• Nenhum resultado encontrado

GARANTIA MÚTUA EM PORTUGAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "GARANTIA MÚTUA EM PORTUGAL"

Copied!
74
0
0

Texto

(1)

GARANTIA MÚTUA EM PORTUGAL

Relatório Final

Julho de 2011

Estudo elaborado para a SPGM

pelo CEGEA da Universidade Católica Portuguesa

(2)
(3)

Garantia Mútua em Portugal

Relatório Final

Julho de 2011

(4)
(5)

Garantia Mútua em Portugal

i Índice

Autores ... iv

Disclaimer ... v

Sumário Executivo ... vii

Capítulo 1

A Garantia Mútua em Portugal ... 1

Estrutura actual do sistema português de Garantia Mútua ... 1

Evolução das garantias emitidas ... 3

Capítulo 2

Efeitos Microeconómicos da Garantia Mútua ... 13

Método e dados ... 13

Evolução das empresas que utilizaram a Garantia Mútua ... 15

Comparação com uma amostra de empresas semelhantes ... 22

Capítulo 3

Efeitos Macroeconómicos da Garantia Mútua ... 31

O método utilizado ... 31

Impacto no Valor Acrescentado Bruto ... 36

Impacto no Emprego ... 39

Capítulo 4

Conclusão ... 43

Capítulo 5

Anexos ... 45

Anexos ao Capítulo 1 ... 45

Anexos ao Capítulo 2 ... 48

Anexos ao Capítulo 3 ... 49

(6)

ii

Relatório Final

Ilustrações

Ilustração 1.1 - Estrutura do Sistema Português de Garantia Mútua ... 2

Ilustração 1.2 – Operações contratadas pelas empresas portuguesas de Garantia Mútua... 3

Ilustração 1.3 – Carteira de garantias e garantias concedidas na Europa em 2009 ... 4

Ilustração 1.4 – Montante de garantias por concelho: total acumulado no período 2003- 2010 ... 6

Ilustração 1.5 – Desvio entre o peso do concelho no montante de garantias concedidas entre 2003 e 2010 e o seu peso no número de empresas existente no país em 2007 ... 7

Ilustração 1.6 – Operações contratadas por Sociedade de Garantia Mútua ... 8

Ilustração 1.7 – Distribuição sectorial do montante garantido anualmente: 2003-2010 ... 9

Ilustração 1.8 – Distribuição do montante garantido por tipo de garantia (2003-2010) ... 10

Ilustração 1.9 – Taxa de incumprimento ... 10

Ilustração 2.1 - Evolução da dívida das empresas que recorreram à Garantia Mútua ... 16

Ilustração 2.2 - Evolução dos capitais próprios das empresas que recorreram à Garantia Mútua ... 16

Ilustração 2.3 - Evolução dos juros pagos pelas empresas que recorreram à Garantia Mútua ... 17

Ilustração 2.4 - Evolução da taxa de custo do endividamento bancário das empresas que recorreram à Garantia Mútua ... 18

Ilustração 2.5 - Evolução do activo e do imobilizado das empresas que recorreram à Garantia Mútua ... 19

Ilustração 2.6 - Evolução do investimento das empresas que recorreram à Garantia Mútua ... 19

Ilustração 2.7 - Evolução do volume de negócios das empresas que recorreram à Garantia Mútua ... 20

Ilustração 2.8 - Evolução dos resultados das empresas que recorreram à Garantia Mútua ... 21

Ilustração 2.9 - Evolução da rentabilidade do volume de negócios das empresas que recorreram à Garantia Mútua ... 21

Ilustração 2.10 - Evolução da diferença de endividamento entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes” ... 23

Ilustração 2.11 - Evolução da diferença de capital próprio entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes” ... 24

Ilustração 2.12 - Evolução da diferença no rácio dívida bancária / capital próprio entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes” ... 24

(7)

Garantia Mútua em Portugal

iii

Ilustração 2.13 - Evolução da diferença nos juros pagos entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes” ... 25 Ilustração 2.14 - Evolução da diferença na taxa de custo do endividamento bancário entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas

“semelhantes” ... 26 Ilustração 2.15 - Evolução da diferença no activo e imobilizado entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes” ... 27 Ilustração 2.16 - Evolução da diferença no investimento entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes” ... 28 Ilustração 2.17 - Evolução da diferença no volume de negócios entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes” ... 29 Ilustração 2.18 - Evolução da diferença nos resultados entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes” ... 29 Ilustração 2.19 - Evolução da diferença na rentabilidade do volume de negócios entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes” ... 30 Ilustração 3.1 – Peso do VAB induzido pela actividade das sociedades de Garantia Mútua no PIB ... 38 Ilustração 3.2 – As 10 divisões da CAE Rev. 2.1 com maior percentagem do VAB induzido ... 39 Ilustração 3.3 – Peso do emprego induzido pela actividade das sociedades de Garantia Mútua no emprego total ... 41 Ilustração 3.4 – As 10 subsecções da CAE Rev. 2.1 com maior percentagem do emprego induzido ... 42

Tabelas

Tabela 3-1 – Investimento imputável à actividade das sociedades de Garantia Mútua (euros) ... 36 Tabela 3-2 – VAB induzido pela actividade das sociedades de Garantia Mútua ... 37 Tabela 3-3 – Emprego induzido pela actividade das sociedades de Garantia Mútua ... 40

(8)

iv

Relatório Final

Autores

RODRIGUES, Vasco (coordenador)

Director Executivo do CEGEA e Professor Associado da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa.

ALVES, Paulo

Professor Auxiliar da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa, Investigador da Universidade de Lancaster e Revisor Oficial de Contas.

GUEDES DE OLIVEIRA, Francisca

Professora Auxiliar e Directora do Mestrado em Economia da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa.

(9)

Garantia Mútua em Portugal

v

Disclaimer

O relatório sobre a Garantia Mútua em Portugal foi preparado em resposta a uma solicitação da SPGM ao Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Universidade Católica Portuguesa. O seu conteúdo é confidencial: o acesso e a sua divulgação são da exclusiva responsabilidade da entidade promotora. As opiniões veiculadas neste documento só responsabilizam os autores e não vinculam a Universidade Católica Portuguesa nem a SPGM.

(10)
(11)

Garantia Mútua em Portugal

vii

Sumário Executivo

O presente relatório visa responder a uma solicitação da SPGM para que procedêssemos a uma avaliação do impacto económico da Garantia Mútua em Portugal. Nesse sentido, o relatório apresenta dois tipos de análise: no capítulo 2, uma avaliação do impacto da Garantia Mútua nas empresas que a ela recorreram; no capítulo 3, uma estimativa do impacto macroeconómico da Garantia Mútua na economia portuguesa.

A Garantia Mútua insere-se num conjunto de instrumentos financeiros vocacionados fundamentalmente para a facilitação do financiamento das PME. É um instrumento com grande tradição em muitos países da Europa continental e que foi introduzido em Portugal em 1994. As Sociedades de Garantia Mútua especializam-se na concessão de garantias, para vários fins, resultando o seu carácter mutualista do facto de apenas o fazerem em favor de empresas que se tornem suas accionistas. O sistema português de Garantia Mútua é constituído por três sociedades com âmbito de actividade geograficamente delimitado (Norgarante, Garval e Lisgarante), de uma Sociedade de Garantia Mútua sectorialmente especializada (Agrogarante), de um Fundo de Contragarantia que assegura o

“resseguro” parcial das responsabilidades daquelas entidades e por uma sociedade de investimento, a SPGM, que gere este Fundo e funciona como holding de facto do sistema, detendo participações significativas nas restantes instituições e assegurando-lhes um conjunto de serviços partilhados.

Nos últimos anos, o sistema português de Garantia Mútua registou um crescimento exponencial, associado nomeadamente ao relevo que este instrumento financeiro assumiu no contexto das linhas de financiamento PME Investe. Ao longo da última década, a Garantia Mútua alargou progressivamente o seu âmbito sectorial e geográfico de actuação, tendo chegado a todo o território nacional e à generalidade das actividades económicas. Este crescimento tornou o sistema português um dos mais relevantes a nível europeu.

A análise do impacto da Garantia Mútua nas empresas que a ela recorreram, apresentada no capítulo 2, envolveu dois passos:

primeiro, a análise da evolução de um painel de indicadores destas empresas, entre o período anterior e o período posterior ao recurso à garantia; depois, a comparação entre a evolução destas empresas e de um grupo de controlo que não utilizou este instrumento financeiro. Os resultados obtidos apontam para que o recurso à Garantia Mútua:

 Facilite o acesso a capitais alheios;

(12)

viii

Relatório Final

 Permita manter taxas de custo do financiamento comparativamente vantajosas;

 Leve ao reforço do activo e a uma evolução do investimento mais favorável do que nas empresas de controlo;

 Viabilize uma evolução do volume de negócios e dos resultados também mais favorável do que nas empresas de controlo.

A estimativa do impacto macroeconómico da Garantia Mútua que se apresenta no capítulo 3 baseia-se numa análise input-output. Partindo de cenários relativos ao montante de investimento efectuado pelas empresas apoiadas pela Garantia Mútua e das matrizes input-output portuguesas de 2005, estimou-se o impacto previsível no PIB e no emprego, no período 1995-2010. As estimativas apresentadas indicam que, no ano em que o seu nível de actividade foi máximo, 2009, o investimento daquelas empresas suportou 2,5% a 4,5% do PIB português. Nesse ano, o emprego induzido pela Garantia Mútua terá rondado, segundo os cenários considerados, 1,5% a 3% do emprego total.

(13)

Garantia Mútua em Portugal

1

1

A Garantia Mútua em Portugal

A Garantia Mútua é um instrumento financeiro relativamente recente em Portugal, tendo surgido em meados da década de 90. Nos últimos três anos, o sistema português de Garantia Mútua teve um crescimento muito rápido, associado às linhas de crédito PME Investe, o que o tornou um dos mais relevantes a nível europeu. O sistema português de Garantia Mútua abrange actualmente a generalidade das actividades económicas e a sua actuação faz-se sentir em todo o território nacional.

Estrutura actual do sistema português de Garantia Mútua

A Garantia Mútua surge, em Portugal, em 1994, com a constituição da SPGM – Sociedade de Investimento, S.A. Tratava-se, então, de uma experiência piloto, promovida pelo IAPMEI, destinada a testar a viabilidade deste instrumento financeiro no mercado nacional. Inspirada em experiências de outros países, a SPGM propunha-se contribuir para reduzir as dificuldades sentidas pelas PME no acesso ao crédito, garantindo parcialmente as operações de financiamento, para reduzir o perfil de risco com que o financiador era confrontado. O carácter mutualista do instrumento era assegurado pela obrigatoriedade de as empresas apoiadas tomarem participações no capital da sociedade de garantia.

A SPGM tinha sede e escritórios no Porto e iniciou a sua actividade no ano seguinte. Durante os seus primeiros anos de actividade, enquanto foi a única entidade dedicada à concessão de Garantia Mútua, centrou os seus esforços na divulgação deste novo produto financeiro, quer junto das empresas potenciais utilizadoras, quer das instituições bancárias, na preparação do futuro quadro jurídico de suporte ao desenvolvimento do sistema português de Garantia Mútua e na aprendizagem e definição de um conjunto de boas práticas que pudessem ser posteriormente replicadas pelas Sociedades de Garantia Mútua (SGM) a criar. A concessão de garantias foi ocorrendo a um ritmo lento, embora crescente, justificando, no final de 1997, a abertura da primeira delegação, em Lisboa.

Em 1998 surge o quadro jurídico específico da actividade de Garantia Mútua, entretanto alterado por várias vezes, que definia as SGM como sociedades financeiras que actuam em benefício das

(14)

2

Relatório Final

micro, pequenas e médias empresas, e é criado o Fundo de Contragarantia Mútuo (FCGM), cuja gestão fica a cargo da SPGM.

É em 2002-2003 que o sistema toma a sua estrutura actual. Em 2002, procede-se à cisão da SPGM, da qual se destacaram duas sociedades de Garantia Mútua (SGM), a Norgarante e a Lisgarante, com sede no Porto e Lisboa, respectivamente. Em simultâneo, constituiu-se uma terceira SGM, a Garval, com sede em Santarém, com a participação de entidades associativas de índole regional. A partir de 2003, a actividade operacional de prestação de garantias fica a cargo das três SGM, assumindo a SPGM o papel de holding de facto do sistema e responsável pela gestão do FCGM. Na primeira qualidade, cabe-lhe nomeadamente promover o produto financeiro e o surgimento de SGM, assegurando-lhes a prestação de um conjunto de serviços partilhados. Em 2006, dá-se um novo momento relevante no desenvolvimento do sistema português de Garantia Mútua, com a constituição da Agrogarante, uma SGM vocacionada para o apoio ao sector agro- florestal, com sede em Coimbra, cuja actividade operacional se iniciou em 2007.

Na sequência destes desenvolvimentos, o sistema português de Garantia Mútua é actualmente composto pelas seis entidades descritas na Ilustração 1.1.

Ilustração 1.1 - Estrutura do Sistema Português de Garantia Mútua

Fonte: Relatórios & Contas SPGM, Agrogarante, Norgarante, Garval e Lisgarante.

Ao nível operacional, existem, portanto, quatro Sociedades de Garantia Mútua: a Norgarante, a Garval, a Lisgarante e a Agrogarante. As três primeiras prestam garantias a empresas dos sectores industrial, energético, da construção, turismo, comércio, serviço e transportes. Como as suas designações sugerem, cada uma destas sociedades tem uma área geográfica de actuação preferencial, embora possam actuar fora dela, nomeadamente no quadro de operações sindicadas.

Na retaguarda das SGM, o Fundo de Contragarantia Mútuo (FCGM) é uma pessoa colectiva pública a quem compete “promover e realizar as acções necessárias para assegurar a

SPGM

(holding de facto)

AGROGARANTE NORGARANTE GARVAL LISGARANTE

FCGM

(contragarantia)

Agro-Florestal Indústria, Comércio

e Serviços

Sede: Porto Agência: Braga Agência: Aveiro

Sede: Santarém Agência: Leiria

Sede: Coimbra Sede: Lisboa

Agência: Faro Agência: Funchal ACTIVIDADE OPERACIONAL

Agência: Viseu

Agência: Coimbra

(15)

Garantia Mútua em Portugal

3

solvabilidade das sociedades de Garantia Mútua”. O FCGM contragarante as operações realizadas pelas SGM, dispondo, para o efeito, de diversas linhas de garantia, conhecidas como “gavetas”. A contragarantia reduz o risco em que efectivamente incorrem as SGM, permitindo-lhes diminuir as provisões a efectuar, tendo um efeito multiplicador sobre a sua capacidade de conceder garantias sem pôr em causa o seu rácio de solvabilidade.

A SPGM funciona como um centro de serviços partilhados, a que recorrem as quatro SGM, em domínios como a tesouraria, pagamentos, recebimentos, recursos humanos, contabilidade, fiscalidade, contratação, contencioso, bem como sistemas de informação e informática. Faz igualmente o marketing estratégico e institucional da Garantia Mútua e assegura a representação institucional e externa do sistema.

Evolução das garantias emitidas

Dado a relevância das transformações sofridas pelo sistema português de Garantia Mútua em 2002-2003, neste capítulo, tomámos este último ano como o ponto de partida da análise efectuada. Desde aquela altura, a Garantia Mútua em Portugal cresceu exponencialmente, Naquele ano, foram celebradas 336 operações, num montante aproximado de 56 milhões de euros. Até 2007, estes valores multiplicaram-se por mais de quatro vezes, passando para 1.356 operações e 246 milhões de euros.

Ilustração 1.2 – Operações contratadas pelas empresas portuguesas de Garantia Mútua

Fonte: SPGM.

Mas, como se pode observar na Ilustração 1.2, é nos dois anos seguintes que se dá uma alteração radical na escala de operação das empresas de Garantia Mútua. Procurando reduzir o risco de que a crise financeira internacional, com as suas ramificações internas, levasse a uma acentuada contracção do crédito ao sector empresarial, em especial às pequenas e médias empresas, o Ministério da Economia e Inovação promoveu a criação das linhas de crédito PME Investe,

0 10 20 30 40 50

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000

03 04 05 06 07 08 09 10

Milhares Millhões €

Número Montante

(16)

4

Relatório Final

enquadradas no QREN. Logo em 2008, foram lançadas as três primeiras linhas, que previam que as SGM garantissem em 50% os créditos concedidos ao seu abrigo. Com a entrada em vigor destas linhas de crédito, o número de operações contratadas pelas SGM cresceu para cerca de 5.000, com um montante associado de 890 milhões de euros. O crescimento acelerou no ano seguinte, em que, para além de novas linhas PME Investe, surgiram também linhas de garantias destinadas a reduzir o risco na concessão de seguros de crédito e a actuar nas regiões dos Açores e Madeira, com o número de operações a passar para mais de 47 mil, no montante de 2.274 milhões de euros. Em 2010, em contrapartida, houve um abrandamento de cerca de 30%

na actividade. Ainda assim, o montante das garantias concedidas no último ano excedeu em 1.477 milhões de euros o valor homólogo de 2003, correspondendo a um aumento de mais de 5.500%, ao longo do período em análise.

O forte crescimento verificado nos últimos anos, implicou transformações significativas na actividade das SGM. Desde logo, houve uma alteração significativa na escala das operações.

Como é patente na Ilustração 1.2, o excepcional crescimento no nível de actividade registado a partir de 2008 foi mais acentuado em termos de número de operações do que do seu montante:

de facto, o montante médio da operação reduziu-se drasticamente, passando da ordem dos 175 mil para apenas 48 mil euros. As SGM passaram, portanto, a fazer muito mais operações mas de dimensão individual substancialmente menor. Simultaneamente, aprofundou-se uma tendência de alteração nos canais de distribuição que já vinha de anos anteriores: o sistema bancário tornou-se a porta de entrada quase exclusiva no sistema de Garantia Mútua, ao contrário do que aconteceu nos seus primórdios, quando os esforços de marketing directo da SPGM eram responsáveis por muitas das operações angariadas. A conjugação destes factores veio alterar a “economia” das operações, não permitindo o mesmo grau de personalização no relacionamento com as empresas apoiadas que existia anteriormente.

Ilustração 1.3 – Carteira de garantias e garantias concedidas na Europa em 2009

Fonte: AECM – European Association of Mutual Guarantee Societies, Statistics 2009.

A expansão que registou desde 2008 tornou o sistema português de Garantia Mútua um dos mais relevantes a nível europeu. Como se verifica na Ilustração 1.3, em 2009, último ano para o

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 LetóniaEstónia

EslovéniaLituâniaPolóniaÁustriaBélgica Rep. ChecaAlemanhaRoméniaPortugalEspanhaHungriaTurquiaFrançaGréciaItália

Milhões €

Carteira No ano

(17)

Garantia Mútua em Portugal

5

qual há estatísticas disponíveis, o montante de garantias concedido em Portugal foi o quinto a nível europeu, apenas atrás de economias de muito maior dimensão, como a Itália, França e Espanha, e da Grécia. E, apesar da juventude da Garantia Mútua em Portugal, se se utilizar como critério a carteira de garantias, e não as garantias concedidas no ano, apenas a Alemanha se junta àqueles quatro países entre os que se situam à frente de Portugal.

A Ilustração 1.4 mostra como, no período 2003-2010, a actividade das sociedades de Garantia Mútua se estendeu a todo o território nacional.

No primeiro daqueles anos, 2003, foram concedidas garantias a empresas sediadas em 91 concelhos, predominantemente da faixa litoral. Em contrapartida, no ano mais recente, 2010, as garantias concedidas abrangeram empresas de 305 dos 308 concelhos do país. Embora não incluídas nos mapas apresentados, as regiões autónomas dos Açores e da Madeira foram também abrangidas por esta actividade, correspondendo a 3,1% das garantias concedidas em 2010. Aliás, entre 2003 e 2010, em todos os concelhos do país houve, pelo menos, uma empresa a aceder à Garantia Mútua.

Os mapas da Ilustração 1.4 mostram, no entanto, que os concelhos a cujas empresas foram concedidas garantias mais vultuosas se situam no litoral do país, particularmente na faixa de Setúbal para norte e no litoral algarvio, ou em alguns núcleos interiores, nomeadamente nas zonas de Évora, Viseu, Guarda, Covilhã e Vila Real. Individualmente, Lisboa é o concelho a que foi concedido um maior montante de garantias, 7% do total. Seguem-se-lhe o Porto, com 3,8%, e Leiria com 3,6%. Com mais de 2% do montante total, encontram-se ainda Vila Nova de Gaia (2,7%), Santa Maria da Feira (2,6%), Braga (2,5%), Sintra (2,5%), Guimarães (2,4%) e Vila Nova de Famalicão (2,1%).

Conjuntamente, os dez concelhos mais representativos, que incluem ainda a Maia (1,9%), correspondem a 31% do montante de garantias concedidas. Para efeitos de comparação, os mesmos dez concelhos correspondem a cerca de 21% da população portuguesa e a 27% das empresas existentes no país1. Estes dados sugerem, portanto, que a actividade das sociedades de Garantia Mútua permanece algo mais concentrada geograficamente do que a actividade económica nacional.

A Ilustração 1.5 fornece informação adicional sobre este tema. Aí se verifica que a proporção do montante total de garantias recebido pelas empresas de grande parte dos concelhos do interior e sul do país (concelhos assinalados a rosa) é significativamente inferior ao peso desses concelhos no tecido empresarial português. Ou seja, estes concelhos aparentam estar sub-representados entre as empresas que obtiveram garantias mútuas.2

1 Dados do INE para, respectivamente, 2009 e 2007.

2 Obviamente, as empresas não têm todas a mesma importância na economia nacional. Seria mais relevante comparar o montante de garantias recebido com o peso do concelho no PIB que, seguramente, transmitiria uma noção de menor

“enviesamento” geográfico da actividade. Não existindo dados de PIB a nível concelhio, entendemos que era útil fazer esta comparação com o número de empresas localizadas no concelho. Os resultados apresentados devem, no entanto, ser lidos com alguma cautela.

(18)

6

Relatório Final

Ilustração 1.4 – Montante de garantias por concelho: total acumulado no período 2003-2010

Fonte: SPGM.

Nota: Estes mapas representam o montante acumulado das garantias concedidas a partir de 2003.

2003 2004 2005

2006 2007 2008

2009 2010

Montante Garantido Zero

Até 1 milhão 1 a 9 milhões 10 a 99 milhões 100 a 200 milhões 200 milhões ou mais

(19)

Garantia Mútua em Portugal

7

Ilustração 1.5 – Desvio entre o peso do concelho no montante de garantias concedidas entre 2003 e 2010 e o seu peso no número de empresas existente no país em 2007

+200% ou mais

+100% a +199%

+25% a +99%

-25% a +24%

-26% ou menos

Fonte: SPGM.

Nota: Este mapa não tem em conta as garantias concedidas antes de 2003.

Em contrapartida, há quatro núcleos geográficos (a verde, no mapa) onde se passa o inverso:

 No litoral centro do país, um grupo de concelhos que inclui Leiria e Santarém e se estende desde Pombal, a norte, até Benavente, a sul, e desde Alcobaça, a oeste, até à Chamusca, a este; neste núcleo, a Batalha é o concelho mais sobre-representado, com um peso nas garantias obtidas que é mais do dobro do peso das empresas concelhias nas empresas nacionais;

 Também na zona centro do país mas mais para o interior, um segundo grupo vai de Vila Nova de Poiares a Mação, de norte para sul, e de Ferreira do Zêzere a Proença-a-Nova, de oeste para leste; neste núcleo, Oleiros é o concelho mais sobre-representado;

 Mais para norte, um terceiro núcleo coincide, em grande parte, com o distrito de Aveiro; nesta zona, é Águeda o concelho com maior sobre-representação;

 Finalmente, no distrito de Braga e norte do distrito do Porto encontra-se um quarto núcleo de concelhos cujas empresas obtiveram montantes de garantia que excedem o peso que têm no tecido empresarial nacional, embora não de forma tão acentuada como nos casos anteriores.

Poder-se-ia ainda falar de um quinto núcleo, de menor extensão geográfica, centrado em Vila Real e estendendo-se desde Alijó a Moimenta da Beira. Para além destes, há, dispersos pelo interior norte e centro, diversos outros concelhos cujas empresas obtiveram montantes de garantias acima do que corresponderia ao seu peso no tecido empresarial nacional, destacando- se Freixo de Espada à Cinta.

A Ilustração 1.6 mostra que todas as quatro sociedades de Garantia Mútua – Norgarante, Lisgarante, Garval e Agrogarante – registaram nos últimos anos um crescimento significativo da actividade. Nas três primeiras, o perfil desse crescimento é muito semelhante, processando-se a ritmo moderado até 2007, com uma forte aceleração em 2008 e, sobretudo, 2009, e depois um abrandamento em 2010. A Norgarante tem, no entanto, um nível absoluto de actividade mais elevado do que as suas congéneres, representando, nos últimos anos, cerca de 45% da actividade global do sistema. Até 2007, a Lisgarante e a Garval apresentaram níveis de actividade

(20)

8

Relatório Final

semelhantes entre si. No entanto, a partir de 2008, a Lisgarante tem crescido de forma mais acentuada, reforçando o seu peso na actividade global. A Agrogarante distingue-se das outras sociedades de Garantia Mútua por ter registado um crescimento muito acentuado em 2010, ano em que, pela primeira vez, passou a actuar no contexto das linhas PME Investe, enquanto as suas congéneres já o faziam desde 2008. O seu nível absoluto de actividade é, no entanto, muito inferior ao das restantes SGM.

Ilustração 1.6 – Operações contratadas por Sociedade de Garantia Mútua

Fonte: SPGM.

A Garantia Mútua surgiu, em Portugal, muito ligada ao apoio às actividades industriais, em função do âmbito de actuação que então tinha o seu promotor, o IAPMEI, e das suas fontes de financiamento iniciais, nomeadamente o PEDIP II. No entanto, ao longo dos anos, foi alargando progressivamente o seu âmbito sectorial de actividade, cobrindo hoje a generalidade dos sectores de actividade.

Como se verifica na Ilustração 1.7, o peso da indústria e energia no montante de garantias emitidas anualmente tem vindo a diminuir, tendo passado de 42%, em 2003, para apenas 30%, no último ano. A um maior nível de detalhe, as indústrias alimentares e das bebidas (4,9%) e dos produtos metálicos (4%), foram as actividades industriais que obtiveram um maior montante de garantias em 2010.

Por contrapartida da diminuição do peso das actividades industriais, tem-se assistido a um crescimento da representatividade do alojamento e restauração e das outras actividades de serviços que, em conjunto com o comércio, representam já mais de metade do montante garantido anualmente. Embora com uma quebra significativa em 2009, o sector da construção tem mantido um peso relativamente estável, próximo dos 12%. As actividades primárias são as que menor peso têm no conjunto, apenas por uma vez tendo ultrapassado 1% das garantias concedidas.

NORGARANTE LISGARANTE GARVAL AGROGARANTE

0 5 10 15 20 25

0 500 1000 1500 2000 2500

03 05 07 09 03 05 07 09 03 05 07 09 03 05 07 09

Milhares

Milhões €

Número Montante

(21)

Garantia Mútua em Portugal

9

Ilustração 1.7 – Distribuição sectorial do montante garantido anualmente: 2003-2010

Fonte: SPGM.

Comparando as três sociedades de Garantia Mútua “generalistas”, uma vez que a Agrogarante tem um âmbito de actividade mais restrito, constata-se que o perfil sectorial de investimento da Lisgarante apresenta diferenças relevantes face à Norgarante e Garval, com uma menor presença nos sectores da indústria e energia, por contrapartida de uma maior exposição às actividades de serviços.

Numa análise por tipo de operação, verifica-se que o crescimento exponencial que a Garantia Mútua registou entre 2003 e 2009 se deu quase exclusivamente nas garantias de médio e longo prazo: estas correspondem a 99,6% do aumento registado no montante garantido anualmente.

Consequentemente, embora o montante concedido de outros tipos de garantias não tenha diminuído, as garantias de médio e longo prazo viram o seu peso no total aumentar de 53%, em 2003, para 98%, em 2010, como se pode observar na Ilustração 1.8. Dentro das garantias de médio e longo prazo, são as garantias a operações de financiamento destinadas a reforçar o fundo de maneio que mais têm crescido: o seu peso no montante total garantido passou de 10% em 2003 para 68% em 2010.

Agricultura, silivicultura e

pescas

Indústria e

energia Construção Comércio

Alojamento e restauração

Outros serviços

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

(22)

10

Relatório Final

Ilustração 1.8 – Distribuição do montante garantido por tipo de garantia (2003-2010)

Fonte: SPGM.

A terminar esta síntese da evolução recente da actividade de Garantia Mútua em Portugal, a Ilustração 1.9 mostra que estas operações envolvem, como aliás se poderia esperar, um elevado risco.

Ilustração 1.9 – Taxa de incumprimento

Fonte: SPGM.

Nota: as taxas apresentadas correspondem ao peso do montante das operações executadas ou extintas com incumprimento, respectivamente, no total das operações executadas ou extintas e no total de todas as operações; para comparação, indica-se também a percentagem das operações iniciadas em cada ano que permanecem vivas.

Para cada ano de concessão, o gráfico apresenta dois indicadores: o rácio entre o montante das operações executadas ou extintas por incumprimento e o montante do total das operações

Fundo de maneio Financiamento

MLP

Financiamento CP

Incentivos

Públicos Fornecedores Outras Garantias

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

% vivas

0%

20%

40%

60%

80%

100%

03 04 05 06 07 08 09 10

Ano da operação

% op. executadas ou extintas % todas operações

(23)

Garantia Mútua em Portugal

11

executadas e extintas (com ou sem incumprimento) e, em segundo lugar, o rácio entre o montante das operações executadas ou extintas por incumprimento e o total das operações concedidas no mesmo ano. Ou seja, o primeiro indicador corresponde à taxa de incumprimento entre as operações já encerradas e o segundo à taxa de incumprimento na totalidade das operações. Para contextualizar este último indicador, o gráfico mostra ainda a percentagem de operação que permanecem vivas.

É possível verificar que cerca de 30% do montante de garantias concedidas em 2004 e 2005 resultou em incumprimento. Este rácio reduz-se progressivamente para as operações iniciadas mais recentemente, sendo quase nulo para as que se iniciaram em 2009 e 2010. Na leitura destes valores há que ter em conta, no entanto, que, sendo as garantias concedidas pelas SGM nos últimos anos quase exclusivamente de médio e longo prazo, é ainda demasiado cedo para concluir sobre o sucesso das operações mais recentes. Quando se atende apenas às operações já

“encerradas”, a perspectiva é diferente: como se verifica na Ilustração 1.9, a percentagem das que terminaram em execução ou incumprimento é elevada e crescente, ultrapassando os 50% para as que se iniciaram a partir de 2006. Evidentemente, o facto de a maioria das operações aprovadas desde então estarem ainda “vivas” recomenda que não se tirem conclusões precipitadas com base nestas taxas.

(24)
(25)

Garantia Mútua em Portugal

13

2

Efeitos Microeconómicos da Garantia Mútua

O presente capítulo procura determinar o impacto do acesso à Garantia Mútua nas empresas utilizadoras deste instrumento financeiro. Para isso, começa-se por analisar a evolução de diversos indicadores económico-financeiros das empresas mutualistas, entre o ano anterior à obtenção da garantia e o ano que se lhe segue. Depois, compara-se a evolução registada naquelas empresas com a que demonstraram empresas semelhantes mas que não recorreram a este instrumento financeiro. Os resultados obtidos apontam para que o acesso à Garantia Mútua facilite o acesso ao crédito, viabilizando o crescimento do activo e uma evolução do investimento, do volume de negócios e da rentabilidade mais favorável do que nas empresas de controlo.

Método e dados

Neste segundo capítulo, procede-se a uma primeira tentativa de estimação do impacto económico da Garantia Mútua. A perspectiva aqui adoptada é microeconómica: o que se procura é determinar o impacto deste produto financeiro nas empresas que a ele recorreram. No capítulo seguinte, passa-se a uma perspectiva macroeconómica, procurando estimar o impacto do sistema português de Garantia Mútua na economia nacional.

Este capítulo apresenta duas perspectivas do impacto da Garantia Mútua nas empresas que a ela recorreram. Em primeiro lugar, olhamos para indicadores contabilísticos da performance dessas empresas, em domínios como o financiamento da actividade, o investimento, o volume de negócios e a rentabilidade, e analisamos a sua evolução entre o ano anterior ao recurso à Garantia Mútua e o ano posterior. Esta primeira análise visa determinar se o recurso à Garantia Mútua foi, ou não, acompanhado de uma melhoria da performance das empresas apoiadas. Num segundo passo da análise, comparamos essa evolução com a de empresas semelhantes que não recorreram a este instrumento financeiro. Pretendemos, desta forma, perceber se a evolução verificada nas empresas que recorreram à Garantia Mútua se deve à utilização desse instrumento financeiro ou resulta de tendências comuns à generalidade das empresas.

(26)

14

Relatório Final

Para a realização deste trabalho, a SPGM forneceu-nos uma listagem exaustiva das operações efectuadas pelas SGM, com indicação da data da sua celebração e das empresas envolvidas.

Complementámos esta informação com dados contabilísticos destas empresas, recolhidos junto de uma base de dados comercial (base de dados SABI, da Bureau Van Dijk), em domínios como financiamento da actividade, investimento, volume de negócios e rentabilidade, para o ano da operação, o ano anterior e o ano posterior. Estes dados foram objecto de um conjunto de procedimentos de estatística descritiva, para caracterizar a sua evolução, e sujeitos a diversos testes de significância estatística das tendências detectadas.

Para cada empresa constante da base de dados de empresas apoiadas, recolhemos também, junto da mesma fonte, dados contabilísticos análogos para até cinco empresas “semelhantes”. Para este efeito, a “semelhança” foi definida por combinação de um conjunto de critérios:

 mesmo sector de actividade;

 mesmo escalão de idade; considerámos três escalões: até 5 anos, 5 a 10 anos e mais de 10 anos;

 volume de negócios semelhante (diferença inferior a 40 pontos percentuais);

 endividamento semelhante (diferença inferior a 40 pontos percentuais).

Nos casos em que o número de empresas que cumpriam estas condições era inferior a cinco, trabalhámos com aquelas que o fizessem. Para cada uma das empresas apoiadas pelas SGM, determinámos os valores médios das variáveis contabilísticas relevantes entre as empresas semelhantes, criando assim uma “pseudo-empresa” de controlo. Seguidamente, determinámos os desvios entre os valores dessas variáveis nas empresas apoiadas pelas SGM e na sua pseudo- empresa de controlo, para o ano do recurso à Garantia Mútua, ano anterior e ano posterior.

Estes desvios foram igualmente submetidos a procedimentos de estatística descritiva e a testes de significância, para verificar se as empresas que recorreram à Garantia Mútua tiveram, ou não, uma performance diferente das empresas semelhantes que não o fizeram.

Convém salientar duas limitações da análise efectuada neste capítulo. Em primeiro lugar, na base de dados SABI, só estão actualmente disponíveis contas das empresas até 2009. Uma vez que o método utilizado exige o acesso a informação do ano posterior à operação, isto implicou que só pudéssemos analisar as operações celebradas pelas SGM até 2008. A análise efectuada neste capítulo não inclui, portanto, a grande vaga de operações de Garantia Mútua realizadas em 2009 e 2010.

Em segundo lugar, porque o procedimento utilizado na construção da amostra toma por unidade de observação a garantia emitida, as amostras em relação às quais apresentamos resultados podem incluir várias vezes a mesma empresa, quando esta obteve várias garantias. Para verificar se este fenómeno não distorce os resultados obtidos, repetimos todas as análises para amostras constituídas exclusivamente pelas empresas que utilizaram uma única vez a Garantia Mútua. Em geral, daí não resultam alterações qualitativas importantes aos resultados.

Para a maioria das variáveis que analisámos, as nossas amostras contêm cerca de 1.600 a 1.700 observações. No que respeita aos empréstimos bancários e ao custo do financiamento bancário, no entanto, este valor cai para, respectivamente, cerca de 770 e 550 observações.

Para maximizar a dimensão das amostras, repetimos todos os procedimentos limitando a análise ao ano anterior e ao ano da obtenção da garantia: ao dispensar a necessidade de contas do ano

(27)

Garantia Mútua em Portugal

15

posterior, isto permite-nos acrescentar um ano de observações. Neste caso, a dimensão da amostra para a maioria das variáveis passa a ser da ordem das 12.000 a 13.000 observações, descendo para cerca de metade nos casos referidos no parágrafo anterior. Os resultados obtidos com estas amostras alargadas não se revelaram, no entanto, significativamente diferentes.

Assinalamos, no texto e nos gráficos apresentados, os casos em que as duas amostras levam a resultados qualitativamente diferentes.

Neste capítulo, na descrição das variáveis consideradas, como indicador de tendência central, utilizámos preferencialmente a mediana e não a média. A mediana é, como se sabe, o valor da variável que divide a amostra em duas partes iguais. Para a maioria das variáveis, as amostras que analisámos apresentam um forte enviesamento, sendo a média muito superior à mediana, o que nos levou a fazer esta opção.

Evolução das empresas que utilizaram a Garantia Mútua

O primeiro passo da análise efectuada consistiu então em caracterizar os valores de diversos indicadores da performance das empresas que recorreram à Garantia Mútua, entre o ano anterior e o ano posterior a terem-no feito, e no teste da significância estatística da variação ocorrida.

Estrutura de capitais

O recurso à Garantia Mútua está, na larga maioria dos casos, relacionado com operações de financiamento. Por este motivo, começámos por analisar como evoluiu a estrutura de capitais das empresas apoiadas, no período que rodeou a operação.

A informação disponível aponta para que o recurso à Garantia Mútua seja acompanhado por um reforço do endividamento bancário, como se observa na Ilustração 2.1. O montante absoluto deste reforço não é muito expressivo: a sua mediana aumenta 9 mil euros no ano do recurso à garantia e 10 mil euros no ano seguinte. Embora o valor absoluto seja limitado, trata-se, contudo, de um aumento de 26% face ao que se registava no ano anterior ao recurso à garantia. Nestes dois anos em torno da obtenção da garantia, cerca de 55% das empresas apoiadas registaram um aumento do endividamento bancário, o que, dada a dimensão da amostra, permite concluir que existe um impacto positivo estatisticamente significativo.

A dívida total das empresas apoiadas é, naturalmente, mais elevada do que o seu endividamento bancário, com uma mediana da ordem dos 163 mil euros, no ano anterior ao recurso à garantia, mas a sua evolução nos dois anos seguintes é de ordem de grandeza muito semelhante à ocorrida com os empréstimos bancários. Parece, portanto, que o crescimento da dívida destas empresas se explica essencialmente pelo reforço do seu endividamento bancário.

Apesar do aumento da dívida, o recurso à Garantia Mútua é também acompanhado de um aumento dos capitais próprios das empresas apoiadas: a mediana desta variável passa de 73 mil euros, no ano anterior à obtenção da garantia, para 79 mil no ano da garantia e 84 mil no ano seguinte. Embora o aumento seja de apenas 11 mil euros, estatisticamente este é um dos resultados mais robustos que encontrámos: cerca de três quartos das empresas que recorreram à Garantia Mútua registaram um aumento dos seus capitais próprios. Além disso, em termos

(28)

16

Relatório Final

relativos, o crescimento dos capitais próprios não é despiciendo, correspondendo a um aumento de 15% face ao valor mediano do ano anterior à obtenção da garantia.

Ilustração 2.1 - Evolução da dívida das empresas que recorreram à Garantia Mútua

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da variável.

Ilustração 2.2 - Evolução dos capitais próprios das empresas que recorreram à Garantia Mútua

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da variável.

Este reforço dos capitais próprios eleva ligeiramente a autonomia financeira mediana, de 30%

para 31%, entre os anos n-1 e n+1. No entanto, também o peso da dívida bancária no capital dívida total

empréstimos bancários

60 80 100 120 140 160 180 200

n-1 n n+1

60 65 70 75 80 85 90 95 100

n-1 n n+1

(29)

Garantia Mútua em Portugal

17

próprio aumenta, passando de 18,6% para 20,9%. Ambas as variações são estatisticamente diferentes de zero, a 1% de significância.

A evidência disponível sugere, portanto, de forma estatisticamente significativa, que o recurso à Garantia Mútua tem sido acompanhado por um reforço dos capitais, próprios e alheios, ao dispor das empresas apoiadas.

Custos de financiamento

Sendo certo que a Garantia Mútua anda associada a um reforço do endividamento, importa também analisar o respectivo custo. Entre as empresas estudadas, os juros pagos aumentaram no ano de recurso à garantia mas, apesar do aumento do endividamento bancário reportado no ponto anterior, diminuíram no ano seguinte, como se verifica na Ilustração 2.3. Esta diminuição sugere uma redução na taxa de custo do financiamento.

Ilustração 2.3 - Evolução dos juros pagos pelas empresas que recorreram à Garantia Mútua

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da variável.

Para a amostra de empresas para que temos informação suficiente para determinar a taxa de custo do endividamento bancário (549 empresas), é possível constatar que, de facto, assim acontece: esta taxa passa de 10,5% para 11% no ano de obtenção da garantia mas cai para 9,3%

no ano seguinte, sendo esta queda estatisticamente significativa. De salientar que este é um dos poucos casos em que a consideração da amostra, de dimensão muito mais alargada, que compreende apenas o ano da garantia e o ano anterior apresenta alguma diferença face aos resultados na amostra mais restrita que temos estado a descrever: na amostra de maior dimensão, há uma queda substancial do custo do endividamento bancário, de 11,3% para 9,3%, logo no ano da obtenção da garantia.

2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

n-1 n n+1

(30)

18

Relatório Final

Ilustração 2.4 - Evolução da taxa de custo do endividamento bancário das empresas que recorreram à Garantia Mútua

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da variável.

Investimento, imobilizado e activo

Sendo o recurso à Garantia Mútua acompanhado pelo aumento tanto dos capitais alheios como dos capitais próprios ao dispor da empresa, a preservação das identidades básicas da contabilidade implica que também o valor do seu activo deva ter crescido. Os dados disponíveis assim o confirmam.

Como se pode ver na Ilustração 2.5, a mediana do activo das empresas apoiadas cresce de 251 para 266 mil euros no ano da obtenção da garantia e para 284 mil no ano seguinte, um aumento total de 13% face ao seu valor inicial. Cerca de 57% das empresas apoiadas vêem o seu activo crescer, o que permite concluir pela existência de um crescimento estatisticamente significativo.

Como eventualmente já se poderia esperar, atendendo ao grande peso que o financiamento ao fundo de maneio tem vindo a tomar nas operações apoiadas pelas SGM, o crescimento do activo não incide prioritariamente no imobilizado. A mesma ilustração mostra que o valor mediano do imobilizado das empresas apoiadas permanece sensivelmente estável, entre o ano anterior e o ano posterior à obtenção da garantia, apresentando até um ligeiro decréscimo que, apesar de ser de muito pequeno montante, é estatisticamente significativo: naquele período, quase dois terços das empresas vêem o seu imobilizado diminuir.

amostra 3 anos amostra 2 anos

6%

7%

8%

9%

10%

11%

12%

n-1 n n+1

(31)

Garantia Mútua em Portugal

19

Ilustração 2.5 - Evolução do activo e do imobilizado das empresas que recorreram à Garantia Mútua

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da variável.

Ilustração 2.6 - Evolução do investimento das empresas que recorreram à Garantia Mútua

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da variável.

A mesma conclusão é suscitada por uma análise ao investimento destas empresas. Embora os elementos contabilísticos disponíveis não o permitam determinar com rigor, por ausência de informação sobre alienações de imobilizado, calculámos uma aproximação ao valor do investimento com base nas variações do imobilizado e nas amortizações. Como se pode ver na

activo

imobilizado 0

50 100 150 200 250 300

n-1 n n+1

0 2 4 6 8 10 12

n-1 n n+1

(32)

20

Relatório Final

Ilustração 2.6, esta medida aproximada do investimento cai de 10 mil euros, no ano anterior à obtenção da garantia, para 8 mil no ano da garantia e 6 mil no seguinte.

Portanto, a informação disponível sugere que, em geral, o reforço de meios financeiros obtido aquando do recurso à Garantia Mútua foi canalizado primordialmente para activos circulantes.

Volume de negócios e rentabilidade

O recurso à Garantia Mútua não parece ter uma relação linear com o volume de negócios das empresas apoiadas. Os elementos disponíveis mostram um crescimento estatisticamente significativo no ano do recurso à garantia, de 214 para 230 mil euros, seguido de uma queda, também estatisticamente significativa, no ano seguinte, para 224 mil euros. No ano da obtenção da garantia, 57% das empresas registam um aumento do volume de negócios mas 56% registam uma queda no ano seguinte. No conjunto do período, do ano anterior até ao ano seguinte à obtenção da garantia, há um ligeiro aumento que, no entanto, não é estatisticamente significativo.

Quando consideramos, alternativamente, a amostra alargada de apenas dois anos, os resultados apontam para uma pequena quebra do volume de negócios logo no ano de obtenção da garantia.

Ilustração 2.7 - Evolução do volume de negócios das empresas que recorreram à Garantia Mútua

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da variável.

Também a evolução da rentabilidade não parece apresentar nenhuma relação estreita com o recurso à Garantia Mútua. Como se verifica na Ilustração 2.8 as medianas do resultado operacional e do resultado líquido apresentam uma ligeira tendência decrescente em torno do período de obtenção da garantia. Estas variações não são, no entanto, estatisticamente significativas. Nalguns casos, a mediana apresenta até esta tendência decrescente apesar de uma maioria das empresas registar um aumento na rentabilidade.

amostra 3 anos amostra 2 anos

150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250

n-1 n n+1

(33)

Garantia Mútua em Portugal

21

Ilustração 2.8 - Evolução dos resultados das empresas que recorreram à Garantia Mútua

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da variável.

No entanto, quando se conjugam as variações no resultado líquido e no volume de negócios, a taxa de rentabilidade resultante tem uma tendência mais clara (Ilustração 2.9): o seu valor mediano cai de 2,5%, no ano anterior à garantia, para 1,9%, no ano seguinte, com 54% das empresas a registarem uma diminuição.

Ilustração 2.9 - Evolução da rentabilidade do volume de negócios das empresas que recorreram à Garantia Mútua

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da variável.

resultado operacional

resultado líquido

0 2 4 6 8 10 12

n-1 n n+1

0%

1%

2%

3%

n-1 n n+1

(34)

22

Relatório Final

No curto prazo, portanto, o volume de negócios das empresas que recorrem à Garantia Mútua tem registado um ligeiro aumento enquanto a sua rentabilidade regista uma pequena quebra.

Embora nenhum destes dois efeitos seja estatisticamente significativo, a sua conjugação leva a uma redução na taxa de rentabilidade do volume de negócios.

Comparação com uma amostra de empresas semelhantes

Os resultados anteriores, baseados na comparação entre a situação das empresas que utilizaram a Garantia Mútua antes e depois de o fazerem, apontam para as seguintes conclusões:

 A utilização da Garantia Mútua está associada, de forma estatisticamente significativa, a um aumento dos recursos financeiros ao dispor das empresas apoiadas, com um crescimento quer dos capitais alheios quer dos capitais próprios;

 Este acréscimo dos meios financeiros tem sido canalizado sobretudo para o reforço do activo circulante das empresas;

 O volume de negócios das empresas apoiadas apresenta um ligeiro crescimento mas este efeito não é estatisticamente significativo; em contrapartida, a sua rentabilidade apresenta uma ligeira queda, que também não atinge níveis convencionais de significância estatística;

 A conjugação dos dois efeitos anteriores resulta numa redução da taxa de rentabilidade do volume de negócios.

O procedimento utilizado não permite, no entanto, afirmar que estes efeitos decorram inequivocamente da utilização da Garantia Mútua, uma vez que não é efectuado qualquer controlo para o que o aconteceria às empresas analisadas se não a tivessem utilizado. Em particular, deve ser tido em conta que, devido ao crescimento exponencial que a Garantia Mútua tem conseguido, a amostra é dominada por operações realizadas nos períodos mais recentes, especialmente no ano de 2008. Não é, portanto, possível ter a certeza que aqueles efeitos não se devam à evolução da conjuntura económica naquele ano em vez de ao recurso à Garantia Mútua.

O propósito da presente secção é testar a robustez daqueles resultados. Se tal fosse possível, gostaríamos de comparar a evolução efectiva das empresas apoiadas pela Garantia Mútua com a evolução que teriam tido caso a ela não tivessem recorrido. Mas, evidentemente, não é possível saber de forma segura o que teria acontecido nesse caso. Alternativamente, o que fazemos é comparar a performance das empresas que recorreram à Garantia Mútua com a de empresas semelhantes que não o fizeram. Como explicámos na secção relativa à metodologia,

“emparelhámos” cada empresa que recorreu à Garantia Mútua com uma empresa, ou conjunto de empresas, com características semelhantes mas que não recorreram à Garantia Mútua.

Calculámos a diferença entre os indicadores económico-financeiros de cada empresa apoiada e das empresas semelhantes no ano anterior a essa operação financeira, no ano em que se realizou e no ano seguinte e procedemos à análise estatística da evolução dessas diferenças: sendo as empresas, à partida, semelhantes e sendo a única diferença sistemática entre as duas amostras a

(35)

Garantia Mútua em Portugal

23

obtenção de Garantia Mútua, as alterações observadas nessas diferenças devem-se, com elevado grau de probabilidade, à obtenção da garantia.3

Estrutura de capitais

Como se pode verificar na Ilustração 2.10, no ano anterior ao recurso à Garantia Mútua, as empresas que a ela recorreram tinham um nível absoluto de endividamento bancário e de dívida inferior ao das empresas semelhantes com que estão a ser comparadas. Os elementos disponíveis sugerem que essa diferença se atenuou ligeiramente no ano da garantia e, no caso do endividamento total, também no ano seguinte.

Ilustração 2.10 - Evolução da diferença de endividamento entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes”

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da diferença entre o valor da variável em cada empresa apoiada pelas SGM e a empresa, ou empresas, semelhantes.

Uma interpretação possível para estes resultados é que o acesso à Garantia Mútua tenha permitido a estas empresas diminuir uma eventual desvantagem no acesso ao crédito, quer bancário, quer de fornecedores, face a empresas comparáveis.

O impacto da Garantia Mútua no capital próprio é mais ambíguo (Ilustração 2.11): a diferença negativa face a empresas comparáveis agrava-se no ano da obtenção da garantia mas diminui no ano seguinte, deixando a diferença entre os dois grupos de empresas praticamente inalterada face à situação inicial. Na amostra alargada de apenas 2 anos, a diferença entre os dois grupos de empresas é constante. Estes resultados sugerem que o acesso à Garantia Mútua não terá tido impacto relevante no capital próprio das empresas apoiadas, ao contrário do que a análise da evolução desta variável, na secção anterior, dava a entender.

3 Este procedimento é conhecido na literatura como differences-in-differences.

dívida total empréstimos

bancários

-140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0

n-1 n n+1

(36)

24

Relatório Final

Ilustração 2.11 - Evolução da diferença de capital próprio entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes”

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da diferença entre o valor da variável em cada empresa apoiada pelas SGM e a empresa, ou empresas, semelhantes.

Ilustração 2.12 - Evolução da diferença no rácio dívida bancária / capital próprio entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes”

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da diferença entre o valor da variável em cada empresa apoiada pelas SGM e a empresa, ou empresas, semelhantes.

A análise do rácio entre dívida bancária e capital próprio corrobora os resultados anteriores:

como se pode ver na Ilustração 2.12, no ano anterior à obtenção da Garantia Mútua, este rácio -60

-55 -50 -45 -40 -35 -30 -25 -20

n-1 n n+1

amostra 3 anos

amostra 2 anos

-4,0%

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

n-1 n n+1

(37)

Garantia Mútua em Portugal

25

era menor nas empresas que a ela recorreram do que na amostra de controlo. A situação inverteu-se no ano de recurso à garantia, mantendo-se uma diferença positiva no seguinte. Na amostra alargada, de apenas 2 anos, a diferença entre os dois grupos de empresas também se atenua mas não chega a inverter-se.

O acesso à Garantia Mútua parece, portanto, ter possibilitado uma alteração na estrutura de capitais dos seus utilizadores, permitindo-lhes aumentar o peso do endividamento bancário no seu financiamento.

Custo do financiamento

Em consonância com a conclusão anterior, a evidência disponível mostra que as empresas apoiadas pela garantia, antes de a ela recorrerem, pagavam um montante de juros inferior ao da amostra de empresas semelhantes mas que essa diferença se estreitou consideravelmente no ano seguinte à obtenção de Garantia Mútua (Ilustração 2.13). Essa tendência é até mais rápida quando consideramos a amostra alargada de apenas dois anos.

Ilustração 2.13 - Evolução da diferença nos juros pagos entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes”

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da diferença entre o valor da variável em cada empresa apoiada pelas SGM e a empresa, ou empresas, semelhantes.

Ao contrário do que se poderia esperar, a Ilustração 2.14 mostra que, antes do recurso à garantia bancária, a mediana da taxa de custo do endividamento bancário era menor nas empresas que depois recorreram à Garantia Mútua do que as empresas da amostra de controlo.

Especificamente, 57% das empresas que recorreram à Garantia Mútua suportavam uma taxa de custo média do endividamento bancário inferior à da empresa ou empresas com que foram emparelhadas. E, também contrariando as expectativas, o recurso à Garantia Mútua foi acompanhado de uma redução da diferença entre os dois grupos de empresas.

amostra 3 anos amostra 2 anos

-5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0

n-1 n n+1

(38)

26

Relatório Final

Deve, no entanto, notar-se que a amostra para a qual dispomos de informação suficiente para calcular esta taxa de custo é de menor dimensão do que a da maioria das restantes variáveis, pelo que este resultado deve ser encarado com alguma cautela. Ainda assim, quando consideramos a taxa de custo da totalidade do financiamento externo, para a qual dispomos de uma amostra de dimensão semelhante à das restantes variáveis, encontrámos um resultado semelhante embora de menor valor absoluto. Da mesma forma, a análise da taxa de custo do endividamento bancário na amostra alargada, de apenas dois anos, mostra tendências muito parecidas.

Este resultado, a confirmar-se, é susceptível de várias interpretações. Uma possibilidade seria que as empresas que recorreram à Garantia Mútua enfrentassem anteriormente restrições no acesso ao crédito, fossem restrições absolutas ou restrições resultantes de lhes ser solicitada uma taxa de custo muito superior à que estavam a pagar por créditos anteriores. A Garantia Mútua poderá ter permitido reduzir essas dificuldades, permitindo-lhes o acesso a crédito a taxas que, apesar de superiores às que pagavam anteriormente, fossem semelhantes às pagas pelas empresas da amostra de controlo. Outra possibilidade, com implicações muito diversas, é a de as instituições financeiras terem canalizado para a Garantia Mútua empresas com boas condições de risco, tendo estas operações sido efectuadas a taxas superiores às anteriores, em resultado das condições de mercado ou das condições contratadas.

Ilustração 2.14 - Evolução da diferença na taxa de custo do endividamento bancário entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes”

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da diferença entre o valor da variável em cada empresa apoiada pelas SGM e a empresa, ou empresas, semelhantes.

Investimento, imobilizado e activo

As empresas que recorreram à Garantia Mútua tinham, como se pode verificar na Ilustração 2.15, valores de imobilizado e, sobretudo, activo total substancialmente inferiores aos das empresas da

-3,0%

-2,5%

-2,0%

-1,5%

-1,0%

-0,5%

0,0%

n-1 n n+1

(39)

Garantia Mútua em Portugal

27

amostra de controlo. Com o recurso à Garantia Mútua, verificou-se uma considerável redução na diferença do activo total e uma ligeira atenuação da diferença no imobilizado.

Ilustração 2.15 - Evolução da diferença no activo e imobilizado entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes”

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da diferença entre o valor da variável em cada empresa apoiada pelas SGM e a empresa, ou empresas, semelhantes.

activo imobilizado

-200 -180 -160 -140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0

n-1 n n+1

(40)

28

Relatório Final

Ilustração 2.16 - Evolução da diferença no investimento entre as empresas que recorreram à Garantia Mútua e a amostra de empresas “semelhantes”

Fonte: SPGM (empresas apoiadas pelas SGM e ano das operações), SABI (dados contabilísticos).

Nota: n-1, n e n+1 são, respectivamente, o ano anterior, o ano do recurso à Garantia Mútua e o ano posterior; os valores apresentados são os da mediana da diferença entre o valor da variável em cada empresa apoiada pelas SGM e a empresa, ou empresas, semelhantes.

Esta evolução é consistente com os resultados apresentados na secção anterior, que apontavam para que o acesso à Garantia Mútua tivesse viabilizado primordialmente o crescimento do activo circulante das empresas apoiadas. No entanto, apesar do impacto no imobilizado aparentar ser ligeiro, os elementos disponíveis apontam também para uma redução na diferença entre os níveis de investimento das empresas apoiadas pelas SGM e das empresas da amostra de controlo, como se observa na Ilustração 2.16. Isto sugere que as empresas que recorreram à Garantia Mútua teriam investido menos caso não o tivessem feito.

Volume de negócios e rentabilidade

Também em termos de volume de negócios, o acesso à Garantia Mútua parece ter permitido às empresas apoiadas aproximarem-se das empresas da amostra de controlo. Quando consideramos a amostra de cerca de 1.500 empresas, este efeito apenas se verifica no ano seguinte à operação, como se vê na Ilustração 2.17. Com a amostra de cerca de 12.000 empresas que se fica pelo ano da operação, este efeito é mais rápido. Estes resultados parecem indicar que a queda do volume de negócios no ano posterior à obtenção da garantia que reportámos na secção anterior se terá devido essencialmente à conjuntura económica, sendo o impacto daquela operação, em si mesma, positivo.

O mesmo acontece em termos de resultados (Ilustração 2.18) com as empresas que recorrem à Garantia Mútua a aproximarem-se da amostra de controlo, particularmente no ano seguinte à operação.

-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0

n-1 n n+1

Referências

Documentos relacionados

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

A seleção portuguesa feminina de andebol de sub-20 perdeu hoje 21-20 com a Hungria, na terceira jornada do Grupo C do Mundial da categoria, a decorrer em Koprivnica, na

Quem pretender arrematar dito(s) bem(ns), deverá ofertar lanços pela Internet através do site www.leiloesjudiciais.com.br/sp, devendo, para tanto, os interessados,

This appendix presents a technical description of the procedure for calculating the signal yield expected to be observed in the CMS detector in a scenario with a new resonance,

Conta no exterior detida diretamente por PF EXTERIOR APLICAÇÕES FINANCEIRAS REPATRIAÇÃO Exterior Brasil Aspectos tributários.. - 0,38% de IOF (remessa e retorno do investimento) -

Entretanto, as técnicas tradicionais utilizadas para este fim, como a secagem por ar quente promovem a degradação térmica do alimento, assim para evitar a consequente perda do valor

países classificados como livres pela FH, e, portanto, considerados democracias tanto eleitorais, quanto liberais, pois contemplam, em larga medida, não apenas os