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A INDÚSTRIA DO SEGURO NO BRASIL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS CINCO MAIORES COMPANHIAS SEGURADORAS 1

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I S

EME

A

D

J

R

Outubro de 1999

A INDÚSTRIA DO SEGURO NO BRASIL:

UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS CINCO MAIORES

COMPANHIAS SEGURADORAS

1

Luciana Staciarini Batista

2

Tatiana Ribeiro da Costa

3

Yumi Hirai

4

Rubens Famá

5

R

ESUMO

:

O risco sempre representou uma preocupação para as sociedades,

que a fim de amenizar as conseqüências por ele causadas em sua

ativi-dade, desenvolveram mecanismos protetores. O risco puro, onde só

ocorre a possibilidade de perda, passou a ser coberto pelas

segurado-ras.

A preocupação com o desempenho dessas instituições e a maneira

de avaliá-lo, ensejou o desenvolvimento deste trabalho.

Ao longo dos últimos anos, o mercado segurador brasileiro assumiu

cada vez mais importância em nosso cenário econômico. Assim, o

presente trabalho tem como objetivo analisar este mercado, tomando

como base as cinco maiores companhias do setor em prêmios ganhos

no ano de 1998, buscando entender quais os fatores que afetam seus

resultados e como podem ser avaliados.

1

Os autores agradecem ao Prof. Dr. Carlos Eduardo de Mori Luporini, Diretor-Gerente de Controladoria da Itaú Seguros S/A, pela sua inestimável colaboração na realização do presente trabalho.

2

Graduanda do 4o semestre do Curso de Administração na Faculdade de Econo-mia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA-USP E-mail: lulucci@yahoo.com.

3

Graduanda do 4o semestre do Curso de Administração na FEA-USP. E-mail: tatifeausp@hotmail.com.

4

Graduanda do 4o semestre do Curso de Administração na FEA-USP. E-mail: yamyy@yahoo.com.

5

Professor Titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. E-mail: rfama@usp.br.

(2)

I

NTRODUÇÃO

O risco sempre representou uma preocupação para as sociedades, que cada vez mais buscam uma ma-neira de compensá-lo. A fim de amenizar as conseqüências por este causadas em suas atividades, o ho-mem deu início a mecanismos protetores.

À medida que a atividade econômica foi se desenvolvendo e tornando-se mais complexa, as empresas seguradoras foram ganhando espaço, formando o mercado que se conhece hoje.

Atualmente, a importância desse mercado vem crescendo consideravelmente, tendo representado 2,3% do PIB em 1998, em contraste com as últimas décadas, quando representou 1% do PIB nacional1. Outro ponto que mostra a relevância da atividade seguradora advém do fato das empresas reinvestirem uma par-cela dos prêmios ganhos no mercado acionário, impulsionando o desenvolvimento da economia.

J

USTIFICATIVA

Ao se discutir o desempenho de empresas que atuam como seguradoras é importante lembrar porque elas aceitam a transferência do risco dos outros para si. Na aplicação prática da teoria de seguro, quem desempenha papel de grande importância é, necessariamente, a "Lei dos Grandes Números", desenvolvida por Jacob Bernoulli, em 1713, em "Ars Conjectandi". Esta lei ou teoria afirma, unicamente, que quanto maior o número de oportunidades de ocorrer determinado resultado, maior será a probabilidade de se atin-gir o resultado médio previsto. Assim, o simples enunciado da lei de probabilidades serve para mostrar a importância primordial para uma empresa seguradora ao aceitar a transferência do risco ou acaso.

De fato, quando o segurador aceita o risco de muitos, concordando em pagar pelas perdas de poucos, ele, o segurador, eliminou a incerteza de perda, substituindo-a pela sua certeza. Dada a multivariedade de riscos, dentro dos quais são reunidos ao acaso de muitos, o segurador é, teoricamente, capaz de acumular suficientes reservas para pagar as perdas certas que lhe advirão.

Outro ponto importante, ao se analisar o enfoque central de uma seguradora é a distinção entre o risco puro e o risco especulativo. O risco puro é aquele em que a perda pode ocorrer sem que haja, contudo, possibilidade de ocorrer um ganho como resultado do risco.

No risco especulativo, entretanto, tem-se a possibilidade de se perder ou ganhar ao se assumir tal risco. A rigor, representa uma aposta em condições, geralmente, imprevisíveis. Este tipo de risco, embora muito incentivadas, as atividades de proteção a partir do início da década de 80, não é objeto das atividades das companhias de seguros.

Problema

Será que todas as seguradoras têm o mesmo desempenho? Quais fatores que podem determinar melhor ou pior performance? São os instrumentos financeiros tradicionais adequados para avaliar esse desempe-nho? As maiores companhias em prêmios ganhos também apresentam bons resultados pela análise de índices do setor?

O

BJETIVO

O presente trabalho objetiva analisar empresas de seguro no Brasil, buscando entender quais os fatores que afetam seus resultados e como podem ser avaliados.

1

(3)

F

UNDAMENTAÇÃO

T

EÓRICA

Análise Financeira

As demonstrações financeiras retratam o desempenho operacional e a saúde financeira das empresas. O estudo realizado pelas análises financeiras dos demonstrativos empresariais permite avaliar o sucesso na condução de suas atividades passadas, bem como os projetos que garantirão o desempenho de futuros negócios.

É através da análise financeira que a empresa pode preparar e avaliar seus planos financeiros e orça-mentos, ou mesmo analisar, através do uso de índices, como vem se desenvolvendo ao longo do tempo ou em comparação ao mercado em que atua. Ela também pode ser muito útil para pessoas que, mesmo fora das empresas ou do mercado, desejam fazer um estudo de um determinado setor, vendo como é o desem-penho das empresas que o compõem, em que áreas têm bom desenvolvimento e outras em que poderiam estar melhor.

Segundo Gitman2, a análise financeira tem como principais objetivos:

1. transformar os dados financeiros, de forma que estes possam ser utilizados para monitorar a situa-ção financeira da empresa;

2. avaliar a necessidade de se aumentar (ou reduzir) a capacidade de produção; 3. determinar aumentos (ou reduções) dos financiamentos requeridos.

Para Brealey e Myers3 a análise financeira ajuda a compreender o que efetivamente faz viver a em-presa. Segundo eles, “compreender o passado é um prelúdio necessário para contemplar o futuro”.

Já Ross4 ressalta que cabe aos administradores financeiros reorganizar as demonstrações financeiras, extraindo destas o volume máximo de informações, traduzindo-as muitas vezes através de índices finan-ceiros.

A análise por meio de índices, que será abordada neste trabalho, permite aos acionistas, credores, ad-ministradores e outras pessoas interessadas na empresa, analisar o desempenho e a atual situação da em-presa. Obviamente, o ponto mais relevante em relação aos índices é como interpretá-lo (baixo ou alto? bom ou ruim?). Esta interpretação pode ser feita de duas formas:

ƒ Análise cross-sectional: compara os índices financeiros de várias empresas num mesmo período. Muitas vezes , o desempenho da empresa é comparado com o da líder da indústria, ou com os índi-ces médios da indústria.

ƒ Análise da série-temporal: avalia o desenvolvimento da empresa ao longo do tempo. Algumas ve-zes, esta análise é útil para se avaliar se as demonstrações financeiras projetadas são coerentes. Uma comparação dos índices atuais e passados com os índices das demonstrações projetadas pode reve-lar discrepância ou otimismo exagerado.

Para uma análise completa, isto é, que leve em consideração grande parte dos índices e que possa, con-seqüentemente, mostrar uma situação cada vez mais próxima da que se encontra a empresa, duas aborda-gens são usadas com mais freqüência: o Sistema de análise DuPont , que avalia o retorno sobre o patri-mônio líquido (ROE) através de três componentes: lucro sobre vendas (Margem Líquida), eficiência na utilização do ativo e uso da alavancagem; e a Análise geral de todos os índices, onde os índices de modo

2

GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harbra, 1997. 3

BREALEY, Richard A. & MYERS, Stewart C. Princípios de Finanças Empresariais, 5ª ed. Lisboa: Ed. McGraw-Hill, 1997.

4

ROSS, Stephen A., WESTERFIELD, Rondolph W. & JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira – Corporate

(4)

geral são agrupados em liquidez, atividade, endividamento e lucratividade, para a avaliação do desempe-nho da empresa.

No entanto, há inúmeras atividades que precisam de índices e análises específicos do setor para mostrar a real situação em que as empresas se encontram. Como esclarece Beaver5, muitas vezes, os índices já existentes, como o de liquidez, não fazem uma análise útil, sendo necessário analisar e até mesmo criar outros índices que consigam mostrar a real situação das empresas e do setor.

O setor de seguros, em função disto, é uma das atividades que deve receber tratamento e análise dife-renciados. Assim, neste trabalho, as cinco maiores empresas de seguros do ano de 19986 são analisadas financeiramente, através de índices gerais e específicos do setor estabelecido por Luporini7.

Numa análise feita através do uso de índices, é necessário conhecer a fundo o setor no qual as empresas avaliadas atuam, a fim de adequá-los às suas particularidades e exigências. Assim, é apresentada a seguir, uma breve descrição do mercado segurador brasileiro.

O Setor de Seguros no Brasil Principais Números do Setor

O marco inicial da atividade seguradora no Brasil está ligada à vinda da corte portuguesa para o País, em 1808, devido à ofensiva de Napoleão Bonaparte na Europa. A necessidade de proteger as embarca-ções marítimas levou à formação das primeiras companhias, voltadas exatamente para o seguro marítimo. Daí advém a denominação que muitas empresas seguradoras adotam até hoje.

Desde então, o setor se desenvolveu e acompanhou a industrialização brasileira, e hoje se defronta com a tarefa de aumentar sensivelmente sua produtividade. A grande meta é continuar a incrementar a partici-pação da atividade do PIB, que esteve estagnada em 1% nas últimas décadas, embora desde a estabiliza-ção monetária, ocorrida em junho de 1994, o setor registra índices de crescimento recordes, alcançando 2,3% do PIB. Em números redondos, o mercado, hoje, é de US$ 15 bilhões, segundo dados do site "Segu-ros em Dia"8.

Atualmente, conforme dados fornecidos pela mesma fonte, estão em atividade mais de 40 mil correto-res de seguros, 122 sociedades seguradoras, 10 empcorreto-resas de capitalização e 35 entidades abertas de previ-dência privada.

Estrutura do Setor

O mercado segurador brasileiro encontra-se estruturado com base no Decreto-Lei n° 73, de 21.11.66, que criou o SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS constituído pelo:

ƒ Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP: Conselho máximo responsável pela fixação das diretrizes e normas da política brasileira de seguros privados

ƒ Superintendência de Seguros Privados – SUSEP: Órgão do Ministério da Fazenda responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguros privados

ƒ Brasil Resseguros S/A – IRB: Regulamenta notadamente o resseguro e a retrocessão, distribuindo eqüitativamente os riscos no mercado segurador;

5

BEAVER, William H. Alternative Accounting Measures as Predictors of Failure. In: Accounting Review, Jan 1968.

6

EXAME - Maiores e Melhores, 1999. 7

LUPORINI, Carlos E. M. Avaliação de Empresas Seguradoras. 1993. 8

(5)

ƒ Corretores de Seguros: Pessoas físicas ou jurídicas, são os intermediários legalmente autorizados a angariar e promover contratos de seguro entre as seguradoras e o público em geral. Estão organi-zados em diversos Sindicados Estaduais, conhecidos por SINCOR’s.

ƒ Sociedades Seguradoras: Sociedades anônimas, privadas ou públicas, operam em seguros dos ramo vida e não vida, de acordo com as autorizações dadas pela SUSEP e com o capital mínimo que possuem.

ƒ Sociedades de Capitalização: Têm por objeto fornecer ao público, de acordo com planos aprova-dos pelo Governo Federal, a constituição de um capital mínimo perfeitamente determinado em cada plano, pago em moeda corrente em um prazo máximo indicado.

ƒ Entidades Abertas de Previdência Privada: Constituídas sob a forma de sociedade anônima ou entidade civil sem fins lucrativos, têm por objeto instituir planos privados de concessão de pecúlios ou de rendas, de benefícios complementares ou assemelhados aos da previdência social, mediante contribuição de seus participantes, dos respectivos empregadores ou de ambos.

O presente trabalho se restringirá às sociedades seguradoras.

Destacam-se ainda entidades representativas de classe como a Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização – FENASEG e a Federação Nacional dos Corretores de Seguros e de Capitalização – FENACOR, e entidades voltadas para o ensino e pesquisa como a FUNENSEG - Funda-ção Escola Nacional de Seguros.

Principais Características das Sociedades Seguradoras

As principais atividades de uma sociedade seguradora são a cobrança de prêmios para garantia de ris-cos pessoais e/ou patrimoniais, a realização de investimentos e aplicações financeiras, como complemento das operações de seguros, a indenização de sinistros e a vinculação de bens para garantia de provisões técnicas das operações.

Por movimentarem recursos provenientes da economia popular, têm suas operações extremamente re-gulamentadas e vigiadas pelo poder público. As companhias podem ser classificadas em estrangeiras, estatais ou nacionais privadas e subdivididas em independentes ou ligadas a bancos. Os principais produ-tos são seguros de automóvel, vida, acidentes pessoais, saúde, previdência privada, habitacional, incêndio e transporte.

Uma empresa seguradora assume o risco de indenizar seus clientes em um contrato denominado apó-lice, mediante o pagamento de uma quantia variável denominada prêmio. É obrigada por lei a ter bens e reservas financeiras suficientes para a quitação de indenizações, em virtude dos riscos potenciais que as-sumiu por seus clientes caso se concretizem, como danos ou acidentes. Objetivando proteger seus recursos e aumentar seu rendimento operacional, as companhias de seguro buscam o mercado financeiro para apli-car suas reservas pela melhor taxa disponível, procurando comprar papéis que possuam melhor rendi-mento.

Trata-se em essência, de uma atividade empresarial com objetivos econômicos que possui ampla in-fluência na economia dos países, pois ajuda a atenuar as conseqüências negativas do risco para o segu-rado.

Pulverização de Riscos

A pulverização de riscos é um dos princípios operacionais básicos da atividade seguradora, de maneira que as indenizações sejam suportáveis pelas empresas. Os dois principais modos de redistribuir o risco aceito são o cosseguro e o resseguro.

(6)

Cosseguro ocorre quando a responsabilidade de um risco é dividida por duas ou mais seguradoras. Neste caso é emitida uma única apólice pela seguradora líder, onde consta a participação de cada segura-dora no total da importância segurada.

Resseguro é a transferência de uma parte do risco assumido de um segurador para outro segurador, de-nominado ressegurador; para tanto, deve-se pagar a este último um certo prêmio e, na hipótese de um sinistro, com ele se divide, proporcionalmente, a responsabilidade de indenizar o segurado. O resseguro no País é operado pelo IRB - Instituto de Resseguro do Brasil que, se necessário, pode realizar a pulverização de responsabilidades junto a resseguradores internacionais.

Tratamento Contábil

Para apurar o resultado operacional de uma Cia. Seguradora devem ser considerados prêmios, custos e despesas incorridas durante o período de vigência do seguro. Logo, para uma apólice de seguro emitida por um período de 12 meses, a companhia, a cada mês, apropriará contabilmente como receita a fração (1/12) do valor dos prêmios retidos e o restante (11/12) permanecerá como Provisão de Prêmios não Ga-nhos. Os Prêmios Ganhos têm, por conseguinte, o sentido de receita operacional para a companhia de seguros. Os sinistros retidos referem-se às indenizações pleiteadas no período e ajustes de provisões feitas em períodos anteriores, enquanto que as provisões técnicas representam prêmios ainda não ganhos e per-das ainda não indenizaper-das.

Avaliação de Companhias Seguradoras

As companhias de seguros podem ser avaliadas tanto por entidades externas independentes quanto por elas próprias. No Brasil, os principais critérios utilizados nas avaliações externas são:

ƒ Estatística do volume de prêmios, que é publicada mensalmente pela FENASEG mostrando o

ranking no mercado segurador brasileiro.

ƒ Análise do desempenho das seguradoras, feita através do uso de indicadores extraídos principal-mente das demonstrações financeiras.

• Perfil de seguradoras: Feito pela Austin Asis

9

, analisa a performance financeira das companhias, nos últimos 4 anos, considerando indicadores de estrutura, solvência, custos, resultados, produti-vidade, crescimento e o capital de giro.

• Análise setorial: Realizado pela Arthur Andersen

10

, é baseada nas estatísticas publicadas pela FENASEG e nas demonstrações financeiras. As informações são segmentadas por grupos eco-nômicos, companhias independentes nacionais ou estrangeiras, e os dados principais são refe-rentes à participação dos principais ramos do mercado segurador, expresso em porcentagem de seguros emitidos, e ao Combined Ratio, indicador próprio do setor, que mostra o desempenho das operações de seguro antes do resultado financeiro. Além desses, são utilizados outros indi-cadores, tanto gerais quanto próprios do setor.

No exterior, as principais instituições independentes especializadas na avaliação do desempenho finan-ceiro de seguradoras procuram identificar, sobretudo, a capacidade econômico-financeira das companhias para honrar compromissos. São elas a A.M. Best11, Standard & Poor’s12, Moody’s, Weiss13 e Duff & Phelps, que obtêm seus dados através do IRIS – Insurance Regulatory Information System.

9

AUSTIN ASSIS. Perfil de Seguradoras. 10a ed., São Paulo, 1993. 10

ARTHUR ANDERSEN. Análise Setorial do Mercado Segurador. 1992.

11

(7)

Estas instituições procuram avaliar as seguradoras qualitativa e quantitativamente, considerando dados referentes aos últimos cinco exercícios, no mínimo .

Na avaliação qualitativa, a companhia é analisada segundo a amplitude dos riscos assumidos, estraté-gias, capacidade administrativa, adequação da política de resseguro, qualidade e valor de mercado dos ativos e magnitude do Patrimônio Líquido. Já na avaliação quantitativa, são considerados pontos críticos, como Rentabilidade, Alavancagem, Liquidez e Adequação da Provisão de Sinistros a Liquidar.

As próprias empresas, ao analisarem seu próprio desempenho e o de seu setor e concorrentes, dispõem de certos critérios próprios de avaliação. Nesse processo, os principais aspectos a serem considerados são os seguintes:

ƒ Análise dos Balanços das Seguradoras: calculam-se alguns índices relevantes à analise a partir das demonstrações, como Imobilização, Rentabilidade do Patrimônio Líquido, Margem de Solvência, Sinistralidade, Combined Ratio, entre outros.

ƒ Destaque dos Balanços Publicados de Cias. Seguradoras14: Os maiores grupos seguradores são clas-sificados em ordem decrescente de resultados, considerando alguns indicadores estratégicos, como Participação no Mercado e Crescimento em Prêmios Emitidos Líquidos, Prêmio Retido sobre Pa-trimônio Líquido, Sinistro sobre Prêmio Ganhos, entre outros.

ƒ Análise do Mercado Segurador15: Utiliza uma extensa lista de indicadores e parâmetros, tanto gerais quanto específicos para o setor, e apresenta os valores em dólares.

M

ETODOLOGIA

Para a realização do presente trabalho, foram selecionadas as cinco maiores seguradoras brasileiras, por prêmios líquidos, ao fim do ano de 1998. Essa classificação foi extraída da revista Exame – Melhores e Maiores 199916. A escolha das cinco maiores empresas se deve ao fato de representarem, juntas, mais de 54% do total de prêmios do mercado segurador, segundo os Boletins Estatísticos da SUSEP17 , ou 48% das 50 maiores seguradoras brasileiras18, servindo, portanto, como uma amostra representativa do setor. Para a análise, foram considerados apenas dados referentes aos anos de 1996, 1997 e 1998, a fim de ex-cluir períodos de inflação alta, que precederam ao Plano Real, em 1994, e simplificá-la através da omissão de cálculos de correção monetária.

A metodologia de trabalho adotada tem como base dados pesquisados em demonstrações financeiras das referidas instituições de seguros, estatísticas fornecidas pela SUSEP e pela FENASEG, além de outras publicações da área de seguros. Será uma análise comparativa.

Comparando os diversos critérios utilizados por diferentes instituições na análise e avaliação das Com-panhias Seguradoras e considerando os pontos fortes e fracos nelas contidos, escolheu-se como base aquela proposta por Luporini19 em sua tese acerca da Avaliação de Empresas Seguradoras. Essa análise, que elege dentre os índices observados no país e no exterior aqueles que melhor se adaptam à natureza de uma companhia de seguros e à realidade brasileira, objetiva avaliar com mais precisão o desempenho destas, fornecendo dados mais úteis e confiáveis para situá-las de acordo com os padrões de desempenho do mercado segurador brasileiro e observar o resultado obtido com a atividade securitária.

12

STANDARD & POOR'S Insurance Ratings. Claims - Paying Ability Rankings. 1993 13

BUSINESS WEEK. Are You Really Insured?. August 5, 1991.

14

BRASIL SEGUROS. Destaques dos Balanços Publicados de Cias. Seguradoras em 1998. 15

CHUBB DO BRASIL. Análise do Mercado Segurador. 1998.

16

EXAME, op.cit. 17

SUSEP, Boletim Estatístico Dez 1998. www.susep.gov.br 18

EXAME, op.cit. A porcentagem sobre o total de prêmios ganhos apresenta-se maior sobre as 50 maiores devido aos prêmios ganhos negativos obtidos pelas companhias de menor porte no ano de 1998.

19

(8)

Os índices que serão utilizados nessa análise são descritos no quadro a seguir:

TABELA 1

INDICADORES FÓRMULA OBJETIVO DA AVALIAÇÃO

Sinistros Retidos (SR) Prêmios Ganhos (PG) Despesas Comerciais (DC)

Prêmios Ganhos (PG) Despesas Administrativas + Outras Rec./Desp. Operacionais (DA)

Prêmios Retidos (PR) (SR + DC) / PG + (DA/PR)

Resultado Financeiro Prêmios Ganhos

Res. Financeiro + Res. Equiv. Patrimonial Aplicações Financeiras + Imóveis + Participações

Acionárias Permanentes + Outros Investimentos Lucro Líquido

PL Médio

Variações periódicas do patrimônio Prêmios Retidos

Patrimônio Líquido

Prêmios Retidos + Passivo Circulante Patrimônio Líquido

Prêmios Ret. + Pass. Circ. + Ress. e Coss. Cedidos Patrimônio Líquido Índice de Comercialização Sinistralidade Índice de Overhead Combined Ratio

Gastos com indenizações (Grau de exposição ao risco)

Dispêndios fixos com o dos produtos e atividades diversas processamento Custo operacional da atividade seguradora, sem resultado financeiro Contribuição dos resultados

financeiros globais para

complementar os ganhos ou perdas

Índice de Resultado Financeiro

Eficiência das aplicações financeiras e dos investimentos em coligadas

Retorno sobre Ativos Finaceiros

Retorno sobre o PL Grau de maximização da riqueza dos

acionistas

Capacidade da Cia. em ampliar o P.L em relação aos períodos anteriores.

Mutações do Patrimônio Líquido

Nível de produção em relacão ao patrimônio. Capacidade de gerar produção

Margem de Solvência

Alavancagem Líquida

Erros de "pricing" e de provisionamento dos sinistros a liquidar

Alavancagem Bruta

Erros de "pricing", de

provisionamento de sinistros a liquidar e de transferência de riscos Gastos variáveis com a colocação do produto R e n t a b i l i d a d e A l a v a n c a g e m

(9)

Disponível + Aplicações Financeiras Passivo Circulante

Ativo Circulante Passivo Circulante

Ativo Circulante + Realizável Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Provisão Sinistros a Liquidar (*) Prêmio Retido

(*) Inclui sinistros ocorridos mas não avisados Ativo Permanente

Patrimônio Líquido Provisões Técnicas de Prêmios

Prêmios Retidos

Provisões Técnicas de Prêmios Patrimônio Líquido

Capacidade de liquidação de compromissos de curto prazo somente com disponível e aplicações de curto prazo

Liquidez Seca

Liquidez Corrente

Capacidade de liquidação de compromissos de curto prazo com ativos realizáveis em curto prazo

Formação de Provisões Técnicas

Liquidez Geral

Capacidade de liquidação de compromissos com ativos realizáveis no curto e longo prazos

Índice de Adequação das Provisões de Sinistros a Liquidar

Representa a adequação das

provisões em relação ao faturamento da Companhia

Grau de contribuição dos recursos de terceiros ainda não apropriados como receita e que futuramente

constituirão parte do P.L. Geração de Resultados Futuros L i q u i d e z O u t r o s Grau de Imobilização

Volume de imobilização de recursos com capital próprio. Influência na liquidez.

Volume de produção destinada às provisões técnicas. Revela a predominância dos ramos de atuação e o conservadorismo da companhia

Fonte: Adaptada de Luporini, op.cit.

Cálculo dos Índices e Análise e Intepretação dos Resultados

A seguir, é apresentada a Tabela 2, contendo os cálculos dos índices, conforme demonstrado na Tabela 1, por seguradora e para o período de 1996 a 1998.

TABELA 2 Sul America Seguros (1) Bradesco Seguros (2) Sul America Aetna (3) Itáu Seguros (4) Porto Seguro (5) Análise Cross-sectional 1996 73,10% 70,26% * 66,77% 57,25% 5 1997 78,80% 70,77% 68,62% 67,34% 57,33% 5 1998 73,78% 70,02% 72,61% 72,03% 58,21% 5 Análise Série-temporal P M --- --- * P P P --- P 1996 13,73% 11,32% * 21,19% 23,55% 2 1997 14,66% 10,52% 11,00% 19,96% 21,99% 2 1998 18,20% 12,80% 12,49% 20,46% 21,77% 3 Análise Série-temporal P P M P * P M P M ---1996 15,82% 16,14% * 18,36% 18,23% 1 1997 12,26% 17,94% 17,13% 15,49% 19,88% 1 1998 16,94% 14,89% 15,56% 18,31% 19,55% 2 Análise Série-temporal M P P M * M M P P ---1996 102,65% 97,72% * 106,31% 99,03% 2 1997 105,72% 99,23% 96,75% 102,78% 99,20% 3 1998 108,92% 97,71% 100,66% 110,80% 99,53% 2 Análise Série-temporal P P P M * P M P ---1996 0,09% 7,58% * 8,59% 11,78% 5 1997 4,39% 4,16% 1,08% 9,83% 12,32% 5 1998 13,72% 5,54% 1,25% 15,37% 11,07% 4 Análise Série-temporal M M P M * M M M M P R e n t a b i l i d a d e Índice de Comercialização Sinistralidade Índice de Overhead Combined Ratio Índice de Resultado Financeiro

(10)

1996 13,60% 29,57% * 11,81% 19,06% 2 1997 42,09% 21,09% 9,07% 15,25% 19,65% 1 1998 22,61% 17,15% 18,85% 19,56% 16,54% 1 Análise Série-temporal M P P P * M M M --- P 1996 7,85% 30,36% * 9,48% 29,83% 2 1997 23,28% 31,05% * 6,98% 26,22% 2 1998 11,25% 27,90% 19,89% 12,12% 23,87% 2 Análise Série-temporal M P M P * * P M P P 1996 29772 -1517 * 63442 12412 1 1997 118884 252240 * -549805 34427 2 1998 56999 408805 17480 17574 46119 2 Análise Série-temporal M P M M * * P M M M 1996 2,33 1,48 * 0,92 3,47 1 1997 0,85 1,51 5,58 2,40 3,75 4 1998 1,34 1,39 6,77 2,47 3,71 4 Análise Série-temporal P M --- --- * P M --- P ---1996 2,55 2,08 * 1,17 4,28 *** 1997 1,28 1,91 6,22 3,03 4,53 *** 1998 1,89 1,85 7,52 3,20 4,53 *** Análise Série-temporal *** *** *** *** *** 1998 2,98 2,31 * 1,30 4,41 *** 1997 1,40 2,11 6,40 3,37 4,69 *** 1998 2,06 2,00 7,59 3,52 4,69 *** Análise Série-temporal *** *** *** *** *** 1996 0,75 0,48 * 1,42 2,02 *** 1997 1,09 0,78 1,15 1,92 2,26 *** 1998 0,59 0,68 0,61 1,90 2,33 *** Análise Série-temporal *** *** *** *** *** 1996 3,47 1,57 * 2,65 3,20 *** 1997 2,72 1,77 2,93 3,45 3,56 *** 1998 1,78 1,56 2,07 3,31 3,71 *** Análise Série-temporal *** *** *** *** *** 1996 1,37 1,56 * 1,93 2,44 *** 1997 2,64 1,68 2,81 3,04 2,47 *** 1998 2,06 1,45 2,20 2,94 2,41 *** Análise Série-temporal *** *** *** *** *** 1996 1,79% 9,38% * 13,07% 11,36% 4 1997 12,73% 10,60% 1,96% 10,89% 10,14% 1 1998 11,76% 11,93% 2,07% 13,49% 10,97% 4 Análise Série-temporal M P M M * M P M P ---1996 1,05 0,94 * 0,99 0,69 # 1997 0,69 1,00 0,55 0,49 0,57 # 1998 0,91 1,01 0,43 0,47 0,51 # Análise Série-temporal P M --- --- * P P --- P ---1996 12,89% 21,18% * 35,41% 35,61% 5 1997 59,59% 21,54% 14,64% 40,98% 33,39% 4 1998 37,68% 18,62% 5,82% 45,22% 35,53% 4 Análise Série-temporal M M --- P * P M M P M 1996 30,01% 31,30% * 32,39% 123,53% *** 1997 50,54% 32,51% 81,64% 98,50% 125,07% *** 1998 50,46% 25,97% 39,38% 111,69% 131,82% *** Análise Série-temporal *** *** *** *** *** R e n t a b i l i d a d e A l a v a n c a g e m L i q u i d e z O u t r o s

Retorno sobre Ativos Financeiros Retorno sobre o PL Mutações do Patrimônio Líquido (R$ 1000) Margem de Solvência Alavancagem Líquida Alavancagem Bruta Liquidez Seca Formação de Provisões Técnicas Geração de Resultados Futuros Liquidez Corrente Liquidez Geral

Índice de Adequação das Prov. Sin. A Liq.

Grau de Imobilização

P: o desempenho piorou M: o desempenho melhorou

---: o desempenho se manteve

*: não há dados

***: a análise não é relevante para o mercado de seguros

#: a análise Cross-sectional não é viável

Para analisar cada uma das empresas contidas na Tabela 2, alguns índices foram considerados de maior relevância. Assim, no caso da rentabilidade, os índices mais representativos são o Combined Ratio e o de Resultados Financeiros. O primeiro analisa o desempenho quanto à atividade operacional da seguradora, dependendo de dados como as despesas administrativas e a sinistralidade, sendo uma empresa considerada eficiente quando apresentar valores mais baixos. Já o segundo considera a performance no âmbito finan-ceiro e, portanto, quanto maior for o seu valor, maior será a contribuição dos resultados finanfinan-ceiros para complementar a atividade operacional.

(11)

Ao analisar a alavancagem, o índice mais relevante é o de Margem de Solvência, uma vez que mede a capacidade da empresa de gerar produção. Se o índice calculado for menor que dois, representará capital ocioso ou excesso de patrimônio para uma produção insuficiente. Caso seja maior que três, representará que a empresa aumenta excessivamente seu risco. Então, os valores considerados adequados estarão entre 2 e 3.

Os índices de liquidez são muito recomendados pelos analistas financeiros em geral, entretanto, encer-ram em seu próprio conceito o inconveniente de representarem posições estáticas e liquidantes. Por serem obtidos do balanço, representam a situação líquida da empresa caso esta fosse encerrada. Como o conceito é de continuidade dos negócios, interessa mais o fluxo de caixa que representa o índice refletido nos re-sultados financeiros. Por causa disso pode, numa análise comparativa, ser desconsiderado.

Os índices de alavancagem líquida e alavancagem bruta representam um aprimoramento técnico de re-conhecimento de possíveis ajustes de produção e preço. Assim, ficam supridos ao se analisar o índice de margem de solvência.

Em relação aos últimos índices (outros), destacam-se o índice de adequação das provisões de sinistros a liquidar e o índice de formação de provisões técnicas. O primeiro deve representar, aproximadamente, 15% do total de prêmios retidos, sendo que, quanto mais alto, maior será o conservadorismo da empresa. O segundo deve representar de 40 a 50% dos prêmios retidos para as empresas atuantes no mercado bra-sileiro, onde não há casos de seguro por responsabilidade civil de longo prazo, como em países europeus e nos Estados Unidos, em que o período referido abrange de 20 a 30 anos.

Segundo os critérios citados, as companhias apresentadas na Tabela 2, serão analisadas a seguir.

Sul América Companhia Nacional de Seguros

Analisando o Combined Ratio da empresa, nota-se que este está muito acima das demais, demons-trando um custo operacional da atividade seguradora muito elevado. Isso deve-se à alta sinistralidade, a mais elevada dentre as empresas analisadas, apesar do baixo índice de Overhead (despesas administrati-vas/prêmios ganhos).

Com referência ao índice de resultado financeiro, a empresa o apresentava bastante insatisfatório no ano de 1996, porém obteve uma considerável melhora nos resultados nos anos seguintes. Assim, a impor-tância dos resultados financeiros para a empresa aumentou muito, ao mesmo tempo em que ocorria uma queda no índice combinado. Isso é demonstrado também pelo desempenho quanto ao retorno sobre ativos financeiros, no qual a Sul América apresentou os melhores índices nos dois últimos anos analisados.

A diminuição da margem de solvência demonstra a tendência conservadora da empresa, resultando em um aumento de seu capital ocioso.

No ano de 1996, a Sul América foi ineficiente ao adequar suas provisões em relação aos prêmios reti-dos, apresentando índices muito baixos quando comparados às outras empresas analisadas. Porém, nos anos seguintes percebe-se uma melhora significativa em seu desempenho. Em 1997, a companhia elevou excessivamente seu volume de produção destinado às provisões técnicas, alcançando um valor mais ade-quado no ano posterior.

Bradesco Seguros S.A

O Combined Ratio da empresa foi o melhor dentre as companhias analisadas, sendo inferior a 100% nos três últimos anos. Esse número deve-se, principalmente, ao baixo índice de comercialização, pois a sinistralidade da Bradesco Seguros segue o padrão das empresas avaliadas.

O índice de resultado financeiro é razoável, e o retorno sobre ativos financeiros apresenta-se adequado, apesar da queda nos dois últimos anos.

A margem de solvência da empresa demonstra seu conservadorismo, já que possui capital ocioso, pre-ferindo uma maior segurança a aplicações mais rentáveis.

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A Bradesco Seguros apresenta uma melhora em seus índices de adequação da provisão de sinistros a liquidar nos últimos anos, não atingindo, porém, os números considerados como satisfatórios. Analisando-se o índice de formação de provisões técnicas, percebe-Analisando-se que os valores são insuficientes.

Sul América Aetna Seguros e Previdência S.A

A empresa apresenta-se eficiente no aspecto operacional, tendo apresentado um Combined Ratio, assim como a sinistralidade e índice de comercialização e overhead bastante satisfatórios.

O índice de resultado financeiro, todavia, é muito baixo, uma vez que a Sul América Aetna, apesar de obter altas receitas financeiras, também possui altas despesas com seus ativos financeiros.

A alta margem de solvência indica uma excessiva exposição ao risco, decorrente da superioridade dos prêmios retidos em relação ao Patrimônio Líquido.

Apresenta índices de adequação das provisões de sinistros a liquidar bastante insatisfatórios devido ao alto volume de prêmios retidos. Esta também é a causa dos baixos índices de formação de provisões técni-cas, obtendo os menores valores em relação às outras empresas.

Itaú Seguros S.A

A companhia possui um índice combinado com tendência insatisfatória, apresentando os maiores valo-res dentre as demais empvalo-resas analisadas. Sua sinistralidade é boa, porém as despesas comerciais e admi-nistrativas em relação aos prêmios são elevadas, elevando o Combined Ratio. Contudo, os resultados fi-nanceiros da empresa contribuem consideravelmente para complementar o resultado operacional.

Em 1997, foi realizada a cisão parcial da empresa, procurando adequar a sua estrutura à realidade con-juntural brasileira e às normas que regulam a cobertura de provisões técnicas. Tal processo resultou em uma variação negativa, no Patrimônio Líquido da Itaú Seguros, de mais de 500 milhões de reais, alterando significativamente diversos índices, como a margem de solvência. Este indicador apresenta-se eficiente nos dois últimos anos.

É a companhia que mais eficazmente adequa suas provisões de sinistros a liquidar em relação a seus prêmios retidos, destacando-se também na formação de provisões técnicas.

Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais

Os índices de sinistralidade da Porto Seguro Seguros são excelentes em comparação às demais empre-sas analisadas. Isso garante à empresa um bom índice combinado, apesar de seus altos índices de comer-cialização e de overhead.

Apresenta também bom desempenho financeiro, com altos índices de resultado financeiro nos três anos analisados. Demonstra, portanto, bons resultados tanto na atividade operacional de seguros quanto no reinvestimento de seus recursos.

A alta margem de solvência mostra que a empresa está se arriscando acima das demais, com o intuito de elevar seus ganhos financeiros.

A empresa apresenta índices de adequação das provisões de sinistros a liquidar razoáveis, os quais permaneceram estáveis durante os últimos três anos, assim como os índices de formação de provisões técnicas. Deste modo, a Porto Seguro Seguros demonstra um volume adequado de produção destinado às provisões técnicas e às provisões de sinistros a liquidar.

(13)

C

ONSIDERAÇÕES

F

INAIS

O trabalho realizado evidencia que o desempenho operacional das seguradoras analisadas, apesar de representarem as cinco principais do setor, não é exatamente o mesmo. Percebe-se que há influência de fatores como o custo operacional da atividade seguradora e a capacidade da empresa de gerar resultados financeiros para complementar seus ganhos ou perdas. Deste modo, algumas companhias são capazes de obter uma eficiente performance através de bons resultados operacionais, como a Porto Seguro Seguros. Outras, contudo, apresentam perdas em sua atividade seguradora, obtendo um desempenho global satisfa-tório através de ganhos financeiros, como é o caso da Itaú Seguros.

Outro fator relevante é a capacidade da empresa de gerar produção, objetivando-se o crescimento da companhia sem que haja a exposição a um risco excessivo. Destaca-se ainda o volume de produção da empresa destinado a provisões técnicas e de sinistros a liquidar. Neste caso é de se destacar o comporta-mento da Itaú Seguros, que apresenta mais adequadas suas provisões de sinistros a liquidar em relação a prêmios retidos.

Os instrumentos de análise financeira tradicionais são de importância relativa nesta avaliação de de-sempenho. O setor, dado às suas peculiaridades, possui índices próprios de medição de produção. Assim, dentre os índices financeiros tradicionais, apenas aqueles que se referem ao retorno sobre ativos financei-ros e sobre o patrimônio líquido, além da margem de solvência, são relevantes. Nestes casos, destacou-se a Bradesco Seguros, evidenciando eficiência nas aplicações financeiras e na maximização da riqueza dos acionistas.

Por fim, esta análise demonstra que nem sempre as companhias que possuem um grande volume de prêmios ganhos são as que apresentam melhor desempenho financeiro. Os valores obtidos pela análise global dos índices da Sul América e a Sul América Aetna, primeira e terceira maiores empresas, respecti-vamente, evidenciam essa afirmação: ambas apresentam muitos de seus índices inadequados ou insatisfa-tórios em relação às demais seguradoras analisadas, enquanto que empresas com menor volume de prê-mios ganhos, como a Porto Seguro Seguros e a Itaú Seguros, demonstram melhores resultados na avalia-ção global dos indicadores.

B

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Referências

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