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Análise de estabilidade e desempenho H2 de sistemas do tipo Lur'e com comutação

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Academic year: 2021

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Alan Pereira Suto

An´

alise de Estabilidade e Desempenho H

2

de Sistemas

do Tipo Lur’e com Comuta¸c˜

ao

55/2015

Campinas, SP 2015

(2)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MEC ˆ

ANICA

Alan Pereira Suto

Engenheiro Mecˆanico - FEG/UNESP (2011)

An´

alise de Estabilidade e Desempenho H

2

de Sistemas

do Tipo Lur’e com Comuta¸c˜

ao

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada `a Faculdade de Engenharia Mecˆanica da Universidade Estadual de Cam-pinas como parte dos requisitos exigidos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenharia Mecˆanica, na ´Area de Mecˆanica dos S´olidos e Projeto Mecˆanico.

Orientadora: Profa. Dra. Grace Silva Deaecto

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE `A VERS ˜AO

FI-NAL DA DISSERTA ¸C ˜AO DEFENDIDA PELO ALUNO

ALAN PEREIRA SUTO, E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. GRACE SILVA DEAECTO.

Campinas, SP 2015

(3)

Ficha catalogr´afica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da ´Area de Engenharia e Arquitetura Elizangela Aparecida dos Santos Souza - CRB 8/8098

Suto, Alan Pereira,

1989-S966a An´alise de estabilidade e desempenho H2 de sistemas do tipo Lur’e com

comuta¸c˜ao / Alan Pereira Suto. - Campinas, SP: [s.n.], 2015. Orientador: Grace Silva Deaecto.

Disserta¸c˜ao (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Mecˆanica.

1. Sistemas com Comuta¸c˜ao. 2. Sistemas de Controle por Realimenta¸c˜ao. 3. Sistemas N˜ao-Lineares. I. Deaecto, Grace Silva, 1983-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecˆanica. III. T´ıtulo.

Informa¸c˜oes para Biblioteca Digital

T´ıtulo em outro idioma: Stability analisys and H2 performance optimization of Lur’e type

switched systems

Palavras-chave em Inglˆes: Switched Systems

Feedback Control Systems Nonlinear Systems

´

Area de concentra¸c˜ao: Mecˆanica dos S´olidos e Projeto Mecˆanico Titula¸c˜ao: Mestre em Engenharia Mecˆanica

Banca Examinadora:

Grace Silva Deaecto [Orientador] Janito Vaqueiro Ferreira

Liu Hsu

Data da defesa: 29-05-2015

(4)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MEC ˆ

ANICA

COMISS ˜AO DE P ´OS-GRADUA ¸C ˜AO EM ENGENHARIA MEC ˆANICA

DEPARTAMENTO DE MEC ˆANICA COMPUTACIONAL

DISSERTA ¸C ˜AO DE MESTRADO ACADˆEMICO

An´

alise de Estabilidade e Desempenho H

2

de Sistemas

do Tipo Lur’e com Comuta¸c˜

ao

Autor: Alan Pereira Suto

Orientadora: Grace Silva Deaecto

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Disserta¸c˜ao:

(5)

Dedico este trabalho `a minha fam´ılia,

que sempre me deu apoio em todas as

minhas escolhas e que atrav´es da uni˜ao

e do amor me permitiu forjar todas as

qualidades do meu car´ater

(6)

Agradecimentos

Com muita alegria dedico este pequeno espa¸co para expressar a imensur´avel gratid˜ao que tenho por todos aqueles que foram indispens´aveis para a minha forma¸c˜ao profissional.

Primeiramente agrade¸co a Deus por me iluminar e guiar meu caminho pelo labirinto tortuoso que chamamos de vida. `A minha fam´ılia, que me ensinou n˜ao s´o o que ´e bondade como tamb´em o que significa ser parte de algo maior. Em especial aos meus pais Edson e Inizeth pelo amor infinito, pelo apoio incondicional, pela f´e que sempre tˆem em mim e por tudo que puderam me ensinar ao longo desta jornada. Devo agradecer ao meu irm˜ao Renan que apesar de ser mais novo me permitiu aprender muito com o seu crescimento e com o ato de ensinar-lhe o que eu julgava ideal.

Agrade¸co a minha orientadora Grace S. Deaecto por sua contribui¸c˜ao imensur´avel para o desenvolvimento da minha forma¸c˜ao, sem o qual a cria¸c˜ao deste trabalho seria praticamente imposs´ıvel. Sua dedica¸c˜ao aos seus alunos e `a pesquisa s˜ao admir´aveis e muitas vezes cativantes, n˜ao s´o estes conceitos como tamb´em sua dedica¸c˜ao aos assuntos que s˜ao de suma importˆancia a faculdade e sua pol´ıtica a tornam uma professora exemplar. Ela me mostrou tamb´em o quanto pode existir por tr´as de algu´em e em diversas ocasi˜oes demonstrou ser uma grande amiga e por isso dedico este paragrafo a ela.

N˜ao devo deixar de agradecer a minha amada Aline B. O. Mor´e por seu apoio nesta fase importante da minha vida e por estar sempre ao meu lado me dando carinho e valiosos conse-lhos. Tamb´em agrade¸co aos meus colegas do grupo de pesquisa: Guilherme Cavalari, Fernando Casanova e Lucas Eg´ıdio, os quais me mostraram a vida de ˆangulos novos e que al´em de me fornecer valiosos conselhos para o meu trabalho me ensinaram coisas que levarei para a vida.

Recordo tamb´em dos meus amigos Nilson, Lucas, Caetano, Danilo, Dani, Tyminski, Carlos e Leonardo por todos os momentos de discuss˜oes acadˆemicas acirradas e outras n˜ao t˜ao acadˆemicas que foram momentos de lazer valiosos. Agrade¸co tamb´em aos meus amigos de fora da faculdade Carolina, Michele, Luciano, Adonai, Murilo, Carol, Rafael, Ramon, Astarte e muitos outros que n˜ao citei, mas certamente est˜ao no meu cora¸c˜ao, agrade¸co a eles por todo os momentos de lazer aos quais me permitiram descansar desta ´ardua jornada e retornar para os dias de pesquisa renovado.

Por fim, agrade¸co ao Fundo de Apoio ao Ensino, `a Pesquisa e Extens˜ao, FAEPEX por ter me dado esta valiosa oportunidade, por ter acreditado no meu potencial cient´ıfico e pelo apoio financeiro durante o mestrado.

(7)

N˜ao se pode aprender nada de uma li¸c˜ao que n˜ao

seja acompanhada por dor, j´a que n˜ao se pode

conseguir nada sem um sacrif´ıcio. Mas quando

vocˆe aguenta essa dor e a supera, as pessoas

conseguem um cora¸c˜ao forte que n˜ao perde para

nada. Sim, um cora¸c˜ao de a¸co.

(8)

Resumo

SUTO, Alan Pereira. An´alise de Estabilidade e Desempenho H2 de Sistemas do Tipo Lur’e com

Comuta¸c˜ao, Campinas: Faculdade de Engenharia Mecˆanica, Universidade Estadual de Campi-nas, 2015. 58 p. Disserta¸c˜ao (Mestrado).

Esta disserta¸c˜ao trata do controle H2 de sistemas com comuta¸c˜ao do tipo Lur’e baseado no

crit´erio generalizado de Popov. Mais especificamente, uma nova regra de comuta¸c˜ao dependente do estado e da entrada externa ´e proposta de tal forma a assegurar estabilidade assint´otica global e um custo garantido H2de desempenho. Esta nova estrat´egia de comuta¸c˜ao ´e o ponto chave para

a generaliza¸c˜ao do c´elebre crit´erio de Popov. Como no caso de sistemas invariantes no tempo, propomos um teste de estabilidade baseado no dom´ınio da frequˆencia expresso em termos de uma certa combina¸c˜ao convexa das matrizes de espa¸co de estado dos subsistemas. Ademais, este teste leva em conta a inclus˜ao de um ´ındice de desempenho H2 cujo estudo, no presente contexto, ´e

in´edito na literatura. Os resultados te´oricos obtidos s˜ao aplicados no controle de uma suspens˜ao semi-ativa automotiva evidenciando a validade e a eficiˆencia da fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao proposta.

Palavras-chave: Sistemas com Comuta¸c˜ao, Sistemas do Tipo Lur’e, Crit´erio de Popov, LMI e Desempenho H2 .

(9)

Abstract

SUTO, Alan Pereira. Stability Analisys and H2 Performance Optimization of Lur’e Type

Swit-ched Systems, Campinas: School of Mechanical Engineering, University of Campinas, 2015. 58 p. Master’s Thesis.

This Master’s dissertation deals with H2 control design of Lur’e-type switched systems based

on the generalized Popov criterion. More specifically, a novel state-input dependent switching rule is proposed in order to assure global asymptotic stability and an H2 guaranteed cost. This

new switching strategy is the key issue to generalize the celebrated Popov criterion. Likewise the case of time invariant systems, we propose a frequency domain stability test that is expressed in terms of a certain convex combination of the subsystems state space matrices. Moreover, this test takes into account an H2 performance index whose study, in the present context, is new in the

literature. The theoretical results are used to the control design of a car semiactive suspension and to put in evidence the validity and the efficiency of the proposed switching function.

Keywords: Switched System, Lur’e Type Systems, Popov Criterion, LMI and H2

(10)

Lista de Figuras

2.1 Esquema de um sistema do tipo Lur’e . . . 12

2.2 Fun¸c˜ao n˜ao-linear no setor [0, κ] . . . 13

3.1 Sistemas com comuta¸c˜ao . . . 15

3.2 Regi˜ao de factibilidade - Exemplo 3.1 . . . 21

3.3 Trajet´oria dos estados e fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao - Exemplo 3.1 . . . 22

4.1 Crit´erio do C´ırculo - Exemplo Ilustrativo . . . 36

4.2 Crit´erio de Popov - Exemplo Ilustrativo . . . 37

4.3 N˜ao-linearidade no setor - Exemplo Ilustrativo . . . 38

4.4 Trajet´oria dos estados e fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao - Exemplo Ilustrativo . . . 39

5.1 Esquema de uma suspens˜ao semi-ativa . . . 41

5.2 Fun¸c˜ao n˜ao-linear da mola . . . 43

5.3 Custo garantido H2 em decib´eis em fun¸c˜ao de kmin . . . 46

5.4 Acelera¸c˜ao do chassi e fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao . . . 47

5.5 Acelera¸c˜ao do chassi e potˆencia de atenua¸c˜ao . . . 48

(11)

Lista de S´ımbolos

I - Matriz identidade.

F (s) - Transformada de Laplace da fun¸c˜ao f (t).

L(f(t)) - Operador transformada de Laplace aplicado `a fun¸c˜ao f (t).

L−1(F (s)) - Operador transformada de Laplace inversa aplicado `a fun¸c˜ao F (s).

D{F (s)} - Dom´ınio da transformada de Laplace F (s). σ{F (s)} - Valor singular da fun¸c˜ao de transferˆencia F (s).

N - Conjunto dos n´umeros naturais.

R - Conjunto dos n´umeros reais.

R+ - Conjunto dos n´umeros reais n˜ao negativos. Rm×n - Conjunto das matrizes reais de dimens˜ao m × n. Cm×n - Conjunto das matrizes complexas de dimens˜ao m × n.

K - Conjunto {1, · · · , N}.

U′ - Transposto da matriz real U.

U(jω)∗ - Conjugado da matriz complexa U(jω).

U(jω)∼ - Conjugado transposto da matriz complexa U(jω).

Re(U(jω)) - Parte real da fun¸c˜ao de vari´avel complexa U(jω). Im(U(jω)) - Parte imagin´aria da fun¸c˜ao de vari´avel complexa U(jω) U ≥ (>)0 - Matriz U sim´etrica e semi-definida (definida) positiva. U ≤ (<)0 - Matriz U sim´etrica e semi-definida (definida) negativa. diag{U, V } - Matriz bloco diagonal formada pelas matrizes U e V .

Tr(U) - Tra¸co da matriz quadrada U.

• - Bloco sim´etrico de uma matriz sim´etrica.

Λ - Simplex unit´ario Λ = {λ ∈ RN : λ

j ≥ 0 , PNj=1λj = 1}.

Uλ - Combina¸c˜ao linear de matrizes de mesma dimens˜ao Uλ =PNj=1λjUj.

M - Matriz de Metzler Π = {πij} ∈ RN ×N tal que πij ≥ 0, i 6= j, e PNj=1πji = 0.

Ppi - Combina¸c˜ao linear Ppi =PNj=1πjiPj, com Pj > 0 para todo j ∈ K.

kξk2

2 - Quadrado da norma de uma trajet´oria ξ(t) igual a

R∞

0 ξ(t)

ξ(t)dt.

L2 - Conjunto de todas as trajet´orias ξ(t) tais que kξk22 < ∞.

(12)

´Indice

Lista de Figuras xvii

Lista de S´ımbolos xix

1 Introdu¸c˜ao 1

2 Conceitos Fundamentais 4

2.1 Sistemas Lineares Invariantes no Tempo . . . 4

2.2 Estabilidade de Sistemas Dinˆamicos . . . 5

2.3 Norma H2 . . . 7

2.3.1 C´alculo Atrav´es de Gramianos . . . 7

2.3.2 C´alculo Atrav´es de LMIs . . . 8

2.4 Passividade e Positividade Real . . . 9

2.5 Sistema do Tipo Lur’e . . . 11

2.6 Considera¸c˜oes do Cap´ıtulo . . . 13

3 Sistemas Lineares com Comuta¸c˜ao 14 3.1 Sistema com Comuta¸c˜ao . . . 14

3.2 Desigualdades de Lyapunov-Metzler . . . 17

3.3 Considera¸c˜oes do Cap´ıtulo . . . 22

4 Sistemas com Comuta¸c˜ao do Tipo Lur’e 23 4.1 Formula¸c˜ao do Problema . . . 23

4.2 Crit´erio do C´ırculo Generalizado . . . 25

(13)

4.4 Exemplo Ilustrativo . . . 35

4.4.1 Crit´erio do C´ırculo Generalizado . . . 35

4.4.2 Crit´erio de Popov Generalizado . . . 36

4.4.3 Simula¸c˜ao Num´erica . . . 37

4.5 Considera¸c˜oes Finais do Cap´ıtulo . . . 38

5 Aplica¸c˜ao em um Sistema de Suspens˜ao Semi-Ativa 40 5.1 Modelagem Matem´atica . . . 40

5.1.1 Identifica¸c˜ao da Fun¸c˜ao N˜ao-Linear da Mola . . . 41

5.1.2 Obten¸c˜ao das Equa¸c˜oes de Estado . . . 43

5.2 Implementa¸c˜ao da Regra . . . 46

5.2.1 Considera¸c˜oes Finais do Cap´ıtulo . . . 49

6 Conclus˜oes e Perspectivas 50 A Apˆendice 55 A.1 Resultados Auxiliares . . . 55

A.1.1 Desigualdades Matriciais Lineares . . . 55

A.1.2 Lema de Kalman-Yakubovich-Popov . . . 56

(14)

CAP´ITULO

1

Introdu¸c˜

ao

Esta disserta¸c˜ao tem como tema principal o estudo de sistemas com comuta¸c˜ao do tipo Lur’e, com enfoque na an´alise de estabilidade e desempenho H2. A motiva¸c˜ao para este estudo deve-se

ao fato de que grande parte dos sistemas reais apresentam n˜ao-linearidades na malha de controle, tais como satura¸c˜ao, zona morta, histerese entre outras e, muitos deles podem ser modelados como sistemas do tipo Lur’e. Al´em disso, os sistemas com comuta¸c˜ao est˜ao sendo bastante estudados pela comunidade cient´ıfica, devido `as suas caracter´ısticas intr´ınsecas que permitem, por exemplo, obter desempenhos melhores dos que outras t´ecnicas de controle dispon´ıveis na literatura.

Sistemas com comuta¸c˜ao constituem uma importante subclasse de sistemas h´ıbridos carac-terizados por apresentar v´arios subsistemas e uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao que seleciona a cada instante de tempo um deles. Nesta disserta¸c˜ao, a fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao ´e a vari´avel de controle que deve ser determinada de forma a assegurar estabilidade e desempenho H2. Os livros

(Liber-zon, 2003) e (Sun & Ge, 2005) e os artigos (DeCarlo et al., 2000), e (Shorten et al., 2007) s˜ao referˆencias b´asicas para iniciar o estudo do tema.

Para o caso de sistemas lineares com comuta¸c˜ao a tempo cont´ınuo a literatura apresenta v´arios resultados relacionados ao estudo de estabilidade e desempenho H2 e H∞, veja por exemplo,

(DeCarlo et al., 2000), (Geromel & Colaneri, 2006), (Geromel et al., 2013) e (Hespanha, 2004) bem como sua generaliza¸c˜ao para tratar do projeto de controle via realimenta¸c˜ao de estado (Geromel & Deaecto, 2009), (Ji et al., 2005) e via realimenta¸c˜ao de sa´ıda (Deaecto et al., 2011), (Geromel et al., 2008a).

Devido ao grande sucesso obtido no campo dos sistemas lineares, o interesse no estudo de sistemas n˜ao-lineares ´e crescente como revelam as referˆencias (Aleksandrov et al., 2011), (Colaneri et al., 2008), (Sun & Wang, 2013), (Yang et al., 2009) e (Zhao & Hill, 2008). Dentre os sistemas n˜ao-lineares, uma subclasse muito importante ´e aquela composta por sistemas do tipo Lur’e que possuem o c´elebre crit´erio de Popov, formulado no dom´ınio da frequˆencia, como o crit´erio mais

(15)

utilizado para a an´alise de sua estabilidade. A literatura apresenta poucos resultados relacionados ao estudo da estabilidade destes sistemas, sendo (Aleksandrov et al., 2011) e (Sun & Wang, 2013) alguns exemplos. Ambos tratam do caso em que a regra de comuta¸c˜ao ´e arbitr´aria e apresentam somente condi¸c˜oes de estabilidade formuladas no dom´ınio do tempo.

Nesta disserta¸c˜ao, generalizamos os resultados recentes de (Geromel & Deaecto, 2014) que trata exclusivamente da an´alise de estabilidade no dom´ınio da frequˆencia. Nossa contribui¸c˜ao principal ´e a introdu¸c˜ao de um custo garantido H2 ao crit´erio generalizado de Popov proposto

nesta referˆencia. Como passo inicial, generalizamos o crit´erio do c´ırculo de forma a fornecer condi¸c˜oes de estabilidade e desempenho baseadas na resposta em frequˆencia de uma certa matriz de transferˆencia. Neste caso, ´e poss´ıvel projetar uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao dependente do estado para garantir estabilidade e desempenho H2. Infelizmente, este tipo de fun¸c˜ao n˜ao pode ser

utilizada para generalizar e introduzir um custo H2 ao crit´erio de Popov. De fato, o ponto chave

para esta generaliza¸c˜ao ´e utilizar uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao mais geral que depende tamb´em da entrada externa. ´E importante ressaltar que esta tarefa n˜ao ´e simples pois os sistemas com comuta¸c˜ao s˜ao variantes no tempo e n˜ao admitem representa¸c˜ao frequencial.

Os resultados te´oricos foram utilizados no ´ultimo cap´ıtulo, que ´e dedicado ao controle de uma suspens˜ao semi-ativa automotiva considerando a for¸ca da mola uma fun¸c˜ao n˜ao-linear obtida atrav´es de valores experimentais. Esta aplica¸c˜ao pr´atica comprova a validade da teoria proposta nos cap´ıtulos anteriores e deixa claro a eficiˆencia da fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao projetada. Al´em da aplicabilidade pr´atica, podemos dizer que um dos resultados mais importantes desta disserta¸c˜ao ´e obter um m´etodo simples que, para o caso de sistemas com uma entrada e uma sa´ıda, permite concluir sobre a estabilidade e o desempenho H2 de sistemas mais complexos que s˜ao n˜ao-lineares

e variantes no tempo atrav´es do diagrama de Nyquist e/ou de Popov de uma certa fun¸c˜ao de transferˆencia a ser determinada. O conte´udo aqui descrito est´a dividido em seis cap´ıtulos organizados como segue:

• Cap´ıtulo 2: Este cap´ıtulo apresenta alguns conceitos cl´assicos importantes que servem de base para o desenvolvimento do tema proposto. Mais especificamente, o crit´erio de Lyapunov para o estudo de estabilidade, o c´alculo da norma H2, bem como passividade,

positividade real e o problema da estabilidade absoluta s˜ao t´opicos discutidos neste cap´ıtulo. • Cap´ıtulo 3: Inicia com uma breve introdu¸c˜ao dos sistemas lineares com comuta¸c˜ao, apre-senta as desigualdades de Lyapunov-Metzler que s˜ao condi¸c˜oes importantes para o projeto de uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao estabilizante e obt´em condi¸c˜oes de existˆencia destas desigual-dades que s˜ao resultados essenciais para o pr´oximo cap´ıtulo. O cap´ıtulo ´e encerrado com um exemplo ilustrativo.

(16)

• Cap´ıtulo 4: Apresenta os principais resultados desta disserta¸c˜ao. Mais especificamente, trata da determina¸c˜ao de crit´erios de estabilidade no dom´ınio da frequˆencia, levando em conta a otimiza¸c˜ao de desempenho H2 de sistemas com comuta¸c˜ao do tipo Lur’e. Para

tanto primeiramente generalizamos o crit´erio do c´ırculo e, posteriormente, generalizamos o crit´erio de Popov. Esta ´ultima generaliza¸c˜ao s´o foi poss´ıvel gra¸cas ao projeto de uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao dependente n˜ao s´o do estado como tamb´em da entrada externa. Assim, para sistemas com uma entrada e uma sa´ıda, foi poss´ıvel obter um m´etodo gr´afico baseado na resposta em frequˆencia de uma certa fun¸c˜ao de transferˆencia, que nos permite concluir sobre a estabilidade desta classe de sistemas. O cap´ıtulo encerra com um exemplo ilustrativo que demonstra a validade dos resultados obtidos.

• Cap´ıtulo 5: Tem como objetivo principal aplicar os conceitos te´oricos desenvolvidos para tratar do controle de uma suspens˜ao semi-ativa automotiva. Nesta aplica¸c˜ao pr´atica, te-mos como objetivo minimizar a acelera¸c˜ao vertical do ve´ıculo para aumentar a sensa¸c˜ao de conforto do passageiro. Vale ressaltar que o problema tratado ´e mais geral e realista pois considera que a for¸ca da mola ´e n˜ao-linear. Desta forma, projetamos uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao estabilizante que assegura um custo garantido H2 de desempenho.

• Cap´ıtulo 6: Destaca as principais contribui¸c˜oes da disserta¸c˜ao bem como os pontos abor-dados e faz uma breve perspectiva para trabalhos futuros.

(17)

CAP´ITULO

2

Conceitos Fundamentais

Este cap´ıtulo tem por finalidade apresentar alguns conceitos cl´assicos que s˜ao importantes como embasamento te´orico para o tema aqui proposto. Inicialmente, discutimos o crit´erio de Lyapunov para o estudo da estabilidade e a norma H2 para a an´alise do desempenho de

siste-mas lineares invariantes no tempo. Posteriormente, apresentamos os conceitos de passividade e positividade real que s˜ao fundamentais para o estudo da estabilidade de sistemas n˜ao-lineares do tipo Lur’e. Este estudo ser´a aprofundado durante esta disserta¸c˜ao e generalizado para tratar de sistemas com comuta¸c˜ao.

2.1

Sistemas Lineares Invariantes no Tempo

Um sistema linear invariante no tempo pode ser representado pelas seguintes equa¸c˜oes no espa¸co de estado

˙x(t) = Ax(t) + Hw(t), x(0) = 0 (2.1)

z(t) = Ex(t) + Gw(t) (2.2)

onde o vetor x ∈ Rnx ´e o estado, w ∈ Rnw ´e a entrada externa e z ∈ Rnz ´e a sa´ıda controlada.

As matrizes A, H, E e G possuem dimens˜oes compat´ıveis. A fun¸c˜ao de transferˆencia entre a entrada w e a sa´ıda z ´e

Hwz(s) = E(sI − A)−1H + G (2.3)

Para G = 0, o sistema ´e classificado como estritamente pr´oprio, sendo chamado de pr´oprio caso contr´ario.

(18)

2.2. Estabilidade de Sistemas Dinˆ

amicos

2.2

Estabilidade de Sistemas Dinˆ

amicos

Estabilidade ´e o primeiro requisito que se deseja atender no projeto de controle de sistemas dinˆamicos. O seu conceito est´a relacionado ao comportamento de um sistema autˆonomo que, partindo de uma condi¸c˜ao inicial arbitr´aria, evolui para um ponto de equil´ıbrio. Dentre os crit´erios de estabilidade existentes vamos apresentar o crit´erio de Lyapunov que ´e cl´assico e pode ser encontrado na maioria dos livros de controle, veja por exemplo, (Geromel & Korogui, 2011), (Slotine & Li, 1991), (Vidyasagar, 2002) e (Khalil, 2002). Antes por´em, vamos considerar um sistema dinˆamico autˆonomo, e apresentar algumas defini¸c˜oes importantes.

Defini¸c˜ao 2.1 (Ponto de Equil´ıbrio) Ponto de equil´ıbrio ´e definido como sendo o ponto xe ∈

Rnx no espa¸co de estado tal que se o sistema partir deste ponto, l´a permanece por todo instante

de tempo subsequente, ou seja, se x(0) = xe ent˜ao x(t) = xe para todo t ≥ 0.

Defini¸c˜ao 2.2 (Estabilidade Assint´otica Global) O ponto de equil´ıbrio xe ∈ Rnx ´e

global-mente assintoticaglobal-mente est´avel se, partindo de uma condi¸c˜ao inicial arbitr´aria x(0) = x0 ∈ Rnx,

o estado x(t) evoluir assintoticamente para o ponto de equil´ıbrio considerado, ou seja, x(t) → xe

quando t → ∞.

De acordo com o crit´erio de Lyapunov o estudo da estabilidade consiste em analisar o com-portamento dinˆamico de uma fun¸c˜ao v(x(t)) que mede a distˆancia de um ponto gen´erico x ∈ Rnx

ao seu ponto de equil´ıbrio xe ∈ Rnx. Se para qualquer condi¸c˜ao inicial x(0) = x0 a fun¸c˜ao

v(x(t)) sempre diminuir no decorrer do tempo tendendo a zero, ent˜ao o ponto de equil´ıbrio xe

´e globalmente assintoticamente est´avel. Por ser do tipo distˆancia, a fun¸c˜ao de Lyapunov deve apresentar as seguintes propriedades, veja (Slotine & Li, 1991) e (Geromel & Korogui, 2011):

• v(x) = 0 para x = xe e v(x) > 0 para todo x 6= xe

• v(x) ´e diferenci´avel em rela¸c˜ao a todas as componentes de x ∈ Rnx

O teorema a seguir explicita o crit´erio de Lyapunov para o estudo da estabilidade assint´otica global de sistemas dinˆamicos.

Teorema 2.1 Considerando um sistema dinˆamico com fun¸c˜ao de Lyapunov v(x), ilimitada para todo x ∈ Rnx ilimitado, o ponto de equil´ıbrio x = x

e ∈ Rnx ´e dito globalmente assintoticamente

est´avel se ˙v(x) < 0 para todo x 6= xe.

Para o sistema linear invariante no tempo ˙x = Ax obtido de (2.1) fazendo w(t) = 0, ∀t ≥ 0, tem-se que, se A ´e uma matriz n˜ao singular, o ´unico ponto de equil´ıbrio ´e a origem xe= 0. Para

(19)

2.2. Estabilidade de Sistemas Dinˆ

amicos

este sistema a fun¸c˜ao de Lyapunov comumente utilizada na literatura ´e v(x) = x′P x com P > 0.

Aplicando o resultado do Teorema 2.1, temos que o ponto de equil´ıbrio xe = 0 ´e globalmente

assintoticamente est´avel se a desigualdade A′P + P A < 0 for satisfeita. De fato, temos

˙v(x) = ˙x′P x + x′P ˙x = x′(A′P + P A)x

< 0, x 6= 0 (2.4)

Note que para uma matriz 0 < Q ∈ Rnx×nx dada, se for poss´ıvel determinar P > 0 solu¸c˜ao ´unica

da equa¸c˜ao de Lyapunov

A′P + P A = −Q (2.5)

ent˜ao temos ˙v(x) = −x′Qx < 0, ∀x 6= 0. Al´em de suficiente, a existˆencia de uma solu¸c˜ao

P > 0 para (2.5) ´e tamb´em necess´aria para a estabilidade. De fato, como mostrado em (Geromel & Korogui, 2011), assuma que o sistema ´e assintoticamente est´avel. Sob esta hip´otese, vamos verificar que a solu¸c˜ao

P = Z ∞

0

eA′tQeAtdt (2.6)

´e a ´unica solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de Lyapunov. Podemos notar facilmente que P ´e sim´etrica e, multiplicando (2.6) `a direita pelo vetor ξ 6= 0 e `a esquerda pelo seu transposto, conclu´ımos que ´e tamb´em definida positiva, uma vez que ξ′P ξ > 0 em decorrˆencia do fato de que Q > 0. Al´em

disso, temos que (2.6) satisfaz a equa¸c˜ao de Lyapunov, A′P + P A = Z ∞ 0  A′eA′t QeAt+ eA′t QeAtAdt = Z ∞ 0 d dt  eA′t QeAtdt = lim t→∞e A′t QeAt− Q = −Q (2.7)

pois, por hip´otese, o sistema ´e assintoticamente est´avel e, portanto, o limite indicado acima tende para zero. O lema a seguir resume os principais pontos discutidos nesta se¸c˜ao.

Lema 2.1 O sistema linear invariante no tempo ˙x = Ax ´e globalmente assintoticamente est´avel se e somente se para uma matriz Q > 0 dada, existir uma ´unica matriz P > 0 solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de Lyapunov A′P + P A + Q = 0.

(20)

2.3. Norma

H

2

2.3

Norma H

2

Nesta se¸c˜ao, consideramos o sistema mais geral (2.1)-(2.2) e apresentamos maneiras diferen-tes de calcular a norma H2, seja atrav´es de gramianos ou atrav´es de LMIs1, veja (Geromel &

Korogui, 2011) e (Colaneri et al., 1997). O Apˆendice A apresenta uma breve introdu¸c˜ao sobre desigualdades matriciais lineares. Esta norma ´e um dos crit´erios mais utilizados para analisar o desempenho de sistemas dinˆamicos e ´e definida para todas as fun¸c˜oes de transferˆencia Hwz(s)

racionais, estritamente pr´oprias, anal´ıticas no semi-plano complexo direito incluindo o eixo ima-gin´ario, sendo dada pela integral

kHwz(s)k2 =  1 2π Z ∞ −∞ Tr(Hwz(−jω)′Hwz(jω))dω 1/2 < ∞ (2.8)

Aplicando o teorema de Parseval podemos determin´a-la no dom´ınio do tempo atrav´es da express˜ao kHwz(s)k2 = Z ∞ 0 Tr(hwz(t)′hwz(t))dt 1/2 < ∞ (2.9)

onde hwz(t) ´e a resposta ao impulso do sistema.

2.3.1

alculo Atrav´

es de Gramianos

A resposta ao impulso do sistema (2.1)-(2.2) ´e dada por

hwz(t) = L−1(Hwz(s)) = EeAtH + Gδ(t), ∀ t ≥ 0 (2.10)

que utilizada em (2.9) fornece kHwz(s)k22 = Z ∞ 0 Tr(hwz(t)′hwz(t))dt = Z ∞ 0 Tr(H′eA′tE′+ G′δ(t))(EeAtH + Gδ(t)) = Tr  H′( Z ∞ 0 eA′tE′EeAtdt)H  + Tr(H′E′G) + Tr(G′EH) + +Tr(G′G) Z ∞ 0 δ(t)2dt (2.11) 1

(21)

2.3. Norma

H

2

Levando em conta queR∞

0 δ(t)2dt = (1/π)

R∞

0 dω = +∞, a norma (2.9) ´e finita, se e somente

se, G = 0 e A for Hurwitz2. Logo, como mencionado anteriormente, ´e imperativo que a fun¸c˜ao de

transferˆencia Hwz(s) seja estritamente pr´opria e anal´ıtica no semiplano complexo direito fechado.

Assim, de (2.11) temos kHwz(s)k22 = Tr  H′ Z ∞ 0 eA′t E′EeAtdtH  = Tr (H′P oH) (2.12)

sendo que a matriz Po ´e o gramiano de observabilidade que ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de Lyapunov

A′Po+ PoA + E′E = 0 (2.13)

Utilizando a propriedade de circularidade do operador tra¸co temos kHwz(s)k22 = Tr(hwz(t)hwz(t)′)

e, procedendo da mesma maneira, obtemos o c´alculo da norma H2 em termos do gramiano

de controlabilidade. As duas formas de se calcular a norma H2 atrav´es de gramianos est˜ao

apresentadas abaixo

kHwz(s)k22 = {Tr (H′PoH) : A′Po+ PoA + E′E = 0} (2.14)

kHwz(s)k22 = {Tr (EPcE′) : APc+ PcA′+ HH′ = 0} (2.15)

A seguir descrevemos o seu c´alculo como a solu¸c˜ao de um problema de otimiza¸c˜ao descrito em termos de LMIs.

2.3.2

alculo Atrav´

es de LMIs

Podemos abordar o problema de c´alculo da norma H2 no contexto de programa¸c˜ao convexa.

A equa¸c˜ao (2.13) com Q = E′E ≥ 0 pode ser convertida na desigualdade matricial linear

A′P + P A + E′E < 0 (2.16)

Considerando que toda solu¸c˜ao definida positiva da desigualdade (2.16) satisfaz a equa¸c˜ao de Lyapunov A′P + P A + EE = −S para uma matriz arbitr´aria S > 0, temos que

P = Z ∞ 0 eA′t(E′E + S)eAtdt > Po (2.17) 2

(22)

2.4. Passividade e Positividade Real

e, portanto, kHwz(s)k22 = Tr(H′PoH) < Tr(H′P H). Logo, a norma H2pode ser obtida

resolvendo-se o resolvendo-seguinte problema de programa¸c˜ao convexa

kHwz(s)k22 = infP >0{Tr (H′P H) |A′P + P A + E′E < 0} (2.18)

De forma dual, fazendo as substitui¸c˜oes (A, H, E) por (A′, E, H), obtemos

kHwz(s)k22 = infP >0{Tr (EP E′) |AP + P A′+ HH′ < 0} (2.19)

As solu¸c˜oes dos problemas (2.18) e (2.19) apresentam portanto duas maneiras de calcular a norma H2 no contexto de programa¸c˜ao convexa. Devemos ressaltar que os problemas envolvendo

LMIs s˜ao expressos atrav´es de conjuntos abertos. Por este motivo, seria v´alido substituirmos os operadores “inf” e “sup” por “min” e “max” respectivamente, visto que usualmente os m´etodos utilizados para a solu¸c˜ao de LMIs nos permitem fechar o conjunto de restri¸c˜oes utilizando um escalar ε > 0 arbitrariamente pequeno definido pelo usu´ario.

2.4

Passividade e Positividade Real

Passividade e positividade real s˜ao conceitos de grande importˆancia para o estudo de sistemas do tipo Lur’e. Como ser´a visto em breve eles s˜ao conceitos equivalentes interpretados em dom´ınios diferentes, sendo que a passividade ´e analisada no dom´ınio do tempo e a positividade real no dom´ınio da frequˆencia. A defini¸c˜ao que apresentamos em seguida foi obtida de (Geromel & Korogui, 2011), mas um estudo aprofundado sobre este tema pode tamb´em ser encontrado em (Vidyasagar, 2002).

Defini¸c˜ao 2.3 (Passividade) O sistema (2.1)-(2.2) ´e passivo se a sua sa´ıda z(t) ∈ Rnw

cor-respondente a qualquer entrada w(t) ∈ Rnw definida para todo t ≥ 0 for tal que

Z ∞

0

z(t)′w(t)dt ≥ 0 (2.20)

Note que a defini¸c˜ao imp˜oe que o n´umero de entradas e de sa´ıdas deve ser o mesmo para que o produto escalar em (2.20) seja realizado. Ademais, se esta desigualdade for estrita para toda entrada w(t) 6= 0, o sistema ´e dito estritamente passivo. Podemos estudar a passividade adotando a fun¸c˜ao de Lyapunov v(x) = x′P x e impondo que a sua derivada em rela¸c˜ao a uma trajet´oria

(23)

2.4. Passividade e Positividade Real

arbitr´aria do sistema (2.1)-(2.2) satisfa¸ca

˙v(x(t)) < z(t)′w(t) + w(t)′z(t) (2.21)

De fato, integrando ambos os lados obtemos

Z ∞

0

z(t)′w(t)dt > 1

2(v(x(∞)) − v(x(0)))

> 0 (2.22)

pois v(x(0)) = v(0) = 0 e v(x(∞)) > 0 pois v(x) = x′P x > 0 para todo x 6= 0 e v(x) = 0

para x = 0. Assim sendo, calculando a derivada em rela¸c˜ao a uma trajet´oria gen´erica do sistema (2.1)-(2.2) as seguintes manipula¸c˜oes alg´ebricas

˙v(x) − z′w − w′z = ˙x′P x + x′P ˙x − zw − w′z = " x w #′" A′P + P A P H − E′ H′P − E −G− G # " x w # (2.23)

asseguram que se P > 0 e a LMI "

A′P + P A P H − E

H′P − E −G− G

#

< 0 (2.24)

forem verificadas ent˜ao o sistema linear invariante no tempo ´e estritamente passivo. Uma con-di¸c˜ao especial ocorre quando G = 0. Neste caso h´a um elemento nulo na diagonal principal, e desta forma, a LMI (2.24) admite solu¸c˜ao apenas se o sinal de menor for substitu´ıdo pelo sinal de menor ou igual. Para este caso particular a condi¸c˜ao torna-se

A′P + P A < 0, P H = E′ (2.25)

que, se atendida, o sistema em quest˜ao ´e dito passivo.

Vamos agora estudar o que ocorre com a fun¸c˜ao de transferˆencia de um sistema passivo. Antes por´em, ´e importante definir positividade real de um sistema com fun¸c˜ao de transferˆencia Hwz(s).

Defini¸c˜ao 2.4 (Positividade Real) A fun¸c˜ao de vari´avel complexa Hwz(s) : Cnw → Cnw ´e

positiva real se

(24)

2.5. Sistema do Tipo Lur’e

Para sistemas com uma entrada e uma sa´ıda3 esta condi¸c˜ao ´e equivalente a Re(H

wz(jω)) ≥ 0.

Em outras palavras, a resposta em frequˆencia Hwz(jω) de uma fun¸c˜ao positiva real se situa no

semiplano direito do plano complexo. Se a desigualdade (2.26) for estrita ent˜ao a fun¸c˜ao de vari´avel complexa ´e denominada estritamente positiva real.

Assumindo que o sistema ´e assintoticamente est´avel e aplicando a vers˜ao mais geral do Teo-rema de Parseval, obtemos

Z ∞ 0 z(t)′w(t) + w(t)′z(t)dt = 1 2π Z ∞ −∞ ˆ z(−jω)′w(jω) + ˆˆ w(−jω)′z(jω)dωˆ = 1 2π Z ∞ −∞ ˆ w(−jω)′ Hwz(−jω)′+ Hwz(jω) ˆw(jω)dω

Como a entrada w(t) ´e arbitr´aria, essa igualdade indica que passividade e positividade real s˜ao conceitos idˆenticos e que podem ser verificadas atrav´es da existˆencia de uma solu¸c˜ao P > 0 satisfazendo (2.24) ou (2.25). Na se¸c˜ao seguinte, apresentamos brevemente os sistemas do tipo Lur’e e como estes conceitos s˜ao utilizados para o estudo da sua estabilidade em ambos os dom´ınios.

2.5

Sistema do Tipo Lur’e

Sistemas do tipo Lur’e s˜ao sistemas n˜ao-lineares descritos pela seguinte equa¸c˜ao no espa¸co de estado

˙x(t) = Ax(t) + Bq(t), x(0) = 0 (2.27)

p(t) = Cx(t) + Dq(t) (2.28)

q(t) = −φ(p(t)) (2.29)

sendo φ(0) = 0. Os livros (Vidyasagar, 2002) e (Khalil, 2002) apresentam um estudo detalhado sobre estes sistemas e suas condi¸c˜oes de estabilidade. Eles s˜ao caracterizados por apresentar em sua estrutura um sistema linear S = (A, B, C, D) com uma realimenta¸c˜ao n˜ao-linear φ(p). A Figura 2.1 apresenta um esquema deste sistema.

Note que, a entrada q(t) ∈ Rnq e a sa´ıda p(t) ∈ Rnq possuem a mesma dimens˜ao e s˜ao, na

verdade, vari´aveis internas que expressam a dependˆencia entre o sistema e a n˜ao-linearidade φ(·). Al´em disso, vamos assumir que para x ∈ Rnx dado, a equa¸c˜ao n˜ao-linear p + Dφ(p) = Cx admite

uma ´unica solu¸c˜ao.

3

(25)

2.5. Sistema do Tipo Lur’e

S

−φ(·)

q p

Figura 2.1: Esquema de um sistema do tipo Lur’e

Nosso objetivo ´e estudar a estabilidade assint´otica global do ponto de equil´ıbrio x = 0 para qualquer n˜ao-linearidade pertencente a um setor, ou seja, tratar do problema conhecido como “problema de estabilidade absoluta”. Note que, se a n˜ao-linearidade φ(pi) = [φ1(pi) · · · φnq(pi)]

possuir todas as componentes pertencentes aos primeiro e terceiro quadrantes satisfazendo a condi¸c˜ao piφi(pi) ≥ 0 para todo pi ∈ R e i ∈ {1, · · · , nq} ent˜ao a fun¸c˜ao φ(·) satisfaz

p′φ(p) ≥ 0 (2.30)

e o sistema do tipo Lur’e ´e assintoticamente est´avel sempre que a fun¸c˜ao de transferˆencia da sua parte linear Hqp(s) = C(sI − A)−1B + D for positiva real. De fato, a positividade real de Hqp(s)

implica que a condi¸c˜ao (2.24) ´e satisfeita com v(x) = x′P x e P > 0. Assim, procedendo de forma

equivalente `a equa¸c˜ao (2.23) junto com a desigualdade (2.24), temos ˙v(x) < 2p′q

< −2p′φ(p)

< 0, ∀x 6= 0 ∈ Rnx (2.31)

Embora a estabilidade seja garantida, a condi¸c˜ao (2.24) ´e muito conservadora. Assim, ao inv´es de considerar todo o primeiro e terceiro quadrantes, podemos obter condi¸c˜oes menos con-servadoras reduzindo o tamanho do setor, como por exemplo, restringindo a n˜ao-linearidade φ(·) : Rnq × Rnq ao setor [0, κ] para algum κ > 0 como apresentado na Figura 2.2.

(26)

2.6. Considera¸

oes do Cap´ıtulo

p κp φ(p)

Figura 2.2: Fun¸c˜ao n˜ao-linear no setor [0, κ]

e existem dois crit´erios de estabilidade bastante conhecidos, a saber, o crit´erio do c´ırculo e o crit´erio de Popov que fornecem condi¸c˜oes suficientes no dom´ınio da frequˆencia para a estabilidade absoluta. Al´em disso, para sistemas com uma entrada e uma sa´ıda, ambos os crit´erios podem ser aplicados graficamente. Estes crit´erios ser˜ao apresentados nos cap´ıtulos que seguem e ser˜ao generalizados para tratar sistemas com comuta¸c˜ao. Nosso interesse principal ´e obter um m´etodo de estabilidade baseado na resposta em frequˆencia de uma certa fun¸c˜ao de transferˆencia a ser determinada. Al´em disso, vamos considerar a inclus˜ao de um crit´erio de desempenho H2 e

analisar o seu efeito na condi¸c˜ao obtida.

2.6

Considera¸c˜

oes do Cap´ıtulo

Neste cap´ıtulo foram apresentados alguns conceitos cl´assicos importantes para este trabalho. Como destaque apontamos a determina¸c˜ao da norma H2 para sistemas lineares invariantes no

tempo e o estudo da estabilidade de sistemas do tipo Lur’e, temas que ser˜ao continuamente discutidos nesta disserta¸c˜ao.

(27)

CAP´ITULO

3

Sistemas Lineares com Comuta¸c˜

ao

Este cap´ıtulo ´e dedicado ao estudo de estabilidade de sistemas lineares com comuta¸c˜ao. No presente contexto, a fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao ´e uma vari´avel de controle que deve ser determinada de forma a assegurar estabilidade para o sistema global. Como ficar´a claro em seguida, estes objetivos s˜ao alcan¸cados atrav´es da solu¸c˜ao de um conjunto de desigualdades de Lyapunov-Metzler definidas em (Geromel & Colaneri, 2006). O resultado mais importante deste cap´ıtulo ´e apresentar condi¸c˜oes de existˆencia para estas desigualdades que permitam a generaliza¸c˜ao dos crit´erios do c´ırculo e de Popov, de forma a encontrar um crit´erio de estabilidade baseado no dom´ınio da frequˆencia para sistemas com comuta¸c˜ao, que n˜ao possuem representa¸c˜ao frequencial. Os resultados aqui apresentados est˜ao dispon´ıveis em (Geromel & Deaecto, 2014), mas ser˜ao estudados em detalhes pois s˜ao conceitos fundamentais para a obten¸c˜ao dos resultados principais desta disserta¸c˜ao.

3.1

Sistema com Comuta¸c˜

ao

Esta se¸c˜ao apresenta uma breve introdu¸c˜ao sobre sistemas com comuta¸c˜ao a tempo cont´ınuo. Estes sistemas s˜ao caracterizados por apresentar intera¸c˜ao entre dinˆamicas cont´ınuas e discretas e s˜ao compostos por v´arios subsistemas e uma regra de comuta¸c˜ao, tamb´em chamada fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao, que seleciona a cada instante de tempo um deles. O seu modelo mais simples ´e dado por

˙x(t) = Aσx(t), x(0) = x0 (3.1)

definido para todo t ≥ 0 onde x(t) ∈ Rnx ´e o estado e σ(t) ´e a fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao que seleciona

a cada instante de tempo um dos N subsistemas dispon´ıveis Aσ ∈ {A1, · · · , AN}. Como ilustrado

(28)

3.1. Sistema com Comuta¸

ao

σ(t) i∈ K i∈ K σ(x) x σ-controle σ-perturba¸c˜ao ˙x(t) = Aσx(t) ˙x(t) = Aσx(t)

Figura 3.1: Sistemas com comuta¸c˜ao

• σ-perturba¸c˜ao: A fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao σ(t) ´e arbitr´aria atuando como uma perturba¸c˜ao. Geralmente, o objetivo de controle consiste em impor um tempo de permanˆencia m´ınimo T > 0 dentro do qual n˜ao pode ocorrer comuta¸c˜ao.

• σ-controle: A fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao σ(t) = u(x) : Rnx → K = {1, · · · , N} ´e uma vari´avel de

controle, dependente do estado, e deve ser determinada de forma a assegurar estabilidade para o sistema em malha fechada.

Nosso objetivo ´e tratar o segundo caso e obter condi¸c˜oes de estabilidade baseadas na fun¸c˜ao de Lyapunov do tipo m´ınimo

v(x) = min

i∈K x ′P

ix (3.2)

A fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao associada ´e dada por

σ(t) = u(x(t)) = arg min

i∈K x(t) ′P

ix(t) (3.3)

sendo Pi > 0, ∀i ∈ K, matrizes a serem determinadas. Antes de apresentar as condi¸c˜oes

de estabilidade vamos definir uma subclasse importante de matrizes de Metzler Π = {πji} ∈

RN ×N que possuem elementos n˜ao negativos fora da diagonal principal e que atendem a seguinte propriedade

X

j∈K

(29)

3.1. Sistema com Comuta¸

ao

Note que os elementos da diagonal principal satisfazem πii = −Pj6=i∈Kπji ≤ 0, ∀i ∈ K.

Como veremos em seguida, este fato permite que o sistema com comuta¸c˜ao seja est´avel, mesmo que todos os subsistemas sejam inst´aveis. Ademais, devido ao fato que e′Π = 0 com

e′ = [1 1 · · · 1] ∈ RN a matriz Π possui um autovalor nulo e este autovalor ´e aquele com a

maior parte real. Al´em disso, de acordo com o Teorema de Frobenius-Perron o autovetor υ ∈ RN

associado ao autovalor nulo de Π ´e n˜ao negativo. Logo, a normaliza¸c˜ao usual P

i∈Kυi = 1

faz com que υ ∈ Λ. Para ν ∈ Λ arbitr´ario a matriz Π = −I + νe′ ´e uma matriz da classe de

Metzler M e ser´a de grande importˆancia para a obten¸c˜ao dos resultados principais deste cap´ıtulo. O lema seguinte est´a dispon´ıvel em (Geromel & Colaneri, 2006) e apresenta condi¸c˜oes para a determina¸c˜ao de uma regra de comuta¸c˜ao estabilizante.

Lema 3.1 Assuma que existam matrizes sim´etricas Pi > 0 e uma matriz de Metzler Π ∈ M

satisfazendo as desigualdades de Lyapunov-Metzler A′iPi+ PiAi+

X

j∈K

πjiPj < 0, i ∈ K (3.5)

Utilizando a fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao (3.3), o sistema (3.1) ´e globalmente assintoticamente est´avel. Prova:A prova est´a dispon´ıvel em (Geromel & Colaneri, 2006), mas ser´a repetida em linhas gerais. Considere que em um instante arbitr´ario temos σ(t) = i ∈ K. Levando em conta que a fun¸c˜ao v(x) n˜ao ´e diferenci´avel para todo x ∈ Rnx, aplicamos a derivada de Dini, veja

(Garg, 1998), `a direita na fun¸c˜ao de Lyapunov (3.2), em rela¸c˜ao a uma trajet´oria arbitr´aria do sistema (3.1), que junto com o Teorema de Danskin fornece

D+v(x(t)) = lim h→0+ v(x(t) + hAix(t)) − v(x(t)) h = min ℓ∈I(x(t))x(t) ′(A′ iPℓ+ PℓAi)x(t) ≤ x(t)′(A′iPi+ PiAi)x(t) < −x(t)′ X j∈K πjiPj ! x(t) < 0 (3.6) sendo I(x) = {i ∈ K : v(x) = x′P

ix}. A segunda desigualdade vem de (3.5) e a terceira ´e

obtida do fato que x(t)′P

(30)

3.2. Desigualdades de Lyapunov-Metzler

πji ≥ 0, j 6= i, e somada para todo j 6= i, j ∈ K, fornece

X j6=i∈K πjix′Pjx ≥ X j6=i∈K πjix′Pix ≥ −πiix′Pix (3.7) indicando que x(t)′ X j∈K πjiPj ! x(t) ≥ 0 (3.8)

e, portanto, D+v(x(t)) < 0, o que prova que a origem do sistema (3.1) ´e globalmente

assintoti-camente est´avel. 

Este resultado assegura a estabilidade do sistema mesmo que todos os subsistemas sejam inst´aveis. De fato, reescrevendo a condi¸c˜ao (3.5) como

 Ai+ πii 2 I ′ Pi+ Pi  Ai+ πii 2 I  + X j6=i∈K πjiPj < 0, i ∈ K (3.9)

conclu´ımos que uma condi¸c˜ao necess´aria para a factibilidade ´e que (Aii+ (πii/2)I) seja Hurwitz,

pois P

j6=i∈KπjiPj ≥ 0. Consequentemente, como πii ≤ 0 ∀i ∈ K, nenhuma propriedade de

estabilidade ´e exigida das matrizes Ai, ∀i ∈ K. Infelizmente, estas desigualdades s˜ao n˜ao convexas

devido ao produto das vari´aveis matriciais {Π, Pi} e, portanto, dif´ıceis de resolver. Entretanto,

para um n´umero pequeno de subsistemas, ´e poss´ıvel realizar uma busca com rela¸c˜ao aos elementos da matriz Π que, uma vez conhecida, torna a condi¸c˜ao (3.5) uma LMI sendo de f´acil solu¸c˜ao. Uma outra maneira de resolvˆe-la, discutida em (Geromel & Colaneri, 2006), ´e restringir as matrizes de Metzler a uma subclasse com os mesmos elementos na diagonal principal. Neste caso, as condi¸c˜oes s˜ao mais conservadoras, mas podem ser resolvidas facilmente atrav´es de uma busca unidimensional e a solu¸c˜ao de LMIs. Estas desigualdades s˜ao conhecidas e j´a foram generalizadas para levar em conta projeto de filtros e de reguladores via realimenta¸c˜ao de estado e de sa´ıda, veja (Geromel & Deaecto, 2009), (Deaecto et al., 2010) e (Deaecto et al., 2011) como alguns exemplos.

3.2

Desigualdades de Lyapunov-Metzler

Esta se¸c˜ao ´e dedicada `a obten¸c˜ao de condi¸c˜oes de existˆencia para as desigualdades de Lyapunov-Metzler. O pr´oximo lema baseia-se nestas desigualdades e apresenta uma nova e alternativa

(31)

3.2. Desigualdades de Lyapunov-Metzler

condi¸c˜ao de estabilidade.

Lema 3.2 Suponha que existam uma matriz P > 0, matrizes sim´etricas Wi para todo i ∈ K, e

uma matriz de Metzler Π ∈ M satisfazendo as desigualdades A′

iP + P Ai+

X

j∈K

πjiWj < 0, i ∈ K (3.10)

Utilizando a fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao σ(t) = u(x(t)) com u(x) = arg min

i∈K x ′W

ix (3.11)

o sistema (3.1) ´e globalmente assintoticamente est´avel. Ademais, a fun¸c˜ao v(x) = x′P x ´e uma

fun¸c˜ao de Lyapunov para o sistema em considera¸c˜ao.

Prova: A prova segue do Lema 3.1 adotando a matriz de Metzler Π(µ) = µΠ ∈ M com Π ∈ M e µ ≥ 0. Procuramos por uma solu¸c˜ao fact´ıvel de (3.5) com a estrutura Pi = P + µ−1Wi, sendo

P > 0 e Wi sim´etrica para todo i ∈ K. Desta forma (3.5) torna-se

A′i(P + µ−1Wi) + (P + µ−1Wi)Ai+ N

X

j=1

µπji(P + µ−1Wj) < 0 (3.12)

Fazendo µ → ∞ temos que Pi → P e Pj∈Kπji(µ)Pj = Pj∈KπjiWj, i ∈ K, o que implica que

(3.5) se reduz a (3.10) quando µ tende ao infinito. Ademais, utilizando a mesma escolha de vari´aveis e para µ → ∞ temos

u(x) = arg min

i∈K x ′P ix = arg min i∈K x ′W ix (3.13)

concluindo, assim, a prova. 

Vale ressaltar que a desassocia¸c˜ao da fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao σ(t) = u(x(t)) com a fun¸c˜ao de Lyapunov v(x) ´e uma caracter´ıstica importante do Lema 3.2 que n˜ao est´a presente no Lema 3.1. Nosso objetivo neste momento ´e obter condi¸c˜oes equivalentes expressas em termos de um ´unico subsistema. O teorema a seguir, dispon´ıvel em (Geromel & Deaecto, 2014), ´e essencial para esta finalidade.

Teorema 3.1 Considere que as matrizes sim´etricas Qi ∈ Rnx×nx para todo i ∈ K s˜ao dadas. As

(32)

3.2. Desigualdades de Lyapunov-Metzler

a) Existem matrizes Wi > 0, i ∈ K, e uma matriz de Metzler Π ∈ M satisfazendo

Qi+

X

j∈K

πjiWj < 0, i ∈ K (3.14)

b) Existem matrizes Ri, i ∈ K, e ν ∈ Λ satisfazendo Rν = 0 e

Qi+ Ri < 0, i ∈ K (3.15)

Prova: Supondo que a afirma¸c˜ao a) ´e verdadeira, fazendo Ri =P

j∈KπjiWj para todo i ∈ K ´e

evidente que a desigualdade (3.15) ´e verificada. Ademais, escolhendo ν ∈ Λ como o autovetor as-sociado ao autovalor nulo de Π ∈ M temosP

i∈Kπjiνi = 0 para cada j ∈ K. Consequentemente,

temos Rν = X i∈K νi X j∈K πjiWj = X j∈K X i∈K πjiνi ! Wj = 0 (3.16)

e, portanto, a afirma¸c˜ao b) ´e verdadeira. Por outro lado, assumindo que a afirma¸c˜ao b) ´e verda-deira e adotando Π = −I + νe′ ∈ M com e= [1 · · · 1] ∈ RN obtemos

X j∈K πjiWj = X j∈K νjWj− Wi, i ∈ K (3.17)

Logo, precisamos encontrar Wi tal que Pj∈KνjWj − Wi = Ri para cada i ∈ K. Uma poss´ıvel

solu¸c˜ao ´e

Wi = WN + (RN − Ri), i ∈ K (3.18)

De fato, considerando que Rν = 0, obtemos

X j∈K νjWj− Wi = − X j∈K νjRj+ Ri = Ri

para cada i ∈ K. Finalmente, fazendo WN > 0 grande o suficiente, a determina¸c˜ao de Wi em

(3.18) fornece Wi > 0 para todo i ∈ K, e a prova est´a conclu´ıda. 

Ambas as desigualdades s˜ao n˜ao-convexas. Entretanto, a desigualdade (3.15) parece ser mais simples de resolver, visto que, para ν ∈ Λ dado, elas tornam-se LMIs. Utilizando este resultado,

(33)

3.2. Desigualdades de Lyapunov-Metzler

o pr´oximo lema apresenta condi¸c˜oes equivalentes ao Lema 3.2.

Lema 3.3 Suponha que existam uma matriz P > 0, matrizes sim´etricas Ri e ν ∈ Λ satisfazendo

Rν = 0 e as LMIs

A′iP + P Ai+ Ri < 0, i ∈ K (3.19)

Utilizando a fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao σ(t) = u(x(t)) com u(x) = arg max

i∈K x ′R

ix (3.20)

o sistema (3.1) ´e globalmente assintoticamente est´avel.

Prova: A prova segue diretamente do resultado do Teorema 3.1 e a regra de comuta¸c˜ao vem da

aplica¸c˜ao da solu¸c˜ao (3.18) em (3.13). 

Este lema nos permite obter condi¸c˜oes de estabilidade expressas em termos de um ´unico subsistema como apresentado no teorema seguinte.

Teorema 3.2 As condi¸c˜oes de estabilidade apresentadas nos Lemas 3.2 e 3.3 s˜ao fact´ıveis se e somente se existir ν ∈ Λ tal que Aν seja Hurwitz.

Prova: Como as condi¸c˜oes dos Lemas 3.2 e 3.3 s˜ao equivalentes, podemos provar o teorema para apenas uma das condi¸c˜oes. Logo, considere que a desigualdade (3.19) ´e verificada para uma matriz P > 0 e Rν = 0. Logo, multiplicando cada desigualdade de (3.19) por νi ≥ 0 e somando

para todo i ∈ K, obtemos A′

νP + P Aν < 0 o que implica que a matriz Aν ´e Hurwitz. Para provar

a necessidade, suponha que a matriz Aν ´e Hurwitz. Assim, existe P > 0 e uma matriz arbitr´aria

S > 0 satisfazendo A′

νP + P Aν = −S. Esta igualdade pode ser reescrita como Rν = 0 com

−Ri = A′iP + P Ai+ S, onde eliminando S > 0 torna-se A′iP + P Ai+ Ri < 0 para cada i ∈ K,

concluindo, assim, a prova. 

Dado que os Lemas 3.2 e 3.3 s˜ao casos particulares do Lema 3.1, a existˆencia de ν ∈ Λ tal que Aν seja Hurwitz ´e uma condi¸c˜ao apenas suficiente para a factibilidade das condi¸c˜oes de

Lyapunov-Metzler. Como veremos no pr´oximo cap´ıtulo, o resultado do Teorema 3.2 ´e essencial, para a obten¸c˜ao de um crit´erio de estabilidade para sistemas com comuta¸c˜ao do tipo Lur’e, baseado na resposta em frequˆencia de uma certa combina¸c˜ao convexa das matrizes em espa¸co de estado dos subsistemas. O exemplo a seguir compara as condi¸c˜oes apresentadas no Lema 3.1 e no Teorema 3.2.

(34)

3.2. Desigualdades de Lyapunov-Metzler

0.5 1 1.5 2 −2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 α β

Figura 3.2: Regi˜ao de factibilidade - Exemplo 3.1

Exemplo 3.1 Considere o sistema linear com comuta¸c˜ao (3.1), extra´ıdo de (Hu et al., 2008) e definido pelas matrizes

A1 =    −3 −6 3 2 2 −3 α 0 −2   , A2 =    1 3 3 β −3 −3 0 0 −2    (3.21)

Variamos os parˆametros α e β nos intervalos [0.5, 2] e [−2, 1], respectivamente, e analisamos a factibilidade das desigualdades de Lyapunov-Metzler apresentadas no Lema 3.1 para

Π = " −p q p −q # (3.22)

com (p, q) pertencentes `a caixa [0, 20] × [0, 20]. Na Figura 3.2, a regi˜ao predominante em cinza claro apresenta pontos (α, β) para os quais existe uma combina¸c˜ao convexa est´avel das matrizes dos subsistemas. Portanto, de acordo com o Teorema 3.2 as condi¸c˜oes dos Lemas 3.2 e 3.3 s˜ao satisfeitas e, consequentemente, as desigualdades de Lyapunov-Metzler s˜ao v´alidas. A regi˜ao mais escura indica pontos para os quais as desigualdades de Lyapunov-Metzler s˜ao fact´ıveis, mas n˜ao existe uma combina¸c˜ao convexa est´avel das matrizes dos subsistemas. Em particular, para o ponto (α, β) = (1.0, −0.9) em destaque, temos que as matrizes

(35)

3.3. Considera¸

oes do Cap´ıtulo

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 t x (t ) 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 1 2 t σ (t )

Figura 3.3: Trajet´oria dos estados e fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao - Exemplo 3.1

P1 =    3.6048 8.0420 −6.7034 8.0420 34.4956 −33.0632 −6.7034 −33.0632 34.3784   , P2 =    4.6089 4.6781 −0.4977 4.6781 11.6580 −12.0200 −0.4977 −12.0200 22.7412    (3.23)

satisfazem as desigualdades de Lyapunov-Metzler para Π com (p, q) = (1.86, 1.79) e s˜ao impor-tantes para a implementa¸c˜ao da fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao (3.3). A Figura 3.3 apresenta as trajet´orias do estado, partindo de x0 = [3 0 0]′, e a fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao obtida. Podemos notar a

ocorrˆen-cia de modos deslizantes est´aveis, mesmo sem a existˆenocorrˆen-cia de combina¸c˜ao convexa est´avel das matrizes Ai, i ∈ {1, 2}. Este fato ser´a estudado com maiores detalhes em trabalhos futuros.

3.3

Considera¸c˜

oes do Cap´ıtulo

Neste cap´ıtulo fizemos uma breve introdu¸c˜ao sobre sistemas com comuta¸c˜ao e apresenta-mos condi¸c˜oes para o projeto de uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao estabilizante. Estas condi¸c˜oes s˜ao chamadas de desigualdades de Lyapunov-Metzler e s˜ao conhecidas da literatura, onde j´a foram generalizadas para tratar diversas aplica¸c˜oes, como o projeto de filtros e de controlares via reali-menta¸c˜ao de estado e de sa´ıda. No nosso contexto, apresentamos v´arios resultados preliminares relacionados `as condi¸c˜oes de existˆencia destas desigualdades, os quais nos permitir˜ao generali-zar o Crit´erio do C´ırculo e o Crit´erio de Popov para sistemas com comuta¸c˜ao, temas que ser˜ao abordados no pr´oximo cap´ıtulo.

(36)

CAP´ITULO

4

Sistemas com Comuta¸c˜

ao do Tipo Lur’e

Com base na teoria desenvolvida anteriormente, estamos em condi¸c˜oes de obter os principais resultados desta disserta¸c˜ao. Eles consistem em determinar crit´erios de estabilidade baseados no dom´ınio da frequˆencia, levando em conta a otimiza¸c˜ao de desempenho H2 de sistemas com

comu-ta¸c˜ao do tipo Lur’e. Este cap´ıtulo completa os resultados recentes de (Geromel & Deaecto, 2014) que trata exclusivamente de estabilidade, sendo que nossa principal contribui¸c˜ao, como obser-vado em (Suto & Deaecto, 2014) e (Deaecto & Suto, accepted), ´e introduzir o c´alculo do custo garantido H2 no crit´erio generalizado de Popov. Como passo inicial, generalizamos o crit´erio do

c´ırculo e fornecemos uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao estabilizante dependente do estado que assegura um desempenho H2 para o sistema em malha fechada. Infelizmente, utilizando a mesma fun¸c˜ao

de comuta¸c˜ao n˜ao ´e poss´ıvel generalizar o c´elebre crit´erio de Popov. O ponto chave para esta generaliza¸c˜ao ´e adotar uma nova fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao que depende n˜ao-somente do estado, mas tamb´em da entrada externa. Gra¸cas a esta fun¸c˜ao, ´e poss´ıvel obter um m´etodo gr´afico baseado na resposta em frequˆencia de uma certa fun¸c˜ao de transferˆencia obtida a partir da combina¸c˜ao convexa das matrizes em espa¸co de estado dos subsistemas.

4.1

Formula¸c˜

ao do Problema

Considere um sistema com comuta¸c˜ao do tipo Lur’e com a realiza¸c˜ao no espa¸co de estado

˙x = Aσx + Bσq + Hσw, x(0) = 0 (4.1)

p = Cσx + Dσq (4.2)

z = Eσx + Fσq (4.3)

(37)

4.1. Formula¸

ao do Problema

Neste sistema, o vetor x ∈ Rnx ´e o estado, q ∈ Rnq e w ∈ Rnw s˜ao as entradas e p ∈ Rnq e z ∈ Rnz

s˜ao as sa´ıdas. Supomos que w ∈ Rnw ´e uma entrada externa do tipo impulsiva w(t) = δ(t)e

k,

sendo ek a k-´esima coluna da matriz identidade de ordem nw× nw. A fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao σ(t)

seleciona a cada instante de tempo t ≥ 0 um dos subsistemas dentre aqueles pertencentes ao conjunto K = {1, . . . , N}.

´

E importante notar que os vetores de entrada q e de sa´ıda p possuem a mesma dimens˜ao e s˜ao, na verdade, vari´aveis internas que expressam a dependˆencia do sistema com a n˜ao-linearidade φ(·) : Rnq → Rnq pertencente ao setor [0, κ] para algum κ > 0. Mais especificamente, a

n˜ao-linearidade ´e da forma φ(ξ) = [φ1(ξ1) · · · φm(ξm)]′ onde cada componente satisfaz a condi¸c˜ao de

setor (φi(ξi) −κξi)φi(ξi) ≤ 0 para todo ξi ∈ R e i ∈ K. Consequentemente, qualquer fun¸c˜ao desta

classe ´e tal que (φ(ξ) − κξ)′φ(ξ) ≤ 0 para ξ ∈ Rnq. Ademais, como usualmente, admitimos que

para x ∈ Rnx dado, a equa¸c˜ao n˜ao-linear p + D

iφ(p) = Cix possui uma ´unica solu¸c˜ao para cada

i ∈ K. Note que esta hip´otese ´e v´alida sempre que Di = 0, ∀i ∈ K. Para facilitar a nota¸c˜ao,

assumimos que o conjunto de todas as n˜ao-linearidades que satisfazem estas restri¸c˜oes alg´ebricas ´e denotado por Φ. Note que para w = 0 e φ(0) = 0 ∈ Φ temos que x = 0 ´e o ponto de equil´ıbrio do sistema (4.1)-(4.4).

Nosso objetivo ´e determinar uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao dependente do estado σ(t) = u(x(t)) de tal forma a assegurar estabilidade assint´otica global da origem para todo φ ∈ Φ e um ´ındice de desempenho H2 definido como

J2(σ) = nw

X

k=1

kzkk22 (4.5)

sendo a sa´ıda controlada zk(t) correspondente `a entrada w(t) = δ(t)ek com o impulso aplicado

no k-´esimo canal. Podemos notar que para φ(·) = 0, ∀t ≥ 0 e σ(t) = i, ∀t ≥ 0 fixo, este ´ındice se iguala `a norma H2 ao quadrado do i-´esimo subsistema est´avel correspondente. Por ser

extremamente dif´ıcil de calcular, devido `a sua natureza n˜ao-linear e variante no tempo, vamos considerar um limitante superior adequado do mesmo.

Nas se¸c˜oes seguintes apresentamos crit´erios de estabilidade e desempenho H2 baseados no

dom´ınio da frequˆencia que nos permitem generalizar o crit´erio do c´ırculo e de Popov para sistemas com comuta¸c˜ao do tipo Lur’e. Mais especificamente, apresentamos condi¸c˜oes que asseguram a existˆencia de uma fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao estabilizante dependente do estado e, posteriormente, mostramos como construir uma nova fun¸c˜ao que depende simultaneamente do estado e da entrada externa viabilizando, assim, a generaliza¸c˜ao do crit´erio de Popov.

(38)

4.2. Crit´

erio do C´ırculo Generalizado

4.2

Crit´

erio do C´ırculo Generalizado

O teorema seguinte apresenta as condi¸c˜oes generalizadas para o crit´erio do c´ırculo baseadas na ado¸c˜ao de uma fun¸c˜ao de Lyapunov do tipo m´ınimo.

Teorema 4.1 Defina as matrizes Cκi = κCi e Dκi = I + κDi para todo i ∈ K. Se existirem

matrizes Pi > 0 e uma matriz de Metzler Π ∈ M satisfazendo as desigualdades matriciais

" A′ iPi+ PiAi+ Ei′Ei+ Ppi PiBi+ Ei′Fi− Cκi′ • F′ iFi− Dκi− Dκi′ # < 0 (4.6)

para todo i ∈ K com Ppi =Pj∈KπjiPj, ent˜ao utilizando a fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao σ(t) = u(x(t))

com

u(x) = arg min

i∈K x ′P

ix (4.7)

o sistema (4.1)-(4.4) ´e globalmente assintoticamente est´avel e satisfaz a desigualdade J2(σ) < min

i∈K Tr(H ′

iPiHi) (4.8)

Prova: Podemos notar que o sistema (4.1)-(4.4) pode ser reescrito, alternativamente, como

˙x = Aσx + Bσq, x(0) = Hσ(0)ek (4.9)

p = Cσx + Dσq (4.10)

z = Eσx + Fσq (4.11)

q = −φ(p) (4.12)

Para esta representa¸c˜ao adote a fun¸c˜ao de Lyapunov v(x) = mini∈Kx′Pix e considere que em um

instante de tempo arbitr´ario t ≥ 0 a fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao ´e σ(t) = i ∈ I(x) com I(x) := {i : v(x) = x′P

ix}. Ademais, a derivada de Dini satisfaz

D+v(x) = min ℓ∈I(x)2x ′P ℓ(Aix + Biq) ≤ 2x′Pi(Aix + Biq) < −X j∈K πjix′Pjx + 2(q + κp)′q − z′z < 2(φ(p) − κp)′φ(p) − z′z < −z′z (4.13)

(39)

4.2. Crit´

erio do C´ırculo Generalizado

onde a segunda desigualdade segue de (4.6) multiplicando `a esquerda por [x′ q] e `a direita pelo

seu transposto, a terceira desigualdade vem da validade de x′P

jx ≥ x′Pix pois i ∈ I(x) e j ∈ K

e a quarta ´e verificada pois φ(p) ∈ Φ. Para a obten¸c˜ao do custo garantido H2, basta integrar

(4.13) de ambos os lados de t = 0 a t → ∞ obtendo kzk2

2 < mini∈Kx′0Pix0 pois a estabilidade

assint´otica do sistema assegura v(x(∞)) → 0. Logo, para x0 = Hσ(0)ek temos nw X k=1 kzk22 < nw X k=1 min i∈K e ′ kHσ(0)′ PiHσ(0)ek < min i∈K nw X k=1 e′kHσ(0)′ PiHσ(0)ek < min i∈K Tr(H ′ σ(0)PiHσ(0)) (4.14)

em que podemos escolher σ(0) = i∗ que ´e o ´ındice i ∈ K para o qual o termo do lado direito de

(4.14) ´e m´ınimo. A prova est´a conclu´ıda. 

Vale ressaltar que devido ao produto de vari´aveis matriciais presentes no primeiro bloco diagonal, as condi¸c˜oes de (4.6) s˜ao n˜ao convexas. Entretanto, este termo ´e importante pois permite que as condi¸c˜oes sejam verificadas mesmo que todos os subsistemas sejam inst´aveis. Note que para algum κ > 0, estamos interessados em resolver o seguinte problema

min

i∈K {Piinf,Π}∈Ψ

Tr(Hi′PiHi) (4.15)

onde Ψ ´e o conjunto de todas as solu¸c˜oes fact´ıveis de (4.6). Nosso interesse ´e resolvˆe-lo para o m´aximo valor poss´ıvel de κ, o que pode ser obtido atrav´es de busca linear. Por outro lado, como podemos esperar, este valor est´a no limiar de factibilidade de (4.6) e, portanto, o custo H2 pode

ser muito elevado, o que indica que deve existir um compromisso entre ganho de desempenho e tamanho m´aximo do setor. Este fato ser´a ilustrado no exemplo dispon´ıvel no final deste cap´ıtulo. Utilizando os Lemas 3.2 e 3.3 apresentados no cap´ıtulo anterior a factibilidade de (4.6) ´e assegurada se Rν = 0 e as LMIs " A′ iP + P Ai+ Ei′Ei+ Ri P Bi+ Ei′Fi− Cκi′ • F′ iFi− Dκi− D′κi # < 0 (4.16)

forem verificadas para todo i ∈ K. Note que Ri est´a concentrada no primeiro bloco diagonal de

(4.16) fazendo com que apenas uma subclasse de sistemas do tipo Lur’e seja considerada quando deseja-se obter uma interpreta¸c˜ao frequencial dos resultados. O teorema a seguir apresenta este

(40)

4.2. Crit´

erio do C´ırculo Generalizado

fato.

Teorema 4.2 Assuma que (Bi, Hi, Ci, Di, Ei, Fi) = (B, H, C, D, E, F ) para todo i ∈ K. As

condi¸c˜oes do Teorema 4.1 s˜ao verificadas se existirem uma matriz P > 0 e um vetor ν ∈ Λ satisfazendo " A′ νP + P Aν+ E′E P B + E′F − Cκ′ • F′F − D κ− D′κ # < 0 (4.17)

O custo garantido H2 ´e J2(σ) < Tr(H′P H).

Prova: Aplicando o Complemento de Schur (veja o Apˆendice A) em (4.17) obtemos A

νP +P Aν+ E′E + Q = −S com S > 0, Q = (P B + EF − C′ κ) (−F′F + Dκ+ Dκ′) −1 (P B + E′F − C′ κ)′ e −F′F +D

κ+Dκ′ > 0. Esta condi¸c˜ao pode ser escrita como Rν = 0 e −Ri > A′iP +P Ai+E′E +Q

para todo i ∈ K. Logo, substituindo Q e realizando novamente o Complemento de Schur obtemos (4.16). Uma vez que o custo ´e o mesmo daquele associado `a (4.16), a prova est´a conclu´ıda. 

A importˆancia deste resultado se d´a pelo fato de que ele permite a interpreta¸c˜ao no dom´ınio da frequˆencia das condi¸c˜oes apresentadas no Teorema 4.1. De fato, note que podemos obter um sistema LIT1 cujo estudo permite concluir sobre a estabilidade e o desempenho H

2 do sistema

com comuta¸c˜ao (4.1)-(4.4). O sistema LIT em considera¸c˜ao ´e o seguinte

˙x = Aνx + Bq, x(0) = Hek (4.18)

p = Cx + Dq (4.19)

z = Ex + F q (4.20)

com matriz de transferˆencia dada por " ˆ p ˆ z # = " T (s, ν) U(s, ν) # ˆ q (4.21)

com T (s, ν) = C(sI − Aν)−1B + D e U(s, ν) = E(sI − Aν)−1B + F . Vale ressaltar que se

alguma das matrizes (B, H, C, D, E, F ) depender de ´ındice, o resultado do Teorema 4.2 deixa de ser v´alido. O teorema a seguir apresenta a condi¸c˜ao de existˆencia no dom´ınio da frequˆencia das desigualdades (4.17).

Teorema 4.3 As condi¸c˜oes do Teorema 4.2 s˜ao verificadas se e somente se existirem ν ∈ Λ e

1

(41)

4.2. Crit´

erio do C´ırculo Generalizado

κ > 0 satisfazendo

T (−jω, ν)′+ T (jω, ν) > −κ−1(2I − U(−jω, ν)′U(jω, ν)) (4.22) para qualquer ω ∈ R.

Prova: Note que podemos escrever (4.17), relacionado ao sistema Sκ = (Aν, B, [C

κE′]′, [D′κF′]′), como " A′νP+ P Aν P B • 0 # +    0 I Cκ Dκ E F    ′ M    0 I Cκ Dκ E F   <0 (4.23)

sendo o multiplicador M dado por

M =    0 −I 0 −I 0 0 0 0 I    (4.24)

Utilizando o Lema de Kalman-Yakubovich-Popov (KYP), veja (Rantzer, 1996) e (Willems, 1971) e o material dispon´ıvel no Apˆendice A, temos que (4.23) ´e verificada para algum P > 0 e algum ν ∈ Λ se e somente se a desigualdade " I Gκ(−jω, ν) #′ M " I Gκ(jω, ν) # <0 (4.25)

tamb´em for verificada para todo ω ∈ R, sendo Gκ(s, ν) a fun¸c˜ao de transferˆencia do sistema Sκ

Gκ(jω, ν) = " Cκ E # (sI − Aν)−1B+ " Dκ F # = " κT(jω, ν) + I U(jω, ν) # (4.26)

Considerando (4.26), fazendo as multiplica¸c˜oes indicadas em (4.25) e rearranjando os termos, obtemos

(4.21) e a prova est´a conclu´ıda. 

Sobre este teorema ´e importante fazer algumas observa¸c˜oes. A primeira ´e que impondo E = 0 e F = 0 temos U(s) = 0 e, consequentemente, a condi¸c˜ao (4.22) se reduz `a condi¸c˜ao cl´assica do crit´erio do c´ırculo

(42)

4.2. Crit´

erio do C´ırculo Generalizado

que, no caso escalar, torna-se Re(T (jω, ν)) > −κ−1 para todo ω ∈ R. A segunda ´e que, impondo

E = C e D = F temos que T (jω, ν) = U(jω, ν) e a condi¸c˜ao (4.22), para o caso escalar, torna-se

|T (jω, ν) − κ|2 < κ2+ 2 (4.28)

ou seja, T (jω, ν) deve se localizar no interior de um c´ırculo centrado em κ e de raio √κ2 + 2.

Quando κ → ∞ o raio torna-se aproximadamente κ e, portanto, como no caso do crit´erio do c´ırculo a fun¸c˜ao T (s, ν) tende a ser real positiva.

Na verdade, estamos interessados em determinar ν ∈ Λ que fornece o m´aximo setor. No caso escalar da condi¸c˜ao (4.22) podemos resolver o seguinte problema de otimiza¸c˜ao

max ν∈Λa,ω∈R κ (4.29) sujeito a L(jω, ν) > 0 com L(jω, ν) = Re(T (jω, ν)) + κ−1  1 −|U(jω, ν)| 2 2  (4.30) e Λa sendo o subconjunto de Λ composto por todo λ ∈ Λ tal que Aλ ´e Hurwitz. Este problema

n˜ao ´e f´acil de se resolver devido ao acoplamento entre as fun¸c˜oes de transferˆencia T (·) e U(·) atrav´es de κ. Uma maneira de eliminar o acoplamento deixando o problema mais simples, por´em mais conservador, ´e considerar a condi¸c˜ao

T (−jω, ν)′+ T (jω, ν) > −κ−1(2 − ρ) I (4.31)

no lugar de (4.22), sendo ρ = kU(s, ν)k2

∞, o qual se reduz a

Re(T (jω, ν)) > −κ−1(1 − ρ/2) (4.32)

Desta forma, o valor de ν ∈ Λ correspondente ao m´aximo setor ´e obtido resolvendo-se o seguinte problema de otimiza¸c˜ao

max

ν∈Λa

min

ω≥0Re (T (jω, ν)) (4.33)

Ap´os determinar o valor de ν ∈ Λae κ > 0, as demais vari´aveis importantes para implementa¸c˜ao

da fun¸c˜ao de comuta¸c˜ao do tipo m´aximo

σ(t) = u(x(t)) = max

i∈K x(t) ′R

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