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Sobre os teoremas de ponto fixo de Tarski e Banach

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Universidade Federal da Bahia - UFBA

Instituto de Matem´

atica - IM

Colegiado do Curso de Matem´atica - COLMAT Monografia de Graduac¸˜ao

Sobre os teoremas de ponto fixo

de Tarski e Banach

Paulo Raimundo Stering Malta

Salvador-Bahia Dezembro de 2011

(2)

Sobre os teoremas de ponto fixo

de Tarski e Banach

Paulo Raimundo Stering Malta

Monografia de Gradua¸c˜ao apresentada ao Colegiado do Curso de Matem´atica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Bacharel em Matem´atica.

Orientador: Prof. Dr. Andreas Bernhard Michael Brunner.

Salvador-Bahia Dezembro de 2011

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Malta, Paulo Raimundo Stering.

Sobre os teoremas de ponto fixo de Tarski e Banach / Paulo Raimundo Stering Malta. – Salvador, 2011.

29 f.

Orientador: Prof. Dr. Andreas Bernhard Michael Brunner.

Monografia (gradua¸c˜ao) – Universidade Federal da Bahia, Instituto de Matem´atica, Colegiado do Curso de Matem´atica, 2011.

Referˆencias bibliogr´aficas.

1. L´ogica matem´atica. 2. Categorias 3. Espa¸cos m´etricos gerais I. Brunner, Andreas Bernhard Michael. II. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Matem´atica. III. T´ıtulo.

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Sobre os teoremas de ponto fixo

de Tarski e Banach

Paulo Raimundo Stering Malta

Monografia de Gradua¸c˜ao apresentada ao Colegiado do Curso de Matem´atica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Bacharel em Matem´atica, aprovada em 09 de dezembro de 2011.

Banca examinadora:

Prof. Dr. Andreas Bernhard Michael Brunner (Orientador) UFBA

Prof. Dr. Samuel Gomes da Silva UFBA

Prof. Dr. Edson Alberto Coayla Ter´an UFBA

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, cuja educa¸c˜ao permitiu atin-gir mais esta etapa em minha vida, aos quais serei eternamente grato.

Quanto a minha forma¸c˜ao gostaria de agradecer imensamente ao Laborat´orio de Ensino de Matem´atica e a todos os seus membros, em especial Elinalva Vergasta. Todas as experiˆencias proporcionadas, desde monitor no meu primeiro ano, oficinas e exposi¸c˜oes realizadas foram ´unicas, cuja rec´ıproca do p´ublico permitiu constatar o quanto a matem´atica ´e bela e humana.

Aos orientadores gostaria de agradecer a Jos´e Fernandes Andrade ao grande con-hecimento proporcionado, desde a orienta¸c˜ao no LEMA at´e as quatro disciplinas min-istradas, cujos conselhos me acompanharam durante toda a gradua¸c˜ao. A Paulo Varandas serei eternamente grato por ter tido a oportunidade de realizar minha primeira inicia¸c˜ao cient´ıfica, ao qual obtive grande aprendizado e a Andreas Brunner pela orienta¸c˜ao e ded-ica¸c˜ao este ano, cujo resultado se apresenta atrav´es desta monografia.

Aos professores, colegas de turma e a todos que tive o prazer de estar ao lado durante estes quatro anos, muito obrigado!

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“Pedimos o mundo, nos deram o in-finito.”

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Resumo

Neste trabalho apresentaremos a teoria dos Espa¸cos M´etricos gerais, com esta nova estrutura estaremos aptos a generalizar tanto espa¸cos m´etricos quanto ordens par-ciais. Para estas teorias temos dois teoremas de ponto fixo: O teorema do ponto fixo de Banach para espa¸cos m´etricos e o teorema do ponto fixo de Knaster-Tarski para ordens parciais. Em espa¸cos m´etricos gerais provaremos construtivamente um ´unico teorema que possui como corol´ario os teoremas do ponto fixo de Banach e Knaster-Tarski, cujas hip´oteses generalizam espa¸cos m´etricos completos e reticulados completos.

(9)

Abstract

In this work we will present the Generalized Metric Space theory, with this new structure we will be able to generalize both metric and partially ordered spaces. For these theories there are two distinct fixed point theorems: Banach’s fixed point theorem for metric spaces and Knaster-Tarski’s fixed point theorem for partially ordered sets. In generalized metric spaces we will prove constructively a single theorem that has both Knaster-Tarski and Banach’s fixed point theorem as corolaries, whose hyphotesis gener-alizes complete metric spaces and complete lattices.

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Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 1

1 Preliminares 3

1.1 Ordens Parciais . . . 3

1.2 Reticulados e CPOs . . . 4

1.3 Fam´ılias, sequˆencias e redes . . . 6

1.4 Categorias . . . 8

2 Espa¸cos m´etricos gerais 10 2.1 Redes de Cauchy e limites . . . 11

2.2 O mergulho de Yoneda . . . 14

3 Completamento de espa¸cos m´etricos gerais 16 3.1 Completude comum para ordens parciais e espa¸cos m´etricos . . . 17

3.2 Completamento de direcionados . . . 22

4 Teoremas de ponto fixo 24 4.1 O teorema do Ponto Fixo de Pataraia . . . 25

4.2 Os teoremas de Banach e Knaster-Tarski para espa¸cos m´etricos gerais . . . 26

(11)

Introdu¸

ao

Problemas de ponto fixo surgem com frequˆencia em matem´atica, um exemplo simples seria a obten¸c˜ao de ra´ızes para uma determinada fun¸c˜ao real, que pode ser con-vertido para um problema deste tipo. Conforme este exemplo, a quest˜ao que surge ´e a existˆencia de ra´ızes, e por coseguinte a existˆencia de pontos fixos. Em geral problemas de ponto surgem nesse sentido, situa¸c˜oes em que problemas de existˆencia possam ser traduzi-das para esse contexto. Assim, hip´oteses que permitam obter teoremas de ponto fixo s˜ao de grande valia para solu¸c˜ao destes problemas.

Em espa¸cos m´etricos ´e bem conhecido o teorema do ponto fixo de Banach, o qual garante que toda contra¸c˜ao em um espa¸co m´etrico completo possui um ´unico ponto fixo. Suas aplica¸c˜oes s˜ao diversas, na literatura ´e bem conhecido o teorema de Picard para equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias, o qual sob algumas hip´oteses garante a existˆencia e unicidade de solu¸c˜ao para um problema de valor inicial. Em ordens parciais ´e bem conhecido o teorema do ponto fixo de Knaster-Tarski, que garante a existˆencia de pontos fixos para toda fun¸c˜ao que preserva ordem em um reticulado completo. Uma aplica¸c˜ao bem conhecida ´e o teorema de Schr¨oder-Bernstein, que garante a existˆencia de uma bije¸c˜ao entre conjuntos A e B caso existam fun¸c˜oes injetivas de A em B e de B em A.

Neste trabalho vamos mostrar que tanto o teorema de Banach quanto Knaster-Tarski s˜ao corol´arios de um ´unico teorema, cujas hip´oteses ser˜ao tomadas em espa¸cos m´etricos gerais, teoria esta que permite generalizar espa¸cos m´etricos e ordens parciais. Desta maneira, este trabalho se organiza do seguinte modo:

Cap´ıtulo 1: Apresentaremos todos os recursos necess´arios para a compreens˜ao do presente texto, onde trataremos defini¸c˜oes b´asicas para teoria das ordens e categorias. Tamb´em ser˜ao apresentadas proposi¸c˜oes que comumente ser˜ao utilizados o texto.

Cap´ıtulo 2: Neste cap´ıtulo ser´a introduzida a teoria dos espa¸cos m´etricos gerais. Apresentaremos no¸c˜oes de convergˆencia neste ambiente e demonstraremos o mergulho de Yoneda, que permitir´a obter uma isometria de qualquer espa¸co m´etrico geral em seu espa¸co de fun¸c˜oes n˜ao-expansivas.

Cap´ıtulo 3: Com a linguagem de categorias por funtores ser´a introduzida a no¸c˜ao de completamento de espa¸cos m´etricos gerais, cujos resultados permitir˜ao obter

(12)

Introdu¸c˜ao 2

equivalˆencias de espa¸cos m´etricos gerais com espa¸cos m´etricos e ordens parciais.

Cap´ıtulo 4: Devido a Pataraia, demonstraremos de forma construtiva um bem conhecido teorema para ordens parciais que garante a existˆencia de pontos fixos para fun¸c˜oes que preservam ordem em um CPO. Desta maneira, ser´a demonstrado um teorema de ponto fixo para espa¸cos m´etricos gerais cujas hip´oteses permitir˜ao obter os teoremas de Banach e Knaster-Tarski.

Este trabalho foi desenvolvido atrav´es do recente artigo publicado por Pawel Waszkiewicz em [6]. Conforme o desenvolvido, acreditamos que estas id´eias permitir˜ao traduzir de uma ´unica maneira problemas de espa¸cos m´etricos e ordens parciais.

(13)

Cap´ıtulo 1

Preliminares

Para a boa compreens˜ao do presente texto, neste cap´ıtulo introduziremos todo o recurso matem´atico necess´ario. Na se¸c˜ao 1.1 e 1.2 ser˜ao tratadas defini¸c˜oes e exemplos b´asicos acerca da Teoria da Ordem, na se¸c˜ao 1.4 ser˜ao introduzidas categorias. Para um tratamento mais profundo acerca destes t´opicos ´e sugerida a leitura de [3] e [4].

1.1

Ordens Parciais

Seja P um conjunto. P ´e dito um conjunto ordenado, ou uma ordem parcial, se existe uma rela¸c˜ao bin´aria ≤ em P que satisfaz:

i) x ≤ x, ∀x ∈ P ; (reflexiva)

ii) Se x ≤ y e y ≤ x, ent˜ao x = y; (antissim´etrica) iii) Se x ≤ y e y ≤ z, ent˜ao x ≤ z. (transitiva)

Denotamos atrav´es do par (P, ≤) afim de tornar claro a ordem utilizada.

Intuitivamente associamos ordens aos n´umeros naturais N ou a reta real R. De fato, estes dois conjuntos s˜ao ordens parciais, por´em estes est˜ao munidos com uma quarta propriedade mais forte, que permite compararmos qualquer elemento:

iv) ∀x, y ∈ P , ou x ≤ y ou y ≤ x

Caso um conjunto P seja ordem parcial e tamb´em satisfa¸ca iv), dizemos que P ´e totalmente ordenado.

Tomando X um conjunto, podemos definir uma ordem em P(X) = {A; A ⊆ X} pela inclus˜ao ⊆. ´E f´acil ver que esta ´e uma rela¸c˜ao de ordem, por´em nem sempre podemos comparar dois conjuntos, isto ´e, se X possui mais de dois elementos ent˜ao P(X) n˜ao ´e totalmente ordenado.

(14)

Preliminares 4

Um subconjunto S ⊆ P ´e dito uma cadeia se com a ordem herdada de P ´e totalmente ordenado.

Em geral, quando lidamos com estruturas nos interessamos por aplica¸c˜oes que preservem esta estrutura. Em nosso caso, para ordens parciais, estaremos interessados em aplica¸c˜oes que preservem a ordem. Desta maneira, sejam (P, ≤) e (Q, ≤0) ordens parciais e f : P → Q uma aplica¸c˜ao:

i) f preserva ordem se dados x ≤ y, tem-se f (x) ≤0 f (y); ii) f ´e dita um mergulho se preserva ordem e ´e injetiva; iii) f ´e dita um isomorfismo se preserva ordem e ´e bijetiva.

Observe que se tivermos um mergulho f : P → Q, ent˜ao temos um isomorfismo entre P e sua imagem por f , e neste caso toda sua estrutura ´e preservada. Por exemplo, se A ⊆ P ´e uma cadeia, sua imagem tamb´em o ser´a.

Dada uma ordem parcial (P, ≤), podemos definir uma ordem dual em P por (P, ≤op), onde x ≤op y se, e somente se, y ≤ x. Afim de simplificar a nota¸c˜ao, denotamos

por Pop o conjunto P munido da ordem dual. Esta defini¸c˜ao em nada altera as

pro-priedades anteriores da ordem em P, exceto pelo fato de estarem “trocadas”. Em geral, o princ´ıpio da dualidade nos permite concluir:

Proposi¸c˜ao 1.1 (Princ´ıpio da Dualidade). Consideremos uma linguagem ≤. Se φ ´e uma proposi¸c˜ao (ou propriedade) na linguagem de primeira ordem L := {≤}, qual vale na ordem (P, ≤), ent˜ao φop vale em (P, ≤op), onde φop´e a proposi¸ao obtida de φ substituindo

≤ por ≤op.

Demonstra¸c˜ao. Indu¸c˜ao na complexidade das L-f´ormulas. Para maiores detalhes, veja

[2]. 

1.2

Reticulados e CPOs

Dentre as ordens parciais, vamos nos interessar por algumas que possuam algu-mas propriedades particulares. Para isto iremos buscar alguns elementos especiais nestes conjuntos. Seja Q ⊆ P ordem parcial:

i) a ∈ Q ´e dito um elemento maximal se a ≤ x ∈ Q, ent˜ao a = x; ii) Se a ∈ Q ´e tal que x ≤ a, ∀x ∈ Q, a ´e dito o maior elemento de Q.

(15)

Preliminares 5

Observe que o maior elemento, caso exista, ´e ´unico. De maneira an´aloga definimos um elemento minimal e o menor elemento, levando em considera¸c˜ao a ordem dual de P . O maior elemento de P , caso exista, ´e dito top e denotaremos por >. Analogamente, caso exista o menor elemento em P, o chamaremos de bottom, denotado por ⊥.

Dizemos que Q ´e up-set se Q =↑ Q = {y ∈ P ; (∃x ∈ Q) x ≤ y}. De maneira an´aloga definimos ↓ Q = {y ∈ P ; (∃x ∈ Q) y ≤ x}, caso Q =↓ Q, Q ´e dito down-set. Um elemento x ∈ P ´e dito uma barreira superior de Q se a ≤ x, ∀a ∈ Q, de maneira dual definimos uma barreira inferior. Denotamos o conjunto das barreiras superiores de Q por Qu e as barreiras inferiores por Ql, observe que estes sempre s˜ao respectivamente up-set

e down-set. Caso Qu possua menor elemento, dizemos que Q tem sup ou supremo. De maneira an´aloga o ´ınfimo de Q, ou inf, ser´a o maior elemento de Ql, caso exista. Empre-garemos a nota¸c˜ao sup Q ouW Q para denotar o supremo e inf Q ou V Q, para denotar o ´ınfimo. Para dois elementos x, y ∈ P , denotaremos sup{x, y} = x ∨ y e inf{x, y} = x ∧ y. Note que em virtude do maior elemento ser ´unico, segue que o supremo e o ´ınfimo s˜ao ´

unicos, caso existam.

A luz das defini¸c˜oes anteriores, dado um conjunto ordenado P n˜ao-vazio: i) Se x ∨ y e x ∧ y existe, para todo x, y ∈ P . Dizemos que P ´e um reticulado; ii) Se W Q e V Q existe, para todo Q ⊆ P . Dizemos que P ´e um reticulado completo.

Observe que se P ´e um reticulado completo, P possui bottom e top. Assim com a ordem usual Q, R s˜ao reticulados, por´em n˜ao s˜ao completos, uma vez que n˜ao possuem bottom nem top. Por outro lado, se I ⊆ R ´e um intervalo fechado, com a ordem herdada de R este ´e um reticulado completo. Tamb´em para X conjunto, P(X) ´e um reticulado completo, com W{Ai}i∈I = S

i∈I

Ai e V{Ai}i∈I = T i∈I

Ai, em que {Ai}i∈I ´e uma fam´ılia de

subconjuntos quaisquer de X.

A partir da pr´oxima proposi¸c˜ao ´e poss´ıvel simplificar a defini¸c˜ao de reticulado completo, observando apenas que o mesmo vale apenas se ocorrer para ´ınfimo ou o supremo. A demonstra¸c˜ao ´e simples, para verificar a existˆencia do ´ınfimo de um conjunto A basta observar que este ´e igual ao supremo do conjunto de suas barreiras inferiores Al.

Proposi¸c˜ao 1.2. Uma ordem parcial (P ; ≤) ´e um reticulado completo se, e somente se, para todo A ⊆ P , existe W A. Em particular, temos que W A = W(↓ A).  Um conjunto Q ⊆ P n˜ao vazio ´e direcionado se para todo x, y ∈ Q, ∃ h ∈ Q tal que x ≤ h e y ≤ h. Observe que se Q ⊆ P ´e direcionado, qualquer subconjunto finito F ⊆f Q possui barreira superior em Q. Assim, todo cadeia Q ⊆ P ´e direcionado. A luz

(16)

Preliminares 6

i) P possui bottom ⊥;

ii) W D existe, para todo D ⊆ P direcionado.

Denotaremos W D = F D para fazer men¸c˜ao ao sup de um conjunto direcionado. Ao omitirmos i), dizemos que P ´e pre-CPO.

´

E bem sabido da An´alise que se uma fun¸c˜ao ´e cont´ınua, ent˜ao esta preserva limites. Esta mesma no¸c˜ao podemos traduzir para pre-CPOs, considerando conjuntos direcionados. Assim se P, S s˜ao pre-CPOS, uma fun¸c˜ao f : P → S ´e dita cont´ınua se f (F D) = F f (D), para todo D ⊆ P direcionado. Observe que qualquer fun¸c˜ao cont´ınua preserva ordem, por´em a rec´ıproca n˜ao ´e verdadeira, apenas podemos garantir queF f (D) ≤ f (F D).

1.3

Fam´ılias, sequˆ

encias e redes

Seja X um conjunto. Uma fam´ılia (xi)i∈I ´e uma fun¸c˜ao x : I → X, cuja imagem

x(i) ´e denotada por xi, para todo i ∈ I, onde I ´e um conjunto de ´ındices. Para I = N,

(xn)n∈N´e dita uma sequˆencia em X. Se (I, ≤) ´e ordem parcial direcionado, (xi)i∈I ´e dita

uma rede em X.

Para X espa¸co m´etrico, dizemos que uma rede (xi)i∈I converge para x ∈ X,

denotado por lim xi = x, quando para todo  > 0 for sempre poss´ıvel obter N ∈ I de

modo que para todo j ≥ N tenha-se d(xj, x) < . Uma rede (xi)i∈I ´e dita de Cauchy

caso dado  > 0 seja poss´ıvel obter N ∈ I de modo que para todo i ≥ j ≥ N tenha-se d(xi, xj) < .

A convergˆencia de uma rede de Cauchy nem sempre ´e garantida em um espa¸co m´etrico qualquer, conforme a seguinte proposi¸c˜ao, considerando-se a completude de um espa¸co m´etrico apenas por sequˆencias de Cauchy, ser´a poss´ıvel obter convergˆencia de redes de Cauchy.

Proposi¸c˜ao 1.3. Seja X espa¸co m´etrico. X ´e completo se, e somente se, toda rede de Cauchy converge.

Demonstra¸c˜ao. Seja (xi)i∈I rede de Cauchy. Para cada n= n+11 tome N (n) de modo

que para todo i ≥ j ≥ N (n) tenha-se d(xi, xj) < n. Desta maneira, defina µ : N → I

recursivamente por:

µ(n) = (

N (0) se n = 0

max{N (n), µ(n − 1)} para n > 0

Temos que (xµ(n))n∈N ´e sequˆencia de Cauchy pois dado  > 0, tomando n0 ∈ N de modo

(17)

Preliminares 7

d(xµ(m), xµ(n)) < n0 < . Em virtude da completude de X a sequˆencia (xµ(n))n∈Nconverge,

digamos para x ∈ X. Vamos mostrar que (xi)i∈I converge para x. Ora, dado  > 0, tome

m ∈ N de modo que m+11 < 2. Como (xµ(n))n∈N converge a x podemos obter n0 ∈ N

de modo que para todo m ≥ n0 tenha-se d(xµ(m), x) < 2. Assim, para todo i ≥ N (m)

teremos: d(xi, x) ≤ d(xi, xµ(m)) + d(xµ(m)), x < 1 m + 1+  2 <  2+  2 = 

(18)

Preliminares 8

1.4

Categorias

Em Matem´atica, quando lidamos com teorias abstratas, ´e comum associar a esta classe fun¸c˜oes que preservem sua estrutura. Por exemplo, conforme vimos na primeira se¸c˜ao, para Teoria das ordens estas se caracterizam pelas fun¸c˜oes que preservam ordem; em Topologia as fun¸c˜oes cont´ınuas. Na Teoria das Categorias s˜ao estudadas classes de estruturas, ditas objetos, munidas dos morfismos que preservem estas estruturas. Em termos precisos dizemos que uma classe C ´e uma categoria quando satisfaz os seguintes axiomas:

1. Possui uma cole¸c˜ao de C-objetos; 2. Possui uma cole¸c˜ao de C-morfismos;

3. Uma opera¸c˜ao que associa a cada morfismo f um C-objeto a = dom f (dito dom´ınio de f ) e um C-objeto b = cod f (dito contradom´ınio de f );

Nota¸c˜ao: f : a → b

4. Uma opera¸c˜ao que associa a cada par de morfismos (g, f ) com dom g = cod f um morfismo g ◦ f , dito a composi¸c˜ao de f e g, valendo dom (g ◦ f ) = dom f e cod (g ◦ f ) = cod g que satisfaz:

Lei Associativa: Se f, g, h s˜ao morfismos tais que cod f = dom g e cod g = dom h, ent˜ao h ◦ (g ◦ f ) = (h ◦ g) ◦ f ;

5. Cada C-objeto b possui um C-morfismo 1b : b → b que satisfaz:

Lei da Identidade: Para todo C-morfismo f : a → b e g : b → c vale: 1b ◦ f = f e

g ◦ 1b = g

Atrav´es da tabela abaixo seguem alguns exemplos de categorias: Categoria Objetos Morfismos

Set Conjuntos fun¸c˜oes

Top Espa¸cos Topol´ogicos fun¸c˜oes cont´ınuas Vect Espa¸cos Vetoriais transforma¸c˜oes lineares Grp Grupos homomorfismos de grupos Pos Ordens parciais fun¸c˜oes que preservam ordem

Conforme os morfismos das categorias dadas pela tabela anterior, estes funcionam como uma maneira de preservar as estruturas de dois objetos distintos. De maneira an´aloga podemos definir o mesmo para categorias, atrav´es dos funtores.

(19)

Preliminares 9

i) a cada C-objeto a um D-objeto F (a);

ii) a cada C-morfismo f : a → b um D-morfismo F (f ) : F (a) → F (b) que satisfaz: a) F (1a) = 1F (a), para todo C-objeto a;

b) F (g ◦ f ) = F (g) ◦ F (f ).

Neste caso F ´e dito um funtor covariante. Podemos substituir b) por: b*) F (g ◦ f ) = F (f ) ◦ F (g).

Caso satisfa¸ca b*), F ´e dito funtor contravariante.

Por exemplo, podemos definir F : Grp → Set, que associa a cada grupo G o conjunto F(G), cujos elementos s˜ao os mesmos e a cada homomorfismo f a fun¸c˜ao F (f ), que associa os mesmos elementos. Este funtor ´e dito funtor esquecimento, cuja lei omite toda a estrutura de grupo inicial do conjunto. Para qualquer categoria cujos objetos sejam conjuntos e cujos morfismos sejam fun¸c˜oes pode-se definir um funtor an´alogo.

(20)

Cap´ıtulo 2

Espa¸

cos m´

etricos gerais

Conforme o objetivo desta monografia, a partir deste cap´ıtulo vamos buscar hip´oteses que satisfa¸cam tanto ordens parciais quanto espa¸cos m´etricos. A primeira via para isto ser´a a introdu¸c˜ao dos espa¸cos m´etricos gerais, estrutura esta que sua flexibilidade com respeito a simetria nos permitir´a induzir uma ordem parcial.

Um conjunto X ´e dito um espa¸co m´etrico geral ou gms quando munido de uma aplica¸c˜ao X(−, −) : X × X → R+∪ {+∞} que satisfaz:

i) X(x, x) = 0, para todo x ∈ X

ii) X(x, z) ≤ X(x, y) + X(y, z) (Desigualdade triangular ) iii) Se X(x, y) = 0 e X(y, x) = 0, ent˜ao x = y (Simetria fraca)

Neste caso diremos que X(−, −) ´e uma quase-m´etrica em X. Caso esta aplica¸c˜ao n˜ao satisfa¸ca iii), podemos induzir um espa¸co m´etrico geral [X] pela rela¸c˜ao de equivalˆencia x ≈ y se, e somente se, X(x, y) = 0 e X(y, x) = 0. Desta maneira, trataremos do caso mais geral. Para simplificar a nota¸c˜ao, denotaremos R+∪ {+∞} = [0, ∞].

Se tivermos uma ordem parcial (P, ≤), podemos induzir uma quase-m´etrica por:

P (x, y) = (

0 se x ≤ y ∞ caso contr´ario

Reciprocamente, se X ´e espa¸co m´etrico geral podemos induzir uma ordem parcial (X, ≤X)

por x ≤X y se, e somente se, X(x, y) = 0. Assim as ordens ≤ e ≤P coincidem.

O pr´oprio conjunto [0, ∞] ´e espa¸co m´etrico geral, munido da quase-m´etrica:

[0, ∞](x, y) = y ˙−x = (

0 se x ≥ y y − x se x < y

(21)

Espa¸cos m´etricos gerais 11

Como usual, temos x + ∞ = ∞ + x = ∞, para todo x ∈ [0, ∞]. Observe que a ordem usual de R n˜ao coincide com a ordem induzida por [0, ∞](−, −), temos x ≤[0,∞] y se, e

somente se, y ≤ x.

Para X, Y espa¸cos m´etricos gerais, uma fun¸c˜ao f : X → Y ´e dita n˜ao-expansiva se Y (f (x), f (y)) ≤ X(x, y), quaisquer que sejam x, y ∈ X. Observe que f ´e n˜ao-expansiva se, e somente se, f preserva ordem com respeito a ≤X. As fun¸c˜oes n˜ao-expansivas s˜ao

de fundamental importˆancia para a teoria dos espa¸cos m´etricos gerais, a partir destas construimos a categoria Gms, cujos Gms-objetos s˜ao dados por espa¸cos m´etricos gerais e cujos Gms-morfismos por fun¸c˜oes n˜ao-expansivas.

Conforme observamos para ordens parciais, uma vez que podemos identificar espa¸cos m´etricos gerais como ordens parciais, dado X espa¸co m´etrico geral podemos obter uma quase-m´etrica dual definida por Xop(x, y) = X(y, x), quaisquer que sejam x, y ∈ X.

Dizemos que Xop ´e o espa¸co m´etrico geral dual a X.

2.1

Redes de Cauchy e limites

Como espa¸cos m´etricos gerais carecem da simetria, a no¸c˜ao de redes de Cauchy e convergˆencia devem ser introduzidas com cautela.

Dizemos que uma rede (xi)i∈I em X ´e Cauchy `a direita se:

∀ > 0, ∃ N ∈ I; ∀i ≥ j ≥ N ⇒ X(xj, xi) < 

De modo an´alogo uma rede (xi) em X ´e dita Cauchy `a esquerda se:

∀ > 0, ∃ N ∈ N; ∀i ≥ j ≥ N ⇒ X(xi, xj) < 

Observe que se X ´e espa¸co m´etrico a defini¸c˜ao usual ´e mantida. Vale observar que se X ´e ordem parcial decorre da defini¸c˜ao que para (xi)i∈I Cauchy `a direita, levando em

considera¸c˜ao a quase-m´etrica induzida, podemos obter N ∈ I de modo que para todo i ≥ j ≥ N tenha-se xj ≤ xi. Assim em um dado momento (xi)i∈I ´e cadeia, ent˜ao far´a

sentido se perguntar o limite F xi.

A seguinte proposi¸c˜ao nos permitir´a verificar o comportamento de rede de Cauchy quando induzidas `a [0, ∞].

Proposi¸c˜ao 2.1. Sejam X espa¸co m´etrico geral e (xi)i∈I Cauchy `a direita em X. Ent˜ao

dado x ∈ X:

1. A rede (X(x, xi))i∈I ´e Cauchy `a direita em [0, ∞].

(22)

Espa¸cos m´etricos gerais 12

Demonstra¸c˜ao. Dado  > 0, tome N ∈ I tal que ∀i ≥ j ≥ N tenha-se X(xj, xi) < .

Assim em virtude da desigualdade triangular segue que:

1. [0, ∞](X(x, xj), X(x, xi)) = X(x, xi) − X(x, xj) ≤ X(xj, xi) < 

2. [0, ∞](X(xi, x), X(xj, x)) = X(xj, x) − X(xi, x) ≤ X(xj, xi) < 

Logo (X(x, xi))i∈I ´e Cauchy `a direita e (X(xi, x))i∈I ´e Cauchy `a esquerda em [0, ∞]. 

Afim de introduzir limites de redes de Cauchy para espa¸cos m´etricos gerais, o faremos inicialmente em [0, ∞].

Para (ri)i∈I Cauchy `a direita em [0, ∞], definimos o limite `a direita de (ri) por:

lim

→ ri = supi∈I infj≥irj

Analogamente, se (ri)i∈I ´e Cauchy `a esquerda em [0, ∞] o seu limite `a esquerda ´e definido

por:

lim

← ri = infi∈Isupj≥i rj

Conforme a defini¸c˜ao, poderemos a partir da proposi¸c˜ao seguinte estabelecer rela¸c˜ao entre limites `a direita e `a esquerda em [0, ∞].

Proposi¸c˜ao 2.2. Seja (ri)i∈I Cauchy `a direita em [0, ∞]. Ent˜ao para todo r ∈ [0, ∞]

vale:

i) [0, ∞](r, lim

→ ri) = lim→ [0, ∞](r, ri)

ii) [0, ∞](lim

→ ri, r) = lim← [0, ∞](ri, r)

Se (ri) ´e Cauchy `a esquerda em [0, ∞] ent˜ao vale:

iii) [0, ∞](r, lim

← ri) = lim← [0, ∞](r, ri)

iv) [0, ∞](lim

← ri, r) = lim→ [0, ∞](ri, r)

Para a demonstra¸c˜ao desta proposi¸c˜ao ser´a feito uso do seguinte lema:

Lema 2.3. Sejam A, B ⊆ R, −A = {−x; x ∈ A} e A + B = {x + y; x ∈ A e y ∈ B}. Valem as seguintes afirmativas:

1. Se A ´e limitado inferiormente, ent˜ao sup(−A) = − inf A 2. Se A ´e limitado superiormente, ent˜ao inf(−A) = − sup A

3. Se A e B s˜ao limitados, ent˜ao sup(A + B) = sup A + sup B e inf(A + B) = inf A + inf B

(23)

Espa¸cos m´etricos gerais 13

Demonstra¸c˜ao. Os detalhes da demonstra¸c˜ao ser˜ao dados para ii). As id´eias s˜ao an´alogas para os demais itens. Teremos de analisar dois casos:

1. lim

→ ri = supi∈I infj≥irj ≥ r

Neste caso poderemos obter N ∈ I de modo que r ≤ inf

j≥Nrj ≤ supi∈I infj≥irj. Logo [0, ∞](rj, r) = 0,

para todo j ≥ N . Assim sup

j≥i

[0, ∞](rj, r) = 0, para todo i ≥ N . Logo lim

← [0, ∞](ri, r) = 0.

Como [0, ∞](lim

→ ri, r) = 0. Segue que [0, ∞](lim→ ri, r) = lim←[0, ∞](ri, r).

2. lim

→ ri = supi∈I infj≥irj < r

Observe que inf

j≥irj < r, para todo i ∈ I. Logo ´e limitada superiormente, assim:

[0, ∞](sup

i∈I

inf

j≥irj, r) = r − supi∈I infj≥irj|{z}=

2.

r + inf

i∈I[− infj≥irj] =|{z}

1.

r + inf

i∈Isupj≥i[−rj] =

inf

i∈Isupj≥i r + infi∈Isupj≥i[−rj] =|{z}

3.

inf

i∈Isupj≥i[r − rj] = lim← [0, ∞](ri, r)

Logo [0, ∞](lim

→ ri, r) = lim← [0, ∞](ri, r) 

Em virtude das proposi¸c˜oes 2.1 e 2.2 poderemos definir o limite de uma rede em um espa¸co m´etrico geral X qualquer. Para (xi)i∈I Cauchy `a direita em um espa¸co m´etrico

geral X, dizemos que x ∈ X ´e um limite `a direita da rede (xi) quando vale:

x = lim

→ xi se, e somente se, ∀ y ∈ X, X(x, y) = lim← X(xi, y) (2.A)

Observe que esta defini¸c˜ao coincide com os limites definidos em [0, ∞], em virtude de 2.2 e est´a bem definido conforme 2.1. Vale ressaltar que este limite, caso exista, est´a unicamente determinado em virtude da simetria fraca, caso contr´ario apenas poder´ıamos concluir que os limites possuem distˆancia 0.

Se X ´e ordem parcial e (xi)i∈I ´e cadeia, ent˜ao lim → xn=

G

xn. De fato, seja y tal que xi ≤ y,

para todo i ∈ I, logo X(xi, y) = 0, ∀ i ∈ I. Por outro lado X(lim

→ xi, y) = lim← X(xi, y) = 0.

Assim lim

→ xi ≤ y e portanto lim→ xi =

G xi.

Al´em disso, esta defini¸c˜ao coincide a usual de espa¸cos m´etricos. De fato, seja  > 0 dado, observe que:

x = lim

→ xi ⇒ 0 = X(lim→ xi, x) = lim← X(xi, x) = infi∈Isupj≥i X(xi, x) < . Logo poderemos

obter N ∈ I de modo que 0 ≤ sup

j≥N

(24)

Espa¸cos m´etricos gerais 14

2.2

O mergulho de Yoneda

A partir desta se¸c˜ao vamos buscar introduzir a no¸c˜ao de completude para espa¸cos m´etricos gerais, para isto considere o conjunto bX = {f : Xop→ [0, ∞]; f ´e n˜ao-expansiva}.

Munindo-o com a quase m´etrica bX(φ, ψ) = supz∈X[0, ∞](φ(z), ψ(z)) temos que bX ´e um espa¸co m´etrico geral. Neste caminho, a seguinte proposi¸c˜ao nos permitir´a identificar X em bX, o important´ıssimo:

Lema 2.4 (Yoneda Lema). Seja X espa¸co m´etrico geral. Para cada x ∈ X defina X(−, x) : Xop → [0, ∞], y 7→ X(y, x). Esta fun¸c˜ao ´e n˜ao-expansiva e portanto um

elemento de bX. Al´em disto, para qualquer elemento φ ∈ bX, tem-se bX(X(−, x), φ) = φ(x). Demonstra¸c˜ao. Primeiramente, X(−, x) ´e n˜ao-expansiva, pois para todo a, b ∈ X, considerando sem perda de generalidade X(a, x) < X(b, x), tem-se:

[0, ∞](X(a, x), X(b, x)) = X(b, x) − X(a, x) ≤ X(b, a) = Xop(a, b) Agora tome φ ∈ bX. Teremos:

φ(x) = [0, ∞](X(x, x), φ(x)) ≤ sup

z∈X

[0, ∞](X(z, x), φ(z)) = bX(X(−, x), φ) Por outro lado, uma vez que φ ´e n˜ao-expansiva tem-se para qualquer y ∈ X:

[0, ∞](φ(x), φ(y)) ≤ Xop(x, y) = X(y, x)

Vamos mostrar que para qualquer y ∈ X tem-se [0, ∞](X(y, x), φ(y)) ≤ φ(x). Para isto considere os seguintes casos:

i) X(y, x) = ∞

Neste caso [0, ∞](X(y, x), φ(y)) = 0 ≤ φ(x). ii) X(y, x) < ∞ e φ(x) = ∞

De imediato [0, ∞](X(y, x), φ(y)) ≤ φ(x). iii) X(y, x) < ∞ e φ(x) < ∞

Como [0, ∞](φ(x), φ(y)) ≤ X(y, x) teremos φ(y) < ∞, assim φ(y) − φ(x) ≤ [0, ∞](φ(x), φ(y)) ≤ X(y, x) e portanto φ(y) − X(y, x) ≤ φ(x). Logo, independente da ordem de φ(y) e X(y, x), segue que [0, ∞](X(y, x), φ(y)) ≤ φ(x).

Portanto em qualquer dos casos vale a desigualdade, uma vez que y ∈ X ´e arbitr´ario segue que:

φ(x) ≥ sup

y∈X

[0, ∞](X(y, x), φ(y)) = bX(X(−, x), φ)

(25)

Espa¸cos m´etricos gerais 15

Corol´ario 2.5. Seja X espa¸co m´etrico geral. Para cada x ∈ X, defina o mergulho de Yoneda por y : X ,→ bX, x 7→ yx = X(−, x). Para todo x, x0 ∈ X tem-se que y ´e uma

isometria, isto ´e, X(x, x0) = bX(yx, yx0).

Demonstra¸c˜ao. A isometria ´e imediata a 2.4. Se yx = yx0, temos 0 = bX(yx, yx0)

= X(x, x0) e 0 = bX(yx0, yx) = X(x0, x). Assim, em virtude da simetria fraca, segue que

x = x0 e portanto y ´e injetiva.  A luz do lema anterior podemos a partir de agora identificar qualquer espa¸co m´etrico geral X em um maior, bX. Atrav´es da seguinte proposi¸c˜ao, com o mesmo objetivo, poderemos identificar as fun¸c˜oes n˜ao-expansivas:

Proposi¸c˜ao 2.6. Sejam X, Y espa¸cos m´etricos gerais e f : X → Y n˜ao-expansiva. Defina f∗ : bX → bY por f∗(φ)(y) = infx∈X(φ(x) + Y (y, f (x))). Neste caso, f∗ ´e n˜ao-expansiva.

Demonstra¸c˜ao. Sejam φ, ψ ∈ bX, teremos:

b X(φ, ψ) + f∗(φ)(y) = sup x∈X [0, ∞](φ, ψ) + inf x∈X(φ(x) + Y (y, f (x))) ≥ inf

x∈X(ψ(x) ˙−φ(x)) + infx∈X(φ(x) + Y (y, f (x))) ≥ infx∈X(ψ(x) + Y (y, f (x))) = f ∗

(ψ)(y)

Logo bX(φ, ψ) ≥ f∗(ψ)(y) − f∗(φ)(y). Se f∗(ψ)(y) > f∗(φ)(y) teremos bX(φ, ψ) ≥ [0, ∞](φ(y), ψ(y)), caso contr´ario bX(φ, ψ) ≥ 0 = [0, ∞](φ(y), ψ(y)). Em qualquer caso teremos bX(φ, ψ) ≥ [0, ∞](φ(y), ψ(y)) e assim bX(φ, ψ) ≥ supy∈X[0, ∞](φ(y), ψ(y)).

(26)

Cap´ıtulo 3

Completamento de espa¸

cos m´

etricos

gerais

Em posse dos resultados obtidos anteriormente, podemos a partir deste momento considerar completude em espa¸cos m´etricos gerais. Dizemos que um funtor J : Gms → Gms ´e um funtor completamento caso satisfa¸ca as seguintes propriedades:

i) J X ⊆ bX, qualquer que seja X gms; ii) {yx; x ∈ X} ⊆ J X;

iii) Quaisquer que sejam X, Y gms, se f : Y → X ´e uma fun¸c˜ao n˜ao-expansiva, ent˜ao J (f ) := f∗

|J Y satisfaz f|J Y∗ (J Y ) ⊆ J X, isto ´e, f|J Y∗ : J Y → J X est´a bem definida.

Note que em virtude de i) e ii) obtemos uma regra para os Gms-objetos, a qual esta determina uma margem para o completamento. A al´ınea iii) define uma regra para os Gms-morfismos, que garante que qualquer fun¸c˜ao n˜ao-expansiva admite uma extens˜ao que ainda ´e n˜ao-expansiva. Em virtude da proposi¸c˜ao 2.6 segue que J ´e funtor covariante. Seja X espa¸co m´etrico geral, dizemos que φ ∈ bX possui supremo S(φ) ∈ X quando para todo x ∈ X satisfa¸ca a seguinte igualdade:

X(S(φ), x) = bX(φ, yx) (3.A)

Caso qualquer elemento φ ∈ J X possua supremo, dizemos que X ´e J -completo.

Conforme a defini¸c˜ao acima ´e natural considerar S como uma aplica¸c˜ao, o seguinte lema vir´a em nosso aux´ılio neste sentido:

Lema 3.1. Seja X espa¸co m´etrico geral J -completo. Ent˜ao a aplica¸c˜ao S : J X → X est´a bem definida e ´e n˜ao-expansiva. Al´em disso vale a seguinte desigualdade:

X(x, S(φ)) ≤ bX(yx, φ), quaisquer que sejam φ ∈ J X, x ∈ X (3.B)

(27)

Completamento de espa¸cos m´etricos gerais 17

Demonstra¸c˜ao. Sejam φ, ψ ∈ J X. Assim teremos: X(S(φ), S(ψ)) = |{z} (3.A) b X(φ, yS(ψ)) ≤ bX(φ, ψ)+ bX(ψ, yS(ψ)) = |{z} (3.A) b X(φ, ψ)+X(S(ψ), S(ψ)) = bX(φ, ψ)

Segue da desigualdade acima e da simetria fraca que S n˜ao depende da escolha de φ e ψ, portanto est´a bem definida e ´e n˜ao-expansiva. Al´em disso, qualquer que seja x ∈ X teremos: X(x, S(φ)) = |{z} 2.5 b X(yx, yS(φ)) = |{z} (3.A) X(S(yx), S(φ)) ≤ |{z} S n˜ao-expansiva b X(yx, φ)  Exemplo 3.2. [0, ∞] ´e J -completo, independente da escolha de J . Para observar isso, dado φ ∈ J [0, ∞] defina S(φ) = infz∈[0,∞](φ(z) + z), teremos:

[0, ∞](S(φ), x) = x− inf

z∈[0,∞](φ(z)+z) = supz∈[0,∞](x−z −φ(x)) = supz∈[0,∞]([0, ∞](z, x)−φ(z)) =

sup

z∈[0,∞]

[0, ∞](φ(z), yx(z)) = \[0, ∞](φ, yx)

Logo S ´e de fato supremo.

3.1

Completude comum para ordens parciais e espa¸

cos

etricos

Com a no¸c˜ao de completude introduzida anteriormente podemos a partir de uma escolha adequada de J generalizar as no¸c˜oes de completude usuais para espa¸cos m´etricos, ordens parciais e reticulados. Neste sentido, para X espa¸co m´etrico geral, defina o funtor completamento A : J X → X por φ ∈ AX se, e somente se, existe (xi)i∈I rede de Cauchy

de modo que φ = infi∈Isupj≥iX(−, xj).

Proposi¸c˜ao 3.3. O funtor A : Gms → Gms ´e de fato funtor completamento.

Demonstra¸c˜ao. Sejam X, Y espa¸cos m´etricos gerais. Verifiquemos que A ´e funtor com-pletamento:

i) ´E claro que AX ⊆ bX, pois se φ ∈ AX ent˜ao φ : Xop → [0, ∞] est´a bem definida.

ii) Para cada x ∈ X, tome a rede constante xi = x, para todo i ∈ I, que claramente ´e

(28)

Completamento de espa¸cos m´etricos gerais 18

iii) Seja f : X → Y n˜ao-expansiva. Tome φ ∈ AX, ent˜ao existe (xi)i∈I Cauchy a direita

tal que φ = infi∈Isupj≥iX(−, xj). Vamos mostrar que f∗(φ) = infi∈Isupj≥iY (−, f (xj)).

Ora, para todo xj ∈ (xi),y ∈ Y e x ∈ X teremos:

Y (y, f (x))+X(x, xj) ≥ Y (y, f (x))+Y (f (x), f (xj)) ≥ Y (y, f (xj)) ⇒

inf

i∈Isupj≥i X(x, xj) + Y (y, f (x)) ≥ infi∈Isupj≥i Y (y, f (xj))

Como x ´e arbitr´ario segue que f∗(φ)(y) ≥ infi∈Isupj≥iY (y, f (xj)). Para mostrar a

desigualdade oposta tome  > infi∈Isupj≥iY (y, f (xj)), para este  tome δ1, δ2 > 0

de modo que δ1+δ2 <  e δ1 > infi∈Isupj≥iY (y, f (xj)). Como δ1n˜ao ´e uma barreira

inferior para infi∈Isupj≥iY (y, f (xj)), podemos obter N1 ∈ I de modo que:

δ1 > sup j≥N1

Y (y, f (xj)) ≥ Y (y, f (xj)), ∀j ≥ N1

Uma vez que (xi) ´e Cauchy a direita podemos obter N2 ∈ I tal que para todo

j0 ≥ j ≥ N2 tenha-se X(xj, xj0) < δ2. Assim φ(xj) ≤ δ2, qualquer que seja j ≥ N2.

Como I ´e direcionado, tomando N ≥ N1 e N ≥ N2 segue que para todo j ≥ N :

 > δ1+ δ2 > Y (y, f (xj)) + φ(xj) ≥ f∗(φ)(y)

Uma vez que  foi tomado arbitr´ario segue que infi∈Isupj≥iY (y, f (xj)) ≥ f∗(φ)(y).

Portanto f∗(φ)(y) = infi∈Isupj≥iY (y, f (xj)). 

Desta maneira, conforme as seguintes proposi¸c˜oes, poderemos atrav´es do funtor A resgatar a completude de espa¸cos m´etricos e ordens parciais.

Proposi¸c˜ao 3.4. Seja X espa¸co m´etrico. X ´e completo se, e somente se, X ´e A-completo. Al´em disto, a fun¸c˜ao S : AX → X ´e isometria e vale a seguinte igualdade:

X(x, S(φ)) = bX(yx, φ), quaisquer que sejam φ ∈ J X, x ∈ X (3.C)

Demonstra¸c˜ao. Como X ´e espa¸co m´etrico, podemos fazer uso da simetria quando conveniente. Suponha X completo, tome φ = infi∈Isupj≥iX(−, xj). Fazendo uso da

proposi¸c˜ao 1.3 temos que (xi)i∈I converge, digamos para x. Em virtude da equa¸c˜ao (2.A)

teremos para todo y ∈ X: X(y, x) = X(x, y) =

|{z}

(2.A)

lim

← X(xi, y) = lim← X(y, xi) = infi∈Isupj≥i X(y, xj)

Logo yx = φ. Desta maneira defina S(φ) = x. Assim para todo z ∈ X:

(29)

Completamento de espa¸cos m´etricos gerais 19

Portanto S ´e supremo, como φ ∈ AX foi tomado arbitr´ario segue que X ´e A-completo. Al´em disso, para φ = infi∈Isupj≥iX(−, xj) e ψ = infi∈Isupj≥iX(−, yj) teremos:

b

X(φ, ψ) = sup

a∈X

[0, ∞](φ(a), ψ(a)) = sup

a∈X

[0, ∞](lim

← X(a, xj), lim← X(a, yj)) =

sup

a∈X

[0, ∞](lim

← X(xj, a), lim← X(yj, a)) = supa∈X[0, ∞](X(S(φ), a), X(S(ψ), a)) =

b

X(yS(φ))), yS(ψ)) = X(S(φ), S(ψ))

Portanto S : AX → X ´e isometria e desta maneira conforme a demonstra¸c˜ao do lema 3.1 segue que vale a equa¸c˜ao (3.C).

Reciprocamente, seja (xn)n∈Nsequˆencia de Cauchy. Tome φ = infn∈Nsupk≥nX(−, xn).

Como X ´e A-completo existe o supremo S(φ). Assim para todo z ∈ X: X(S(φ), z) = X(z, S(φ)) = |{z} (3.C) b X(yz, φ) = sup a∈X

[0, ∞](yz(a), lim

← X(a, xn)) =|{z}

2.2(iii)

sup

a∈X

lim

← [0, ∞](yz(a), X(a, xn)) = lim← supa∈X[0, ∞](yz(a), yxn(a)) = lim← X(yb z, yxn) =

lim

← X(z, xn) = lim← X(xn, z)

Segue da equa¸c˜ao 2.A que lim

→ xn = S(φ) e portanto X ´e completo. 

Proposi¸c˜ao 3.5. Seja X ordem parcial. Ent˜ao X ´e CPO se, e somente se, X ´e A-completo.

Demonstra¸c˜ao. Seja (X, ≤) ordem parcial. Ent˜ao vejamos que vale ⇐. Para isso, seja D ⊆ X direcionado. Observe que (xd)d∈D, com xd:= d ´e uma rede de Cauchy. Tomemos

agora φ o ideal associado a esta rede (xd)d∈D, i.e., φ(x) := infd∈Dsupm≥dX(x; xm). Temos

o seguinte

Fato 1: φ(x) = (

0 se x ∈↓ D

∞ caso contr´ario ´e fun¸c˜ao caracter´ıstica.

Prova. Seja x ∈↓ D, i.e., existe z ∈ D tal que x ≤ z. Como X(x; z) = 0, temos que supm≥zX(x; m) = 0, temos que infd∈Dsupm≥dX(x; m) = 0.

Se x 6∈↓ D, i.e., para todo z ∈ D tal que x 6≤ z, temos que X(x; z) = ∞, para todo z ∈ D. Consequentemente, X(x; y) = ∞ para todo y ∈↓ D, terminando a prova do Fato 1.

Como (X; ≤) ´e A-completo, φ tem supremo, ou seja, existe S(φ) tal que para todo x ∈ X,

X(S(φ); x) = bX(φ; yx)

Observe que temos as seguintes equivalˆencias

S(φ) ≤ x sse X(S(φ); x) = 0 sse X(φ; yb x) = 0. Pela defini¸c˜ao de bX(φ; yx) temos para todo z ∈ X que

(30)

Completamento de espa¸cos m´etricos gerais 20

b

X(φ; yx) = 0 sse yx(z) = X(z; x) ≤ φ(z). (∗)

Vamos mostrar o seguinte

Fato 2: X(φ; yb x) = 0 sse ↓ D ⊆↓ x.

Prova. Seja z ∈↓ D, i.e., existe y ∈ D tal que z ≤ y. Ent˜ao, φ(z) = 0. Se z 6≤ x ent˜ao X(z; x) = ∞. Mas a´ı, temos uma contradi¸c˜ao a (∗). Logo z ∈↓ x.

Reciprocamente, seja z ∈ X. Se z ∈↓ D, ent˜ao z ∈↓ x, e consequentemente, X(z; x) = 0. Caso contr´ario, φ(z) = ∞. Em ambos os casos, temos bX(φ; yx) = 0, terminando a prova

do Fato 2.

O pr´oximo fato ´e

Fato 3: ↓ D ⊆↓ x sse D ⊆↓ x.

Prova. Como D ⊆↓ D, vale ⇒. A volta, segue do fato que ↓ ´e um operador de fecho de Tarski, onde vale em particular, ↓↓ D =↓ D.

Usando os Fatos 1, 2 e 3, obtemos que

S(φ) ≤ x sse D ⊆↓ x. ∀x ∈ X. Assim, S(φ) =F D, e (X; ≤) ´e uma CPO.

Vejamos agora ⇒, ou seja, X(; ≤) ´e A-completo. Seja para isso, φ(x) := infi∈Isupj≥iX(x; xj)

para alguma rede de Cauchy.

Sabemos que existe i0 ∈ I tal que xn ≤ xm para todo i0 ≤ n ≤ m. (∗∗).

Tomemos Di0 := {xi| i ∈ I & i0 ≤ i}. Assim, sendo Di0 uma cadeia, Di0 ´e direcionado.

Seja agora D :=↓ Di0. Como (X; ≤) ´e CPO, existe F D em X.

Agora observe que φ(x) = (

0 se x ∈↓ Di0

∞ caso contr´ario

Para ver isso, seja x ∈ D. Logo existe k ∈ I tal que x ≤ xk e i0 ≤ k. Por (∗∗), temos

que x ≤ xk ≤ xn para todo n ≥ k. Portanto, X(x; xn) = 0, para todo n ≥ k. Assim,

supn≥kX(x; xn) = 0.Pela defini¸c˜ao de φ, temos que φ(x) = 0, neste caso.

Seja agora x 6∈ D, ou seja, x 6≤ z para todo z ∈ Di0. Temos ent˜ao X(x; z) = ∞,

∀z ∈ Di0 e portanto φ(x) = ∞. Assim temos as seguintes equivalˆencias

F D ≤ x sse X(F D; x) = 0 sse D ⊆↓ x sse Di0 ⊆↓ x sse X(φ; yb x) = 0.

Logo F D ´e o supremo de φ.  Para ordens parciais podemos considerar o funtor c(.)X = bX, observe que ´e imedi-ato que este funtor ´e de fato um funtor completamento. Conforme a seguinte proposi¸c˜ao, esta escolha nos permitir´a resgatar a completude de reticulados.

Proposi¸c˜ao 3.6. Seja X ordem parcial. X ´e um reticulado completo se, e somente se, X ´e c(.)-completo.

(31)

Completamento de espa¸cos m´etricos gerais 21

por:

φ(z) = (

0 se z ∈ ↓ A ∞ caso contr´ario

Uma vez que X ´e c(.)-completo, vamos mostrar que W ↓ A = S(φ).

Ora, seja x ∈↓ A, pela defini¸c˜ao de φ e aplicando o Lema de Yoneda teremos 0 = φ(x) = b

X(yx, φ) ≥

|{z}

3.B

X(x, S(φ)). Logo X(x, S(φ)) = 0 e portanto x ≤ S(φ).

Por outro lado, se z ∈ X ´e tal que x ≤ z, qualquer que seja x ∈ ↓ A, teremos: X(S(φ), z) = bX(φ, yz) = sup

a∈X

[0, ∞](φ(a), X(a, z))

Se a ∈ ↓ A, pela escolha de z temos X(a, z) = 0, assim [0, ∞](φ(a), X(a, z)) = 0. Por outro lado, se a /∈ ↓ A teremos que φ(a) = ∞ e portanto [0, ∞](φ(a), X(a, z)) = 0. Desta maneira, qualquer que seja a ∈ X temos [0, ∞](φ(a), X(a, z)) = 0, logo X(S(φ), z) = 0 e assim S(φ) ≤ z.

Portanto concluimos que existe W ↓ A, uma vez que A ⊆ X foi tomado arbitr´ario segue da proposi¸c˜ao 1.2 que X ´e reticulado completo.

Reciprocamente, suponha X reticulado completo. Para φ ∈ bX, tome A = φ−1(∞). Observe que A = ↑ A, pois se z ∈ ↑ A podemos obter h ∈ A tal que h ≤ z, como φ ´e n˜ao-expansiva φ(h) ≤ φ(z) e assim φ(z) = ∞. Desta maneira defina S(φ) =W X\ ↑ A, vamos mostrar que S ´e supremo.

Ora, para cada x ∈ X teremos:

0 = X(S(φ), x) = X(_X\ ↑ A, x) ⇔ X\ ↑ A ⊆ ↓ {x} ⇔ X\ ↓ {x} ⊆ ↑ A

Se a ∈ ↓ {x} temos X(a, x) = 0, caso contr´ario teremos a ∈ ↑ A e assim φ(a) = ∞, logo em qualquer caso teremos [0, ∞](φ(a), X(a, x)) = 0. Por outro lado, se [0, ∞](φ(a), X(a, x)) = 0, ∀ a ∈ X, isto significa que sempre X(a, x) ≤ φ(a), em particular para a /∈↓ {x} valer´a X(a, x) = ∞ e assim φ(a) = ∞. Desta maneira, teremos:

X\ ↓ {x} ⊆ ↑ A ⇔ [0, ∞](φ(a), X(a, x)) = 0, ∀ a ∈ X ⇔ bX(φ, yx) = 0

Logo X(S(φ), x) = 0 ⇔ bX(φ, yx) = 0, qualquer que seja x ∈ X. Como X ´e ordem parcial

X(−, −) s´o assume valores 0 e ∞, desta maneira X(S(φ), x) = ∞ ⇔ bX(φ, yx) 6= 0, mas

neste caso podemos obter a ∈ X de modo que yx(a) − φ(a) 6= 0, novamente levando

em considera¸c˜ao que X ´e ordem parcial ter´a que ocorrer yx(a) − φ(a) = ∞ e assim

X(S(φ), x) = ∞ ⇔ bX(φ, yx) = ∞. Assim X(S(φ), x) = bX(φ, yx), qualquer que seja

(32)

Completamento de espa¸cos m´etricos gerais 22

3.2

Completamento de direcionados

Conforme a no¸c˜ao de completude introduzida no cap´ıtulo anterior, dado um espa¸co m´etrico geral X podemos nos questionar a completude de conjuntos direciona-dos com respeito `a ordem ≤X herdada da m´etrica de X. Neste caminho, dizemos que um

funtor completamento J ´e admiss´ıvel se para qualquer que seja X espa¸co m´etrico geral J -completo, tenha-se (X, ≤X) pre-CPO.

Exemplo 3.7. Para X espa¸co m´etrico geral, considere o funtor YX = {yx; x ∈ X}.

Observe que Y ´e funtor completamento pois: f∗(X(−, z)) = inf

x∈X(X(x, z) + Y (−, f (x))) = Y (−, f (z))

Definindo S(yz) = z, qualquer que seja z ∈ X, em virtude do Lema de Yoneda teremos

que X ´e Y-completo. Em particular, tomando X = N e considerando a ordem usual, teremos que N ´e Y-completo, mas n˜ao ´e pre-CPO. Logo Y n˜ao ´e admiss´ıvel.

O funtor anterior conforme mostrado n˜ao ´e admiss´ıvel. Para nosso aux´ılio, con-forme as seguintes proposi¸c˜oes, vamos verificar que tanto A quanto c(.) s˜ao admiss´ıveis. Proposi¸c˜ao 3.8. O funtor A ´e admiss´ıvel.

Demonstra¸c˜ao. Sejam X espa¸co m´etrico geral A-completo e I ⊆ X direcionado com respeito a ≤X. Defina xi = i, i ∈ I, observe que (xi)i∈I ´e rede de Cauchy `a direita.

Para esta rede tome φ = infi∈Isupj≥iX(−, xj), uma vez que X ´e A-completo existe S(φ).

Vamos mostrar queF I = S(φ).

Seja k ∈ I, temos φ(xk) ≤ supj≥kX(xk, xj) = 0. Logo pelos lemas de Yoneda e

(3.1) temos 0 = φ(xk) = bX(yxk, φ) ≥ X(xk, S(φ)), assim xk ≤X S(φ). Se u ∈ X ´e tal que

xi ≤X u, qualquer que seja i ∈ I, teremos X(xi, u) = 0 e assim:

0 = lim

→ X(xi, u) = lim→ X(yb xi, yu) = lim→ supa∈X[0, ∞](yxi(a), yu)(a) = supa∈Xlim→[0, ∞](yxi(a), yu(a))

= |{z} (2.2)(iv) sup a∈X [0, ∞](lim ← yxi(a), yu(a)) = bX(φ, yu) = X(S(φ), u) Portanto S(φ) ≤X u. 

Proposi¸c˜ao 3.9. Seja X espa¸co m´etrico geral c(.)-completo, ent˜ao (X, ≤X) ´e reticulado

completo. Em particular c(.) ´e admiss´ıvel.

Demonstra¸c˜ao. Primeiramente observe que bX ´e um reticulado completo com respeito a ≤

b

X, para observar isto dado Y ⊆ bX tome W Y (x) = W{φ(a), φ ∈ Y & a ∈ [0, ∞]}, para

(33)

Completamento de espa¸cos m´etricos gerais 23

barreiras superiores com respeito a ≤Xb. Al´em disso ⊥Xb(a) = ∞, para todo a ∈ [0, ∞], ´e o menor elemento de bX e assim ⊥

b

X ∈ bX. Vamos mostrar agora que (X, ≤X) ´e reticulado

completo.

Seja A ⊆ X, defina y[A] = {ya; a ∈ A}, verifiquemos que S(WXby[A]) ´e supremo

de A. Dado a ∈ A, temos ya ≤Xb

W

b

Xy[A], uma vez que S ´e n˜ao-expansiva teremos

a = S(ya) ≤X S(

W

b

Xy[A]). Por outro lado, se u ∈ X ´e tal que a ≤X u, para todo a ∈ A,

em virtude da isometria de y teremos ya ≤Xb yu e assim

W

b

Xy[A] ≤Xb yu, portanto segue

que S(W

b

Xy[A]) ≤X S(yu) = u. Conforme observado anteriormente temos que ⊥Xb ´e o

menor elemento de bX, como S ´e n˜ao-expansiva segue que S(⊥

b

X) ´e o menor elemento de

(34)

Cap´ıtulo 4

Teoremas de ponto fixo

Dado um conjunto X e uma aplica¸c˜ao f : X → X, podemos nos questionar a existˆencia de pontos x ∈ X tais que f (x) = x, quais s˜ao ditos pontos fixos. A existˆencia de tais pontos podem ter diversas consequˆencias, por exemplo, se Ax = 0 ´e um sistema de equa¸c˜oes, a existˆencia de pontos fixos para A + I garante a solu¸c˜ao deste sistema. Al´em disso, sob algumas hip´oteses acerca da aplica¸c˜ao f e a estrutura de X, pontos fixos podem implicar convergˆencia.

Para espa¸cos m´etricos e ordens parciais s˜ao bem conhecidos os teoremas de ponto fixo de Banach e Knaster-Tarski, conforme enunciado:

Teorema 4.1 (Banach). Seja X espa¸co m´etrico completo. Se f : X → X ´e uma con-tra¸c˜ao, isto ´e, existe 0 < λ < 1 tal que d(f (x), f (y)) ≤ λd(x, y), quaisquer que sejam x, y ∈ X. Ent˜ao f tem um ´unico ponto fixo.

Teorema 4.2 (Knaster-Tarski). Seja X um reticulado completo. Se f : X → X preserva ordem, ent˜ao f tem menor e maior ponto fixo.

Atrav´es do teorema do Ponto Fixo de Banach pode-se demonstrar os conhecidos Teorema de Picard, que garante existˆencia e unicidade de solu¸c˜oes para equa¸c˜oes difer-encias, e o Teorema da Fun¸c˜ao Inversa para aplica¸c˜oes diferenci´aveis. Como aplica¸c˜ao do Teorema do Ponto Fixo de Knaster-Tarski tem o conhecido Teorema de Schr¨ oder-Bernstein, que garante a existˆencia de uma bije¸c˜ao entre conjuntos A e B caso exista uma fun¸c˜ao injetiva de A em B e de B em A.

Nas pr´oximas se¸c˜oes, vamos mostrar que ambos s˜ao corol´arios de um ´unico teo-rema, cujas hip´oteses s˜ao impostas em espa¸cos m´etricos gerais.

(35)

Teoremas de ponto fixo 25

4.1

O teorema do Ponto Fixo de Pataraia

Conforme ´e conhecido para ordens parciais, pelo teorema (4.15) em [3], dado X CPO e f : X → X preservando ordem ´e poss´ıvel obter ponto fixo para f . Como mostrado por Pataraia [6], este teorema possui uma demonstra¸c˜ao construtiva, como segue:

Teorema 4.3. Seja (X, ≤) CPO e suponha que f : X → X preserva ordem. Ent˜ao f tem menor ponto fixo.

Demonstra¸c˜ao. Seja H = {A ⊆ X; f (A) ⊆ A e A ´e sub-CPO de X}, observe que Y = {x ∈ X; x ≤ f (x)} ∈ H. Tome C =T{A; A ∈ H}, C 6= ∅ pois ⊥ ∈ C, observe que f : C → C est´a bem definida e al´em disto x ≤ f (x), para todo x ∈ C, uma vez que C ⊆ Y .

Defina E(C) = {ϕ : C → C; x ≤ ϕ(x) , ∀x ∈ C e ϕ preserva ordem }, temos que E(C) 6= ∅ pois f ∈ E(C), al´em disto munido com a ordem por coordenadas ≤0 definida por φ ≤0 ψ se, e somente se, φ(a) ≤0 ψ(a), para todo a ∈ C, temos que (E(C), ≤0) ´e ordem parcial. Vamos mostrar que E(C) ´e pre-CPO.

Seja {ϕi}i∈I fam´ılia direcionada, defina (F ϕi)(x) = F ϕi(x), para todo x ∈

C. Esta fun¸c˜ao est´a bem definida pois, uma vez que {ϕi}i∈I ´e direcionado, temos que

{ϕi(x)}i∈I ´e direcionado e como C ´e CPO segue que F ϕi(x) ∈ C. Resta mostrar que

F ϕi ∈ E(C). Ora, se x, y ∈ C ´e tal que x ≤ y, uma vez que ϕi preserva ordem

temos que ϕi(x) ≤ ϕi(y), para todo i ∈ I, assim F ϕi(x) ≤ F ϕi(y). Al´em disto temos

x ≤ ϕi(x) ≤F ϕi(x) = (F ϕi)(x). AssimF ϕi ∈ E(C).

O grande passo desta demonstra¸c˜ao ´e observar que E(C) ´e direcionado. Para verificar isto dados φ, ψ ∈ E(C), tome h = φ ◦ ψ. ´E claro que h preserva ordem, como x ≤ φ(x) e x ≤ ψ(x), para todo x ∈ C, segue que x ≤ ψ(x) ≤ φ(ψ(x)) = h(x) e assim h ∈ E(C). Al´em disto, conforme a desigualdade anterior, temos ψ(x) ≤ h(x) e x ≤ ψ(x), para todo x ∈ C, como φ preserva ordem teremos tamb´em φ(x) ≤ φ(ψ(x)) = h(x) e portanto φ ≤0 h e ψ ≤0 h, assim E(C) ´e direcionado. Uma vez que E(C) ´e pre-CPO, temos ent˜ao que E(C) tem > =W E(C), o denotemos por m : C → C. Vamos mostrar que m(⊥) ´e o menor ponto fixo de f .

Ora, como m ´e o maior elemento de E(C), temos que f ◦ m ≤0 m, conforme observado anteriormente sempre vale m ≤0 f ◦ m, assim f ◦ m = m e portanto f (m(⊥)) = m(⊥). Al´em disto seja x ∈ X outro ponto fixo de f , observe que ↓ {x} ∈ H, logo C ⊆ ↓ {x} e como m(⊥) ∈ C, segue que m(⊥) ≤ x.  Teorema 4.3 (bis). Seja (X, ≤) pre-CPO e f : X → X. Suponha que f preserva ordem e existe x∗ ∈ X tal que x∗ ≤ f (x). Ent˜ao f tem ponto fixo, qual ´e o menor acima de

(36)

Teoremas de ponto fixo 26

Demonstra¸c˜ao. Os passos s˜ao an´alogos a demonstra¸c˜ao anterior, exceto pelo fato de usar a hip´otese de x∗ ≤ f (x∗) ao inv´es das propriedades de ⊥.

 Fazendo uso do Teorema de Pataraia, obteremos o seguinte teorema para espa¸cos m´etricos gerais, cujas hip´oteses permitir˜ao obter os teoremas do ponto fixo de Banach e Knaster-Tarski para espa¸cos m´etricos gerais.

Teorema 4.4. Sejam J admiss´ıvel , X espa¸co m´etrico geral J -completo e f : X → X n˜ao-expansiva. Se existe φ ∈ J X tal que f∗(φ) = φ, ent˜ao f tem ponto fixo, qual ´e o menor acima de S(φ) com respeito a ≤X.

Demonstra¸c˜ao. Seja φ ∈ J X tal que f∗(φ) = φ, uma vez que X ´e J -completo, existe S(φ). Desta maneira temos que:

X(S(f∗(φ)), f (S(φ))) = bX(f∗(φ), yf (S(φ))) = sup a∈X [yf (S(φ))(a)−f∗(φ(a))] = sup a∈X [yf (S(φ))− inf b∈X(φ(b)+X(a, f (b)))] = sup a∈X [sup b∈X

(X(a, f (S(φ))) − φ(b) − X(a, f (b)))] [Lema 2.3] ≤ sup a∈X sup b∈X [X(f (b), f (S(φ))) − φ(b)] [Desigualdade Triangular] ≤ sup b∈X [X(b, S(φ)) − φ(b)] [f n˜ao-expansiva] = sup b∈X

[X(b, S(φ)) − bX(yb, φ)] [Lema de Yoneda]

≤ sup

b∈X

[X(b, S(φ)) − X(b, S(φ))] = 0 [Lema 3.1] Logo X(S(f∗(φ)), f (S(φ))) = 0 e portanto S(f∗(φ)) ≤X f (S(φ)). Por hip´otese J ´e

admiss´ıvel, assim (X, ≤X) ´e pre-CPO, uma vez que f ´e n˜ao-expansiva e f∗(φ) = φ temos

que f preserva ordem com respeito a ≤X e S(φ) ≤X f (S(φ)). Aplicando o teorema 4.3

bis segue que f tem ponto fixo, qual ´e o menor acima de S(φ) com respeito a ≤X. 

4.2

Os teoremas de Banach e Knaster-Tarski para

espa¸

cos m´

etricos gerais

Conforme as hip´oteses do teorema anterior, para a obten¸c˜ao de pontos fixos para uma fun¸c˜ao f ´e suficiente a existˆencia destes para f∗. Neste caminho a seguinte proposi¸c˜ao vir´a em aux´ılio:

Proposi¸c˜ao 4.5. Sejam X espa¸co m´etrico geral e f : X → X n˜ao-expansiva. Se para al-gum x0 ∈ X a sequˆencia (fn(x0))n∈N´e Cauchy `a direita, ent˜ao φ = infn∈Nsupk≥nX(−, fk(x0))

(37)

Teoremas de ponto fixo 27

Demonstra¸c˜ao. Para mostrar a igualdade f∗(φ) = φ, vamos verificar ambas desigual-dades com respeito a ≤

b X.

Sejam n ∈ N, z ∈ X e  > 0 fixados. Uma vez que (fn(x

0))n∈N ´e Cauchy `a

direita, tome m ∈ N de modo que para todo k ≥ m ≥ n tenha-se X(fm(x0), fk(x0)) < .

Assim supk≥mX(fm(x0), fk(x0)) ≤ . Logo teremos:

sup k≥n X(z, fk(x0)) +  ≥ sup k≥m X(z, fk(x0)) +  ≥ X(z, fm+1(x0)) + sup k≥m X(fm(x0), fk(x0)) ≥ inf

a∈X[X(z, f (a)) + supk≥mX(a, f k

(x0))] ≥ inf

a∈X[X(z, f (a)) + infm∈Nk≥msupX(a, f k

(x0))] = f∗(φ)(z)

Uma vez que  > 0 foi tomado arbitr´ario teremos f∗(φ)(z) ≤ supk≥nX(z, fk(x

0)). Como

n ∈ N foi tomado arbitr´ario obtemos f∗(φ)(z) ≤ infn∈Nsupk≥nX(z, fk(x

0)) = φ(z).

Logo f∗(φ)(z) − φ(z) ≤ 0, uma vez que a escolha de z ∈ X foi arbitr´aria segue que supz∈X[f∗(φ)(z) − φ(z)] ≤ 0 e assim bX(φ, f∗(φ)) = 0. Portanto φ ≤Xb f∗(φ).

Para mostrar a desigualdade oposta, sejam y, z ∈ X e n ∈ N fixados. Tome k ≥ n, uma vez que f ´e n˜ao-expansiva teremos:

X(y, f (z)) + X(z, fk(x0)) ≥ X(y, f (z)) + X(f (z), fk+1(x0)) ≥ X(y, fk+1(x0)). Assim:

X(y, f (z))+sup

k≥n

X(z, fk(x0)) ≥ sup k≥n

X(y, fk+1(x0)). Como n foi tomado arbitr´ario vale:

X(y, f (z))+ inf n∈Nsupk≥nX(z, f k (x0)) ≥ inf n∈Nsupk≥nX(y, f k+1

(x0)) e assim: X(y, f (z))+φ(z) ≥ φ(y)

Uma vez que z foi tomado arbitr´ario teremos inf

z∈X[X(y, f (z)+φ(z))] ≥ φ(y) e assim

f∗(φ)(y) ≥ φ(y). Como y foi tomado arbitr´ario segue que f∗(φ) ≤Xb φ.  Em virtude do Teorema 4.4 e fazendo uso da proposi¸c˜ao anterior, estaremos em condi¸c˜oes de demonstrar os teoremas de Banach e Knaster-Tarski, cujas hip´oteses tomadas em espa¸cos m´etricos gerais coincidem com as hip´oteses dos teoremas originais, em virtude das proposi¸c˜oes 3.4, 3.6, 3.8 e 3.9.

Teorema 4.6 (Banach). Sejam X espa¸co m´etrico geral A-completo e f : X → X con-tra¸c˜ao, isto ´e, existe 0 < λ < 1 tal que X(f (x), f (y)) ≤ λ.X(x, y) < ∞, para todo x, y ∈ X. Ent˜ao f tem um ´unico ponto fixo.

Demonstra¸c˜ao. Seja x0 ∈ X, vamos mostrar que fn(x0) ´e Cauchy `a direita. Ora, para

cada p ∈ N teremos: X(fn(x0), fn+p(x0)) ≤ p−1 X i=0 X(fn+i(x0), fn+i+1(x0)) ≤ p−1 X i=0 λn+iX(x0, f (x0))

(38)

Teoremas de ponto fixo 28 = λnX(x0, f (x0)) p−1 X i=0 λi < λn.X(x0, f (x0)) ∞ X i=0 λi = λ n 1 − λX(x0, f (x0))

Uma vez que 0 < λ < 1 temos que 1−λλn X(x0, f (x0)) → 0, assim dado  > 0 podemos

tomar n0 ∈ N de modo que para todo n ≥ n0 tenha-se X(fn(x0), fn+p(x0)) < . Como

p ∈ N foi tomado arbitr´ario segue que X(fn(x

0), fm(x0)) < , para todo m ≥ n ≥ n0.

Portanto fn(x

0) ´e Cauchy `a direita.

Desta maneira, pela proposi¸c˜ao 4.5 φ = infn∈N supk≥nX(−, fk(x0)) ´e um ponto

fixo para f∗, qual pertence a AX. Pela proposi¸c˜ao 3.8 temos que o funtor A ´e admiss´ıvel, uma vez que X ´e A-completo segue pelo teorema 4.4 que f possui ponto fixo.

Se a, b ∈ X s˜ao pontos fixos para f , teremos X(a, b) = X(f (a), f (b)) ≤ λX(a, b) e assim (1 − λ)X(a, b) ≤ 0. Como (1 − λ) > 0 segue que X(a, b) = 0. De modo an´alogo X(b, a) = 0 e assim em virtude da simetria fraca a = b.

Portanto f possui um ´unico ponto fixo.  Teorema 4.7 (Knaster-Tarski). Seja X espa¸co m´etrico geral c(.)-completo. Se f : X → X ´e n˜ao-expansiva, ent˜ao f tem menor e maior ponto fixo.

Demonstra¸c˜ao. Por hip´otese temos que X ´e c(.)-completo, logo pela proposi¸c˜ao 3.9 (X, ≤X) ´e um reticulado completo, desta maneira teremos que fn(⊥) ´e Cauchy `a direita,

pois como f ´e n˜ao-expansiva vale:

⊥ ≤X f (⊥) ≤X f2(⊥) ≤X ... ≤X fn(⊥) ≤X ...

E assim para qualquer  > 0 se n ≥ m ≥ 0 teremos X(fm(⊥), fn(⊥)) = 0 < . Logo pela proposi¸c˜ao [4.5] φ = infn∈Nsupk≥nX(−, fk(⊥)) ´e ponto fixo para f∗, por 3.9 temos que

c

(.) ´e admiss´ıvel e portanto pelo teorema [4.4] segue que f tem menor ponto fixo, digamos x1, qual ´e o menor acima de S(φ).

Por outro lado, conforme a demonstra¸c˜ao do lema 3.8, temos que S(φ) =W

n∈Nf n(⊥).

Se x2 for outro ponto fixo para f , temos sempre que ⊥ ≤X x2, e assim como f ´e n˜

ao-expansiva teremos fn(⊥) ≤X fn(x2) = x2, para todo n ∈ N, da´ıWn∈Nfn(⊥) ≤X x2.

Como x1 ´e o menor ponto fixo de f acima de

W

n∈Nf

n(⊥), segue que x

1 ≤X x2. Portanto

x1 ´e o menor ponto fixo de f em X.

Uma vez que f ´e n˜ao-expansiva em X se, e somente se, ´e n˜ao-expansiva em Xop

a mesma constru¸c˜ao levar´a a obter o menor ponto fixo para f em Xop, consequentemente

(39)

Referˆ

encias

[1] Bonsangue, M., van Breugel, F., Rutten, J. (1998) Generalized metric spaces: comple-tion, topology, and power domains via the Yoneda embedding Theoretical Computer Science. 193, p. 1-51.

[2] Dalen, Dirk van Logic and structure. 3rd augm. ed. Berlin: Springer, 1997.

[3] Davey, B. A, Priesley H. A. Introduction to Lattices and Order. Cambridge University Press, 1990.

[4] Goldblatt, R. Topoi, The Categorial Analysis of Logic. Revised edition. Elsevier Sci-ence Publishers B. V., 1984.

[5] Kostanek M., Waszkiewicz, P. (2011) Reconciliation of elementary order and metric fixpoint theorems. Pre-print, dispon´ıvel em: http://tcs.uj.edu.pl/Waszkiewicz

[6] Waszkiewicz, P. (2010) Common patterns for metric and ordered fixed point theorems. In Proceedings of the 7th Workshop on Fixed Points in Computer Science (Luigi Santocanale ed.), pp. 83-87.

Referências

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