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(1)1. UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. ROBERTA POLIANI VIEGAS. WEBJORNALISMO COLABORATIVO - A PRESENÇA DOS USUÁRIOS NO CONTEÚDO INFORMATIVO DO PORTAL R7. São Bernardo do Campo, 2015.

(2) 2. UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. ROBERTA POLIANI VIEGAS. WEBJORNALISMO COLABORATIVO - A PRESENÇA DOS USUÁRIOS NO CONTEÚDO INFORMATIVO DO PORTAL R7. Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), para a obtenção do grau de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Marli dos Santos. São Bernardo do Campo, 2015.

(3) 3. FOLHA DE APROVAÇÃO A dissertação “Webjornalismo Colaborativo - A presença dos usuários no conteúdo informativo do Portal R7” elaborada por Roberta Poliani Viegas foi defendida no dia ________ de ________ de _______, tendo sido:. ( ) Aprovada, mas deve incorporar nos exemplares definitivos modificações sugeridas pela banca examinadora, até 60 (sessenta) dias a contar da data da defesa. ( ) Aprovada ( ) Aprovada com louvor. Banca Examinadora:. Área de concentração: Processos Comunicacionais Linha de pesquisa: Comunicação midiática nas interações sociais.

(4) 4. A Deus À Metodista A minha orientadora A minha mãe Ao meu esposo Aos meus amigos Ao meu bichinho de estimação “Snoopy” Ao Jornalismo Ao Portal R7 e todos os entrevistados.

(5) 5. Criar meu web site Fazer minha homepage Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleje. Que veleje nesse informar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve um oriki do meu velho orixá Ao porto de um disquete de um micro em Taipé. Um barco que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve meu e-mail até Calcutá Depois de um hot-link Num site de Helsinque Para abastecer. Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes de Connecticut. “Pela Internet” Gilberto Gil.

(6) 6. AGRADECIMENTOS À Universidade Metodista de São Paulo * À Marli dos Santos (uma pessoa fantástica, brilhante e que acreditou e me acompanhou em todos os processos desta pesquisa) * A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social * Ao Portal R7 (pela abertura e livre acesso para a realização deste projeto * Aos jornalistas entrevistados do Portal R7 * Ao Hugo Freitas Machado (que por pouco tempo de convivência, mostrou-se ser parceiro e companheiro, sempre ao meu lado, me abastecendo com água, café, salada de frutas e, principalmente com abraços de conforto) * À Nilce Poliani Viegas (minha mãezinha que também não deixou de cuidar e de se preocupar) * Aos meus irmãos * Aos meus sobrinhos * Aos meus familiares * Aos meus amigos * Ao professor Laan Mendes Barros * Ao professor Paulo Rogério Tarsitano * Ao professor Fernando Ferreira de Almeida * À Damiana (ex-colega de trabalho e revisora deste trabalho) * A Kátia Bizan * Aos meus coordenadores Marcio e Simone * Aos amigos Gabriel Rimi e Marcelo Matihusy que ajudaram na concepção do meu pré-projeto * À Letícia, ao Bruno e todos os estagiários do Núcleo de Eventos da AGICOM * Aos meus colegas de trabalho * Enfim, a todos que me acompanham e ainda acompanharão os meus passos..

(7) 7. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Eu, repórter. 49. Figura 2. WhatsApp do Extra. 49. Figura 3. Matéria sobre WhatsApp do Extra. 50. Figura 4. Copa do Mundo. 51. Figura 5. Eleições em Londres. 51. Figura 6. Acidente com celebridades. 52. Figura 7. Portal R7. 81. Figura 8. Globo.com. 81. Figura 9. UOL. 81.

(8) 8. RESUMO Este estudo procura verificar como ocorre a colaboração dos usuários no conteúdo informativo do Portal R7, a partir da nova configuração da internet, a web 2.0, criada em 2004. O termo web 2.0 surgiu para qualificar uma segunda geração de comunidades e serviços, em um ambiente de interação e participação que engloba diversas linguagens. Com o crescimento da adesão à tecnologia digital, algumas barreiras que limitavam a colaboração nos conteúdos informativos foram superadas e o ambiente comunicacional tornou-se um espaço de intercâmbio para experiências e práticas do cotidiano. Nesse cenário, os internautas passam a ter uma relação mais aproximativa nos processos midiáticos presentes no suporte digital, no qual o cidadão pode se expressar, ter maior visibilidade e se relacionar a partir do momento em que ele produz, publica e compartilha qualquer tipo de conteúdo, seja de caráter informativo ou de entretenimento. A revisão bibliográfica abrangeu autores como Ciro Marcondes Filho, José Marques de Melo, Nelson Traquina, Alex Primo, Ana Brambilla, Marcelo Träsel, Raquel Recuero, Polyana Ferrari, Squirra, entre outros. O método de investigação utilizado é o qualitativo, por meio de uma pesquisa exploratória descritiva, do tipo estudo de caso. Os instrumentos para a investigação foram a observação direta assistemática e a entrevista semiestruturada (ou semiaberta). O principal resultado obtido é que o webjornalismo colaborativo no Portal R7 é prioritariamente induzido pelas redes sociais, especialmente o Facebook e o Twitter, inspirado no “call for action”, como estratégia para chamar à colaboração. As práticas jornalísticas estão intrinsicamente dependentes da ação do usuário, sendo que o jornalista agrega às práticas de checagem uma nova etapa, a de relacionamento com o usuário do Portal, para agregar e fidelizar a audiência, valorizando a colaboração em todas as etapas de produção. Palavras-chave: Webjornalismo, Colaboração, Usuários, Conteúdo informativo, Web 2.0..

(9) 9. ABSTRACT The objective of this study is check how works the internet users collaboration in the informative content of “Portal R7” since the web 2.0 was creation in 2004. The term web 2.0 appeared to qualify a second generation of services and communities, in a new interaction and participation environment that includes several languages. With the growth of digital technology accession, some barriers that limited the collaboration in informative contents were overcome and the communication environment becomes an experience exchange local and daily practices.In this scenario, the surfers now have a near relationship in the media processes present in the digital support, in which citizens can express, be more visible and relate from the moment that his produce, post and share any type of content, could be informative or entertainment.The literature review covers the authors such as Ciro Marcondes Filho, José Marques de Melo, Nelson Traquina, Alex Primo, Ana Brambilla, Marcelo Träsel, Raquel Recuero, Polyana Ferrari, Squirra, among others.The research method used is qualitative, through a descriptive exploratory research, like a case study.The instruments for research were the direct observation and the semi-structured interview (or semi-open). The main result is that the collaborate web journalism in the “Portal R7” it is primarily induced by social networks, in specially Facebook and Twitter inspired by call for action like a strategy to call the collaboration.The journalist practices are intrinsically dependent on user’s actions, and the journalist adds to the check practices a new stage related a relationship with the Portal user to assemble and retain the audience, enhancing the cooperation in all production stages. Key words: Web journalism, Collaboration, Users, Informative content, Web 2.0.

(10) 10. RESUMEN Este estudio busca verificar como ocurre la colaboración de los usuarios en el contenido informativo del Portal R7, a partir de una nueva configuración de internet, web 2.0, creada en 2004. El término web 2.0 surgió para calificar una segunda generación de comunidades y servicios, en un ambiente de interacción y participación que envuelve diversos lenguajes. Con el crecimiento de la adhesión a la tecnología digital, algunas barreras que limitaban la colaboración en los contenidos informativos fueron superadas y el ambiente comunicacional se hizo un espacio de intercambio para experiencias y prácticas del cotidiano. En este escenario, los internautas pasan a tener una relación más próxima en los procesos mediáticos presentes en el soporte digital, en lo cual el ciudadano puede expresarse, tener más visibilidad y relacionarse a partir del momento en que él produce, publica y comparte cualquier contenido, sea de carácter informativo o de entretenimiento. La revisión bibliográfica incluyó autores como Ciro Marcondes Filho, José Marques de Melo, Nelson Traquina, Alex Primo, Ana Brambilla, Marcelo Träsel, Raquel Recuero, Polyana Ferrari, Squirra entre otros. El método de investigación utilizado es el cualitativo, por medio de una investigación exploratoria descriptiva, del tipo estudio de caso. Los instrumentos para la investigación fueron la observación directa asistemática y la entrevista semiestructurada (o semiabierta). El principal resultado obtenido es que el webperiodismo colaborativo en el Portal R7 es prioritariamente inducido por las redes sociales, especialmente Facebook, Twitter, inspirado en el “call for action”, como estrategia para llamar la colaboración. Las prácticas periodísticas están intrínsecamente dependientes de la acción del usuario, siendo que el periodista agrega las prácticas de chequeo de una nueva etapa, la de relacionamiento con el usuario del Portal, para agregar y fidelizar la audiencia, valorando la colaboración en todas las etapas de producción. Palabras clave: Webperiodismo, Colaboración, Usuarios, Contenido informativo, Web 2.0.

(11) 11. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12 CAPÍTULO 1 - DO JORNALISMO AO WEBJORNALISMO BRASILEIRO: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ........................................................................ 19 1.1 As fases do Jornalismo e o campo da comunicação no Brasil ............................. 19 1.2 O Ciberespaço: nova forma de se comunicar na web ......................................... 26 1.3 O jornalismo digital e a sua evolução para o webjornalismo 3.0 ......................... 28 CAPÍTULO 2 – CIDADÃO PARTICIPATIVO, VISIBILIDADE E O WEBJORNALISMO COLABORATIVO ..................................................................... 34 2.1 Cultura da Participação ou da Visibilidade?......................................................... 34 2.2 Webjornalismo Colaborativo ................................................................................ 38 2.3 Interatividades nas redes e no webjornalismo ...................................................... 43 2.4 Meios de colaboração no webjornalismo: o caso Whatsapp ................................ 46 CAPÍTULO 3 - A EVOLUÇÃO DOS PORTAIS NOTICIOSOS ................................. 53 3.1 A evolução dos portais noticiosos ........................................................................ 53 3.2 Alguns desafios dos portais .................................................................................. 57 3.3 O portal estudado .................................................................................................. 58 3.3.1 O conteúdo do R7 .............................................................................................. 61 CAPÍTULO 4 – WEBJORNALISMO COLABORATIVO NA PRÁTICA .................. 64 4.1 Procedimentos Metodológicos ............................................................................. 64 4.2 Colaboração no webjornalismo ............................................................................ 67 4.2.1 Mudanças no jornalismo na era da internet ....................................................... 68 4.2.2 Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística .................... 70 4.2.3 Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos ............................................. 74 4.2.4 Avaliação da colaboração .................................................................................. 79 4.2.5 Algumas observações sobre a colaboração no Portal R7 .................................. 79 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 82 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 86 ANEXO A- Roteiro da entrevista semi-estruturada ....................................................... 95 ANEXO B- Questões complementares .......................................................................... 96 ANEXO C- Entrevistas na íntegra.................................................................................. 98 ANEXO D- Mudanças no jornalismo na era da internet .............................................. 136 ANEXO E- O Jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística ........ 137 ANEXO F- Critérios de seleção dos conteúdos colaborativos ..................................... 138 ANEXO G- Estratégias para atingir o público ............................................................. 139 ANEXO H- Avaliação da colaboração do usuário quanto ao conteúdo jornalístico.... 140.

(12) 12. INTRODUÇÃO Estudar e analisar a colaboração do usuário na produção de conteúdo em um dos principais portais noticiosos brasileiros – o Portal R7 – é relevante devido às transformações tecnológicas e comportamentais ocorridas tanto na sociedade quanto no fazer jornalístico. A evolução da internet, as redes sociais e seus aplicativos propiciaram mais oportunidades de interação com os veículos de comunicação, afetando as formas de relacionamento e comportamento dos usuários, principalmente no que se refere à sua participação em assuntos que possam interferir na sociedade. É também uma maneira que os internautas encontraram para estar sempre presentes produzindo e difundindo informações, inclusive como forma de sair do anonimato e manifestarem suas opiniões. Acredita-se que as mudanças muitas vezes são benéficas, criam oportunidades além de readequar processos em estruturas que acreditávamos estarem consolidadas. Os processos comunicacionais e as redes sociais proporcionaram esta nova concepção de colaboração e fazer jornalístico, envolvendo diversas camadas das classes sociais. A colaboração do usuário na produção de conteúdo acompanha a evolução tecnológica e seus processos. Inicialmente, com a inserção do jornalismo na web, acreditava-se que o jornalismo digital proporcionaria um diário na web cada vez mais interativo. Se esta interatividade ainda não está totalmente presente no webjornalismo, podemos supor também que tal liberdade de expressão e manifestação desejada pelo usuário comum também não esteja totalmente representada nos conteúdos noticiosos dos principais portais brasileiros, uma vez que muitas empresas jornalísticas têm a sua linha e perfil editorial, e que quase sempre acabam controlando tal participação e manifestação. Mas, no novo cenário, o produtor de informação passou também a ser consumidor desse conteúdo, consolidando o modelo de comunicação de “muitos-paramuitos”. No ciberespaço, potencialmente, qualquer cidadão com acesso a um celular ou computador pode contribuir na geração e recepção de conteúdo. A presença do usuário vem ocorrendo gradativamente com a transformação da comunicação e o advento das novas tecnologias. Desde a implantação do jornalismo online, a colaboração dos usuários no conteúdo noticioso vem se tornando cada vez.

(13) 13. mais presente. Pode-se dizer que com a evolução da web 1.0 para a web 2.0, esta participação mostrou-se mais engajada e mais técnica, uma vez que outras formas de interação, como as redes sociais e os novos aplicativos disponíveis nas redes sociais, possibilitaram uma evolução no processo colaborativo, tornando-se uma maneira habitual e cotidiana dos usuários quanto ao envolvimento que estes buscam na produção e disseminação das notícias. Hoje o jornalismo conta com a colaboração de um usuário comum que busca pela sua exposição e liberdade de expressão junto à sociedade contemporânea: ele é visto nas redes sociais como um ator social. Segundo Recuero (2011, p. 25), “os atores sociais são considerados como um dos elementos que compõem as redes sociais na internet, eles são os primeiros elementos da rede social, representados pelos nós (ou nodos)”. Como partes do sistema, os atores atuam de forma a moldar as estruturas sociais, através da interação e da constituição de laços sociais, e são representados no ciberespaço por um weblog, por um fotolog, ou mesmo por um perfil no Twitter ou Facebook. As conexões, de outro lado, são os elementos que vão criar a estrutura na qual as representações formam as redes sociais. Essas conexões, na mediação da internet, podem ser de tipos variados, construídas pelos atores, ou usuários, por meio da interação. Neste estudo trataremos “atores” como usuários, pois a colaboração sofre uma readequação, de acordo com filtros jornalísticos. Segundo Malini (2008, p. 2) no seu artigo “Modelos de Colaboração nos meios sociais da internet: uma análise a partir dos portais de jornalismo participativo”, a internet interliga os indivíduos e os possibilita formar o seu próprio habitat de comunicação sem, para isso, ter de passar por qualquer mediação. Segundo o autor, a colaboração crescente dos usuários na produção de conteúdo para sites públicos e comuns na Internet gera uma “nova audiência” em “novos meios de comunicação” que contêm conteúdo multimídia que “complementam, subvertem ou ainda divergem” daqueles emitidos pelos veículos da mídia de massa. Podemos afirmar que não há mediação quando os conteúdos são produzidos em redes sociais, blogs e sites pessoais, porém, a realidade pode ser bem diferente quando se trata de conteúdo de portais, sites e blogs editados por empresas jornalísticas. Um estudo sobre o jornal O Globo, seção “Eu repórter”, Mendes (2009), em seu artigo “Do leitor para a web e da web para o impresso: dilemas do jornalismo participativo no Globo” relata que a empresa por um lado se esforça para incorporar a participação do.

(14) 14. leitor em seus vários formatos, de outro, enfrenta resistências no processo. O estilo de texto mais livre e espontâneo que vem ganhando espaço na internet não é bem aceito no jornal. A autora menciona um exemplo de narrativa de um usuário participativo que é transformada em depoimento e descaracterizada na edição impressa do veículo. Ainda em relação à prática do jornalista, também será destacada a função do Gatekeeper (definição originalmente utilizada por David White), além da concorrência e outros filtros que interferem na produção jornalística. O Gatekeeper surgiu na sociedade industrial, quando a informação passou a ser um bem muito valioso. Segundo Pena (2006), é a partir deste cenário que o jornalista passa a ter uma função fundamental, que é de mediar e selecionar as notícias. Esses profissionais estão imersos na cultura jornalística, ligados a uma rotina de produção, sendo que a diferença atualmente na sua atuação é a participação do usuário comum como gerador de conteúdo. De uma forma ou de outra, o material colaborativo é analisado pelo profissional. O jornalista assume o papel de filtrar o conteúdo disponível na rede ou mesmo enviado por colaboradores. Sendo assim, podemos entender que nem todo conteúdo gerado pelo usuário será utilizado na notícia. O usuário passa a ser uma fonte de informação que disponibiliza em tempo real aquilo que lhe é interessante e importante e que faz parte do seu cotidiano, cabendo ao jornalista nesta sua nova função filtrar estes conteúdos e publicar ou não de acordo com a linha editorial do veículo ou portal no qual ele trabalha. Destaca-se também a necessidade do cidadão comum participar da história, a partir de seu cotidiano. Com base nos estudos de Agnes Heller, em “O cotidiano e a história”, (2000), e nos estudos de Michel de Certeau, na obra “A invenção do cotidiano” (1998), se discutirá o senso comum da sociedade atrelado ao senso comum jornalístico, e que ambos podem ser captados pelos portais noticiosos, nos quais a sociedade comum, ou o homem ordinário, pode ser ou não observado como um herói comum, considerado no presente estudo, o usuário, “um herói comum”, que no meio da multidão tenta relatar, interpretar e disseminar as diversas e variadas práticas do cotidiano. De uma forma ou de outra acreditamos que esse cotidiano está representado nos portais noticiosos e seus conteúdos são muitas vezes readaptados para atender às necessidades das empresas comunicacionais frente às demandas dos seus públicos..

(15) 15. Percebe-se, com base nas referências apontadas sobre a emergência da colaboração no conteúdo do jornalismo, que há um princípio básico: a descentralização da emissão da informação, em que todos os usuários podem emitir informação. A partir dessa observação percorremos um caminho na revisão bibliográfica que nos levou ao seguinte problema de pesquisa: “Como ocorre a colaboração dos usuários comuns na produção dos conteúdos informativos do portal noticioso brasileiro R7? ”. A hipótese de pesquisa formulada a partir da revisão bibliográfica ficou assim estabelecida: a colaboração dos usuários nos conteúdos noticiosos dos portais enriquece o conteúdo jornalístico desses veículos, porém, as informações colaborativas ficam restritas à prestação de serviços e à complementação de matérias com abordagens previamente definidas pelos jornalistas. Quanto aos objetivos, definimos como objetivo principal verificar como ocorre a participação e a presença dos usuários no conteúdo informativo de um dos principais portais noticiosos brasileiros. Já os objetivos específicos são: 1) identificar quais critérios são aplicados na seleção do conteúdo gerado pelos usuários no portal noticioso R7; 2) identificar as opções de participação oferecidas aos usuários; 3) analisar se a colaboração do usuário é importante na produção das notícias, verificando até que ponto as informações são aproveitadas no produto jornalístico; 4) verificar a origem dos conteúdos colaborativos, (via portais, captados por jornalistas nas redes sociais, enviados por meio de aplicativos específicos); 5) refletir sobre a qualidade da participação dos usuários no conteúdo do portal R7. O Portal R7 tem pouca interatividade com o usuário por meio do aplicativo Whatsapp. As interações ocorrem somente via Facebook, Twitter e Instagram. Estão no aguardo do desenvolvimento de um aplicativo, porém não foi explicado com detalhes pelos entrevistados, como e quando este será lançado. Após a realização dos estudos teóricos, foi desenvolvido o capítulo 4 deste trabalho. Neste capítulo, será apresentado o webjornalismo colaborativo na prática, tendo em vista a pesquisa realizada na redação do Portal R7 por meio de observação direta, além de entrevistas com jornalistas que ocupam cargos de chefia e outros que atuam na produção de conteúdo. A partir do problema da pesquisa, hipótese e objetivos, definimos o método e a metodologia de pesquisa. O método adotado é o qualitativo, pois se pretende saber como e por que as práticas do webjornalismo colaborativo no Portal R7 ocorrem. Tratase de uma pesquisa exploratória, do tipo estudo de caso, na qual se buscará entender.

(16) 16. como se dá a colaboração do internauta no conteúdo noticioso do Portal R7. De acordo com Gil (2008), na pesquisa exploratória busca-se mais proximidade, familiaridade em relação ao problema de estudo, envolvendo pesquisa bibliográfica e/ou entrevistas, como técnicas mais recorrentes. Normalmente é aplicada em estudos de caso. Já estudo de caso, segundo Yin (2005), é uma pesquisa que busca investigar um fenômeno, não necessariamente único, em seu contexto. A escolha do Portal R7 se deu por conta de sua posição no ranking de portais noticiosos no Brasil. Em fevereiro de 2013, dados divulgados pelo Ibope/Nielsen apontaram que o Portal R7 passou a ocupar a terceira posição no ranking brasileiro, ultrapassando o Terra. Os dois primeiros são UOL e Globo.com. Além disso, o R7 por estar ligado a uma empresa de comunicação que atua em diversas plataformas, inclusive televisiva, concorre diretamente com o portal Globo.com (com diversas plataformas e rede televisiva). Quanto às técnicas para a pesquisa, utilizamos a entrevista semiestruturada ou semiaberta, onde o investigador tem uma lista de questões ou tópicos para serem preenchidos ou respondidos, como se fosse um guia. A entrevista tem relativa flexibilidade. As questões não precisam seguir a ordem prevista no guia e poderão ser formuladas novas questões no decorrer da entrevista (MATTOS, 2005). Já a observação direta assistemática ou não estruturada é “espontânea, informal, simples, ocasional e acidental”, sem planejamento anterior, de acordo com Lakatos e Markoni (2003, p. 87). No caso das entrevistas, foram elaboradas nove (9) questões-tema, porém, conforme reforça Mattos (2005), há uma flexibilização do roteiro para captar outras informações consideradas importantes pelo pesquisador e pelo entrevistado. As entrevistas foram gravadas por meio de equipamento digital e posteriormente transcritas (vide anexo A). Foram realizadas seis entrevistas com jornalistas, indicados pelo próprio Portal, que ocupam cargos de chefia aos que participam diretamente da produção de conteúdo jornalístico, com idades variadas (50, 28, 24 e 23 anos). Todos são jornalistas formados, com experiências variadas (até em razão da idade). Os cargos que os entrevistados ocupam são: Coordenador de Conteúdo do Portal R7, Editor-Chefe do Portal R7;.

(17) 17. Redatora do Programa Hoje em Dia1; Jornalista da Editoria de Cidades; Redatora do R7 Você2; Redator dos Programas Balanço Geral 3e Domingo Espetacular4. Após a transcrição das 6 entrevistas, as respostas foram categorizadas de acordo com o roteiro inicial, além de outras categorias criadas conforme os achados observados nas respostas. Algumas citações diretas foram extraídas das transcrições para exemplificar os padrões observados. As categorias são: 1) mudanças no Jornalismo na era da Internet; 2) jornalismo colaborativo e a sua influência na prática jornalística; 3) critérios de seleção dos conteúdos colaborativos; 4) estratégias realizadas pelo Portal; 5) avaliação da colaboração (no Capítulo 4 as categorias serão apresentadas com mais detalhamento). Serão incluídos na pesquisa os jornalistas que trabalham no Portal R7, seja como funcionário ou contratado por meio de terceiros e que aceitem participar da pesquisa e serão excluídos jornalistas que não trabalham no Portal R7. Para aplicação da entrevista, primeiramente, os jornalistas foram consultados sobre participação em trabalho científico. Posteriormente foi apresentado TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual serão expostos: tema, objetivo, tipo de participação, riscos e benefícios da pesquisa, de maneira clara e objetiva, como orienta a Resolução do CONEP 466/12 que tem o número do parecer 1.074.409 e como 21 de maio de 2015 a data da relatoria. Foi esclarecido que as entrevistas poderiam gerar certo desconforto aos participantes, por interromper suas atividades diárias, pelo tempo a ser dedicado ao tema e também porque os jornalistas teriam de realizar certo esforço para explicar os processos de participação dos usuários do Portal. Também foi esclarecido que não haveria despesas pessoais aos participantes em qualquer fase do estudo nem compensação financeira relacionada à sua participação. Os participantes da pesquisa tomaram ciência que teriam direito a atendimento hospitalar em caso de eventuais problemas de saúde decorrentes da entrevista e, em caso 1. Hoje em dia é um programa de notícias, prestação de serviço e entretenimento com o compromisso de informar e formar a opinião pública, sem perder de vista a opção de lazer que muitos brasileiros buscam na telinha. 2 R7 Você é um canal do Portal R7 para que os internautas enviem seus vídeos, para fazer a melhor programação da internet, bastando para isso, preencher um formulário disponível em http://tv.r7.com/envie-seu-video 3 “Balanço Geral”: o programa, que transita entre o jornalismo e o entretenimento, mostra reportagens exclusivas, denúncias, prestação de serviço e assuntos que mexem com o dia a dia da comunidade 4 “Domingo espetacular”: revista eletrônica com conteúdo direcionado a toda a família. São reportagens de denúncia, comportamento, turismo, saúde, vida animal e celebridades. Além de um panorama geral dos fatos que marcaram a semana..

(18) 18. de dano pessoal, os participantes podem solicitar indenizações legalmente estabelecidas. Em qualquer tempo os participantes puderam solicitar informações à pesquisadora responsável e ao Comitê de Ética da Metodista. Os benefícios da pesquisa não são individuais, mas os participantes ficaram cientes que contribuíram para o avanço do conhecimento na área do jornalismo colaborativo na web..

(19) 19. CAPÍTULO 1 - DO JORNALISMO AO WEBJORNALISMO BRASILEIRO: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA Neste capítulo, apresentamos um panorama histórico do jornalismo nomeado hoje como “tradicional” ou jornalismo nos meios de comunicação de massa (impresso, TV e rádio), do jornalismo na internet, no contexto da comunicação no Brasil. A evolução do jornalismo está relacionada a determinados movimentos históricos que gestaram novos processos. Destacamos também as tecnologias digitais que proporcionaram o avanço do jornalismo nos meios de comunicação de massa para o webjornalismo, no contexto da sociedade pós-moderna.. 1.1 As fases do Jornalismo e o campo da comunicação no Brasil Para iniciarmos este tópico, onde se pretende fazer um relato abordando as fases do jornalismo, concentrando-se em pesquisas da trajetória histórica deste campo científico e social, faz-se necessária uma breve compreensão do que é Jornalismo, a partir de Nelson Traquina (2005). Baseando-nos em conceitos do autor é impossível definir a palavra jornalismo em uma simples frase ou mesmo em um livro, mas é um desafio que, segundo ele, cabe a nós pesquisadores tentarmos. Para Traquina, “o jornalismo em sua forma poética, pode ser caracterizado como a vida, a vida contada em relatos, a vida contada nas notícias de nascimentos e de mortes, tal como o nascimento do primeiro filho de uma cantora famosa ou a morte de um sociólogo conhecido mundialmente” (2005, p.19). Na concepção do autor, a definição de jornalismo para os jornalistas seria a realidade. A realidade que a vida nos traz, a realidade da vida inserida no contexto e no cotidiano da sociedade e que tanto os fatos, quanto os acontecimentos e os personagens das notícias não são ficção, são reais, ou seja, não são invenção destes profissionais. Obviamente não é possível esgotar o conceito nas visões de Traquina, porém, ele nos apresenta pistas importantes: o jornalismo está ligado à vida, à realidade. Tal cenário nos faz perceber o quanto o jornalismo e o jornalista são importantes para a sociedade e o quanto a credibilidade, seja no campo social ou no campo profissional, ainda é tema de discussão, principalmente no “quarto jornalismo”,.

(20) 20. como menciona Ciro Marcondes Filho (2000), em que o jornalismo sofre o impacto das tecnologias digitais, que facilitam o acesso e a geração de informação pelo cidadão comum, o qual produz e dissemina informações.. Para Marcondes Filho (2000, pp.9-10), A história do jornalismo reflete de forma bastante próxima a própria aventura da modernidade. Enquanto a modernidade econômica engendrou o empreendedor burguês – personagem mítico cujo desenvolvimento pleno ocorreu principalmente no século XVIII – e a modernidade política assistiu à vitória das democracias republicanas e seus múltiplos políticos disputando cadeiras nos parlamentos, a modernidade dos direitos sociais e humanos viu nascer no seu seio a figura do jornalista.. Segundo o autor, as mudanças da modernidade econômica, política e social e as transformações que estas trouxeram para a sociedade fizeram com que o jornalista se tornasse um herói que pudesse evidenciar e tornar importante e comunicável as experiências relacionadas ao cotidiano de uma camada da sociedade que, até então, não tinha voz, tampouco representatividade. O jornalismo é a “síntese do espírito moderno”, diz Marcondes Filho (2000, p. 9): “a razão tida como verdade e a transparência que se impõe diante da tradição obscurantista, do questionamento de todas as autoridades, a crítica da política e a confiança irrestrita no progresso, no aperfeiçoamento contínuo da espécie”. Mas, com a modernidade, analisa o autor,. o jornalismo se viu órfão e desorientado e passou a perder o seu terreno diante da sedução midiática da TV e da hegemonia das técnicas no fim do século XVIII e sendo filho legítimo da Revolução Francesa, o jornalismo se expande a partir da luta pelos direitos humanos” (MARCONDES FILHO, 2000, pp. 9-10). O aparecimento do jornalismo está associado também à “desconstrução” do. poder instituído em torno da igreja e da universidade. O saber, o acesso aos documentos, o direito à pesquisa, estiveram, até a invenção dos tipos móveis por Gutenberg, nas mãos da Igreja. O fato é que desde os primórdios da civilização humana, diz Marcondes Filho (2000), o homem sempre esteve em busca do conhecimento, com vontade de aprender, conhecer e compreender tudo o que se passava diante dos seus olhos. Porém, o.

(21) 21. conhecimento, o poder de informar e de se informar estava nas mãos do clero. A mudança só veio no momento em que a sociedade passou a conviver em grupo, a participar de uma vida mais social e urbana, onde pudesse ultrapassar os limites das fronteiras a partir da evolução sócio-cultural-econômica que emergia na sociedade europeia e que se transformava gradativamente. A partir da necessidade que a sociedade tem em conhecer o novo, de buscar conhecimento, de se informar e de informar, há uma tendência da evolução dos processos pelos quais se altera a organização social. Pode-se dizer que mediante a evolução da sociedade, o jornalismo também evoluiu, se transformou e se modificou para atender a demanda de uma classe emergente e que teve sua curiosidade aguçada mediante as transformações e trajetórias históricas que permeavam o seu cotidiano. O jornalismo acompanhou e acompanha a evolução da sociedade. Todo o processo de transformação do jornalismo está relacionado às mudanças enfrentadas pela sociedade no âmbito econômico, político e social, consolidando-se após anos de história como uma atividade transparente e prestadora de serviços, porta-voz dos cidadãos. Tudo isso ocorreu devido à queda do controle da informação por instituições até então detentoras do conhecimento e do poder da comunicação. O crescimento e a viabilidade tecnológica do jornalismo, segundo Marques de Melo (1985, p. 12) está ligado à própria imprensa “que também surgiu como resultado de crescentes exigências socioculturais, nas operações mercantis-financeiras que movimentavam as cidades, na circulação mais rápida das ideias e dos inventos que tornaram a reprodução do conhecimento um fator político significativo”. De acordo ainda com Marcondes Filho (2000), a evolução histórica do jornalismo é compreendida em quatro grandes períodos, que são apresentados a seguir nas palavras do autor: a) Primeiro jornalismo – de 1789 à metade do século 19 denominado “iluminação”, tanto no sentido de exposição quanto de esclarecimento político e ideológico. O controle do saber e da informação funcionava como forma de dominação, de manutenção da autoridade e do poder. Nesta fase entra em ebulição o jornalismo político-literário e o jornal se profissionaliza: surge a redação como um setor específico e com o tempo o jornalismo vai deixando de ser um instrumento dos políticos para ser uma força política autônoma;.

(22) 22 b) Segundo jornalismo – o jornal como grande empresa capitalista, surge a partir da inovação tecnológica da metade do século 19 nos processos de produção do jornal. A transformação tecnológica irá exigir da empresa jornalística a capacidade financeira de auto sustentação, irá transformar uma atividade praticamente livre de pensar e de fazer política em uma operação que precisará vender muito para se autofinanciar; c) Terceiro jornalismo – no século 20, o desenvolvimento e o crescimento das empresas jornalísticas desembocam na constituição do terceiro jornalismo, o de monopólios, cuja sobrevivência só será ameaçada pelas guerras e pelos governos totalitários do período. Entretanto, o mais importante deste século será o desenvolvimento, da indústria publicitária e de relações públicas como novas formas de comunicação que competem com o jornalismo até descaracterizá-lo, como vai acontecer no final do século 20; d) Quarto jornalismo – o do fim do século 20, é o jornalismo da era tecnológica, um processo que tem seu início por volta dos anos 70. Aqui se acoplam dois processos: o da expansão da indústria da consciência no plano das estratégias de comunicação e persuasão dentro do noticiário e da informação; e a substituição do agente humano jornalista pelos sistemas de comunicação eletrônica, pelas redes, pelas formas interativas de criação, fornecimento e difusão de informações (MARCONDES FILHO, 2000, pp. 11-30).. Portanto, o autor identifica as transições do jornalismo, contextualizando essas mudanças inclusive a evolução tecnológica, especialmente no quarto jornalismo, quando menciona a ênfase na comunicação pelas redes, a interatividade e a profusão de fontes que participam destes conteúdos informativos. Embora o autor não mencione a expressão “jornalismo participativo”, já delineava a realidade que vivenciamos nos dias atuais, realidade que acompanha exclusivamente as mudanças que a sociedade vem enfrentando,. principalmente. no. que. se. refere. às. transformações. culturais,. mercadológicas e econômicas. Pode-se dizer que até o terceiro jornalismo, os meios de comunicação de massa estavam definidos como produtos de informação e de entretenimento produzidos para atender um grande número de pessoas em diversos canais de distribuição e, a partir do quarto jornalismo, observa-se uma expressiva transformação da comunicação de massa agora voltada para o ciberespaço, para as redes sociais, para a era digital. Em sua terceira fase, o jornalismo foi visto como fator fundamental para a liberdade de expressão e para a democracia. Era o alicerce da sociedade para se colocar a frente da muralha que separava a liberdade de expressão tão almejada e que.

(23) 23. favorecesse um diálogo entre as classes, entre os cidadãos, promovendo assim um discurso público e soberano. Ressalta-se que demarcar as fases do jornalismo, mesmo que de uma forma sintética, é uma maneira simples de nos fazer perceber a evolução da área, porém, é importante também ressaltar que convivemos com todas as fases, em maior e menor grau, dependendo do contexto social, econômico, cultural e tecnológico. Sentimos que a pesquisa sobre a evolução do campo não cessa e diversos estudiosos sentem a necessidade de acompanhar a sua trajetória histórica desde os primórdios da civilização, onde a humanidade já sentia a necessidade de se comunicar. Com o fim da terceira fase do jornalismo, abre-se o espaço para o quarto jornalismo, a fase da evolução dos meios de comunicação que face ao advento das tecnologias, da era digital - e dos usos sociais que se processam a partir delas, não somente a sociedade se transforma, mas também os processos se reinventam e se adequam para atender e suprir as necessidades deste novo cidadão. Há um novo caminho, uma nova ordem, um novo espaço a ser explorado: o ciberespaço. No artigo “Coisa absurda, senão grave”, publicado no Observatório da Imprensa em 25 de março de 2014, Muniz Sodré faz uma reflexão acerca de duas frases de um estadista e jornalista francês Georges Clemenceau (1841-1929): (1) “O homem absurdo é aquele que nunca muda”; (2) “a guerra é uma coisa grave demais para ser confiada aos militares”. Nesta reflexão, o autor faz um comparativo destas duas frases à realidade atual do jornalismo, do jornalista, da mídia e da comunicação. Em seu texto, o autor relata que não podemos fechar os olhos em face das transformações que o jornalismo e a própria mídia de massa vêm enfrentando. Compreende-se, em uma simples análise das referidas frases, que o jornalismo precisa de mudanças para acompanhar a evolução da sociedade, e que esta guerra que estamos enfrentando com as mudanças do jornalismo e das mídias de “massa” não deve ser confiada apenas aos jornalistas, mas também deve ser apropriada e compreendida por todos os profissionais que lidam com a informação. Segundo Muniz Sodré (2014, s/n), na segunda metade do século 19,. o jornalismo foi fundamental para o aperfeiçoamento das condições liberais de discussão e persuasão, abrindo caminho para a democracia das opiniões num espaço público consentâneo com a Revolução Industrial e com o liberalismo político e econômico..

(24) 24. O jornalismo deste período era um canal político, mas para a sociedade ele poderia ser um dos espaços utilizados para a democracia e liberdade de expressão, favorecendo o diálogo em nome de uma cidadania mais justa e participativa. É neste período, que segundo Marques de Melo (1985, p. 15) o “jornalismo informativo afigura-se como categoria hegemônica, quando a imprensa norte-americana acelera seu ritmo produtivo, assumindo feição industrial e convertendo a informação de atualidade em mercadoria”. Para o autor, é nesta fase do jornalismo do século XIX que a “edição de jornais e revistas transforma-se em negócio, em empreendimento rentável e o jornalismo opinativo não desaparece, mas tem o seu espaço reduzido às páginas chamadas editoriais” (MELO, 1985, p. 15). Segundo Marcondes Filho (2000), o jornalismo passou por grandes transformações, e devido às mudanças radicais na área, ele questiona se ainda teremos jornalismo. Para ele, são duas as principais mudanças que afetaram o jornalismo nos últimos séculos: a “criação da rotativa e dos processos de produção de jornais em massa em meados de 1850 e a inovação tecnológica em meados de 1970”. A primeira mudança proporcionou que as empresas jornalísticas se reorientassem no sentido econômico do negócio:. produzir e divulgar informação, tornando as indústrias de comunicação economicamente autossustentável, tendo como consequência um jornalismo descomprometido, voltado ao mercado dependente dos gostos e do interesse de uma massa de consumidores (MARCONDES FILHO, 2000, pp. 32-33).. Já o “acelerado desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação e o conceito de comunicação que invade todos os domínios da vida social – da economia aos esportes, da biologia celular à astrofísica”, estão relacionados à segunda mudança que transformou, e ainda transforma, o jornalismo, analisa o autor (2000, p. 33). No século 20, mais precisamente na segunda metade, Sodré (2014, s/n), relata que “os meios (imprensa, rádio e televisão) buscaram a padronização de bens e de opiniões, ampliando tecnicamente o espaço público”. Ele ressalta também, no século 21, o foco das empresas no ciberespaço, a preocupação com a disseminação e velocidade da informação de maneira eficaz, ou.

(25) 25. seja, como que ela chega ao receptor e como este vai reagir ao recebê-la, foco da atenção das empresas de comunicação: neste período, o aporte tecnológico adentrou no jornalismo e nos meios de comunicação de massa e a partir de então as grandes empresas e seus proprietários deixaram de se preocupar com as técnicas consagradas da profissão e da ética profissional, neste caso, o jornalismo, passando agora a se preocupar com a eficiência da informação e com a atenção que ela, em sua rápida disseminação, atingiria e despertaria a atenção de milhares de pessoas espalhadas no ciberespaço (SODRÉ, 2014, s/n).. Percebe-se que o compartilhamento da informação é um fator constante no ambiente digital, a rede agora pode ser considerada espaço onde todos os usuários se sentem produtores e difusores da notícia, em diversos âmbitos, em diversos contextos, em diversos cenários e infindáveis ambientes. Para Sodré (2014, s/n), “a mídia eletrônica se institui em arquivo mundial do saber”, além disso, a interatividade viabilizada pelas tecnologias digitais, “implica um processo gradativo de apropriação da tecnologia da comunicação pelos usuários”. Mas até que ponto, neste novo cenário, onde estão inseridos a comunicação e o jornalismo, é que surgem novos questionamentos como: até que ponto pode-se apenas falar em efeitos positivos? Até que ponto pode-se dizer que estes novos aparatos e suportes tecnológicos inseridos no mercado comunicacional, que tanto os profissionais quanto o cidadão comum têm acesso, contribuem ou não para este novo fazer jornalístico, este novo modo de fazer comunicação? Quais seriam os benefícios e/ou os malefícios que a apropriação das novas tecnologias trazem ao jornalismo? Pesquisadores do campo e da área como Muniz Sodré, relata que temos dois lados da moeda e que os diversos aparatos inseridos nas novas tecnologias podem trazer oportunidades e também riscos para a comunicação, principalmente para o quarto jornalismo: as oportunidades das novas tecnologias criam novas possibilidades de registro e debate da história corrente, porém em contrapartida, multiplicam-se os riscos, tornando cada vez mais difícil separar o factoide do fato no novo “bios” virtual em que todos hoje se misturam, capitaneados pela mídia em sua acelerada fragmentação. A velocidade com que se dá a entrada e a saída de informações no ambiente virtual implica na questão da veracidade da informação, na abordagem e na apuração dos fatos (SODRÉ, 2014, s/n).. Nesse cenário, é preciso ter um cuidado ético do profissional do jornalismo..

(26) 26. Pode-se compreender que na fase da “colaboração” do indivíduo com a informação, o profissional de jornalismo deverá manter a sua identidade, ou seja, o seu reconhecimento pela sociedade, como aquele que exerce uma atividade fundamental para a democracia. É nesse momento que cabe ao jornalismo e ao profissional de jornalismo buscarem e reafirmarem os valores consolidados a partir da Revolução Francesa, ou seja: a defesa da liberdade de expressão e de opinião, a busca pela veracidade das informações e da responsabilidade social, com apuração e relato preciso dos fatos.. 1.2 O Ciberespaço: nova forma de se comunicar na web Neste tópico, aprofundaremos mais na direção das relações entre jornalismo, tecnologias digitais, ciberespaço e cibercomunicação - uma nova fronteira para o jornalismo. Segundo Lévy (1999, p. 32), compreende-se por ciberespaço “um novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também um novo mercado da informação e do conhecimento e as tecnologias digitais surgiram como a infraestrutura do ciberespaço”. Diante desta compreensão, percebe-se que tudo que está presente neste espaço comunicacional é alterado instantaneamente e a velocidade com que hoje as informações circulam provocou uma alteração no ambiente, onde uma vez conectadas à internet, as pessoas conseguem receber, trocar e compartilhar as informações, independentemente do local em que estejam. O ciberespaço representa, segundo Squirra (1998, p.39), além de uma excelente ferramenta de pesquisa, “o mais novo recurso de consulta acadêmica que as modernas tecnologias da comunicação coloca à disposição dos pesquisadores. É um eficiente instrumento de comunicação entre os indivíduos e um vasto leque de serviços”. É um lugar de acesso democrático, no qual boa parte dos seres do planeta se comunica e se relaciona a partir de um endereço eletrônico (e-mail); de uma página no Facebook, de um perfil no Twitter, entre outras redes sociais digitais que proporcionam interação e troca de informações. Este espaço virtual não tem um só dono (apesar de empresas monitorarem os usuários e explorarem comercialmente seus dados e comportamentos, como o Google ou as empresas de games), ele pode ser usado por.

(27) 27. cidadãos comuns - inclusive os menos providos de posses, que estão conectados por meio de celulares, entre outros recursos tecnológicos.. Diante dessas possibilidades, Squirra analisa que:. a modernização tecnológica vem alterando os hábitos e as alternativas de comunicação entre as pessoas. Os que têm algum recurso e conhecimento sobre tecnologia usufruem do potencial tecnológico oferecido. Os diferentes avanços tecnológicos permitem “multifacetados processos comunicacionais”, podem ser complexos na sua concepção, porém, são acessíveis aos cidadãos. São possibilidades de informação, entretenimento, espaços de criação de cultura (2008, p. 160).. Segundo o autor (2012), “o horizonte técnico-midiático não alterou somente os processos de produção e emissão da informação, como também alterou os modelos de negócios das empresas jornalísticas, promovendo transformações radicais na grande área da comunicação”. E complementa: Nessa “sopa digital”, o cinema já é digital e as produções do jornalismo, da publicidade, do rádio, do turismo e das relações públicas, são realizadas e acompanhadas através de instrumentos em plataformas totalmente digitais. Definitivamente, o mundo mudou profundamente e os instrumentos de comunicação têm papel preponderante neste contexto, no qual a tecnologia pluralizou as comunicações à distância, tendo se tornado sua essência produtiva (SQUIRRA, 2012, s/n).. Observando-se a evolução das tecnologias digitais e da comunicação, outro aspecto importante a destacar é a transição do off-line para o online. Os reflexos destas mudanças alteraram os processos de produção, emissão e recepção de conteúdos informativos, para atender à nova demanda do usuário, seja em qualquer suporte, meio ou habilitação comunicacional. Com o advento das tecnologias digitais e sua transposição para o ciberespaço, ou simplesmente Internet, a globalização da comunicação proporcionou a troca e a transmissão de mensagens independentemente da distância dos usuários, de maneira instantânea. É por meio da internet que se estabelece uma relação aproximativa, mesmo que esta seja virtual. É através deste recurso, que temos acesso e fazemos pesquisas em.

(28) 28. várias fontes de informações, como também participamos de vários grupos de discussão, sobre temas específicos e de interesses comuns, com participantes conectados em diversas partes do mundo. A comunicação ocorre em um espaço sem limites e sem fronteiras, em que os usuários são tratados como fontes e disseminadores de informação. Já no final do século XXI, Squirra (1998, p. 7) previa “o espaço cibernético (Internet, Infovia, Super rodovia da informação ou Infoban)” como o ‘must’ da comunicação eletrônica instantânea. O fluxo comunicacional advindo do espaço virtual acompanha a evolução da sociedade e toda a convergência dos sistemas de comunicação e da tecnologia, transformando a sociedade em uma “entidade” com várias denominações: sociedade da informação, sociedade em rede, sociedade conectada, sociedade tecnológica. Todas estas denominações da sociedade pós-moderna, ou contemporânea como alguns preferem, estão relacionadas à inserção desta no universo da internet, o qual promove integração social, por meio de uma nova rede de comunicação mediada por computadores, gerando milhões de comunidades virtuais. Essas comunidades ao disponibilizarem informações no ciberespaço, por meio de recursos informatizados em uma conexão digital, consolidam a participação da sociedade no ambiente online, tornando-a emissora e não só receptora de conteúdo. Percebe-se que o ciberespaço trouxe e colaborou com milhões de experimentos comunicacionais na sociedade pós-moderna, que a cada dia prova algo inédito diante do leque de opções de aparatos tecnológicos disponíveis. Novos hábitos tanto de produção e difusão da informação, quanto de consumo da mesma.. 1.3 O jornalismo digital e a sua evolução para o webjornalismo 3.0 A evolução da Internet em meados da década de 1990 propiciou a inovação no jornalismo, principalmente quando se fala em técnicas e práticas. O ciberespaço facilitou a convergência do jornalismo tradicional e do jornalismo digital. Para compreender a inserção do jornalismo digital no Brasil, buscou-se referências na obra “Jornalismo Digital”, de Pollyana Ferrari (2003, p. 25), que traz uma bagagem histórica deste campo que surgiu nos Estados Unidos em “decorrência da evolução dos sites de busca que recorreram ao conteúdo como estratégia de retenção do leitor e no Brasil, os sites de conteúdos nasceram dentro das empresas jornalísticas”..

(29) 29. A autora faz um apanhado histórico sobre a imprensa brasileira, partindo das grandes empresas de mídia “de empresas familiares e que também detêm a liderança entre os portais brasileiros que surgiram na segunda metade da década de 90 (....) informalmente chamados de barões da internet brasileira” (FERRARI, ano 2003, p. 25). O primeiro site jornalístico brasileiro foi o do Jornal do Brasil, criado em maio de 1995, seguido pela versão eletrônica do jornal O Globo. Nessa mesma época, a Agência Estado, agência de notícia do Grupo Estado, também colocou na Internet a sua página. Segundo Ferrari (2003, pp. 27-28),. empresas tradicionais como Organizações Globo, grupo Estado, grupo Folha e a Editora Abril se mantêm como os maiores conglomerados de mídia do país, tanto em audiência quanto em receita com publicidade e foram elas que deram os primeiros passos a Internet brasileira, seguidos pelo boom mercadológico de 1999 e 2000, quando todas as atenções se voltaram à Nasdaq (National Association of Securities Dealers Automated Quotation), a bolsa de valores da Nova Economia e muitos dos portais brasileiros atraíram investidores estrangeiros, fazendo com que de 1997 até o final de 2000, os grandes sites de conteúdo brasileiros, assim como os norte-americanos, miraram sua pontaria na oferta abundante de conteúdo, muito mais voltado ao volume de notícias do que ao aprofundamento da matéria.. A mutação do jornalismo tradicional para o cenário digital, assim como a transformação da sociedade e das novas formas de se comunicar frente às novas tecnologias, também proporcionou uma alteração nos negócios das empresas de comunicação e, principalmente, das empresas jornalísticas que se viram na necessidade de migrar para a rede, ainda de forma vagarosa e lenta. Segundo Squirra (2012, s/n), neste início de transposição dos jornais para a rede, “as empresas entendiam este recurso como complementar aos seus propósitos de informar a sociedade, mas com o passar dos anos, as bases digitais representavam uma tendência que merecia investimento e dedicação”. As empresas, instituições e organizações de diversos setores acabaram criando sites noticiosos, ocasionando uma verdadeira corrida ao ciberespaço, à internet. O objetivo era ocupar um espaço que quase ninguém sabia muito como explorar, e especialmente ganhar dinheiro. O jornalismo no ciberespaço, ou webjornalismo como passaremos a denominar essa prática, evoluiu da web 1.0 para a web 2.0..

(30) 30. Das informações dos sites noticiosos, nos quais a participação do cidadão era mínima, o jornalismo 1.0 avançou, ao mesmo tempo que a tecnologia digital, ao jornalismo 2.0, ou seja, as tecnologias interativas favoreceram a participação do usuário. Blogs, chats e as redes sociais (YouTube, Facebook, Twitter, Instagram, Flick, Picasa), os coletivos digitais, como Wikipédia, são espaços de expressão de internautas. Para que possamos acompanhar a transição do jornalismo digital e a contribuição do desenvolvimento da web 1.0 até a web 3.0 para o referido campo, se faz necessária a compreensão da evolução do World Wide Web. O artigo “Web do futuro: a cibercultura e os caminhos trilhados rumo a uma Web semântica ou Web 3.0”, dos autores Emanuella Santos e Marcos Nicolau (2012) serviu de base para compreender a evolução da web, que deixou de ser estática (espaço de repositório e de leitura) para se tornar hoje um ambiente dinâmico, no qual usuários interagem, promovendo e compartilhando informações (web 2.0), até chegar à web 3.0, ou web semântica, como os autores a mencionam no referido estudo. Na mais recente fase, todos os equipamentos serão interligados a web, favorecendo assim a conexão não somente de computadores e celulares, mas de todos os aparelhos disponíveis nas residências e conectados à internet. Observa-se que todas essas mudanças na web possibilitam ao internauta a produção e emissão de conteúdo, além de consumo de produtos disponíveis na rede. Na web 2.0 o usuário participa, colabora com os conteúdos, tornando-se muito mais ativo na construção do conhecimento de forma coletiva. Para Santos e Nicolau (2012), a cultura da participação é um dos pilares da web 2.0. Devido à quantidade de informação presente nesta segunda fase da web, com conteúdo mais colaborativos e interativos, muitos problemas surgem em razão desta dinâmica:. A quantidade de informações falsas encontrada na rede. Por possuir tamanha abertura, fica difícil e é quase impossível ter um controle do fluxo de informação que circula na Web 2.0, o que comprova a primordial importância que à cognição humana desempenha neste processo, ou seja, o discernimento humano que se faz necessário quando uma informação é buscada na Web 2.0. Tendo consciência que os resultados que obtivermos em nossas buscas virão de uma construção de nossos perfis, a partir de algoritmos que, pelo nosso histórico de navegação, nos darão resultados que (as empresas acreditam) satisfarão e atenderão as nossas expectativas. Contudo, isso também irá mudar. (SANTOS; NICOLAU, 2012, p. 7).

(31) 31. Segundo os referidos autores a web semântica ou web 3.0 possibilita uma utilidade bem maior para internet, facilitando ainda mais a vida do usuário: nas buscas de conteúdo “mais precisos”, na economia do tempo decorrente, no direcionamento das demandas do usuário. A web 2.0, e por conseguinte a web 3.0, no âmbito das tecnologias digitais, mantém uma relação entre a comunicação, os seus processos e a sociedade moderna, fazendo com que o usuário seja um produtor atuante, assim como um consumidor de informação (talvez muito mais consumidor que atuante produtor de informação). O modelo de comunicação “muitos-para-muitos” facilita a seleção de conteúdo. A esse respeito, Marcondes Filho (2000) analisa que qualquer cidadão pode ser seu próprio editor, um modelo que tem sido questionado por causa da manipulação existente na rede pelas grandes empresas de mídia, como o Google. Além disso, o direcionamento e seleção de conteúdo, de acordo com o cardápio do usuário, pode reforçar visões unilaterais, desconsiderando a diversidade e a alteridade no ciberespaço. O ciberespaço permite que o cidadão comum assim como os repórteres e os pesquisadores, tenham acesso instantâneo a importantes documentos, dados governamentais e, sobretudo, a informações até então mantidas em poder privado. Essas facilidades alteram a prática do jornalismo: em poucos momentos repórteres encontram fontes confiáveis – e de qualidade, por exemplo -, além de fatos e material informativo que ajudam a formar a pauta do jornalismo. Squirra já anunciava essas mudanças em 1998. Diante deste cenário, os principais portais noticiosos abriram espaço para a contribuição do usuário, seja off-line ou online - em tempo real, comentada e compartilhada por milhares de pessoas espalhadas pelo mundo e conectadas à internet. Usuários também podem pautar os meios de comunicação, em particular, os portais noticiosos. Ambos conectados, tanto o jornalista quanto o usuário de conteúdo, munidos de seus computadores e outros aparatos tecnológicos, assim como outros recursos que chegam a cada dia, acabam por interferir e mudar os estilos de trabalho dos jornalistas em qualquer tipo de suporte seja este impresso, eletrônico e, principalmente, digital. A chegada desses novos recursos provoca mudanças também nas rotinas de produção das empresas de comunicação. Uma transformação significativa é a mobilidade. Com a tecnologia hoje existente, o jornalista pode realizar investigações e.

(32) 32. entrevistas de qualquer e para qualquer ponto da cidade, do estado, do país ou mesmo fora dele. De um lado a facilidade, de outro as consequências pelo acesso: As novas tecnologias digitais introduzem a “imaterialidade jornalística”. Na tela do computador, o texto jornalístico perde a materialidade e se torna pura fibrilação visual de pontos, um texto permanentemente provisório, nunca terminado, passível de interferências por todos os que por ele passam e em todos os momentos da produção do jornal. Imaterial está se tornando também o próprio jornal, cada vez mais editado online, assim como a redação, acessível de qualquer ponto do planeta, tanto para se receber pautas como para se fazer uma reportagem, nela inserir fotos tiradas em tempo real, diagramar e enviar, tudo pronto, ao terminal instalado do outro lado do mundo (MARCONDES FILHO, 2000, p. 47).. Observa-se que a nova ordem social e tecnológica propõe questionamentos sobre o jornalismo e o jornalista. A cada evolução tecnológica percebe-se alteração nos sistemas de informação e comunicação, bem como as formas de produção de conteúdo, assim como a forma de participação dos usuários conectados à rede. Os novos modelos de difusão e consumo de informação audiovisual e textual presentes nas plataformas digitais, móveis e interativas, segundo Squirra (2012), vêm possibilitando que o domínio dos processos alcance novos produtores, indo além dos jornalistas. A “cultura da construção e difusão da informação” deu espaço a outros relatos jornalísticos, produzidos pelo usuário cada vez mais conectado e munido de aparatos tecnológicos, especialmente móveis. Há um crescimento exponencial da produção de conteúdo, seja ele jornalístico ou não, que indica e permite cada vez mais a produção de mensagens por outros atores sociais, que até então eram somente caracterizados como consumidores das notícias. A forma de participação do indivíduo, no que tange à produção da informação, deve ser experimentada e inovada a cada dia, uma vez que a incessante evolução tecnológica não para e propicia minuto a minuto a crescente e variada denominação de termos e terminologias digitais, aumentando cada vez mais o vocabulário desta indústria virtual. Do lado do jornalista, diz Squirra (2013, s/n), em seu artigo “Jornalismos com convergências midiáticas nativas e tecnologias incessantes”, as diversas barreiras (evolução de equipamentos, sua aplicação e significados) também podem comprometer a expertise do profissional e a sua permanência no mercado. Nesse universo de evoluções constantes, os aplicativos e as redes sociais são novas formas de comunicação. Os portais noticiosos brasileiros usam e abusam dessas possibilidades, para “agregar valor” ao conteúdo. A participação do usuário comum na.

(33) 33. produção de conteúdo informativo tem sido cada vez mais estimulada, que agora tem cada vez mais acesso aos conteúdos digitais. A partir dessas mudanças é que vai surgindo novos modelos e práticas que, segundo Squirra (2013), atingem a chamada “indústria” jornalística e seus profissionais, sobretudo, a sociedade. Mais relatos e angulações para formar opiniões e se orientar, agora o cidadão comum é um contador de histórias mais valorizado..

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