Engenharia
de
Produção
PERFIL
DOS
TRABALHADORES
COM
DEFICIÊNCIA
MOTORA
NAS
EMPRESAS
PUBLICAS
DE
CURITIBA
Regina
Maria RibeiroCamargo
FerrariDissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação
em
Engenharia de Produção da
Universidade Federal de Santa Catarina
como
requisito parcial para obtençãoFlorianópolis
2001
do título de Mestre
em
A
Regina
Maria RibeiroCamargo
FerrariPERFIL
DOS
TRABALHADORES
COM
DEFICIÊNCIA
MOTORA
NAS EMPRESAS
PUBLICAS
DE
CURITIBA
Esta dissertação foi julgada e
aprovada
para aobtenção do
títulode Mestre
em
Engenharia de
Produção
noPrograma de Pós-Graduação
em
Engenharia
de Produção
da
Universidade Federal
de Santa
Catarina.Florianópolis,
28 de setembro
de/2901. /"I
Prof. Rica o iranda arcia,Phd
Co
denadordo
ursoš
BANC
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É
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A
Glaycon
l\7Iich ls,Dr
Ê“"`L _Orientado!
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Leila do
Amaral
Êíwtijo,Drâ
Ánú
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A,Vânia Ulb `
ra
¶
Í
/'
À
Deus, pelasua
força sobrenaturalque
sempre
me
acompanha.
Ao
meu
marido João, pelo apoio concreto e intensocompanheirismo na
execução
deste trabalho.Aos
meus
filhos Luiz Henrique, Julia eJoäo
Victor,que
compartilharam desteperíodo,
sendo
o estímulo paraque eu
me
torneuma
pessoa melhor
acada
dia.
Às
pessoas
com
deficiência motora,que
sabem
transpormuralhas
diariamente eprovam que
asua
humanidade
éde
grande
valor.Agradecimentos
Aos
meus
pai,Josué
e Maria Carolina,que
sempre
incentivaram oaprimoramento
do
conhecimento.Aos
meus
irmãos Ique, pelas suas sugestões e apreciações, e Paulo,na
digitação inicial
do
trabalho.Ao
Prof. Dr. Glaycon, pelasua
preciosa orientação para o direcionamentobem
sucedido desta dissertação.
À
Assistente Social Naira,que
com
paciência e dedicação auxiliou-me
nas
pesquisas
de
campo.
Agradeço
especialmente aosamigos
Cristiano, Danielle, Dulce, Eduardo,Eliane, Gilmar, John, Maurício, Michel e
Renata
que
participaram desta etapa“Andei
Andei aprendendo
Acertando e
errandoAlguns
passos
bonitos,alguns
nem
tantoUmas
vezes
caindo,outras levantando
Pra frente,
em
frenteE
sempre
rezando
Ma/ ou
bem
Com
alguém
me
ajudando
Andei
progredindoAndei
parando.E
andei só.Andei lembrando
de
frases antigasDe
minha
avó.Um
diavou
visitá-/a.Caminharei
firme
E
cantando
Então
direi:Estou andando!
A
suMÁR|o
Lista
de
Figuras ... ._ viiiLista
de Tabelas
... ._ ixResumo
... ._ x Abstract ... ._ xi 1. Introdução ... ._ 01 1.1Apresentação do problema
... ._ 01 1.2 Objetivos ... _. O3 1.2.1 Objetivo geral ... ._ 03 1.2.2 Objetivos específicos ... _. 03 1.3 Justificativa e relevância ... ._ 03 1.4 Delimitaçãodo
estudo ... _. O4 1.5 Limitaçõesdo
estudo ... _. 05 1.6 Estruturado
trabalho ... ._ 05 2.Revisão
bibliográfica ... _. 072.1 Deficiência
motora
-
conceito, classificação eabordagem
fisioterapêutica ... ._ 07
2.2 Estatísticas sobre a deficiência ... ._ 12
2.3 Discriminação social ... ._ 14
2.4
A
famíliados
deficientes motores ... ._ 152.5
Formação
educacional, habilitação e reabilitação profissional... __ 17
2.6
Adaptações
e visãoergonômica
do
trabalhadorcom
deficiência... _. 21
2.7
Condições do
mercado
de
trabalho na atualidade ... ._ 242.8
A
pessoa
com
deficiência motora e o trabalho-
legislação ... ._ 282.9
Pensamento
das pessoas
com
deficiênciamotora
sobre oseu
trabalho... _. 32
2.10 Empregabilidade
das pessoas
com
deficiênciamotora
... _. 352.11
O
funcionáriocom
deficiência motora-
visãodo
empregador
... _. 42
3. Materiais e
métodos
... ._ 453.1
Determinação do
método
utilizado ... ._ 453.2 Tipo
de
abordagem
... __ 453.3
População
eamostra
... _. 453.4 Questionário ... ._ 47
3.5 Coleta
de dados
... _. 503.6
Tabulação dos dados
... _. 514. Resultados e discussão ... ._ 53
5.
Conclusões
erecomendações
... ._ 71LISTA
DE FIGURAS
Figura 1: Faixa etária
dos
entrevistados ... ..54
Figura 2: Estado civil
dos
entrevistados ... ..55Figura 3: Diagnóstico
dos
entrevistados ... ..55
Figura 4: Utilização
de equipamento
paralocomoção
... ._57
Figura 5:Sexo
dos
entrevistados ... _.58
Figura 6:Grau de
qualificação profissional ... ..61Figura 7:
Grau
de
conhecimento das
leis e direitos ... ..64
Figura 8:
Grau de
Motivação no trabalho ... ..66Figura 9:
Grau de
discriminação social ... ..67Figura 10: Perfil
dos
trabalhadorescom
deficiênciamotora
em
empresas
públicasde
Curitiba. ... ..69LISTA
DE
TABELAS
Tabela
1:Dados de
identificação ... ..53
Tabela
2: Perfildos
trabalhadorescom
deficiênciamotora nas
empresas
FERRARI,
Regina
Maria RibeiroCamargo.
Perfildos
Trabalhadores
com
DeficiênciaMotora nas
Empresas
Públicas
de
Curitiba. Florianópolis,2001. (78 páginas). Dissertação (Mestrado
em
Engenhariade
Produção)
-
Programa
de Pós-graduação
em
Engenhariade
Produção,UFSC,
2001.As
novas
tendênciasdo
mercado
de
trabalhodemonstram
maior participaçãode
todos ossegmentos da
sociedadeno
contexto profissional;sendo
destacados
neste estudo os trabalhadores portadoresde
deficiência motora.Considerando
os relatos bibliográficos pesquisadosque
versam
sobre o tema, destaca-se a importânciado
trabalhohumano como
fontede
satisfação,fundamentando-se
a valorizaçãoda capacidade de cada
indivíduoem
contribuir para a
comunidade,
na construçãode
um
ambiente
propício acidadania.
Os
indicadores propostos para avaliar o perfil destes trabalhadoresforam: o nível
de
qualificação profissional;conhecimentos
sobre leis referentesaos
portadoresde
deficiência; motivaçãoao
trabalho e discriminação social; aplicando-seum
questionário coletou-se informações para a análisedos
pontosvulneráveis destes indicadores.
A
análisedos
resultados determina índicesdesfavoráveis relacionados às condições
de
trabalho desta população, especialmente a respeitodo conhecimento
sobre a legislação relativa aspessoas
com
deficiência. Este fatodemonstra
a exigênciade
transformaçãode
vários fatores para atingir
um
melhordesempenho
na inclusão profissional.Sendo
relevante oempenho
na disseminaçãodo conhecimento
e aplicaçãoda
legislação
que
osampara, além de
um
ambiente de
trabalhoque
ofereçamaior
motivação,
uma
efetiva inclusão social, aliado a possibilidadede
crescimentorelacionado a qualificação profissional.
ABSTRACT
FERRARI,
Regina
Maria RibeiroCamargo.
Perfildos
Trabalhadores
com
DeficiênciaMotora nas
Empresas
Públicasde
Curitiba. Florianópolis,2001. (78 páginas). Dissertação (Mestrado
em
Engenharia de Produção)
-
Programa
de Pós-graduação
em
Engenhariade
Produção,UFSC,
2001.The
new
trends of thework
marketdemonstrate
aneed
for greaterparticipation from all the
segments
of society in the professional context; high-lightened in this study the workers carrying
motor
disabiiities. Considering thebibliographical depositions researched, that discuss the subject; high-lightened
is the importance of the
human
work
as a source of satisfaction, founding thevalue of
each
citizenon
his capacity to contribute to his/her community,and
inthe construction of
an
appropriate environment for citizenship.The
proposed
indicators for evaluating these workers's profile
were
of professionalqualification,
knowledge on
laws referring to the carriers of disabilities,motivation to
work and
social discrimination; by applyingan
questionnairewe
were
given information to analyze the vulnerability of these indicators.The
analysis of these results determines unfavorable indicators related to
work
conditions of this population, especially concerning the
knowledge
of theconstitution's relativity to people with disabiiities. This fact
demonstrates
therequirement of transforming
some
of these factors to reach a betterperformance
of the professional inclusion. ln this, being important the effortson
the spreading of the
knowledge and
application of the legislation that supports them,beyond
awork
environment that offers greater motivationand an
effectivesocial integration, allied to the possibility of growth according to professional
qualification.
1.1
Apresentação do problema
A
sociedade atual encontra-se imersanum
grande avanço
tecnológico,vencendo
desafiosem
diferentescampos
da
ciência;simultaneamente
depara-se
com
grande
fragilidade dianteda
manutenção
da saúde
humana.
Observa-
se
um
contraste evidente no desenvolvimentode maquinas
perfeitas,contrapondo-se
com
extrema
dificuldade na recuperaçãodo
serhumano,
principalmente
após
lesõesque
comprometem
ofuncionamento
adequado
do
sistema nervoso central (SNC).
Essas
lesões geralmentedeterminam
diversas incapacidadesque
interferem na mobilidade destes indivíduos; levando-os a alterações
nas
atividades
da
vida diária, nos relacionamentos interpessoais e inserçãona
comunidade
como
cidadãos.As
melhores
condiçõesde
atendimentona
área hospitalargarantem
altos índices
de
sobrevivênciaaos gravemente
lesionadosdo
sistema nervosocentral.
O
desafio paraessas pessoas
é superar as dificuldadesocasionadas
pela patologia
em
questão,que
astornam
diferentesdos
demais; fazendocom
que
estejam expostas a constantes agressões, convivendo socialmentecom
evidencias parasuas
limitações enão
para oseu
potencial real.Neste
aspectoKabat (apud
Reichel, 1998, p.12),um
neurofisiologista norte-americano,potencial
não
explorado"'Considerando
que
a maior partedas pessoas
com
deficiênciapertencem
a populaçãoeconomicamente
ativa e ainda seencontram na
situação
de desemprego,
com
poucas
perspectivasde engajamento
na
atividade laboral. Este trabalho destaca
uma
parcelada população
de
deficientes motores, inseridos no
mercado
de
trabalho formal.Além
disso, aconcepção de grande
partedas
pessoas
sobreas
deficiências,
acabam
influenciando os próprios deficientesna
crençade suas
“incapacidades”; reforçando
uma
condutade
inutilidade enão
contribuiçãosocial; afastando-os mais ainda
do
reconhecimentode seu
valor para acomunidade.
A
inclusãodos
portadoresde
deficiênciamotora
no
mercado de
trabalho
deve
vencer as barreirasdo
preconceito social; estabelecercredibilidade na
capacidade
humana
ecomprovar que sua
eficiênciapode
modificar este
pensamento
discriminador. _As
pessoas
aspiram porum
trabalhoque
astornem
úteis, produtivas,em
condiçõesde
subsistência digna.O
trabalho está entreum
dos
principaisvalores
que
permitem
auma
pessoa
com
deficiênciamotora
adquirirum
graude
independênciaem
sua
vida, efetivar vínculosque
lhe proporcionemmaior
auto-estima e respeito nassuas
relações familiares e profissionais.O
problema
a ser levantado neste estudo consiste nas condiçõesde
inserção
das pessoas
com
deficiência motora nomercado
de
trabalho formal.1.2
Objetivos
1.2.1
Objetivo
Geral
-Analisar as condições
da
atuação profissionaldas pessoas
com
deficiência
motora
no contextoda
economia
formal. '1.2.2
Objetivos
Específicos
A)
Observar
a aplicaçãoda
legislação para a integraçãodo
deficiente motor
nas
empresas
públicasde
Curitiba. .B) Investigar a qualificação educacional e profissional
dos
deficientes motores
que
atuam
nas
empresas
públicasde
Curitiba.
C) Identificar a incidência
de
discriminação socialem
relaçãoaos
deficientes motores.
D) Avaliar a auto-estima
do
trabalhadorcom
deficiência motora.1.3 Justificativa
e
relevância
Na
atualidade, oavanço
científico e tecnológico transmiteuma
imagem
de
poder
ilimitado,não
existindonenhum
tipode
obstáculo insuperável para ohomem.
Este poder aparente desintegra-se dianteda
fragilidadehumana
em
relação a recuperação
após
lesõesque
comprometem
oSistema Nervoso
O
grande
número
de
indivíduoscom
lesões encefálicas e medulares, freqüentadoresdos
Centrosde
Reabilitação refletem a exigênciaem
alternativas compatíveis para
sua
inclusãocomo
cidadãos e participantesda
comunidade.
Fazer parteda
engrenagem
social éum
fatorque
lhesproporciona dignidade e motivação para viver.
As
considerações sobre estetema
apresentam
um
grande
significadosocial;
sendo
fundamental para o êxito desta inclusão profissional arecuperação
da
motricidadeapós
diversos níveisde comprometimento,
permitindo maior independência nas habilidades
motoras
e futuramentepossibilitando a
execução de
uma
atividade laboral.Um
grande
obstáculoao
trabalho para aspessoas
com
deficiênciaencontra-se na discriminação social.
Segundo
Pastore (2000, p.24) adiscriminação “precisa ser vencida para ampliar a participação e o trabalho
dos
portadores
de
deficiência na sociedade moderna".Jamais
deve
se quererintegrá-los socialmente por sentimento
de
piedade,mas
pelogrande
valordestas
pessoas
que
sótem
a enriquecer o convivio social. .Esta sociedade tão evoluída não'
pode
permitirque
algunsde seus
membros
fiquem segregados.Cada
um
deve
darsua
parcelade
colaboração paraque
os individuoscom
deficiência motoratenham
condiçõesde
mostrarseu
potencial.1.4.
Delimitação
do
estudo
O
universo selecionado para este estudo, englobapessoas
portadoraspúblicas
de
Curitiba.1.5.
Limitações
do
estudo
A
possível dificuldadena
aplicaçãodo
questionárioem
relação averacidade
dos
fatos expressos nas respostas.Os
diferentes níveisde
limitaçãoda
motricidade (severo,moderado ou
leve-)
que determinam
as condições individuais naexecução do
trabalho.A
impossibilidadede
inferir respostasde dados
amostraisao
universode
todos os portadoresde
deficiências.Cada
variedade produz condiçõesde
limitação diferentes.
A
localidade geográficaonde
será aplicado o questionárioA
faltade
um
banco de
dados
fidedigno referenteao
número de
deficientes
motores
na população1.6.
Estrutura
do
trabalho
Este trabalho é constituido
em
cinco capitulos.O
capítuloum,
introdução, consta a apresentação, estabelecimentodo
problema, objetivo geral e específicos, justificativa, delimitação
do
estudo,limitações
do
estudo e a estruturado
trabalho.O
capitulo dois, revisão bibliográfica, apresenta as publicações,abrangendo
oconteúdo
do
tema.O
capítulo três, material e método,demonstra
o procedimentoO
capítulo quatro, resultados, propõe a interpretaçãodos
resultadosencontrados.
O
capítulo cinco, conclusão, relata a idéia finaldesse
estudo e a2.1
Deficiência
motora -
conceito, classificação
e
abordagem
fisioterapêutica
O
conceitode
deficiência envolve várias abordagens,segundo
amedicina está ligada a incapacidade funcional
do
homem,
no conceitoeconômico
ê a dificuldade a sersuperada
paramelhor
produzir, na condiçãojurídica a deficiência é determinada pela Lei (Pastore, 2000).
Segundo
a definiçãoda Organização
Internacionaldo
Trabalho - OIT,que
foi elaboradana
Convenção
159
e no Brasil foi confirmada pelo Decreto129/91,
determinando
como
pessoa
deficiente para o trabalho aquelaque
possui
uma
alteração físicaou
mental,que
apresentauma
dificuldade para seestabelecer
nas suas
relaçõesdo
trabalho (Ministériodo
Trabalho eEmprego,
2000, c).
Analisando ainda a deficiência
segundo
o pontode
vistado
Ministérioda
Previdência e Assistência Socialem
seudocumento
Atenção
àpessoa
portadora
de
deficiência (1998, p.4) define-secomo
alguém:'
“que apresente,
em
caráter permanente, perdasou
anormalidadesde
sua
estruturaou
função psicológica, fisiológica, mentalou
anatômica,que gerem
incapacidade para odesempenho
de
atividades, dentrodo
padrão
considerado normal para o serhumano."
Este
tema
propõe tratar a problemáticade
um
contingente populacionalno
SNC,
que deixam
seqüelas variadas e geralmente permanentes.A
incidência destas lesões está relacionada a fatores diversos.
Considerando
as lesões encefálicasda
infânciacomo
ascondições
pré-natais
inadequadas
nos cuidadoscom
asaúde materna
edo
feto(infecções, ftraumas, hipertensão, diabetes, desnutrição materna, etc.),
alterações peri-natais (partos
demorados
e mal sucedidos), condições pós-natais afetando a criança (meningite,
traumas
encefálicos, desnutrição,prematuridade);
em
relação à infância ainda existem as lesõesmedulares
(má
formação
congênitaque
compromete
a motricidade,além
de
infecções viraispós-natais) e as patologias genéticas
que
alteram o padrãomotor normal
(Diament
&
Cypel, 1996).Na
idade adulta os fatoresde
ocorrência maiscomuns
são
ostraumas
encefálicos
ou medulares
(acidentes automobilísticos, esportivos,com
armas
de
fogo), lesões encefálicas por condiçõesde saúde inadequadas
(acidentevascular encefálico, meningite), diversas patologias neurológicas
que
afetam amotricidade
(doença de
Parkinson, esclerose múltipla) (Stokes, 2000).As
pessoas
portadorasde
deficiência seconcentram nos
paísesmais
pobres
etem
correlação diretacom
as condiçõesde
vida desta população; esteíndice está estreitamente ligado a situação
de
guerras, violência, acidentesdiversos, famílias carentes, analfabetismo,
programas inadequados
de
adaptação.
É
possível observarque
estas evidênciasocorrem
devido a faltade
_. 1 ~
prevençao
àsaude
nestas regioes,além dos
fatoressócio-econômicos
A
dificuldade destes paísesem
ofertar condiçõesadequadas de
atendimento a saúde, escolarização, habilitação
ou
reabilitação profissionalvisando o futuro
encaminhamento
para o trabalho reflete agrande
distânciadestes indivíduos
do
convívio social.Na
classificaçãodos
portadoresde
deficiênciaencontram-se
váriossubdivisões; este trabalho
abrange
uma
parcelados
deficientes físicos,que
são
denominados
os portadoresde
deficiência motora,englobando
apenas
osque
tiveramum
dano
significativo no SistemaNervoso
Central(SNC)
e ficaramcom
seqüelaspermanentes que
comprometeram
sua
motricidade.Assim
os deficientesmotores
podem
apresentar diversos tipos e grausde
alteraçãodo movimento;
quanto ao tipopode
ocorrermonoplegia
(dificuldade na motricidade
de apenas
um
membro),
diplegia (dificuldadedos
membros
inferioresem
conseqüência
a lesão encefálica), paraplegia(impossibilidade
de
motricidadedos
membros
inferiores por lesão medular),hemiplegia
(comprometimento de
um
membro
superior eum
membro
inferiordo
mesmo
ladodo
corpo, decorrentede
lesão encefálica); tripiegia (afetandomotricidade
de
trêsmembros,
devido a lesão encefálica); quadriplegia (lesãoencefálica
que
compromete
os quatromembros),
tetraplegia (afetando osquatro
membros
por lesão medular) (Ministériodo
Trabalho edo Emprego,
1999,b)
Quanto
ao
grau destas seqüelas freqüentemente se dividemem
leve(pequeno comprometimento
motor,que não gera
dificuldade significativa),moderado
(limitaçãoda
motricidadeque não
permiteuma
vidasem
realizar todas as atividades) (Davies, 1996).
Avaliando os tipos e graus
de
seqüelasmotoras
percebe-se agrande
importância
da
fisioterapia para proporcionar a estes indivíduosuma
possibilidade
de
adquirirou
readquirir a condiçãode mover-se da
maneiramais
normal possível; favorecendo
uma
melhor integração deste nomeio
familiar esocial.
Segundo
Bobath
(1978, p.6) “quantomais
normal forseu andar
esua
postura,
menos
provavelmente será tratadocomo
um
inválido emenos
provavelmente
se tornará um.”Outro fator importante na
boa
qualidadeda
fisioterapia éque
apessoa
com
deficiênciamotora
consiga utilizar o seumáximo
potencialde
recuperaçãoda
motricidade para obter mais liberdadede movimento,
sem
um
gastoenergético tão significativo.
A
abordagem
fisioterapêuticadeve
ser abase dos
investimentos futuros no indivíduo
com
deficiência motora; esta etapada
vidadeve
lhe garantir amáxima
movimentação
e a utilizaçãodesses movimentos
na
sua
vida prática, dando-lhe condiçõesde
independência (Davies, 1996).Sassaki (2000, p.4) relata o parecer
da Organização
Mundialde
Saúde,
onde “menos
de
3%
dos
adultosou
criançascom
deficiênciarecebem algum
tipo
de
reabilitação”,com
este índice tão reduzido ê compreensívelos poucos
indivíduos deficientes
no
mercado
de
trabalho; quantidade e qualidadeinsuficientes
de
reabilitaçãogeram
incapacidadesque
comprometem
aqualidade
de
vida destas pessoas, afastando-asde
uma
posiçãomais
favorável dentro
de
um
contexto social.O
papeldo
fisioterapeuta, nocampo
das
doenças
neurológicasnão
secompreensao
eamparo
a todos osque convivem
com
a deficiência (Stokes, 2000).A
fisioterapiaacompanha
o indivíduo deficientemotor
desde
ainstalação
do seu
distúrbioda
motricidade eprossegue
portempo
indeterminado. Para se liberar o paciente neurológico
do
tratamentofisioterapêutico, é muito importante avaliar os graus
de
independênciamotora
que
este atingiu epromover
um
afastamento gradativodas sessões
de
terapiapara obter
um
parecer final sobre o processode
recuperação. Estas etapasdo
tratamento
costumam
ser longas e obviamente, quantomais
severa for aseqüela, maior o
tempo
para recuperação emenor
a qualidadenas
funçõesmotoras
adquiridas (Davies, 1996).Nos
casos
leves e algunsmoderados,
a fisioterapiapode
ocorrersimultaneamente
a habilitação profissional, colaborandocom
amelhor
integração e readaptação social
dos
indivíduos.Nas
etapas inicial eintermediária
das
lesõesdo
SNC,
ressalta-se o trabalho intensode
uma
equipede
profissionaiscomposta
por médicos, fisioterapeutas, terapeutasocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas,
enfermeiros;
que
irá atuarnum
esquema
de
interdisciplinaridade, paraque
ospacientes se
desenvolvam no
seumáximo
potencial (Stokes, 2000).Neste
trabalho interdisciplinar,não
existe profissionalmais
importantedentro
da
equipe.O
personagem
central serásempre
o paciente. Prepara-lopara
que
alcance a maior independência é ameta do
tratamento;que
será compartilhado pelos profissionaisde
saúde, familiares e pacientenum
Analisando a necessidade
que
estaspessoas
tem
em
retornar aoseu
estilo
de
vida anterior, ressalta-se a atuaçãodo
psicólogo,que deve
proporcionar os ajustes
de percepção das pessoas
com
deficiência, modificarsuas
crenças emetas
e desenvolver estratégias para diminuir efeitosdas
limitações
motoras
(Stokes, 2000).Considerando
toda aação da
equipede
saúde, é possível observar o quanto este atendimentopode
garantiraos
indivíduosuma
melhor
respostade
movimento,
favorecendosua
habilidademotora
eaumentando
suas
possibilidades
de
inserção no trabalho(Umphered,
1994).2.2
Estatísticas
sobre
a deficiência
Quando
sepensa
em
quantos são os indivíduos portadoresde
deficiência
no
contexto mundial existeuma
estimativada Organização das
Nações
Unidas(ONU)
para responder esta pergunta,onde
se estipula10%
de
ocorrência
de
deficiências na população mundial. Estedado
foi obtido atravésde
estudos realizados por organizações, instituições e associações envolvidascom
a questãodas
deficiências;buscando
desenvolvermelhores adaptações
de
serviços e programas, informarao
público sobre aspessoas
especiais,favorecer a eficiência
do seu
desempenho
e ainda aprevenção de
deficiênciaatravés
de melhores
condiçõesde
vidanas
comunidades
(Sassaki, 2000).Este índice
(10%)
aumenta
nos paísesem
desenvolvimentoou
subdesenvolvimento
em
virtudedos
déficitseconômicos
e educacionais presentesnessas
regioes.A
necessidadedos
paisesmais
pobres estáem
apenas
um
contingente populacionalacaba
ficando negligenciada e aindafaltam recursos para
prevenção de novos casos de
lesõesdo
SNC
com
seqüelas motoras permanentes,
comprometendo
destaforma
um
número
cada
vez
maiorde pessoas
(lnoue, 2000).Segundo
omesmo
autor (2000, p.2):“ainda
não
sabemos
nem
sequer
quem
são,onde
estão ecomo
estãoestes indivíduos; já
que
osnúmeros
apresentados pelo institutoBrasileiro
de
Geografia e Estatística -IBGE
são
grosseiramentedistorcidos por falta
de minima
metodologia e terminologia para lidarcom
assunto tão pungente."Ainda
na estatística, se é muito difícilconhecer
a quantidade totaldas
diversas deficiências, torna-se
bem
mais complicado fracionar este índiceem
diferentes áreas
de
deficiência (auditiva, visual, mental, física e múltiplas).As
deficiências motoras,
estudadas
neste trabalho estão incluidasno
contextodas
deficiências físicas.
Um
estudo realizado por Sassaki (2000) no Brasil, apresenta aprobabilidade
de
2%
de
deficientes fisicos (considerandocomo
o índice globalde
deficiência10%
da
população),sem
estabelecer quantos seriamos
deficientes
motores
dentro deste universo.O
Ministérioda
Saúde
realizou pesquisasde
investigação sobre aincidência
de
deficiênciasem
vários estados brasileiros, noano de
1996; osresultados
apresentaram
uma
variação regionalque
oscila entre2,8%
a 9,6%.Este fato confirma os índices adotados pela
Organização das
Nações
Unidas
2.3
Discriminação
Social
A
sociedadedeve
se preparar para conquistas no territórioda
convivência
humana,
buscando
a interação entre todos os indivíduos.A
discriminação
em
qualquer situaçãoque
ocorra trazum
empobrecimento nas
relações,
uma
destruiçãodos
valoreshumanos
euma
diminuiçãoda
contribuição
que
todos os sereshumanos
podem
dar no contexto social.O
conceitode
deficiência mostra fatos históricosde
afrontaaos
indivíduos portadores
de alguma
limitação;fazendo
com
que
estes se isolemsocialmente,
não
tendochance de
se pronunciarem, produzirem econsequentemente
pertencerem asua comunidade.
O
preconceito ocorre intensamente na convivênciahumana. Aparentemente
ele seatenuou no
decorrerdos
séculos,mas
pode-se perceberque apenasfoi
revestidocom
características
mais
amenas
e continua arraigado, destruindo as relaçõessociais.
Não
existem indivíduosque
não
tenham
suas
próprias limitações,grandes ou
pequenas
equem
pode
ajudar a superá-las é omeio
em
que
vivem.
A
forma
como
a sociedade acolhe éque pode
transformar esta visãode
tantas restrições e
impedimentos
parauma
visão aberta e abrangente (Pastore,2000)
AUm
dos
fatoresde não
discriminação é aadaptação
para eliminarou
diminuir as dificuldades
que
aspessoas
com
deficiênciatêm
em
adequar-sena
sociedade.
No
caso
destes, a impossibilidade se localizana
desorganizaçãodo
movimento
impedindo
geralmente osdeslocamentos
e atitudesmotoras
físicos
sem
tanto desgaste ecom
relativa independênciamotora
(Puhlman,2000). `
A
Um
ponto importante é o respeito e interesse destinado a estas pessoas, fazendo sentirem-secom
alto valor eem
condiçõesde
participarintegralmente
do
seu meio, todas estas posiçõesassumidas
pelacomunidade
permitem
a eles adquirirem confiançaem
sua capacidade
e destamaneira
ingressarem nomercado
de
trabalhocom
vigor e persistência (Puhlman, 2000).Atualmente,
com
oaumento
da
incidênciade pessoas
com
deficiênciaa
sociedade
precisa diminuirsua
resistência e propor soluções eficazes para asua
adesão; é necessário tratá-loscomo
cidadãoscom
direitos edeveres
condizentes àsua
situação, as atitudesdevem
ser coerentessem
super
proteção,
sem
cuidados excessivos, realizarapenas
o auxílio necessário paraacreditarem
em
suas capacidades
e compartilharsuas
conquistas; o apoiosocial a estas
pessoas
consiste mais na crençade suas
habilidades eda sua
força para superar seus limites (Ribas, 1995).
A
proposta ideal para compartilhar experiências está nasociedade
inclusiva;
que
respeita e valoriza toda a diversidadehumana com
suas
capacidades
específicas nabusca do
direito universalde
ser feliz (Sassaki, 2001).2.4
A
família
dos
deficientes
motores
O
primeiro contatoda pessoa
com
deficiência é oambiente
familiarque
aparentemente
parece ser o melhor localde
aceitação,porém
nem
sempre
éabruptamente
dentrode sua
casa, modificandocompletamente sua
rotinafamiliar e
suas
relações sociais.Segundo
Buscaglia(apud
Cortez eRegen,
2000, p.2):"o papel
da
família estável é oferecerum
campo
de
treinamentoseguro,
onde
as criançaspossam
aprender a serhumanos,
a amar,e
formar
sua
personalidade única, a desenvolversua auto-imagem
e arelacionar-se
com
a sociedade maisampla
e mutável,da
qual e para aqual nascem”.
H
Todos
estesargumentos
jáapresentam seu
graude
dificuldadenum
âmbito familiarsem
intercorrências; se houver neste local apresença
de
alguém
com
limitações,não
importa qual asua
idade, será o suficiente paradesestruturar a relação.
Os
sentimentosdesses
familiaressão
questionadosconstantemente
pelos
que
oscercam
eacabam
por sofrer pressão social ecobranças
diversas.Antes
de
se realizar críticas destrutivas sobre as atitudesdos
familiares é necessário estabeleceruma
relaçãode
apoio,que
possibilite a estaspessoas
encarar esta etapa
da
vidacom
coragem
e vontadede
agirno
presente parapreparar o futuro (Puhlman, 2000).
A
condiçãode
limitaçãodepende
da
maneira pela qualcada pessoa
com
deficiência esua
família secomprometem
com
a situação.Quando
existealto investimento
no
convívio social, na reabilitação, na escolaridade, estacrescerá explorando
suas
habilidadesmáximas
(Ribas, 1995).O
encontro inicial desta família acontececom
os profissionaisde
saúde
estabelecer o diagnóstico e provável prognóstico
da
deficiênciaem
questão;criar
um
elode comunicação
entre profissionais e familia,compreender
asnecessidades
reaisda pessoa
deficientesem
super protegê-la,não
exigirmais
destes familiaresdo que
podem
dar, fazê-los parte integranteda
equipede
saúde
onde
apessoa
deficientetem
o papel central, facilitaruma
relaçãomais
próxima entre os
membros
da
familia(Umphered,
1994).Apesar
de
todo o apoio familiar, necessárioao
crescimento e desenvolvimento deste indivíduo,não
sedeve
ultrapassar o limitedos
cuidados.
Segundo Puhlman
(2000, p.55) amãe
da pessoa
com
deficiência(adulto
ou
criança) “deve ser ajudada a desprender-sedo
filho paraque
eleaprenda
a 'andar sozinho'”.Tormin
(2000, p.3) relata sobre estanecessidade
de
realizar:“um
trabalho conscientizador a partirdo
próprio deficiente,da sua
familia (que
deve
se engajar) até a sociedade e governantes tãodesinformados
sobre os potenciaishumanos.
É
precisoque
asociedade
troque os sentimentosde
paternalismo,compaixão ou
desprezo
por outros valores respeitosos e reconhecedores,devolvendo
ao
deficiente motor a cidadania, o direitode
participaçãodessa
caminhada
que
chamamos
de
VIDA.”2.5
Formação
educacional,
habilitação
e
reabilitação
profissional
A
formação
educacionaldas pessoas
com
deficiênciamotora
éum
destes no
mercado
de
trabalho.A
precariedade desta situaçãoacaba
porcomprometer
o futuro destaspessoas
e está relacionada a fatorescomo:
acesso
àeducação
(barreiras arquitetônicas, posicionamentoinadequado do
mobiliário escolar, dificuldade
na coordenação motora
finacomprometendo
aescrita); condições sócio-economicas familiares desfavoráveis (que ocorre
com
freqüência
no
Brasil eimpede que
muitos brasileirostenham
boa
escolaridad e);habilitação
dos
professoresdo
ensino regular (faltade
preparaçãoadequada
dos
professores, dificultando a inclusão destas criançasna
escola regular)(Pastore, 2000).
A
situação educacional destes indivíduospassa
poruma
sériede
obstáculos,
que
senão
forem transpostoscom
critério jamais será permitido aplena inclusão social. Para se atingir esta
adequação
educacional os própriosdeficientes motores,
devem
almejarum
conhecimento
amplo,com
o objetivode
desempenhar
sua
função na sociedade.A
educação
inclusiva envolve o estudante,seus
familiares,membros
da
comunidade
escolar,que
se relacionam respeitando 'a diversidadehumana
para se atingir o
máximo
desenvolvimentodas capacidades
individuais(Soares, 2001).
O
atual cenário educacional brasileiro estápropondo
a inclusãonão
apenas
no ensino fundamental e médio,mas também
para o nivel universitário. Este fato obteveseu
impulsoapós
aDécada
das
Nações
Unidas
paraPessoas
com
Deficiências (1983-1992); a partirda
propostada Organização
das
Naçoes
Unidas estão se transformando velhosparadigmas
(como
aadaptação da pessoa
deficienteao
sistema educacional) parauma
situaçãode
efetiva inclusão (adaptação
do
sistema educacional àsnecessidades
especiaisdos
alunos) (Sassaki, 200.1).A
inadequação das
condições educacionaiscompromete
muito ainclusão
no
mercado
de
trabalho; pois este está se tornandomais
seletivoem
relação a qualificação profissional;
sendo assim
existeuma
urgênciaem
obtereducação
satisfatória, permitindo a estaspessoas
atingirsua
máxima
potencialidade e ingressarem no
meio
profissional (Ministériodo
Trabalho edo
Emprego,
2000a).H
Nos
paísescom
maior infra-estrutura socio-econômica, aspessoas
deficientes estão
buscando sua
identidade social e para issocontam
com
os
beneficios
dos programas de
habilitação profissionalque
oferecem melhores
opções
para a entrada nomercado
de
trabalho atravésda aprendizagem
de
tarefas compatíveis
com
cada
indivíduo. Desta forma, estespodem
desenvolver
sua
aptidão,gerando
maior confiabilidadedos
empresáriosem
relação a
seu
trabalho.No
Brasil a reabilitação profissional existedesde
1943, mantida pelosinstitutos
de
aposentadorias,passando
em
1960
para o Instituto Nacionalde
Previdência Social -_lNPS.
Em
1963, foi implantada acomissão permanente
de
reabilitação profissional
da
Previdência Social.Atualmente
existemaproximadamente 30
centrosde
reabilitação e alguns núcleosde
reabilitaçãoem
todo o país; a quantidadede
profissionais capacitados e as instalaçõesde
serviços
de
reabilitaçãosão
insuficientes para ademanda
(Pastore, 2000).Estes sen/iços
podem
ser oferecidos atravésda
somatóriade
diversosdesenvolver nas
pessoas
com
deficiência motorauma
forçade
trabalhoque
astornem peças
fundamentais para o crescimentodo seu
país.O
êxito destesprogramas
será confirmado,quando
houver possibilidadedas pessoas
com
deficiência,
serem
inseridas noambiente
profissionalcom
amesma
competência de
outros trabalhadoressem
limitaçõesdo movimento;
esteobjetivo final só se concretizará mediante incentivo
de
vários setoresda
sociedade
eda
motivaçãodo
próprio deficiente (Pastore, 2000).Numa
tentativade
aprimorar as condiçõesdo
trabalhador brasileiro foicriado
em
1996, o Plano Nacionalde
Qualificaçãodo
Trabalhador (Planfor).O
objetivo desta medida,
segundo
o Ministériodo
Trabalho edo
Emprego
(1999
b, p.1), é a contribuição
do
Planfor para“uma
política públicade
trabalho egeração
de
renda, melhoriada
competitividade epromoção de
igualdadede
oportunidadesno
mercado
de
trabalho.”Dentro desta iniciativa há o
Programa
Nacional paraPessoas
Portadorasde
Deficiênciaque
propõe cursos profissionalizantes direcionados aesta
populaçao
esuas
necessidadesde
inserção noambiente
profissional.Existem várias parcerias
que colaboram
para osucesso
desteprograma
(Ministério
do
Trabalho edo Emprego,
1999b).Os
resultados obtidos,em
1998,apresentaram 62
mil trabalhadoresem
cursos deste programa;
um
indicede evasão de
8,8%
e9,7%
dos
concluintesforam
encaminhados
ao
mercado
de
trabalho (Ministériodo
Trabalho edo
Emprego,
1999b).Outra experiência
numa
entidade filantrópicade
São
Paulo, atualmenteatendendo 70
jovens (de 16 a25
anos) noprograma de
treinamento para otrabalho;
segundo
a diretoriado
local, as oficinasde
aprendizadooferecem
orientações
aos
jovens deficientes quanto a postura e atitudes na situaçãode
trabalho;
dos dados
coletadosem
1999,54
estagiáriosforam
colocadosem
atividade profissional e
30
destes tiveram efetivadosnos seus
cargos (JornalReabilitar, 2000b).
O
Serviço Nacionalde Aprendizagem
industrial (SENAI), atravésdo
seu programa
Educação
Profissional para Todos,promove
desde
a eliminaçãode
barreiras arquitetônicas nos Centrosde
Formação
Profissional até acapacitação
de
docentes, criaçãode
metodologiasadequadas,
o envolvimentodas
indústrias;com
a finalidadede
favorecer a qualidadede
vida, as condiçõesde
empregabilidade e concretizaçãoda
cidadaniade
tantos brasileiros(SENAI,
2000)
2.6
Adaptações
e visão
ergonômica
do
trabalhador e
deficiência
Não
bastaapenas
realizar excelentesprogramas de
reabilitaçãoprofissional,
quando
não
existeuma
preparaçãodos ambientes de
trabalhopara receber as
pessoas
com
deficiência; realizaradaptações
tornando viável aexecução das
atividades profissionais,passa
a ser fundamental para a eficáciada
colocação no trabalho para estas pessoas. Existem muitasmaneiras
de
facilitar a rotina diária
das pessoas
deficientes, estas iniciativas se originamnas
atividades
domésticas
(facilitaracessos
internosda
casa, alcancede
objetos),chegam
as ruas (rampas, elevadores, transporteadequado)
e finalmenteno
ambiente de
trabalho(adequação do
postode
trabalho). 'Há
necessidade de
muita criatividade para se estabelecerformas
de
autonomia que ajudem na
qualidadede
vida destaspessoas
com
deficiênciamotora. infelizmente nos países
mais
carentesonde
existe maiornúmero
de
indivíduos deficientes, as
adaptações
para aproxima-losde
uma
condiçãode
vida favorável
são
insuficientes eatendem apenas
uma
minoria destapopulação.
Conhecendo
este universo pode-se perceberque
com
pequenos
ajustes eles
podem
chegar
abons
resultados nasua
produtividade,que
depende
unicamente da
capacidadeque
eles adquiriramno
decorrerde
sua
vida (Pastore, 2000).
Atender
com
qualidade as necessidades destapopulação
proporcionamelhores
oportunidadesde
atuação profissional emanutenção
noemprego.
Segundo
entrevista, concedida aum
jornal, pelo presidenteda Associação dos
Deficientes Físicos
do Paraná
(ADFP), existem váriasempresas
que
atuam
em
parceria na colocação profissional
dos
deficientesmotores após
a reabilitaçãoprofissional destes;
num
dos
locais conveniados a gerente relataque foram
necessárias
algumas adaptações
noespaço de
trabalho para efetivar ainclusão, permitindo
uma
melhor integração destes no ambiente,bem
como,
excelente
desempenho
nasua
atividade profissional (JornalGazeta do
Povo,Suplemento
ViverBem,
2000).Assim, é possível observar
que
experiênciasbem
sucedidas estãoligadas a atenção
aos
detalhes, paraque não
haja lacunasque
impeçam
aauto-realização destes indivíduos na
sua
profissão;problemas de adaptações
não
solucionados a contentofazem
com
que
aspessoas
com
deficiênciaconstrangedora a sociedade “tão perfeita e capaz”,
que acaba
por ressaltarapenas
asua
incapacidade (Sassaki, 2000).A
abordagem
ergonômica
em
relaçãoao
portadorde
deficiência éde
extremo
valor, peloimenso
potencialda ergonomia na
crescentebusca
de
adequar
o trabalhoao
homem,
oferecendo a este bem-estar físico e psíquico.Torna-se possível constatar
seus
benefíciosquando
se tratade
realizaradaptações
individualizadasou
globais para favorecer estapopulação
tãoespecial.
A
adaptação do
postode
trabalho representaum
importante cuidado,em
relação asua
atuação profissional (Grandjean, 1998).Atualmente
com
o diagnósticode
várias situaçõesdo
trabalho, ligadasa patologia
do
sistema ósteo-muscular, fica evidenteque
a incidência destaslesões
podem
ter maior ocorrência naspessoas
com
deficiência motora.Sabe-
se
que
estesapresentam
uma
modificação noseu
sistema ósteo-muscular,em
decorrência
de
lesões envolvendo oSistema Nervoso
Central,que
limitamsuas
habilidades motoras, tornando seusmovimentos
muitodesorganizados
efadigantes.
Assim
deve
existiruma
maior atençãoao ambiente de
trabalhodestas
pessoas
(Muller, 1998).Ao
se pensarna ação ergonômica
deve-se avaliardesde
mobiliário,iluminação,
deslocamentos
internos e externos, usode
sanitários,comparecimento
em
locais comunitáriosde descanso
e lazer, análiseda
tarefacompatível
com
a aptidãodo
indivíduo, diminuiçãodo
desgaste energético(estresse
de movimento)
pela utilização sucessivada
motricidade, até a'
Estes fatores
fazem
com
que
os portadoresde
deficiênciamotora
seaproximem
de
outros profissionaisque
estãoao seu
redor; possibilitandoque
realizem
seu
trabalhode forma
mais coerente eobtenham
uma
melhor
produtividade.
Com
um
adequado
rendimento profissionalsua
perspectivade
manter-se no
emprego
é muito promissora.Além
da
conscientização paraque
as
empresas
contratem aspessoas
com
deficiência é importante tornarcada
empresa
proprietáriado
sentimentoergonômico
para todos osseus
funcionários e
de
modo
particular para estes indivíduos (Revista CIPA, 2000).Simultaneamente
a esta intensificaçãodo
desempenho
produtivo é necessário elevar a qualidadede
vida no trabalho, valorizando o potencialhumano
que
fazcom
que
aempresa
atinja assuas
metas.O
trabalhadorcom
deficiência
motora
necessitade
atenção durante aexecução da sua
atividadelaboral; existem inúmeras soluções sobre o
enfoque
da ergonomia
paraadequar
as posturas estáticas e dinâmicas, a utilização corretadas mãos,
ouso
de
determinados
aparelhosde
trabalho, trazendoopções
paraque
estaspessoas
tenham
condiçõesde comprovar
seu graude
eficiência naexecução
do
trabalho (Muller, 1998).2.7
Condições do
mercado
de
trabalho
na
atualidade
Avaliando as diferentes correntes
de
pensamento
sobre o trabalhohumano
é possível perceber o quanto é controverso este tema.Na
concepção
etimológica
da
palavra, nos diferentes idiomas, apresentaum
caráterde
sofrimento, fadiga, algo
que
aniquila o serhumano;
estasforam
proposiçõesIdade Média.
Na
época de
Lutero esta visão pessimista sobre o trabalhohumano,
assume
uma
tendência mais positivamostrando
o valor destaatividade útil e dirigida a toda a
comunidade (Hans
apud
Paiva, 1999).Assim,
na busca de
um
significadoelevado
para o trabalho, estedeve
consistir no
aprimoramento da
auto-expressão, favorecer as relaçõesinterpessoais
formando
um
ambiente
propício para odesempenho
produtivo eao
mesmo
tempo
gerarum
alto graude
satisfaçãodo
trabalhador naexecução
da
atividade laboral (Paiva, 1999).No
período históricoque
ahumanidade
se encontra, confrontandocom
amudança
do
século edo
milênio; observa-seum
apego
exagerado ao
trabalho, geralmente para superar os sentimentos
humanos
fragilizados portantas
mudanças.
Diantedo imenso
valordado ao sucesso no
trabalho, aspessoas são
impulsionadas adesconsiderarem
qualquer princípio moral e éticopara atingirem
um
alto posto; oque pode
prejudicarsua
evoluçãocomo
seresespirituais,
comprometendo
sua
característicahumana
de
compartilhar (Ferraz,1999).
Sabe-se que
éimpossível separar a organizaçãodo
trabalhoda
atitudedo
trabalhador frente as exigênciasda sua
função, destaforma
torna-seevidente a interferência
das
condiçõesde
trabalho sobre o graude
satisfação emotivação no trabalho
de
vários trabalhadores (Guileviaapud
Santos, 1997).Na
realidade, todo cidadãoque
faz parteda
populaçãoeconomicamente
ativa,traz dentro
de
siuma
aspiraçãoao
trabalhoque possa
suprirsuas
necessidades
e juntamente oferecer possibilidadesde
exercerseu
potencialNuma
visão atual, o contexto mundial apresenta diferentescaracteristicas
na
proposiçãodo
trabalho,que
variadependendo
da
culturalocal.
As
pessoas
seadaptam
eexercem sua
função laboralsegundo
determinadas
regrasque favorecem ou desfavorecem sua
qualidadede
vida.Analisando este
panorama
em
relaçãoao
Brasil, observa-seque
a tendência àglobalização gera no país
uma
migraçãodos
trabalhadores nos diferentessetores
da
economia,um
aumento
da
procura por trabalhadorescom
mais
qualificação profissional e
um
crescimentoda
taxade desemprego
(Ministériodo
Trabalho edo Emprego,
2000b).Considerando
o processo educacional, este éum
grande
desafio parao Brasil
que
precisa melhorar seu padrãode
oferta educacional paraas
camadas menos
favorecidas. Este ajustedo
sistema educacionalpoderá
ocasionar oportunidades concretasde
inserçãono
mercado
de
trabalho paravárias pessoas,
que
sem
este suporte ficam sujeitasaos
baixos salários eao
desemprego
(Ministériodo
Trabalho edo Emprego,
2000e).As
explicações sobre os fatoresdesencadeantes do
desemprego
são
tão variadas e controvertidas
que
torna-se difícil assumiruma
posição únicasobre a questão. Existem posicionamentos
que apresentam
como
causa do
desemprego
oaumento
da
tecnologia,porém
visualizando sobre outro ângulo percebe-seque
estas inovações dentroda
sociedadede consumo produzem
muitos
empregos
diretos e indiretos.A
inadequação no
preparo educacional,abrangendo
as classes mais baixas,também
promove
um
graveaumento
no
Avaliando o nivel
de
desemprego
familiar,segundo dados
sobre omercado
de
trabalho brasileiro,85%
das
familiastem
pelomenos
uma
pessoa
trabalhando (Barros et al, 2000). Este índice parece animador, se
não
fossem
os
baixos salários oferecidosque transformam
as condiçõesde
vidade
váriasfamílias
num
estadode
miséria absoluta.Na
indústria,uma
posição importante estána
produtividade,quando
esta é alta acarreta melhores salários para os trabalhadores; este indice
de
produtividade
vem
crescendo
consideravelmentenos
últimos anos,comparados
aos
dados
obtidosna década de
80.Os
trabalhadoresdo
mercado
formal e informal estão
cada vez mais
"pressionados" pela exigênciade
produtividade,
como
fator diretode
melhores possibilidadesde
trabalho (Borellie
Fonseca,2000).
Segundo
dados
recentesdo
Ministériodo
Trabalho edo
Emprego
(2000a), a oferta
de
emprego
no Brasil apresenta maior procura portrabalhadores
na
faixa etáriade 25
a39
anos, confirmando anecessidade nas
empresas
de pessoas
com
mais
experiência e qualificação.Nestes
últimosanos
cresceu significativamente omercado
informal,através
das novas
formasde produção
e relaçõesdo
trabalho, principalmentedo
processode
terceirização;também
pela maiordemanda
do
setorde
serviços
que
operacom
trabalhadores informalmente. Outro fator significativoestá relacionado a legislação trabalhista vigente e a seguridade social,