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Trabalho Inscrito na Categoria de Resumo Expandido ISBN 978-65-86753-31-8

EIXO TEMÁTICO:

( ) Cidades inteligentes e sustentáveis ( X ) Conforto Ambiental e Ambiência Urbana

( ) Engenharia de tráfego, acessibilidade e mobilidade urbana ( ) Habitação: questões fundiárias, imobiliárias e sociais ( ) Patrimônio histórico, arquitetônico e paisagístico ( ) Projetos e intervenções na cidade contemporânea ( ) Saneamento básico na cidade contemporânea ( ) Tecnologia e Sustentabilidade na Construção Civil

Ruído ambiental em Bacacheri, Curitiba, Brasil: Uma comparação

entre 2016 e 2021

Environmental noise in Bacacheri, Curitiba, Brazil : a comparison between

2016 and 2021

Ruido ambiental en Bacacheri, Curitiba, Brasil: una comparación entre 2016 y

2021

Giovanni Corsetti Silva Graduando Engenharia Mecânica UFPR corsetti@ufpr.br Paulo Roberto Selenko Mestrando – UFPR pselenkoeng@gmail.com

Prof. Titular Dr.-Ing. Paulo Henrique Trombetta Zannin Universidade Federal do Paraná – UFPR paulo.zannin@gmail.com

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226 1. INTRODUÇÃO

No campo de acústica, sons indesejáveis pelo ouvinte, tipicamente por serem irritantes, desagradáveis ou até mesmo danosos à saúde, são classificados como ruídos. A poluição sonora - ruído presente no ambiente originada de diversas fontes sonoras simultâneas - corresponde a terceira maior causa de poluição ambiental no mundo (BORGES FILHO et al., 2017; ZANNIN et al., 2002; ZANNIN; BUNN, 2014). Alguns problemas correlacionados com altos níveis de ruídos são (a) dificuldade para ouvir sons desejáveis, como a fala, (b) fadiga e dano à audição, (c) irritação (KRYTER, 1970, p. 1). O conforto acústico é primordial para o conforto do homem e altos níveis de ruído prejudicam a qualidade de vida da comunidade local. Pode-se mencionar, por exemplo, o fato de alunos que estudam em salas de alta performance acústica apresentarem melhor desempenho do que aqueles que estão constantemente expostos a altos níveis sonoros (MAXWELL; EVANS, 2000). Embora o controle do nível de ruídos seja de primordial importância para a saúde do homem, pouca atenção é dada ao mesmo, de forma que ambientes que exigem pouca poluição sonora estão frequentemente sujeitos a altos níveis de ruídos (REIS; SCHITTINI; ZANNIN, 2021).

Dentre as infraestruturas de transporte, o ruído aeroviário é uma das fontes sonoras que gera maior desconforto para a comunidade anexa ao aeroporto e é um problema de suma importância para a indústria da aviação. Com o crescimento do PIB mundial, Companhias aéreas continuam adicionando mais voos com o objetivo de atender a demanda mundial, de forma que se espera que o tráfego aéreo aumente consideravelmente no longo prazo, inevitavelmente aumentando também o desconforto das pessoas nas proximidades do aeroporto. Como consequência imediata da exposição ao ruído aeroviário, pessoas que moram e/ou trabalham em comunidades anexas a aeroportos costumam apresentar sintomas como privação de sono, hipertensão, irritação e outras ocorrências (CORSETTI SILVA; E SOUZA; ZANNIN, 2021).

O avanço tecnológico fez com que aeronaves se tornassem muito mais silenciosas nos últimos anos, todavia o aumento de tráfego aéreo contrabalanceia tal efeito. Entretanto, a pandemia do Sars-CoV-2/Covid-19 fez com que o número de aviões partindo ou chegando em aeroportos de todo o mundo drasticamente reduzisse. Como consequência, o ruído aeroviário gerado em diversos aeroportos internacionais do mundo decaiu consideravelmente. Diante deste contexto, este trabalho visa avaliar as mudanças sentidas pela população em torno de um aeroporto que atende aeronaves de pequeno e médio porte no bairro de Bacacheri, conhecido como aeroporto de Bacacheri, comparando os resultados de uma pesquisa realizada no ano de 2021 com resultados previamente realizados no ano de 2016 em (CORSETTI SILVA; E SOUZA; ZANNIN, 2021), quando a pandemia do Sars-CoV-2/Covid-19 ainda não estava presente

2. OBJETIVOS

Avaliar os efeitos que a pandemia do Sars-CoV-2/Covid-19 proporcionou no ruído ambiental em uma comunidade anexa a um aeroporto que recebe aviões de pequeno e médio porte, no caso o aeroporto de Bacacheri. Para analisar os efeitos da pandemia no ruído local, comparou-se os resultados obtidos no presente trabalho com resultados passados que datam 2016, quando a pandemia ainda não assolava a região.

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227 3. METODOLOGIA

Diversos questionários foram enviados eletronicamente no ano de 2021 para pessoas que moram e/ou trabalham nas redondezas do aeroporto de Bacacheri, de modo que 60 retornaram preenchidos, onde 58 foram preenchidos por pessoas que trabalham e/ou moram em Bacacheri. Devido as limitações de circulação impostas pelo governo local, os autores optaram por não entrevistar presencialmente as pessoas da região para evitar a propagação do Sars-CoV-2/Covid-19. Dos 58 questionários preenchidos por pessoas que estão ativamente na região, aproximadamente 60% foram respondidos por mulheres e 40% por homens. A grande maioria dos que responderam ao questionário tem de 30 a 40 anos. Embora um maior espaço amostral permita uma maior confiabilidade de resultados (DHAR; BINU; MAYYA, 2014), 58 amostras já caracteriza um espaço amostral razoável nas futuras análises.

Para efeitos de comparação, resultados de uma pesquisa passada realizadas em 2016 com 205 pessoas e publicados em (CORSETTI SILVA; E SOUZA; ZANNIN, 2021) foram utilizados para verificar as mudanças da percepção das fontes de ruídos que mais perturbam os moradores da região de Bacacheri após o aparecimento da pandemia do Sars-CoV-2/Covid-19, além de outras questões como percepção do valor do imóvel e sintomas sentidos em decorrência do ruído local.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O nível de desconforto causado pelo ruído ambiental foi quantificado em uma escala de 1 até 5, onde 1 representa nenhum desconforto causado pelo ruído ambiental e 5 representa um altíssimo nível de desconforto. Os resultados obtidos entre os entre vistados no ano de 2021 que moram e/ou trabalham em torno do aeroporto de Bacacheri estão representados na Figura 1. Pode-se observar que a grande porcentagem dos entrevistados sente pouco ou razoável desconforto por causa do ruído. Dentre eles, Apenas 17% se sentem substancialmente desconfortáveis com o ruído ambiental na região, valor muito diferente daquele obtido no estudo realizado em 2016 onde até 76% dos indivíduos queixavam-se de problemas relacionados ao ruído local. Alguns autores atribuem essa re dução do ruído ambiental à diminuição do fluxo de veículos, pessoas e processos industriais por causa das medidas de lockdown adotadas (BASU et al., 2021; LECOCQ et al., 2020).

Figura 1 – Nível de desconforto apresentado por pessoas em Bacacheri no ano de 2021

Fonte: Autor, 2021.

A porcentagem de indivíduos com algum sintoma em decorrência do ruído ambiental drasticamente reduziu em 2021, como pode-se observar na Figura 2. É interessante observar

9 17 22 5 5

0 5 10 15 20 25

1 2 3 4 5

Q uant idade de pe ss oa s

Nível de desconforto

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que, embora a porcentagem de indivíduos que sofrem de irritação tenha caído com a pandemia, mais de 40% das pessoas em torno do aeroporto ainda se queixam de tal sintoma. Alguns dos entrevistados especificaram o ruído rodoviário – especificamente motocicletas – como a principal fonte sonora. Andrade et al. (2020) observou o mesmo fenômeno em um estudo no entorno de um hospital público e apontou que tal fato devia-se principalmente ao aumento no número de pedidos por delivery, vide que as pessoas estão evitando sair para comer.

Figura 2 – Porcentagem dos entrevistados que sofrem algum sintoma em decorrência do ruído ambiental.

Fonte: Autor, 2021.

Em relação ao ruído aeroviário, em 2016 ele era considero um dos maiores responsáveis pelos sintomas descrevidos na Figura 2, juntamente com o ruído rodoviário. No ano de 2021, embora 35% dos entrevistados tenham apontado o ruído aeroviário como uma fonte sonora incomoda, apenas 10% consideram tal fonte como a maior responsável pelo desconforto. Em contrapartida, 50% dos entrevistados dizem se sentir incomodados pelo ruído rodoviário e 40% afirmam que o ruído rodoviário é a fonte sonora mais incomoda na região. Com o aumento do fluxo de motocicletas, que geram altos níveis sonoros (PAVIOTTI; VOGIATZIS, 2012), e uma provável redução no número de voos realizados no aeroporto local, pode-se supor que o ruído rodoviário se sobrepôs ao ruído aeroviário na região.

Para melhor embasar a discussão acima, pode-se observar os horários considerados como mais barulhentos pelos moradores em 2016 e em 2021 na Tabela 2. Em 2016, as pessoas se sentiam extremamente incomodadas entre as 6 e 8 da manhã, horário em que várias manobras de decolagem e pouso eram realizadas no aeroporto de Bacacheri (CORSETTI SILVA; E SOUZA; ZANNIN, 2021). Em contrapartida, para o ano de 2021 o horário das 18 às 20 horas é o mais incomodo possivelmente por ser quando muitos residentes pedem serviços de delivery para jantar. Nesta faixa de horário muitas fontes de ruídos (veículos pesados, construções, etc) se acalmam, o que provavelmente faz com que os picos de intensidade sonora gerados pelas motocicletas causem um maior desconforto ao homem pela grande variação do nível sonoro.

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Tabela 2 – Comparação entre os horários considerados como mais barulhentos pelos moradores de Bacacheri em 2016 e 2021. Alguns moradores não responderam essa pergunta.

Estudo realizado em

Horário 2016 (%) 2021 (%)

24~2 21,00 8,30

2~4 20,00 3,30

4~6 12,00 0,00

6~8 28,00 13,30

8~10 3,00 6,70

10~12 3,00 0,00

18~20 2,00 26,70

20~22 1,00 8,30

22~24 3,00 15,00

Fonte: Autor, 2021.

Finalmente, é interessante comparar como a percepção sobre o efeito do ruído ambiental no preço do imóvel mudou com a pandemia. Em 2016, 61% dos entrevistados consideravam que o ruído local levava a uma desvalorização do imóvel, enquanto que para o ano de 2021 esse número caiu para 45,9%. Uma possível explicação para tal mudança de percepção é que o lockdown fez as pessoas valorizarem mais o espaço em que vivem (ŞENTOP DÜMEN; ŞAHER, 2020).

5. CONCLUSÃO

Com a pandemia do Sars-CoV-2/Covid-19 a poluição sonora em Bacacheri, onde se encontra um aeroporto que atende aeronaves de pequeno e médio porte, sofreu uma queda perceptível no ano de 2021 em comparação com 2016 pelos moradores em virtude do menor número de queixas de ruído na área e menor quantidade de pessoas sofrendo de problemas como irritabilidade, dores de cabeça e insônia. Esse efeito pode ser atribuído não somente ao menor fluxo de veículos ou centro comerciais em decorrência da pandemia (ALETTA et al., 2020), mas também ao fato do ruído aeroviário, previamente um dos grandes responsáveis pelo incomodo acústico na região, ter sido drasticamente reduzido. Atualmente (2021) as pessoas na região se sentem mais incomodadas pelo ruído no horário das 18h às 20h, provavelmente por ser quando um grande número de motocicletas circula na região por causa do serviço de delivery. Finalmente, o lockdown fez as pessoas ficarem mais tempo em suas casas e, para as condições reduzidas de poluição sonora no ambiente, elas passaram a valorizar mais o espaço em que vivem em comparação com 2016.

6. REFERÊNCIAS

ALETTA, F.; OBERMAN, T.; MITCHELL, A.; TONG, H.; KANG, J. Assessing the changing urban sound environment during the COVID-19 lockdown period using short-term acoustic measurements. Noise Mapping, v. 7, n. 1, p. 123–134, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1515/noise-2020-0011

ANDRADE, E. de lima; LIMA, E.; SILVA, D.; ZANNIN, P.; MARTINS, A. Influência da pandemia de COVID-19 no ruído ambiental no entorno de um hospital público em Sorocaba, São Paulo, Brasil. In: 2020, Anais [...]. [S. l.: s. n.]

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BASU, B.; MURPHY, E.; MOLTER, A.; SARKAR BASU, A.; SANNIGRAHI, S.; BELMONTE, M.; PILLA, F. Investigating changes in noise pollution due to the COVID-19 lockdown: The case of Dublin, Ireland. Sustainable Cities and Society, v. 65, p. 102597, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.scs.2020.102597

BORGES FILHO, O.; RIBAS, A.; GONÇALVES, C.; LACERDA, A.; RIESEMBERG, R.; KLAGENBERG, K. Perception of Noise Pollution in a Youth and Adults School in Curitiba-PR. International Archives of Otorhinolaryngology, v. 21, n. 04, p. 313–317, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1055/s-0036-1597118

CORSETTI SILVA, G.; E SOUZA, D.; ZANNIN, P. Annoyance caused by aircraft noise in the proximities of Bacacheri Airport. In: XXVII CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENGENHARIA MECÂNICA2021, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: [s. n.], 2021.

DHAR, M.; BINU, V.; MAYYA, S. Some basic aspects of statistical methods and sample size determination in health science research. AYU (An International Quarterly Journal of Research in Ayurveda), v. 35, n. 2, p. 119, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.4103/0974-8520.146202

KRYTER, K. D. The effects of noise on man. New York, NY: Acad. Press, 1970. (Environmental sciences).

LECOCQ, T. et al. Global quieting of high-frequency seismic noise due to COVID-19 pandemic lockdown measures. Science, v. 369, n. 6509, p. 1338–1343, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1126/science.abd2438

MAXWELL, L. E.; EVANS, G. W. THE EFFECTS OF NOISE ON PRE-SCHOOL CHILDREN’S PRE-READING SKILLS. Journal of Environmental Psychology, v. 20, n. 1, p. 91–97, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1006/jevp.1999.0144

PAVIOTTI, M.; VOGIATZIS, K. On the outdoor annoyance from scooter and motorbike noise in the urban environment. Science of The Total Environment, v. 430, p. 223–230, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2012.05.010

REIS, B.; SCHITTINI, G.; ZANNIN, P. H. T. AVALIAÇÃO DO RUÍDO R ODOVIÁRIO NO CAMPUS CENTRO POLITÉCNICO E CÁLCULO DE MAPAS DE RUÍDO. In: XXVII CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENGENHARIA MECÂNICA2021, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: [s. n.], 2021.

ŞENTOP DÜMEN, A.; ŞAHER, K. Noise annoyance during COVID-19 lockdown: A research of public opinion before and during the pandemic. The Journal of the Acoustical Society of America, v. 148, n. 6, p. 3489–3496, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1121/10.0002667

ZANNIN, P. H. T.; BUNN, F. Noise annoyance through railway traffic - a case study. Journal of Environmental Health Science and Engineering, v. 12, n. 1, p. 14, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1186/2052- 336X-12-14

ZANNIN, P. H. T.; CALIXTO, A.; DINIZ, F. B.; FERREIRA, J. A.; SCHUHLI, R. B. Incômodo causado pelo ruído urbano à população de Curitiba, PR. Revista de Saúde Pública, v. 36, n. 4, p. 521–524, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000400020

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