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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL CRIMINAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA/PR.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL CRIMINAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA/PR.

Incidente de Falsidade Documental nº. 5043015-38.2017.4.04.7000/PR (Proc. nº 5063130-17.2016.4.04.7000)

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, já qualificado nos autos do INCIDENTE DE FALSIDADE em epígrafe (incidente na ação penal acima declinada), cujos trâmites se processam por esse Douto Juízo, vem, por seus advogados signatários à presença de Vossa Excelência, para, em atendimento ao decidido no Evento 03, expor e requerer o quanto segue.

– I –

DOS COMPROVANTES (RECIBOS) JUNTADOS AOS AUTOS NO EVENTO 1.080

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tenacidade dessas inquirições que pareceu se estar a substituir o núcleo da imputação contida na denúncia — que toca suposta irregularidades relativas a oito (8) contratos firmados entre a Petrobras e consórcios integrados pela Construtora Odebrecht — pela prosaica relação ex locato, cujo objeto é um modesto imóvel situado em cidade industrial/operária do Estado de São Paulo.

Pois, bem, atenção dada à exortação judiciária, vários desses comprovantes foram localizados e trazidos aos autos na versão digitalizada, isto em data de 25/08/2017 (Evento 1.080).

– II –

DO ESCLARECIMENTO DADO PELO PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL ALUGADO

Em 28/09/2017 (Evento 1.118), o corréu Glaucos da Costamarques reafirmou, uma vez mais, ser proprietário do apartamento em causa.

Documentos anexados aos autos (especialmente relativos à quebra de sigilos bancários) permitem verificar – sem possibilidade de qualquer erro – que adquiriu ele (Glaucos da Costamarques) o imóvel com recursos próprios1, após baixa de aplicação financeira que mantinha em estabelecimento de crédito – operações econômico-financeiras estas sem relação ou nexo de qualquer natureza com a Petrobras.

O corréu Glaucos nunca, em tempo algum, questionou a autenticidade de suas assinaturas lançadas nos recibos por ele emitidos como

1

O imóvel foi pago, segundo consta nos autos, por meio de cheques administrativos (Evento 1, anexo 300).

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prova de recebimentos dos alugueres. Jamais! Logo, o quirógrafo não parece ser objeto da expertise requerida.

Tampouco ele afirmou ter assinado os recibos de uma só vez, mas, sim, que teria assinado recibos de 2015 naquele mesmo ano (2015)2.

– III –

DA GRATUITA E PERMANENTE SUSPICÁCIA DO MPF

Embora nada, absolutamente nada exista que possa vincular ou ligar o apartamento locado em tela a recursos provenientes da Petrobras e, ainda que o corréu Glaucos não conteste a autenticidade das assinaturas por ele lançadas nos recibos em apreço, o MPF pleiteou a instauração do presente incidente de falsidade, requerendo a “realização de perícias grafoscópica e documentoscópica sobre os documentos

originais” (grifou-se). É que sempre supôs que recibos não existissem, no que se

equivocou, e surpreendendo-se com a realidade, parece não se achar muito a gosto nessa tarefa acusatória.

Antes mesmo da realização da perícia, o MPF, do alto de sua incontrastável onisciência e infalibilidade, afirmou – e fê-lo até publicamente – que “sem margem à dúvida” (sic) os documentos em tela são “ideologicamente falsos” (sic), assentando esse temerário sofisma em 6 falsas premissas que, diga-se desde logo, em nada se conectam com a natureza e com a essência da prova técnica requerida.

2

“(...) também recebeu no Hospital Sírio-Libanês, a visita do contador JOÃO M. LEITE, que foi colher

(4)

– IV –

OACUSADO DISPÕE DOS RECIBOS ORIGINAIS PARA ENTREGA E ATENDE AO JUÍZO

A Defesa técnica esclarece que há, sim, disponibilidade das vias originais do contrato de locação e dos 26 recibos que foram apresentados em 25/09/2017 mediante cópia digitalizada (Evento 1.080).

Ao mesmo tempo, hic et nunc, esclarece mais que, após acuradas buscas e diligências, também foram localizados outros 6 recibos de alugueres, relativos ao ano de 2011 (doc. 01) e, ainda mais, uma carta dirigida pelo corréu Glaucos à D. Marisa, em janeiro do corrente ano, pedindo mudança na forma do pagamento, mas sem registrar a existência de qualquer débito anterior (doc. 02). Apresenta-os, desde logo, reverenciando o princípio da lealdade processual.

Como se pode verificar – com auxílio de expert ou ictu oculi – nas vias originais, os recibos e os demais documentos foram assinados por diferentes modelos de instrumentos gráficos, como esferográficas e ponta de nylon. A perícia certamente melhor detalhará tal e imutável circunstância.

Os documentos originais serão entregues na Secretaria da 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba para, se Vossa Excelência assim determinar, seja possível a realização e contraste das provas periciais requeridas pelo MPF.

Pondera-se com Vossa Excelência da possibilidade de designação de audiência formal para a realização dessa traditio (ato da entrega dos documentos), com a emissão de certidão (ou documento outro, oficial) por expert ou serventuário

(5)

credenciado durante o ato, a fim de que ateste o estado do material no momento da

entrega — como, por exemplo, a ausência de rasuras — como medida necessária à

perfectibilização da contraprova.

É que o eventual acondicionamento incorreto, por exemplo, desse material onde quer que seja poderá alterar seus elementos componentes após sua entrega, com prejuízos à apuração da verdade real. Compreenderá o Juízo, certamente, a cautela da Defesa nestes tempos que correm.

Pleiteia-se a Vossa Excelência, em resumo, que a entrega das vias originais dos documentos em tela seja feita em audiência e certificada por perito as condições de tais documentos no momento da entrega.

– V –

Dos 9 ELEMENTOS QUE DESMENTEM AS FALSAS PREMISSAS DO MPF

São pelo menos 9 (nove) os fatores empíricos que estão a demonstrar que os recibos e demais documentos ministerialmente questionados são autênticos, foram assinados por quem de direito e merecem toda a força probatória prevista em lei.

Examinemo-los.

1. – Recibos buscados, localizados e entregues.

As pessoas incumbidas da realização de diligências conseguiram localizar tanto o contrato de locação assinado por D. Marisa e pelo corréu Glaucos,

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como os recibos de locação assinados por este último para dar quitação dos valores

à D. Marisa, como se verifica nas anexas declarações prestadas a notário, com fé pública (doc. 03).

Os recibos foram localizados e entregues — inicialmente via digital e agora, serão fisicamente, os originais — da mesma forma e nas mesmas condições em foram encontrados.

2. – O Contador esclareceu que recibos eram entregues pelo proprietário periodicamente e em mãos.

Requer-se, também e neste passo, a juntada da inclusa declaração do Sr. João Muniz Leite, o contador referido pelo corréu Glaucos em manifestação que trouxe aos autos.

Nessa declaração o Sr. Muniz Leite esclarece, dentre outras coisas, que (i) também era contador do Sr. Glaucos; (ii) que recebia “das mãos” de Glaucos e “periodicamente” os recibos de locação no período questionado (2011 e 2015); e, ainda, que (iii) que em 2015 esteve com o Sr. Glaucos para pegar sua assinatura em recibos relativos “a alguns meses” que haviam sido entregues, por um lapso, sem assinatura (doc. 04).

Essa declaração do Sr. Muniz Leite torna inequívoco que os recibos apresentados são autênticos e que foram emitidos pelo proprietário do imóvel contemporaneamente ao período aos quais se referem.

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3. – O Proprietário-Locador declarou à SRF e à PF o recebimento dos aluguéis.

Em 04/06/2017, o corréu Glaucos afirmou à Receita Federal em 04/06/2016 que os aluguéis foram pagos em espécie (doc. 05):

“Informo que os aluguéis foram pagos em espécie, e somente a partir

de janeiro de 2016 os valores passaram a ser depositados mensalmente em minha conta corrente do Banco Santander Agencia 3465 Conta corrente 01.000747-3” (destacou-se).

E no extrato apresentado por ele naquela oportunidade – em que reconhece o recebimento em conta a partir de 2016 –, os valores também estão identificados, por ele próprio, como “Depósito em dinheiro” (doc. 06), situação que encontra correspondência nos dados relativos à sua quebra de sigilo bancário determinada por este Juízo.

Em 07/10/2016 o mesmo Glaucos declarou à Polícia Federal que recebia os aluguéis desde o termo inicial previsto em contrato. Segundo ele “essa renda

dos aluguéis era frequentemente usada para encontro de contas; QUE alguns aluguéis foram repassados em dinheiro (espécie) para o declarante; QUE a partir do aluguel de 2015, os pagamentos passaram a ser feitos na conta corrente do declarante no Banco Santander; QUE os valores dos aluguéis, entretanto, sempre foram declarados como renda no imposto de renda do declarante, tendo inclusive recolhido os respectivos tributos por meio de carnê-leão”.

Assim, tanto as declarações do Sr. Glaucos à Receita Federal e à Polícia Federal mostram-se compatíveis com outros elementos existentes nos autos e

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confirmam o recebimento dos alugueres, tal como expressamente reconhecido nas quitações por ele emitidas.

4. – A quebra de sigilo bancário de proprietário mostra entradas compatíveis com os aluguéis.

Da quebra do sigilo bancário do Sr. Glaucos da Costamarques, verifica-se que entre 2011 e 2015 há inúmeros depósitos em dinheiro em suas contas correntes bancárias, que totalizam a quantia de R$ 1.383.992.14 (um milhão, trezentos e oitenta e três mil, novecentos e noventa e dois reais e quatorze centavos) – contra R$ 188.881,60 (cento e oitenta e um mil, oitocentos e oitenta reais e sessenta centavos) da somatória dos aluguéis pagos no período.

Acaso o Sr. Glaucos explicou a origem de cada um desses depósitos? Demonstrou que nenhum deles se refere aos aluguéis recebidos, consoante ele havia declarado à Receita Federal e à Polícia Federal? Absolutamente, não! E, pior, ninguém quer saber...

5. – O Sr. Glaucos recolheu o “carnê-leão” mensalmente em relação ao recebimento dos aluguéis

Ainda de forma harmônica ao recebimento dos aluguéis na forma como consta nos recibos, e também em declarações prestadas pelo Sr. Glaucos à Receita Federal e à Polícia Federal, é possível verificar nas suas Declarações de Imposto de Renda anexadas aos autos que houve o recolhimento mensal do “carnê-leão”.

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O recolhimento do imposto — que tem o chamado “regime de caixa” e pressupõe o recebimento dos aluguéis — ocorreu em todos os anos, inclusive entre 2011 a 2015 (doc. 10).

6. – Planilha apócrifa e não exaustiva sobre gastos domésticos

A “planilha” supostamente apreendida na residência do Peticionário e de D. Marisa, denominada “Contas mensais 2º. Sem. 2011” é apócrifa e, portanto, não pode receber qualquer valor probatório. Papelucho sem autenticação.

Não se pode pretender superar o valor probatório de uma declaração de quitação de aluguel subscrita pelo proprietário, com força probante reconhecida em lei, por uma planilha apócrifa, da qual mirabolantemente se quer extrair cerebrina ilação. Ora, tenham paciência!

De qualquer forma, referida “planilha”, ainda que pudesse ser considerada como idôneo elemento indiciário – na origem e forma, o que se admite apenas para desenvolver a argumentação –, diz respeito apenas a “pagamentos em

agência bancária” e, ainda, a “pagamentos com débito em contas”, sem fazer alusão a

outras formas de pagamento usadas por D. Marisa para os gastos domésticos, por exemplo, supermercado. Isso não quer dizer que a família nada comeu em todo o período... resistindo à inanição!

Outrossim, os dados da “planilha” também sequer são compatíveis com a movimentação bancária de D. Marisa, conforme dados provenientes da quebra de seu sigilo.

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Portanto, também sob esse enfoque não se mostra possível confrontar uma declaração de quitação com esse papel, como pretende o MPF.

7. – A não localização dos recibos em busca e apreensão policial nada prova.

O fato de os recibos e demais documentos ora tratados não terem sido apreendidos (ou selecionados) durante a busca e apreensão policial realizada na residência do Peticionário e de D. Marisa em 04/03/2016 também não pode ser usado para confrontar a força probatória da quitação, tal como estabelecido em lei.

A uma, porque no mandado de busca e apreensão expedido por este Juízo (doc. 07) não havia determinação específica para a apreensão de elementos para elucidar a propriedade do apartamento 121 do Edifício Hill House, em São Bernardo do Campo.

Determinação específica somente havia em relação ao apartamento 164-A, do Edifício Solaris, do Guarujá:

“b) documentos que elucidem a propriedade, a aquisição, reforma e

instalação de cozinha do art (sic) 164-A do Condomínio Solaris (ex-Mar Cantábrico), incluindo a origem dos recursos nela utilizados”.

O inquérito policial para apurar a propriedade do apartamento 121 do Edifício Hill House, em São Bernardo do Campo foi instaurado em 15/03/2016 – ou seja, 11 dias após a busca e apreensão antes referida.

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E a instauração desse inquérito se deu a partir de impressões coletadas durante a busca e apreensão, como se verifica na portaria correspondente (doc. 08). Ou seja, sequer havia investigação, no momento das diligências, relativa à unidade 121 que pudesse justificar a apreensão do contrato de locação e dos recibos.

A duas, porque, mesmo que assim não fosse – o que somente se admite a título de argumentação –, os agentes policiais não estão imunes a falhas. Não são deuses, é bom lembrar. Infalível, somente Deus, embora certas instituições existam que nesse dom queiram emular...

8. – A Força probatória decorre de lei.

Os recibos apresentados dão quitação à D. Marisa, esposa do Peticionário, na forma do artigo 319, do Código Civil.

A quitação, como é cediço, é a prova mais plena e acabada de adimplemento segundo a lei brasileira, é claro. Não se sabe quanto a outras leis que possam por aí “vigorar” contra nosso ordenamento jurídico.

Segundo a jurisprudência, “O recibo de pagamento é a única

prova de que pode se valer o devedor para demonstrar que adimpliu a obrigação. É o que soa do art. 319 do vigente Código Civil” (TJSP, Ap. 1.116.175.900, Rel. Des.

Mendes Gomes, j. 13.08.2007).

Quitação, portanto, é prova de pagamento segundo disposição expressa do Código Civil brasileiro.

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O Direito Civil não pode ser desconsiderado na solução da controvérsia!

O jurista argentino Julio Maier, um dos grandes nomes do Direito Penal e do Processo Penal do mundo, emitiu parecer crítico sobre a sentença exarada por este Juízo no caso do chamado “tríplex do Guarujá”. E uma das observações feitas pelo ilustre Professor naquela oportunidade foi justamente o fato de Vossa Excelência haver considerado a existência de uma “propriedade de fato” que não tem amparo na legislação civil brasileira (doc. 09):

“O fato de excluir o Direito Civil brasileiro para resolver o caso, como

pretende a sentença de condenação, é ilegítimo e, a meu juízo, constitui o maior erro dela com referência ao Direito material” (destacou-se).

Se o Sr. Glaucos, como proprietário e locador, emitiu recibos dando quitação à D. Marisa pelos aluguéis pagos de 2011 a 2015, isso deve ser lido, segundo a lei brasileira, como prova do pagamento desses aluguéis. O que se pode buscar, nessa situação, é a confirmação de que as assinaturas são do Sr. Glaucos – o que jamais foi por ele negado. Mas, se necessário, faça-se a perícia.

Pede-se vênia para registrar, adicionalmente, que alguns sites e setores da imprensa, adversos ao Peticionário e estimulados se imagina por quem, lançaram dúvida sobre a referência de duas datas que constariam nesses recibos, na vã tentativa de abalar o valor probatório que lhes é inerente. Mas deixaram de esclarecer que quem assina (e não contesta) os recibos é o proprietário do imóvel e não a locatária, D. Marisa. Logo, a responsabilidade pela emissão e pelo equívoco na indicação de duas

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datas de vencimento dos aluguéis é do corréu Glaucos, não de D. Marisa, a locatária, ou do Peticionário.

O que pretendiam esses sites e setores da imprensa?

Que a Defesa efetuasse uma “correção” nos recibos antes de apresentá-los?

Mas o certo é que tais equívocos podem ser esclarecidos pela própria análise conjunta dos documentos. Há dois recibos que fazem referência ao vencimento da locação de junho de 2014. Evidentemente, um deles quer se referir a junho e outro a julho do ano de 2014. Nenhum sentido faria dois recibos para quitar o mês de junho e nenhum para o de julho. Logo, 31 de Junho constante desse recibo, na verdade é 31 de julho, e julho tem, sim 31 dias... Há outra explicação lógica?

Importante repisar, ainda, que os documentos contemplam todos os requisitos previstos no artigo 320, do Código Civil. Mais uma vez, é a lei que deve resolver a controvérsia, e não a “convicção”.

E, de qualquer forma, o próprio dispositivo legal confere valor probatório à quitação se dos “termos” do documento em que fora lançada a declaração puder aferida – o que é inegável no caso ora tratado.

9. – Do atendimento à Recomendação desse Juízo para juntada dos recibos – proibição do venire contra factum proprium.

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Oportuno recordar, neste passo, o seguinte trecho do interrogatório do Peticionário, verbis:

“Juiz Federal:- O senhor ex-presidente tem recibos do pagamento

desses aluguéis? (...)

(...) EU RECOMENDARIA AO SENHOR NESSE CASO, SE FOI

PAGO, FORAM PAGOS ESSES ALUGUÉIS, QUE O SENHOR PROVIDENCIASSE A JUNTADA DESSES COMPROVANTES AINDA AO PROCESSO...” (Pergunta e “recomendação” do Juízo

durante o interrogatório do Peticionário – 13/09/2017 – destacou-se).

Como se vê nesse excerto, Vossa Excelência recomendou ao Peticionário a juntada desses comprovantes de pagamento, reconhecendo naquela oportunidade, a força probatória da declaração de quitação presente nos comprovantes.

Essa força probatória, que, insista-se, decorre de lei, agora não pode ser negada, sob pena de violação da proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium), que é decorrente do princípio da boa-fé.

Registre-se, ainda, que o atendimento a essa recomendação, com a juntada dos documentos em fase de diligências complementares, não pode militar contra o Peticionário, como pretende o MPF, muito menos pode superar, insista-se, a força probatória da quitação declarada nos recibos pelo Sr. Glaucos. O MPF não juntou documentos nessa fase? Aliás, quem pediu a prorrogação do prazo – e foi atendido – foi o MPF e não a Defesa do Peticionário.

(15)

– VI –

DA NECESSÁRIA PARIDADE DE ARMAS

Caso este Juízo defira a realização de “perícias grafoscópica e

documentoscópica” nos recibos, como pretende o MPF, é preciso, também, em atenção

à garantia da paridade de armas, que sejam deferidas essa mesmas modalidades de perícia requeridas pela Defesa em 1º/09/2017, nos autos do Incidente de Falsidade nº. 5037409-29.2017.4.04.7000.

Naquela oportunidade foi demonstrado que documentos apresentados pelo MPF (evento 999) são passíveis de terem a autenticidade questionada diante:

(1) da existência de outra versão do mesmo documento nos autos e, ainda;

(2) diante do questionamento apresentado por pessoas envolvidas com tais documentos, especialmente ex-executivos do Grupo Odebrecht – como é o caso dos Srs. Paulo Melo (corréu nesta ação) e Rodrigo Tacla Duran (cuja oitiva foi negada por este Juízo).

Por exemplo, documento apresentado pelo MPF em relatório unilateral contém “Figura 10 – Conteúdo do arquivo “emwire transfer 29-11-2010” - Payment Order INNOVATION RESEACH” com apenas uma assinatura:

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Documento aparentemente igual foi apresentado pelo corréu-colaborador Marcelo Odebrecht. Nele se verifica, no entanto, que contém duas assinaturas ao final:

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Duas versões de um mesmo documento?

Um com uma assinatura e outro com duas?

A manifestação apresentada naqueles autos pelo MPF em 11.09.2017 não logrou afastar a dúvida apresentada em relação ao documento acima, bem como em relação aos demais.

Por que não? Algumas supostas falsidades são mais supostas e mais falsidades que outras?

Ainda nesse rumo, cabe destacar que o conteúdo do arquivo, conforme Relatório de Análise, consiste em anotações a tinta e, aparentemente uma a lápis, efetuadas com dois tipos de caligrafia, que não tiveram os autores identificados. É o que se verifica na página 5 do Relatório de Análise.

O Sr. Paulo Melo, aliás, nega que tenha subscrito no papel acima referido.

Na verdade, como se verifica nos exemplos acima, há inúmeros elementos que justificam a realização de perícias nos documentos apresentados pelo MPF e não aqueles apresentados pela Defesa (Evento 1.080).

De qualquer forma, deferido o quanto requerido pelo MPF, as perícias relativas ao incidente antes suscitado pela Defesa também serão imperiosas,

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bem como se postula que, de uma só assentada, se periciem todos os documentos disponibilizados anteriormente e os acostados neste petitório.

–VII – CONCLUSÕES

Diante de todo o exposto, requer-se:

(1) Sejam apreciados e também periciados os elementos e considerações acima expostos, que rebatem integralmente os fundamentos apresentados pelo MPF no incidente de falsidade ora tratado;

(2) Seja designada audiência formal para a entrega da via original dos documentos apresentados em versão digitalizada no Evento 1.080 da ação penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000, e de outros documentos complementares, com a presença de perito ou serventuário habilitado que possa certificar (registro oficial) as condições em que tais documentos estão sendo entregues;

(3) Na hipótese de serem determinadas as provas periciais requeridas pelo MPF, seja também autorizada, em atenção à garantia da paridade de armas, a perícia requerida pela Defesa do Peticionário no Incidente de Falsidade n. 5037409-29.2017.4.04.7000, que contém, dentre outras coisas, duas versões de um mesmo documento, uma delas apresentada pelo MPF. Indicar-se-á assistente técnico para o ato, e se

(19)

apresentarão quesitos, nas formas da Lei.

Termos em que, Pede deferimento.

De São Paulo (SP) para Curitiba (PR), 11 de outubro de 2017.

CRISTIANO ZANIN MARTINS OAB/SP 172.730

VALESKA TEIXEIRA Z. MARTINS OAB/SP 153.720

LARISSA TEIXEIRA QUATTRINI OAB/SP 175.235

MARIA DE LOURDES LOPES OAB/SP 77.513

ALFREDO E. DE ARAUJO ANDRADE OAB/SP 390.453

KAÍQUE RODRIGUES DE ALMEIDA OAB/SP 396.470

SOFIA LARRIERA SANTURIO OAB/SP 283.240

PEDRO H. VIANA MARTINEZ OAB/SP 374.207

LUIS HENRIQUE P. SANTOS OAB/SP 401.945

PAULA NUNES MAMEDE ROSA OAB/SP 309.696

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