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ALUÍSIO AZEVEDO O cortiço. PROJETO DE LEITURA Douglas Tufano Maria José Nóbrega

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Academic year: 2021

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PROJETO DE LEITURA

Douglas Tufano

Maria José Nóbrega

ALUÍSIO AZEVEDO

O cortiço

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a reflexão sobre aspectos importantes do com-portamento humano e da vida em sociedade, e ainda permite o diálogo com outras áreas do conhecimento.

O professor é o intermediário entre o tto e o aluno. Mas, como leittor maduro e ex-periente, cabe e ele a tarefa delicada de in-tervir e esconder-se ao mesmo tempo, per-mitindo que o aluno e o texto dialoguem o mais livremente possível.

Porém, por circular na sala de aula jun-to com os texjun-tos escolares, muitas vezes o texto literário acaba por sofrer um trata-mento didático, que desconsidera a própria natureza da literatura. O texto literário não é um texto didático. Ele não tem uma res-posta, não tem um significado que possa ser considerado correto. Ele é uma pergun-ta que admite várias respospergun-tas; depende da maturidade do aluno e de suas experiênci-as como leitor. O texto literário é um cam-po de cam-possibilidades que desafia cada lei-tor individualmente.

Trabalhar o texto como se ele tivesse um significado objetivo e unívoco é trair a na-tureza da literatura e, o que é mais grave do ponto de vista educacional, é contrariar o próprio princípio que justificou a inclusão da literatura na escola. Se agirmos assim, não estaremos promovendo uma educação estética, que, por definição, não pode ser homogeneizada, massificada, desperso-nalizada. Sem a marca do leitor, nenhuma leitura é autêntica; será apenas a reprodu-ção da leitura de alguma outra pessoa (do professor, do crítico literário etc.).

Cabe ao professor, portanto, a tarefa de criar na sala de aula as condições para o de A literatura não é matéria escolar, é

ma-téria de vida.

A boa literatura problematiza o mundo, tornando-o opaco e incitando à reflexão. É um desafio à sensibilidade e inteligência do leitor, que assim se enriquece a cada leitura. A literatura não tem a pretensão de oferecer modelos de comportamento nem receitas de felicidade; ao contrário, provoca o leitor, esti-mula-o a tomar posição diante de certas ques-tões vitais. A literatura propicia a percepção de diferentes aspectos da realidade. Ela dá forma a experiências e situações que, muitas vezes, são desconcertantes para o jovem lei-tor, ao ajudá-lo a situar-se no mundo e a re-fletir sobre seu próprio comportamento.

Mas essa característica estimuladora da li-teratura pode ser anulada se, ao entrar na sala de aula, o texto for submetido a uma prática empobrecedora, que reduz sua potencialidade crítica.

Se concordarmos em que a escola deve es-tar mais atenta ao desenvolvimento da ma-neira de pensar do que à memorização de con-teúdos, devemos então admitir que sua fun-ção mais importante é propiciar ao aluno ati-vidades que desenvolvam sua capacidade de raciocínio e argumentação, sua sensibilidade para a compreensão das múltiplas facetas da realidade. A escola, portanto, deveria ser, an-tes de tudo, um espaço para o exercício da liberdade de pensamento e de expressão.

E se aceitarmos a idéia de que a literatura é uma forma particular de conhecimento da realidade, uma maneira de ver o real, enten-deremos que ela pode ajudar enormemente o professor nessa tarefa educacional, pois pode ser uma excelente porta de entrada para

Literatura é aprendizado de humanidade

DOUGLAS TUFANO

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DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Apresentamos informações básicas sobre o autor, situando-o no contexto da história da literatura brasileira ou portuguesa.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, ao conhecer o tema e seu desen-volvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta o interesse e o nível de leitura de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Conforme as características do gênero a que pertence a obra, destacamos alguns senvolvimento de atividades que possibi-litem a cada aluno dialogar com o texto, interrogá-lo, explorá-lo. Mas essas atividades não são realizadas apenas individualmente; devem contar também com a participação dos outros alunos –– por meio de debates e troca de opiniões –– e com a participação do professor como um dos leitores do texto, um leitor privilegiado, mas não autoritário, sem-pre receptivo às leituras dos alunos, além de permitir-lhes, conforme o caso, o acesso às interpretações que a obra vem recebendo ao longo do tempo.

Essa tarefa de iniciação literária é uma das grandes responsabilidades da escola. Uma coisa é a leitura livre do aluno, que obvia-mente pode ser feita dentro ou fora da es-cola. Outra coisa é o trabalho de iniciação literária que a escola deve fazer para desen-volver a capacidade de leitura do aluno, para ajudá-lo a converter-se num leitor crítico, pois essa maturidade como leitor não coincide necessariamente com a faixa etária. Ao

ela-borar um programa de leituras, o professor deve levar em conta as experiências do alu-no como leitor (o que ele já leu? como ele lê?) e, com base nisso, escolher os livros com os quais vai trabalhar.

Com essa iniciação literária bem planejada e desenvolvida, o aluno vai adquirindo condi-ções de ler bem os grandes escritores, brasilei-ros e estrangeibrasilei-ros, de nossa época ou de ou-tras épocas. Nesse sentido, as noções de teoria literária aplicadas durante a análise de um tex-to literário só se justificam quando, efetivamen-te, contribuem para enriquecer a leitura e com-preensão do texto, pois nunca devem ser um fim em si mesmas. A escola de Ensino Funda-mental e Médio quer formar leitores, não crí-ticos literários. Só assim é possível perceber o especial valor educativo da literatura, que, como dissemos, não consiste em memorizar conteúdos mas em ajudar o aluno a situar-se no mundo e a refletir sobre o comportamento humano nas mais diferentes situações. Litera-tura é aprendizado de humanidade.

aspectos importantes, como a visão de mundo nela expressa, a linguagem do au-tor, os seus recursos expressivos, a compo-sição dos personagens etc. Com esses co-mentários, o professor poderá ter uma idéia dos aspectos que poderão ser abor-dados e também identificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser explorados em sala de aula.

QUADRO-SÍNTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns aspectos didáticos da obra em questão. São eles: a indicação do gênero literário, as áreas e os temas transversais en-volvidos nas atividades e o público-alvo pre-sumido para a obra.

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Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Considerando que os sentidos que atribuímos a um texto dependem muito de nossas expe-riências como leitor, sugerimos neste item algumas atividades que favorecem a ativa-ção dos conhecimentos prévios necessários à compreensão da obra.

b) durante a leitura

Apresentamos alguns objetivos orientadores que podem auxiliar a construção dos senti-dos do texto pelo leitor.

c) depois da leitura

Sem nenhuma pretensão de esgotar os sen-tidos do texto, propomos algumas ativida-des que ajudam o leitor a aprofundar sua compreensão da obra, sugerindo também, conforme o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares e a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. F nas tramas do texto

• Compreensão geral do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões propostas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empre-gados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vis-ta sustenvis-tados pelo autor.

• Discussão de outros pontos de vista a res-peito de questões suscitadas pela obra. • Tendo a obra estudada como ponto de partida, produção de outros textos verbais ou de trabalhos que contemplem diferentes linguagens artísticas: teatro, música, artes plásticas etc.

F nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra estudada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

F nas ondas do som

• Indicação de músicas que tenham relação significativa com a temática ou com a estru-tura da obra estudada.

F nos enredos do real

• Sugestão de atividades que ampliam o es-tudo da obra, relacionando-a aos conteúdos de diversas áreas curriculares.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados à obra estudada, criando no aluno o desejo de ampliar suas experiências como leitor. Essas sugestões podem incluir obras do mesmo autor ou obras de outros autores que tra-tam de temas afins:

w do mesmo autor; w de outros autores; w leitura de desafio.

Indicação de livros que podem estar um pou-co além do grau de autonomia do leitor da obra analisada, com a finalidade de ampliar os horizontes culturais do aluno, apresentan-do-lhe até mesmo autores estrangeiros.

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mática, exercendo suas funções em diversos paí-ses — Espanha, Japão, Uruguai, Inglaterra, Itá-lia — , morrendo na Argentina em 1913, aos 56 anos de idade.

RESENHA

O cortiço, publicado em 1890, focaliza a

ascen-são social do comerciante português João Romão, dono de uma venda, de uma pedreira e de um cortiço, bem perto do sobrado de um patrício endinheirado, o comendador Miranda. A rivali-dade entre os dois aumenta à medida que cresce o número de casinhas do cortiço, alugadas, na sua maioria, pelos empregados da pedreira, que também fazem compras na venda de João Romão, que, desse modo, vai se enriquecendo rapidamente. Com a intenção obsessiva de tor-nar-se rico, João Romão não se permite o menor luxo, economizando cada moeda e explorando os outros sempre que pode. Vive amasiado com uma escrava fugida chamada Bertoleza, que o auxilia no trabalho duro, e para quem ele forjou um documento de alforria.

O grande sonho de João Romão é adquirir pres-tígio social, como seu patrício Miranda. Este, à medida que o vendeiro vai enriquecendo, não vê com maus olhos a possibilidade de oferecer-lhe a UM POUCO SOBRE O AUTOR

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nas-ceu em São Luís, no Maranhão, em 1857, e fa-leceu em Buenos Aires (Argentina), em 1913. Interessado em desenho e pintura, parte para o Rio de Janeiro em 1876, onde já vivia seu irmão, Artur Azevedo, que mais tarde se destacaria como um dos principais comediógrafos de seu tempo. Aluísio matricula-se na Imperial Academia de Belas-Artes e começa a trabalhar na imprensa carioca como caricaturista e ilustrador.

Em 1878, com a morte do pai, regressa a São Luís, onde passa a colaborar na imprensa. No ano se-guinte, publica Uma lágrima de mulher, romance que inicia sua carreira literária. Em 1880, participa do lançamento do jornal O Pensador, que, por seu anticlericalismo, agita e incomoda a sociedade de São Luís. Em 1881, lança o romance O mulato, pro-vocando polêmicas por suas posições anticlericais. Resolve voltar ao Rio de Janeiro, onde passa a se dedicar inteiramente à atividade de escritor, pu-blicando, até 1895, vários romances, dos quais se destacam Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890), considerado o ponto alto de sua obra e o melhor romance naturalista brasileiro.

Em 1895, aprovado em concurso, abandona a atividade literária e ingressa na carreira

diplo-ALUÍSIO AZEVEDO

O cortiço

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mão de sua filha, Zulmira. Um amigo comum, Botelho, se faz intermediário das negociações e tudo fica arranjado. João Romão fica noivo de Zulmira, alcançando assim um patamar mais alto na escala social. O único inconveniente é Bertoleza, que não aceita ser descartada sumaria-mente. Botelho arma um plano: denuncia Bertoleza como escrava fugida a seu verdadeiro dono, que vai com a polícia prendê-la. João Romão faz de conta que não sabe de nada e a entrega. Bertoleza percebe que o vendeiro, sem coragem de mandá-la embora ou de matá-la, pre-parou essa armadilha para devolvê-la ao cativei-ro. Desesperada, ela se mata.

A narração desses fatos da vida de João Romão entrelaça-se com a narração de vários episódios dos moradores do cortiço, cuja luta pela sobrevi-vência é dura e cruel. O caso de Jerônimo é exem-plar da visão naturalista do autor. Jerônimo é um operário português contratado por João Romão para trabalhar na pedreira. É um homem sério, casado com Piedade, também portuguesa. Eles têm uma filha adolescente e vivem bem como fa-mília. Mas, no cortiço, Jerônimo começa a sofrer influência daquele ambiente sensual e desregra-do, apaixona-se pela mulata Rita Baiana, por ela mata um rival e abandona a família.

Acompanhando a evolução social de João Romão, o cortiço também se desenvolve, princi-palmente depois de um grande incêndio, quan-do passa por reformas e transforma-se na “Ave-nida São Romão”, com melhor aparência e uma população mais ordeira. A população mais bai-xa e miserável se transfere para outro cortiço, o Cabeça de Gato, mantendo-se assim a engrena-gem do sistema social em que predomina a lei do mais forte.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

O romance denuncia a exploração e as péssimas condições de vida dos moradores das estalagens ou dos cortiços cariocas do final do século XIX. Abominadas pela classe alta e acusadas pelas auto-ridades sanitárias como focos de doenças e epide-mias, essas habitações coletivas (“viveiros de larvas sensuais” e “brejo de lodo quente e fumegante”) engendravam e acolhiam o crescente proletariado

urbano, indispensável pelos serviços essenciais que prestavam à cidade, que se expandia econômica e demograficamente, porém sem oferecer condições dignas de moradia.

Baseando-se na documentação-observação-ex-perimentação, metodologia própria das ciências, Aluísio Azevedo, segundo relatos de contem-porâneos, conheceu pessoalmente os cortiços, visitando-os e até mesmo alugando um quarto num deles. A intenção era “estudar os meca-nismos desta sociedade a fim de fazer vir à tona as leis que a regem”, superando assim o subje-tivismo romântico e alcançando o máximo de verossimilhança.

Influenciado pelas teorias deterministas da épo-ca, o autor escreveu um romance de tese, usando a obra de ficção como um laboratório para de-monstrar que o ser humano é fruto de sua cons-tituição psicofisiológica e do ambiente onde vive. A força do meio, aliás, é considerada tão decisiva que se pode dizer que o cortiço é o personagem principal da obra, conforme assinalou o crítico Antonio Candido: “O romance é o nascimento, vida, paixão e morte de um cortiço”.

Uma ampla galeria de personagens desfila pelas páginas do romance: lavadeiras, operários, mas-cates, prostitutas. Em todos eles o cortiço deixa sua marca. É o caso, por exemplo, do imigrante português Jerônimo, que, arrebatado pela atra-ção sensual que sente por Rita Baiana, abandona a família e a vida regrada que levava.

Ambientado na década de 1870, o livro constitui um bom retrato da época e é o primeiro roman-ce de massa da nossa literatura e o ponto mais alto da prosa naturalista.

QUADRO-SÍNTESE Gênero: romance

Palavras-chave: sensualidade, violência, críti-ca social

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa Temas transversais: Ética

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PROPOSTAS DE ATIVIDADES Antes da leitura

1. Conversar sobre as características do Realismo e do Naturalismo e, considerando o título da obra, sondar as expectativas dos alunos quanto às ca-racterísticas desse romance.

2. Ler com a classe os quatro primeiros parágra-fos do romance e, com base neles, pedir aos alu-nos que imaginem o que se pode esperar de um homem como João Romão. Essa atividade permi-te perceber como os traços principais da perso-nalidade de João Romão já estão subentendidos nessa página inicial. A seqüência do enredo só irá confirmar e explicitar esses traços.

Durante a leitura

1. Os capítulos do romance não têm títulos, são apenas numerados. Pedir aos alunos que criem títulos para eles. Esses títulos devem ter dupla função: informar sobre o conteúdo do capítulo e despertar o interesse dos leitores. Os próprios alu-nos depois podem comparar os títulos e escolher os que acharem melhores. Essa atividade reforça a atenção dos alunos durante a leitura e leva-os a um esforço de síntese.

2. Com base no conceito de Naturalismo literá-rio, marcar as passagens que permitem classificar

O cortiço como um romance naturalista. Depois da leitura

F nas tramas do texto

1. A ação do romance transcorre basicamente em dois espaços distintos: o cortiço e o sobrado de Miranda. O relacionamento entre os personagens e os expedientes que eles usam para resolver seus problemas variam de acordo com o espaço em que se movimentam. Em vista disso, explicar: a) Como é o relacionamento entre os persona-gens que vivem no cortiço? Como eles resolvem seus conflitos?

b) Como é o relacionamento entre os moradores do sobrado? Como eles resolvem seus conflitos?

2. Todo o empenho de João Romão, desde o iní-cio, consiste em atingir o sobrado, no sentido de subir na vida (o sobrado, por ser mais alto que o cortiço, representa simbolicamente um nível so-cial mais elevado). E ele é o único personagem que, depois de um certo tempo, aprende a se com-portar como a gente do sobrado e passa a viver nos dois espaços — no cortiço e no sobrado. Ex-plicar como o comportamento de João Romão com relação às pessoas se modifica de acordo com o espaço em que elas vivem, e qual a importân-cia de Botelho nesse processo de aprendizagem de João Romão.

3. Para o escritor naturalista, a influência do meio era decisiva para explicar o comportamen-to dos personagens. Refletir sobre as transfor-mações que ocorrem no comportamento de Jerônimo e verificar se elas são consideradas pelo narrador como resultado da influência do meio sobre ele.

4. Explicar o significado que Bertoleza e Zulmira têm no projeto de vida de João Romão. Esses re-lacionamentos podem ser vistos como exemplos da visão naturalista do autor?

5. Em vista dos interesses que motivam as ações dos personagens, explicar por que Estela não é manipulada pelo marido, mantendo certa inde-pendência dele.

6. Rita Baiana também é uma mulher indepen-dente, que não se submete aos homens; ao con-trário, chega até a subjugá-los. Explicar o que faz dela uma mulher independente.

7. Analisar a trajetória de Léonie e Pombinha e explicar os recursos que elas usaram para conse-guir sair do ambiente miserável do cortiço e as-cender a outro patamar social e econômico. 8. Uma das características marcantes do Natura-lismo é encarar o ser humano como um ser con-dicionado pelos instintos, destacando seu com-portamento animal. Por isso, ao longo do roman-ce, freqüentemente os seres humanos são com-parados a animais. Destacar passagens que exemplifiquem essa característica.

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9. Analisar o relacionamento que há entre os mo-radores dos dois cortiços — Carapicus e Cabeça de Gato. Que aspectos dão a esses cortiços carac-terísticas quase tribais? Em que sentido a rivali-dade que há entre seus moradores já está expressa nos seus próprios nomes?

10. Sugerir aos alunos que discutam a seguinte questão: o casamento de fachada que existe en-tre Miranda e Estela vai se reproduzir enen-tre João Romão e Zulmira? Com base no texto, apresen-tar os argumentos que podem confirmar ou ne-gar essa hipótese.

11. Discutir se é possível ou não perceber uma atitude racista no modo como o narrador descre-ve o comportamento dos negros e mulatos ao longo do romance.

12. Pombinha, por ser uma das poucas pessoas alfabetizadas do cortiço, é freqüentemente soli-citada a escrever cartas em nome de algumas pessoas. Explicar a importância dessa atividade no processo de amadurecimento de Pombinha e na formação de sua visão de mundo.

F nas telas do cinema

• O cortiço. Dir. Francisco Ramalho Jr. Adaptação do romance de Aluísio Azevedo.

F nas ondas do som

Ao longo do romance, muitas vezes o narrador comenta a sensualidade da mulata Rita Baiana, o gingado de seu corpo num “pagodinho de vio-lão”. Pedir aos alunos que pesquisem músicas que ainda hoje expressam essa visão da mulata brasi-leira (um exemplo clássico é “Mulata assanhada”, de Ataulfo Alves). Discutir a permanência desse estereótipo na cultura brasileira.

F nos enredos do real

Há muitas mulheres no romance O cortiço. Mu-lheres emancipadas, escravas, submissas, rebeldes, maliciosas, ingênuas. Propor uma pesquisa sobre a condição feminina nas últimas décadas do sé-culo XIX, época em que transcorre a ação do ro-mance. Como fonte de pesquisa para os alunos, sugerimos os seguintes livros:

• História das mulheres no Brasil –– Mary del Priore (org.), São Paulo, Contexto

• História da vida privada no Brasil (vol. 2) —

Im-pério: a corte e a modernidade nacional –– Luiz

Felipe de Alencastro, São Paulo, Companhia das Letras

DICAS DE LEITURA w do mesmo autor

Aluísio Azevedo é o mais importante autor natu-ralista brasileiro. Para saber mais sobre esse au-tor, sugerimos a leitura de Casa de pensão e O

mulato, que junto com O cortiço compõem o

melhor de sua vasta obra. w de outros autores

• O missionário –– Inglês de Souza. A influência decisiva do meio no comportamento humano é também a marca desse romance naturalista, pu-blicado em 1888.

w leitura de desafio

• Naná –– Émile Zola, Rio de Janeiro, Ediouro. A glória e a decadência de uma famosa cortesã parisiense, contada pelo maior escritor naturalis-ta do século XIX, o francês Émile Zola, que muito influenciou os autores brasileiros.

Referências

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