• Nenhum resultado encontrado

Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente, perfil Gestão e Sistemas Ambientais Orientador: Professora Doutora Júlia Seixas Lisboa 2010

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente, perfil Gestão e Sistemas Ambientais Orientador: Professora Doutora Júlia Seixas Lisboa 2010"

Copied!
200
0
0

Texto

(1)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente

A

A

v

v

a

a

l

l

i

i

a

a

ç

ç

ã

ã

o

o

d

d

e

e

r

r

i

i

s

s

c

c

o

o

n

n

a

a

p

p

e

e

n

n

í

í

n

n

s

s

u

u

l

l

a

a

d

d

a

a

M

M

i

i

t

t

r

r

e

e

n

n

a

a

C

C

o

o

n

n

t

t

r

r

i

i

b

b

u

u

t

t

o

o

s

s

p

p

a

a

r

r

a

a

a

a

e

e

l

l

a

a

b

b

o

o

r

r

a

a

ç

ç

ã

ã

o

o

d

d

a

a

C

C

a

a

r

r

t

t

a

a

d

d

e

e

r

r

i

i

s

s

c

c

o

o

Ana Rita Loureiro Caramelo

Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente, perfil Gestão e

Sistemas Ambientais

Orientador: Professora Doutora Júlia Seixas Lisboa

(2)
(3)

i

Agradecimentos

Esta dissertação foi elaborada ao abrigo do protocolo de cooperação entre a ANPC e a FCT-UNL, no qual foi-me possibilitado estagiar na ANPC, tendo sido integrada no grupo de trabalho da Carta de risco da península da Mitrena. No desenvolver deste projecto pode contar com a colaboração e dedicação de várias pessoas às quais devo os meus sinceros agradecimentos.

À Professora Doutora Júlia Seixas, minha orientadora, pela oportunidade de estagiar na ANPC, e o empenho e compreensão na revisão desta tese de mestrado.

Ao grupo de trabalho para a Carta de risco da península da Mitrena, constituído pela Eng. Patrícia Pires (co-orientadora), Dr. Giuseppe Cornaglia, Eng. Paulo Sacadura, da ANPC, Dr. José Luís Bucho, Bombeiro Nuno Sousa, dos SMPCB Setúbal, e Eng. Isabel Santos e Eng. Mário Macedo, consultores externos deste projecto.

À minha chefe Eng. Patrícia Pires, chefe do núcleo de riscos e alerta, por me ter integrado no grupo de trabalho do projecto Carta de risco da península da Mitrena, por ter confiado em mim para representar este projecto em duas apresentações públicas. Agradeço especialmente a disponibilidade, acompanhamento, boa disposição, simpatia, apoio, especialmente em matérias que não foram exploradas no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente, e nas quais foram surgindo inúmeras dúvidas.

Ao Giuseppe Cornaglia, técnico responsável pelo departamento de gestão de sistemas de informação e qualidade da ANPC pela simpatia e paciência e pelos conhecimentos transmitidos, particularmente ao ensinar-me a trabalhar com o ArcGIS.

Aos colegas, Elsa Costa, Luís Sá, Paulo Sacadura e Nuno Mondril, técnicos do núcleo de risco e alerta no qual estagiei na ANPC, e ainda à antiga colega Carla Barreiros, pela simpatia que me receberam e pela disponibilidade em partilhar conhecimentos em diversas áreas. Agradeço também aos colegas da ANPC, Fernando Araújo, Sandra Serrano, Carlos Mendes, Susana Cardoso e Carlos Graça pela simpatia e pelos momentos de descontracção.

Um agradecimento especial aos meus pais por me terem apoiado neste estágio, sem este apoio, esta tese não teria sido possível. E aos meus amigos por me fazerem rir.

(4)
(5)

iii

Sumário

A península da Mitrena é uma área fortemente industrializada, situa-se na zona Este do concelho de Setúbal e nas imediações de uma área de elevado interesse ambiental, a Reserva Natural do Estuário do Sado (RNES). A gestão de acidentes e a tipologia de ocorrências verificadas nesta zona industrial, levou o município de Setúbal a identificar a necessidade de obter um instrumento de gestão de emergências e um documento de apoio ao ordenamento do território. Deste modo, surgiu o projecto da Carta de Risco da península da Mitrena, envolvendo a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e o Serviço Municipal de Protecção Civil e Bombeiros (SMPCB) da Câmara Municipal de Setúbal.

O estudo presente nesta dissertação teve como objectivo apoiar este projecto, nomeadamente na fase de avaliação de risco, na construção de um SIG (Sistema de Informação Geográfica), e na definição de estratégias a adoptar para mitigar e prevenir acidentes. A caracterização do risco presente na península da Mitrena e a avaliação das consequências, para os colaboradores, população, ambiente e infra-estruturas foram os principais resultados obtidos com a aplicação da metodologia de avaliação de risco proposta neste estudo.

(6)

iv

Abstract

Mitrena Peninsula is a heavily industrialized area, and is located in the East of Setúbal Municipality and near an area of high environmental interest, the Natural Reserve of Sado

Estuary (RNES). The management of accidents and the type of events that occur in this industrial area took the city of Setubal to identify the need for a tool for emergency management and a background document for the territory. The result has been the project Map of Risk for the Mitrena peninsula, involving the National Authority for Civil Protection (ANPC) and the Municipal Service of Civil Protection and Fire (SMPCB) at Setúbal Municipality.

The present study in this dissertation aimed to support this project, in particular developing a risk assessment methodology, construction of a Geographic Information System (GIS), and defining strategies to mitigate and prevent accidents. The characterization of risk in Mitrena peninsula and evaluation of the consequences for employees, population, environment and infrastructure were the main results obtained with the risk assessment methodology proposed in this study.

(7)

v

Acrónimos

AAE Avaliação Ambiental Estratégica AEGL´s Acute Exposure Guideline Levels

AIA Avaliação de Impacte Ambiental

ANPC Autoridade Nacional de Protecção Civil

APA Agência Portuguesa do Ambiente

APSS Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, S.A.

ARAMIS Accidental Risk Assessment Methodology for Industries in the framework of Seveso II Directive

CAE Classificação Portuguesa de Actividades Económicas

CP Comboios de Portugal

DIA Declaração de Impacte Ambiental

EFFECTS Software tool for calculation of physical effects © TNO

EPA Environmental Protection Agency (Agência de Protecção do Ambiente dos Estados Unidos da América)

ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais

ICNB Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade IGEOE Instituto Geográfico do Exército

IGP Instituto Geográfico Português INE Instituto Nacional de Estatística

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico PCGO Protecção Civil Gestão de Ocorrências

PCIP Prevenção e Controlo Integrados da Poluição PEE Plano de Emergência Externo

PEI Plano de Emergência Interno

RAN Reserva Agrícola Nacional

RELAI Regime de Exercício da Actividade Industrial

REN Reserva Ecológica Nacional

RNES Reserva Natural do Estuário do Sado SIG Sistema de Informação Geográfica

(8)
(9)

vii

Índice de Matérias

1. Introdução ... 1

2. Revisão da literatura ... 9

2.1 Risco Tecnológico ... 9

2.2 Acidentes tecnológicos ... 10

2.3 Metodologias de avaliação de risco... 11

2.3.1 Metodologias adoptadas pela Holanda, Alemanha e Itália ... 14

2.3.2 ARAMIS (Accidental Risk Assessment Methodology for Industries in the framework of Seveso II directive) ... 17

2.3.3 Processo de avaliação de risco da Autoridade Nacional de Protecção Civil ... 19

2.4 Cartografia de riscos e SIG ... 23

3. Metodologia para a avaliação de risco na península da Mitrena ... 27

3.1 Situação de Referência ... 28

3.1.1 Caracterização geral da península da Mitrena ... 28

3.1.2 Elaboração de cartografia em SIG ... 29

3.1.3 Caracterização física ... 32

3.1.4 Caracterização das infra-estruturas ... 39

3.1.5 Caracterização sócio-económica ... 40

3.1.6 Caracterização das ocorrências de 2004 a 2009 ... 44

3.2 Identificação dos perigos ... 46

3.2.1 Recolha de dados e informação ... 46

3.2.2 Tratamento de dados ... 47

3.2.3 Caracterização das instalações ... 49

3.2.4 Substâncias perigosas armazenadas ... 55

3.2.5 Substâncias perigosas transportadas ... 58

3.3 Análise de Risco ... 59

3.3.1 Selecção dos cenários de acidente ... 60

3.3.2 Níveis de risco ... 64

3.3.3 Modelação dos cenários de acidente ... 65

3.3.4 Cartografia para a caracterização de risco ... 68

3.3.5 Cartografia para a avaliação das consequências ... 68

4. Resultados ... 71

4.1 Caracterização do risco ... 71

4.1.1 Incêndio ... 72

(10)

viii

4.1.3 Pluma tóxica ... 82

4.2 Avaliação das consequências ... 83

4.2.1 Colaboradores ... 83

4.2.2 População residente ... 88

4.2.3 Ambiente ... 90

4.2.4 Infra-estruturas ... 92

4.2.4.1 Infra-estruturas afectadas pelo pior cenário global ... 101

4.3 Estratégias para a prevenção e mitigação dos riscos ... 106

5. Discussão de resultados e conclusões ... 111

6. Referências Bibliográficas ... 116

(11)

ix

Índice de Tabelas

Tabela 2-1 - Lista de riscos tecnológicos (Fonte: ANPC - NRA (2009)) ... 10

Tabela 2-2 – Acidentes tecnológicos ocorridos na Europa entre 1999 e 2002 (Fonte: Adaptado de EEA (2003a) e EEA (2003b)) ... 11

Tabela 2-3 – Matriz de compatibilidade do Decreto Ministerial, de 9 Maio de 2001 (Fonte: Basta, Struckl, & Christou (2008)) ... 17

Tabela 3-1 – Cartografia de base ... 30

Tabela 3-2 - Cartas para Caracterização da península da Mitrena ... 31

Tabela 3-3 - Velocidade média anual e Frequência por quadrante ... 33

Tabela 3-4 – Entidades consultadas e dados fornecidos ... 47

Tabela 3-5 – Cartas para a identificação dos perigos na península da Mitrena ... 49

Tabela 3-6 – Classificação das actividades económicas das empresas da península da Mitrena ... 51

Tabela 3-7 – Designação das categorias de substâncias perigosas ... 57

Tabela 3-8 – Lista das categorias de substâncias perigosas por n.º de instalações ... 57

Tabela 3-9 – Substâncias perigosas e Instalações/Localizações seleccionadas ... 60

Tabela 3-10 – Substâncias perigosas e equipamentos escolhidos ... 60

Tabela 3-11 – Níveis de risco ... 64

Tabela 3-12 - Efeitos da exposição a radiação térmica incidente no ser humano e materiais (Fonte: adaptado de Pintaric (2007)) ... 64

Tabela 3-13 - Efeitos da exposição a níveis de sobrepressão no ser humano e materiais (adaptado de Pintaric (2007))... 65

Tabela 3-14 – Valores de AEGL`s para o Amoníaco (Fonte: Adaptado de EPA (2008)) ... 65

Tabela 3-15 - Parâmetros meteorológicos para os cenários de incêndio e explosão... 67

Tabela 3-16 - Parâmetros meteorológicos para o cenário toxicológico ... 67

Tabela 3-17 – Cartas para a avaliação das consequências ... 68

Tabela 4-1 – Cenários de acidente modelados ... 71

Tabela 4-2 – Distâncias por nível de risco atingidas pelo cenário Bola de fogo ... 72

Tabela 4-3 - Distâncias por nível de risco atingidas pelos cenários Incêndio tipo jacto ... 73

Tabela 4-4 - Distâncias por nível de risco atingidas pelos cenários Incêndio tipo piscina ... 76

Tabela 4-5 - Distâncias por nível de risco atingidas pelos cenários BLEVE ... 77

Tabela 4-6 - Distâncias por nível de risco atingidas pelos cenários VCE ... 78

Tabela 4-7 - Distâncias por nível de risco atingidas pela pluma tóxica ... 82

Tabela 4-8 - Colaboradores por edifícios afectados por explosão de origem em instalações. 84 Tabela 4-9 – Colaboradores afectados por cenários de incêndio e por instalações ... 86

(12)

x

Tabela 4-11 - População residente afectada por cenário toxicológico ... 88

Tabela 4-12 – Infra-estruturas de utilização colectiva ou serviço público afectados por cenário toxicológico ... 90

Tabela 4-13 – Área de utilização condicionada afectada por cada cenário de incêndio ... 91

Tabela 4-14 – Áreas afectadas por cenário tóxico ... 92

Tabela 4-15 – N.º de edifícios e reservatórios afectados por Incêndio ... 93

Tabela 4-16 - N.º de edifícios e reservatórios afectados por Explosão ... 94

Tabela 4-17 – N.º de edifícios e reservatórios com sub. perigosas afectados por Incêndio ... 95

Tabela 4-18 - N.º de edifícios e reservatórios com sub. Perigosas afectados por Explosão ... 96

Tabela 4-19 – Estradas afectadas por incêndio ... 97

Tabela 4-20 – Comprimento da linha ferroviária afectada por Incêndio ... 99

Tabela 4-21 - Comprimento da linha ferroviária afectada por Explosão... 99

Tabela 4-22 – Rede eléctrica afectada por Incêndio ... 100

Tabela 4-23 - Rede eléctrica afectada por Explosão ... 100

Tabela 4-24 - Edifícios e reservatórios afectados pelo pior cenário global e por incêndio e explosão ... 102

Tabela 4-25 - N.º de reservatórios com substâncias perigosas atingidos pelo pior cenário global por incêndio ou explosão ... 103

Tabela 4-26 - Instalações exteriores à península da Mitrena afectadas pelo pior cenário global por incêndio ou explosão ... 103

Tabela 4-27 – Infra-estrutura rodoviária afectada pelo pior cenário global por incêndio e explosão ... 104

Tabela 4-28 – Infra-estrutura ferroviária atingida pelo pior cenário global por incêndio ou explosão ... 105

(13)

xi

Índice de Figuras

Figura 2-1 – Valores limite de risco individual na abordagem Holandesa (Fonte: Bottelberghs,

2000) ... 15

Figura 2-2- Processo de avaliação de risco da ANPC (Fonte: ANPC - NRA (2009) ... 20

Figura 3-1 – Fluxograma da metodologia adoptada ... 27

Figura 3-2 – Localização geográfica da península da Mitrena ... 29

Figura 3-3 – Ilustração das ferramentas utilizadas ... 31

Figura 3-4 - Corine Land Cover 2000 para a península da Mitrena ... 34

Figura 3-5 - Carta de condicionantes do PDM de Setúbal 1994 para a península da Mitrena 35 Figura 3-6 - Reserva Natural do estuário do Sado (Fonte: ICNB, 2005) ... 36

Figura 3-7 - População residente e densidade populacional por Freguesia (Fonte: Adaptado de INE, 2001) ... 41

Figura 3-8 - População residente no concelho de Setúbal (Fonte: Adaptado de INE (2001)) . 42 Figura 3-9 – População residente por freguesia e por escalão etário (Fonte: Adaptado de INE (2001) ... 43

Figura 3-10 - Localização das ocorrências na península da Mitrena de 2004 a 2008 ... 45

Figura 3-11 – Percentagem de ocorrências por tipo de 2004 a 2008 ... 45

Figura 3-12 – Instalações presentes na península da Mitrena ... 50

Figura 3-13 – Regulamentação e legislação por instalação na península da Mitrena ... 54

Figura 3-14 – N.º de colaboradores por instalação na península da Mitrena ... 55

Figura 3-15 - Localização dos edifícios e reservatórios com substâncias perigosas presentes na península da Mitrena ... 58

Figura 3-16 – Árvore de acontecimentos para o amoníaco – instalação 17 – armazenamento sob pressão ... 61

Figura 3-17 – Árvore de acontecimentos para o acetileno – instalação 7 - armazenamento sob pressão ... 61

Figura 3-18 – Árvore de acontecimentos para o butano – instalação 38 – armazenamento sob pressão ... 61

Figura 3-19 – Árvores de acontecimentos para o propano – instalações 34 e 39 – armazenamento sob pressão ... 62

Figura 3-20 – Árvores de acontecimentos para o propano – instalações 46 e 64 – armazenamento sob pressão ... 62

Figura 3-21 - Árvore de acontecimentos para a gasolina – instalação 5 e estradas – reservatório ou cisterna ... 62

Figura 3-22 – Árvores de acontecimentos para o gás natural (metano) – gasoduto – gasoduto sob pressão ... 63

Figura 4-1 – Níveis de risco associados aos cenários de Bola de fogo ... 72

(14)

xii

Figura 4-3 – Níveis de risco associados ao Incêndio tipo jacto na instalação 38... 74

Figura 4-4 – Níveis de risco associados ao Incêndio tipo jacto na instalação 46... 74

Figura 4-5 – Níveis de risco associados ao Incêndio tipo jacto na instalação 64... 75

Figura 4-6 – Níveis de risco associados ao Incêndio tipo jacto no Gasoduto ... 76

Figura 4-7 – Níveis de risco associados ao incêndio tipo piscina com origem nas Estradas e na instalação 5 ... 77

Figura 4-8 - Níveis de risco associados aos cenários de BLEVE com origem nas instalações 34, 39, 46 e 64 ... 78

Figura 4-9 – Níveis de risco associados ao cenário de VCE na Instalação 34 ... 79

Figura 4-10 – Níveis de risco associados ao cenário de VCE na Instalação 38 ... 79

Figura 4-11 – Níveis de risco associados ao cenário de VCE na Instalação 39 ... 80

Figura 4-12 – Níveis de risco associados ao cenário de VCE na Instalação 46 ... 80

Figura 4-13 – Níveis de risco associados ao cenário de VCE na Instalação 64 ... 81

Figura 4-14 – Níveis de risco associados ao cenário de VCE no Gasoduto ... 81

Figura 4-15 – Níveis de risco associados aos cenários de plumas tóxicas ... 82

Figura 4-16- Edifícios afectados por BLEVE com origem nas instalações 34, 39, 46 e 64 ... 85

Figura 4-17 - Instalações afectadas por Bola de fogo com origem nas instalações 34, 39, 46 e 64 ... 86

Figura 4-18 - Pluma na direcção do vento SE e instalações afectadas ... 88

Figura 4-19 - População Residente segundo os blocos do Censos 2001 afectadas por pluma na direcção do vento SE ... 89

Figura 4-20 - Edifícios e reservatórios afectados por Bola de fogo com origem nas instalações 34, 39, 46 e 64 ... 93

Figura 4-21 - Edifícios e reservatórios com substâncias perigosas afectados por VCE com origem nas instalações 39 e 46. ... 96

Figura 4-22 - Estradas afectadas por Bola de fogo com origem nas instalações 39, 46 e 64 .. 98

Figura 4-23 - Rede eléctrica afectada por Incêndio tipo piscina com origem nas estradas .. 101

Figura 4-24 - Edifícios e reservatórios afectados pelo pior cenário global ... 102

(15)

1

1.

Introdução

Avaliação de riscos é um processo que consiste numa série de passos sequenciais, ou seja: identificação de perigos, selecção de cenários de acidentes, caracterização do risco e avaliação das consequências. No âmbito do planeamento de segurança, ordenamento do território, e prevenção de acidentes com substâncias perigosas, é uma ferramenta que permite identificar os riscos associados a determinada fonte e fornecer a informação necessária para a selecção de estratégias de prevenção e mitigação de acidentes, nomeadamente através da preparação de planos de emergência, de resposta a acidentes, e de ordenamento do território. Num processo de avaliação de risco, os riscos podem ser classificados por níveis de efeitos e deste modo possibilitar a escolha e avaliação de opções técnicas, organizacionais e políticas, de modo que, os resultados permitam um aumento da segurança. (OECD, 2003).

A evolução tecnológica, a criação de novos tipos de indústrias, a utilização de mais e maiores quantidades de substâncias perigosas provocou a aparecimento de acidentes tecnológicos, acontecimentos súbitos, causadores de danos graves nas populações e ambiente, com os acidentes tecnológicos de Enschede em 2000, Toulouse em 2001 e Lagos em 2002, o que levou as populações a desconfiarem tanto das indústrias como da capacidade autoridades em tomar decisões tendo em conta o potencial de risco (Salvi & Debray, 2006).

Actualmente, as populações exigem um elevado nível de segurança e bem-estar, bem como a preservação da qualidade do ambiente. Neste sentido, é necessário identificar os fenómenos perigosos e antecipar as suas possíveis consequências, de modo a minimizar os prejuízos, não só pela implementação das medidas de mitigação necessárias, mas também pela actuação a montante, no âmbito do ordenamento do território (ANPC, DGOTDU & IGP, 2009).

(16)

2 O risco tem sido uma temática abordada por diferentes regulamentos na União Europeia, nomeadamente na Directiva relativa à prevenção e controlo integrados da poluição (PCIP) (Directiva 2008/1/CE do Conselho, de 15 de Janeiro de 2008), na Directiva relativa à responsabilidade ambiental em termos de prevenção e reparação de danos ambientais (Directiva 2004/35/CE do Conselho, de 21 de Abril de 2004), na Directiva de Avaliação de Impactes Ambientais (AIA), (Directiva 2003/35/EC do Conselho, de 26 de Maio de 2003), e na Directiva da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) (Directiva de 2001/42/CE Conselho, de 27 de Junho de 2001).

No que diz respeito à localização de novas actividades industriais, a Directiva PCIP pode ser considerada a mais relevante Directiva Europeia relativamente à Directiva Seveso II (Basta, Struckl, & Christou, 2008). O artigo 3.º da Directiva PCIP requer "...que as instalações sejam exploradas de modo que... as medidas necessárias sejam tomadas para prevenir os acidentes e limitar as suas consequências", e o Anexo IV estabelece que a “Necessidade de

prevenir os acidentes e de reduzir as suas consequências para o ambiente” é um dos elementos a ter em conta na determinação das melhores técnicas disponíveis de acordo com os custos e benefícios que podem resultar de uma acção e os princípios de precaução e de prevenção.

A Directiva relativa à responsabilidade ambiental em termos de prevenção e reparação de danos ambientais estabelece no Artigo 5.º que “quando ainda não se tiverem verificado danos ambientais, mas houver uma ameaça iminente desses danos, o operador tomará sem demora as medidas de prevenção necessárias”. Quando se tiverem verificado danos ambientais, as autoridades competentes podem “exigir que o operador tome as medidas de reparação necessárias”, Artigo 6º, sendo ainda da responsabilidade dos “operadores, suportar os custos das acções de prevenção e de reparação…”, Artigo 8.º.

(17)

3 ocorrências. De modo geral, este regulamento requer que os operadores destes estabelecimentos desenvolvam e implementem um programa de gestão de risco, que deverá conter uma análise das potenciais consequências para o exterior, e do pior cenário possível, cinco anos de histórico de acidentes, um programa de prevenção e um plano de emergência (EPA, 2009).

No mesmo âmbito do regulamento da U.S.EPA, a Comissão Europeia criou a Directiva 82/501/CE do Conselho, de 24 de Junho de 1982, relativa a prevenção de acidentes graves que envolvem substâncias perigosas e a limitação das suas consequências para o homem e o ambiente. Através das experiências obtidas pela aplicação desta Directiva e à luz dos acidentes que ocorreram em Bhopal e no México, que evidenciaram o perigo que pode constituir a proximidade entre estabelecimentos perigosos e zonas residenciais, o Conselho, convidou a Comissão a incluir na Directiva 82/501/CE disposições relativas ao controlo do planeamento da ocupação dos solos aquando do licenciamento de novas instalações e do desenvolvimento de urbanizações nas imediações de instalações existentes. Estas alterações deram origem à Directiva 96/82/CE do Conselho, de 9 de Dezembro de 1996, que introduziu os requisitos para o ordenamento do território.

Posteriormente a Comissão Europeia considerou necessário alargar o âmbito de aplicação desta Directiva, devido aos acidentes industriais recentes e na sequência de estudos sobre carcinogéneos e substâncias perigosas para o ambiente, de destacar o derrame de cianetos que poluiu o Danúbio na sequência do acidente ocorrido em Baia Mare, na Roménia, em Janeiro de 2000, o acidente com artigos pirotécnicos, ocorrido em Enschede, na Holanda, em Maio de 2000, e uma explosão ocorrida numa fábrica de adubos em Toulouse, em Setembro de 2001, este último, realçou o risco de acidentes decorrente do armazenamento de nitrato de amónio e de adubos à base de nitrato de amónio. Estes acontecimentos levaram à alteração da Directiva anterior, obtendo-se a Directiva 2003/105/CE, de 16 de Dezembro de 2003, que relativamente aos requisitos para o ordenamento do território, estabelece no Artigo 12.º.

os Estados-Membros devem assegurar que a sua política de afectação ou de utilização

dos solos e/ou outras políticas pertinentes, bem como os procedimentos de execução

dessas políticas, têm em conta a necessidade, a longo prazo, de manter distâncias

adequadas entre, por um lado, os estabelecimentos abrangidos pela presente directiva

(18)

4 principais vias rodoviárias na medida do possível, as zonas de recreio e lazer e as zonas

naturais de interesse particular ou com características particularmente sensíveis e,

para os estabelecimentos existentes, a necessidade de medidas técnicas

complementares nos termos do artigo 5.º, a fim de não aumentarem os riscos para as

pessoas”.

A Directiva 2003/105/CE não estabelece ou sugere distâncias de segurança, deixando a cada Estado-Membro e autoridades competentes, a responsabilidade de estabelecer as distâncias e avaliar a sua adequabilidade. As autoridades de cada Estado-Membro são também responsáveis por estabelecer procedimentos relativos às políticas de ordenamento do território. No sentido de ajudar as autoridades competentes de cada Estado-Membro a cumprir o Artigo 12.º da Directiva, foram elaborados Guidelines pelo Grupo de Trabalho composto por representantes das autoridades competentes e designados pelo Joint

Research Centre da Comissão Europeia. Em 2008, foi publicado o último documento com orientações (Basta, Struckl, & Christou, 2008), que relata os resultados do inquérito sobre "boas práticas" para o ordenamento do território no âmbito da Directiva Seveso II, e propõe roteiros implementação para se cumprir os requisitos do Artigo 12.º.

Em Portugal, a Directiva 2003/105/CE foi transporta para o direito interno pelo Decreto-lei n.º 254/2007, de 12 de Julho, que reconfigura o regime de prevenção e controlo de acidentes graves que envolvem substâncias perigosas e limitação das suas consequências para o homem e o ambiente, revogando o Decreto-lei n.º 164/2001, de 23 de Maio e a Portaria n.º 193/2002, de 4 de Março.

Os requisitos relativos ao ordenamento do território estão presentes no Artigo 5.º do Decreto-lei n.º 254/2007, que estabelece a obrigação de garantir as distâncias de segurança nos seguintes casos: elaboração, revisão e alteração dos planos municipais de ordenamento do território (PMOT); e em operações urbanísticas na proximidade de estabelecimentos abrangidos. Os critérios de referência previstos, por este Artigo, irão servir para determinar a dimensão das parcelas e os parâmetros urbanísticos que permitam acautelar as distâncias de segurança em redor dos estabelecimentos.

(19)

5 uma abordagem orientada para as consequências para a definição destes critérios (APA, s/d). Assim sendo, até ao momento nenhum PMOT tem sido elaborado, revisto ou alterado de acordo como disposto no artigo 5.º.

A nível nacional, não existe nenhum regulamento que obrigue os munícipes a analisarem as zonas industriais com elevado potencial de risco, assim como, também não existe até à data nenhuma iniciativa de avaliação do risco com o objectivo de auxiliar os planos de ordenamento do território neste tipo de zonas. Neste contexto, como disposto no Decreto-Lei n.º 254/2007, de 12 de Julho, as câmaras municipais apenas tem de elaborar os Planos de Emergência Externos (PEE) para cada estabelecimento classificado como nível superior de perigosidade.

Em Portugal a Protecção Civil, segundo a Lei n.º 27/2006, de 3 de Julho, Artigo 4.º, tem como um dos seus objectivos fundamentais a prevenção dos riscos colectivos e da ocorrência de acidente grave, ou de catástrofe deles resultantes e a atenuação dos riscos colectivos e limitação dos seus efeitos no caso da ocorrência.

A península da Mitrena localizada no concelho de Setúbal e distrito de Setúbal, é uma área de elevada densidade industrial, com grande importância na economia, na criação de emprego e estrutura social, bem como no desenvolvimento da região e do país. Estão aqui instaladas indústrias com elevado potencial de risco, numa área de elevado interesse ambiental, a Reserva Natural do Estuário do Sado (RNES).

A gestão de acidentes e a tipologia de ocorrências verificadas nesta zona industrial, levou o município de Setúbal a identificar a necessidade de obter um instrumento de gestão de emergências e um documento de apoio ao ordenamento do território. Deste modo, surgiu o projecto da Carta de Risco da península da Mitrena, envolvendo a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e o Serviço Municipal de Protecção Civil e Bombeiros (SMPCB) da Câmara Municipal de Setúbal, de modo a desenvolver uma ferramenta que permita dotar este município de informação sobre os riscos e vulnerabilidades ali existentes. O trabalho que se apresenta neste documento foi desenvolvido no âmbito deste projecto, nomeadamente na avaliação de risco e na construção de um SIG (Sistema de Informação Geográfica).

(20)

6 em termos de ordenamento do território, prevenção de acidentes e planeamento de emergência, sendo evitados ou minimizados os impactos para a comunidade potencialmente afectada por um acidente.

Constituem objectivos gerais desta dissertação:

avaliar o risco tecnológico presente nesta área de estudo;

dotar as entidades responsáveis pelo planeamento de emergência de elementos que permitam o desenvolvimento dos planos de resposta necessários e adequados aos riscos tecnológicos que pretendem mitigar;

apoiar uma política eficaz e objectiva de informação e comunicação às populações;

Constituem objectivos específicos desta dissertação:

definir e implementar uma metodologia para a avaliação de riscos tecnológicos;

construção de uma base cartográfica em SIG, que permita a caracterização da área de estudo, a identificação dos perigos, e a análise dos riscos e consequências, presentes na área;

caracterizar o risco e avaliar as consequências para os colaboradores, população, ambiente e infra-estruturas, relacionadas com actividade industrial instalada nesta península, nomeadamente os riscos associados às instalações industriais, ao transporte de mercadorias perigosas pela via rodoviária e às infra-estruturas fixas de transporte de substâncias perigosas (gasoduto);

identificar estratégias de mitigação e prevenção de riscos tecnológicos.

Esta dissertação é composta por cinco capítulos: introdução, revisão da literatura, metodologia, resultados e discussão de resultados e conclusão.

No primeiro capítulo, introdução, estabelece-se o contexto de avaliação de risco presente nesta dissertação, aborda-se os regulamentos existentes para prevenir acidentes em instalações perigosas, nomeadamente o regulamento da U.S.EPA, as directivas da Comissão Europeia, e o Decreto-Lei nacional, introduziu-se a península da Mitrena e o projecto da Carta de Risco da Mitrena, e designou-se os objectivos desta dissertação.

(21)
(22)
(23)

9

2.

Revisão da literatura

Na revisão da literatura pretende-se abordar as temáticas em estudo nesta dissertação e as metodologias que serviram de base ao desenvolvimento de uma metodologia de avaliação de risco para a península da Mitrena, particularmente as metodologias de avaliação do risco adoptadas pelos países europeus no contexto do ordenamento do território, e metodologias de avaliação de risco desenvolvidas pelo projecto ARAMIS e pela ANPC, no âmbito da Directiva Seveso II.

2.1Risco Tecnológico

O Decreto-lei n.º 254/2007, artigo 2.º alínea m) define risco como “a probabilidade de que um efeito específico ocorra dentro de um período determinado ou em circunstâncias determinadas”. No âmbito do planeamento de emergência da protecção civil, risco é definido “como a probabilidade de ocorrência de um processo (ou acção) perigoso e respectiva estimativa das suas consequências sobre pessoas, bens e ambiente” (ANPC - NRA, 2009).

De acordo com o “Guia para a caracterização de risco no âmbito da elaboração de planos de

emergência de protecção civil” (ANPC - NRA, 2009), os riscos podem ser agrupados em 3

grupos:

Riscos Naturais, os que resultam do funcionamento dos sistemas naturais (e.g., sismos,

movimentos de massa em vertentes, erosão do litoral, cheias e inundações);

Riscos Tecnológicos, os que resultam de acidentes, frequentemente súbitos e não

planeados, decorrentes da actividade humana (e.g., cheias e inundações por ruptura de

barragens, acidentes no transporte de mercadorias perigosas, emergências radiológicas);

Riscos Mistos, os que resultam da combinação de acções continuadas da actividade

humana com o funcionamento dos sistemas naturais (e.g., incêndios florestais).

Os Riscos Tecnológicos, segundo o “Guia para a caracterização de risco no âmbito da

(24)

10

Tabela 2-1 - Lista de riscos tecnológicos (Fonte: ANPC - NRA (2009)) Categoria Designação

Riscos tecnológicos

Transportes

Acidentes Graves de Tráfego (rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo)

Acidentes no transporte de mercadorias perigosas

Vias de comunicação e infra-estruturas

Colapso de túneis, pontes e outras infra-estruturas Ruptura de Barragens

Acidentes em Condutas de Transporte de Substâncias Perigosas

Ruptura de barragens

Acidentes em infra-estruturas fixas de transporte de substâncias perigosas

Colapso de Galerias e cavidades de minas

Actividade Industrial

Acidentes em parques industriais

Acidentes em Industrias Pirotécnicas e de Explosivos Acidentes em Estabelecimentos Seveso

Acidentes em instalações de combustíveis Emergências radiológicas

Áreas urbanas Incêndios em edifícios Colapso de estruturas

2.2Acidentes tecnológicos

Explosões e Incêndios representam metade dos acidentes tecnológicos ocorridos na Europa nas últimas duas décadas. Estes são considerados os tipos mais perigosos de acidentes industriais. O pior acidente entre 1999 e 2001, aconteceu na cidade Francesa de Toulouse, como se pode verificar pela Tabela 2-2. Contudo, o tipo de acidente que mais vidas humanas retira, ao longo deste período, foram os que ocorreram em instalações com artigos pirotécnicos, três acidentes deste tipo mataram 32 pessoas no total. O mais grave deste tipo ocorreu foi em Maio de 2000, quando 100 toneladas de fogos de artifício explodiram num armazém no meio de uma zona residencial, na cidade holandesa de Enschede, e matou 22 pessoas.

As consequências dos acidentes tecnológicos variam de acordo com o tipo e quantidade de substâncias perigosas envolvidas. A incidência geográfica e temporal, dos acidentes tecnológicos envolvendo incêndios e explosões, tende a ser relativamente limitada, mas pode ser de grande amplitude, particularmente se ocorrer um “efeito domino”, ou se houver a libertação de tóxicas para ar, água e solo, como ocorreu no acidente de Toulouse.

(25)

11 no ambiente, como a libertação de poluentes atmosféricos tóxicos que podem ser muito prejudiciais para a flora e fauna, as consequências mais graves estão relacionadas com a libertação de substâncias tóxicas para rios e outros cursos de água, com efeitos letais para os ecossistemas aquáticos e especialmente para os peixes (EEA, 2003a).

Tabela 2-2 – Acidentes tecnológicos ocorridos na Europa entre 1999 e 2002 (Fonte: Adaptado de EEA (2003a) e EEA (2003b))

Tipo de Acidente Grave Data do

Evento Localização Consequências Incêndio Industrial Abril de

1999

Belmullet (Irlanda)

700 pessoas evacuadas devido a libertação de fumos tóxicos

Explosão numa fábrica de produtos agrícolas tóxicos

Junho de 1999

Wuppertal

(Alemanha) 90 pessoas intoxicadas Derrame de 100000m3 de

líquido contaminado com cianeto

Janeiro de 2000

Baia Mare

(Roménia) Contaminação de um afluente do rio Tisza

Libertação de águas residuais com 22 000 ton eq. de metais pesados

Março de

2000 Borsa (Roménia) Contaminação de um afluente do rio Tisza

Explosão num armazém de artigos pirotécnicos

Maio de 2000

Enshede (Holanda)

22 pessoas morreram, 500 edifícios destruídos e 2000 pessoas ficaram sem casa

Explosão em fábrica de artigos pirotécnicos

Maio de 2000

Rafelcofer

(Espanha) 5 pessoas morreram e 18 ficaram feridas Libertação de 1.5 milhões

de m3 de água com lamas residuais

Setembro de 2000

Gällivare (Suécia)

7 a 8km do rio Vassara ficaram cobertos por lama

Explosão Industrial Maio de 2001

Ludwigshafen

(Alemanha) 130 pessoas feridas, incluindo 50 crianças Explosão numa fábrica de

artigos pirotécnicos

Agosto de 2001

Caldelas

(Portugal) 5 pessoas morreram e uma ficou ferida

Explosão numa fábrica de adubos

Setembro de 2001

Toulouse (França)

30 pessoas morreram e mais de 2000 ficaram feridas, mais de 3000 edifícios ficaram destruídos ou danificados

Incêndio numa fábrica de adubos

Janeiro de 2002

Murcia (Espanha)

Autoridades pediram a 170 000 pessoas para ficarem em casa

2.3Metodologias de avaliação de risco

Avaliação de Risco, de um modo geral, é um procedimento estruturado para avaliar qualitativamente e/ou quantitativamente o nível de risco associado as fontes de perigo identificados dentro da instalação. O objectivo da avaliação de risco é fornecer as informações necessárias para serem tomadas varias decisões. Entre essas decisões, as

(26)

12 Normalmente, a avaliação de risco efectuada para efeitos de ordenamento do território está relacionada com os relatórios de segurança e planos de emergência internos, efectuados pelos operadores das empresas no âmbito da Directiva Seveso II, para cada estabelecimento perigoso. Assim sendo, a identificação dos cenários considerados relevantes nos planos de emergência são também usados para fim específico do ordenamento do território, ou existe uma conexão entre as duas etapas, ou seja, os dados fornecidos nestes documentos são os mesmos que utilizam as autoridades para avaliar a compatibilidade na ocupação do solo. No que respeita ao ordenamento do território, a avaliação do risco depende da complexidade do caso, dos recursos disponíveis, da abordagem seleccionada (qualitativa ou quantitativa), o que origina uma diferenças significativas em termos de procedimentos e informações necessárias (Basta, Struckl, & Christou, 2008).

Na maioria dos países, a aplicação dos requisitos da Directiva Seveso II no ordenamento do território são uma responsabilidade dos municípios. Uma vez que, a avaliação de risco é normalmente efectuada por técnicos da área, e a aplicação no território é efectuada pelos responsáveis pelo ordenamento do território dos municípios, podem existir dificuldade em comunicar, nomeadamente no processo de passagem dos limites de zonas com determinados efeitos e frequências de acidentes, para limites geográficos e modificando a ocupação do solo. No entanto, é necessária uma cooperação eficaz entre os dois lados (Basta, Struckl, & Christou, 2008).

(27)

13 artigo 12 º da Directiva 2003/105/CE do Conselho exige que os Estados-Membros elaborem ferramentas de ligação entre duas disciplinas tradicionalmente independentes.

Os métodos para avaliar o risco são diferentes de país para país, devido a diferenças culturais, históricas e políticas. Do ponto de vista metodológico, alguns países adoptaram critérios simplificados baseados em "distâncias de segurança" entre áreas residenciais e instalações industriais, por exemplo Alemanha e Suécia. Entre os países que utilizam critérios mais estruturados, a literatura desenvolvida na última década, concorda com a definição de duas alternativas metodológicas (Cozzani, et al., 2006):

A abordagem orientada para as consequências baseia-se na avaliação das consequências de uma série de cenários de acidentes possíveis (cenários de referência). Estabelecem-se valores limiares de efeitos físicos por tipo de acidente (pluma tóxica, incêndio e explosão) em relação às consequências indesejáveis (mortes, efeitos irreversíveis, efeitos reversíveis, etc.). Esta abordagem é utilizada em França, Finlândia e Espanha.

A abordagem orientada para o risco consiste na avaliação das consequências e da frequência esperada de ocorrência de cenários de acidentes possíveis. Os resultados são representados por índices de risco, em alguns casos, tanto o risco individual como o risco social. Os critérios de ordenamento do território baseiam-se na aceitação critérios específicos, tendo em conta os índices de risco calculados. Esta abordagem é seguida no Reino Unido e na Holanda.

A primeira abordagem é essencialmente determinística e a segunda probabilística, no entanto, existem outras diferenças relevantes entre as abordagens aplicadas por estes países, nomeadamente a morfologia do território e variáveis políticas, tais como: a densidade populacional, nos países com alta densidade, a abordagem determinística pode ser de difícil execução, devido à escassez de território (Holanda); a cultura de planeamento e ordenamento do território; as regras de compensação e a responsabilidade dos operadores; e o papel mais ou menos relevante das partes interessadas, ou seja, se há a participação de todas as partes interessadas no processo de ordenamento do território (Basta C. , 2005).

(28)

14 podem encontrar uma metodologia que permite uma selecção da abordagem de avaliação de risco que melhor se adapta ao seu contexto.

Segundo Mannan (2005), no Guia “Land use planning guidelines in the context of article 12 of

the Seveso II Directive 96/82/EC as amended by Directive 105/2003/EC” (Christou, Struckl, & Biermann, 2006), boas práticas no processo de avaliação de risco, incluem:

Definição do âmbito, objectivos e níveis de risco;

Descrição da área de estudo;

Identificação dos perigos;

Identificação das vulnerabilidades;

Modelação de cenários de acidente;

Estimativa das consequências;

Estimativa da probabilidade de ocorrência;

Apresentação dos riscos tendo em conta os níveis de risco considerados;

Identificação de medidas de mitigação;

Discussão dos resultados.

2.3.1 Metodologias adoptadas pela Holanda, Alemanha e Itália

Nesta secção efectua-se uma descrição sintética das metodologias adoptadas por três países europeus, Holanda, Alemanha e Itália, relativamente à introdução de cenários de acidentes graves no planeamento e ordenamento do território. Estes três países possuem abordagens distintas, a Holanda utiliza uma abordagem orientada para o risco, e a sua regulamentação é das mais antigas e bem estabelecidas da União Europeia, a Alemanha possui uma abordagem determinística e orientada para as consequências, a sua regulamentação aplica-se tanto aos estabelecimentos Seveso como aos restantes estabelecimentos industriais, enquanto que, a Itália possui uma das mais recentes regulamentações da União Europeia, e utiliza uma abordagem intermédia entre as duas anteriores abordagens (Basta C. , 2005).

(29)

15 presente nas imediações de uma instalação perigosa morrer na consequência de um acidente; e risco social é a probabilidade de um grupo de pessoas morrer devido a um acidente com origem numa instalação perigosa (Basta, Struckl, & Christou, 2008). Os processos de selecção de cenários, de QRA e da determinação do risco social e individual,

são realizados através do livro “purple book” elaborado pela TNO (Cozzani, et al., 2006). O

valor limite para o risco individual para objectos vulneráveis, tais como, zonas residenciais, hospitais e escolas é de 10-6 eventos/ano (A), e de 10-5 eventos/ano para objectos menos vulneráveis (B), como edifícios, hotéis, restaurantes, lojas, entre outros, apenas objectos menos vulneráveis poderão estar para valores maiores de 10-5 de probabilidade (C), como se pode observar na Figura 2-1. Para o risco social, as avaliações são analisadas caso por caso não existindo valores estabelecidos (Bottelberghs, 2000).

Figura 2-1 – Valores limite de risco individual na abordagem Holandesa (Fonte: Bottelberghs, 2000)

A abordagem Alemã é baseada em orientações para se estabelecerem distâncias de segurança para acidentes graves, em 2005, foi publicada a orientação "SFK/TAA-GS-1" que recomenda distâncias de separação entre os estabelecimentos pertencentes à portaria de acidentes graves alemã, e áreas que necessitem de protecção no âmbito do ordenamento do território. As distâncias de separação consideradas adequadas devem permitir que os efeitos de acidentes graves, em estabelecimentos nas proximidades de objectos sensíveis, possam ser evitados tanto quanto possível. Estas distâncias estão apenas relacionadas com a protecção de seres humanos, assim sendo, quando as distâncias de separação

(30)

16 A abordagem geralmente utilizada é orientada para as consequências, onde se selecciona o pior cenário credível ou um cenário representante daquele perigo. As distâncias de segurança estabelecidas através do pior cenário credível baseiam-se: na quantidade máxima permitida da substância; temperatura e pressão; e vulnerabilidade da envolvente. Quanto aos efeitos, os critérios adoptados para definir a compatibilidade são: ferimentos ou mortes de um grande número de pessoas; danos materiais. A aplicação das distâncias é da responsabilidade das autoridades executivas a nível regional e nível local, que, quando justificado, pode adoptar outros valores (Basta, Struckl, & Christou, 2008).

Mais recentemente, a Itália aprovou um critério híbrido, que integra elementos probabilísticos que são aplicados através de um índice que define a frequência de um cenário de acidente. Cada cenário de acidente é considerado caso a caso, e são identificadas quatro zonas de efeitos usando uma abordagem orientada para as consequências (Cozzani,

et al., 2006).

As decisões no ordenamento do território baseiam-se os requisitos específicos do Decreto

ministerial, 9 de Maio de 2001, onde as categorias de frequências e efeitos são combinados em 6 categorias de vulnerabilidade, classificadas em ordem decrescente de vulnerabilidade de A a F, como se pode observar pela Tabela 2-3. As quatros zonas de efeitos são estabelecidas de acordo com o tipo de cenários (libertação de tóxicos, incêndio e explosão), sendo os valores limite estabelecidos no mesmo decreto. A vulnerabilidade de cada objecto é estabelecida igualmente por este Decreto que estabelece os critérios e os valores limite para cada objecto urbano ou natural que possam ser atingidos por um acidente. Os critérios são traduzidos em vários indicadores, como por exemplo, o número de camas de um

hospital (> 25 = A, ≤ 25 = B), o número de estudantes numa escola, entre outros. Esta

(31)

17

Tabela 2-3 – Matriz de compatibilidade do Decreto Ministerial, de 9 Maio de 2001 (Fonte: Basta, Struckl, & Christou (2008))

As frequências de ocorrência para cada cenário são consideradas como factores atenuantes nas restrições do ordenamento do território. Embora a legislação italiana tenha sido de alguma forma inspirada pelos regulamentos Inglês e Holandês, esta permite a instalação de estabelecimentos perigosos em zonas residenciais (Cozzani, et al., 2006).

2.3.2 ARAMIS (Accidental Risk Assessment Methodology for Industries in the framework of Seveso II directive)

O ARAMIS (Accidental Risk Assessment Methodology for Industries in the framework of

Seveso II directive) foi um projecto da Comissão Europeia desenvolvido através de uma parceria entre organizações de diferentes Estados-Membros, entre Janeiro de 2002 e Dezembro de 2004. O projecto ARAMIS tinha como objectivo desenvolver uma metodologia de avaliação de risco harmonizada a nível europeu, para avaliar o nível de risco dos estabelecimentos industriais, tendo em conta as ferramentas de prevenção implementadas pelos operadores (ARAMIS , 2004).

A Metodologia ARAMIS divide-se nas seguintes etapas (Hourtolou & Debray, 2004):

1. Definição dos cenários de acidente:

• Identificação dos acidentes mais graves (MIMAH)

• Definição do sistema de segurança

• Definição dos cenários de acidente de referência (MIRAS)

2. Avaliação da eficiência de gestão

3. Cartografia da severidade do risco de um conjunto de cenários de referência

4. Cartografia da vulnerabilidade

(32)

18 a elaboração de cartografia da severidade tendo em conta o índice de risco-severidade (Planas, et al., 2005), e a representação cartografia da vulnerabilidade representando a sensibilidade dos elementos nas redondezas das instalações (Tixier, et al., 2006).

Na identificação de cenários de acidente é estabelecida uma metodologia que permite prever quais os acidentes graves mais prováveis de ocorrer, tendo em conta o equipamento e as propriedades das substâncias perigosas utilizadas em determinadas instalações (Delvosalle, et al., 2004d). Ainda nesta etapa, foi produzida uma metodologia que permite desenhar árvores de acontecimentos para determinado evento crítico, de modo geral, estabelece-se quais os eventos secundários e terciários e acidente que podem ocorrer tendo em conta um evento crítico inicial (Delvosalle, Fiévez, & Pipart, 2004c).

Na terceira etapa do projecto ARAMIS foi produzido um índice de risco para permitir a avaliação do nível de risco originado por um determinado acidente numa instalação sobre uma zona potencialmente afectada, o cálculo deste índice baseia-se em valores-limite de radiação térmica, sobrepressão e toxicidade, assim como nas probabilidades e frequências associadas aos respectivos cenários (Planas, et al., 2005). Os valores calculados pela metodologia proposta são introduzidos em mapas, recorrendo a sistemas de informação geográfica, obtendo-se uma carta de severidade da zona envolvente a instalação que será comparada com a carta de vulnerabilidades para a mesma zona.

A carta de vulnerabilidades (etapa 4) é obtida através da análise da vulnerabilidade da envolvente da instalação, onde é estabelecido um índice de vulnerabilidade. Este baseia-se numa combinação linear da vulnerabilidade dos diferentes tipos de alvos (humanos, ambientais e materiais), a diferentes efeitos físicos (sobrepressão, toxicidade, radiação térmica e poluição líquida), calibrada através da consulta a um painel de peritos (Tixier, et

al., 2006).

(33)

19 vulnerabilidade são as áreas agrícolas, as áreas naturais específicas e as zonas húmidas e corpos de água.

2.3.3 Processo de avaliação de risco da Autoridade Nacional de Protecção Civil

A protecção civil desenvolve a sua actividade de forma integrada e hierarquizada desde o nível municipal ao nacional, garantindo também articulações internacionais estratégicas fundamentais. O conhecimento dos perigos que afectam os territórios e a sua localização, alcance e efeitos disseminados é fundamental para o desenvolvimento do planeamento de emergência e para a programação de exercícios com uma gama de cenários que se adequam à previsível severidade e recorrência dos perigos. Um dos aspectos mais relevantes no processo de planeamento de emergência e na revisão dos respectivos planos está relacionado com a validação de dados provenientes da investigação e das ocorrências, os quais são integrados em simuladores de impactos e de resposta operacional em tempo real, montados em plataformas SIG que, entre outras, contêm as características das populações e dos povoamentos e as áreas de maior vulnerabilidade (ANPC, DGOTDU & IGP, 2009).

De acordo com a lei de Bases da Protecção Civil (Lei nº 27/2006, de 3 de Junho), a protecção civil é a actividade desenvolvida com a finalidade de prevenir riscos colectivos inerentes a situações de acidente grave ou catástrofe, de atenuar os seus efeitos e proteger e socorrer as pessoas e bens em perigo quando aquelas situações ocorram.

Um dos objectivos fundamentais da protecção civil é a prevenção de riscos colectivos e a ocorrência de acidente grave ou de catástrofe, exercendo-se a sua actividade em diversos domínios como o levantamento, previsão, avaliação e prevenção dos riscos colectivos; a análise permanente das vulnerabilidades perante situações de risco e a informação e formação das populações, visando a sua sensibilização em matéria de autoprotecção. Assim, a avaliação de risco é um factor fundamental no âmbito das actividades da protecção civil, contribuindo para os objectivos do planeamento de emergência, ao prevenir ou minimizar situações de risco e atenuar os seus efeitos. A vantagem da utilização de um processo de avaliação de risco, no âmbito do planeamento de emergência de protecção civil, é que oferece a oportunidade para:

proporcionar um melhor conhecimento do risco

(34)

20 reduzir os graus de risco para a população, os bens ou o ambiente;

enfatizar as actividades de prevenção e mitigação do risco.

O processo de avaliação de risco da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC - NRA, 2009) tem como objectivo aumentar o conhecimento dos factores de risco que afectam o território, identificando a sua localização, gravidade dos danos potenciais e probabilidade de ocorrência.

O processo proposto pela ANPC inicia-se com a definiçãoda situação de referência e com a identificação e análise dos riscos com potencial para causar ou criar danos nas pessoas, bens e ambiente. A seguir a identificação dos riscos, efectua-se a sua análise de risco e define-se as medidas de prevenção e protecção a implementar. Ao longo do processo proposto devem-se considerar a tipologia das ocorrências, a sua probabilidade de ocorrência e os danos expectáveis, de modo a estimar de que forma o modo como o evento pode afectar o território e qual a vulnerabilidade deste face ao risco em causa.

(35)

21 Na etapa 3. Análise de Risco, do processo proposto pela ANPC, a tipologia de acidentes e os parâmetros necessários para efectuar avaliação das consequências foram estabelecidos no

Guia da Informação para a Elaboração do Plano de Emergência Externo” (ANPC- NRA,

2008). Segundo este guia, os diversos tipos de acidentes graves a considerar podem produzir vários fenómenos perigosos (para as pessoas, ambiente e bens materiais). Podem ocorrer separada, simultânea ou sequencialmente, os seguintes fenómenos (ANPC- NRA, 2008):

• Mecânicos: ondas de pressão e projécteis;

• Térmicos: radiação térmica; e

• Químicos: nuvem tóxica ou contaminação da envolvente provocada por fuga ou

derrame não controlado de substâncias perigosas.

Fenómenos Mecânicos

Além dos eventos incontrolados de produtos explosivos, as instalações químicas utilizam

numerosos equipamentos, armazenagens e matérias que podem provocar explosões, tais

como os BLEVE (Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion - explosão de vapor proveniente

da expansão de líquido em ebulição), outros rebentamentos de equipamentos pressurizados,

explosões de nuvens de vapores, explosões de poeiras, explosões confinadas de vapores ou

de reactores, entre outras. A mais característica manifestação perigosa das explosões é a

onda de sobrepressão, podendo, consoante os casos, levar à produção de projécteis, sejam

pedaços de equipamentos, de edifícios ou de produto.

Fenómenos Térmicos

A indústria química produz e utiliza produtos inflamáveis, em grande parte derivados do

petróleo, que podem dar origem a vários tipos de incêndios, tais como as bolas de fogo, os

jactos de fogo, incêndio de nuvem não confinada ou incêndio de piscina ou de um depósito.

A mais característica manifestação perigosa dos incêndios é a radiação térmica, podendo,

consoante os casos, estar associados aos fenómenos químicos e mecânicos quando há

formação de produtos tóxicos e sobrepressões ou formação de projécteis.

Fenómenos Químicos

Uma propriedade de vários produtos da indústria química é a toxicidade. A perigosidade para

as pessoas varia consoante o grau de toxicidade, a quantidade do produto e a duração e

(36)

22 As substâncias tóxicas libertadas podem ser matérias utilizadas ou produzidas no

estabelecimento, ou outras que, apesar de nele não existirem normalmente, formarem-se

como produtos de reacções químicas indesejadas ou, em caso de incêndio, como produtos

da combustão.

De acordo com o guia referido anteriormente a avaliação das consequências dos acidentes graves cenarizados segundo as vertentes humanas e ambientais. Especificamente, na vertente humana, deve-se incluir, as estimativas do número de pessoas afectadas por cada um dos três graus de danos, fazendo também a correspondência com a identificação cartográfica dos estabelecimentos, localidades ou áreas habitacionais atingidas (ANPC- NRA, 2008).

Os graus de consequências, definidos no mesmo guia definem três zonas de efeitos: letais; irreversíveis; transientes. De acordo com o acidente grave os conjuntos de valores que são propostos utilizar são os seguintes (ANPC- NRA, 2008):

Para o caso de gases ou vapores tóxicos:

A) AEGL-3 de tempo de exposição uma hora,

B) AEGL-2 de tempo de exposição uma hora,

C) AEGL-1 de tempo de exposição uma hora.

Os AEGL´s representam o limiar de exposição para a população em geral e pode ser aplicado a períodos de emergência que podem ir dos 10min às 8h. AEGL-1, AEGL-2 e AEGL-3, foram desenvolvidos para cinco períodos de exposição (10 e 30min, 1h, 4h e 8h). AEGL-1 representa o menor grau de severidade dos efeitos tóxicos e o AEGL-3 o maior grau de severidade (EPA, 2008).

AEGL-1 é a concentração de uma substância no ar (ppm ou mg/m3), que é susceptível de afectar a população em geral, com maior incidência nas populações consideradas mais vulneráveis (por questões de saúde ou outras), podendo experienciar um notável desconforto, irritação e efeitos assintomáticos. No entanto, os efeitos não são incapacitantes e são transitórios e reversíveis após a exposição (EPA, 2008).

(37)

23 AEGL-3 é a concentração de uma substância no ar (ppm ou mg/m3), que é susceptível de afectar a população em geral, com maior incidência nas populações consideradas mais vulneráveis (por questões de saúde ou outras), podendo colocar em risco a saúde ou provocar a morte (EPA, 2008).

Para o caso de gases ou vapores inflamáveis utilizar o Limite Inferior de Inflamabilidade (LII):

A)50 % de LII

Para o caso da radiação térmica, de emissão contínua (ex.: incêndio tipo piscina - “pool fire”),

utilizar:

A) 7,0 kW/m2,

B) 5,0 kW/m2,

C) 3,0 kW/m2.

Para o caso da sobrepressão, utilizar:

A) 170 mbar,

B) 100 mbar,

C) 30 mbar.

De acordo com o “Manual de Apoio à Elaboração e Operacionalização de Planos de

Emergência de Protecção Civil” da ANPC (ANPC-NPE, 2008), a caracterização de perigos e riscos deve, preferencialmente, ser quantitativa e qualitativa, descritiva, consistente com os

dados disponíveis, e suficientemente vasta para incluir um intervalo de opções que permita a redução de riscos.

As duas últimas metodologias de avaliação de riscos apresentadas, no âmbito da Directiva Seveso II, ARAMIS e a metodologia de avaliação de risco da ANPC, foram essenciais para a definição e elaboração das etapas metodologias presentes nesta dissertação.

2.4Cartografia de riscos e SIG

(38)

24 As cartas de riscos tecnológicos podem ser bastante simples, consistindo em pontos que identificam a localização de determinadas instalações perigosas, tipo e quantidade de substâncias perigosas utilizadas (Sales, Wood, & Jelínek, 2007).

As cartas de riscos tecnológicos para cenários de acidentes são elaboradas através de técnicas de representação cartográfica mais sofisticadas. Estas cartas indicam a extensão e a intensidade dos efeitos físico-químicos (tóxicos, libertação, incêndio ou explosão), previstos para um cenário de acidente. Por exemplo, a carta pode mostrar o nível de concentração de uma nuvem tóxica, a radiação térmica de um incêndio ou a sobrepressão gerada por uma explosão.

Normalmente, este tipo de cartografia requer dados específicos do local, conhecimentos específicos e recursos, tais como software de modelação, o que aumenta a despesa e esforço para produzir estas cartas. Por estas razões, geralmente a cartografia neste domínio não é efectuada a nível nacional, pois não é considerada relevante para a gestão do risco, optando-se por elaborar estas cartas para áreas geográficas específicas, com base nos perigos existentes e níveis esperados de consequências (Sales, Wood, & Jelínek, 2007).

Durante as últimas décadas, verificou-se um aumento da utilização de sistemas informação geográfica (SIG), devido às várias funcionalidades que possuem. Num SIG são integrados dados espaciais provenientes de diferentes fontes e utilizados em várias aplicações. Os usuários podem ligar dados, combinar diferentes informações, visualizar os resultados e encontrar respostas para várias perguntas (Karkanis, 1997).

Nos últimos anos os SIG emergiram como uma ferramenta de apoio à decisão, em várias áreas, nomeadamente no ordenamento do território e avaliação de risco (Lavakare, s/d). Sistemas de apoio à decisão com base em SIG normalmente incluem visualização de dados geográficos, ou a visualização da integração de vários dados geográficos, permitindo explorar questões específicas como o risco industrial, numa abordagem flexível (Karkanis, 1997).

(39)

25 armazenar dados inventariados e analisa-los estatisticamente, e ainda permite dar entrada dos dados da modelação de cenários de acidente.

(40)
(41)

27

3.

Metodologia para a avaliação de risco na península da Mitrena

A metodologia proposta nesta dissertação permitirá obter uma avaliação de risco na península da Mitrena. Esta metodologia divide-se em três etapas gerais: situação de referência, identificação dos perigos e análise de risco (Figura 3-1). Pretende-se com esta metodologia obter uma caracterização do risco presente na península da Mitrena, e uma avaliação das consequências, no sentido de fornecer elementos às entidades responsáveis pela prevenção de riscos e mitigação das suas consequências e apoiar uma política eficaz e objectiva de informação e comunicação às populações.

Figura 3-1 – Fluxograma da metodologia adoptada

1. Situação de Referência

- Caracterização geral do território em análise - Elaboração de cartografia temática

- Caracterização física, socioeconómica, das infra-estruturas e das ocorrências

2. Identificação dos perigos

- Recolha e tratamento de dados - Caracterização das Instalações

- Substâncias perigosas

3. Análise de risco

- Definição de cenários - Níveis de risco - Modelação de cenários

(42)

28

3.1Situação de Referência

A primeira fase da metodologia proposta, situação de referência, tem como objectivo descrever a área geográfica em estudo e permitir a sua caracterização, nomeadamente ao nível físico, infra-estrutural e sócio-económico, possibilitando aferir de que modo, as características presentes na área de estudo influenciam o risco tecnológico e a vulnerabilidade de pessoas, ambiente e infra-estruturas. Tendo em conta que um dos objectivos específicos desta dissertação é a elaboração de um SIG, nesta fase, demonstra-se como se efectuou a cartografia que serviu de apoio à caracterização da área em estudo.

3.1.1 Caracterização geral da península da Mitrena

A península da Mitrena localiza-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, sub-região da península de Setúbal, distrito e concelho de Setúbal, freguesia de Praias do Sado, é limitada a Oeste pela Estrada Municipal 536-1, a Norte pela rua principal das Praias do Sado, a Sul pelo canal Norte do Estuário do Sado, a Este pelo Canal de Águas de Moura (Figura 3-2). A península da Mitrena possui uma área de aproximadamente 2300 ha e encontra-se a cerca de 4km do centro de Setúbal.

A península da Mitrena é uma área fortemente industrializada, onde estão instalados diversos estabelecimentos industriais, com elevada importância económica para a região e para o país, e situa-se numa área de elevado interesse ambiental, a Reserva Natural do Estuário do Sado. Devido à sua localização geográfica como se pode observar pela Figura 3-2, existem um significante número de cais marítimos, localizados a Sul desta península, que permitiram a instalação de indústrias e influenciaram a actividade industriais presente. Segundo Caeiro, et al. (2005) as actividades humanas, nomeadamente as actividades industriais da área de estudo, exercem uma elevada pressão no Canal Norte comparativamente com o Canal Sul do Estuário do Sado.

(43)

29 Internacional inscrita na lista de Sítios da Convenção de Ramsar, devido a elevados valores naturais em ecossistemas com elevada diversidade de espécies animais e vegetais.

Figura 3-2 – Localização geográfica da península da Mitrena

3.1.2 Elaboração de cartografia em SIG

Imagem

Tabela 3-2 - Cartas para Caracterização da península da Mitrena  Cartas para Caracterização da península da Mitrena  Observações
Figura 3-10 - Localização das ocorrências na península da Mitrena de 2004 a 2008
Tabela 3-5 – Cartas para a identificação dos perigos na península da Mitrena  Cartas  para  a  identificação  dos
Figura 3-14 – N.º de colaboradores por instalação na península da Mitrena
+7

Referências

Documentos relacionados

Os resultados obtidos mostram que para o caso de estudo em questão, o Parque Natural do Alvão, as vertentes mais importantes para a gestão do carvalhal são as funções produtivas e

O trabalho teve por objectivo analisar a problemática associada à presença de arsénio em águas para consumo humano e avaliar a sua remoção através de

Neste estudo analisaAse a contribuição do Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) de resíduos sólidos urbanos (RSU) para o alcance das metas de reciclagem de resíduos de embalagem (RE)

Os sistemas podem utilizar meio descartável e utilizar a resina até à exaustão (em vez de a regenerar), especialmente se a deposição de resíduos líquidos para uma ETAR não for

Tendo consciência que ambas as soluções têm prós e contras, é objectivo deste estudo, com base na análise de fluxos de materiais, realizada pelo software UMBERTO, analisar

Muito competitivo, com nenhuma ou pouca necessidade de aplicação de pesticidas Captação de água Baixo risco Bem adaptado ao clima mediterrâneo. Influência na

http://www.advancemarketing.com.br/bizschool/fevereiro/Desenvolvimento_da_estrategia.pdf. Análise de Dados com SPSS - Primeiros Passos. Lisboa, Escola Editora. Análise Crítica

 Atingir o valor de 99% de água controlada e de boa qualidade até 2013 (objectivo preconizado no Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento