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Marco Civil da Internet

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Academic year: 2021

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Marco Civil da Internet

Depois de 15 anos o marco civil da internet está prestes a sair mas ainda causa polêmica. Um dos aspectos mais relevantes é o do livre acesso (ou não). O Congresso Nacional deve voltar à votação. Raquel Franca Batista

AAA/SP - rfranca@albino.com.br

O Projeto de Lei nº 2126/2011, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres

para o uso da Internet no Brasil (art. 1º), batizado de Marco Civil da Internet, mais uma

vez teve sua votação adiada na Câmara dos Deputados, na última sessão de quarta-feira, dia 20 de novembro.

O Projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e, diante das recentes denúncias de espionagem por parte dos Estados Unidos, passou a ser considerado de urgência constitucional, de forma que os sucessivos adiamentos vêm trancando a pauta do Plenário da Câmara.

A votação tem sido postergada tendo em vista a falta de consenso sobre alguns pontos do texto, especialmente sobre a “neutralidade da rede”, regra que está prevista no artigo 9º do PL:

Art. 9º O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicativo, sendo vedada qualquer discriminação ou degradação do tráfego que não decorra de requisitos técnicos necessários à prestação adequada dos serviços, conforme regulamentação.

Em outras palavras, a neutralidade da rede garante aos usuários igualdade de navegação, de forma que o fornecedor de cabos e fibras de conexão não pode interferir de qualquer forma na escolha de conteúdos ou aplicativos por parte do usuário, garantindo o tráfego isonômico de informações na rede mundial.

Contra a neutralidade da rede, há quem defenda que as empresas provedoras de internet devem ser livres para decidir como oferecer os pacotes de dados e serviços aos usuários.

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Além da neutralidade, outros pontos do texto tem gerado polêmica entre os congressistas e alguns setores da sociedade, tais como a obrigatoriedade de “data centers” para armazenamento de dados no Brasil; e a vedação de que determinado conteúdo considerado ofensivo seja retirado da rede, a não ser mediante ordem judicial. As questões debatidas são de suma relevância e afetam diretamente diversos setores da economia, o que justifica, em termos, a demora na votação do texto.

No entanto, a necessidade de regulação sobre o tema é premente, uma vez que passados mais de 15 anos desde os primeiros projetos de lei apresentados até o momento atual não existe lei específica para regular o uso da internet no Brasil, em que pese seu uso disseminado em nosso País.

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Marco Civil da Internet

A Lei nº 12.965 batizada de “Marco Civil da Internet” foi aprovada pelo Congresso Nacional em 23 de abril de 2014, e sancionada pela Presidente da República no mesmo dia, sendo publicada em 24 de abril de 2014. A Lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias após a sua publicação, ou seja, no dia 23 de junho de 2014.

Raquel Batista Franca e William Beserra

AAA/SP - rfranca@albino.com.br e wbeserra@albino.com.br.

A Lei nº 12.965 batizada de “Marco Civil da Internet” foi aprovada pelo Congresso Nacional em 23 de abril de 2014, e sancionada pela Presidente da República no mesmo dia, sendo publicada em 24 de abril de 2014. A Lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias após a sua publicação, ou seja, no dia 23 de junho de 2014.

Depois de aproximadamente 4 anos de tramitação na Câmara (Projeto de Lei nº 2126/2011), apesar de algumas críticas, a publicação da Lei foi comemorada por diversos setores da sociedade e ainda recebeu elogios da comunidade internacional.

A referida lei estabelece princípios, garantias e direitos para o uso da Internet no Brasil (art. 1º), os quais estão descritos no Capítulo III, tais como: (i) garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de pensamento; (ii) proteção da privacidade; (iii) proteção dos dados pessoais; (iv) preservação e garantia da neutralidade de rede; (v) preservação da estabilidade, segurança e funcionalidade da rede; (iv) responsabilidade dos agentes de acordo com suas atividades; (vii) preservação da natureza participativa da rede; (viii) liberdade dos modelos de negócios promovidos na internet.

Um dos pontos mais polêmicos tratados pela Lei em questão correspondente à “neutralidade da rede”, regra prevista no artigo 9º:

Art. 9o O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem

o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação.

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Em outras palavras, a neutralidade da rede garante aos usuários de internet igualdade de navegação, de forma que o fornecedor de cabos e fibras de conexão não pode interferir de qualquer forma na escolha de conteúdos ou aplicativos por parte do usuário, garantindo o tráfego isonômico de informações na rede mundial.

A regra da neutralidade poderá ser mitigada, no entanto, permitindo-se a discriminação ou degradação do trafego de informações pela internet, desde que decorrentes de: (i) requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços

e aplicações; e, (ii) priorização de serviços de emergência (§ 1º, art. 9º).

As situações supra mencionadas deverão ser regulamentadas nos termos das

atribuições privativas do Presidente da República previstas no inciso IV do art. 84 da Constituição Federal, ouvidos o Comitê Gestor da Internet e a Agência de Telecomunicações (§ 1º, art. 9º).

Ainda que presentes os requisitos para discriminação ou degradação do tráfego de informações pela internet, o responsável pela transmissão deverá abster-se de causar dano aos usuários, agindo com proporcionalidade, transparência e isonomia. Ademais, deverá informar de forma clara aos usuários sobre as práticas de

gerenciamento e mitigação de tráfego adotadas, inclusive as relacionadas à segurança da rede.

Além da neutralidade de rede, o Marco Civil traz em seu corpo outras proteções aos usuários, como a proteção de dados pessoais, prevista no artigo 10.

Os provedores de internet, por força da nova lei, deverão observar os direitos dos usuários relativos a preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, estando proibidos de disponibilizar os registros de conexão e de acesso de internet de seus usuários, bem como de dados pessoais e do conteúdo de comunicações privadas, salvo em caso de ordem judicial.

Porém, o disposto no artigo 10, não impede o acesso aos dados cadastrais (qualificação pessoal, filiação e endereço), dos usuários pelas autoridades administrativas que detenham competência legal para requererem, sem ordem judicial, tais informações.

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Ademais, cabe aos provedores de conexão1 a obrigação de manter os registros

de conexão de seus usuários sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de 1 (um) ano (art. 13), sendo proibido aos provedores transferirem a responsabilidade de manutenção dos registros a terceiros.

Na mesma linha, a lei prevê que o provedor de aplicações2 mantenha os

registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de 6 (seis) meses.

Dessa forma, assim como a proteção dos dados pessoais, os registros de conexões dos usuários de internet no Brasil somente poderão ser disponibilizados por meio de ordem judicial.

O Marco Civil também disciplina proteções aos provedores, uma vez que a lei isenta o provedor de conexão à internet por danos decorrentes de conteúdos gerados por terceiros. Os provedores, no entanto, responderão por eventuais danos se deixarem de cumprir a tempo e modo a decisão judicial determinando a retirada de determinado conteúdo gerado por terceiros (art. 18 e 19).

Neste contexto, o legislador buscou o preenchimento das lacunas da legislação brasileira, relativas às garantias e direitos dos usuários de internet e as obrigações dos provedores de conexão e de aplicação de internet, trazendo evolução e clareza a determinados temas.

1 Provedores de Conexão à Internet: oferecem principalmente serviços de acesso à Internet, agregando a ele outros serviços

relacionados, tais como e-mail, hospedagem de sites ou blogs, entre outros. (Definição:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fornecedor_de_acesso_%C3%A0_Internet);

2

Provedores de Aplicações à Internet: aquele que disponibiliza ambiente para a instalação e execução de aplicações, centralizando e dispensando a instalação nos computadores dos usuários, também conhecidos como “middleware” (Definição:

Referências

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