de como isto pode ser feito.
A equa¸c˜ao y = 2 x−1 descreve uma rela¸c˜ao entre as vari´aveis x e y. Uma solu¸c˜ao desta equa¸c˜ao ´e um par ordenado de n´umeros reais que, quando substitu´ıdo na equa¸c˜ao dada, produz uma senten¸ca verdadeira. Assim, os pares (0,−1), (1, 1) e (12, 0) s˜ao todos solu¸c˜oes da equa¸c˜ao em quest˜ao. O gr´afico desta equa¸c˜ao ´e o conjunto de todos os pontos no plano coordenado que s˜ao solu¸c˜oes da mesma. Mais geralmente, uma equa¸c˜ao da forma F(x, y) = 0 determina uma curva no plano, cujo gr´afico ´e o conjunto de todos os pontos do plano cujas coordenadas satisfazem a equa¸c˜ao dada. Reciprocamente, uma curva definida por alguma condi¸c˜ao geom´etrica pode, usualmente, ser descrita por uma equa¸c˜ao da forma F(x, y) = 0.
Exemplo 1 Vamos esbo¸car o gr´afico de y = 2 x− 1. Come¸camos determinando pontos com coordenadas (x, y) que satisfazem a equa¸c˜ao dada. ´E conveniente fazer uma tabela com estes pares e marcar estes pontos no plano coordenado. x y −2 −5 −1 −3 0 −1 1 1 2 3 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4
Como existem infinitas solu¸c˜oes para a equa¸c˜ao dada, n˜ao ´e poss´ıvel completar a tabela e, conseq¨uentemente, o gr´afico da equa¸c˜ao listando todas as solu¸c˜oes. Em geral, os poucos pontos que calculamos n˜ao seriam suficientes para identificar o gr´afico da equa¸c˜ao, entretanto, neste exemplo elementar, pelos pontos obtidos, podemos conjecturar que o gr´afico da equa¸c˜ao y = 2 x− 1 ´e a reta que tra¸camos abaixo.
–4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 y –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 x
Na pr´oxima se¸c˜ao provaremos que o nosso palpite est´a correto e que o gr´afico de uma equa¸c˜ao do tipo A x+B y+C = 0 define uma reta no plano.
A t´ecnica de esbo¸car gr´aficos marcando um n´umero suficiente de pontos at´e que se obtenha um padr˜ao e de tra¸car o gr´afico de acordo com este padr˜ao carece de rigor e ´e muito imprecisa, podendo levar a conclus˜oes completamente errˆoneas. O pr´oximo exemplo ilustra os problemas que podem surgir.
Exemplo 2 Vamos esbo¸car o gr´afico da equa¸c˜ao q = 10
p2+1.
Como a rela¸c˜ao dada n˜ao expressa y em termos de x, o que necessariamente n˜ao precisa acontecer, devemos decidir se o primeiro n´umero do par ordenado, a abscissa do ponto, representar´a q ou p. Qualquer escolha estar´a correta,
no entanto, como a equa¸c˜ao expressa q em termos de p, usualmente marcamos p no eixo horizontal. Construindo a
tabela ter´ıamos:
p -3 -2 -1 0 1 2 3
q 1 2 5 10 5 2 1
Marcando os pontos no plano coordenado e interligando-os com uma curva suave ter´ıamos v´arias possibilidades, como as mostradas abaixo:
2 4 6 8 10 –3 –2 –1 0 1 2 3 –10 –8 –6 –4 –2 0 2 4 6 8 10 q –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 p –10 –8 –6 –4 –2 0 2 4 6 8 10 q –4 –3 –2 –1 1 2p 3 4 2 4 6 8 10 q –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 p
Para decidir quais dos gr´aficos acima ´e o correto, precisaremos marcar muitos outros pontos! (´E dessa maneira que os computadores tra¸cam gr´aficos. Veja o projeto Programando o Computador para Tra¸car Gr´aficos de Fun¸c˜oes).
Durante este curso aprenderemos t´ecnicas que permitir˜ao tra¸car gr´aficos com precis˜ao sem necessidade de marcar muitos pontos. Por ora, nas pr´oximas se¸c˜oes, vamos estudar algumas curvas especiais e seus gr´aficos.
Exemplo 3 Abaixo tra¸camos o gr´afico de y = x2. Esta curva ´e uma par´abola. O ponto mais baixo (0, 0) ´e chamado v´ertice da par´abola. Neste exemplo, dizemos que a par´abola tem a concavidade voltada para cima (veja abaixo `a esquerda). Se o gr´afico ´e invertido, como no caso da par´abola y =−x2 (veja abaixo `a direita), dizemos que
0 2 4 6 8 10 12 14 16 –4 –3 –2 –1 1 2x 3 4 –16 –14 –12 –10 –8 –6 –4 –2 0 x
A figura seguinte mostra o gr´afico de algumas par´abolas da forma y = ax2, para v´arios valores do parˆametro a. Em todos os casos o v´ertice ´e a origem.
a=–3 a=–1 a=1/2 a=1 a=3 –100 –80 –60 –40 –20 0 20 40 60 80 100 y –10 –8 –6 –4 –2 2 4x6 8 10
Execute tamb´em, na vers˜ao eletrˆonica, a anima¸c˜ao que mostra o efeito da varia¸c˜ao do valor de a no gr´afico da curva y = a x2.
• O que acontece quando a ´e positivo e se aproxima de zero? • E quando a ´e negativo e se aproxima de zero?
Para responder a estas perguntas execute, na vers˜ao eletrˆonica, as anima¸c˜oes correspondentes.
Dos exemplos acima podemos concluir que, se a > 0, a par´abola tem a concavidade voltada para cima, e se a < 0, para baixo. Repare ainda que se o ponto (x, y) pertence ao gr´afico da par´abola, o ponto (−x, y) tamb´em pertence. Neste caso, dizemos que o gr´afico da par´abola ´e sim´etrico em rela¸c˜ao ao eixo y ou que o eixo y ´e o eixo de simetria da par´abola.
O gr´afico da equa¸c˜ao x = a y2 (veja abaixo) tamb´em representa uma par´abola que pode ser obtida a partir da par´abola y = a x2 por meio de uma reflex˜ao em rela¸c˜ao `a diagonal principal, isto ´e, em rela¸c˜ao `a reta y = x. (Trocar
x por y numa equa¸c˜ao qualquer resulta em refletir o seu gr´afico em rela¸c˜ao `a reta y = x.)
–2 –1 1 2 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 x a>0 –2 –1 1 2 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 x a<0
Nestes exemplos, os gr´aficos s˜ao sim´etricos em rela¸c˜ao ao eixo x porque se (x, y) pertence ao gr´afico de x = a y2
ent˜ao o ponto (x,−y) tamb´em pertence.
Exemplo 4 Esboce a regi˜ao limitada pela par´abola x = y2 e pela reta y = x− 2.
Para esbo¸car a regi˜ao pedida, primeiro vamos achar os pontos de intersec¸c˜ao das curvas resolvendo o sistema {
x = y2
x = y + 2
Resolver este sistema ´e equivalente a resolver a equa¸c˜ao y + 2 = y2 ou y2− y − 2 = 0. Como y2− y − 2 = 0 ´e
equiva-lente a (y− 2) (y + 1) = 0, temos que y = 2 ou y = −1. Assim, os pontos de intersec¸c˜ao das curvas s˜ao (4, 2) e (1, −1). Este sistema pode ser resolvido com a ajuda do Maple usando-se o comando solve, como ´e feito a seguir:
> solve({x=y^2,x=y+2},{x,y});
Tra¸camos, ent˜ao, a reta que passa pelos pontos de in-tersec¸c˜ao (lembre-se de que dois pontos determinam uma ´unica reta!) e esbo¸camos a par´abola com v´ertice na origem, passando por estes mesmos pontos. A regi˜ao limitada por x = y2 e y = x− 2 significa a
regi˜ao finita cujas fronteiras s˜ao estas curvas. Veja ao lado. –4 –2 2 4 –2 –1 1 2 3 4 5 6 x
2.3
Retas
Na se¸c˜ao anterior conjecturamos que a equa¸c˜ao y = 2 x− 1 representava uma reta no plano coordenado. Vamos agora provar esta conjectura resolvendo o problema inverso, isto ´e, mostrando que a equa¸c˜ao de uma determinada reta ´e da forma A x + B y + C = 0. Esta equa¸c˜ao deve ser satisfeita pelas coordenadas dos pontos da reta e por nenhum outro ponto. Para achar esta equa¸c˜ao vamos usar o fato de que toda reta ´e determinada por dois pontos e que a ela est´a associado um n´umero que mede a sua inclina¸c˜ao. Este n´umero ´e chamado declividade ou coeficiente angular da reta.
Defini¸c˜ao
A declividade de uma reta n˜ao vertical que passa pelos pontos P0(x0, y0) e P1(x1, y1) ´e
m = y1− y0 x1− x0
. A declividade de uma reta vertical n˜ao est´a definida.
Geometricamente, podemos interpretar a declividade de uma reta como uma medida (tangente) do ˆangulo que a
mesma faz com a dire¸c˜ao horizontal.
ω x x1 xo y y1 y0
Usando semelhan¸ca de triˆangulos, ´e f´acil ver que a declividade de uma reta independe dos pontos escolhidos, isto ´
e, quaisquer que sejam os pontos escolhidos sobre a reta, a rela¸c˜ao
m = y− y1 x− x1 = y− y0 x− x0 = y1− y0 x1− x0 ´ e constante.
A declividade pode tamb´em ser interpretada como a taxa de varia¸c˜ao da vari´avel dependente y em rela¸c˜ao `a vari´avel independente x. Isto quer dizer que, se uma reta tem declividade m, a cada unidade de varia¸c˜ao de x, corresponde m unidades de varia¸c˜ao de y. Pela observa¸c˜ao acima conclu´ımos que, em uma reta, a taxa de varia¸c˜ao y1−yo
x1−xo =
∆ y ∆ x ´e
constante e, al´em disso, qualquer curva cuja taxa de varia¸c˜ao seja constante ´e uma reta.
A figura ao lado mostra v´arias retas com declividades difer-entes. Note que as retas com declividades positivas ascen-dem para a direita. Se, por outro lado, m < 0, a reta de-scende para a direita. Se m = 0, a reta ´e paralela ao eixo
x. Note tamb´em que as retas mais inclinadas s˜ao aquelas para as quais o valor absoluto da declividade ´e maior.
m=–0.5 m=–2 m=3 m=2 m=1 –1 –0.8 –0.6 –0.4 –0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 y –1 –0.8 –0.6 –0.4 –0.2 0.2 0.4 0.6 0.8x 1
Estamos prontos, agora, para achar a equa¸c˜ao da reta, n˜ao vertical, que passa por um determinado ponto P1(x1, y1)
raz˜ao y−y1
x−x1 ´e igual a m, isto ´e, m = y−y1
x−x1. Temos, portanto, a equa¸c˜ao
y− y1= m (x− x1).
Como esta equa¸c˜ao ´e satisfeita tamb´em pelo ponto (x1, y1), esta ´e a equa¸c˜ao da reta que procuramos, isto ´e, da
reta que passa pelo ponto P1e tem declividade m.
Exemplo 1 Determine a equa¸c˜ao da reta que passa pelo ponto (1,−7) e tem declividade −12.
Solu¸c˜ao Neste exemplo, m =−1
2, x1= 1 e y1=−7 e, portanto, a equa¸c˜ao ´e dada por y + 7 = −
x−1
2 ou,
equiva-lentemente, 2 y + 14 =−x + 1 ou, ainda, x + 2 y + 13 = 0 .
Suponha que uma reta n˜ao vertical tenha declividade m e intercepte o eixo y no ponto (0, b). Usando a f´ormula acima conclu´ımos que a equa¸c˜ao desta reta ´e
y− b = m (x − 0)
ou, equivalentemente,
y = m x + b.
Esta equa¸c˜ao ´e chamada equa¸c˜ao reduzida da reta. Aqui o n´umero b ´e chamado coeficiente linear da reta e ´e a ordenada do ponto onde a reta corta o eixo y. Em particular, se a reta ´e horizontal, sua declividade ´e zero e sua equa¸c˜ao ´e dada por y = b.
• Qual a caracter´ıstica geom´etrica da fam´ılia
de retas obtida considerando-se v´arios valores para b na equa¸c˜ao y = m x + b? Para respon-der a esta pergunta, observe ao lado o gr´afico de uma fam´ılia de equa¸c˜oes deste tipo e exe-cute, tamb´em, a anima¸c˜ao correspondente na vers˜ao eletrˆonica.
–20 –10 0 10 20 –10 –8 –6 –4 –2 2 4x6 8 10
N˜ao se define declividade para retas verticais, sua equa¸c˜ao ´e da forma x = a, onde a ´e a abscissa do ponto onde a reta corta o eixo x. Para ver que esta equa¸c˜ao ´e v´alida, basta notar que a coordenada x de todos os pontos de uma reta vertical ´e a.
Exemplo 2 Ache a equa¸c˜ao da reta que passa por dois pontos dados.
Solu¸c˜ao Sejam P1(x1, y1) e P2(x2, y2) os dois pontos dados da reta e P(x, y) outro ponto qualquer desta mesma
reta. Da defini¸c˜ao de declividade, sabemos que
y− y1
x− x1
= y1− y2
x1− x2
que ´e a equa¸c˜ao procurada.
Em todos os casos tratados acima, a equa¸c˜ao da reta pode ser colocada na forma A x + B y + C = 0. De um modo geral, esta equa¸c˜ao, onde as constantes ou parˆametros A e B n˜ao s˜ao ambos nulos, representa a equa¸c˜ao de uma reta. Esta equa¸c˜ao ´e chamada equa¸c˜ao geral da reta.
Reciprocamente, toda equa¸c˜ao da forma acima, onde A, B e C s˜ao constantes e A e B n˜ao s˜ao ambas nulas, ´e a equa¸c˜ao de uma reta. Assim, se B = 0, ent˜ao A̸= 0 e a equa¸c˜ao pode ser escrita como x = −C
A, que ´e a equa¸c˜ao de
uma reta vertical. Por outro lado, se B̸= 0, ent˜ao y = −A xB −CB, e esta ´e a equa¸c˜ao de uma reta com declividade
m =−AB que passa pelo ponto ( (0,−CB).
Exemplo 3 Esboce o gr´afico da equa¸c˜ao 3 x + 5 y = 15.
Solu¸c˜ao Como a equa¸c˜ao dada ´e a equa¸c˜ao de uma reta, para tra¸car o seu gr´afico basta acharmos dois de seus pontos. Os mais f´aceis de achar s˜ao aqueles onde a reta intercepta os eixos coordenados. Assim, substituindo y = 0 na equa¸c˜ao, obtemos 3 x = 15, e da´ı x = 5. Logo, o ponto (5, 0) pertence `a reta em quest˜ao. Da mesma forma, substituindo
x = 0 na equa¸c˜ao temos que y = 3 e o ponto (0, 3) tamb´em pertence `a
reta. Veja o gr´afico desta reta esbo¸cado ao lado. –10–8
–6 –4 –2 0 2 4 6 8 10 y –10 –8 –6 –4 –2 2 4x6 8 10
2.3.1
Retas paralelas e perpendiculares
• Duas retas s˜ao paralelas se e somente se seus coeficientes angulares s˜ao iguais.
• Duas retas com declividades m1 e m2 s˜ao perpendiculares se e somente se m1m2=−1.
A primeira afirma¸c˜ao ´e ´obvia. A segunda n˜ao ´e t˜ao evidente, mas pode ser estabelecida muito facilmente utilizando-se semelhan¸ca de triˆangulos. Suponhamos que as retas sejam perpendiculares, como mostra a figura ao lado. Desenhamos um segmento de comprimento unit´ario `a direita do ponto de intersec¸c˜ao e tra¸camos, a partir de sua extremidade direita, um segmento vertical que intercepta as duas retas. Os dois triˆangulos retˆangulos formados dessa maneira s˜ao semelhantes e tˆem lados com
os comprimentos indicados. A semelhan¸ca implica que m1
1 =− 1
m2 , o que prova a rela¸c˜ao que queremos. Este racioc´ınio pode ser facilmente invertido; portanto, se m1m2=−1, ent˜ao as retas s˜ao perpendiculares.
1 m1 -m2 –3 –2 –1 0 1 2 3 1 2 3 4
Exemplo 4 Ache a equa¸c˜ao da reta que passa pelo ponto (5, 2) e ´e paralela `a reta 4 x + 6 y + 5 = 0.
Solu¸c˜ao A equa¸c˜ao da reta dada pode ser escrita como y =−2 x3 −56. Logo, m =−23. Como retas paralelas tˆem a mesma declividade, a equa¸c˜ao da reta procurada ´e y− 2 = −2 (x3−5) ou 2 x + 3 y = 16.
Exemplo 5 Mostre que as retas 2 x + 3 y = 1 e 6 x− 4 y − 1 = 0 s˜ao perpendiculares. Solu¸c˜ao As equa¸c˜oes dadas podem ser escritas como y =−2 x
3 + 1 3 e y = 3 x 2 − 1
4. Assim, seus coeficientes
angu-lares s˜ao m1=−23 e m2= 32, respectivamente. Como m1m2=−1, as retas s˜ao perpendiculares.
2.4
Circunferˆ
encias e elipses
2.4.1
Circunferˆ
encias
A f´ormula da distˆancia entre dois pontos ´e muitas vezes usada para achar a equa¸c˜ao de uma curva cuja defini¸c˜ao geom´etrica depende de uma ou mais distˆancias. Uma das curvas mais simples desta esp´ecie ´e a circunferˆencia que
pode ser definida como o conjunto de todos os pontos que eq¨uidistam de um ponto fixo C. O ponto fixo ´e chamado
centro da circunferˆencia e a distˆancia de qualquer dos seus pontos ao centro ´e o raio dessa circunferˆencia. Se o centro ´
e o ponto (c1, c2) e o raio ´e o n´umero positivo r e se (x, y) ´e um ponto qualquer da circunferˆencia, ent˜ao a defini¸c˜ao
acima se traduz pela equa¸c˜ao √
(x− c1)2+ (y− c2)2= r ou, equivalentemente, (x− c1)2+ (y− c2)2= r2. Em particular, a equa¸c˜ao x2+ y2= r2 ´
e a equa¸c˜ao de uma circunferˆencia de centro em (0, 0) e raio r.
Usamos abaixo o comando implicitplot do pacote plots e o comando distance do pacote student do Maple para tra¸car o gr´afico da circunferˆencia de centro em (0, 0) e raio 1 e calcular a sua equa¸c˜ao.
> with(plots): > with(student): > implicitplot((distance([0,0],[x,y])=1),x=-2..2,y=-2..2); –1 –0.8 –0.6 –0.4 –0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 y –1–0.8 –0.4 0.2 0.4 0.6 0.8 1 x > distance([0,0],[x,y])=1;
√
x2+ y2= 1
> lhs(%)^2=rhs(%);
x2+ y2= 1
Exemplo Mostre que a equa¸c˜ao x2+ y2+ 2 x− 6 y + 7 = 0 representa uma circunferˆencia no plano e esboce o seu gr´afico.
Solu¸c˜ao Para achar o centro e o raio desta circunferˆencia, primeiro agrupamos os termos em x e em y e a seguir completamos os quadrados como segue:
x2+ 2 x + 1 + y2− 6 y + 9 = −7 + 1 + 9 (x + 1)2+ (y− 3)2= 3
Logo, esta equa¸c˜ao representa uma circunferˆencia de centro em (−1, 3) e raio√3 cujo gr´afico esbo¸camos abaixo.
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 y –2.5 –2 –1.5 –1 –0.5 0 0.5 x
2.4.2
Elipses
A curva com equa¸c˜ao
x2
a2 +
y2
b2 = 1,
onde a e b s˜ao n´umeros positivos, ´e chamada de elipse.
Observe que se o ponto (x, y) pertence ao gr´afico da elipse, o ponto (x,−y) tamb´em pertence, o mesmo acontecendo com os pontos (−x, −y) e (−x, y). Assim, a elipse ´e sim´etrica com respeito a ambos os eixos coordenados. Para esbo¸car o seu gr´afico vamos encontrar as intersec¸c˜oes da elipse com os eixos. Para encontrar o ponto onde o gr´afico de uma curva corta o eixo x, basta fazer y = 0 na sua equa¸c˜ao e para encontrar o ponto onde o gr´afico de uma curva corta o eixo y, basta fazer x = 0. Desta maneira conclu´ımos que os pontos (−a, 0) e (a, 0) s˜ao os pontos onde a elipse corta o eixo x. Se a > b, a distˆancia entre estes pontos ´e chamada eixo maior da elipse. Da mesma forma, os pontos (0,−b) e (0, b) s˜ao os pontos de intersec¸c˜ao da elipse com o eixo y. A distˆancia entre estes pontos ´e chamada eixo menor da elipse. Veja a seguir o gr´afico da elipse x162 +y92 = 1.
–3 –2 –1 0 1 2 3 y –4 –2 2 4 x
2.5
Gr´
aficos de desigualdades
Vimos nos exemplos das se¸c˜oes anteriores que todos os pontos do gr´afico de uma curva satisfazem a igualdade
F(x, y) = 0 e que esta condi¸c˜ao ´e satisfeita somente pelos pontos do seu gr´afico.
Nesta se¸c˜ao estamos interessados em obter o gr´afico de regi˜oes descritas por conjuntos de pontos ou desigualdades. Da mesma forma que anteriormente, estas regi˜oes s˜ao subconjuntos do plano onde a condi¸c˜ao dada ´e satisfeita por todos os seus pontos e por nenhum outro ponto. Os exemplos abaixo ilustram esta id´eia.
Exemplo 1 Descreva e esboce as regi˜oes definidas pelos seguintes conjuntos: (a) {(x, y) ∈ R2; x≥ 0} (b) {(x, y) ∈ R2; y = 1} (c) {(x, y) ∈ R2;| y | < 1} (d) {(x, y) ∈ R2;| x | ≤ 2 e | y | ≤ 1} Solu¸c˜ao
(a) Os pontos do plano para os quais a abscissa ´e positiva ou nula est˜ao todos sobre o eixo y ou `a sua direita. (Para esbo¸car esta regi˜ao usamos o comando inequal do pacote plots do Maple.)
A parte cinza do gr´afico ao lado representa a regi˜ao do plano xy que satisfaz a condi¸c˜ao x≥ 0.
´
E claro que, na impossibilidade de representar no papel ou na tela uma regi˜ao infinita, essa regi˜ao aparece “desenhada” dentro de um quadrado, no caso [−3, 3] × [−3, 3], que para n´os passar´a a representar o plano inteiro. Se assim n˜ao fosse, toda a tinta fabricada na Terra n˜ao seria suficiente para pintar essa regi˜ao!
–3 –2 –1 1 2 3 –3 –2 –1 1 2 3
(b)] O conjunto de todos os pontos para os quais a ordenada ´e 1 ´e uma reta horizontal uma unidade acima do eixo x.
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 –3 –2 –1 1 x 2 3
(c) Se | y | < 1, ent˜ao −1 < y < 1. Esta regi˜ao consiste em todos os
pontos do plano cuja ordenada est´a entre−1 e 1, isto ´e, todos os pontos que est˜ao entre as retas horizontais y = 1 e y =−1. Na figura, estas retas s˜ao indicadas por linhas pontilhadas para indicar que os seus pontos n˜ao pertencem ao conjunto em quest˜ao.
–3 –2 –1 1 2 3 –3 –2 –1 1 2 3 (d) As desigualdades s˜ao equivalentes a −2 ≤ x ≤ 2 e −1 ≤ y ≤ 1. Logo o gr´afico deste conjunto consiste em todos os pontos (internos e da fronteira) da regi˜ao retangular mostrada na figura ao lado.
–3 –2 –1 1 2 3 –3 –2 –1 1 2 3
Exemplo 2 Esboce o gr´afico da desigualdade x + 2 y > 5.
Solu¸c˜ao Estamos interessados no gr´afico do conjunto
{(x, y) ∈ R2; x + 2 y > 5}
Resolvendo a inequa¸c˜ao para y, obtemos:
x + 2 y > 5⇒ 2 y > 5 − x ⇒ y > 5
2 −
x
2.
Compare esta desigualdade com a equa¸c˜ao y = 52−x2, que representa uma reta com declividade−12 e interse¸c˜ao com o eixo y no ponto (0,52). O gr´afico da desigualdade ´e o conjunto de todos os pontos cuja coordenada
y ´e maior que a dos pontos que est˜ao sobre a reta y =−x2+52. Assim, o gr´afico procurado ´e a regi˜ao que est´a acima da reta, como mostra a figura ao lado. –10 –8 –6 –4 –2 2 4 6 8 10 –20 –10 10 20
2.6
Exerc´ıcios
1. (a) Mostre que o triˆangulo com v´ertices A(0, 2), B(−3, −1) e C(−4, 3) ´e is´osceles. (b) Mostre que os pontos (−2, 9), (4, 6), (1, 0) e (−5, 3) s˜ao v´ertices de um quadrado.
(c) Prove que os pontos A(−1, 3), B(3, 11) e C(5, 15) s˜ao colineares mostrando que AB + BC = AC . 2. (a) Sabe-se que y = 2 x− b ´e positivo para x > 4 e negativo para x < 4. Quanto vale b?
(b) Se um conjunto de retas ´e descrito pelas equa¸c˜oes y = mx + 1, y = mx + 2, y = mx + 3, etc... O que se pode dizer a respeito dessas retas?
(c) Se duas retas s˜ao descritas pelas equa¸c˜oes y = x + 3 e y =√3 x + 2, qual o ˆangulo que cada uma delas faz com o eixo x ?
3. Determine os valores da constante k para os quais a reta
(k− 3) x − (4 − k2) y + k2− 7 k + 6 = 0 (a) ´e paralela ao eixo x.
(b) ´e paralela ao eixo y. (c) passa pela origem. 4. Ache a equa¸c˜ao da reta que:
(a) passa por (−2, 3) e tem declividade −4. (b) passa por (−4, 2) e (3, −1).
(c) tem declividade 23 e coeficiente linear −4. (d) passa por (2,−4) e ´e paralela ao eixo x.
(e) passa por (1, 6) e ´e paralela ao eixo y. (f) passa por (4,−2) e ´e paralela a x + 3 y = 7 (g) passa por (5, 3) e ´e perpendicular a y + 7 = 2 x.
(h) passa por (−4, 3) e paralela `a reta determinada por (−2, 2) e (1, 0).
5. (a) Mostre que as retas 2 x− y = 4 e 6 x − 2 y = 10 n˜ao s˜ao paralelas e ache o seu ponto de intersec¸c˜ao. (b) Se A, B, C e C′ s˜ao constantes e A e B n˜ao s˜ao ambas nulas, mostre que as retas:
i. A x + B y + C = 0 e A x + B y + C′ = 0 coincidem ou s˜ao paralelas. ii. A x + B y + C = 0 e B x− A y + C′ = 0 s˜ao perpendiculares.
6. (a) Mostre que o ponto m´edio do segmento de reta de extremidades P1(x1, y1) e P2(x2, y2) ´e (x1+x2 2, y1+y2 2).
(b) Ache o ponto m´edio do segmento de reta que une os pontos i. (1,3) e (7,15)
ii. (−1, 6) e (8, −12).
7. (a) Mostre que as equa¸c˜oes abaixo representam uma circunferˆencia. Ache o seu centro e o seu raio. i. x2+ y2− 4 x + 10 y + 13 = 0
ii. x2+ y2+ 6 y + 2 = 0 iii. x2+ y2+ x = 0
iv. 2 x2+ 2 y2− x + y = 1
(b) Sob que condi¸c˜oes sobre os coeficientes a, b e c a equa¸c˜ao
x2+ y2+ a x + b y + c = 0 representa uma circunferˆencia? Neste caso, ache o seu centro e o seu raio.
8. Nos ´ıtens abaixo, vocˆe deve determinar a condi¸c˜ao representada por cada um dos gr´aficos. Vocˆe pode testar a sua resposta usando a vers˜ao eletrˆonica deste texto!
(a) Qual a condi¸c˜ao representada pela parte escura do gr´afico (1)? (b) Qual a condi¸c˜ao representada pela reta do gr´afico (2)?
(c) Qual a condi¸c˜ao representada pela parte escura do gr´afico (3)?
–3 –2 –1 1 2 3 –3 –2 –1 1 2 3 (1) –2 –1 0 1 2 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 (2) –4 –2 2 4 –4 –2 2 4 (3)
2.7
Problemas
1. Esboce o gr´afico dos conjuntos: (a) W ={(x, y) ∈ R2; x = 4} (b) W ={(x, y) ∈ R2; y =−3} (c) W ={(x, y) ∈ R2; x y = 0} (d) W ={(x, y) ∈ R2;| x | < 2, | y | > 1} (e) W ={(x, y) ∈ R2; x y < 0} (f) W ={(x, y) ∈ R2;| x | > 1 e | y | ≤ 2} (g) O conjunto dos pontos eq¨uidistastes de (0, 1) e (1, 0).
(h) Escreva a condi¸c˜ao do item (g) na forma mais simples poss´ıvel.
2. Esboce o gr´afico das condi¸c˜oes dadas abaixo hachurando, quando for o caso, a regi˜ao definida pela condi¸c˜ao: (a) x2+ y2= 1 (b) y = 2 x2− 1 (c) 3 y + x2= 0 (d) y = 3 x + 1 (e) x = 2 e 0≤ y ≤ 2 (f) x =−3 (g) y = 2 (h) x2+ y2< 1 (i) x2+ y2> 1 (j) x2+ y2≤ 1 3. Esboce a regi˜ao limitada pelas curvas
(a) y = 3 x e y = x2 (b) y = 4− x2 e x− 2 y = 2.
4. (a) Esboce o gr´afico da equa¸c˜ao y =|x|. (b) Esboce o gr´afico da equa¸c˜ao| x | + | y | = 1.
5. Um raio luminoso se desloca segundo a reta x + y = 1, acima do eixo x, e ´e refletido ao tocar esse eixo. Sabendo que o ˆangulo de incidˆencia ´e igual ao ˆangulo de reflex˜ao, escreva a equa¸c˜ao da nova trajet´oria.
6. Mostre que uma reta que passa pelos pontos (a, 0) e (0, b) pode ser escrita na forma
x a+
y b = 1.
Esta ´e a chamada forma segment´aria da equa¸c˜ao da reta. Escreva nesta forma a equa¸c˜ao 4 x + 2 y = 6. 7. (a) Determine a equa¸c˜ao da reta tangente `a circunferˆencia x2+ y2= 25 no ponto (3, 4).
(b) Vocˆe ´e capaz de determinar, por m´etodos geom´etricos, a equa¸c˜ao da reta tangente `a par´abola y = x2 no
ponto (1, 1)? (Veja Atividades de Laborat´orio: Retas Tangentes - Atividade 2.)
8. Um carro parte do Rio de Janeiro `as 14 horas e viaja a uma velocidade constante pela Rio-S˜ao Paulo. Ele passa por Itatiaia (a 150 km do Rio) `as 15:50hs.
(b) Esboce o gr´afico da equa¸c˜ao obtida em (a). (c) Qual a declividade desta curva?
(d) O que representa esta declividade?
9. (a) Um sistema linear do tipo
{
a1x + b1y = c1
a2x + b2y = c2
pode ter uma, nenhuma ou uma infinidade de solu¸c˜oes. Interprete geometricamente, cada um desses casos e deduza a condi¸c˜ao alg´ebrica que garante a existˆencia de uma, nenhuma ou de infinitas solu¸c˜oes para esse sistema.
(b) Uma equa¸c˜ao da forma A x + B y + C z + D = 0, onde A, B e C n˜ao s˜ao simultaneamente nulos, representa um plano no espa¸co tridimensional. Interprete geometricamente todas as poss´ıveis solu¸c˜oes para sistemas lineares com duas equa¸c˜oes e trˆes vari´aveis, em termos das posi¸c˜oes relativas entre dois planos. (Veja as Atividades de Laborat´orio - Atividade 3.)
10. A par´abola pode ser definida como o lugar geom´etrico dos pontos cujas distˆancias a uma reta fixa r e a um ponto fixo F s˜ao iguais. O ponto F chama-se foco da par´abola e a reta r a sua diretriz.
(a) Deduza a equa¸c˜ao da par´abola no caso particular em que o foco ´e o ponto (0, 1) e a diretriz ´e a reta y =−1 e trace o seu gr´afico.
(b) Deduza a equa¸c˜ao da par´abola com foco em F = (α, 0), com o eixo x perpendicular `a diretriz e o eixo y coincidindo com a mediatriz do segmento F F′, onde F′´e a proje¸c˜ao ortogonal de F sobre a diretriz. Trace o seu gr´afico e responda `as seguintes perguntas:
i. Em que semi-plano est´a contida esta par´abola? ii. Qual o seu eixo de simetria?
iii. Qual o seu v´ertice?
iv. Qual a equa¸c˜ao da reta diretriz?
(Em todos os ´ıtens, estude os casos α > 0 e α < 0.
(c) Suponha agora que o foco da par´abola seja o ponto F (0, α). Deduza a equa¸c˜ao da par´abola no caso em que o eixo y ´e perpendicular `a diretriz e o eixo x coincide com a mediatriz do segmento F F′. Trace o seu gr´afico e responda `as mesmas perguntas do item anterior.
2.8
Atividades de laborat´
orio
Fa¸ca as atividades propostas no arquivo labrev2.mws da vers˜ao eletrˆonica.
2.9
Para vocˆ
e meditar: O gr´
afico da equa¸
c˜
ao y =mx ´
e sempre uma linha
reta?
Sabemos que, num sistema de coordenadas cartesianas, podemos identificar qualquer ponto do plano com um par de n´umeros da seguinte maneira: dadas duas retas perpendiculares fixas e orientadas, ditas eixo x e eixo y, a coordenada
x ou abscissa de um ponto P ´e a distˆancia desse ponto ao eixo y, e a coordenada y ou ordenada de P ´e a distˆancia desse ponto ao eixo x. Isto ´e, se P tem coordenadas x e y esses n´umeros representam as distˆancias de P em rela¸c˜ao aos eixos y e x, respectivamente.
Sabemos, tamb´em, que o gr´afico de uma equa¸c˜ao y = f(x) ´e o conjunto de pontos no plano que satisfazem esta rela¸c˜ao, isto ´e, os pontos que pertencem ao gr´afico dessa equa¸c˜ao s˜ao os pontos do plano da forma (x, f(x)).
Assim, num sistema de coordenadas cartesianas, o gr´afico da equa¸c˜ao y = x ´e uma reta que pode ser definida como o lugar geom´etrico dos pontos que equidistam dos eixos. Do mesmo modo, o gr´afico da equa¸c˜ao y = 2 x ´e a reta definida como o lugar geom´etrico dos pontos cuja distˆancia y ao eixo x ´e duas vezes a sua distˆancia ao eixo y. Repare que, nesse sistema, as distˆancias s˜ao medidas a partir de retas paralelas aos eixos coordenados.
Veja a figura ao lado onde tra¸camos, em conjunto, os gr´aficos das fun¸c˜oes y = x, y = 2 x e a malha retangular us-ada nesse sistema de coordenus-adas para medir as distˆancias.
–4 –2 2 4 –2 –1 1 2 x
Vamos agora mudar o sistema de coordenadas. Em vez de duas retas perpendiculares vamos considerar um ponto
e uma reta fixa. O ponto fixo ser´a chamado foco e a reta fixa diretriz e o sistema de coordenadas ser´a chamado
foco-diretriz.
• No sistema de coordenadas foco-diretriz, qual ser´a o gr´afico
da equa¸c˜ao y = x, isto ´e, qual o lugar geom´etrico dos pon-tos cuja distˆancia ao foco ´e igual a sua distˆancia `a dire-triz? (Lembre-se que enquanto no sistema de coordenadas cartesianas as distˆancias eram medidas por retas parale-las aos eixos coordenados, nesse sistema as distˆancias ser˜ao medidas por retas paralelas `a diretriz e `as circunferˆencias
concˆentricas ao foco.) –4
–2 2 4
–4 –2 2x 4
• Nesse mesmo sistema coordenado, identifique o lugar geom´etrico dos pontos cuja distˆancia ao foco ´e igual a k
vezes a sua distˆancia `a diretriz. Estude os casos para k = 1, k < 1 e k > 1.
Um outro sistema de coordenadas pode ser definido a partir de uma reta fixa (eixo) e de um ponto fixo (p´olo) sobre essa reta. A coordenada x de um ponto nesse sistema seria o ˆangulo que o raio que une o ponto ao p´olo faz com o eixo, e a coordenada y a distˆancia do ponto ao p´olo. Esse sistema coordenado ´e dito Sistema de Coordenadas Polares.
• Como seria o aspecto da malha coordenada nesse novo sistema?
• Qual o gr´afico da equa¸c˜ao y = x nesse sistema, isto ´e, qual o lugar geom´etrico dos pontos cujo ˆangulo que a
dire¸c˜ao ponto-p´olo faz com o eixo ´e igual `a distˆancia do ponto ao p´olo?
• Como vocˆe definiria um sistema de coordenadas bifocal? Como seria a malha coordenada nesse sistema? Como
vocˆe poderia interpretar geometricamente a rela¸c˜ao y = x? Qual seria o gr´afico desse lugar geom´etrico?
2.10
Projetos
2.10.1
Melhor qualidade de grava¸
c˜
ao
Os aparelhos comuns de video cassete tˆem trˆes velocidades de grava¸c˜ao: SP (standard play), LP (long play) e EP (extra long play). Usando uma fita comum de v´ıdeo (T 120) e a velocidade SP, podemos gravar programas de 2h de dura¸c˜ao. Esse tempo aumenta para 4h e 6h, respectivamente, se usarmos as velocidades LP e EP. O modo SP garante a melhor qualidade de grava¸c˜ao. Quando os outros modos s˜ao usados, as informa¸c˜oes s˜ao gravadas de modo mais condensado na fita, com a conseq¨uente perda de qualidade.
Suponha que se deseja gravar, em uma ´unica fita, um filme de 3h de dura¸c˜ao, com a melhor qualidade poss´ıvel. Isto quer dizer que, em algum momento, ´e necess´ario mudar a velocidade SP (maior qualidade) para a velocidade LP (maior tempo de grava¸c˜ao). Se esse momento for corretamente calculado, a fita deve estar completamente preenchida quando o filme terminar.
• A partir do in´ıcio da grava¸c˜ao, decorrido quanto tempo se deve mudar para a velocidade LP?
• Supondo que a perda de qualidade entre os modos LP e EP ´e desprez´ıvel a olho nu, resolva o mesmo problema
se mudarmos do modo SP para o modo EP.
2.10.2
Custo m´ınimo x aproveitamento m´
aximo
Suponhamos que um agricultor queira adubar a sua planta¸c˜ao e disponha de dois tipos de adubo. O primeiro cont´em 3g de f´osforo, 1g de nitrogˆenio e 8g de pot´assio e custa R$ 10,00 por quilo. O segundo tipo cont´em 2g de f´osforo, 3g de nitrogˆenio e 2g de pot´assio e custa R$ 8,00 por quilo. Sabe-se que 1 kg de adubo ´e suficiente para 10 m2de terra e
que o solo onde est˜ao suas planta¸c˜oes necessita de pelo menos 3g de f´osforo, 1,5g de nitrogˆenio e 4g de pot´assio para cada 10 m2.
• Quanto o agricultor deve comprar de cada adubo, para cada 10 m2 de terreno, de modo a obter um custo
m´ınimo?
• H´a muitas situa¸c˜oes em que essa mesma esp´ecie de an´alise ´e necess´aria. Se vocˆe ainda n˜ao o fez, formule um
modelo matem´atico formal que descreva situa¸c˜oes desse tipo e dˆe exemplos de outros problemas onde esta an´alise seja necess´aria.