• Nenhum resultado encontrado

A CONCEPÇÃO DE FORMAÇÃO EM TOMÁS DE AQUINO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "A CONCEPÇÃO DE FORMAÇÃO EM TOMÁS DE AQUINO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

A CONCEPÇÃO DE FORMAÇÃO

EM TOMÁS DE AQUINO:

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES*

ESTELAMARIS BRANT SCAREL**

* Recebido em: 13.06.2019. Aprovado em: 02.10.2019.

** Doutora em Educação na Universidade Federal de Goiás. Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). Graduada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso. Professora no curso de Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC Goiás. E-mail: estelamaris. brant@gmail.com

DOI 10.18224/frag.v29i2.7415

DOSSIÊ

Resumo: este artigo trata do conceito de formação em Tomás de Aquino à luz das

contribui-ções de Aristóteles bem como da ordem franciscana a qual pertencia esse teólogo e filósofo no medievo. Assim, tem-se como ponto de partida o contexto contemporâneo, sob a influência tanto da ideologia da globalização econômica como das políticas neoliberais, procurando-se, em seguida, conhecer os traços mais significativos concernentes à concepção de ensino e, por conseguinte, de formação do Aquinate. A partir disso, compreender-se a condição de possibi-lidade de a obra de pensamento desse rigoroso mestre da Universidade medieval contribuir, talvez, para que a perspectiva de formação seja repensada na atualidade.

Palavras-chave: Tomás de Aquino. Ensino. Formação. Educação.

Ler é aprender a pensar na esteira deixada pelo pensamento do outro. Ler é retomar a reflexão de outrem como matéria-prima para nossa própria reflexão.

(Marilena Chauí)

O

discurso sobre a formação, principalmente a “formação contínua”, tem sido recor-rente na área educacional em especial nas duas últimas décadas. Tal discurso deriva tanto das políticas governamentais como dos empresários da área da educação. A crença que se esconde por detrás dessa crença é a de que a formação continuada tanto recuperaria as lacunas deixadas pelo ensino básico como, ainda, prepararia os estudantes para enfrentarem os desafios que lhes foram impostos, principalmente, pelo mundo do

(2)

trabalho, em virtude das mudanças decorrentes da revolução tecnológica, da globalização1

da economia e das políticas neoliberais2.

Essa perspectiva leva à inferência de que aquilo que, de fato, encontra-se subja-cente a esse discurso não é a preocupação com uma formação mais ampliada e humaniza-dora, isto é, aquela que busca “[...] tornar concretamente possível, trabalhar para realizar o movimento instituinte de criação da autonomia, da liberdade, da humanidade, da socieda-de, das instituições, dos grupos e indivíduos autônomos, livre e justos” (COÊLHO, 2009, p. 21). Pelo contrário, enraíza-se na atual ideologia3 a ideia, aparentemente coerente, de

uma formação mais técnica, individualista e inclinada para o atendimento às exigências do mercado.

Ora, diante deste diagnóstico bastante preliminar a respeito do contexto contempo-râneo, bem como da percepção acerca do discurso sobre a formação contínua como resposta às imposições do mercado, acredita-se que se torna pertinente lançar-se o olhar para determi-nadas concepções que, de forma veemente, confrontariam essa tendência que procura pôr em relevo não uma formação mais aprofundada, ética e humana, mas que, diversamente, insiste no desenvolvimento de uma racionalidade pragmática e eivada de competitividade.

Uma lógica igual a essa, certamente, não teria, ou melhor, não tem ligação alguma com a natureza da formação pela qual se pautava, por exemplo, Tomás de Aquino. E é justa-mente deste objeto que o presente artigo procura discutir, a fim de se compreender o sentido da formação para esse filósofo e teólogo. Para tanto, tem-se como ponto de partida o contexto histórico em que viveu Tomás de Aquino, passando-se por alguns pontos mais marcantes de sua trajetória intelectual, dentre eles os mais expressivos foram a ordem dos dominicanos e o pensamento de Aristóteles na nascente Universidade do século XIII, para, a partir disso, ten-tar-se apreender as suas contribuições fundamentais para o processo formativo na atualidade. O PERCURSO HISTÓRICO E INTELECTUAL DE TOMÁS DE AQUINO

Conforme Lauand (2004), Tomás de Aquino nasceu em Roccasecca, reino de Ná-polis, em 1225. “Os cinquenta anos da vida de Tomás de Aquino (1225-1274) estão ple-namente centrados no século XIII” (LAUAND; SPROVIERO, 2011, p. 4). Todavia, essa centralidade não ocorre apenas cronologicamente, pois

[...] todas as explosivas novidades culturais desse tempo – que prefiguram até certo ponto a temática característica do nosso – mantêm uma estreita relação com a sua vida, e as suas lutas. Ao contrário do clichê que o apresenta como uma época de paz e de equilíbrio harmônico, esse século é um tempo de agudas contradições, tanto no plano econômico e social como no do pensamento (LAUAND, 1993, p. 13).

De acordo com Lauand e Sproviero (2011), três fatores caracterizam o século XIII e encontram-se diretamente ligados a Tomás de Aquino, são as ordens mendicantes, a introdução de Aristóteles (384 a. C. - 322 a. C.) no ocidente medieval e a emergência das universidades.

No que se refere às ordens mendicantes, estas se desenvolveram objetivando com-bater os “usos e costumes” do universo feudal, uma vez que, naquele período, a Igreja passou a ser confrontada por diversas “heresias4” que procuravam fragilizar o seu poder (LAUAND;

(3)

É nesse contexto que São Domingos e São Francisco fundam as ordens dominicana e franciscana, rejeitando os erros dos hereges, mas acolhendo o que havia de legítimo nos ideais de reforma e dando-lhes uma expressão equilibrada e verdadeira dentro de Igreja e não fora dela. Os frades dominicanos dedicar-se-ão a reevangelizar os sectários, levando a sério a pobreza evangélica e dirigindo-se a eles mediante debates públicos fundamentados na Sagrada Escritura. Juntamente com os franciscanos, que nascem nesta mesma época, são os ‘galgos de Deus’ – domini canes – que levarão a cabo a renovação da Igreja. O êxito das duas ordens, englobadas sob a denominação de ‘mendicantes’ por renunciarem a todo tipo de posses, é explosivo (LAUAND; SPROVIERO, 2011, p. 10, grifos do autor).

Os autores ainda esclarecem que, enquanto a ordem dos franciscanos privilegiava a “piedade afetiva”, a ordem dos dominicanos destacava-se pela “sobriedade” e “racionalidade”. Nesse sentido, esta última inclinou-se “[...] para as universidades nascentes e para a teologia; o estudo da Bíblia e das ciências passa, por conseguinte, ao primeiro plano” (LAUAND; SPROVIERO, 2011, p. 10). O Aquinate irá pertencer justamente a essa ordem, em face de ele alinhar-se com os seus princípios. Quanto aos franciscanos, além da ‘piedade afetiva’, estes irão primar pelo cultivo do Evangelho e, concomitantemente, ao exercício da “pobreza” e “pureza radicais”. Por outro lado, os dominicanos fixam-se “[...] na paixão de anunciar a verdade, convencendo pela argumentação e não pela violência” (LAUAND; SPROVIERO, 2011, p. 2011).

Entretanto, não foram apenas os princípios dessa ordem que contribuíram para que Tomás de Aquino desenvolvesse toda a sua filosofia da totalidade. Ou seja, “[...] a matéria, o espírito e o espírito intrinsecamente unido à matéria no homem” (LAUAND; SPROVIE-RO, 2011, p. 2). E aqui passa-se ao segundo fator de influência na sua trajetória intelectual. Conforme já se apontou anteriormente, trata-se do Filósofo, conforme era denominado Aris-tóteles por Tomás de Aquino, tal era o seu reconhecimento pela grandeza do Corpus

Aristoteli-cum5, que contribuiu sobremaneira para que o Aquinate6 formulasse a Suma Teológica7, obra

que “[...] é fruto e expressão de um homem e de uma vida, e também de um século, de um momento excepcional da história do pensamento” (NICOLAS, 2003, p. 23).

Deduz-se, a partir de De Boni (2010), que aquele momento histórico torna-se ímpar em virtude não apenas da recepção do pensamento aristotélico pelo mundo medieval, mas também em face de se constituir em um período, conforme já exposto, de grande efer-vescência política, econômica e social caracterizando-se naquilo que Franco Júnior (2006) denomina de um “feudo-aburguesamento8”.

É nesse contexto de mudanças que Tomás de Aquino, distintamente de seu mestre Alberto Magno (1206-1280), incorporará os princípios do realismo de Aristóteles,

Naquele momento, a grande questão intelectual na cristandade era tomar posição diante de Aristóteles [...] Não era apenas o funcionamento da razão que estava sendo revelado, era sua aplicação à ‘natureza’. Com a natureza descobria-se um mundo real, seu valor próprio [...] Alberto Magno, deliberadamente, optara por assimilar-se a Aristóteles em tudo o que fosse ciência e filosofia: [...] em se tratando da natureza das coisas, é a Aristóteles que me dirijo ou a algum outro especialista na matéria [...] Tomás abordará Aristóteles de maneira diferente de Alberto Magno: não pretende dá-lo a conhecer para qualquer finalidade útil, mas fazê-lo servir a uma síntese cristã total, sua. Não pretende aprender

(4)

dele os segredos da natureza, mas fazer da natureza que ele nos ensina um caminho para Deus. A partir de uma instituição segura do verdadeiro pensamento de Aristóteles, To-más eliminará os elementos de neoplatonismo mesclados ao aristotelismo de seu mestre. Fazendo isso, leva a seu acabamento o projeto do qual Alberto Magno teve a intuição e a iniciativa (NICOLAS, 2003, p. 60).

O terceiro e último ponto que teve relevância para o aprofundamento de Tomás de Aquino no tocante à busca da verdade e do conhecimento foi a sua relação com a universi-dade9. Segundo Lauand (2004b), por meio do método das questões disputadas, esse teólogo

e filósofo, a partir de 1252-1256, assume a sua primeira regência na cátedra de Paris. Para o Aquinate, a quaestio disputata fazia parte da própria natureza da universidade. Assim, median-te o exercício desse “diálogo polifônico”, Tomás de Aquino desenvolve um rigoroso ensino revestindo-se das seguintes características:

[...] após as objeções, levantam-se contra objeções (sed contra, rápidas e pontuais sentenças colhidas em favor da tese do artigo; ou algumas vezes in contrarium, que defendem uma terceira posição que não é a da tese nem das obiectiones). Após ouvir estas vozes, o mestre expõe tematicamente sua tese no corpo do artigo, a responsio (solução). Em seguida, a

responsio ad obiecta, a resposta a cada uma das objeções do início (LAUAND, 2004b, p. 5).

Como se pode observar, trata-se de uma caracterização não somente rigorosa, mas sobretudo consequente no que se refere à questão do “[...] ensino/aprendizagem em oposição às doutrinas dominantes da época”, uma vez que subjacente a esse método “[...] encontram--se, na verdade, concepções filosóficas – a Filosofia da Educação é inseparável da Antropologia Filosófica – e teológicas” (LAUAND, 2004, p. 6). Ou de outra maneira, é justamente nesse terreno que se fertiliza toda visão dialética do ensino do Aquinate, e é acerca disso que se refletirá a seguir.

A PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO EM TOMÁS DE AQUINO: ALGUMAS PONTUAÇÕES

Nada mais elucidativo para a apreensão de como Tomás de Aquino concebe o ato de aprender do que uma carta intitulada De modo studendi10 de sua autoria. Nela o Aquinate

formula, em resposta a uma solicitação do frei João, treze recomendações sobre de que manei-ra aquele seu irmão deveria proceder com referência ao seu estudo. Apesar de ser uma longa transcrição, crê-se que se faz necessária inseri-la integralmente aqui, em face dos propósitos que se tem em relação a ela a seguir:

Já que me pediste frei João [...] que te indicasse o modo como se deve proceder para ir ‘adquirindo’ o tesouro do conhecimento, devo dar-te a seguinte indicação: deves optar pelos riachos e não por entrar imediatamente no mar, pois o difícil deve ser atingido a partir do fácil. E, assim, eis o que te aconselho sobre como deve ser tua vida:

1. Exorto-te a ser tardo para falar e lento para ir ao locutório. 2. Abraça a pureza de consciência.

(5)

4. Ama frequentar tua cela se queres ser conduzido à adega do vinho da sabedoria. 5. Mostra-te amável com todos, ou, pelo menos, esforça-te nesse sentido; mas, com ninguém permitas excesso de familiaridades, pois a excessiva familiaridade produz o desprezo e suscita ocasiões de atraso no estudo.

6. Não te metas em questões e ditos mundanos. 7. Evita, sobretudo, a dispersão intelectual.

8. Não descuides do seguimento do exemplo dos homens santos e honrados. 9. Não atentes a quem disse, mas ao que é dito com razão e isto confia-o à memória. 10. Faz por entender o que lês e por certificar-te do que for duvidoso.

11. Esforça-te por abastecer o depósito de tua mente, como quem anseia por encher o máximo possível um cântaro.

12. Não busques o que está acima do teu alcance.

13. Segue as pegadas daquele santo Domingos que, enquanto teve vida, produziu folhas, flores e frutos na vinha do Senhor dos exércitos.

Se seguires estes conselhos, poderás atingir o que queres.

Saudações (TOMÁS DE AQUINO apud LAUAND, 1998, p. 303-4, grifo nosso).

Todas as advertências acima denotam uma profunda preocupação do Aquinate com referência ao processo formativo. Isso já pode ser observado desde a sua introdução, no mo-mento em que o autor utiliza “[...] o gerúndio – acquirendo, adquirindo – como que a indicar que a ‘formação intelectual’ é mais um contínuo processo do que a pacífica posse decorrente de uma ação que se perfaz de uma vez” (LAUAND, 1998, p. 300, grifo nosso).

No entanto, segundo este autor, na contemporaneidade não é isso que se perspec-tiva em relação ao ato de estudar e muito menos ao ato de formar, pois, na sua generalidade, ele tem se inclinado para uma formação que privilegia mais as “[...] questões técnicas, prag-mático-curriculares, motivacionais” (LAUAND, 1998, p. 301), deixando, assim, à deriva o verdadeiro sentido do ensino, que é aquele que, por meio de um processo contínuo, conduz o homem não somente a apropriar-se do saber, mas sobretudo a humanizar-se.

Uma outra observação importante no que tange ao estudo, também, contida na in-trodução da carta diz respeito à metáfora relativa ao riacho. Ao sugerir ao frei já mencionado que ele deveria preferir ter como ponto de partida “os riachos” ao invés do “mar” Tomás de Aquino deixa evidente o seu posicionamento concernente ao ato de aprender.

No que se refere à vida intelectual, Tomás afirma a existência de uma ordo, de uma dinâ-mica própria do conhecimento, daí que o Aquinate frequentemente compare o sábio ao arquiteto. Certamente, essa ordo exige uma ordenação do próprio objeto de estudo: do mais fácil para o mais difícil; do riacho para o alto-mar. Mas a aquisição do tesouro do saber exigirá também uma ordenação interior do sujeito que estuda. A essa ordo interius referem-se os conselhos do ‘De modo studendi’. Afinal, o conhecimento da realidade é, para Tomás, o objetivo da educação, e mais, a própria realização do homem (LAUAND, 1998, p. 303, grifo do autor).

Indubitavelmente, essa visão referente à realidade formativa não coaduna com as práticas educativas que se têm privilegiado na contemporaneidade, as quais, sob o rótulo de “formação contínua”, têm posto em destaque mais a preparação “[...] de recursos humanos

(6)

para o Estado e às empresas” do que para o atendimento daquilo que é a verdadeira finalidade da Educação, isto é, a de preparar os “estudantes” para “[...] o cultivo da interrogação, do saber e da crítica” (COÊLHO, 2013a, p. 66).

Ora, percebe-se que uma perspectiva finalística e fragmentada do conhecimento tal como a apontada acima acaba relegando ao segundo plano tanto o verdadeiro sentido do que vem a ser o ato formativo como, ainda, do que é ser homem. Na concepção de Tomás de Aquino, “[...] alguém dedicado ao estudo deve, antes de mais nada, cuidar das atitudes da alma” (LAUAND, 1998, p. 302). Isso só vem confirmar a ideia de totalidade com referência à apreensão da realidade já exposta antes neste texto.

Dando-se sequência à análise das sugestões incluídas na carta, isto é, no “De modo

stu-dendi”, é pertinente que se registre, também, aquela constante no número 5, que encoraja o frei

a ser agradável sempre com todas as pessoas sem, contudo, estabelecer grandes intimidades com elas, e, ainda, a de número 7, que o aconselha a concentrar-se nos estudos, bem como a de nú-mero 9, que o estimula à busca da verdade, mas assenhorando-se de grande rigor e fundamenta-ção, porém jamais por ouvir dizer. Por último, a de número 10, que o incita a esforçar-se a fim de obter o maior conhecimento possível. Todas essas advertências, assim como aquelas já expos-tas a pouco, fazem com que se deduza o quanto era precioso para Tomás de Aquino o cultivo da sobriedade, da auto-disciplina, da dedicação e, ainda, da procura sem trégua pelo conhecimento da verdade por meio da reflexão, ou, de outra maneira, pela via racional. Exemplo disso são as seguintes palavras do padre Chenu: “Pensar é um ofício cujas leis são minuciosamente fixadas” (CHENU apud LE GOFF, 1995, p. 74). Como se pode constatar, essa era verdadeiramente a marca indelével da escolástica, sinal distintivo do intelectual do século XIII.

Na escolástica, sobretudo, as concepções das auctoritates11 não eram seguidas cegamente,

mas submetidas à interrogação racional, mesmo porque em geral são conflitantes e às vezes contraditórias, o que exige a atividade do intelecto para, nas condições e limites da época, interrogar o sentido dos tempos, os conceitos, os argumentos, as doutrinas e chegar à verdade daquilo que é, do mundo e do homem, o que não é possível sem o recurso à razão, ao rigor e às sutilezas da lógica (COÊLHO, 2008, p. 18).

Essa profunda e consequente vinculação entre o ato de pensar e o ato de expressar estabelece, sem sombra de dúvida, um grande distanciamento entre as concepções seja de estudo, seja de aprendizagem, seja de formação atuais. Enquanto aquela tinha como pressu-posto o conhecimento da verdade, mas por meio dos princípios da leitura, da pesquisa, da ar-gumentação, bem como da interpretação correta da revelação, esta, isto é, a visão do homem contemporâneo, vem procurando se firmar em princípios que se destacam mais pela lógica do resultado individual12 e especializado, por conseguinte, causando um grande prejuízo para o

conhecimento que reúne uma compreensão mais ampla e totalizante da realidade.

Evidentemente que tal perspectiva fragmentária e exterior ao homem de hoje con-traria, de forma inconteste, a visão de Tomás de Aquino sobre a relação do homem com o conhecimento, pois, consoante já se evidenciou, para este filósofo e teólogo, o saber é insepa-rável do ser humano, conforme pode-se depreender da seguinte afirmação contida, também, na parte introdutória de sua carta ao frei: “[...] eis o que te aconselho sobre como deve ser tua ‘vida” (TOMÁS DE AQUINO apud LAUAND, 1998, p. 303-4, grifo nosso). Será que, diante da lógica da globalização econômica, das políticas neoliberais, da ideia de “formação

(7)

contínua”, da centralidade no “aprender a fazer”, tal como indica o Relatório Delors (1999), objetivando o atendimento aos apelos do capital, é possível conceber-se o saber integrado à vida do homem? Será que a “Educação ao Longo de Toda a Vida”, segundo Delors (1999), teria a mesma relação com aquele gerúndio – acquirendo, adquirindo – apontado por Tomás de Aquino na sua “Carta sobre o Modo de Estudar”: Não é instigante pensar-se nisso?

Embora já se tenha apresentado anteriormente a caracterização do método de To-más de Aquino, e, também, já se tenha feito uma explicação na nota número 6, por meio de Coêlho (2008), de que o De Magistro compõe-se de quatro artigos que se referem ao ensino, convêm que se reitere, ainda, que as questões nele debatidas deixam patentes tanto a força dialética tomada de Aristóteles como, ainda, a sua visão acerca do ensino e, por inferência, da formação. Por exemplo, confirmando-se esta assertiva, a argumentação do primeiro artigo desenvolve-se da seguinte maneira:

[...] inicia-se com o enunciado da tese sob a forma de controvérsia, ‘se o homem ou somente Deus, pode ensinar e ser dito mestre’, seguido da quaestio ‘parece que só Deus ensina e pode ser dito mestre’, cujo sentido não coincide com o que será defendido por Tomás de Aquino. Seguem-se os argumentos favoráveis à tese de que somente Deus ensina e pode ser chamado de mestre, posição essa contrária ao pensamento do autor. Precedidos de um Sed contra, ‘mas ao contrário’, vêm os argumentos contrários à tese enunciada e, portanto, no sentido do que Tomás defende. Ouvidos os argumentos favoráveis e os contrários à formulação da tese, em seu ofício de mestre, Tomás de Aquino apresenta sua determinação, determinatio posição ou solução pessoal da questão, que se inicia com respondeo, respondo. Por último, responde a cada um dos argumentos ou autoridades favoráveis à forma como a questão foi enunciada e contrária à posição por ele defendida (COÊLHO, 2008, p. 20).

Se se lançar o olhar para o posicionamento pessoal de Tomás de Aquino, isto é, o respondo, observar-se-á o quanto este filósofo prima por um ensino que se ancora nos funda-mentos, nos “princípios” e não nos “sinais sensíveis”. Entretanto, os fundamentos advêm do professor e não do aluno. “O discípulo [...] não aprende do professor os princípios, mas as conclusões” (TOMÁS DE AQUINO, 2004, p. 38).

A questão que emerge desse raciocínio é a seguinte: será que hoje, diante de uma gran-de preocupação com o retorno rápido, com as respostas prontas e com a excessiva especialização, ainda, é possível pensar-se em relações pedagógicas com as características acima descritas?

Hoje, a realidade educacional tem demonstrado uma tendência cada vez mais pro-pensa aos “verbalismos” e às generalidades do que à produção do conhecimento sustentada pela pesquisa consequente com vistas ao real entendimento do conteúdo lido e, por conse-guinte, da compreensão do verdadeiro significado das palavras, da mensagem, enfim, da tese do autor e do seu sentido para a compreensão do mundo.

Adequada à lógica das políticas neoliberais e, também, à ideologia da globalização econômica, as práticas pedagógicas, em sua maioria, têm se descuidado da leitura, da análise em profundidade e, também, dos processos interpretativos que conduzam à conclusões autô-nomas. O resultado é que hoje, apesar de a linguagem ter um grande poder, constata-se que a comunicação alimenta-se muito mais desse esvaziamento do conhecimento, da memória, culminando naquilo que Benjamin (1994) denomina de “pobreza de experiência”13. O

(8)

Ora, esse distanciamento do homem atual em relação às suas raízes gera uma crise profunda, um mal-estar social que redesperta a necessidade de se voltar os olhos para a História. E em significativa porção para a Idade Média. Por quê? Entende-se hoje que a civilização medieval, apesar de limitada materialmente segundo os padrões atuais, dava ao homem um sentido de vida. Ele se via desempenhando um papel, por menor que fosse, de alcance amplo, importante para o equilíbrio do universo. Não sofria, portanto, com o sentimento de substituibilidade que atormenta o homem contemporâneo. O medievo se sentia impotente diante da natureza, mas convivia bem com ela. O ocidental de hoje se sente a ponto de dominar a natureza, por isso se exclui dela. A fraqueza do homem medieval era sua força, pois gerava desejos, motivações. A força do homem atual é sua fraqueza, pois gera desilusões (FRANCO JÚNIOR, 2006, p. 171).

Concluindo, deduz-se que é justamente esse o “sentido de vida” que se encontra presente na concepção do ensino de Tomás de Aquino, conforme constatou-se na “Carta sobre o Modo de Estudar”, concepção essa que se infere ser coincidente com a de formação. Daí a atualidade de sua obra como condição de possibilidade de se resgatar o verdadeiro “sen-tido da escola” como uma “instituição”14, com fundamento em uma prâksis15 que conduz à

sabedoria tal como aquela definida pelo Aquinate na questão inicial da “Suma Teológica”. Ao conceituá-la Tomás de Aquino afirma que “[...] a sabedoria não deve ser entendida somente como conhecimento que advém do frio estudo, mas como um saber que se experimenta e saboreia” (LAUAND, 1998, p. 301).

Com efeito, é exatamente esta inclinação para o exercício da “experiência16” que se

tem ausentado da escola contemporânea. Por isso, torna-se imperioso para o homem de hoje e especialmente para aqueles que são responsáveis pelos processos formativos refletirem sobre as reais intenções que se encontram submersas ao ato de “formar”.

Se o objetivo da escola, hoje, é formar o bom profissional, ou, quando muito, ‘educar para a cidadania’, ou formar para uma análise crítica do mundo; os conselhos de To-más, no século XIII, incidem sobre a própria estrutura nuclear íntima do ser humano (LAUAND, 1998, p. 301).

Diante disso e, ainda, em face dos argumentos precedentes, tem-se em vista que o confronto à irreverência e à banalização do conhecimento transformou-se hoje num im-perativo. E o antídoto mais indicado no momento, talvez, seja aquele que privilegie o saber como algo inerente à existência, em detrimento da uniformização e da fragmentação do saber. Daí insistir-se na atualidade do pensamento de Tomás de Aquino para a consumação de tal combate. Daí, também, considerar-se bastante oportuna para o início dessa retomada a men-sagem que emana da epígrafe desta reflexão.

THE CONCEPTION OF FORMATION ACCORDING TO THOMAS AQUINAS: SOME CONSIDERATIONS

Abstract: this article delves into the concept of formation as established by Thomas Aquinas, in

light of the contributions made by Aristotle, as well as the Franciscan Order in which this theolo-gian and philosopher took part in the middle ages. In that sense we have the contemporary context

(9)

as a starting point of discussion, under the influence of both the ideology of economical globaliza-tion and neoliberal policies, seeking, in turn, to discover the most significant traces concerning the conception of teaching and formation of Aquinas. From there, we try to understand the possibility that the body of work of this rigorous master of the medieval University may contribute, perhaps, to the rethinking of formative perspective in current times.

Keywords: Thomas Aquinas. Teaching. Formation. Education.

Notas

1 “Este é um processo pelo qual a população do mundo se torna cada vez mais unida em uma única sociedade. A palavra só entrou em uso geral nos anos 80. As mudanças a qual ela se refere têm alta carga política e o conceito é controvertido, pois indica que a criação de uma sociedade mundial já não é o projeto de um estado-nação hegemônico, e sim o resultado não direcionado da interação social em escala global [...] Cultura e mercado juntaram-se nos anos 70, nas atividades das corporações multinacionais que buscavam maximizar as vendas mundiais de seus produtos através da publicidade global [...] A ‘globalização’ tornou-se conhecida como estratégia de mercado logo depois, embora continue a haver a controvérsia quanto a exatamente até que ponto uma estratégia global leva em conta as diferenças culturais” (BOTTOMORE; OUTHWAITE, 1996, p. 340; grifo no original).

2 “O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da Europa e da América do Norte onde imperava o capitalismo. Foi uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar. Seu texto de origem é O Caminho da Servidão, de Friedrich Hayek, escrito já em 1944. Trata-se de um ataque apaixonado contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política”. (ANDERSON, 1998, p. 9; Grifo no original).

3 “O discurso ideológico é um discurso feito de espaços em branco, como uma frase na qual houvesse lacunas. A coerência desse discurso (o fato de que se mantenha como uma lógica coerente e que exerça um poder sobre os sujeitos sociais e políticos) não é uma coerência nem um poder obtidos malgrado as lacunas, malgrado os espaços em branco malgrado o que fica oculto; ao contrário, é graças aos brancos, graças às lacunas entre as suas partes, que esse discurso se apresenta como coerente. Em suma, é porque não diz tudo e não pode dizer tudo que o discurso ideológico é coerente e poderoso. Assim, a tentativa de preencher os brancos do discurso ideológico e suas lacunas não nos levaria a ‘corrigir’ os enganos ou as fraudes desse discurso e transformá-lo num discurso verdadeiro (CHAUÍ, 2011, p. 32; grifos no original).

4 “As heresias dos séculos XII-XIII foram essencialmente movimentos sociais contestadores, que assumiram forma religiosa por ser, é óbvio, produto de seu tempo. Noutros termos, o discurso ideológico dominante, clerical, só poderia ser negado por um discurso que partisse dele. Só poderia ser quebrado por dentro. Eis o sentido das heresias (FRANCO JÚNIOR, 2006, p. 96). Segundo Lauand; Sproviero (2011, p. 9), exemplos dessas heresias são os “[...] albigenses e os cátaros – do grego kátharoi, ‘puros’ – constituíam uma revivescência medieval da antiga concepção maniqueísta, que já dera bastante trabalho à Igreja nos séculos IV e V. Diante da presença do bem e do mal no mundo, afirmavam a existência de um duplo princípio da realidade: por um lado, Deus, criador do espírito e de tudo o que é luminoso, bom e puro; pelo outro, um princípio da matéria, ‘carcere da alma’, origem de todo o mal”.

5 Consoante De Boni (2010, p. 14-15), o Corpus Aristotelicum compunha-se das seguintes obras: o “conjunto das obras lógicas”, que é denominado de Organon; o livro da Física, que trata da “Filosofia da Natureza”, complementada pelos “[...] estudos específicos intitulados: ‘Sobre o céu e o mundo, sobre a geração e a corrupção e Os Meterológicos”; o “Tratado sobre a Alma”; a Metafísica, obra chamada por Aristóteles de “Filosofia Primeira”; dois relevantes tratados de Filosofia Prática: a Ética a Nicômaco e a Ética a Eudeno; e, por fim, a Política.

6 Esclarece-se que Tomás de Aquino não produziu somente a Suma Teológica, mas também a Suma Contra os Gentios. Além disso, durante o “[...] seu magistério, Tomás de Aquino dirigiu disputas sobre a verdade, o mal, a alma, a potência e o ato, as criaturas espirituais, entre outros temas. O problema da verdade, De

veritate, foi discutido em 29 quaestionmes disputatae que se desdobram em 253 artigos, sendo a de número

11 dedicada à discussão do ensino, De magistro, em quatro artigos. Essas questões foram disputadas na Faculdade de Teologia da Universidade de Paris, de 1256 a 1259. O magistério e a obra de Tomás de Aquino,

(10)

o grande mestre da universidade medieval, são exemplares no trabalho de investigar, ensinar, comentar, compreender e explicar os textos sagrados, os escritos dos Padres da Igreja, dos árabes Avicena e Averróis, sobretudo a obra e o pensamento de Aristóteles, bem como de realizar disputationes, expressão máxima do ensino, da docência, da filosofia e da teologia escolásticas dos séculos XII e XIII, e da natureza mesma da universidade” (COÊLHO, 2008, p. 19-20).

7 “Ao abordar esse grande pensamento no próprio texto da Suma teológica, importa compreender seu gênero literário. É essencialmente didático e reflete procedimentos de ensino que não são mais atuais. Contudo a alma desses procedimentos é uma lógica cuja simplicidade, rigor intenso e força, conserva todo o poder sobre a mente: definições precisas, sem inexatidão de palavras, divisões e distinções penetrantes e, sobretudo, rigor e clareza da demonstração; nenhum apelo à arte de persuadir por elementos extrínsecos ao próprio substrato do problema estudado, menos ainda a procedimentos retóricos, às belezas ou a um encontro de linguagem que distrairiam a atenção da pesquisa pura da verdade” (NICOLAS, 2003, p. 60).

8 “O fator que melhor refletiu e acelerou as transformações sociais foi [...] o aparecimento de um segmento burguês [...] depois de morar certo tempo numa cidade (o que podia variar de um a dez anos, conforme o local), o camponês tornava-se homem livre. Mais do que isso, tornava-se burguês (habitante do burgo, ou seja, da cidade), o que significava uma situação jurídica própria, bem definida, com obrigações limitadas e direitos de participação política, administrativa e econômica na vida da cidade” (FRANCO JÚNIOR, 2006, p. 95).

9 'No início do século XIII, e parcialmente já no anterior, tinha-se iniciado em torno dos melhores colégios superiores diocesanos uma espécie de ‘reação em cadeia’: para lá afluíam os melhores estudantes, e, em consequência lá se formavam e se estabeleciam os melhores mestres. Em pouco tempo, estudantes e professores resolveram erigir uma corporação de ofício próprio, que os liberasse da ingerência dos poderes civis e eclesiásticos. Nascia a universitas [...] Não por acaso a palavras universitas, a agremiação dos professores e alunos, acumula semanticamente, desde os começos da instituição, também o matiz de universitas literarum, ‘universalidade do conhecimento’: podiam-se estudar ali não só todas as ciências da época, mas estudá-las ‘filosoficamente’, tendo em conta o universum: ‘o todo das coisas divinas e humanas em universal’, segundo o ideal de Platão. A Universidade de Paris, então ‘capital da Cristandade, considerava-se mesmo herdeira da famosa Academia de Atenas (LAUAND; SPROVIERO, 2011, p. 11-12; grifos no original).

10 Segundo Lauand (1998, p. 302): “[...] o alcance semântico da própria palavra studium em latim é muito mais abrangente do que a nossa, estudo. Studium significa amor, afeição, devotamento, a atitude de quem se aplica a algo porque ama e, não por acaso, esse vocábulo acabou especializando-se em dedicação aos estudos. Assim, o próprio título do oprísculo de Tomás sobre o modo de estudar sugere algo assim como: ‘Sobre o modo de aplicar-se amorosamente”.

11 Substantivo latino fem., plural de “[...] auctoritas, tatis [...] autoridade, exemplo” (FARIA, 1962, p. 116). 12 Esse individualismo tem sua gênese lá na Idade Média a partir dos movimentos sociais, isto é, das heresias

ocorridas nos séculos XII – XIII. Na visão de Franco Júnior (2006, p. 97), o resultado “[...] disso tudo talvez tenha sido o desenvolvimento do individualismo, com a consequente passagem da família patriarcal para a família conjugal e a correspondente valorização da mulher e da criança. Foi nas cidades que despontaram novos valores sociais, opostos aos coletivistas (interdependência das ordens) e machistas (predominância do clero celibatário e dos guerreiros)”. No entanto, tal individualismo não parou por aí, pois, na modernidade ele acabou se tornando um dos princípios do Liberalismo do séc. XVIII, segundo observou-se em ABBAGNANO (1999).

13 [...] não se deve imaginar que os homens aspirem a novas experiências [...] A natureza e a técnica, o primitivismo e o conforto se unificam completamente, e aos olhos das pessoas, fatigadas com as complicações infinitas da vida diária e que vêem o objetivo da vida apenas como o mais remoto ponto de fuga numa interminável perspectiva de meios, surge uma existência que se basta a si mesma [...] Ficamos pobres. Abandonamos uma depois da outra todas as peças do patrimônio humano, tivemos que empenhá-las muitas vezes a um centésimo do seu valor para recebermos em troca a moeda miúda do ‘atual’ (BENJAMIN, 1994, p. 118-9, grifo nosso).

14 Consoante Coêlho (2013b, p. 61), se a escola “[...] não se reconhecer nem se confirmar como instituição, ela desliza no operacional e, negando sua natureza, torna-se organização. A preocupação com seu quotidiano, estrutura, funcionamento, gestão e aspectos burocráticos; e o grande interesse pelo como deve acontecer o ensino e a aprendizagem e pelos resultados obtidos parecem falar mais alto que a dúvida, o questionamento e o pensamento”.

(11)

15 “Prâksis, πρξιζ e prâgma, πργα são substantivos gregos, derivados do verbo prásso, προοωno infinitivo prássein, προοv e que, no dialeto ático, aparece na forma  e , respectivamente. O sufixo –sis significa ação, ato propriamente dito, ao passo que o sufixo –ma significa o objeto ou resultado da ação, o que foi feito. A prâksís é a ação propriamente dita, no sentido de ato, em oposição a prâgma, objeto ou resultado da ação. (COÊLHO, 2013b, p. 26).

16 “Tomás parte da experiência, do fenômeno, do ser tal como se manifesta. Daí que dê especial relevo metodológico às formas do agir humano e à linguagem enquanto portadores de notícias sobre o ser” (LAUAND; SPROVIERO, 2011, p. 49).

17 Sobre concepção de cidadania desta pesquisadora, indica-se a leitura seu artigo intitulado: “Cidadania: do espaço do discurso ao espaço da ação como exercício de direitos humanos” (SCAREL, 2001).

Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução: Alfredo Bosi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo In: Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998.

BENJAMIN, Salter. Experiência e pobreza. In: Walter Benjamim: magia e técnica, arte e política. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994 (Obras Esco-lhidas; v. 1).

BOTTOMORE, Tom; OUTHWAITE, William. Dicionário do pensamento social do século

XX. Trad. Eduardo Francisco Alves e Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.

CHAUÍ, Marilena. Crítica e ideologia. In: Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2011. p. 26-48.

COÊLHO, Ildeu Moreira. A gênese da docência universitária. Linhas críticas: Faculdade de Educação. Brasília: UnB, v. 14, n. 26, p. 5-24, jan./jun. 2008.

COÊLHO, Ildeu Moreira. Filosofia, educação, cultura e formação: uma introdução.

In: COÊLHO, Ildeu Moreira (Org.). Educação, cultura e formação. Goiânia: Ed. da PUC

Goiás, 2009. p. 15-27.

COÊLHO, Ildeu Moreira. Qual o sentido da escola. In: COÊLHO, Ildeu Moreira (org.).

Escritos sobre o sentido da escola. Campinas: Mercado das Letras, 2013a. p. 59-85. COÊLHO, Ildeu Moreira. Escritos sobre o sentido da escola: uma introdução. In:

COÊLHO, Ildeu Moreira (Org.). Escritos sobre o sentido da escola. Campinas: Mercado das Letras, 2013b, p. 15-32.

DE BONI, Luis Alberto. A entrada de Aristóteles no Ocidente Medieval. Porto Alegre: EST Edições; Ulisses, 2010.

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir – Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. 3. ed. São Paulo: Cortez; Brasília: MEC; UNESCO, 1999.

FARIA, Ernesto (org.). Dicionário escolar latino-português. 3. ed. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura; Departamento Nacional de Educação, 1962.

FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do ocidente. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.

(12)

no-tas. In: TOMÁS DE AQUINO. Verdade e conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 1-72. (Coleção Clássicos).

LAUAND, Luiz Jean. Tomás de Aquino, hoje. São Paulo: GRD; Curitiba: Champagnat, 1993.

LAUAND, Luiz Jean. São Tomás de Aquino: estudo. In: LAUAND, Luiz Jean (org.).

Cul-tura e educação na Idade Média: textos do século X ao XII. Seleção, Tradução, notas e est.

introdutórios: Luiz Jean Lauand. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 299-304 (Coleção Clássicos).

LAUAND, Luiz Jean. Cronologia. In: TOMÁS DE AQUINO. Sobre o ensino (De

magis-tro) e os sete pecados capitais. Tradução e Introdução: Luiz Jean Lauand. São Paulo: Martins

Fontes, 2004a. p. ix.

LAUAND, Luiz Jean. Introdução. In: TOMÁS DE AQUINO. Sobre o ensino (De

magis-tro) e os sete pecados capitais. Tradução e Introdução: Luiz Jean Lauand. São Paulo: Martins

Fontes, 2004b. p. 3-22.

LE GOFF, Jacques. Os intelectuais na Idade Média. 4. ed. Tradução: Maria Julia Goldwasser. rev. téc. Hilário Franco Jr. São Paulo: Brasiliense, 1995.

NICOLAS, Marie – Joseph. Introdução à suma teológica. In: TOMÁS DE AQUINO.

Suma teológica. Ed. bilíngue latim-português. São Paulo: Loyola, 2003. v. 1. p. 23-68.

TOMÁS DE AQUINO, Sobre o ensino (De magistro) e os sete pecados capitais. Tradução e Introdução:Luiz Jean Lauand. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Referências

Documentos relacionados

Música 20h – Caymmi, Quando Se Canta Todo Mundo Bole (Teresa Cristina e João Cavalcanti) 13 SEGUNDA Cinema Marlene Exposições 15 QUARTA Teatro 21h – Festival Beckett:

O I ECONESUL e o XXI ENESUL tiveram como objetivos, reunir os representantes dos Conselhos Regionais de Economia dos Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio

As vacinas são produtos de pesquisa científica da mais alta qualidade, que envolve profissionais em diferentes áreas do conhecimento que asseguram a sua qualidade, a sua segurança e

A nível nacional, Neves (2012), seguindo Davis e Muehlegger (2010) e por via de um modelo com dados em painel, analisou os proveitos permitidos às empresas distribuidoras de

Tomás de Aquino toma como base a teoria do conhecimento para poder abordar o desenvolvimento da linguagem no homem. Por isso foi-nos necessário tratar,

29 Ibid... Por último, tentou-se apresentar alguns elementos de concepção tomasiana de felicidade. A articulação que se fez das categorias de causa, fim, bem, evidenciam

As questões da primeira parte da Suma de Teologia de Tomás de Aquino sobre o conhecimento intelectual humano. Tomás de Aquino : um

Ora, não é possível que o próprio ser seja causado pela forma ou pela quididade da coisa (quero dizer, como por uma causa eficiente), pois, desse modo, uma coisa seria causa de