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Estudo sobre qualidade de vida em homens idosos homossexuais : aplicação do questionário WHOQOL-BREF

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Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu

em

Gerontologia

ESTUDO SOBRE QUALIDADE DE VIDA EM HOMENS IDOSOS

HOMOSSEXUAIS: aplicação do questionário WHOQOL - Bref

Brasília – DF 2013

Autor: Fabio Rodrigues Trindade

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FABIO RODRIGUES TRINDADE

ESTUDO SOBRE QUALIDADE DE VIDA EM HOMENS IDOSOS HOMOSSEXUAIS: aplicação do questionário WHOQOL-BREF

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do Titulo de Mestre em Gerontologia

Orientadora: Profª Drª Maria Liz Cunha de Oliveira.

Brasília - DF

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"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

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AGRADECIMENTOS

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RESUMO

TRINDADE, Fabio Rodrigues. ESTUDO SOBRE QUALIDADE DE VIDA EM HOMENS IDOSOS HOMOSSEXUAIS: aplicação do questionário WHOQOL - Bref. 2013. 65 f. Dissertação (Mestrado em Gerontologia). Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.

A qualidade de vida representa a percepção que o indivíduo tem da sua própria vida em múltiplas dimensões, incluindo a sexualidade. Com o crescente número de idosos na pirâmide social brasileira, a melhoria da qualidade de vida tornou-se questão crucial, principalmente para as minorias, como os homossexuais. OBJETIVOS: Comparar as dimensões da qualidade de vida entre um grupo de homens idosos homossexuais e heterossexuais, especificamente, descrever o perfil sociodemográfico dessas pessoas; analisar os escores de qualidade de vida de homens idosos homossexuais e heterossexuais usando o World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-Bref); comparar os escores de qualidade de vida de homens idosos homossexuais e heterossexuais e identificar a prevalência de tabagismo, etilismo, drogadição e sedentarismo entre o grupo de homens idosos homossexuais e heterossexuais. METODOLOGIA: Trata-se de uma investigação observacional,comparativo com delineamento transversal e abordagem quantitativa, realizada no período de dezembro de 2012 a junho de 2013. O estudo envolve a população idosa do município de Teresina no Piauí, cuja amostra é composta por 40 heterossexuais e 40 homossexuais. Como instrumento de pesquisa, utilizou-se o WHOQOL-bref, através dos domínios físico, psicológico, social e ambiental. O critério de inclusão foi a opção sexual. As análises estatísticas envolveram medida de posição (média), de variabilidade (desvio padrão) e teste de associação do ҳ² (qui-quadrado). RESULTADOS: no grupo pesquisado, o perfil dos heterossexuais e homossexuais revela prevalência de idosos na faixa etária de 50 a 60 anos, com índice de (79,49%) e (67,50%), respectivamente. Há divergência em relação ao estado civil, uma vez que (85%) dos heterossexuais são casados e (82,50%) dos homossexuais são solteiros. Os homossexuais apresentaram melhor escolaridade, sendo que (62,50%) possuem ensino médio completo e incompleto e (37,50%) curso superior. No grupo dos heterossexuais, esses índices são de (42,50%) e (12,50%) para as respectivas escolaridades. A maioria dos integrantes de ambos os grupos possuem renda mensal de 2 a 5 salários mínimos: (45%) de heterossexuais e 40% de homossexuais. No entanto, dos que ganham de 5 a 10 salários mínimos, destacam-se os heterossexuais (27,50%) em relação ao outro grupo (10%). Em relação a Qualidade de Vida não se constatou diferenças significativas nas quatro dimensões estudadas em relação aos grupos de heterossexuais e homossexuais. Portanto, conclui-se que, independente do tipo de domínio, a qualidade de vida foi semelhante entre os dois grupos estudados.

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ABSTRACT

TRINDADE, Fabio Rodrigues. A STUDY ABOUT THE QUALITY OF LIFE FOR ELDERLY HOMOSEXUAL MEN: application of the WHOQOL- BREF questionnaire. 2013. 65 pp. Dissertation (Master’s Degree in Gerontology). Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.

The quality of life represents the perception that one has about his/her own life in multiple dimensions, including sexuality. With the increasing number of the elderly population in the Brazilian social pyramid, improvement of the quality of life has become a crucial issue, especially for minorities, such as homosexuals. GOALS: To investigate the dimensions of the quality of life for aging homosexual and heterosexual men, especially to describe the social demographic profile of these people; to analyze the quality of life scores for aging homosexual and heterosexual men using the World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-Bref), to compare the quality of life scores for aging homosexual and heterosexual men and the prevalence of smoking, alcoholism, drug addiction, and sedentariness within the group of elderly homosexual and heterosexual men . METHODOLOGY: This is an observational, comparative research with a cross-sectional design and quantitative approach, performed from December 2012 to June 2013. The study involves the elderly population in the city of Teresina in Piauí, whose sample is composed of 40 heterosexuals and 40 homosexuals. As a research instrument, the WHOQOL-BREF was used, through physical, psychological, social and environmental domains. The inclusion criterion was sexual orientation. Statistical analysis involved position measurement (average), variability (standard deviation) and ҳ ² association test (chi-square). RESULTS: In the researched group the profile of homosexuals and heterosexuals reveals the prevalence of elderly people, 50-60 years of age, with a rate of (79.49%) and (67.50%) respectively. There is a disagreement related to marital status, in that (85%) of heterosexuals are married and (82.50%) of homosexuals are single. Homosexuals have shown better education, as (62.50%) have complete and incomplete High School and (37.50%) have higher education. In the group of heterosexuals these ratios are (42.50%) and (12.50%) for the respective educational backgrounds. Most members of both groups have a 2 to 5 minimum wages monthly income: heterosexuals (45%) and homosexuals (40%). However, from those earning 5 to 10 minimum wages, heterosexuals (27.50%) stand out compared with the other group (10%). Regarding the quality of life, no significant differences were found in the four dimensions studied in relation to the groups of heterosexuals and homosexuals. Therefore, it is noted that, regardless of the domain, the quality of life was similar between the two groups studied.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características sociodemográficas na amostra de idosos homossexuais, heterossexuais por opção sexual, faixa etária, escolaridade e renda mensal no município de Teresina - PI – dez. 2012 – jun. 2013 ... 37 Tabela 2 - Resultados do número de idosos tabagistas por opção sexual, faixa

etária, escolaridade e renda mensal no município de Teresina - PI –

dez. 2012 – jun. 2013 ... 39 Tabela 3 - Resultados do número de idosos que ingerem bebida alcoólica por

opção sexual, faixa etária, escolaridade e renda mensal no município de Teresina – PI – dez. 2012 – jun. 2013 ... 41 Tabela 4 - Resultados do número de idosos que relataram uso de drogas ilícitas

por opção sexual, faixa etária, escolaridade e renda mensal no município de Teresina - PI – dez. 2012 - jun. 2013 ... 42 Tabela 5 - Resultados do número de idosos que praticam exercício físico por

opção sexual, faixa etária, escolaridade e renda mensal no município de Teresina - PI – dez. 2012 - jun. 2013 ... 43 Tabela 6 - Resultados do WHOQOL-Bref média, mediana, valor máximo e

mínimo, desvio padrão e amplitude por tipo de domínio para o grupo dos heterossexuais no município de Teresina - PI – dez. 2012 – jun. 2013 ... 45 Tabela 7 - Resultados do WHOQOL-Bref média, mediana, valor máximo e

mínimo, desvio padrão e amplitude, por tipo de domínio, para o grupo dos homossexuais no município de Teresina - PI – dez. 2012 – jun. 2013 ... 46 Tabela 8 - Resultados do WHOQOL-Bref2013 média por domínio e grupo e P

valor por tipo de domínio para o grupo dos heterossexuais e homossexuais no município de Teresina - PI – dez. 2012 – jun. 2013. 48 Tabela 9 - Resultados do WHOQOL-Bref classificação dos domínios por grupo

dos heterossexuais e homossexuais no município de Teresina - PI –

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

CEP – Comitê de Ética e Pesquisa GLS – Gays, Lésbicas e Simpatizantes GRID – Gay Related Immunedeficiency HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ILGA –International Lesbian and Gay Association OMS – Organização Mundial da Saúde

ONG – Organizações Não-Governamentais QV – Qualidade de Vida

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 2 OBJETIVOS ...

2.1 GERAL ... 2.2 ESPECÍFICOS ...

3 REFERENCIAL TEÓRICO ...

3.1 ENVELHECIMENTO ... 3.2 QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO ... 3.3 HOMOSSEXUALISMO E LUTA PELOS DIREITOS ...

09 13 13 13 14 14 16 17 3.4 HOMOSSEXUALISMO NA TERCEIRA IDADE: HISTÓRIA DE VIDA E SAÚDE DO HOMEM ... 22

4 MATERIAIS E MÉTODOS ... 31

4.1 TIPO DE ESTUDO ... 4.2 LOCAL DO ESTUDO ...

31 31 4.3 AMOSTRA ... 4.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ...

31 32 4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ...

4.5.1 Critérios de Inclusão ... 4.5.2 Critérios de Exclusão ...

33

33 33

4.6 COLETA DE DADOS ... 4.7 ANÁLISES DOS DADOS ...

34 34 4.8 ASPECTOS ÉTICOS ...

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS ... 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...

34

35 51 REFERÊNCIAS ... 53 APÊNDICE A ... APÊNDICE B ... ANEXO A ... ANEXO B ...

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1 INTRODUÇÃO

O objeto desse estudo é a qualidade de vida do homem idoso com orientação sexual homossexual.

A expectativa de vida da população brasileira aumenta a cada ano. Dados demonstram queda da fecundidade no país, o que tem feito subir a população de idosos. Esta última, no período de 1999 a 2009, passou de 6,4 milhões para 9,7 milhões. Esse indicador cresceu 3,1 anos, sendo favorável para as mulheres. A estimativa de vida feminina avançou de 73,9 para 77 anos (IBGE 2010).

De acordo com o Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial de

Saúde, Qualidade de Vida é definida como “a percepção do indivíduo de sua posição da vida, no contexto da cultura e dos valores nos quais ele vive em relação

aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”(FLECK et al., 1999). Segundo Hag et al. (1991 apud BELASCO; SESSO, 2006), “a qualidade de vida inclui seis domínios principais: saúde física, estado psicológico, níveis de independência, relacionamento social, características ambientais e padrão

espiritual”.

O fenômeno qualidade de vida tem múltiplas dimensões, como a psicológica, a física e a mental, cada qual relacionada a aspectos, tais como, a saúde percebida, a capacidade funcional e o bem-estar, parâmetros importantes e que devem ser avaliados (PASCHOAL, 2006).

Pascual (2002) afirma que, entre os anos 50 e 60, 95% das pessoas são ativas sexualmente, quer entre casais, quer isoladamente. Esse percentual reduz-se a 85% entre os anos 60 e 70 e a 70% entre os homens e as mulheres acima de 70 anos. Embora diminua a quantidade, aumenta a qualidade da relação com os anos e com o conhecimento que o casal adquire com a idade.

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Pascual (2002) aponta que a revolução sexual de nossa cultura, nestes últimos 40 anos, trouxe grandes mudanças em nossa maneira de pensar e em nossos hábitos para vivê-la, muito embora seja certo que, apesar de vivermos em uma sociedade que glorifica a sexualidade esta tem de desaparecer na velhice. Nem o interesse, nem a atividade sexual têm de acabar nas pessoas longevas, e ainda que o envelhecimento se faça acompanhar por um declínio na frequência das atividades sexuais, isso depende da experiência do sujeito no decurso de sua vida. Vale dizer que a maior utilização corresponde à maior duração do tempo.

As relações entre homossexualidade e saúde, neste último século, têm sido motivo de debates e controvérsias, tanto no âmbito das ciências médicas como no dos movimentos sociais. Durante este período, a homossexualidade foi considerada

uma doença e os indivíduos, com práticas homossexuais, tratados como se fossem

portadores de alguma patologia ou distúrbio, que poderia ser diagnosticado como de origem biológica, genética ou de um desenvolvimento psíquico inadequado (TERTO JR., 2002).

Nos últimos anos, a homossexualidade, como categoria social, tem sido objeto de pesquisas e debates, que vêm colocando à luz diferentes processos de como identidades sociais e políticas são conformadas a partir da vivência de desejos sexuais por pessoas do mesmo sexo (HEILBORN, 1996; MCRAE, 1990; PARKER, 1991).

O novo caminho, citado para o encontro de prováveis parceiros sexuais é a internet. As salas de bate-papo nos sites Gays, Lésbicas e Simpatizantes (GLS) são acionadas com fins de sociabilidade e de paquera. Segundo Heilborn (2009), com o advento da Internet, facilitou-se o encontro entre pessoas de níveis sociais diferenciados, desencadeando-se padrões de relacionamentos anteriormente inimagináveis entre os gays de classe média e outros de camadas da população menos favorecida, fator que caracteriza o mundo gay masculino.

Simões (2004), argumenta que a imagem do “coroa”, homossexual masculino

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Esta é a coorte que dispôs de um leque de escolhas mais amplo no campo das experiências sensoriais, das drogas não alcoólicas ao relaxamento das atitudes em relação ao sexo. É a que promoveu o reconhecimento explícito da homossexualidade como estilo de vida legítimo, fundou o movimento pelos direitos dos homossexuais, transformou a resistência à polícia no bar Stonewall1 um símbolo poderoso, data de referência de grandes demonstrações públicas do “orgulho gay”.

É também, por ironia trágica, a coorte que mais sofreu os efeitos devastadores da epidemia do Vírus da Imunodeficiência Adquirida e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS). Ela começará a chegar ao período mais avançado da vida com sua peculiar história de percursos e enfrentamentos, que poderão conduzir a novas concepções sobre envelhecimento e homossexualidade (SIMÕES, 2004).

O advento da AIDS, no início dos anos 80, complexificou estas relações, serviu de motivo para o recrudescimento de preconceitos contra os homossexuais e a própria homossexualidade masculina se transformou num sinônimo de AIDS. No início, a associação chegou a tal ponto que a doença, recém-descoberta, chegou a ser chamada de GRID (Gay Related Immunedeficiency) nos meios científicos e de câncer gay, peste gay ou peste rosa pela imprensa e pela opinião pública (DANIEL; PARKER, 1991).

Os autores Almeida; Lorenço (2007) acreditam que o amor e a sexualidade na velhice são vistos como tabu para os que têm uma maior idade, porque a sociedade ainda concebe que somente aos jovens é dada a possibilidade de amar e manifestar a sua sexualidade, relegando o indivíduo, na fase idosa, ao amor platônico ou à abstinência sexual.

Partindo-se da constatação de um contexto social hostil à orientação homossexual, é possível supor que a qualidade de vida dos mesmos também esteja relacionada ao suporte social que tais sujeitos recebem (PAUL et al., 2002; RUTTER; SOUCAR, 2002).

Neste contexto, Qualidade de Vida (QV) é uma concepção que tem sido definida por uma variedade de caminhos dependendo do contexto no qual é usada e na orientação conceitual do investigador (LONGSDON e ALBERT, 2000).

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A definição de qualidade de vida apresentada pelo grupo de especialistas da Organização Mundial de Saúde (The WHOQOL Group, 1995) - uma das definições mais abrangentes e que valoriza a subjetividade desse conceito - é que Qualidade de Vida é a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, de acordo com o contexto cultural e o sistema de valores com os quais convive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Já Pascoal (2004), no processo de construção de um instrumento, para avaliar a Qualidade de Vida na Velhice, propõe a seguinte definição para esse construto: QV é a percepção do bem-estar de uma pessoa, que deriva de sua avaliação do quanto realizou, daquilo que idealiza como importante para uma boa vida e de seu grau de satisfação com o que foi possível concretizar até aquele momento.

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2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

- Comparar as dimensões da qualidade de vida entre um grupo de homens idosos homossexuais e homens idosos heterossexuais.

2.2 ESPECÍFICOS

- Descrever o perfil sociodemográfico entre um grupo de homens idosos homossexuais e homens idosos heterossexuais;

- Analisar os escores de qualidade de vida entre um grupo de homens idosos homossexuais e heterossexuais usando o World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-Bref);

- Comparar os escores de qualidade de vida entre um grupo de homens idosos homossexuais e heterossexuais;

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 ENVELHECIMENTO

Dados do último Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2010, constatou aumento considerável da população idosa com 65 anos ou mais. Em 1991, quando a população brasileira era de 146.825.475 habitantes, eles representavam 4,8% da população. Em 2000, esse índice subiu para 5,9%, no total de 169.799.170 pessoas. E, em 2010, chegou a 7,4% da população de 190.755.799 habitantes (IBGE, 2010).

Autores como Fortuna (2005) e Rolim e Forti (2006), citam como fatores que contribuíram para o aumento do número de idosos na população brasileira a redução da mortalidade infantil, queda da taxa de mortalidade da população idosa e a redução da fecundidade, que atingiu altos índices nos anos 50 e 60 e sofreu uma queda considerável nas últimas décadas. Esses fatores aumentam a expectativa de vida ao nascer e contribuem para o envelhecimento da população. Aliados a eles, destaca-se o desenvolvimento tecnológico, em especial, na área da saúde.

O grande desenvolvimento tecnológico obtido na área da saúde pode ser visto como uma grande possibilidade de minimizar os efeitos do envelhecimento, pois possibilita a criação de melhores técnicas com relação à prevenção e ao controle das doenças infecto-contagiosas e das enfermidades crônico-degenerativas, diminuindo assim a taxa de mortalidade e também expandindo a expectativa de vida da população (ROLIM; FORTI, 2006).

Diante do crescimento do número de idosos na população brasileira, emerge a necessidade de enfrentar os aspectos sociais e econômicos que afetam a população. Paschoal (2006) cita como problemas decorrentes do envelhecimento da população os custos com aposentadoria, atenção à saúde, socialização e participação social. Além disso, os anos de sobrevida podem representar sofrimentos, perdas e incapacidades.

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do avanço tecnológico, ele passa a ser visualizado também como um problema social.

Todavia, ao tratar dos problemas relacionados à velhice e às limitações próprias da idade, a maioria dos autores se esquiva de abordar uma temática muito importante em todos os aspectos da vida: a sexualidade e tão pouco a homossexualidade na terceira idade. Tradicionalmente, os gays foram considerados um grupo à margem da sociedade preconceituosa e envolta por princípios religiosos que concebem a homossexualidade como algo demoníaco (ALVES, 2010).

Quando se trata de idoso, a própria sexualidade do ser humano é rejeitada, seja em quaisquer tipos de relacionamentos, heterossexual ou homossexual. Para Santos (2006), as Igrejas influenciaram na negação da sexualidade e do erotismo do idoso, os quais eram visto como algo vergonhoso, cuja única função era apenas a procriação.

Na atualidade, muitas conquistas foram alcançadas, principalmente, com movimentos sociais de grupos homossexuais, que ao longo do tempo vêm adquirindo respeito e direitos antes inimagináveis, como o próprio casamento entre pessoas do mesmo sexo, aprovado em alguns países.

No Brasil, o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi autorizado pela Resolução nº 175, do Supremo Tribunal Federal de 14 de maio de 2013, seja por habilitação direta, celebração de casamento civil, seja por conversão de união estável, o que representa um marco histórico da atualidade em prol da igualdade de

direitos: “Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação,

celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento

entre pessoas de mesmo sexo”.

É notório que, mesmo na sociedade pós-globalizada, caracterizada pelos avanços da tecnologia, da educação e da legislação, os homossexuais tanto do sexo masculino como feminino, ainda passam por situações preconceituosas inadmissíveis para o século XXI, decorrentes de pressões e ataques de grupos homofóbicos.

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2010). Portanto, discute-se acerca da homossexualidade masculina, englobando questões referentes à qualidade de vida, saúde e à terceira idade.

3.2 QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO

Segundo Paschoal (2006), o termo Qualidade de Vida (QV) surgiu em 1920 no livro The Economics of Welfare, de Pigou, sob um enfoque econômico, caindo no esquecimento e ressurgindo após a II Guerra Mundial na redefinição de saúde feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que inclui a questão do bem-estar físico, psicológico e social. Na atualidade, o conceito de Qualidade de Vida envolve uma dimensão maior do que as condições socioeconômicas e a saúde da população.

Segundo Inouye et al. (2009), a definição mais completa é da Organização Mundial de Saúde que conceitua a Qualidade de Vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, na cultura, sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, a qual aborda seis fatores: a saúde física, o estado psicológico, níveis de independência, relacionamento social, características ambientais e padrões espirituais.

Portanto, percebe-se que o indivíduo passou a ser visto em sua totalidade, por meio de parâmetros que abrangem o corpo, a mente e a alma, atingindo também seus relacionamentos interpessoais e sua relação com o meio ambiente, além da questão econômica em si e sua independência.

Em decorrência das alterações na estrutura etária brasileira, há uma preocupação em proporcionar melhor qualidade de vida à população uma vez que envelhecer satisfatoriamente depende do equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo (NERI, 2009). Por conseguinte, envelhecer vai muito além dos aspectos biológicos: envolve os fatores psicológicos e histórico-culturais. Além disso, o envelhecimento com boa Qualidade de Vida relaciona-se com a satisfação pessoal em relação à vida atual e ao futuro, em um contexto que abrange as possibilidades e as perdas do envelhecimento.

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competência em adaptação. Nessa percepção, torna-se importante além da satisfação pessoal, a interação com pessoas da mesma geração, por meio de atividades grupais que proporcionem o compartilhamento de valores e crenças comuns.

Conforme Ghorayeb (2007), a homofobia pode afetar a qualidade de vida dos sujeitos, porque representa uma ameaça à autoestima e à identidade pessoal, trazendo-os ao isolamento social e fortalecendo a negligência com sua vida, suas opções e sua saúde. Portanto, a luta por respeito, cidadania e direitos iguais torna-se fator de grande relevância para aqueles que possuem uma orientação torna-sexual diferente da convencional.

3.3 HOMOSSEXUALIDADE E LUTA PELOS DIREITOS

Os humanos são seres sexuados, que concebem o sexo além da simples necessidade instintiva e têm na sua orientação sexual um suporte de condições biológicas, identidade de gênero e papel social. Nesse sentido, a orientação homossexual caracteriza-se pela preferência sexual por pessoas do mesmo sexo, envolvendo aspectos como atração sexual, comportamentos, fantasias, além dos fatores emocionais e afetivos (CEARÁ, DALGALARRONDO, 2010).

Para se entender a homossexualidade, é preciso reportar-se às concepções de sexualidade. Segundo Soares, Silveira e Reinaldo (2010), a sexualidade vai além do ato sexual, envolvendo, a afetividade, a aceitação de si mesmo e o bom relacionamento com o outro, refletindo-se em auto-estima e bem-estar pessoal.

Assim, a homossexualidade, enquanto orientação sexual, não representa apenas o desejo ou a atração sexual por pessoas do mesmo sexo, mas, envolve também, aspectos emocionais e afetivos (MELLO, 2005). Ao envolver pessoas do mesmo sexo pode ser masculina ou feminina. Os primeiros são conhecidos como gays e outros lésbicas.

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mantêm relações sexuais “ativas”. Já os que mantêm posição “passiva”, considerada

tradicionalmente própria das mulheres, eram enquadrados como homossexuais. O segundo, criado por médicos e psiquiatras, denominava como homossexuais todos aqueles que mantêm relações sexuais com homens, concebendo a homossexualidade como uma anormalidade ou doença. E o terceiro, visando romper com o estigma da anormalidade, se baseia no modelo igualitário entre o dualismo heterossexualidade e homossexualismo. Neste último, estão os homens que fazem sexo com homens, sem considerá-los doentes ou com distúrbios, mas apenas com uma orientação sexual direcionada à homossexualidade (CARRARA; SIMÕES, 2007).

No Brasil, as concepções sobre a homossexualidade, sofriam influência dos Estados Unidos e eram envoltas de preconceitos e marginalização, perdurando por muito tempo o primeiro modelo abordado por Peter Fry (CARRARA; SIMÕES, 2007).

A homossexualidade sempre representou um tabu para as sociedades. O desejo sexual por pessoas do mesmo sexo, em alguns momentos, foi concebido como uma doença ou um desvio de conduta, passível de transmissão e tratamento:

No final da década de 1970 um manual de medicina natural – moda

consagrada em setores brasileiros “avançados” – apontava o homossexualismo masculino (o feminino nem sequer era mencionado)

como “patologia psíquica ou somática”, passível de ser curada através dos

mais diversos tipos de tratamento, apresentados pela macrobiótica, acupuntura, do-in, homeopatia, fitoterapia, shiatsu e hata-yoga, não se esquecendo de recomendar na seção “conselhos especiais”, que se

evitassem alimentos doces e artificiais (refrigerantes, sorvetes, chocolates, chicletes, balas, etc.) – para não “pegar” homossexualidade, naturalmente

(TREVISAN, 2011).

Dessa forma, observa-se que a homossexualidade masculina era concebida, já no final da década de 1970, como uma doença por alguns setores da sociedade e com teorias absurdas sobre sua contaminação e transmissão. Totalmente diferente da concepção de homossexualidade como orientação sexual vigente nos dias de hoje.

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sendo influenciadas pelas ideias de sexualidade contempladas por Michael Foucault (CARRARA; SIMÕES, 2007).

Na década de 1980, com o advento da AIDS, aumentou o preconceito contra os homossexuais masculinos, responsabilizados pelo surgimento da epidemia, a qual chegou a ser denominada de Gay Related Immunedeficiency - GRID, ou seja, a doença foi concebida como um mal ocasionado pela prática do sexo anal de homens com homens (TERTO JÚNIOR, 2002).

Assim, tanto as questões socioculturais como políticas e a necessidade de uma atitude efetiva em relação às medidas de saúde pública para prevenção da transmissão do HIV, podem ser consideradas determinantes para as discussões em torno da homossexualidade masculina. Tal afirmação deve ser aplicada tanto no que se refere às conquistas desse segmento populacional quanto no que se reporta ao aumento da discriminação.

Embora os dados estatísticos evidenciem a disseminação da AIDS por vários grupos sociais, a doença ainda é identificada como oriunda do sexo entre homens e estigmatizada ao grupo homossexual, principalmente, no eixo Europa, América do Norte e América Latina, onde ela se desenvolveu. Porém, é necessário romper com preconceitos que designam a AIDS como uma doença obtida em decorrência de uma relação homossexual, porque o que importa é o contato com a pessoa contaminada e isso independe de orientação sexual (TREVISAN, 2011).

Além disso, a história demonstra a importância dos movimentos sociais de homossexuais para enfrentamento dessa epidemia, com o apoio de muitas organizações não-governamentais (ONG), culminando na elaboração dos primeiros manuais sobre transmissão e prevenção da AIDS (TERTO JÚNIOR, 2002).

No contexto da identidade de gênero, observa-se que a homossexualidade feminina tornou-se foco das pesquisas científicas muito recentemente. Alves (2010) esclarece que somente a partir dos anos 1990 surgiram estudos impulsionados pelas reivindicações de movimentos sociais sobre as questões reprodutivas e os direitos sexuais. O público alvo eram as mulheres jovens na faixa etária dos 20 aos 40 anos, ignorando-se a homossexualidade na terceira idade.

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Quando se trata de idosos, os preconceitos aparecem maximizados pela sociedade por causa da idade e negação da sua sexualidade: “Idosos com práticas homossexuais além de ser envolvidos pelo silêncio, são duplamente estigmatizados, por ser idosos e também por ter uma prática sexual desviante, em relação à norma

heterossexual” (VIEIRA; MEDEIROS, 2012).

Nesse caso, os homens com orientação para a homossexualidade foram, ao longo da história, excluídos e marginalizados, sendo que a luta homossexual vem continuamente sendo empregada em prol da igualdade de direitos e do respeito ao próximo. Conforme aborda Carrara e Simões (2007), as questões políticas das décadas de 1970 e 1980 influenciaram a luta pelos direitos dos homossexuais. Algumas conquistas se efetivaram com a Constituição Federal de 1988, que abomina o preconceito de qualquer natureza, inclusive de orientação sexual. Por outro lado, o advento da AIDS surge ao mesmo tempo como um fator do aumento da discriminação e de luta pelos direitos e saúde de gays e lésbicas.

No que concerne à homossexualidade na terceira idade, é preciso entender as divergências da sua origem para enquadrá-la em uma trajetória de vida.

As origens da homossexualidade são abordadas sob a óptica de teorias controvérsias. Uma das mais exploradas e contestadas é a teoria da homossexualidade congênita, cujos estudos biogenéticos foram intensificados na década de 1990, com ênfase na alteração do cromossomo X masculino, gerando um

“gene gay”, o que descartaria a possibilidade de prática bissexual (TREVISAN,

2011).

Trevisan (2011) ilustra que muitas propostas relacionadas ao condicionamento genético são consideradas absurdas, como a relação entre homossexualidade e impressões digitais ou com o estado emocional da gestante. Inclusive, um estudo de 1995 propôs que mães ansiosas geram bebê com tendências homossexuais. Se esse condicionamento fosse comprovado, na atualidade, em face do aparato tecnológico da medicina e da ciência, seria possível manipular genes para que os bebês não nascessem homossexuais.

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Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia. Em 1995, ano decisivo para o movimento gay no Brasil, a deputada Marta Suplicy, lança o Projeto Lei nº 1151/95, com o intuito de legalizar essa união. E acontece no Rio de Janeiro, a 1ª Conferência da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT) e a 17ª Conferência da International Lesbian and Gay Association (ILGA), marco na luta homossexual (MELLO, 2005).

Esses movimentos, em especial a iniciativa de deputada Marta Suplicy, forneceu maior notoriedade política e social à causa gay, ganhando destaque e discussões ora defensoras, ora discriminatória na mídia, em especial na televisiva (MELLO, 2005). No entanto, a legalização da união estável entre homossexuais no Brasil, ocorreu apenas no final da década de 2000.

Na Europa, a legalização da homossexualidade surgiu com os argumentos de que a união estável tornaria as relações amorosas monogâmicas e diminuiria os riscos de infecção por HIV (MELLO, 2005). Convém ressaltar que, além desses benefícios, essa legitimidade fornecida às relações entre pessoas do mesmo sexo aproxima a igualdade entre os heterossexuais. Isso se dá tanto na concepção de que eles não apenas fazem sexo, mas, são capazes de se envolver emocional e afetivamente, como na possibilidade de novas representações sociais sob o conceito de família.

Nesse sentido, essas novas conquistas beneficiam o gay idoso, tantas vezes marginalizado por sua opção sexual e esquecido na velhice. No entanto, quando se trata da luta pelo fim do preconceito contra os homossexuais, os idosos encontram um desafio ainda maior, porque não é suficiente garantir os direitos fundamentais reconhecidos a todos os cidadãos brasileiros pela Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/2003. É preciso assegurar o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, entre outros.

O idoso homossexual, em igualdade de condições com os demais cidadãos tem o direito à convivência familiar, sendo que o impedimento legal quanto ao casamento gay, que perdura por muitos países, acaba por afetar o idoso:

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Início do século XXI, avanços consideráveis na formação da família homossexual foram alcançados com o reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal da união estável homoafetiva, em 5 de maio de 2011. Antes, a união estável era um direito apenas do homem e da mulher, conforme art. 1.723 do Código Civil Brasileiro. Com a decisão proferida no julgamento da ADI 4277-DF e ADPF 132-RJ pelo STF, o direito estendeu-se aos homossexuais, sendo que a união homoafetiva segue as mesmas regras e conseqüências da união entre homem e mulher (ARAÚJO, 2013).

O reconhecimento jurídico das uniões homossexuais, enquanto casamento civil, formalizado e legalizado, equiparado ao que ocorre com os heterossexuais, ocorreu recentemente. O direito à pensão e herança, como ocorre em outros tipos de entidade familiar e como ampara a Resolução n. 175 do STF, de 14 de maio de 2013, a qual tem força de lei, deve ser assegurada pelas autoridades (art. 1º), e sua recusa deve ser comunicada ao juiz corregedor para providências cabíveis (art. 2º).

Portanto, foram concretizados grandes avanços jurídicos na consolidação legal da família homoafetiva. Avanços que ainda adquirem resistência religiosa, mas, que se tornam um marco histórico na luta pelos direitos dos homossexuais no Brasil.

3.4 HOMOSSEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE: HISTÓRIA DE VIDA E SAÚDE DO HOMEM

A homossexualidade na terceira idade deve ser vista como algo possível de acontecer, não com foco na vontade de realização do ato sexual em si, do sexo por sexo, mas, em um aparato de sexualidade que envolve os sentimentos e a afetividade:

Não se pode afirmar, no entanto, que o velho perca a capacidade de amar, ou de ter uma vida sexual, como se isso fosse prerrogativa dos jovens, como se o interesse sexual ou amoroso causasse um certo horror, fosse algo aberrante, que não pudesse ser aceito (SANTOS, 2006, p.1303).

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desenvolver personalidades distintas, dependendo da sociedade que o rodeia, que o apóia ou recrimina. Isso torna complexo o estudo e a abordagem da homossexualidade, não nos permitindo uma postura simplista ou preconceituosa, haja vista sua constatação científica de causa biológica e sua comprovação e mensuração de causas psicológicas (MENEZES, 2005).

Vieira e Medeiros (2012) consideram escassos os estudos acerca da homossexualidade na terceira idade, tanto do ponto de vista histórico quanto político e cultural. E a temática é envolvida por anulação da sexualidade, preconceito, negligência, falta de informação e grande número de ocorrência de AIDS em idosos.

A maior parte dos artigos na área refere-se ou às tentativas de modificação da orientação sexual (o que reflete uma concepção implícita de que o mesmo seria aprendido) ou às tentativas de enumerar aspectos ambientais que estariam relacionados com as etapas passadas pelo indivíduo até a adoção pública de uma

“identidade homossexual” (pertencimento a um grupo social específico), sem discutir

o papel determinante destes aspectos (MENEZES, 2005).

Segundo a OMS (2000), ainda que pesem sobre a escolha homossexual, sérios condicionamentos preconceituosos, a sexualidade é o resultado da interação de fatores biológicos, psicológicos, socioeconômicos, culturais, éticos e religiosos ou espirituais, isto é, ser homossexual não é opção, todavia, manter relacionamentos homossexuais implica em escolha de vida e aceitação.

Ghorayeb (2007) alerta que o homossexualismo não pode se resumir apenas à relação sexual com pessoas do mesmo sexo: é preciso considerar os aspectos de afetividade que o envolvem, pois muitas pessoas passam a vida toda possuindo a orientação heterossexual e mais tarde podem se tornar homossexuais. Além disso, existem pessoas que podem ter atração por outra do mesmo sexo, mas, mantêm relações sexuais e afetivas com o sexo oposto. É a chamada bissexualidade que, para o autor, pode representar uma continuidade entre a homossexualidade e a heterossexualidade.

Opcional ou não, a homossexualidade é um fato na sociedade atual e está cada vez mais crescente o número de homens e mulheres que assumem essa condição. Assim, ao se tratar do gay idoso, faz-se necessário discutir acerca da sua história de vida e da saúde do homem.

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culturais. Portanto, o amor na velhice não pode se limitar aos aspectos biológicos, como perda das capacidades vitais (visuais, auditivas, locomotoras, etc.), comprometimento da estrutura óssea e muscular, perda de memória e impotência sexual por disfunção hormonal, uma vez que ela se relaciona aos fatores psicossexuais e o amor é possível em qualquer idade.

Em estudo sob as motivações dos idosos para o tabagismo e a cessação desse vício, Pernin (2008, p.12) afirma que, no fenômeno da velhice, “existem várias

velhices, desiguais processos de envelhecimento e diferentes velhos na sociedade”.

Nesse contexto, torna-se relevante considerar a história de vida de cada um, permeada e fundamentada em crenças, mitos e medos, de modo que o sujeito descubra por ele mesmo seu processo de identidade, suas contribuições sociais e familiares.

A história de vida possibilita o encontro da identidade pessoal, porque é um procedimento que possibilita reconstruir acontecimentos e transmitir vivências das relações sociais através de uma narrativa linear em que o interlocutor evidencia os aspectos mais significativos da sua vida (BURNIER et al., 2007).

O processo de envelhecimento, ainda que seja avaliado de forma quantitativa, deve reportar-se à qualidade de vida sob o aspecto da subjetividade e da multidimensionalidade, cuja situação pessoal, saúde, condições socioeconômicas devem ser avaliadas pelo próprio sujeito (PERNIN, 2008). Embora Pernin afirme isso Loureiro (2011) observa que, como a qualidade de vida depende de condições socioeconômicas, políticas, culturais e de aspectos subjetivos e contextuais do indivíduo, a alta qualidade pode não representar a mesma coisa para todas as pessoas. Pode-se citar, por exemplo, que boa qualidade de vida para a classe média de um país em desenvolvimento pode ser inferior àquela considerada por pessoas da mesma classe de um país já desenvolvido. Para a primeira, ter acesso à saúde pode representar boa qualidade. Já para a segunda, esse acesso é uma condição básica assegurada pelo governo e a boa qualidade pode estar ligada a ter uma vida mais confortável ou ter melhores condições financeiras.

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sobre esses fatores, detectando-se tendência ao isolamento social, individualismo religioso, baixa autoestima e maior prevalência de tentativas de suicídio.

No que se refere à discussão acerca da saúde do homossexual, não há como fugir da temática AIDS, pois em vários estudos ela está estritamente relacionada ao homossexualismo em todas as idades.

Dados do Ministério da Saúde (2012) alertam para o aumento de 10,1% da incidência de AIDS em gays, na faixa de 15 a 24 anos, nos últimos doze anos. Isso demanda ações específicas direcionadas a esse grupo de maior risco até porque, em longo prazo, a crescente incidência de AIDS na população jovem repercute em problemas futuros, pois eles serão os velhos do amanhã.

Ao se reportar a questões referentes à saúde do homossexual, um dos aspectos básicos e prioritários é o uso da camisinha para a prática do sexo anal. O uso do preservativo é foco das campanhas de prevenção da AIDS para todas as categorias - homo, hetero e bissexuais – entre os gays, mas pesquisas recentes comprovam a negligência em relação ao sexo seguro.

Em uma pesquisa realizada via internet com 533 (quinhentos e trinta e três) homossexuais declarados HIV negativos na coleta de dados on line, 30,8% dos participantes afirmaram ter praticado sexo desprotegido, pelo menos uma vez nos últimos doze meses, com parceiros HIV positivo ou de sorologia desconhecida. O perfil da maioria desses sujeitos aponta que 87,4% são de classe média, 71,5% declararam-se brancos, 31,5% possui graduação incompleta e 27,2% possuem graduação completa e 68,7% são solteiros, incluindo-se os divorciados e separados (BRIGNOL; DOURADO, 2011).

Assim, considerando que a internet, apesar de ter alcançado grande popularidade na última década, ainda possui acesso restrito de pessoas das camadas menos favorecidas, como os pobres. Esta pesquisa on line demonstrou a negligência dos homossexuais no uso do preservativo, mesmo se tratando de pessoas com alto nível de escolaridade e poder aquisitivo. Portanto, as campanhas de esclarecimento e conscientização ainda são ferramentas fundamentais para esse público.

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no número de casos em mulheres. No ano de 1989, a proporção de AIDS entre pessoas do sexo masculino e as do sexo feminino era de 6 para 1, enquanto que essa diferença caiu drasticamente em 2010 com 1,7 casos da síndrome em homens para 1 caso em mulheres.

As informações acima evidenciam que, de fato, o homossexualismo masculino é considerado um grupo de risco para AIDS. Contudo, o aumento de casos entre heterossexuais e entre mulheres demonstra a necessidade de extensão das práticas preventivas a todas as pessoas.

No que se refere à forma de transmissão, ainda prevalece a sexual. Enquanto 83,1% dos casos de AIDS registrados em 2010 decorrem de relações heterossexuais, nos homens, esse número é de apenas 42,4%. A contaminação do HIV por relações homossexuais abrangeu 22% dos homens e 7,7% deles contraíram o vírus em relações bissexuais. O restante dos casos em pessoas do sexo masculino, ou seja, 27,90% tiveram outra via de transmissão, como a sanguínea ou vertical (da mãe para o bebê) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

Observa-se, portanto, que a maioria das pessoas contaminadas pelo HIV que desenvolveram a AIDS tem como orientação sexual a heterossexualidade, não podendo generalizar essa doença como algo relacionado ao homossexualismo.

Um estudo realizado por Silva et al. (2011) em fichas de notificação de idosos com AIDS, do período de 1996 a 2009, abrangendo 69 casos em um hospital de referência de Teresina, coletadas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, detectou que 88,8% dos pacientes possuem entre 60 e 69 anos, 72,4% são do sexo masculino, 86,9% têm baixa escolaridade e a orientação sexual da maioria, ou seja, 73,9% era a heterossexual.

Portanto, observa-se o impacto do sexo e da escolaridade na ocorrência de dados locais, compatíveis com as pesquisas nacionais e também não se pode confirmar a interferência do homossexualismo como fator condicionante da exposição ao vírus HIV.

Um ponto relevante para o homossexualismo no Brasil, inclusive na terceira idade, é a abrangência da saúde do homem em uma dimensão corpo que não se limite apenas ao HIV/AIDS.

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O corpo, a aparência física, neste momento da história da humanidade, é o cartão de visitas, mas se a saúde vai mal, este corpo não se apresenta bem na ideologia vigente: os movimentos não são os esperados e a imagem não desperta a aceitação desejada. A doença, a dor, a ausência de felicidade, impedem uma vida com qualidade, com o sorriso que abre portas e, mesmo que se permita a entrada, as desconsiderações acontecem (LOUREIRO, 2011, p.4).

Presenciamos a descaracterização da velhice, a sua negação, a busca de meios estéticos e genéticos para permanecer jovem, muitas vezes negligenciando-se a saúde. Por outro lado, este é fator primordial para o envelhecimento com boa qualidade de vida.

A saúde é relevante em todas as etapas da vida, abrange não só o corpo físico e sua capacidade funcional, mas também a qualidade de vida. Na velhice, ela se torna uma busca incessante, uma aspiração, porque o processo de envelhecimento só faz sentido se for bem vivido e, nesse aspecto, saúde é fundamental (LOUREIRO, 2011).

Esses são aspectos inerentes a qualquer ser humano, mas, ressaltar a relação corpo e saúde, quando se trata de homossexualismo, é uma condição indispensável ao estudo da qualidade de vida dessas pessoas, uma vez que conforme Ghorayeb (2007), a autonegligência (falta de cuidados consigo mesmo e sua saúde) e os processos de isolamento e desordens psicossociais são comuns a essa população.

Segundo Carrara, Russo e Faro (2009), a saúde se dividiu, ao longo da história, em segmentos que envolviam a saúde da mulher (com foco na reprodução humana), da criança e do adolescente, do deficiente, do idoso, entre outros. Nesse contexto, a saúde dos homens ficava à mercê dos programas sociais e seu foco era meramente relacionado aos problemas sexuais, como ocorria nas décadas de 1930 e 1940.

Enquanto a Ginecologia se institucionalizava nos finais do século XIX, a Andrologia, ciência que trata dos problemas sexuais masculinos e hoje se constitui em uma subespecialidade da Urologia, não obteve tanta repercussão e relevância.

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Com a nova política, surge um olhar voltado para a medicalização do corpo masculino e não apenas para os problemas sexuais, ainda que tais dificuldades tenham sido utilizadas como foco para atrair os homens para a atenção primária, uma vez que os próprios preconceitos masculinos e sua condição histórica de invulnerabilidade os tenham afastado da saúde preventiva. Este fato acarreta maior mortalidade do que às mulheres já que a assistência ao homem, normalmente, é feita a nível ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade, ou seja, quando a doença encontra-se em estágio avançado. A solução para essa questão é:

A condição para que ocorra a mudança cultural necessária para fazer com que os homens (heterossexuais) tenham uma relação tão reflexiva com seus próprios corpos quanto seus vários "outros" (mulheres, homossexuais, travestis) é que tais "outros" tenham o mesmo poder e prestígio que eles. Tudo se passa como se os homens precisassem se tornar socialmente vulneráveis para poder perceber sua vulnerabilidade biológica e para ver algum sentido na luta por ultrapassá-la (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009, p.672).

Dessa forma, observa-se a importância da promoção da igualdade não só entre gêneros, mas entre todos os grupos de pessoas, independente da sua opção sexual, para o alcance das metas da saúde pública direcionada ao homem. Dessa forma, mesmo que a Urologia seja a especialidade líder nessas ações, outras especialidades foram incorporadas como metas da promoção da saúde do homem, como a cardiologia, gastrointestinal e a saúde mental.

No que se refere à homossexualidade e saúde, esta assume uma dimensão muito maior do que as doenças físicas, porque os problemas relacionados ao bem-estar dos homossexuais abrangem também a dimensão psicossocial.

Quando se trata de sexualidade na terceira idade, um aspecto importante são as doenças psíquicas que afetam grande parte dos idosos. Segundo Fortuna (2005,

p.14): “tem aumentado o contingente de idosos em geral, inclusive daqueles com

características patológicas (senilidade), do qual são exemplos a depressão e a

demência tipo Alzheimer”, demonstrando-se a necessidade da nova demanda de assistência à saúde, uma vez que as demências causam impacto não somente ao idoso, mas também, à família e à sociedade.

(30)

HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, dada suas condutas em relação ao ato sexual e as dificuldades de estabelecer uniões estáveis (SOARES; SILVEIRA; REINALDO, 2010).

Nesse sentido, é preciso se atentar também aos aspectos psicológicos e aos transtornos mentais, uma vez que o processo de envelhecimento está associado ao fim da vida, à morte, à depressão e à angustia, juntamente com a perda de vitalidade (SANTOS, 2006).

Em pesquisa comparativa realizada com 40 (quarenta) homossexuais e 40 (quarenta) heterossexuais, Ceará e Dalgalarrondo (2010) verificaram que, na maturidade e na velhice, é maior a frequência de transtornos mentais em homossexuais, identificando-se 37,5% dos casos contra 20% em heterossexuais, ainda que se tenha detectado melhor qualidade de vida dos gays.

Nesse estudo, a homofobia se configura como importante fator desencadeador desses transtornos e de atitudes de negação ou exposição da sua orientação sexual, funcionando como um fator de riscos para ocorrência de suicídio. Ao tempo em que a existência de apoio social e o respeito à opção sexual promovem melhoria da qualidade de vida dos homossexuais.

O estudo do homossexualismo masculino na terceira idade relaciona-se tanto aos aspectos sociais, culturais como às políticas públicas de saúde direcionadas a esse público, uma vez que conforme Silva et al. (2011) há uma tendência dos profissionais de saúde a considerarem os idosos como seres assexuados, negligenciando a investigação da infecção por vírus do HIV nesses pacientes.

O que parece ser particularmente gerador de sofrimento é o conflito vivido entre os padrões sociais de orientação sexual estabelecidos e a homossexualidade por eles experienciada. Mc Coll (1994), em um artigo de revisão sobre o tema, afirma que os estudos realizados na década de 80, sobre a prevalência de transtornos mentais em homossexuais, mostraram que a ocorrência de transtornos mentais parecia estar relacionada com eventos de vida, nos quais havia um contexto social hostil à orientação homossexual. Isto atingia frequentemente a auto-estima dos indivíduos, o que era acentuado pelo preconceito e estigmatização.

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Schedule). Dentre esses sujeitos, 31% já tinham tentado o suicídio. Isto foi associado pelos pesquisadores com experiências de discriminação, a partir das entrevistas abertas realizadas durante o estudo.

Outros investigadores têm produzido resultados que apontam para a relação entre os transtornos mentais identificados, assim como o sofrimento emocional, com as experiências de preconceito, discriminação, estigmatização e ausência dos suportes familiar e social para os sujeitos de orientação homossexual pesquisados (MAYS e COCHRAN, 2001; MEYER, 2003; MC ANDREW e WARNE, 2004).

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4 MATERIAS E MÉTODOS

4.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo comparativo será realizado por meio de investigação com delineamento transversal e abordagem quantitativa.

Seguindo ensinamentos de Richardson (1989), este método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas.

4.2 LOCAL DO ESTUDO

As entrevistas foram realizadas no município de Teresina que é a capital e o município mais populoso do Piauí. Localiza-se no Centro-Norte Piauiense a 366 km do litoral, sendo, portanto, a única capital da Região Nordeste que não se localiza às margens do Oceano Atlântico. É a 19ª maior cidade do Brasil, com 814.439 habitantes (IBGE, 2010), sendo a 15ª maior capital de estado no Brasil.

4.3 AMOSTRA

Foram entrevistados 40 (n = 40) homens de orientação homossexual, e 40 sujeitos com orientação heterossexual pareados por idade, nível de escolaridade e classe social. Os sujeitos têm acima 50 anos de idade. Todas as entrevistas foram realizadas uma a uma pelo autor da pesquisa e os sujeitos foram recrutados por meio do critério de acessibilidade e voluntariado.

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pedido aos sujeitos entrevistados que indicassem outros sujeitos do seu meio sociocultural e também se compareceu em reuniões de grupos LGBTT, na busca ativa dos sujeitos.

Trata-se de um método não randômico, portanto os sujeitos de seleção foram indivíduos mais dispostos a participar da pesquisa.

O ponto de partida foi por meio do Grupo Matizes que é uma organização de sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja missão principal é a defesa dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Fundado em 18 de maio de 2002, no município de Teresina, indicaram 05 sujeitos iniciais. A partir deste ponto, demos inicio à utilização do sistema de bola de neve e por meio de contatos do próprio entrevistador.

O recrutamento do grupo dos homens idosos heterossexuais foi realizado após o grupo dos homens idosos homossexuais para que pudéssemos fazer o pareamento dos dados. As buscas desses sujeitos foram através de grupos de idosos.

4.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para levantamento dos dados foram aplicados 02 questionários: um questionário sócio econômico aplicado no início da entrevista com perguntas que abordavam tabagismo, etilismo, drogadição e sedentarismo construído pelo próprio autor. Em seguida, foi aplicado o WHOQOL bref para investigação da qualidade de vida nos 02 grupos.

O questionário sócio econômico foi aplicado no início da entrevista e perguntou também sobre tabagismo, etilismo, drogadição e sedentarismo. Em seguida, foi aplicado o WHOQOL bref para investigação da qualidade de vida para os dois grupos.

A investigação sobre qualidade de vida foi através da aplicação do WHOQOL Abreviado. Trata-se de um instrumento derivado do WHOQOL 100, desenvolvido para pesquisas sobre qualidade geral de vida e saúde. Domínios e facetas do WHOQOL-bref.

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vida da OPAS/OMS/WAS (2000). Este permitiu que a característica do Instrumento original (WHOQOL-100) fosse preservada, assim cada faceta que compunha o WHOQOL-100 deveria ser representado por uma questão.

No nível psicométrico, foram selecionadas as questões que mais altamente se correlacionassem com o escore total do WHOQOL-100, calculado pela média de todas as facetas. Após o ajustamento desta etapa, os itens selecionados foram examinados por um painel de peritos para estabelecer se representavam conceitualmente cada domínio de onde as facetas provinham.

Dos 26 itens selecionados, seis foram substituídos por questões que definissem melhor a faceta correspondente, ou seja, a pergunta equivalente a cada domínio: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Três itens do domínio meio ambiente foram substituídos por estarem correlacionados com o domínio psicológico. Os outros três itens foram substituídos por explicarem melhor a faceta em questão. Para que o WHOQOL-bref adquirisse os domínios, realizou-se análise fatorial confirmatória, sendo composto pelos domínios: físico, psicológico, relações social e meio ambiente. Segundo Santos, França Júnior e Lopes (2007), para obter a validação deste instrumento, no Brasil, foi realizada a aplicação do teste de campo em uma amostra de pacientes de Porto Alegre-RS.

4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

4.5.1 Critérios de Inclusão

Foram entrevistados os sujeitos que se autodefiniram como homossexuais. Os sujeitos tinham idades acima de 50 anos.

4.5.2 Critérios de Exclusão

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4.6 COLETA DE DADOS

A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas, realizadas pelo pesquisador no horário e local combinado com o sujeito. O período para coleta dos dados compreendeu os meses de Dezembro de 2012 até Junho 2013.

4.7 ANÁLISES DOS DADOS

Mediante a conclusão da coleta dos dados, teve início o processamento dos dados coletados através da digitação e processamento no programa SPSS 21.0.

A análise estatística das variáveis categóricas foi através de descrição dos números absolutos (n°) e relativos (%) e para as variáveis quantitativas. A leitura ocorreu por meio da medida de posição (média) e de variabilidade (desvio padrão), teste de associação do ҳ² (Qui-quadrado) que verificou a associação das variáveis entre as categorias identificadas e o teste “t” para as amostras independentes verificou as diferenças das médias. Em ambos os testes, o nível de significância será de 5%.

4.8 ASPECTOS ÉTICOS

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS

A amostra do estudo foi composta por 80 indivíduos. Previamente, estabeleceu-se a divisão dos sujeitos em duas categorias: heterossexuais, para os que se auto-declararam homens e homossexuais, para os que afirmaram ser gays. Em busca do equilíbrio da amostra, intencionalmente optou-se pela prevalência de 40 (50%) pessoas de cada grupo.

1 - Resultados relativos ao questionário sócio econômico (APENDICE –

A)

Em relação à faixa etária, há uma prevalência significativa de pessoas com idade de 50 a 60 anos, sendo 58 (73,42%) do total. Dos demais, 17 (21,52%) possuem de 61 a 70 anos e apenas 4 (5,06%) têm 70 anos ou mais. Portanto, observa-se uma maior prevalência de idosos “mais jovens” ou com idade menos avançada na pesquisa.

Essa prevalência de idosos “mais jovens” talvez se explique pelo próprio critério de inclusão da amostra que é a auto-declaração sobre a opção sexual e também pelo ambiente onde se selecionou a amostra como reuniões de grupos gays. A questão da sexualidade tende a ter pouca significância, seja por aspectos físicos ou psicológicos, com o passar dos anos e a chegada da velhice avançada.

Apesar de autores como Santos (2006) defenderem que não é correto afirmar que os idosos percam a capacidade de amar ou de ter uma vida sexual, esse mesmo autor considera a influência da hereditariedade e das relações sociais e culturais na sexualidade dos idosos. Nesse contexto, a sociedade moderna ainda é envolta de preconceitos e restrições que fazem o idoso, principalmente, aqueles bem mais velhos negarem a sua sexualidade e mesmo a sua capacidade de envolvimento afetivo e emocional. Este pode ser um fator determinante para que uma grande maioria de idosos mais jovens prevaleça em um estudo sobre qualidade de vida de homossexuais.

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Considerando que a amostra contém 50% de heterossexuais e 50% de homossexuais, os dados obtidos em relação ao estado civil podem evidenciar que ser solteiro não significa necessariamente uma opção, mas um impedimento religioso e/ou legal. Pois, no Brasil, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é proibido pela Igreja a qual, segundo Alves (2006), promove a exclusão religiosa da homossexualidade.

Como afirmou Araújo (2013), a partir de 2011 o Supremo Tribunal Federal passou a autorizar a união estável entre pessoas do mesmo sexo e o art. 1.723 do Código Civil, que dispõe sobre a união estável deixou de se restringir à relação homem e mulher, possibilitando a formalização do casal homoafetivo. A conversão da união estável em casamento civil ou a habilitação direta só passou a ser autorizada com a Resolução n. 175 do STF de 14 de maio de 2013. Portanto, esses novos acontecimentos históricos poderão tornar o casamento uma opção para os homossexuais brasileiros, uma vez que o impedimento legal restringia o direito dessas pessoas e os obrigavam a permanecer solteiros.

Nesse sentido, tornou-se essencial o estudo detalhado do perfil da amostra de acordo com cada grupo em estudo para melhor detalhar os aspectos relacionados ao estado civil (ver Tabela 1).

Quanto à escolaridade, um pouco mais da metade dos participantes ou 42 (52%) possuem ensino médio incompleto ou completo e uma parcela significativa ou 25% concluíram algum curso superior. Portanto, observa-se um bom nível de escolaridade entre os participantes, principalmente, ao se considerar que o estudo envolve pessoas de 50 anos ou mais, as quais viveram uma época de dificuldade de acesso à escola muito maior do que na atualidade. O perfil da escolaridade evidenciou ainda que 11 (13,75%) possuem ensino fundamental incompleto e completo, apenas 6 (7,50%) deixaram de concluir um curso superior e somente 1 (1,25%) é analfabeto.

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Com o propósito de se obter os detalhes da amostragem por grupo, de modo a se estabelecer o Perfil dos idosos homossexuais e dos heterossexuais, realizou-se o detalhamento tomando por base a opção sexual dos envolvidos na pesquisa, como se demonstra na Tabela 1:

Tabela 1 - Características sociodemográficas na amostra de idosos homossexuais e heterossexuais por opção sexual, faixa etária, escolaridade, renda mensal no município de Teresina - PI – dez. 2012 – jun. 2013

Opção sexual Total

Heterossexuais Homossexuais Nº % % %

Faixa etária ... 50 a 60 anos 31 79,49 27 67,50 58 73,42

61 a 70 anos 6 15,38 11 27,50 17 21,52

70 e mais anos 2 5,13 2 5,00 4 5,06

Estado civil ... Solteiro 2 5,00 33 82,50 35 43,75

Casado 34 85,00 1 2,50 35 43,75

Viúvo 4 10,00 1 2,50 5 6,25

Divorciado - - 1 2,50 1 1,25

União Estável - - 3 7,50 3 3,75

Convivente - - 1 2,50 1 1,25

Escolaridade ... Ensino fundamental

incompleto/ completo 6 15,00 5 12,50 11 13,75

Ensino médio

incompleto/ completo 25 62,50 17 42,50 42 52,50 Superior incompleto 4 10,00 2 5,00 6 7,50 Superior completo 5 12,50 15 37,50 20 25,00

Analfabeto - - 1 2,50 1 1,25

Renda mensal ... Até R$ 678,00 1 2,50 7 17,50 8 10,00 R$ 678,01 a R$ 1.356,00 10 25,00 11 27,50 21 26,25 R$ 1.356,01 A R$

3.390,00 18 45,00 16 40,00 34 42,50 R$ 3.390,01 a 6.780,00 11 27,50 4 10,00 15 18,75

Mais de R$ 6.780,00 - - 2 5,00 2 2,50

Total

... 40 100,00 40 100,00 80 100,00

Fonte: Pesquisa Direta.

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homossexuais situam-se na referida faixa etária. Porém, na faixa etária de 61 a 70 anos há maior prevalência de homossexuais do que heterossexuais, sendo 11 (27,50%) e 6 (15,38%), respectivamente. Além disso, há o equilíbrio na faixa etária de 70 anos ou mais com 2 (5%) dos participantes de cada grupo.

Em relação à faixa etária, é preciso ressaltar o preconceito contra os idosos homossexuais por causa da idade e da negação da sua sexualidade, fatores ressaltados por Vieira e Medeiros (2012). Se ser homossexual no Brasil é uma opção difícil de se declarar, que exige muita coragem e certeza das suas convicções, ser homossexual e idoso tornou-se um tabu muito mais complexo, frente aos preconceitos que envolvem os organismos sociais.

Em relação ao Estado Civil, observou-se a grande prevalência de solteiros no grupo dos homossexuais 33 (82,50%) e a considerável ocorrência de pessoas casadas no grupo dos heterossexuais 34 (85%), assim como, maior número de viúvos nessa categoria com 10% do total de pessoas que se relacionam com o sexo oposto contra 1 (2,50%) de viúvos cuja opção sexual é a homossexualidade.

Esses dados confirmam as suspeitas evidenciadas na Tabela 1 em relação ao casamento com pessoas do mesmo sexo. Ser solteiros não é exatamente uma opção, mas um impedimento religioso e legal. Além disso, a própria Igreja católica mas também a evangélica e o Islamismo nega a homossexualidade e a sexualidade do idoso (ALVES, 2006; SANTOS, 2006), existem tabus e preconceitos históricos expostos por Trevisan (2011). Cabe ressaltar que o advento da AIDS evidenciado, entre outros autores, por Terto Júnior (2002), aumentou consideravelmente a resistência social contra a homossexualidade.

Assim, somente na década de 1980, é que ideias transformadoras baseadas em pensadores como Michael Foucault e a luta dos movimentos sociais iniciadas na década de 1970 destacados por Carrara e Simões (2007), conseguem obter avanços em relação ao rompimento de preconceitos e conquistas de direitos adquiridos pelos homossexuais. Todavia, no Brasil, as pessoas com opção sexual pela homossexualidade, especialmente o idoso, como enfatizou Silva (2007), ainda viveram à margem da sociedade por longos anos.

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Tabela 1  -  Características sociodemográficas na amostra de idosos homossexuais  e  heterossexuais  por  opção  sexual,  faixa  etária,  escolaridade,  renda  mensal no município de Teresina - PI  –  dez
Tabela  2  –   Resultados  do  número  de  idosos  tabagistas  por  opção  sexual,  faixa  etária, escolaridade e renda mensal no município de Teresina - PI  –  dez
Tabela 3   –   Resultados do número de idoso que ingerem bebida alcoólica por opção   sexual,  faixa  etária,  escolaridade  e  renda  mensal,  no  município  de  Teresina – PI – dez
Tabela 4  –   Resultados do número de idosos que relataram uso de drogas ilícitas por  opção sexual, faixa etária, escolaridade e renda mensal no município de  Teresina - PI  –  dez
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