• Nenhum resultado encontrado

Da restrição informacional ao apagamento das assistências as pessoas presas ou egressas do sistema prisional: investigações sobre o velamento da Lei de Acesso à Informação e a fragilização da Lei de Execução Penal / From informational restriction to the e

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Da restrição informacional ao apagamento das assistências as pessoas presas ou egressas do sistema prisional: investigações sobre o velamento da Lei de Acesso à Informação e a fragilização da Lei de Execução Penal / From informational restriction to the e"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761

Da restrição informacional ao apagamento das assistências as pessoas

presas ou egressas do sistema prisional: investigações sobre o velamento

da Lei de Acesso à Informação e a fragilização da Lei de Execução Penal

From informational restriction to the erasure of the assistances to

people arrested or egress from the prisonal system: investigations into

the veiling of the Access to Information Law and the weakening of the

Penal Execution Law

DOI:10.34117/bjdv6n3-434

Recebimento dos originais: 02/02/2020 Aceitação para publicação: 27/03/2020

Alex Medeiros Kornalewski

Doutor em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Endereço: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Memória Social PPGMS. Avenida Pasteur, nº 458 Bloco I, Urca, Rio de Janeiro - RJ,

Brasil (endereço institucional) E-mail: alexmedeiros87@hotmail.com

Francisco Ramos de Farias

Professor do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Unirio Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Endereço: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Memória Social PPGMS. Avenida Pasteur, nº 458 Bloco I, Urca, Rio de Janeiro - RJ,

Brasil (endereço institucional) E-mail: frfarias@uol.com.br

RESUMO

Discute os efeitos da violência institucional, especificamente ocasionada as pessoas presas e, por conseguinte, as pessoas egressas do sistema prisional. A restrição de informações jurídicas e ausência de instrução sobre o próprio teor da Lei de Execução Penal (LEP), direito de acesso à informação pública, segurança, reforçada pela Lei de Acesso à Informação (LAI) são alguns dos vetores que demonstram a existência de restrições e cerceamento do direito, garantido por lei, as pessoas presas e aos que necessitam de assistência ao voltarem para o espaço extramuros. Emprega-se a metodologia da revisão bibliográfica por intermédio do entrelaçamento conceitual da violência institucional e o disposto na LAI/LEP. Em complemento, utiliza-se o método de etnografia de arquivo valendo-se de dois aportes documentais: primeiro, o dossiê oriundo de uma pesquisa intitulada O ato criminoso como

(2)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 1999; projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); segundo, os dados sobre os egressos do sistema prisional disponíveis no relatório n. 70 publicado pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER) e demais aportes documentais. Verifica-se que a violência institucional é legitimada para além da privação de liberdade, como é o caso da ausência das inúmeras assistências previstas pela LEP, bem como do descumprimento dos pressupostos descritos na LAI. Os relatos evidenciam a importância de prover condições para o exercício da cidadania não apenas das pessoas presas ou egressas, mas também da sociedade em geral, por intermédio da transparência quanto ao uso dos recursos estatais e suas adequadas destinações no tocante a gestão das unidades prisionais e os serviços de assistências previstos na LEP. Em aditamento, o acesso à informação quanto ao emprego desses recursos permite a coleta de dados sobre o funcionamento, necessidade de criação e monitoramento de políticas públicas que atendam as pessoas presas ou egressas da prisão.

Palavras-chave: Violência institucional. Lei de Acesso à informação. Lei de Execução Penal.

Restrição informacional. Presos – sistema prisional. Egressos - sistema prisional.

ABSTRACT

It discusses the effects of institutional violence, specifically caused to prisoners and, consequently, people who have left the prison system. The restriction of legal information and the lack of instruction on the content of the Criminal Execution Law (LEP), right to access public information, security, reinforced by the Access to Information Law (LAI) are some of the vectors that demonstrate the existence of restrictions of the right, guaranteed by law, to prisoners and to those in need of assistance when they return to space outside the walls. The bibliographic review methodology is used through the conceptual interweaving of institutional violence and the provisions of LAI / LEP. In addition, the file ethnography method is used, making use of two documentary contributions: first, the dossier resulting from a research entitled The criminal act as a form of enjoyment: perverse subjectivity and perverse act, carried out between 1995 and 1999; project financed by the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq); second, the data on egressers from the prison system available in report no. 70 published by the Institute of Religious Studies (ISER) and other documentary contributions. It appears that institutional violence is legitimized in addition to the deprivation of liberty, as is the case with the absence of the numerous assistance provided for by the LEP, as well as the failure to comply with the assumptions described in the LAI. The reports show the importance of providing conditions for the exercise of citizenship, not only for prisoners or egressed people, but also for society in general, through transparency regarding the use of state resources and their appropriate destinations regarding the management of prison units and the assistance services provided for in the LEP. In addition, access to information on the use of these resources allows the collection of data on the functioning, the need to create or monitor public policies that serve prisoners or egressers of this system.

Keywords: Institutional violence. Access to information law. Penal Execution Law.

(3)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761

1 INTRODUÇÃO

Refletir sobre a o conceito de violência e especificamente de viés institucional é um caminho árduo, complexo, por vezes, interminável. Apesar do recorte, tão necessário para o desenvolvimento de reflexões e manutenção de uma investigação científica que se apresente de forma didática para o leitor, um ponto é necessário deixar claro já de início: a violência institucional envolve várias interligações, malhas que se entrelaçam através de vários corpos, grupos, sociedade e outras instituições ou instâncias distintas, em uma espécie de rede cujo viés económico e político, em sua maioria, ditam as rédeas dessa violência velada, subjetiva (ZIZEK, 2014).

Ao citar a palavra instituição e aplicar o termo de violência, é possível explicitar algumas nuances como a relação de poder em que a instituição exerce sua potência em detrimento dos corpos, mas também um poder que pode ocorrer justamente pelo viés oposto, o da inoperância, da ausência, do silêncio, da morosidade, da restrição entre outros termos cuja violência não ocorre de forma ativa, mas muitas das vezes de forma passiva.

Em exemplo, o presente artigo versa sobre esses inúmeros vetores de violências diante das pessoas presas ou egressas do sistema prisional. A própria condição de serem pessoas que estão, ou que já passaram pela prisão, denota um efeito pernicioso nas experiências vindouras, pois os efeitos do estigma afetam seu convício social, seu modo de pensar e agir diante de situações básicas do cotidiano, tornando-a uma pessoa insegura perante as demais pessoas e o modo como estas o identificarão e o receberão (GOFFMAN, 2013).

Para fins de exposição e compreensão dos efeitos da violência de ordem institucional, é mister o desenvolvimento da pesquisa de acordo com as seguintes diretrizes, também seções do artigo: plano de discussão teórica e exposição metodológica/modelo de análise adotado.

A discussão teórica incorpora as implicações conceituais sobre a violência, estabelecendo um diálogo com pontos que constam na Lei de Acesso à Informação (LAI) e a Lei de Execução Penal (LEP), tendo em vista que são leis fundamentais quanto ao exercício, ou manutenção da cidadania, no caso das pessoas que se encontram sob custódia do Estado. Todavia dois pontos críticos serão discutidos: primeiro, o fato de que a LAI é plenamente pautada na questão da transparência da administração pública, porém não apresenta detalhes inerentes a todas as necessidades informacionais, por exemplo dados quanto ao funcionamento das prisões, demandas segundo a própria voz das pessoas presas e, por conseguinte, egressas do sistema prisional e afins. Segundo, o fato de que a LEP possui inúmeras dimensões de assistências previstas no seu corpus legal, porém nem todas, ou grande maioria, do que está

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 disposto na lei não é praticado ou nunca foi disponibilizado para essas pessoas. Em suma, a necessidade de revisão das leis bem como de suas aplicações urgem diante das narrativas que serão utilizadas para fins de evidenciar as problemáticas relatadas.

A exposição metodológica implica em duas instâncias. Na primeira, será realizada a revisão bibliográfica, a partir da literatura utilizada na presente pesquisa e o acesso à informação ou assistenciais previstas na Lei de Execução Penal. Essa etapa será feita com o intuito de compreender quais interlocuções existem, ou não, no que diz respeito a sobre os possíveis efeitos que surgem sob o ato de negligenciar o disposto na LAI e a LEP. Em aditamento, será empregado o método de etnografia de arquivo, utilizando-se como suporte dois documentos: primeiro, o dossiê oriundo de uma pesquisa intitulada O ato criminoso como

modalidade de gozo: subjetividade perversa e ato perverso, realizada entre os anos de 1995 a

1999; segundo, os dados de egressos do sistema prisional disponíveis no relatório n. 70 publicado pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER). Esses documentos apresentam a narrativa de pessoas presas ou egressas de unidades prisionais e são cruciais para o desenvolvimento de uma compreensão quanto as falhas inerentes as leis citadas, bem como endossar a necessidade de uma revisão e aplicação do já disposto nas respectivas leis.

2 VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL: INTERLOCUÇÕES COM A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO E A LEI DE EXECUÇÃO PENAL

O homem é a ferramenta que dá alicerce às instituições, transformando-as, segundo Saviani (2005, p. 28), em “unidades de ação [...] com seus agentes e com os meios e instrumentos por eles operados tendo em vista as finalidades por elas perseguidas”.

Hobbes (2015, p. 157, grifo do autor) já discorria sobre a constituição do conceito de instituição, pelo viés do Estado ao dizer que o mesmo é uma “pessoa única, cujos atos têm o

povo – por meio de pactos mútuos de uns com os outros – como autor”. Logo, é crível afirmar

que as instituições são sociais graças a dúplice questão: por um lado, por serem construídas e legitimadas pelas pessoas; segundo, pelo fato de que se destinam, são operadas com o intuito de atingir finalidades para determinados indivíduos, grupos ou corpo social.

Todavia, a problemática da violência institucional surge quando podemos verificar no Leviatã a combinação de fatores que tornam visíveis a prática do Estado Penal em detrimento do Estado Social, tais como: s hiperinflação carcerária, o aumento da rede penal, crescimento do setor penitenciário na administração pública, constituição da indústria privada carcerária e

(5)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 o povoamento prisional de uma determinada categoria de pessoas que, em sua maioria, são de negros, pobre e moradores de regiões periféricas (WACQUANT, 2011). Essa afirmação é endossada quando efetuamos uma análise no Levantamento Nacional de informações Penitenciárias (INFOPEN), dos anos de 2014, 2015, 2016 e o último referente ao ano de 2017, no qual consta que, 72% das pessoas que apresentaram dados sobre a sua raça, cor, etnia, aproximadamente, grande maioria desse número, ou seja, 64% são de pessoas negras, jovens, pobres, moradores de regiões sem condições mínimas de estudo, trabalho e saneamento básico, com uma progressão de 0,2 % registrado no último relatório (INFOPEN, 2014, 2015, 2016, 2017).

As instituições, vistas como uma esfera de organização, ação e constituídas por pessoas, denotam a importância da disciplina, conceito atrelado às ideias de Foucault e que pode ser discutido em quaisquer tipologias institucionais. Não seria diferente ao tratarmos da prisão, haja vista que esta foi largamente analisada por ele, aliando a questão de disciplinar aquele ser humano que se encontra em desvio.

Foucault apresenta uma historiografia no qual evoca que a questão da disciplina, da normatização, advém da transição cultural no qual os leprosos eram excluídos, rejeitados e marginalizados no século XVII até o início do século XVIII, abrigando-os em pestíferos, no qual se exercia uma constante avaliação “para saber se estavam conforme à regra e os padrões de higiene social da época (FOUCAULT, 2010). Os leprosos eram vistos como pessoas perigosas e deveriam ser contidos para evitar a contaminação da cidade. Essa linha de pensamento também pode ser vista na literatura, no qual vale citarmos a obra Decamerão, de Boccaccio, criada no século XIII e que se constitui por uma composição de cem novelas, que dentre tantas, também descreve em algumas passagens a questão do isolamento induzido pela sociedade ou fuga de pessoas que se isolaram para não serem contaminadas pela peste negra, ou peste bubônica. Os próprios narradores das novelas são jovens que se isolam em uma vida para fugir da doença. A questão é pensar que a doença e, principalmente, a questão do contágio, é o norteador para os princípios da exclusão controlada, normatizada. Prontamente devemos elucubrar sobre a questão da exclusão, ou melhor segregação, antes de nos aprofundarmos sobre a espinha dorsal que a sustenta, ou seja, a disciplina.

Em termos históricos, podemos observar que a lepra, ou antes mesmo, a peste negra, eram as categorizações de perigo incrustada nas pessoas doentes, a iniciar os devidos processos de quarentenas das mesmas que eram alocadas em centros nos quais eram proibidos de circular – para outras cidades, ruas ou mesmo sem sair de suas respectivas casas – criando

(6)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 uma circunstância paradoxal no qual o ser humano desprovido de sua liberdade e circulação, de certa forma excluído, também é o mesmo que se encontrava dentro da cidade, como núcleos fechados dentro do corpo social, o que nos afirma o fato de que a questão não é promover a expulsão dos corpos, mas sim o contrário, de estabelecer critérios, fixar, delimitar o espaço, conter e controlar (FOUCAULT, 2010). Em suma, a segregação é um processo no qual as pessoas se movimentam – de forma induzida ou por convicções próprias – para o caminho da exclusão, sendo logo depois de alocadas em um estado de inclusão controlada, disciplinada.

Os processos de segregação podem ser vistos da mesma forma em outras condições, para além dos exemplos históricos descritos por Foucault e dos relatos oriundos da literatura. Se o ser humano é transferido para um hospital a questão da enfermidade é o fator que o segrega, sendo este ambiente a instituição ideal à reabilitação da saúde; o convento, é a instituição empregada para auxiliar aqueles que estão distantes da fé, sendo um ambiente adequado para a correção e expiação dos pecados; nos internatos, aloca-se as crianças e jovens cuja educação não é vista como exemplar – portanto, indisciplinados – perante os julgamentos da família; na prisão é alocado a pessoa que se tornou um contraventora da lei, o que torna este espaço o local adequado para corrigir os desvios de quem feriu as normas de uma determinada sociedade. Eis que as instituições demonstram, em suas respectivas políticas, prerrogativas que moldam suas estruturas em prol de prover o enquadramento do ser humano em uma categoria dita “anormal”, ou “inadequada”, segundo determinadas predisposições sociais, para que então, este possa ser corrigido e moldado segundo os moldes do que é visto como normal, adequado à sociedade. Em essência, a dúplice “nós” e “eles”, é vista como um desarranjo na balança, pois o “eles” torna-se perigoso, e, principalmente, visto como um “anormal” um ser que não condiz com a realidade do “nós”. Esses ditos “desarranjos binários” podem ser exemplificados pelos discursos que provocam o embate entre pessoas presas x “pessoas de bem”, viés político de “esquerda” x viés político de “direita”, negros x brancos, ricos x pobres, iletrados x doutores e assim por diante. Em síntese, qualquer identificação implica em uma exclusão da diferença, sob possíveis ações perniciosas (WOODWARD, 2014).

Além do vetor de violência compreendido sob o termo de segregação, inúmeros outros vetores circunscrevem os corpos que habitam o sistema prisional. Cabe descrever, por exemplo, as seguintes problemáticas: porosidade institucional, ausência do processo dialógico e o processo de qualificação perniciosa empreendida pela máquina estatal e reforçada pelas operações de represália, rejeição, sujeição manifestas muita das vezes pela sociedade.

(7)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 Goffman (2015, p. 11) define como instituições totais, saber prisão, conventos, escolas, instituições militares e afins como: “um local de residência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, levam uma vida fechada e formalmente administrada”. Todavia, já é de conhecimento comum que as instituições, por mais fechadas que possam ser em seu ideal, sua missão e funcionalidade, sofrem com problemas inerentes a sua porosidade, tendo em vista alguns pontos: primeiro, toda instituição é social, portanto, interage com a sociedade e seus diversos aparelhos institucionais (sistema jurídico, hospitalar, transporte e afins); segundo, a prisão foi elaborada para conter os ditos desviantes, o que não quer dizer que inúmeras outras pessoas não circulem lá dentro (professores, bibliotecários, médicos, advogados, familiares, policiais, assistentes sociais, psicológicos, pesquisadores, estagiários); terceiro, o controle minucioso dos materiais que entram no ambiente prisional sofre com a fragilidade, intencional ou não intencional, dos olhares institucionais (entrada de celulares, drogas, televisões, facas, armas, máquinas de jogos de azar, cigarros falsificados). Em suma, a porosidade institucional demonstra a existência de uma prática de apropriação do próprio ambiente por conta das pessoas presas e ou demais profissionais que lá circulam, de forma a ocasionar rupturas no processo disciplinar e, por conseguinte, estrutura de fechamento da prisão (KORNALEWSKI; FARIAS, 2017).

Apesar do dito acima, as relações que permitem a fragilidade do fechamento, delegado as prisões, evocam a inexistência de um processo dialógico em termos de assistências mínimas, garantidas por lei as pessoas presas ou egressas desse sistema. Segundo o artigo 11 da LEP, esses ambientes devem prover assistências nos seguintes campos: material, saúde, jurídica, educacional, social e religiosa (BRASIL, 1984). Contudo, a narrativa das pessoas presas costumam evidenciar a inexistência de alguns desses preceitos, apesar de ser uma obrigação do Estado quanto aqueles que estão sob sua custódia. Esses mesmos direitos constam como extensão para egressos, tal como consta no artigo 10, parágrafo único e no artigo 26, inciso I, que registra o período de um ano, “a contar da saída do estabelecimento”, em que essas pessoas devem receber o amparo do Estado (BRASIL, 1984, p. 5).

A ausência do processo dialógico, no tocante ao cumprimento legal e moral de prover as assistências descritas em lei as pessoas presas ou egressas, endossa o fato de que a prática desenvolvida hodiernamente, e apoiada pelas pessoas que se encontram em situação extramuros, é a de legitimar e prover a manutenção de uma política do Estado Penal em detrimento do Estado de Bem Estar Social, sendo uma característica adotada por governos

(8)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 neoliberais que visam a instituição prisional como objeto de lucro ao mesmo tempo que se utiliza da instituição prisional como meio unicamente de sanções disciplinares, que afetam durante e mesmo depois da saída dessas pessoas da prisão, tornando-os seres estigmatizados (WACQUANT, 2014).

O esquecimento de que essas pessoas estão em cumprimento de privação de liberdade, permite com que a ausência de provimento das assistências bem como o desenvolvimento de punições informais, possam ser aplicadas como um complemento punitivo justificável. Logo, o afastamento da realidade e, por conseguinte, o declínio do mundo social é cada vez mais presente quando a instituição prisional e o corpo social exercem “cada vez mais o isolamento daquele que é categorizado como um ‘isso’” (KORNALEWSKI; FARIAS, 2017, p. 71). Em síntese, têm-se uma comunicação monológica no qual as pessoas que não estão em privação de liberdade interagem com o outro “como algo que, ao mesmo tempo, não é ele próprio, mas que com ele, assim mesmo, se comunica” (BUBER, 2014, p. 55).

Além da porosidade institucional e a ausência de uma interação dialógica, cabe discorrer sobre o terceiro problema que é o modelo de qualificação perniciosa que atinge essas pessoas. Atrelado a prática de segregação, o processo de qualificação dos corpos necessita, como justificativa de sua aplicação, que a pessoa pressa ou egressa do ambiente prisional seja compreendia como um ser perigoso, um dejeto, algo que incomoda, “representa uma ‘desordem’ na ordenação, na classificação de uma sociedade” (DEBARY, 2016, p. 4, tradução nossa). A categorização dessas pessoas como criminoso-dejeto viabiliza a construção, legitimação e manutenção de uma política de higienização do meio social, no qual se expurga, livra-se da pessoa a partir da premissa de que se deve, ou temos a obrigação de se desfazer, do que nos coloca em risco, uma qualificação perniciosa dos corpos (DEBARY, 2016; BENELLI et al., 2017).

Diante das questões expostas, se constata que há não apenas um processo de segregação, porosidades na dita instituição fechada, ausência de comunicação dialógica e consequentemente o processo de qualificação perniciosa dos corpos. Também é crível afirmar que a sociedade, em sentido lato, sofre com essa sistemática, pois além do não cumprimento dos direitos aos quais as pessoas presas ou egressas da prisão possuem, também há uma violência subjetiva que se vela por intermédio da restrição informacional que acomete a todos, pois em uma única questão, se pode questionar: Se todos os pontos em que o Estado deve, por lei, direcionar esforços para cumprir com as condições mínimas de funcionamento da prisão

(9)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 e, principalmente, propiciar a integridade física, moral, psicológica e demais direitos inerentes as pessoas presas, então o que de fato está sendo feito esses recursos?

A LAI define que todos os órgãos públicos, sociedades de economia mista e demais instituições que tenham uma relação com os setores públicos devem, no que diz respeito aos recursos públicos e seu direcionamento, prover o acesso à informação de forma pró ativa e a todos sem distinção (BRASIL, 2011). Porém os dados inerentes ao funcionamento e, principalmente, os dados sobre o tratamento oferecido aos presos, egressos e os custos das diversas operações que mantém o sistema prisional são disponibilizados de forma morosa, fragmentada ou muita das vezes inexistentes. Os preceitos descritos no artigo 3 da LAI (BRASIL, 2011, p. 1) versam sobre:

I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; II - divulgação de informações de interesse público, independente de solicitações; III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública;

V - desenvolvimento do controle social da administração pública.

Eis que esse preceitos supracitados são ignorados ou atendidos de forma parcial, tendo em vista que o sigilo de informações quanto ao funcionamento das unidades prisionais, condições de assistências as pessoas presas ou egressas e o valor recebido, bem como sua destinação, para o funcionamento das prisões não se encontra em nenhum dos relatórios do INFOPEN (2014, 2015, 2016, 2017). Os dados apresentados são de viés unicamente quantitativo e mesmo assim os relatórios evocam o fato de que muitas das assistências não existem ou são desenvolvidas de forma parcial ou precária, pois em exemplo, o relatório que tem como referência o ano base de 2017 registra que 51,35% das pessoas presas possuem no máximo o grau de escolaridade no nível fundamental incompleto (44,15% maior do que a média nacional); apenas 17,5% possuem acesso ao direito de exercer atividades laborais, sendo que 46,7% dessas pessoas que trabalham não recebem remuneração pelos seus serviços (INFOPEN, 2017).

Em aditamento, tanto a LEP quanto a LAI, resguardam em seu texto a integridade da pessoa física, tanto na esfera das condições adequadas de tratamento e acesso à saúde, tal como disposto no artigo 14 da LEP, em que a pessoa presa possui assistência, em caráter preventivo e curativo, de atendimento médico, farmacêutico e odontológico (BRASIL, 1984); como pelo viés informacional, descrito pelo artigo 21, parágrafo único da LAI (BRASIL, 2011, p. 6) que

(10)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 assegura: “as informações ou documentos que versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso. No segundo caso, a LAI serviria de aplicação preventiva quanto a possibilidade de práticas violentas, por exemplo, as pessoas presas, pois a transparência e o possível acesso de informações que evoquem o desvio de profissionais atuantes nas instituições públicas, no caso as prisões, poderiam sofrer sanções disciplinares, quiçá criminais, de acordo com os seus atos.

Após o aporte teórico sobre alguns vetores de violência que atuam no ambiente prisional e, de forma subsequente, nos corpos das pessoas presas ou egressas, aliado a alguns apontamentos sobre a LEP e a LAI, e suas possíveis interseções, é mister um aprofundamento sobre as convergências e divergências desses dois âmbitos legais tomando como embasamento não apenas o viés teórico já apresentado e os relatórios do Estado, mas especificamente, a própria narrativas dessas pessoas.

3 EFEITOS DA VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL POR INTERMÉDIO DA RESTRIÇÃO INFORMACIONAL E FRAGILIZAÇÃO DO DISPOSTO NA LEP

Nos próximos apontamentos, foram considerados as narrativas de pessoas presas cujos relatos constam no dossiê intitulado O ato criminoso como modalidade de gozo: subjetividade

perversa e ato perverso, projeto realizado no período de 1995 a 1999, registrado na Fundação

Biblioteca Nacional – Escritório de Direitos Autorais em 2018 sob o número de registro 757.783; Livro: 1469; Folha: 274, bem como as falas de pessoas egressas da prisão registras no relatório n. 70 publicado pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER). O método de etnografia adotado se utiliza dos seguintes fatores: evitar ações reativas (diminui a influência, possíveis construções equivocadas ou mesmo errôneas, por parte dos pesquisadores dos respectivos projetos e as pessoas que contribuíram com suas narrativas); custo baixo (devido ao fácil acesso dos dossiês mencionados); importante para verificar transformações, ou não modificações, ao longo do tempo (tendo em vista que o dossiê referente aos presos é datado, porém dialoga com as narrativas recentes de pessoas egressas da prisão); além da dificuldade recente que se apresenta quanto a construção, acesso de documentos e entrada no ambiente prisional (ANGROSINO, 2009). Assim sendo, iremos discorrer sobre alguns trechos das narrativas que constam nesses dois dossiês e promover sua interlocução com o disposto na LAI e na LEP. As pessoas não terão se nomes identificados, sendo necessário abreviar seus

(11)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 nomes, com exceção dos nomes das pessoas egressas do sistema prisional, que constam no próprio documento elaborado pelo ISER e disponibilizado de forma pública.

O preso A, ao discorrer sobre as circunstâncias do seu crime, trouxe o seguinte relato: “fui condenado a 22 anos. To com recurso. Mas falaram que minha cadeia caiu. Não tenho advogado pra ver pra mim” (A., 2018, 25). Em complemento, o egresso Peterson, segundo o ISER (2016, p. 40) evoca uma situação contrária: “Eu tinha advogado particular, só por isso consegui sair em tão pouco tempo”. A restrição informacional demonstrada por A contrasta com o acesso à informação e, por conseguinte, com a liberdade conquistada pelo Peterson proveniente de recursos próprios e não pelo direito de assistência jurídica que deveria ser fornecido para ambos segundo o disposto no artigo 15 da LEP (BRASIL, 1984). A dificuldade de acesso aos dados do processo de A reforça o quanto a estrutura de comunicação e informação é ineficaz, pois o mesmo descreve de forma incerta que talvez o cumprimento de sua pena já tenha sido finalizado, porém não teria o auxílio necessário para verificar essa informação.

Além disso, a restrição informacional segue atualmente as pessoas que são egressas do sistema prisional, pois Peterson não teve o auxílio previsto na LEP aos egressos no momento de sua liberdade, o que o levou a ter dificuldades quanto ao estabelecimento de vínculo empregatício, além da ausência de assistência à saúde, tendo em vista que o mesmo tornou-se hipertenso (ISER, 2016). O mesmo relata que, as dificuldades enfrentadas após sua saída da prisão, se deve pela problemática da segregação, pois: “o nome fica sujo” (ISER, 2016, p. 40). Em outro relato, A afirma que a comunicação com os familiares é precária, pois “escrevi a carta [...]. Ainda num tive resposta. Não sei se foi lida. Eu trabalho só chego mesmo tarde. Na carta eu disse que eu tava vivo” (A., 2018, p. 29). Da mesma forma que a LEP é negligenciada quando a narrativa da pessoa presa informa o descumprimento dos direitos básicos de se comunicar com os familiares, também se averigua o fato de que a transparência quanto ao tratamento ofertado a essas pessoas é pouco praticada ou mesmo nula, pois esses dados de tratamento, comunicação e informação sobre as condições das pessoas presas não constam nos relatórios oficiais elaborados pelo Estado.

A narrativa de Edmilson, que consta no relatório do ISER (2016, p. 41), reforça a discussão supracitada: “foi levado para a Triagem em Bangu, onde permaneceu por 10 dias, sendo acusado de furto qualificado. Sofreu violência pelos agentes. Apanhou pelo simples fato de querer beber água no bebedouro, assim que chegou à unidade”. O mesmo também critica a

(12)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 restrição informacional ao dizer: “os caras não explicam nada, só mandam assinar” (ISER, 2016, p. 41).

A lógica da transparência quanto aos recursos empregados pelas instituições públicas – ou privadas que tenham relação com a União, Estados, Distrito Federal e Municípios – consta no artigo 2, parágrafo único da LAI (BRASIL, 2011). Todavia, o direcionamento das verbas às instituições supracitadas bem como suas respectivas destinações são alvos de transparência conform a lei, e por isso, o sistema prisional, como instituição pública que providencia a custódia das pessoas privadas de liberdade, são passíveis de toda transparência em sua gestão, dentre os quais, pode-se citar o investimento e, por consequência, o funcionamento das atividades assistenciais previstas no artigo 11 da LEP (BRASIL, 1984).

Verificar se o disposto na lei supracitada é cumprido, é observar se os recursos estão sendo aplicados em cada um dos segmentos de assistência descritos, além de fiscalizar como está sendo aplicado, qual a destinação adotada pelos gestores públicos, bem como prover a transparência das condições de cada uma das pessoas presas e, por conseguinte, egressas desse sistema.

Prover o entrelaçamento das leis citadas, ou seja, aplicar um olhar do cumprimento da LAI em consonancia com o disposto na LEP é promover o exercício de cidadania não apenas as pessoas que estão sob custódia do Estado, mas também a sociedade em geral, pois a promoção da transparência quanto aos recursos e suas destinações, bem como as condições de atendimento as pessoas pressas e egressa previstas em lei, e os respectivos cumprimentos dos serviços de assistências, evitam que os processos comunicacionais e informacionais caiam na superficialidade, recorrente hodiernamente ao propagar, por intermédio de diversas mídidas de massa, redes sociais e afins um viés raso e unívoco quanto a ineficiência do funcionamento das prisões, divulgação das tipologiais criminais realizadas pelas pessoas presas ao mesmo tempo em que delega ao esquecimento a míriade de investimentos e, principalmente, suas destinações realizadas pelo Estado, atrelado ao cumprimento das próprias funções estatais quanto aos seus custodiados. Em suma, têm-se uma banalização das redes comunicacinsi se informacionais que levam a “forma social à indiferença” (BAUDRILLARD, 1992, p. 18).

Diante do funcionamento, intencionalmente equivocado, dos circuitos comunicacionais e informacionais, que perpetuam apenas fragmentos, dados, desinformações (fake news) ou informação incompleta, há não apenas a indiferença quanto ao funcionamento das unidades prisionais, descumprimento das atividades de assistência dispostas na LEP, desamparo ao egresso e afins. A fragilização desses processos também resultam no silêncio

(13)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 que se dissemina, tal como uma mortalha, em toda sociedade, ou nas palavras de Baudrillard, (1992, p. 19): “o silêncio é justamente a síncope no circuito, a ligeira catástrofe, o lapso que, na televisão por exemplo, torna-se altamente significativo”. Em suma, ignorar as possibilidades de uso e aplicação ampla e adequada da LAI e da LEP é permitir a sistematização dos processos de restrições informacionais, é permitir o descumprimento da custódia adequada as pessoas presas ou egressas, tal como descrita na LEP, é perpetuar a indiferença, o silêncio, a cultura monológica, portanto, uma manutenção perniciosa do outro como ser diferente e passível de ser categorizado como um dejeto (DEBARY, 2016).

Os breves trechos de relatos tanto de uma pessoa presa quanto de um egresso do sistema prisional evocam o quanto a restrição do acesso à informação afeta não apenas durante como também após a saída dessas pessoas do ambiente prisional. Urge um olhar quanto aos efeitos do desuso e descumprimento do disposto nas leis em questão, pois os inúmeros transtornos, no que diz respeito a essas pessoas, pode propciar problemas que poderiam ser evitadas com o acesso à informação, por exemplo, de instituições de apoio as pessoas presas e egressas, instruções quanto ao seu direito previsto na LEP, diminuição da morosidade e restrições informacionais quanto a andamento processual entre outros aspectos que corroborem com o processo de “desinstitucionalização” da pessoa presa ou egressa do “ambiente prisional” (FARIAS, 2015, p. 99).

4 CONSIDERAÇÕES

Após discorremos sobre as possibilidades de interrelações da LAI com a LEP, por intermédio da pesquisa teórica sobre violência e os trechos de narrativas provenientes do dossiê O ato criminoso como modalidade de gozo: subjetividade perversa e ato perverso e as falas pertencentes as pessoas egressas que constam na comunicação n. 70 do ISER, é possível afirmar que além da assistência, ocorre uma ausência de informação, ou melhor restrições informacionais, nos vários âmbitos necessários aqueles que se encontram tanto sob custódia do Estado para com os que tornam-se egressos do sistema prisional.

A violência legitima-se para além da privação de liberdade, como é o caso da ausência das inúmeras assistências previstas pela LEP, bem como do descumprimento da LAI, no que diz respeito a prover informações rápidas e inócuas sobre o funcionamento das instituições prisionais, do acesso à informação e, por conseguinte, orientações, previstas em lei para

(14)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 aqueles que, mesmo após saírem da prisão, ainda sofrem com a institucionalização desse ambiente pernicioso em seus corpos.

É mister uma análise mais detalhada dessa estrutura não sob o ponto de vista da segurança pública, mas prioritariamente sob o ponto de vista social, econômico e informacional, de forma a prover uma fiscalização, manutenção e mudanças no modo de prover, ao invés de restringir o acesso àquilo que constantemente é negado as pessoas presas: informação. Em aditamento, o exercío da transparência informacional em detrimento da restrição informacional consta na LAI no que diz respeito a todo recurso empregado pela instituição pública, independente de qual setor, de forma que a restrição só é aplicável apenas nos casos de disseminação de dados pessoais ou quanto a dados considerados restritos sob a justificativa de segurança do próprio Estado.

Cabe ressaltar que prover a transparência quanto ao uso dos recursos, sua destinação, bem como cumprir com o disposto na LAI e o exercício das atividades de assistência que constam na LEP não são meras obrigações do Estado que se destinam apenas as pessoas presas ou egressas do sistema prisional, mas é especificamente, o ato de permitir o exercício da cidadania a essas pessoas; a cidadania aos seus familiares – que podem exercer o direito de obter informação quanto ao modo de custódia que o Estado emprega aos seus respectivos internos –; a cidadania as demais pessoas que almejam compreender como o Estado emprega seus recursos, exerce suas funções e, por conseguinte, os resultados do emprego desses recursos, no qual cabe um olhar não punitivo, vingativo, mas sim, um olhar social, um olhar dialógico, para com o outro.

REFERÊNCIAS

BAUDRILLARD, Jean. A transparência do mal: ensaio sobre os fenômenos extremos. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 1992.

BENELLI, Natalie; CORTEEL, Delphine; DEBARY, Octave et. al. Que faire des restes? Le réemploi, dans les sociétés d’accumulation. Paris, France: Presses des Sciences, 2017.

BRASIL. Lei N. 12.527, de 11 de novembro de 2011. Institui a Lei de Acesso à Informação. Presidência da República, Brasília, 2011. Disponível em:

(15)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 3 abr. 2019.

BRASIL. Lei n. 7210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Presidência da República, Brasília, 1984. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l7210.htm>. Acesso em: 02.jul.2018.

DEBARY, Octave. Déchets et mémoires: que faire des restes de l’histoire? De la poubelle au musée. Revista Morpheus: estudos interdisciplinares em memória social, Rio de Janeiro, v. 9, n. 16, p. 1-12, ago./dez. 2016. Disponível em:

&lt;http://www.seer.unirio.br/index.php/morpheus/article/view/6159/pdf&gt;. Acesso em: 24 jul. 2017.

DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL. Levantamento Nacional de informações Penitenciárias (INFOPEN). Brasília, DF, dez. 2014. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen- nesta-terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf>. Acesso em: 27 set. 2017.

DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL. Levantamento Nacional de informações Penitenciárias (INFOPEN). Brasília, DF, dez. 2015. Disponível em: < http://www.justica.gov.br/news/ha-726-712-pessoas-presas-no-

brasil/relatorio_2015_dezembro.pdf>. Acesso em: 27 set. 2017.

DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL. Levantamento Nacional de informações Penitenciárias (INFOPEN). Brasília, DF, jun. 2016. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen- nesta-terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf>. Acesso em: 27 set. 2017.

FARIAS, Francisco Ramos de. Homens à deriva: os egressos do sistema penitenciário. In: ; FACEIRA, Lobélia da Silva (orgs.). Punição e prisão: ensaios críticos. Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2015.

(16)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 FARIAS, Francisco Ramos de. O ato criminoso como modalidade de gozo: subjetividade perversa e ato perverso. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional – Escritório de Direitos Autorais, 2018. p. 445. No registro: 757.783; Livro: 1469; Folha: 274.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

KORNALEWSKI, Alex Medeiros; FARIAS, Francisco Ramos de. Porosity of prisional institutions: effects on bodies and tactics of adaptation. US-China Education Review B, Estados Unidos, v. 7, n. 2, p. 79- 84, feb. 2017. Disponível em:

<http://www.davidpublisher.org/Public/uploads/Contribute/591bfdddc7516.pdf>. Acesso em:

9 jan. 2020.

KORNALEWSKI, Alex Medeiros; FARIAS, Francisco Ramos de. A relação dialógica na instituição prisional: por uma revisão dos processos disciplinares e naturalização das diferenças. LinkSciencePlace, Rio de Janeiro, v.4, n.3, p. 59-75, jul./set., 2017. Disponível em:

<http://revista.srvroot.com/linkscienceplace/index.php/linkscienceplace/article/view/377>. Acesso em: 9 jan. 2020.

HOBBES, Thomas. Leviatã: ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. São Paulo: Edipro, 2015.

INSTITUTO DE ESTUDOS DA RELIGIÃO (ISER). Imparcialidade ou

cegueira: um ensaio sobre prisões provisórias e penas alternativas. Ano 35,

n. 70, Rio de Janeiro, 2016. 230 p.

PEREZ, Carlos Blaya; MENEZES, Priscila Lopes. O usuário e o direito à informação. Ponto

(17)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n 3,p 15558-15574 mar . 2020. ISSN 2525-8761 SAVIANI, Dermeval. Instituições escolares: conceito, história, historiografia e práticas.

Cadernos de História da educação. Uberlândia, MG., n. 4, jan./dez. 2005. Disponível em:

<http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/382>. Acesso em: 2 ago. 2013.

WACQUANT, Loic. As prisões da miséria. 2. ed. Zahar: Rio de Janeiro, 2011.

WACQUANT, Loic. Marginalidade, etnicidade e penalidade na cidade neoliberal: uma cartografia analítica. Tempo Social, São Paulo, v. 26, n. 2, p. 139-164, Nov. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ts/v26n2/v26n2a09.pdf>. Acesso em: 1 set. 2019.

Referências

Documentos relacionados

RESULTADOS DOS TRÊS PROJETOS MUNICIPAIS APOIADOS PELO PROGRAMA LIFE: PIGS – Projeto Integrado para Gestão de. Suiniculturas (2000-2003), REAGIR – reciclagem de Entulho no Âmbito

Tendo em vista a percepção simplista dos professores em relação às atividades experimentais no ensino, foi realizada essa pesquisa, com o objetivo de conhecer como os professores

CONSIDERANDO que o médico que utilizar a telemedicina sem examinar presencialmente o paciente deve decidir com livre arbítrio e responsabilidade legal se as informações recebidas

Existem quatro armários na sala, um que serve para arrumar livros e materiais utilizados pela educadora, outros dois que servem de apoio aos adultos da sala e

Diante desse quadro, o Instituto de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) desenvolveu o presente estudo sobre os custos de produção do café das montanhas do

Το αν αυτό είναι αποτέλεσμα περσικής χοντροκεφαλιάς και της έπαρσης του Μιθραδάτη, που επεχείρησε να το πράξει με ένα γεωγραφικό εμπόδιο (γέφυρα σε φαράγγι) πίσω

koji prihvatiše Put Života, prebivaju u Svetlosti Elohima.. Oni, koji prihvatiše Put Života, prebivaju u Svetlosti

Na edição seguinte das Paralimpíadas, em Londres (2012), obteve mais três medalhas de ouro, nas provas individual, estilo livre e por equipe.. Atualmente, afirma a