Geotecnia Ambiental:
Geotecnia Ambiental:
reflexões de um observador
reflexões de um observador
Palestra apresentada no 8º Congresso
da Sociedade Portuguesa de
Geotecnia
Riscos, Engenharia Civil, Geotecnia
Riscos, Engenharia Civil, Geotecnia
z Diariamente tomamos decisõesdecisões que envolvem
riscos
z Prescrições de normas e códigos visam a reduzir
riscos de engenharia a níveis aceitáveis pela sociedade
z Engenheiros civis são profundamente
conservadores
z Engenheiros geotécnicos têm pouco apreço por
normas e códigos
z Riscos geo-ambientais passaram a ser
Riscos e Geotecnia Ambiental (GA)
Riscos e Geotecnia Ambiental (GA)
z
Dificuldades
– Operacional: riscos
• Formalização do tratamento
• Quantificação
– Fundamental: caráter interdisciplinar
•
• Não bastaNão basta mais conhecer apenas a Física de Solos e Rochas
Capítulos da palestra
Capítulos da palestra
z
z
Dificuldade operacional (DO)
Dificuldade operacional (DO)
z
z
Dificuldade fundamental (DF)
Dificuldade fundamental (DF)
z
z
Exemplo de aplicação
Exemplo de aplicação
z
Dificuldade operacional (DO)
Acepções de
Acepções de
risco
risco
z
“O risco desta apólice de seguros é
elevado”
z
“O risco de chuva nesta tarde é
mínimo”
z
“Há um grave risco de generalização
Componentes do
Componentes do
risco
risco
z
Componentes
– Incerteza – Conseqüências zQuantificação
– Probabilidade do evento indesejável – Atributos • Econômicos • AmbientaisPor que quantificar
Por que quantificar
?
?
z
Para tomar decisões
decisões
equilibradas e
fundamentadas
– caso a caso
– na elaboração de códigos e normas
z
Para não correr riscos desnecessários
Risco = incerteza x conseqüência
Risco = incerteza x conseqüência
C = 0 C = C* p
1 - p Risco = E[C] = p . C*
Risco = conseqüência esperada
Risco = conseqüência esperada
p1 pi p2 pn C = Cn C = Ci Risco = E[C] = pi . Ci C = C2
Obs.: notação indicial
Média ponderada de conseqüências
Média ponderada de conseqüências
Cx Px 0 10-4 10-3 10-1 10-2 0 0.1M$ 1M$ 10M$ 100M$
Decisão: minimizar risco
Decisão: minimizar risco
R[An] = E[C | An]
R[A1] = E[C | A1] A1
An Critério de decisão: escolher a ação
Aj tal que R[Aj] = min E[C | Ai] A
i
Matriz pseudo
Matriz pseudo
-
-
quantitativa
quantitativa
5 4 3 Alta 4 3 2 Média 3 2 1 Baixa Conseqüência Alta Média Baixa Probabilidade
Escalas logarítmicas
Escalas logarítmicas
Cx Px 0 10-4 10-3 10-1 10-2 0 0.1M$ 1M$ 10M$ 100M$Matriz quase quantitativa A (“R
Matriz quase quantitativa A (“R
A
A
”)
”)
5 4 3 > 1000 4 3 2 1 a 1000 3 2 1 < 1 Conseqüência > 10-2 10-4 a 10-2 < 10-4 Probabilidade
Matriz quase quantitativa B (“R
Matriz quase quantitativa B (“R
B
B
”)
”)
9 6 3 > 1000 6 4 2 1 a 1000 3 2 1 < 1 Conseqüência > 10-2 10-4 a 10-2 < 10-4 Probabilidade
Comparação de
Comparação de
riscos
riscos
“RB” “RA” E[C] C p Situação hipotética 6 4 0,1 5 0,02 3 6 4 1,5 1500 0,001 2 4 3 2,5 500 0,005 1
Extensão dos efeitos da DO em GA
Extensão dos efeitos da DO em GA
z Mapas de “riscos” incompatíveis com decisões
fundamentadas em critérios demonstráveis e defensáveis
z Dissertações e teses sem demonstração de
validade – Análise de riscos – Análise de decisões – Análise hierárquica – Lógica difusa – Árvores de falhas – Árvores de eventos
Recomendações (DO)
Recomendações (DO)
z Ter em mente que riscos são quantificados para
melhorar a qualidade das decisõesdecisões
z Certificar-se de que as escalas de riscos adotadas
têm condições de bem reproduzir as preferênciaspreferências
de quem tomará a decisão
z Matrizes com escalas simplificadas podem ser
produto final
produto final, para facilitar aplicação, mas não ponto de partida
z Examinar formulações teóricas consagradasconsagradas em
outras áreas
– Teoria da Utilidade – Análise de Decisões
Dificuldade fundamental (DF)
Ambiental = multidisciplinar
Ambiental = multidisciplinar
zSolos e
Rochas
– – Física Física – – Interação Interação química química – – Interação Interação biológica zPoluentes
– – QuímicaQuímica – – Interação Interação física física – – Interação Interação biológica zOrganismos
vivos
– – BiologiaBiologia – – Interação Interação química química – – Interação Interação físicaRisco Ambiental = multidisciplinar
Risco Ambiental = multidisciplinar
z
Solos e rochas,
poluentes,
organismos
vivos
– – Física Física – – QuímicaQuímica – – Biologia zAnálise de riscos
–– Teoria da UtilidadeTeoria da Utilidade
–
– Análise de DecisõesAnálise de Decisões
–
– Pesquisa operacional
Solução típica de contenção
Solução típica de contenção
Leachate (co) Liner Foundation Soil Waste Percolation Contaminant Transport (c, J) Precipitation (P) Cover Surface Runoff (Rs) Evaporation & Transpiration (ET) 3 4 1 2
Exemplos de “surpresas” da GA
Exemplos de “surpresas” da GA
z
Condições anaeróbicas podem
propiciar o aparecimento de
compostos com maior mobilidade ou
toxicidade (caso do arsênico)
z
Difusão molecular pode tornar-se
mais importante do que advecção
através de contenções de baixíssima
condutividade hidráulica
Extensão dos efeitos da DF em GA
Extensão dos efeitos da DF em GA
z Profissionais em Geotecnia (tradicional) passam a denominar
riscos, indiscriminadamente, todos os novos desafios
multidisciplinares nos quais se sentem pouco proficientes
z Mapas de “riscos” incorretamente denominados
– Mapas de ameaças ou perigos (“hazards”) – Mapas de vulnerabilidade
– Mapas de riscos (devem incluir conseqüências)
z Banalização do conceito de risco (comparar com situações homólogas em Geotecnia tradicional)
z Atraso na aplicação efetiva da Análise de Riscos a problemas
Condicionantes do risco
Condicionantes do risco
Fontes de contam inação Receptores Trajetórias de exposição RiscoAnalogias
Analogias
z
Fontes de contaminação
≈ ações
+
z
Trajetórias de exposição
≈ sistema
=
Resposta = concentrações
Resposta = concentrações
p1 pi p2 pn C = Cn C = Ci Risco = E[C] = pi . Ci C = C2Obs.: notação indicial
Eficácia de tratamento
Eficácia de tratamento
R[An] = E[C | An] R[A1] = E[C | A1] A1 An Critério de decisão: escolher a açãoAj tal que R[Aj] = min E[C | Ai] A
i
Requisitos do receptor
Requisitos do receptor
z
Receptor decide se resposta é
aceitável
z
Profissional de GA elabora, em nome
do receptor, normas e códigos com
prescrições que permitam obter
Eficiência do tratamento
Eficiência do tratamento
V2 / (C0 – E[C | A2]) V1 / (C0 – E[C | A1]) Rela Relaçãção o custo/benefcusto/benefííciocio
V2 V1 Custo C0 - E[C | A2] C0 - E[C | A1] Benefício 2 1 Alternativa
Aceitabilidade do tratamento
Aceitabilidade do tratamento
z Como definir quais as respostas aceitáveis? z Quanto investir para tratar?
z Qual o nível de contaminação aceitável pela
sociedade local
sociedade local?
z O que exigir nas normas e códigos? z Análise de Decisões com
múltiplos objetivos ⇒ atributos
• Econômicos
• Ambientais
Saneamento básico no Brasil
Recomendações (DF)
Recomendações (DF)
z
Não tratar questões relativas ao caráter
multidisciplinar como se foram riscos
z
Aplicar formulações teóricas consagradas
em outras áreas para escrever normas e
códigos que reflitam preferências da
sociedade local
local
– Teoria da Utilidade – Análise de Decisões
Exemplo de aplicação
Caso de um aterro de resíduos
Caso de um aterro de resíduos
z
Aterro controlado (cresce à razão de
50.000 kN / dia)
z
Células envolvidas por solo compactado
zDrenagem de chorume e gases
z
Dados de ruptura disponíveis para
retroanálise (com dificuldades na estimativa
das pressões neutras, sobretudo de gases)
z
Objetivo: escolher inclinação dos taludes
Conseqüências: o problema
Conseqüências: o problema
z
Diferentes conseqüências a “jusante”
– Talude 1: estrada secundária praticamentesem uso
• p1 = probabilidade de escorregamento
• C1 = conseqüência do escorregamento
– Talude 2: moradias de população de baixa
renda
• p2 = probabilidade de escorregamento
Critério: risco uniforme
Critério: risco uniforme
Probabilidades de escorregamento
Probabilidades de escorregamento
z
Maiores superfícies (
⇒ maiores volumes)
não são necessariamente as mais críticas
– Maior número de elementos independentes ⇒
menor variabilidade da integral de resistências (Úlpio Nascimento e Castel Branco Falcão,
Revista Geotecnia)
z
Aspectos de fiabilidade do sistema
– Admitiu-se, simplificadamente, que aprobabilidade de escorregamento do talude fosse aquela da superfície mais provável (superfície crítica)
Mecanismo de escorregamento
Mecanismo de escorregamento
z
Dificuldade de estimar a dimensão dos
elementos independentes
– avaliadas algumas hipóteses, com base nas
dimensões das células (desde 0,5 L até 5 L)
z
Dificuldade de estimar pressões neutras
– de água• retroanálise de um escorregamento ocorrido (apesar
das influências desconhecidas das pressões de gás)
• hipóteses diversas (ru, piezométricas por camada)
– de gás
Estimativa de conseqüências
Estimativa de conseqüências
z Conseqüências dependem:
– do volume do escorregamento
• admitiu-se ser o volume destacado pela superfície mais crítica
– da ocupação ao pé dos taludes
• estimado quase quantitativamente o impacto sobre a estrada secundária e sobre as moradias
– da possibilidade de intervenção prévia para evacuação
(escorregamento com aviso?)
• desconsiderada em função da experiência pregressa e procedimentos de operação z Melhor estimativa – – CC11 = 1= 1 – – CC22 = 100= 100
Decisões
Decisões
z
Critério:
p
1. C
1= p
2. C
2 zResultado
– talude diante das moradias foi projetado com
inclinação inferior ao outro (como seria de se esperar)
–
– diferença de inclinação baseoudiferença de inclinação baseou--se em um se em um
conceito defensável de uniformização de risco
Conclusões e recomendações
z Bem quantificar riscos geo-ambientais para melhorar decisões
– caso a caso
– por meio de normas e códigos
z Embora reconhecendo dificuldades nos aspectos multidisciplinares
da GA, reservar para a Análise de Riscos o seu devido lugar, aplicando
– Teoria da Utilidade – Análise de Decisões
z Não perder nenhuma oportunidade de aplicar Análise de Riscos
– decisões podem não ser significativamente melhores do que aquelas
tomadas sem formalização
– estarão certamente muito melhor fundamentadas e passíveis de revisão
objetiva
objetiva por clientes, seguradoras, etc.
Informações adicionais
Informações adicionais
z
Apresentação disponível em:
•
• www.lmcwww.lmc..ep.usp.br/people/whachichep.usp.br/people/whachich
z
e-mail:
•