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Biópsias: diferentes abordagens cirúrgicas

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Artigo de Revisão Bibliográfica Mestrado Integrado de Medicina Dentária

Biópsias: diferentes abordagens cirúrgicas

Maria Margarida Mouteira Guerreiro Romero Antelo

Orientador

Prof. Doutor João Braga

Coorientadora

Profª. Doutora Inês Guerra Pereira

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II “Biópsias: diferentes abordagens cirúrgicas”

Autora: Maria Margarida Mouteira Guerreiro Romero Antelo Estudante do 5º ano do Mestrado Integrado em Medicina Dentária da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto Contacto: up201506473@fmd.up.pt

O Orientador: Professor Doutor João Manuel Lopes Alves Braga Professor Auxiliar da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

A Coorientadora: Professora Doutora Inês Guerra Pereira Professora Auxiliar Convidada da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

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III

Agradecimentos

À minha família, por serem o meu porto seguro. Por todo o apoio incondicional, por todo o amor e carinho que sempre me proporcionam. Serei eternamente grata por todos os valores que me transmitem, todo o incentivo e força que me dão para lutar pelos meus sonhos. Com orgulho, posso dizer que tudo o que sou, vos devo a vocês.

Ao meu orientador, Prof. Doutor João Braga, e à minha coorientadora, Prof.ª Doutora Inês Guerra Pereira, por todas as opiniões e correções, e pela colaboração total no decorrer deste projeto. Sem o seu contributo, não seria possível realizar este trabalho, que tanto me orgulho.

Aos meus amigos, não só pela amizade, mas por darem cor a todos os dias. Obrigada por me fazerem rir não só nos dias fáceis, mas especialmente nos mais difíceis. Que toda esta amizade permaneça até ao fim dos nossos dias. Uma palavra especial às amizades feitas no projeto Erasmus +, que demonstram que diferentes línguas, culturas e localizações geográficas não são umas barreiras para estabelecer amizades que duram uma vida.

Aos grupos académicos da muy nobre Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, tanto à praxe como às Levadas da Broca, que tive o privilégio e a honra de pertencer a ambos. Que os laços feitos nunca se desenlacem e que o espírito de estudante nunca saia das nossas vidas.

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IV

Resumo

Introdução: Uma biópsia é a remoção parcial ou a total de uma lesão, com o intuito de fazer um estudo histopatológico para obter um diagnóstico. Deste modo, a biópsia torna-se instrumental no diagnóstico de patologias orais e será um ponto de partida para elaborar um plano de tratamento. Por se tratar de um procedimento cirúrgico, devem ser conhecidas as suas indicações e contraindicações. Um dos fatores de sucesso é reconhecer que diferentes tipos de lesões e distintas regiões da cavidade oral necessitam de uma técnica de biópsia diferente, o que demonstra a importância conhecer as possíveis abordagens cirúrgicas.

Objetivo: O objetivo desta monografia é descrever as diversas técnicas cirúrgicas de biópsia e as suas utilizações, e, por ser o “gold standard” no diagnóstico de patologias orais, alertar para a importância de conhecer os diferentes procedimentos.

Materiais e Métodos: Foram utilizadas várias bases de dados durante a pesquisa bibliográfica, utilizando termos MeSH e outras palavras-chave. Depois de aplicados os critérios de inclusão e exclusão, utilizaram-se 33 referências bibliográficas para a realização desta monografia.

Desenvolvimento/Conclusão: Existem alguns conceitos gerais que são comuns às diferentes técnicas, como as técnicas de anestesia, algum do Instrumental necessário, as complicações e os cuidados pós-operatórios. As técnicas utilizadas são as biópsias incisional, excisional (convencional ou utilizando LASER/eletrobisturi), punch, aspirativa e com recurso a citologia esfoliativa. De modo a não ter que se submeter o paciente a uma segunda biópsia, por erros evitáveis, deve-se planear todo o processo (incluindo a seleção do local a biopsar). É crucial que se refira o paciente para especialistas

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V quando estamos perante determinadas lesões ou zonas da cavidade oral, onde a biópsia apresenta um grau de dificuldade de realização elevado.

Palavras-chave: biópsia incisional, biópsia excisonal, biópsia punch, biópsia aspirativa, citologia esfoliativa, biópsia utilizando LASER, LASER diagnóstico, patologias orais,

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VI

Abstract

Introduction: Biopsy is the partial or total removal of a lesion, with intention of doing an histopathological study to reach a diagnosis. Thus, biopsy is instrumental on diagnosis of oral lesions and is a starting point to elaborate a treatment plan. Due to being a surgical procedure, the respective indications and contraindications must be known. One of the factors of success is recognizing that different types of oral lesions and some parts of the oral cavity need different biopsy techniques, showing the importance of knowing the different surgical approaches.

Objectives: The purpose of this dissertation is to describe the different surgical techniques to a biopsy and all their uses. Due to being the “gold

standard” of diagnosing oral lesions, it is significant to show the importance of

understanding all of the procedures.

Materials and methods: Different data bases were used during the bibliographical research, using different MeSH terms and keywords. After applying all criteria of inclusion and exclusion, 33 bibliographical references were used. .

Discussion/Conclusion: There are some general concepts that apply to the different techniques, such as anesthetic administration, some of the materials used and complications and post-operative care. Globally, the most used biopsy techniques are incisional, excisional (conventional or electrosurgery/LASER techniques), punch, aspirative and using exfoliative cytology. In order to avoid submitting the patient to a second biopsy due to avoidable errors, it is imperative to plan al the procedure (inclusive selecting the biopsy site). It is crucial to refer the patient when the biopsy is of high difficulty, whether because of the type of lesion or the characteristics of the biopsy site.

Keywords: Incisional biopsy, excisional punch biopsy, aspirative biopsy, exfoliative citology, biopsy using LASER, diagnostics, oral pathology

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VII

Índice

Introdução ... 1 Materiais e métodos ... 4 Desenvolvimento ... 6 Considerações gerais ... 7 Biópsia Incisional ... 9 Biópsia Excisional ... 10

Biópsia pelo método punch ... 11

Biópsia aspirativa ... 12

Citologia Esfoliativa ... 13

Utilização de laser e eletrobisturi numa biópsia ... 14

Conclusão ... 16

Bibliografia ... 18

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VIII Índice de Figuras

Figura 1- Ilustração da profundidade ideal de uma biópsia incisional (adaptado de Ephros, H

2020- sem autorização do autor) ... 10

Figura 2- Biópsia excisional de um mucocele (Adaptado de Logan, RM 2010 – sem autorização

do autor) ... 11

Figura 3- Biópsia pelo método punch (Adaptado de Avon, S-L 2012 – sem autorização do autor) ... 12

Figura 4- Biópsia aspirativa de uma lesão intraóssea (Adaptado de Valladares, C 2008 – sem autorização do autor) ... 13

Figura 5- Recolha de células para se realização da citologia esfoliativa (Adaptado de Deuerling, L. 2019 – sem autorização do autor) ... 14

Figura 6- Fig.6- Biópsia excisional de uma leucoplasia oral, com recurso ao uso de LASER

díodo 980 nm + 810 nm (1,2 + 05,5 W). (1)- Situação inicial; (2)- Após se realizar a biópsia; (3)- Peça removida; (4)- Controlo após 21 dias; (5)- Controlo após 80 dias. (Fotos de Prof. Dr. João

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2 I- Introdução

Etimologicamente, a palavra “biópsia” tem origem no grego antigo, a partir dos termos “bios” (vida) e “opsis” (visão). Em 1879, o termo foi introduzido na comunidade médica e científica por Ernest Besnier, termo esse que permaneceu na atualidade.(1)

Considera-se como biópsia, o ato cirúrgico de obtenção de uma parte de tecido de um organismo vivo, com o intuito de obter uma amostra representativa de modo a fazer um estudo histopatológico e posterior diagnóstico. Para além de tornar possível realizar um estudo histológico completo, incluindo a descrição das características histopatológicas e a extensão da lesão, a biópsia é um instrumento fundamental para o diagnóstico de uma doença e para a orientação da melhor estratégia no tratamento do paciente. Em termos de admissibilidade legal, as descobertas que se podem retirar do resultado de uma biópsia têm um valor quase irrefutável.(1, 2)

Este procedimento encontra-se indicado em lesões que persistem mais de duas semanas, quando estão presentes mudanças de coloração ou de tamanho. Por vezes o método da palpação não é um método fiável para a deteção destas lesões. Por isso, a biópsia encontra-se verdadeiramente indicada, por exemplo, no caso de lesões submucosas quando estas se encontram associadas à apresentação de sintomas e o seu crescimento se motivo aparente. Quanto a lesões de tecidos duros, este procedimento é rotineiramente utilizado como confirmação de um diagnóstico radiológico.(2-5)

Em contraste, a biópsia pode estar contraindicada em pacientes que possuam doenças sistémicas graves relacionadas com a coagulação sanguínea, uma vez que se pode verificar a ocorrência de um sangramento considerável, ou em pacientes que já se encontrem bastante doentes e este tipo de procedimento possa complicar ou piorar a sua saúde. Na presença de lesões bastante profundas, com pouca visibilidade ou que a técnica de biópsia seja de um grau elevado de dificuldade, a mesma deve ser realizada por um especialista. (1, 3) De salientar que lesões que representem uma variação do

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3 normal, como a linha alba, língua geográfica ou outras variantes anatómicas, não necessitam que se realize uma biópsia.(6)

No caso da biópsia não ser bem executada, pode pôr em causa a determinação ou confirmação de um diagnóstico. Assim, devido à grande variabilidade de tipos de tecido e de lesões, deve-se ter um conhecimento adequado das diferentes técnicas de biópsia para conseguir selecionar a melhor, consoante o caso, de modo a potenciar o valor do estudo histopatológico que sucede a biópsia e minimizar o risco de se diagnosticar erradamente uma lesão.(7-9)

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5 II- Materiais e Métodos

Para realizar este trabalho foram feitas pesquisas utilizando termos MeSH nas bases de dados Pubmed, Google Académico, Google Books e Reserch Gate.

Os critérios de inclusão foram:  Publicações de 2000 a 2020

 Idioma: inglês, português, espanhol  Revisões sistemáticas

 Artigos de revisão bibliográfica  Artigos de investigação

Os critérios de exclusão foram:

 Artigos baseados em opiniões pessoais  Casos clínicos com pouco rigor científicos  Artigos não baseados em evidência científica.

 Artigos que não sejam relacionados com os objectivos da monografia .

A pesquisa realizou-se do dia 23 de outubro de 2019 até ao dia 25 de fevereiro de 2020 . Para a realização desta monografia foi utilizada a seguinte equação “("Mouth/surgery"[Mesh]) AND "Biopsy/methods"[Mesh])” Para além desta equação, foram utilizadas outras palavras chave, como “punch biopsy”, “aspirative biopsy”, “exfoliative citology” e “biopsy using LASER”, de modo a expandir os resultados obtidos.

No total, foram analisados 55 artigos, dos quais apenas foram selecionados 29 artigos. Foram também analisados 4 livros, mais propriamente os capítulos referentes ao tema. Estes livros foram incluídos pelo valor científico que apresentam, reconhecido pela comunidade científica.

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7 III- Desenvolvimento

Considerações gerais

Antes de descrever as diferentes técnicas cirúrgicas relativas às biópsias, existem alguns conceitos gerais que devem ser explorados.

Primeiramente, é imperativo realizar uma história clínica completa (que inclua todos os detalhes pertinentes, como a duração e os sintomas), em conjunto com um exame visual e tátil do tecido, tanto o da lesão como o circundante, de modo a poder planear pormenorizadamente todo o procedimento. Um passo crucial será avaliar qual a melhor técnica cirúrgica de biópsia consoante a região anatómica e o tipo de lesão. (2, 8) Inclui-se neste planeamento, a necessidade de conhecer possíveis complicações bem como um estudo anatómico extensivo da zona do campo operatório.(6, 9) Se a lesão está em zonas específicas da cavidade oral, como o seu pavimento (pela proximidade estreita com vasos sanguíneos e nervos, ambos de grande calibre) ou se o cariz da lesão assim o necessite, o paciente deve ser referido a um especialista preparado para realizar a biópsia nestas condições

Antes de começar qualquer procedimento, o paciente deve assinar um consentimento informado, que deve conter não só a razão de ser necessário a efetuar uma biópsia, como, também, uma explicação detalhada de todas as possíveis complicações. Além disso, deve estar explícito que o resultado pode ser inconclusivo.(7, 8, 10) No Anexo I, encontra-se um exemplo de um possível consentimento informado.

Quanto à técnica anestésica, geralmente é do tipo local. Por vezes, dependendo da localização da lesão, pode ser considerada a utilização de uma técnica regional, o que apresenta a desvantagem de ocorrer a perda do efeito hemostático da adrenalina que, normalmente, está presente nas soluções anestésicas. Assim, muitas vezes, é preferida a técnica infiltrativa, administrando-se o anestésico à volta da lesão. Pode, ainda, ser considerada uma combinação das duas técnicas, caso se tenha alguma dificuldade no controlo da dor. (5, 6, 10) Contudo, o estudo anatómico da região, especialmente

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8 a sua possível proximidade a algum vaso sanguíneo ou nervo de calibre considerável, deve ser feito previamente à administração anestésica, de modo a poder prevenir alguma complicação relativa a esta parte do procedimento.(1, 5) Outro conceito a considerar será o grau de dificuldade do procedimento. Existem alguns tipos de lesões, como carcinomas de células escamosas ou outras, especialmente as extremamente extensas, que também devem ser referidas a colegas especialistas. (5)

No que respeita aos materiais necessários, estes poderão mudar consoante a técnica que irá ser utilizada, mas, em termos gerais, serão estes os indicados(6):

 Cabo do bisturi e uma lâmina nº 15 (geralmente a mais utilizada);

 Pinça de disseção, (preferivelmente a de Adson com ou sem dentes de rato);

Seringa tipo Carpule, agulha e solução anestésica (as mais utilizadas são a lidocaína a 2% com adrenalina 1:100000 e a articaína a 4% com adrenalina 1:100000);

 Afastadores (os que se melhor se adaptarem ao local);  Porta-agulhas e fio de sutura;

 Tesoura;

 Agentes hemostáticos (se necessário);  Compressas de gaze;

 Recipiente para a colocação da amostra para envio para análise histopatológica e respetiva solução fixante.

Como em todos os procedimentos cirúrgicos, podem ocorrer algumas complicações, as quais devem ser devidamente estudadas, para que se saiba reagir quando elas aparecem. Pode ocorrer uma hemorragia durante 24 horas após a realização da biópsia, normalmente por se verificar uma deiscência da ferida operatória e consequente disrupção do coágulo sanguíneo. É menos frequente acontecer de 5-8 horas depois, e, quando acontece, normalmente a

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9 sutura está demasiado apertada ou pode haver infecção no campo operatório. A parestesia também é uma complicação a considerar, sendo que a mesma pode ter uma duração indefinida. Se houver possibilidade de dor pós operatória, devem ser receitados analgésicos.(1, 11, 12)

Uma a duas semanas depois da biópsia, deve-se fazer um controlo do paciente para verificar as condições de cicatrização e, se for o caso, remover a sutura. Deve-se aproveitar esta consulta para discutir os resultados da biópsia e próximos passos do tratamento, se aplicável.(11, 13)

Biópsia Incisional

A técnica de biópsia incisional caracteriza-se por se retirar uma pequena amostra representativa da lesão, não a removendo por completo. Normalmente é utilizada em lesões bastante extensas ou quando existe dúvida no diagnóstico visual, sendo necessária a confirmação do diagnóstico para escolher o plano de tratamento que melhor se adequa. Esta amostra retirada, deve incluir tecido são e não apenas tecido lesionado, para poder haver um termo de comparação.(14) Normalmente, este tipo de biópsia é utilizado em lesões com leucoplasias, eritroplasias e outras como líquen-plano oral. Deve ser considerado o seu uso em lesões em que se suspeita de malignidade. No entanto o seu uso é controverso, uma vez que existem autores que defendem que pode ocorrer uma invasão de células malignas através dos vasos sanguíneos da ferida cirúrgica, potenciando o risco de metástases.(12, 15)

O local onde vai ser realizada a biópsia deve ser escolhido pelo que apresentar maior número de alterações detetáveis no tecido. No entanto deve-se evitar a escolha de tecidos que deve-se apredeve-sentem necrosados, uma vez que estes são inúteis para o diagnóstico da lesão.(6, 9, 16) De notar que a anestesia deve ser administrada a pelo menos 0,5 cm do local escolhido, para não se verificar distorção tecidular, uma vez que esta pode criar artefactos histopatológicos que impossibilitem o diagnóstico da lesão .(17)

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10 A profundidade deve ser, pelo menos entre 3 a 4 mm, de modo a ser possível recolher a membrana basal e o tecido conjuntivo, já que, se a amostra for mais superficial, as anomalias nestes tecidos podem não ser detectadas (Fig. 1). Quanto ao comprimento da amostra, este vai depender sempre de cada caso, no entanto, a guia costuma ser de três vezes a medida da largura.(12, 18) Deve também ser incluído na amostra 2 a 3 mm de tecido saudável.(18)

No que se refere à incisão propriamente dita, esta deve ser de forma elíptica, em que existe uma convergência em forma de V. Deve começar-se pela incisão inferior, de modo a que a hemorragia não obstrua o campo cirúrgico.(2) O bisturi deve segurar-se num ângulo de 45º graus em relação à superfície da mucosa. As pinças de dissecção poderão ser úteis para facilitar este processo. Depois de retirada a amostra, esta deve ser colocada no recipiente que já contenha a solução fixante. A sutura é feita, geralmente, com pontos descontínuos e simples.(16, 18-20)

Fig.1- Ilustração da profundidade ideal de uma biópsia incisional (Adaptado de Ephros, H 2020 – sem autorização do autor)

Biópsia Excisional

Numa biópsia excisional, a lesão é removida na sua totalidade e submetida para estudo histopatológico. Deste modo, é utilizada em lesões de menor tamanho e provavelmente benignas, como mucocele, papiloma ou

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11 fibroma. Normalmente é também removida uma pequena margem em redor da lesão, para garantir a total exérese da mesma. Dentro das diferentes abordagens à biópsia, esta é a utilizada mais vezes. Como a lesão é removida totalmente, considera-se que este procedimento também possui um efeito terapêutico, mas deve-se sempre ter em conta a localização anatómica e a acessibilidade à mesma.(15, 21)

A anestesia deve ser administrada a 0,5 cm do local da incisão, tal qual a técnica de biópsia incisional e pelas mesmas razões. O procedimento pode-se realizar com um bisturi convencional, ou com um bisturi elétrico, ou mesmo LASER cirúrgico (normalmente o de CO2)(22). Relativamente à profundidade da incisão, esta pode ser de 2 a 3 mm, já que não necessita de ser tão profunda como a biópsia incisional. A incisão deve sem em forma de elipse e o ângulo desta, relativamente ao centro da lesão, deve ser de aproximadamente 45º graus.(11, 19, 21) Podem ser utilizadas suturas de tração, de modo a facilitar a manipulação dos tecidos. A amostra obtida terá uma forma de cunha e mais profunda na parte central.(2) Após a biópsia, sutura-se, normalmente, com pontos descontínuos e simples. Muitas vezes, a poção ideal será a utilização de suturas reabsorvíveis.(21, 23)

Fig.2- Biópsia excisional de um mucocele (Adaptado de Logan, RM 2010 – sem autorização do autor)

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12 Biópsia pelo método punch

Este método é utilizado quer como uma técnica de biópsia incisional,

quer como para a excisão de lesões de tamanho pequeno. As zonas de eleição para o uso desta técnica são, normalmente, as porções laterais da língua e da mucosa bucal, uma vez que, para que a biópsia seja bem sucedida, o dispositivo punch tem que estar orientado perpendicularmente ao tecido lesionado.(24)

O dispositivo punch é um instrumento que apresenta um cabo (metálico ou de encaixe) em que no extremo tem a forma de cilindro com a ponta cortante. Existem diversos tamanhos, de diâmetros entre 2 a 10 mm. Utiliza-se num movimento descendente e rotatório, e com o auxílio de uma tesoura, obtêm-se uma amostra de forma cilíndrica.(2, 16, 19)

São utilizadas as mesmas técnicas anestésicas que nas biópsias incisional e excisional. Pelo facto da incisão ter uma forma circular, a aproximação das margens da ferida torna-se um processo um pouco mais difícil do que se tivesse uma forma de elipse e por isso é recomendado o uso de suturas.(25)

Fig.3- Biópsia pelo método punch (Adaptado de Avon, S-L 2012 – sem autorização do

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13 Biópsia Aspirativa

Na cavidade oral, este método de biópsia é utilizado para lesões como tumores odontogénicos, lesões intraósseas e tumores das glândulas salivares major, apesar de, mesmo assim, ser raramente utilizado. Esta técnica permite um pós-operatório com menor dano aos tecidos e menor risco de infeção e também maior conforto para o paciente. No entanto, existe um espaço reduzido para realizar os movimentos de vaivém, os quais são necessários para efetuar a biópsia aspirativa e alguns autores defendem que existe algum risco de metástase, quando se utiliza este método. (26)

É utilizada uma agulha fina, associada a uma seringa, que exerce uma pressão negativa e aspira células da lesão que se pretende analisar. Deve-se fazer mais do que uma aspiração. É de notar que se deve enviar, para o laboratório que fará o estudo histopatológico, tanto a seringa como a agulha, em conjunto com a amostra recolhida. Uma das vantagens desta técnica é o facto de não serem necessárias suturas.(25-27)

Fig.4- Biópsia aspirativa de uma lesão intraóssea (Adaptado de Valladares, C 2008

sem autorização do autor)

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14 A técnica de citologia esfoliativa descreve-se como a raspagem de células da zona lesionada, com uma espátula de madeira ou metálica. Devem ser efetuados movimentos rotatórios para cima e para baixo, exercendo uma ligeira pressão. Através deste método, são recolhidas células de diferentes camadas do epitélio. O material recolhido deve ser colocado numa lâmina de vidro e fixado imediatamente de modo a ser enviado para o laboratório. Este tipo de técnica pode ser útil no diagnóstico de patologias como o penfigóide e a candidose.(2, 28)

Existem algumas vantagens como não ser necessária a administração de anestesia, uma vez que é um procedimento indolor e bastante rápido. Não é, no entanto, o melhor método para confirmar a presença de lesões malignas, uma vez que existe uma elevada probabilidade de o resultado ser um falso negativo.(28-30)

Fig.5- Recolha de células para se realização da citologia esfoliativa (Adaptado de

Deuerling, L. 2019 – sem autorização do autor)

Utilização de LASER e eletrobisturi numa biópsia

A utilização de um LASER (os mais utilizados são os de CO2 e os de díodo) ou eletrobisturi pode ser um recurso bastante útil numa biópsia

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15 excisional. Para além de promoverem uma hemóstase local boa, o desconforto pós-operatório é menor do que numa biópsia excisional convencional. Contudo são equipamentos bastante mais dispendiosos dos que o que são necessários para uma biópsia excisional convencional.(31)

No entanto, existem alguns cuidados que se devem ter em consideração. Este tipo de técnicas produz alterações tecidulares na amostra, especialmente perto das margens, devido à reação térmica provocada. Estas alterações podem dificultar o diagnóstico histológico. Deste modo, deve ser incluída uma margem adicional de 0,5mm entre a zona de corte e a zona representativa da amostra, de modo a diminuir a ocorrência destes artefactos histológicos. Todavia, o uso destes equipamentos para biópsias excisionais, especialmente na exérese de fibromas, papilomas e outras lesões pequenas e exofíticas, é cada vez mais predominante, pelo conforto tanto do paciente como do médico dentista. É de referenciar que cada vez se investe mais neste tipo de equipamentos, pelas suas diversas utilidades em Medicina Dentária.(31-33)

Fig.6- Biópsia excisional de uma leucoplasia oral, com recurso ao uso de LASER díodo 980 nm + 810 nm (1,2 + 05,5 W). (1)- Situação inicial; (2)- Após se realizar a biópsia; (3)- Peça removida; (4)- Controlo após 21 dias; (5)- Controlo após 80 dias. (Fotos de Prof. Dr. João

Braga - com autorização do autor).

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17 IV- Conclusão

O planeamento completo de uma biópsia é um passo que não deve ser subestimado. Muitos dos erros cometidos na realização destes procedimentos, podem ser prevenidos apenas por realizar este projeto.

Quando existe alguma dúvida após o exame visual e/ou radiológico, a biópsia é o caminho mais simples até se obter um diagnóstico definitivo. No entanto, devem ser tomados os cuidados apropriados, para que se evitem comportamentos que ponham em causa a validade do resultado da biópsia e para prevenir que o paciente tenha de se submeter a uma segunda biópsia. É imperativo que o se explique todo o procedimento detalhadamente e se exponham todas as possíveis complicações e se respondam todas as perguntas que paciente possa fazer.(3, 5, 9)

É de extrema importância que o médico dentista conheça as diferentes técnicas de biópsia e, dependendo da lesão, saiba qual a que se adapta melhor a cada caso, para que a biópsia seja bem-sucedida, potenciando validade do diagnóstico resultante. (14, 23)

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19 V- Bibliografia

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26. Santos APCd, Sugaya NN, Pinto Junior DdS, Lemos Junior CA. Fine needle aspiration biopsy in the oral cavity and head and neck region. Brazilian oral research. 2011;25(2):186-91. 27. Fitzhugh VA, Maniar KP, Gurudutt VV, Rivera M, Chen H, Wu M. Fine‐needle aspiration biopsy of granular cell tumor of the tongue: A technique for the aspiration of oral lesions. Diagnostic cytopathology. 2009;37(11):839-42.

(29)

21

28. Rethman MP, Carpenter W, Cohen EE, Epstein J, Evans CA, Flaitz CM, et al. Evidence-based clinical recommendations regarding screening for oral squamous cell carcinomas. The Journal of the American Dental Association. 2010;141(5):509-20.

29. Driemel O, Kunkel M, Hullmann M, Eggeling Fv, Müller‐Richter U, Kosmehl H, et al. Diagnosis of oral squamous cell carcinoma and its precursor lesions. JDDG: Journal der Deutschen Dermatologischen Gesellschaft. 2007;5(12):1095-100.

30. Poh CF, Ng S, Berean KW, Williams PM, Rosin MP, Zhang L. Biopsy and histopathologic diagnosis of oral premalignant and malignant lesions. Journal of the Canadian Dental Association. 2008;74(3).

31. Shalawe WS, Ibrahim ZA, Sulaiman AD. Clinical comparison between diode laser and scalpel incisions in oral soft tissue biopsy. Al-Rafidain Dental Journal. 2012;12(20):337-43. 32. Bornstein MM, Winzap-Kälin C, Cochran DL, Buser D. The CO 2 Laser for Excisional Biopsies of Oral Lesions: A Case Series Study. International Journal of Periodontics & Restorative Dentistry. 2005;25(3).

33. Mathur E, Sareen M, Dhaka P, Baghla P. Diode laser excision of oral benign lesions. Journal of lasers in medical sciences. 2015;6(3):129.

(30)

22

(31)

23

Anexo I

Consentimento informado para Biópsia

Nome do paciente: _________________________________

Objetivo: O meu médico dentista recomendou que me submetesse a uma biópsia pela técnica __________________, de modo a poder diagnosticar o tipo lesão que se localiza __________________. O diagnóstico é fundamental para estabelecer a necessidade de cuidados pós operatórios e num planeamento de tratamento da lesão.

Procedimento cirúrgico: Foram-me explicados todos os passos do procedimento cirúrgico ao qual me vou submeter, incluindo que se vai administrar anestesia e sutura. Confirmo que também dei conhecimento ao meu médico dentista de todas as patologias sistémicas que possa ter e possíveis alergias. Foi-me explicado que o estudo histopatológico será feito por outro profissional de saúde. Foi-me explicado a necessidade de marcação de uma consulta para avaliar o processo de cicatrização e discussão dos resultados da biópsia.

Riscos e complicações: Tomei conhecimento dos riscos e complicações que possam ocorrer devido a este procedimento, que incluem (mas não estão limitados a apenas estes):

 Pode ser necessária uma segunda cirurgia devido a complicações relativas à primeira cirurgia;

O processo de cicatrização pode ser anormal;

Alergias a materiais utilizados durante o procedimento; Sangramento;

(32)

24  Dor pós-operatória

Restrição temporária da abertura da boca; Mobilidade dentária;

Alteração ou perda de sensação devido a danos nervosos. Tomei conhecimento que o uso de anestésicos locais tem riscos que podem incluir, entre outros: lesões nervosas que pode resultar em alteração ou perda de sensação, dormência e dor. Estas condições podem ser temporárias ou permanentes.

Cuidados pós operatórios: Tomei conhecimento da importância de manter uma boa saúde oral no processo de cicatrização. Fui informado/a que o uso de substâncias como tabaco e álcool e ter uma dieta cariogénica pode prejudicar o processo de cicatrização.

A minha assinatura confirma que li e entendi todas as explicações mencionadas neste documento e proferidas pelo médico dentista. Após deliberação, autorizo que se realize este procedimento conforme me foi

descrito pelo médico dentista durante a consulta de apresentação do plano de tratamento.

____________(localidade do estabelecimento), ___ (dia) de ________ (mês) de ______ (ano)

____________________________ (ASSINATURA DO PACIENTE)

Confirmo que discuti com o/a paciente acima mencionado os benefícios, riscos e complicações relativos a uma biópsia. O/A paciente teve oportunidade para fazer perguntas, as quais foram respondidas e o/a paciente demostrou que as

(33)

25 entendeu. Assim, o paciente consentiu que se realizasse a biópsia, cujos

resultados serão discutidos numa consulta posterior.

____________(localidade do estabelecimento), ___ (dia) de ________ (mês) de ______ (ano)

____________________________ (ASSINATURA DO MÉDICO DENTISTA)

(34)
(35)
(36)

DIPORTO

FACULDADE DE MEDICINA DENTARIA

UNIVERSIDADE DO PORTO

Parecer

(Entrega do trabalho final de Monografia)

Eu, Inês Guerra Pereira, informo que o trabalho final de monografia com o títu,lo "Biópsias: diferentes abordagens cirúrgicas'' realizado pela estudante Maria Margarida Mouteira Guerreiro Romero Antelo, está de acordo com as regras estipuladas pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, foi" po'r mim• conferido e encontra:..se em condições· de- ser apresentado ' em provas públicas

Porto, 5 de julho de 2020

A Coorientadora

(Profes~or:a Auxiliar Convidada da FMDUP)

Rua Dr. Manuel Pereira da Silva, 4200-329 Porto - Portugal Telefone: 220901100- Fax: 22 090 11 01

Referências

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