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Sincretismo

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Academic year: 2021

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Sincretismo

André Droogers

T e n h o a honra de se r o prim eiro d o ce n te qu e o c u p a a cadeira de c iê n c ia s re lig iosas nesta faculdade. A palestra inaugural o fe rece uma b o a o c a s iã o para falar da re laçã o entre a teologia e as c iê n c ia s religiosas, um a ssu n to fundam ental que m erece ser tratado no in ício da e xistên cia d a cadeira. P o d e m o s fa ze r isso falan do de sincretism o.

Talvez não seja co rtê s dizê-lo agora, m as a história da p re se n ça das c iê n c ia s re lig io sas nas fa c u ld a d e s de teologia foi a história da luta pela e m a n c ip a ç ã o desta m atéria (1). Ela teve que se libertar da in flu ê n cia d a teologia. P a ra não repetir a história talvez seja um a boa idéia e xplicar, por m eio de um estu do do co n c e ito s in c re tism o ’, em q u e o hóspede, as c iê n c ia s religiosas, difere do don o da casa, a teologia. A s c iê n c ia s re lig io sa s gostam de ser co n vidada s nas fa cu ld a d e s de teologia, m as fazem qu estão de não perder a su a identidade no e n co n tro com a teologia.

Q uai seria então a d ife re n ça entre as c iê n c ia s re lig iosas e a teologia? A s c iê n c ia s re lig iosas estudam a religião co m o fenôm eno gerai e estudam religiões co n cre ta s, co m p a ran d o as su as histórias e o s seus fenóm enos. Para elas o cristian ism o é um a das religiões estudadas. Os valores e as dou trinas do cristian ism o não sã o mais im portantes do que os das outras religiões. Nas su as pesquisas, as c iê n cia s re ligiosas aceitam so m ente critérios de m etodologia cie n tífi­ ca. Na m edida do possível, as c iê n c ia s re lig iosas tentam respeitar as regras da objetividade, m as estã o co n s c ie n te s do fato de que a objetividade ab solu ta não existe. De m odo geral as c iê n c ia s re ligio­ sas evitam p ro n u n cia r-se so b re a verdade das religiões. A s c iê n c ia s re ligiosas em si não sã o religiosas, e por isso seria m elhor falar-se em c iê n c ia s da religião ou das religiões.

( l ) W a lte r H o lsten , c ita d o p o r C a rl-M a rtin E rd sm an , T h e o lo g ie od er R elig io n sw issen sc h aft? ’, m G u n te r L an c z k o w sk i (ed ), S d b s tv e rs tÄ n d n is u n d W esen d e r R elig io n sw issen sc h aft (D arm s- Lad'. 1974j. pag. 320-359 (re fe rê n c ia s pág. 336)

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Tudo isto nào quer d izer qu e o cientista da religião nâo tenha religião. E le pode ser adepto de uma religião, e ce rto s autores dizem até qu e ele teria que o ser para poder e n tend er uma reiigião. qu alquer que seja. M as ele tem que fazer o seu trabalho sem qu e as o p in iõ es da su a religião influenciem as su as pesquisas. Ele evita uma av a liaçã o c rítica das d o u trin as e práticas da religião estu dada

Por isso. e n q u an to a teologia cristã fala d c co n h ecim en to do D eus que se revelou na história de Israel e e sp ecialm en te na vida de Je su s Cristo, ou seja, fala dentro do qu adro de uma única religião as c iê n c ia s da re ligião estudam todas as religiões, sem ter uma op in ião so b re a verd ad e de uma determ in ada religião. Não é o co n h ecim en to de Deus q u e é o alvo das c iê n c ia s da religião, m as sim o co n h e cim e n to qu e os homens, de qu alq uer religião, têm de Deus, de deuses, de esp írito s e tc (2).

S u rge então talvez a pergunta: Se as c iê n c ia s da religião fazem questão da sua in d e p e n d ê n cia e não querem respeitar as regras da casa, o que é qu e elas e stã o fa ze n d o num a fa cu ld ad e de teo lo gia? Para e n co n tra r uma resposta a esta pergunta, um estudo do co n ce ito sin cre tism o ' tam bém pode ajudar. Desta m aneira esp ero m ostrar co m o as c iê n c ia s da religião podem o fe re ce r à teologia os re cu rso s para um m elhor c o n h e cim e n to de outras re ligiõe s e da reiigião em geral. Este co n h e cim e n to é in disp en sável para várias m atérias da teologia. No A ntigo e N ovo Testam ento e na H istória da Igreja outras religiões freqüentem ente desem penham um papel im portante. Uma pergunta qu e in teressa à T eo log ia Sistem áti­ ca é a co n ce rn e n te a um a teo lo gia das religiões. A M issiolo g ia e a T eologia P rá tica precisam de co n h ecim en to so b re as religiões que atuam fora e dentro da igreja.

Esta palestra sobre sin cre tism o serve, portanto, para duas finalidades. Em prim eiro lugar ela nos dá a o c a s iã o de entender a re la çã o das c iê n c ia s da religião com a teologia. Num se g u nd o passo ela pretende co n trib u ir para o c o n h e cim e n to de um fenôm eno religioso que faz parte da realid ad e re lig iosa brasileira e que, se g u n d o ce rto s autores (3), é a ca ra c te rístic a prin cipal desta

(2) T h P. v an B a a rtn , M en sc h en w ie w ir, R eligion und K u lt d e r seh riftkisen V ölker (G ü te rslo h 1 9 K ). pág. 147

(3) R oger B astide. 'T h e P re s e n t S ta tu s of A fro -A m erican R ese arch m L atin A m erik a', in: D a ed a lu s 103, no. 2 (1974). pág. 111-123 (re fe rê n c ia pág. 111): H a n n c-A ib ert S teg er. ‘R ev o lu tio n äre H in te rg rü n d e des k re o lisc h e n S y n k retism u s, S o ziale A sp e k te d e r g e h e im e n R elig io n su m w ä l­ z u n g im k o lo n ia le n (u n d n a c h -k o lo n ia le n ) A fro -A m e n k a ', in: Internationales Jahrbuch fü r

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realidade. M as o sin cre tism o nã o é o privilégio do Brasil, p o is existiu em outros lu gares e em outras é p o c a s (4).

Eu me p ro p on h o apresentar, nesta palestra, em prim eiro lugar os vários sig n ific a d o s da palavra 'sin cretism o ', num se g un d o parágrafo quero avaliar esta variedade, para apresentar, em se g u i­ da, uma abordagem que m e p a re ce ser m ais frutífera. Na c o n c lu s ã o volto a certas perguntas feitas nesta in trodução.

I. O QL E É SIN CRETISM O ?

T alvez a m elhor m aneira de entender a variedade e sto ntean ­ te dos sig n ifica d o s e das d e fin iç õ e s de sin cre tism o seja a de dar alguns exem plos co n cre to s.

Há dois mil a n o s P lu ta rco usou a palavra pela prim eira vez. Para ele. sin cre tism o significava: agir co m o o s cretenses, os habitantes d e Creta, q u e tinham a re pu taçã o de brigar muito entre si. m as de unir-se q u an do tinham de e nfrentar um inim igo com um (5).

O m esm o sig n ifica d o d e c o n c ilia r p o s iç õ e s o p o sta s su rge de novo dep ois da Reform a. Nesta é p o c a os sin cre tista s sã o pe sso as que tentam re co n cilia r teó lo go s qu e assum em p o s içõ e s contrárias. M as a palavra obtém um se n tido pejorativo: ser ch am ado de sin cretista não é um elogio. O s sin cre tista s sã o a c u sa d o s de querer diluir as o pin iõ es te o ló g ica s (6).

No âm bito d a s reiigiões, a palavra sin cretism o. de vez em quando, tem o m esm o som negativo, Todo caso, em qu e a pureza de uma religião é am eaçad a por idéias e práticas que têm a sua origem numa outra reiigiâo. é co n sid e ra d o c a s o sin cretista. N este sentido o culto ae Baal no Israe! do A n tigo Testam ento é sincretista. Mas podem os pensar tam bém em e xem plo s brasileiros, co m o a in trod u­ çã o de divin dades da A frica O cidental, os orixás, no ca to licism o brasileiro, ou. talvez melhor, à in trod u çã o de san to s na religião africana dos escravos. Ou a atividade de c u ra n d e iro s nas c o m u n id a ­ des e van g élicas luteranas (7). M ais um exem plo: Eu me lem bro de

R ai m un do Cintra. ‘E n c o n tro s e desen con tros das religiões', in: V o z e s 7 1 .n o . 7(1977), pág. 5-22

' 5 J 5 - 5 4 2 ) J H . K a m s t r a . S y n k r e t l s m e , O p d e g r e n s t u s s e n t h e o l o g i e en god sd ien tsifen o m en o lo g ie (Leiden 1970): H Kra em er, De w orteien van h ei syncretism e

{'»-(.iravenhage 1937;; (j van der Leeuw . P hänom enologie der R elig io n flu b in g en i956j, pag

;;;/ K am sira. op.cit , pag 8. L e o n a rd o Boff, ‘A v aiiaçâo teo ió g jc o -c rítjc a do sin cretism o ', V ores 71.

no. 7 (1977). p ág 53-68 (573-588) (re fe rê n c ia pág. 5K8n.2). ífci Boi:, a rt.c it p ág 588 n.2: K a m stra. op.cit-. p ág. 9

N eíso W ein g ae rtn e r. ‘O cu ltism o • re b g io sid a d e p o p u la r', ir. Estudos T eo ló g ico s 16. no. 3

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várias pessoas c ristã s num a tribo do Zaire, o n d e fiz pesquisas, que m e disseram q u e e la s invocavam o s e sp írito s an ce stra is - da religião a frica n a tra d icio n a l - p ed in d o ajuda para serem bons cristã o s (8).

Uma outra in terp retaçã o de sin cretism o , pa recida com a precedente, fala de sin cre tism o co m o a te n d ê n cia de e n ca ra r todas as religiões co m o ca m in h o s legítim os para a sa lvação. C a d a religião teria uma parte da verdade, m as som ente o co n ju n to de todas as religiões o fe rece ria toda a verdade. A meta é co n stru ir uma religião universal que pod e ser a religião de toda a hu m an idade (9). A m aioria dos brasileiros, m esm o perm a n e ce n d o em sua religião, p a re ce ser da o p in iã o q u e ‘to d a s as re lig iõe s s ã o b o a s ’ (10). Esta m esm a tolerância existe em ce rta s religiões, co m o o hinduísm o, face às co rren tes dentro d a religião, m as também no co n ta to com outras religiões. E c o n h e c e m o s to d o s o c a s o d o s G re g o s de Atenas que co lo cara m no A re ó p a g o um altar reservado A o Deus d e s c o n h e c i­ d o ’. P a ra os que propagam esta m istura de religiões, o sin cretism o perde o seu sentido pejorativo e torna-se um a atitude aceitável. A pu reza da religião não existe, nesta visão, na e x clu siv id a d e de uma certa religião, m as é re aliza da na u n ião d e todas a s religiões ou pelo m enos na tolerân cia entre as re lig iõe s d o m undo.

M as existem ain da outras d e fin içõ e s de sincretism o. P o de -se falar de sin cretism o, qu ando um a religião sai da su a cu ltura de origem e p re cisa ad aptar-se a um a outra cu ltura. Dentro do Novo T estam ento po d em os en co n tra r o s exe m p lo s do eva ng elista Jo ã o q u e in trod u z o term o greg o d e logos na m ensagem cristã, e de Pau lo q u e co n trib u i para a h e le n iza çã o do cristian ism o . P o de m o s também m e n cio n ar o exem plo de Natal no ca len d á rio de festas da igreja. Natal é ce le b ra d o na data d a an tig a festa do so ls tício do inverno (11). E a história da atividade m issionária d a igreja oferece m uitos exem plos deste sincretism o.

Neste quadro fala-se também em sin cretism o , quan do uma religião se adapta a uma cultura. H eiler falou assim do ca tolicism o

(8; A n d ré D ro o g ers. An A frican T ra n s la tio n of th e C h ris tia n M essag e. C h a n g e s in th e c o n ce p ts of spirit, h e a rt and God a m o n g the W ag e n ia of K isan g an i. Z a ire ', in: R. Schefold, J.W .S choor! a n d J. T e n n e k e s (e d ito res). Man, M eaning and H istory, E ssa y s in Honour of H.G.Schulte

Nordholt (T h e H a g u e 1980), p á g 300-331 (referên c ia pág. 314)

(9) C o n tra esta fo rm a de sin cretism o v eja: W .A .V iss e r't H o o ft, C ristianism o e Outras R eligiões (R io de Jan e iro : P az e T e rra . 1968).

()0 ) E d u a rd o H o o rn a e rt, F orm ação d o C a tolicism o Brasileiro, 1550-1840 (P etró p o lis 1974), pág. 25 P edro A. R ib eiro de O liveira, ‘C o o ex istên cia d as re lig iõ e s n o BrasiT. in: V ozes 71. no. 7 (1977). p á g 35-42 (555-562) (re fe rê n c ia pág. 558).

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com o um sin cre tism o g ra n d io so e infinitam ente co m p lexo ' (12). H oornaert qu e cita esta fra se de Heiler, vê o sin cre tism o não só com o resultado do e n co n tro de du as religiões, m as tam bém com o produto d o p ro c e s s o d e in te g ra çã o d e um a religião num a certa estrutura so c ia l (13). Ele u sa a d e fin içã o de K am stra qu e define o sin cre tism o co m o a co e x istê n c ia de e lem entos - entre si estranhos - dentro de um a religião ' (14). Neste p ro c e ss o de adaptação, a e ssê n cia d a m ensagem desta religião pode se r respeitada, mas existe também a p o s sib ilid a d e de que, na ad aptação, o caráter e sse n cia l da religião mude. H oorn aert e L e o n a rd o Boff, falando do ca so do cristian ism o, distinguem , assim , entre verdadeiro e falso sin cre tism o (15). S u rg e im ediatam ente a pergunta te o ló gica m as o qu e é e sse n cia l na m ensagem c ris tã ? ’. Q u ais sã o os crité rio s? Será qu e o ‘ D eutschtum ' (germ anidade) na IE C L B é um exem plo de

sin cre tism o falso ou verd ad eiro (16)?

Para com pietar a c o n fu s ã o m en cio n o ainda a abordagem qu e vê o sin cre tism o co m o um a falta de in te g ra çã o e de sistem atiza­ çã o de elem entos de o rig e n s diferen tes (17), e a abordagem contrária que e n xe rg a o sin cre tism o com o um a síntese, em vez de uma mera co e xistê n cia, d e d ive rso s elem entos num a nova religião (18).

II. UMA AVALIAÇÃO D A S VÁRIAS DEFINIÇÕES.

Diante desta in fin id ad e de d e fin içõ e s nós podem os c o n c lu ir qu e elas têm muito p o u co em com um . T o d a s falam em m istura de

(12; C itad o p o r H o o rn a e rt. op. cit., pág. 27, e E d u a rd o H o o rn a e rt. ‘p re s su p o s to s a n tro p o ló g ic o s p a ra a c o m p re e n sã o d o s in c re tism o ’. ir : V o z es 71. no.7 (1977). p ág 43-52 ( 563-572) (referên c ia pág. 571)

(13) H o o rn a e rt. op.cit.. pág. 23. (M ) K am stra. op.cit.. pág. 9.10.

(15) h o o rn a e rt. o p .a t.. pág. 137s ; Boff. a rt.cit.. pág. 581s.

ílfi) M artin N o rb e rte D reh er. Kirche und D eu tsch tu m in der E ntw icklu ng der E van gelisch en

Kirche L utherischen B ek en n tn isses in B rasilien (G o ttin g en 1978)

'1 7 ) K a m stra, o p . a t , pág. 10; V an d e r L eeu w , op.cit.. pág. 686; J u a n a E lb ein d o s S an to s. 'A p e rc e p ç ã o id eo ló g ica d o s fe n ô m e n o s relig io so s: S iste m a N ag ò n o B rasií, N eg ritu d e V ersus S in c re tism o , in. V ozes 7 1, no. 7(1 9 7 7). pág. 2 3 -3 4 (5 4 3-5 5 4) (re íe ré n c ia pág. 5 4 3. 5 4 4). (18) R oger B asu d e. 'P re m ie r Eiian (de la m ission au Brésil. s e p te m b re 1973)', in: A rchives de

S cien ces so ciales des R elig io n s 38 (1974), p á g 10-11 (re íe ré n c ia pág. 11); K a m stra. op.cit pág !1; De O liveira, art.cit.. pág. 556; R e n a to O rtiz, 'D u sy n c ré tism e a la sv n th é s e U m b an d a, une religion b ré s iie n n e '. in: A rchives de S c ie n c e s « o d a les d es R eligions 40 (1975), pág. 89-97 (referên c ia pág 92.93): J.D .Y .Peei, ‘S y n c re tism a n d R elig io u s C h a n g e 1, in. C om parative

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idéias ou p rática s religiosas. M as de resto existem só diferen ças. Quem qu er usar o term o sin cre tism o d e ve enfrentar, então várias opções. A p rin cip al destas o p ç õ e s me pa rece ser, se a de fin içã o de sin cretism o teria que ter um caráter su bjetivo ou deve ser objetiva. No prim eiro c a s o o sin cre tism o pod e ser visto co m o um fenôm eno positivo, co m o no c a s o das p e s so a s qu e e stã o b u sca n d o uma religião universal. M as igualm ente subjetiva é a versão pejorativa de sin cretism o q u e e n tend e este fenôm eno co m o um a a m ea ça da religião pura e verdadeira. Uma abordagem objetiva lim ita-se à c o n sta ta çã o de q u e uma religião m uda s o b a in fluência de uma outra religião (ou de uma cultura ou estru tura so cial, co m o Hoor- naert propôs), m as neste tipo de estudo falta um a avaliaçã o destas transform ações.

No in ício desta palestra d isse que as c iê n c ia s da religião têm q u e s e em an cip a r d a in fluê n cia teológica, e qu e o co n ce ito de sin cre tism o serve para m ostrar a d iferen ça entre c iê n c ia s da religião e teologia. M uitos cie n tista s da religião eram e são cristão s e trabalham em fa cu ld a d e s de teologia cristã. De m aneira co n sc ie n te ou in co n scie n te isso determ inava a su a m aneira de estu da r as outras religiões. A linguagem qu e servia co m o m eio de d e s c riç ã o veio da cultura o ciden tal e do cristian ism o. Para nós é im portante ver que o assu nto desta palestra, o co n c e ito sin cretism o, fazia parte desta linguagem , e sp ecialm e n te on d e ele e x p re ss a uma p re o cu p a ­ ção com a pureza da religião. E nquanto um a o p in ião te o ló g ica e subjetiva sob re sin cre tism o tem a su a legitim idade dentro da teologia, ela não ajuda muito nas p e sq u isa s d a s c iê n c ia s d a religião. C om o n ó s vim os, as c iê n c ia s da religião pretendem estu dar as religiões sem p re ss u p o s iç õ e s so b re a verdade pura destas religiões. P ara elas só serve um a d e fin içã o objetiva de sincretism o.

M as m esm o assim tem os que perguntar-nos, se o co n ceito de sin cretism o tem um a fu n ção para as c iê n c ia s da religião. Será q ue elas precisam realm ente deste c o n ce ito para descrever m u dan­ ça s religiosas so b a influência de uma outra religião, ou de uma cultura. Se o assu n to sin cre tism o é im portante, ele parece ser isso n ão para as c iê n c ia s d a religião, m as para a te o lo g ia (ou pelo m enos para a elite te o ló g ica do cristian ism o, p o rq u e o povo geralm ente não tem problem as com o sin cretism oX 19). A in s p ira ç ã o para um estudo do sin cre tism o p a re ce vir da teologia, e sp ecialm e n te de su a p re o cu ­ p a çã o com as m u d a n ça s no cristian ism o so b a in flu ência de outras religiões. Q uer dizer qu e o fenôm eno é e stu dado a partir do cristianism o, para saber o qu e a c o n te ce com este cristianism o. O

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outro lado da m oeda, o qu e a c o n te c e com as religiões que fornecem os elem entos para m udar o cristianism o, nào parece ser in tere ssan ­ te. O ponto ae partida e o cristian ism o O sin cre tism o nas outras religiões pa rece som ente ser in teressante e im portante na medida em que eie atinge o cristian ism o.

M esm o H oom aert e Boff(20). qu e no in ício das su as obras optam por uma d e fin içã o objetiva de sin cretism o. exp lican d o que q u a lc u e r religião, in clu in d o o cristian ism o, m ostra inevitavelm ente um certo sm cret-sm o. voltam dep ois para uma distin ção entre verdadeiro e falso sin cretism o. F aiso siricretism o nào e um sir.creíis- mo que, seg un d o os crité rio s de uma determ inada definição, não m erece o nom e sin cretism o, m as trata-se de um sin cre iism o que ;ev3 a p a g a n iza çã o do p róp rio cristian ism o ' (21). E nquanto a definição de sin cre tism o u sad a por H oom aert e S o fí é gerai e aplicável a todas as religiões, a distin çã o entre verdadeiro e falso sin cre tism o fu n cio n a só d en tro do cristianism o, m ais e sp e cifica m e n ­ te no catolicism o.

A c o n c lu s ã o desta a v a liaçã o parece inevitável. Se o co n ce ito sin cretism o' tem tantos sentidos, e se eie representa um problem a te o ló g ico subjetivo qu e é im portante para o cristianism o, m as não necessariam en te para as c iê n c ia s da religião, então este co n ce ito perde a su a utilidade. S e ria m elhor riscar esta palavra de nossos vo ca b u lário s (22). P o d e ría m o s term inar aqui a palestra.

M as há razões para co n tin u a r o n o sso ra cio cín io ainda um pouquinho. Em prim eiro lugar: term os não desap arecem por ca u sa de palestras inaugurais. E les têm uma te n a cid a d e enorm e. Em se g u n d o lugar, um c o n ce ito e a definição deste co n ce ito são expedientes para obter uma co m p re e n são m elhor do fenóm eno. É este fenôm eno q u e nós qu erem os entender e não a sua definição. A d isc u s sã o sobre d e fin içõ e s não é uma fin alidade em si. Uma terceira razão e que para as c iê n c ia s da religião, que são hósp edes numa fa cu ld a d e de teologia, deve ser um prazer estu dar um assunto de in teresse para a teologia. A ú n ica co n d iç ã o que as ciê n cia s da religião podem estip u lar é qu e o seu m étodo exclu i a po ssib ilidade de aceitar crité rio s cristã o s n a su a pesquisa, e que a avaliação te o lo g ica co m e ce d e p ois d a sua pesquisa. Em vez de uma desvanta­ gem, esta c o n d iç ã o me p a re ce se r uma vantagem para a teologia, p o rq u e ela obtém, desta m aneira, um co n h ecim en to m elhor do

(20) Boff, a rt.cit.; H o o m a e rt, op .cil.. a rt.c n (21) H o o rn a e rt, op.cit , pág. 13ê. (22) Elbein cios S antos, a rt.c it

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assu n to so b re o qual ela quer form ular a su a opinião. M uitas vezes os mal e n te n d id os têm a s u a raiz n os p re c o n c e ito s teológicos.

M as m esm o se nós a ceitam o s que o fenômeno do sin cretism o é im portante, m ais im portante do qu e o termo em si, fica a pergunta o qu e realm ente está a c o n te ce n d o nos c a s o s em que se fala. de m aneira im precisa e confusa, em sin cretism o. S e um a religião muda. por qu alquer in flu ê ncia que seja, co m o é qu e estas tra nsform açõ es podem ser e n tendidas?

III. SINCRETISM O : U M PR O C E SSO SIM BÓ LIC O C3).

P o d e m o s ver o sin cre tism o co m o um fenôm eno que faz parte de um p ro ce sso m ais am plo, de tra n sfo rm a çõ es religiosas em geral. A razão de e nxerga r s ó esta parte s in cre tista é de natureza teológica, tendo a su a origem num a p re o c u p a ç ã o co n ce rn e n te à defesa da e ssê n cia da yerd ad eira fé cristã. A s c iê n c ia s d a religião não tem razões c ie n tífica s para preferir e stu d a r o fenôm eno ch a m a­ do sincretism o, co m o um tem a a parte. P a re c e m elhor estu dar o sin cre tism o no qu ad ro geral das tra n sfo rm a çõ es religiosas, porque a diferen ça entre uma m u d a n ça p ro vo cad a s o b a in fluência de uma outra religião e um a m u d a n ça por qu a lq u e r outra razão não é essen cial.

Q ual é, então, este quadro geral das tra n sfo rm a çõ es religio ­ sa s? Para entender isso teríam os q u e sa ber o que o homem (24) faz neste processo. M uitas vezes fala-se em tra n sfo rm a çõ es religiosas de uma m aneira abstrata, co m o se só o s c o n ce ito s, as doutrinas, as

(23) A m in h a in sp ira ç ã o vem da a n tro p o lo g ia a m b ó lic a e e s tr u tu ra lis ta , por exem plo. M alcolm C rik, E xplorations in L anguage and M eaning, Towards a Sem an tic A nthropology (L o n d o r 1976); R en é D evisch, ‘Processes for th e A rtic u la tio n of M e a n in g a n d R itu al H ealin g a m o n g the N o rth e rn Y aka (Z aire)', in: A nthropos 72 (1977), pág. 683-708: R ay m o n d F irth. Sym bols Public

and Private (L ondon 1973): E d m u n d L each. Culture and com m u n ication . T he le g ic by w hich sym bols are con n ected , An introduction to the use o f structuralis an alysis in social anthropology (C a m b rid g e 1976); V icto r T u rn e r, O P ro ce sso R itu a l Estrutura e A ntltstru turs

(P etró p o lis 1974) S o b re sin cretism o u m a a b o rd a g em p a re c id a em: M arie M ad elein e B reeveld ‘U m a R ev isão do C o n c e ito de S in c re tism o R eligioso e P e rs p e c tiv a s d e P esq u isa', in: R e v isu

Eclesiástica Brasileira 35, fa se 138 (1975), pág. 415-423; K a in str a op.cit., pág. 24; O rtiz. a rt.c n

R e n a to O rtiz, A m orte branca do feiticeiro negro, Umbanda: Integração de uma religião numa

sociedad e de d a s se s (P etró p o lis, 1978), cap. VII. V an d e r L eeu w , op.cit., pág. 248,693, já faiou

em 'V e rs c h ie b u n g ’: ‘as fo rm as fic a m q u a se a s m esm as, e n q u a n to o c o n te ú d o m u d a ’ (248). ou seja, o sig n ificad o m u d a (693).

(24) F a ia n d o sabre ‘o h o m e m ’ e u n ã o c o n sid e ro a p e n a s a p esso a in d iv id u al, m a s o h o m em socia! (u m a ta u to lo g ia ) c o m o m e m b ro d e grupos, d e u m a so cie d a d e , v iv e n d o n u m a re la ç à o d ia lé u c a c o m e sta so cied ad e (v e ja : Peter L . B erg er e T h o m as L u c k m a n n . A C onstrução Social d a

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religiões, fossem o s p e rso n ag en s prin cip ais. Ou fala-se em fatores so c ia is que determ inam m u d a n ças religiosas, co m o se o homem fo sse objeto p a ssivo de tudo que cai em cim a dele. O que é qu e o hom em faz no p ro ce ss o de m u d a n ças religiosas?

C o n sid e ro o hom em co m o o ún ico anim al que é ca p a z de inventar e usar sím bolos. A d ã o que pa ssa pelo jardim do Éden, da nd o nom es a todos os seres viventes, é o protótipo do homem sim bolizador. O sím bolo é a re p re se n ta ção co n cre ta de uma c o is a ausente, invisível. Assim , a bandeira representa o nacionalism o. Palavras também sã o sím bolos. A cru z representa para c a d a pessoa e ca d a teologia uma outra coisa, é um sím bolo multívio. M uitas vezes sím bo lo s têm m ais sig n ificad o s. P elo fato de os sím bolos e xp re ssa­ rem algo ausente, sã o de im portância fundam ental na religião, po rq u e geralm ente os seres ven e ra d o s nas re ligiõe s sã o invisíveis.

Estes sím b o lo s e o s se u s sig n ifica d o s não existem de m aneira isoíada, co m o g rã o s de areia. G eralm en te os sím bolos fazem parte de uma estrutura, sã o arranjados de uma certa m aneira num certo padrão, co m o a c o n te c e com palavras num a frase, ou com c o n ce ito s te o ló g ic o s num a teo lo gia sistem ática. Nós aprendem os logo q u e texto e co n texto sã o in sepa ráveis. C ontu do, esta estrutura não é algo estático, eterno, m as muda. Existe uma dialética. O hom em pod e aceitar estes siste m as s im b ó lic o s e adm itir o seu im pacto na sua vida. M as ele tam bém pode agir com o arquiteto destes sistem as e m udar o sig n ific a d o de sím bo lo s, elim inar sím b o ­ los e sig n ificad o s, in trod uzir novos sím bo lo s e sig n ificad o s, m udar a estrutura do sistem a, cria r novos sistem as, su bstituindo, invertendo, acrescen tan do, sin tetizando, a sso cia n d o , im itando. E stas tran sfor­ m a ções podem se r o resultado de m u d a n ças na so c ie d a d e ou no papel so cia l do homem. O e sc ra v o trazido para cá, o m igrante vindo da Alem anha, o c a m p o n ê s que vai para a cid ad e, todos adaptam , num a certa m edida, as su as id éias e co stu m e s à nova situação. M as e tambem possível qu e o hom em brin que com sím b o lo s e sistem as, sem ser in flue n ciad o pela so cie d a d e , co m o um a c ria n ç a b rin ca com biocos, gostan do das form as qu e ela constrói. O caráter din âm ico da atividade sim b ó lica faz co m qu e em certas fa se s o resultado não seja tão sistem ático, d e ixa n d o ce rto s elem entos fora da estrutura, assim com o uma c ria n ç a não usa to do s os b lo c o s ao m esm o tempo.

S e nós ap lica m o s estas id éias ao âm bito da religião, po d e ­ mos dar o exem plo de n ossa faculdade. É um jardim te o ló g ico onde, com o Adão, e stam o s dan d o nom es, a to d a s as co isa s qu e nós e nco n tra m o s em n o ss o m undo. N ó s tentam os co n stru ir sistem as de sím b o lo s e falam os até em teologia sistem ática. N ós lem os a B íb lia e d e scob rim o s (ou não) sig n ificad o s, ca da um à su a m aneira, e raram ente da m esm a m aneira que os estu dantes e p ro fe sso re s de

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dez an o s atrás o faziam . O ca m p o re ligioso é tão rico em sig n ific a ­ d o s q u e a n o ssa e x p re ss ã o d a exp e riê n cia re lig io sa é sem pre lim itada e seletiva, tam bém p o rq u e ela su rg e num determ inado contexto cu ltural e social. Lem bro que o s c o n c e ito s seg re d o e sa gra do estão bastante próxim os um d o outro. C e rto s sím bo lo s e certas estru tu ras ficam fora d a n o ssa aten ção , outros, ao contrário, sã o de sco b e rto s. A ssim a teologia passou m uito tem po sem estar c o n sc ie n te - por exem plo - d a ju s tific a ç ã o pela fé, d a tarefa da igreja na so cie d a d e , ou do E sp írito Santo, e de repente alguém faz a descob erta, e tudo muda. D urante m uitos a n o s as c iê n c ia s da re ligião e as religiões do Brasil não m ereceram um a ca deira e sp ecial nesta faculdade, e de repente a situ a çã o m uda e ela é criada. E stu d a n d o siste m as filo s ó fic o s po d em os fic a r co n sc ie n te s da im por­ tâ n cia de ce rto s filó so fo s para a n o ss a atividade. Neste último c a so n ó s não falam os, por exem plo, em s in cre tism o m arxista, m as o m e can ism o é o m esm o qu e no c a s o do sin cretism o, de qualquer e sp é cie que seja.

O sin cre tism o pod e s e r visto co m o a q u e la parte d o p ro ce sso de tran sform ação de sím b o lo s re lig iosos em que a in sp ira çã o para esta m u dança vem de fora, qu e r de um a outra religião ou de outras religiões, quer da estrutura so c ia l ou da so c ie d a d e secu lar. Trata-se não s ó da m istura de id éias ou p ráticas re ligiosas, mas da atividade d o hom em q u e b rin ca co m o s sím b o lo s da su a própria religião e com o s de outras religiões. P e lo fato de ser hom em , ele não pode fazer outra coisa. M esm o se outras pessoas, c h a m a d a s sa ce rd o te s ou teólogos, s e co n side ram e sp e c ia lis ta s na m atéria, o hom em sim ples co n tin u a a entender a m ensagem e a prá tica religiosa à su a m aneira. A ssim su rgiu a re ligiosidade popular, ap e sa r do poder te o ló g ico da hierarquia e cle siá stica . A ssim os e scra v o s desenvolveram a su a própria religião afro-brasileira. A ssim su rgiu a U m banda a partir do in ício d a in d u stria liza çã o e da u rb a n iza çã o do Brasil. A ssim os n o ss o s m em bros, nas co m u n idades, entendem nas p ré d icas outras m en sag en s d o q u e o pastor qu e r apresentar: eles fazem a sua s e le ç ã o e interpretação. A ssim C a rlo s M esters deixa in spira r-se pela m aneira em que o povo lê a B íblia, invertendo o s pa péis tradicionais. A ssim to do s o s p re za d o s ouvintes entendem e interpretam esta palestra à su a m aneira.

O hom em é um tradutor. Ele vive tra d u zin d o sím b o lo s qu e vêm de fora, por sím b o lo s fam iliares, c o n stru in d o sistem as m ais ou m enos in tegrados, m as sem pre dinâm icos. E le pre cisa de uma certa ordem e id en tid ad e para sobreviver, m as e sta ordem em si não é totalm ente sagrada, m esm o s e ele pe n sa que ela o é.

O p o d er vigente pode m anipular sím b o lo s para determ inar o com portam ento d a s pessoas, m as ele n u n c a pod e dom inar

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total-mente o pensam ento d o s in d ivíd u o s O hom em co n strói o seu m undo, é determ inado por este m undo, m as tem a liberdade de m udar tudo, se quiser. Ele faz isso, qu an do a su a situ a çã o na so cie d a d e não co rre s p o n d e m ais com a visão d o m undo. A ro ça exige uma outra atitude que a gra nd e cidade. A tribo african a Oifere da situ a ção de d o m in açã o na pla n ta çã o de açú ca r. A Pom eránia não é o Espírito Santo. A F acu ld a d e de T eo log ia não é a co m u n id a d e nata! dos estudantes. A p ro sp e rid a d e p ro v o ca uma outra atividade sim bó lica do que a pobreza, onde todos os re cu rso s que dim inuem a miséria sâ o bem vindos. M as em todas as situ ações, o homem articuls o sig n ificad o, m udando sím bo lo s e estru turas de sím bolos, co n struind o e renovando a sua c a s a espiritual, to rnando profano o q u e é sagrado, e sa gra do o que é secular.

IV. CO NCLUSÃO

C o m e ça m o s talvez co m a idéia de que falar de sin cretism o é falar de outros que têm p o u ca c o n sid e ra ç ã o para com a e ssê n cia da fé cristã. Mas term inam os falan do de nós m esm os. O m odelo do homem sim b o liza d o r nos une a todas as p e s so a s de qualquer c o n v ic ç ã o religiosa. O assu n to do sin cre tism o é co m o um bum eran­ gu e que volta para quem o usa. E nquanto um a avaliação te o ló gica tenae a nos sep arar dos sin cretistas, um a abordagem a partir do pro ce sso de tran sform ação de sím bo lo s religiosos fu n cio n a com o um espelho.

Q uero apontar para algum as c o n s e q ü ê n c ia s desta a b o rd a ­ gem sírnbóiica pare a teologia. P e n so em prim eiro lu g a r na situ a ção m issionária. Nós não podem os enco ntra r sin cre tista s sem estarm os co n sc ie n te s de n o sso sin cre tism o e da atitude que nós tem os em com um com os outros. Isto facilita certam ente e síe encontro. Nós podem os entender o sin cre tism o antes de avaliá-lo. A outra pessoa não pode ser m ero objeto de n ossa eva n g elizaçã o, m as deve ser vista co m o um homem sim b o liza d o r com o nós tam bém o som os. Ela não pode ser vista co m o um barril vazio que podem os e n ch er com a n o ssa m ensagem , Mutatis mutandis a m esm a co n c lu sã o vale para o m em bro de n o ssas co m u n idades. Antes de falar tem os que escutar, po rq ue nós não en co n tra m o s objetos, m as su jeitos ativos, hom ens sim bolíza dores. E sc u ta r é um p ro c e ss o criativo, ativo (25). Nós não p odem os ditar a verdade, m as a verdade su rge no encontro.

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Uma outra co n se q u ê n c ia qu e quero m e n cio n ar c o n c e rn e a teologia das religiões e ao e n co n tro co m o u tra s religiões. Neste encontro nós não podem os pa rticip a r co m o ap o lo g istas da nossa fé M as tem os qu e o u sa r co rrer o risco de qu e a n o ssa fé m ude no encontro com outras religões. Ou form u lad o de uma m aneira mais positiva: tem os que ver as perguntas, c o lo c a d a s por outras religiões, com o desafio s para a n o ssa teologia. A ssim podem os d e sco b rir dim en sõ es in esperad as. M esm o se nós não querem os adotar esta p o s iç ã o no enco n tro , n ó s a assu m im o s inevitavelm ente, porque som os hom ens sim boliza dores. M udam os nós m esm os, m esm o sem estarm os c o n sc ie n te s disso.

Para co n clu ir, qu ero lem brar qu e o m odelo do hom en sim bolizador, qu e im p lica no e n co n tro entre pessoas, não é tão estranho num a fa cu ld a d e qu e na su a ab ordagem didática, e s p e c ia l­ mente nos sem in ários, substitui o docente, que dita a su a verdade, peto estudante, que d e sco b re a verdade por su a própria atividade Q u ero exprim ir aq ui a m inha gra tid ão em p o d er trabalhar neste am biente, e a m inha e sp e ra n ça de que o e n co n tro com as outras religiões, in clu in d o as religiões sin cretistas, seja tão produtivo qu anto este e n fo q u e didático.

Referências

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