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ENTRE AS MALHAS DO DESVIO

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(1)

Maria

Joo

Leote

de Carvalho

ENTRE AS

MALHAS

DO

DESVIO

Jovens,

espagos,

trajectrias

e

delinquncias.

ZOOI

Universidade Nova de Lisboa Faculdade deCinciasSociaiseHumanas

(2)

UNIVERSIDADE

NOVA DE LISBOA

FACULDADE

DE

CINCIAS

SOCIAIS

E

HUMANAS

Departamento

de

Sociologia

Curso de Mestrado em

Sociologia

ENTRE

AS

MALHAS

DO

DESVIO

Jovens,

espagos,

trajectrias

e

delinquncias.

Maria Joo Leote de Carvalho

Dissertago apresentada

na Faculdade deCincias Sociais e Humanas da

Universidade Nova de Lisboa para a obtenco do grau de Mestreem Sociologia.

(3)

"Devo

confessar

que, cada

vez

que tenho

de

falar

sobre o

sistema

tutelar

portugus

e

de

avaliar

os

prs

e os

contras

da sua

evoluco

num

sentido

mais

prximo

do

"modelo

justiga"

sinto

uma

profunda inquietago.

uma

angsfia

antiga,

que

vem

do

tempo

em

que

trabalhava

naquele

sistema, h

quase

uma

dezena de

anos, e

compreendi

que

as criancas que tinha

ali

minha

frente,

no

eram, em

regra,

mais

"delinquentes"

ou mais

"marginais"

do

que

outras, que

encontrava, barulhentas

e livres, nas ruas,

nos

cafs,

nos

cinemas.

Eram

simplesmente,

mais

infelizes

e

desprotegidas.

E

interrogava-me

cada dia se

efectivamente

as

ajudava."

(4)

AGRADECIMENTOS

A todos os que

contribuirom,

a

diferentes

nveis, paro que a

realizaco

deste

trabalho

setomasse

efectiva,

fica

aqui

expressoo meumaior

reconhecimento.

difcil

exprimir

em

palavras

o

acolhimento

e total

disponibilidade

manifestada,

desde o

primeira

hora,

pelas

Direcges

e

Equipas

dos

colgios

visitados sem os

quais

esta

pesquisa

no teria sido

concretizada.

Porque

o

momento

ento vivido, na fase de transicco

(acelerada)

entre as duas Leis. a todos

exigia

um redobrar de esforcos

decorrente

de um forte acrscimo do volume de trabalho em

condigoes.

a altura, amda

demasiado

precrias

sob o

ponto

de vista dos recursos humanose fsicos facea umfuturo de

grandes incgnitas,

realca-se o

privilgio

que foi aceder durante o

tempo

de

permanncia

em cada

instituigo

partilha

das suas

vivncias

num clima de abertura e incentivo

permanentes.

Pela sua

perseveranga

e

empenho,

a todos, assim como aos

jovens

desses

colgios,

que esta

investigago

dedicada.

Ao Prof. Doutor Nelson Lourenco, meu orientador, um

agradecimento

pelo

incentivo,

apoio

e total

confianga

em mim

depositada

ao

longo

deste

tempo.

Do Prof. Doutor

Manuel

Lisboa

dificilmente

se

esquecer

as

preciosas

orientages

sugendas

e a

disponibilidade permanente

para o

apoio metodolgico

que me

permitiu

avancar com maior

determinaco

parao

desenvolvimento

da

anlise estatstica.

Fundamental

e

indispensvel

foram a

autorizago

concedida

e as

informaces

cedidas

pelo

Instituto de

Reinsergo

Social

do Ministrio da

Justiga,

a

quem

se

agradece,

em

especial,

nas pessoas do seu anterior e actual Presidente, Dr. Joo

Figueiredo

e Dr. Antnio Ganho. Um

particular

reconhecimento

Dr~-.CIara

Albina

Vice-Presidente

do referido instituto, aquem coube acolher a

primeira

discusso

sobre o

projecto

tornando-se

a sua

colaboraco

decisiva parao arrancaredelinear de todooestudo.

Aos Prof. Doutor Rui Santos e Prof. Doutor Casimiro Balsa

pelos

contributos

de

grande

relevncia

proporcionados

durante a

parte

escolar do mestrado,

imprescindveis

na fase

preparatria.

Uma

palavra

tambm ao Prof. Doutor Carlos Cardoso, da Escola

Superior

de

Educago

de Lisboa, com quem tudo isto

comegou.

Referncias

presentes

de modo muito intenso ao

longo

destas

pginas

so a Df.Eliana Gerso e o Dr. Armando Leandro. Das carinhosas

palavras

de incentivo,

confianga

e nimo transmitidas emerge o seu

exemplo

de muitos anos na

prtica

do Direito de Menores aliado a uma linha de reflexo sobre o mesmo na defesa incessante dos direitos da infncia e

juventude

em

Portugal.

Nesta mesma linha, uma

especial

referncia ainda ao Dr. Rui

Epifnio.

A todos o

reconhecimento

pelos

valiosos contributos

que, aosmais diversos

nveis,

seencontram

aqui

expressos.

Uma

palavra

muito

especial

de

agradecimento

tambm

devida Dr*. Elza Pais,

Presidente do Instituto

Portugus

para a

Droga

e

Toxicodependncia,

entidade

(5)

Vrias pessoas e

departamentos

colaboraram

igualmente,

de forma

directa

ou indirecta para a

realizaco

desta

investigago.

Esto neste caso, o

Secretariado

do Presidente do Instituto de

Reinsergo

Social, e

especificamente

Ludovina Teixeira, a quem muito se deve, e a Dr*. Isa

Rodrigues

e

equipa

do Centro de

Documentago

e Biblioteca do mesmo

Instituto.

Por toda a

colaborago,

um

reconhecimento

muito forte a todos no Centro Educativo Padre

Antnio

de Oliveira, em Caxias. Um

agradecimento

Dr

Teresa

Cintro

do

Gabinete

de

Poltica

Legistativa

e

Planeamento

do

Ministrio

da Justica

pelo

interesse e

ajuda

concretizada.

Ao Jos Leonardo e ao

Hugo

Seabra,

colegas

neste

percurso,

ao Dimtri Sudan, Marlia e a Isabel Allen, Cristina e ao Mno Correira, a Adelaide Colehoe a

Manuel

Silva

pelo

estmulo

e

apoio

contnuo.

Ao Ricardo Machado Tcnico

Profissional

de

Reinsergo

Social

nesse Centro

pela

cedncia

da

fotografia

queabreeste trabalho.

A Manuea

Baptista

Lopes,

para

alm

do acesso a fontes de

informaco

imprescindveis,

a amizade, o

acompanhamento

e o estmulo de sempre no desbravar de

novos

caminhos

que

s

valorizaram este

estudo.

Um enorme

agradecimento

a Manuel Mendes, Director do Centro Educativo Padre

Antnio

de Oliveira. Mais do que o

incansvel

apoio,

a

preocupaco

e cuidados

constantes, a total

colaboraco

mobilizando diferentes vontades

e pessoas tornando-se

indispensvel

no abrirdemuitas

portas

ao

longo

deste

percurso.

Realce

especial

para Pedro Strecht,

pela

amizade,

pelo exemplo, pelas palavras

de

forga

e incentivo sempre

presentes.

O raro

privilgio

da

partilha

e d.scussao

permanente

de ideias no

acompanhamento

das

diferentes

fases de

desenvolv.mento

deste

projecto,

sem a

qual

no teria

sido

possvel

ultrapassar

osmomentosmais

dificeis.

minha

famlia

e

amigos.

Ameus

pais

eirmos, por tudo.

Finalmente, e porque os itimos so os

primeiros,

um

obrigado

aos

jovens

do

Centro Educativo Padre

Antnio

de Oliveira, em Caxias, por tudo o que, ao

longo

dos ltimos

quinze

anos da minhacarreira

profissional,

tem aceitado dar

(6)

INDICE

Introdugo

^

PARTE I -

ENQUADRAMENTO

E MODO DE

INVESTIGAQO

Captulo

I -

SOCIEDADE

E DESVIO: A

DELINQUNCIA

JUVENIL.

1.1. Em orno dodesvio; que

leitura(s)

possvel(is)

para este conceito? 1 1

1.2. Daconformidadeaodesvio social.

^

1.3. Desvioecontrolo sociai:a

intervengo

doEstado. 21

1 .4. Da infncia

juventude:

um processo de

permanente

(re)construgo

social. 24

1.4.1. Uma breve

perspectiva

histrica sobrea

condigo

de

ser

crianga

e

serjovem.

1.4.2.A

juventude

como

condigo

social: entrea

aparente

unidade

e adiversidade.

^

1 5 Entreasmalhas do desvio:a

delinquncia

juvenil.

36

1.6. O

ponto

de vista

jurdico

na

definigo

dos conceitos de desvioedelinquencia

juvenis

!uzda

Organizago

Tutelar de Menores

(1

978).

42

Captulo

II - A

INTERVENQO

INSTITUCIONAL

NA

REA

DA

JUSTIQA

TUTELAR EM

PORTUGAL

(at

final de

2000).

2.1. Aintervenco

judiciria

aodesvioe

delinquncia juvenis:

osistemade

justiga

tutelar. . /1rt1iN

2.1.1.

Origens

e

evolugo

histrica: daLei de Proteccao

o Infancia

(191

1) a

Organzago

Tutelar de Menores

(1 978).

49

2.1 .2. Ocontexto internacional do sistema de

justiga

tutelar. 54

22. Estruturaereasde

actuago

dos

servigos

oficiais. 57

2.2.1, A

Direcgo-Geral

dos

Servigos

Tutelares de Menores.

57

2.2.2. O Institutode

Reinsergo

Social. 58

2.3.

Evolugo

etendncias

gerais

doscasosrecenseadosnosistema de

justiga

tutelar entreadcadade80e ade90. ^

2.3.1. Osdados:crticadas fontesdasestatsticasoficiais da

Justiga,

60

2.3.2. "Menoresem

;u/zo"

;

evolugodoscasosrecenseados.

62

2.3.3. "Menores

emjuzo":

natureza doscasosrecenseados por

prtica

de

facto ilcito.

^

2.3.4. "Menores

em/uzo":

naturezadas

medidastutelaresaplicadas.

6/ 2.3.5. Uma viso

global

sobrea

colocago

emintemamentoem

instituigo

tutelarentre 1978-2000. 69

2.3.6. Caminhos

percorridos:

um olhar crtico sobreanaturezadasua

aplicago

no

quadro

da

Organizago

TuteiardeMenores

(1 978).

73

Captulo

III - ASPECTOS

METODOLGICOS.

3.1. Objectivosda

investigago

e

hipteses

de trabalho. 77

3.2.

Estratgia metodolgica.

33 Dados: crticadas fontes do dossiertutelar.

J

3.4. Instrumentode recolhadedados:

construgo

e

aplicago

doquestionano. 66

(7)

PARTE II

-ESPAQOS,

TRAJECTRIAS

E

DESVIO(S).

Captulo

IV

-TRAQOS

SOCIAIS:

CONTEXTOS

DE ORIGEM E

INTERVENQO

TUTELAR.

94 96

34

135cx

4.1.Sexoeidade.

4.2.

Situagojurdica.

4.2. 1. Da T

intervengo

tutelar entrada noactual

colgio.

v

4.2.2. Pessoaou entidade

participante

.

^

4.2.3. Tribunal

responsvel

pelo

processo, ]02

4.2.4. Medidastutelares

aplicadas.

J03

4.2.5.

Colocago

institucional: natureza da

situago

etempode

afectago.

1 05

4.3.0ngens

]9?

4,3.1. Naturalidade; distritoeconcelho. '^0

4.3.2. Pasde

origem,

nacionalidadee

origem

tnica. 109

4.3.3. Percursodosno nascidosem

Portugal.

] 1 5

4.3.4. Posse de documentos oficiais. ] ]6

4.3.5. Local deresidncia. ] ^ 7

4.4. Ogrupo

parental:

idade, nvel de

instrugo

e

situago

profissionai.

1 24

4.5

.Situago

escolar entradaem

colgio.

J

29

4.6,. -

Situago

faceaotrabalho.

Em sntese.

Captulo

V-

(SOBRE)VIVNCIAS

NA

FAMLIA: ESPAQOS

E

TRAJECTRIAS.

5. 1.0 grupodomsticode

origem:

espagodecontrastes?

J

38

5.1.1. Naturezadogrupodomstico. 41

5.1 2. Dimensodogrupo domstico. 49

5.1.3. Estrutura familiardogrupo domstico. '5

5.1.3.1.Motivosda

ruptura

nogrupo

parental.

1 52

5.1.3.2. Idade data da

ruptura

nogrupo

parental.

157

5, 1 ,4. Natureza dorelacionamentoentre

pais

efilhos. 158

5.1.5. Fratria. ]&

5.2. Problemticassinalizadasnogrupodomstico. 65

5.2.1.

Doengas

doforo

mental/psiquitrico/psicolgico.

1 66

5.2.2. Deficincias fisicas e/ou outrasdoengas. ]61

5.2.3. Violncia domstica:umaviso

global.

167

5.2.4. Violncia domstica:a

especificidade

dosmaustratos contraa

crianga.

1 7 1

5.2.5.Alcoolismo. 174

5.2.6.

Toxicodependncia:

consumode

drogas.

175

5.2.7. Crimmalidade: anterioreseactuais

aetenges.

1 76

5.2.8. Outras condutas desviantes. ]78

5.2.9. Umaviso

integrada.

]78

5.3. Percurso dos

jovens

colocadosem

instituiges

deoutrossistemas. 183

5.4.

Situago

relativaajovenscomfilhos. ] 88

5.5.

Situago

identificadaemtermos desade. 1 89

Emsntese.

Captulo

VI -

(RE)PENSAR

O DESVIOE A

DELINQUNCIA

JUVENIS: OS ACTOS E OS

SEUS AUTORES.

6. 1, Consumosdesubstncias lcitaseilcitas.

201 6.1.1. Natureza dosconsumosidentificados.

201

6.1.2.

Associages

entretiposdeconsumos.

^

204 6. 1 .3. Em tornode contextos sociais: consumos ereade residncia. 208

(8)

214

6.2. - Entreaescolaeo

"

desviar-se ,

6.3.- Juventudee

delinquncias.

_

6.3.1.

- Os actoseos seusautores: naturezados factos ihcitos

presumidos.

1 1 o

6 3 2 - A

especificidade

dos factos ilcitosassociadosa

drogas.

226

6.3.3. -

Principais

formas de

actuago

na

prtica

de factos ilcitos.

Tragos

de

sociabilidades alternativas?

6.3.4. - Emtornodecontextossociais: natureza dos factos ilcitos porareade

residncia.

6.3.5.- Naturezada

actuago:

"

especializaco"

oudiversidade?

6.3.6.- Consumosefactos ilcitos: deum ladoaooutro.

236

231 232

238

248

Concluso

: PROCURADE UM FUTURO...

Referncias

biobliogrficas

Anexos

Anexo I- Instrumentode

notago

estatsticado

GEP/Ministrio

da

Justiga (1997)

AnexoII -

Mapa

dos

servigos

do Instituto de

Reinsergo

Socialanivel nacional

(2000).

Anexo III- Tabela:menoresem

juzo

entre 1978-2000

segundo

o

actuago

quedeterminou

a

actuago

doTribunal.

AnexoIV- Tabela:

Evolugo

da % dosfactos ilcitos

presumidos

em

relagao

aos menores

emjuzoentre

1978-2000por

grandes categorias.

Anexo V-Tabela:

Evolugo

donmero demenoresinternadoseminst.tutelar entre 1978-2000,

Anexo VI-laOelo:

Evolugo

em % dos motivosque determinarama

actuago

do Tribunal noscasosde internamentoeminst.tutelar entre 1978-2000,

AnexoVII- Documentosconstantesnodossier tutelar.

Anexo VIII - Questionrio.

Anexo IX- Modelo 602 do Instituto de

Reinsergo

Social.

Anexo X - Tabela:

caracterizago

douniversoemestudo entre 1 de Setembro

e31 de Dezembrode

2000/distribuigo

por

colgio.

Anexo XI- Tabela:Naturalidade, pordistrito.

Anexo XII- Tabela:

ltimo

localderesidncia conhecido, por distnto.

Anexo XIII- Tabela: Motivosdaactual

detengo

demembrosdogrupodomestico.

Anexo XIV- Tabela: Motivosdeanteriores

detenges

demembrosdogrupo domestico.

Anexo XV- Tabela: Factos ilcitos

presumidos

luz do

Cdigo

Penal, porsexo.

Anexo XVI - Tabela:

Bens/objectos

furtados, porsexo.

ndice

de Quadros

68

89

91 95

Quadro 1 - Medidas tutelares

aplicadas

entre 1978-2000.

Quadro 2- Processo de

delimitago

dosub-universoemestudo.

Quadro 3- Motivosqueestona

origem

da

intervengo jurisdicional.

Quadro 4-

Distribuigo

da

populago

porsexoeiaade.

Quadro 5- Cruzamentoda idade data da 1

intervengo

tutelarcom aidade

a

data do 1internamentoem

colgio.

Quadro 6- Medidastutelares

aplicadas

antesda

colocago

em

colgio,

por

sexo.

Quadro 7-

ltimo

local deresidncia conhecido, por

regio.

Quadro 8- Grupo

socio-profissional

do grupo

parental,

Quadro9- Matrcula escolar existente, poranodeescolaridade.

Quadro 10- Abandonoescolarprecoce, poranodeescolardade.

Quadro 1 1 -

Integrago

emactividadesescolaresdiferenciadas.

^

Quadro 12 - Natureza dogrupo domsticoque mtegrava entradaemcolegio.

Quadro 13- Nmeroconhecido de grupos domsticos poronde passou ate

a

entradaem

colgio

'^jj

Quadro 1 4- Natureza aorelacionamento

pai-filho

e

filho-pai._

Quadro 1 5- Natureza dorelacionamentome-filho efilho-me.

(9)

164 166 181 184 207 209 218 228 233 234 236 Quadro16-

Tipo

de

colocago

institucionaldosirmos.

Quadro 17 - Problemticas assinaladasnogrupo domstico.

Quadro 1 8 -

Percentagem

das

problemticas

nosgrupos domsticosem

fungao

do

cruzamento porsi mesmas.

Quadro 19- Natureza da

colocago

oficial foradafamlia

biologica (1

situagao).

Quadro 20- Pessoaouentidade

participante.

Quadro 21 - Idade datada la

colocago

oficial fora da familia

b.ologica,

=>

Quadro 22- Naturezadas

mudangas

identificadas.

Quadro 23- Tempode

permanncia

em

colocago

institucionalantenor

aentrada

^^

em

colgio.

_ ?n4

Quadro 24-

Identificago

dos

tipos

deconsumo e suasassociagoes.

*

Quadro 25-

Percentagem

das refernciasem

relago

avrios tiposdeconsumos.

Quadro 26- Cruzamentoda idade datada 1

intervengo

tutelarcom

otipode

consumos.

Quadro 27

-Percentagem

relativaaocruzamentoda rea de residencia com otipo

deconsumos.

^/

Quadro 28- Cruzamentoda rea de residnciacom o

tipo

desubstancia

(drogas)

iiu

Quadro 29-

Percentagem

relativaaocruzamento da

situago

escolar

com o

tipo

deconsumos. 01r

Quadro 30- Absentismo,

indisciplina

e

prtica

dedelitos noespago escolar.

Quadro 31 - Outrascondutas desviantes

praticadas

pelo jovem.

Quadro33- Factosilcitos por forma de

actuago

identificadaeporsexo.

Quadro 34-

Distribuigo

dosindivduos

suspeitos

da

prtica

defactosilicitos portipo.

Quadro 35- Os

quatro

factos ilcitosou

respectivas associages

mais

significativas

categorias

de1. 2e3tiposde actos

Quadro 36-

Associago

entreosfactos ilcitose a

identificagao

deconsumos

ndice

de

Grficos

Grfico 1 - Menoresem

juzo

entre 1978-2000.

segunao

a

situago

quedeterminou

a

actuago

doTribunal

Grfico 2-

Evolugo

da %dosfactos ilcitos

presumidos

em

relagao

aos menores em

juzo

entre1980-200por

grandes categorias.

Grfico 3-

Evolugo

do nmerodemenoresinternadosem

instituigo

tutelar

(inst.

de

reeducago/colgio)

entre 1978-2000, porsexo.

Grfico4-

Evolugo

em%dosmotivos aue determinaramo

actuagao

doTnbunal

noscasos

de internamentoem

instituigo

tutelarentre 1978-2000.

Grfico 5

-Histograma

de idades.

Grfico6- Idade data da 1

intervengo

tutelar, 1internamentoem

colegio

e

entradanoactual.

Grfico7 - Pessoasouentidade

participante.

Grfico8- Tribunal

responsvel

peloprocesso.

Grfico9

-Tempo

de

afectago

a

colgio(s).

Grfico 10-

Colocago

institucionalnosistema de

justiga

tutelar:

afectagao

a

colegio(s).

Grfico 11 - Pas de

origem

dojovem, dameedo

pai.

Grfico 12- Nacionalidade.

Grfico 13-

ltimo

localderesidnciaporconcelho.

Grfico 14 -

Tipologia

do bairro/zonado ltimo local de residncia conhecido.

Grfico 15

-Tipode

alojamento

.

J

* '

Grfico 16- O grupo

parental:

idade dospais entradado filhoemcolegio

^

Grfico 1 7- O

grupo

parental:

nvelde

instrugo

formal concluido. Grfico 18

-O grupo

parental: situago profissional

aentradado

filhoem

colgio.

n

Grfico1 9-

Situago

escolar data daentradaem

colgio.

^

Grfico 20- Dimensodo

grupo domsticoqueintegrava entradaemcolegio.

Grfico21 - Estrutura familiar do grupo domstico datada entradaemcolegio

Grfico22- Ausnciado

progenitor

nogrupo domstico: motivoidentificadoda

1rupturadogrupo

parental.

(10)

163

164

170

173

Grfico 23- Idade data da 1 Q

ruptura

identificadanogrupo

parental.

157

Grfico 24- Dimenso da fratriaenmerodeirmoscomquem vivia entradaem

colgio.

Grfico 25-

Colocago

nafratria.

Grfico 26- Violncia domstica:

agentes

evtimas.

Grfico27- Maus tratos contraa

crianga

ou

jovem:

agente.

Grfico 28- Refernciaaoconsumodesubstncias lcitasouilcitas.

201

Grfico 29 - Natureza doconsumodesubstncias lcitasoullcitas referenciadas.

202

Grfico 30- Refernciaaoconsumode

drogas:

substncias identificadas. 203

Grfico 31 - Refernciaaoconsumode substncias lcitasouilcitas, por idadea

datada 1

intervengo

tutelar. 20

Grfico 32 - Factos ilcitosseinalizados nosprocessostutelares:suanaturezaface

leipenal.

,

Grfico 33- Bens furtadosnos casosde

suspeita

de furtosefurto de/e usodeveic. zz\

Grfico 34- Locais ondeserealizoua

prtica

defurtos

(excep. veculos)

223

Grfico35-

Detengo

e/ouusodearma:tipodearmas.

225

Grfico 36-

Suspeita

da

prtica

defactos ilcitose sua

associago

comdrogas.

22/

Grfico 37- Trfico de

droga:

tipo

desubstncias detectadas.

227

Grfico 38-

Distribuigo

dotipode

prtica

por

grandes

categorias.

(11)

Lista das abreviaturas mais usadas

CAEF

-

Colgio

de

Acolhimento,

Educago

e

Formago

CRSS- Centro

Regional

da

Seguranga

Social

DGSTM

-

Direcgo-Geral

dos

Servigos

Tutelares

de Menores

GEP -

Gabinete

de

Estudos

e

Planeamento

do

Ministrio

da

Justiga

IAC - Institutode

Apoio

Crianga

IDS- Instituto parao

Desenvolvimento

Social

IPDT- Instituto

Portugus

para a

Droga

e

Toxicodependncia

IRS - Institutode

Reinsergo

Social

ISSS - Instituto paraa

Solidariedade

e

Seguranga

Social

LTE- Lei Tutelar Educativa

OTM

(12)

ntrod?^io

INTRODUQO

A actualidade da

problemtica

dos

comportamentos

desviantes dos

jovens

nas

sociedadesmodernas. em

especial

sob a formade

delinquncia,

tendea colocar-se de forma intensa em

qualquer

contexto

pela

diversidade e natureza das

questes

que em si

mesmaencerra.

Em

Portugal,

aliada sua crescente visibilidade no final da dcada de 90, esta

temtica veio a constituir-se como

objecto

de

especial

mteresse por

parte

dos decisores

polticos

nc

apresentago

de novas

propostas

de

intervengo

que resultam do

reconhecimento da necessidade de

diferenciago

de tratamento dos casos que

chegam

aos Tribunais de Famlia e Menores em

fungo

das dimenses que Ihe esto

subjacentes

'.

Assume-se que

definigo

de

polticas

sociais na

execugo

de

estratgias

e modelos

de

intervengo

a desenvolver institucionalmente neste campo deve

corresponder

um

mais

profundo

conhecimento sobre este

problema

social que, apesar dessa

progressiva

notoriedade, permanece ainda, em

larga

medida, na obscuridade

ignorando-se

muitos

dosseusreais contornos

(Sousa

Santos et al.,

1998).

De facto, face a um

aparente

aumento nesses anos dos actos

passveis

de

enquadramento

nas

categorias

do desvio e

delinquncia juvenis contrape-se

a

escassez de dados fiveis que possam sustentar a

afirmago

desse aumento

(Gersdo,

1998, 2000; Sebastio, 1995b;

Rodrigues,

1999),

bem como de

pesquisas

que

permitam

ter

uma viso mais

aproximada

deste fenmeno e dos acores sociais nele mais

directamente envolvidos: as

prprias

criangas

ou

jovens.

1

Nos termos do

Dcspacho

20MJ96. de 30 dc Janciro, foi eonslituda a Comisso para a Roforma do

Sistcma de Exccucodc Pcnasc Mcdidas,

prcsid?la pela

Pro"'. DoutoraAnabcla

Rodriyues.

coni o

objecltvo

dcdcsenvolvcr umaavaliaeo do sistcma de

justica

tutclardc mcnorcs cm

Portugal

quc.a data. tinhacomo

quadro lcgal

a

Organizaco

Tutclar de Mcnorcs I.Dccreto-Lci n" 3I47X. de 27 de Oulubro). Dos trabalhos

levadosa eabo porestaComisso resultoua

apresenlagiio

dc di\crsas propostasque vieram atraduzir-se na

aprovaco pcla

Asscmbleiada

Rcpblica.

cm 1999. da Lei de Frotceco de Criancas e Jovens em

Pcrigo

(Ministcrio

o Trabalho e da Solidaricdadc) e da Lei Tutclar Edueativa (Ministno da Justieai vindo a ocorrcr a enlrada em

vigor

ile ambas no dia I dc Janeiro dc 2001. SubstituinUo as dtias. em

conjunto.

a

Organiza^o

Tutelar de Mcnorcs(1978),a intervencotutclar dc

proteceo

expressana

primcira

descnvolvc-se relativamente a easos emquese

vcrifique

a

ameas'ados

dircitoscsseneiais(eivicos.soeiais. eeonomieos c

eulturais) da erianca ou

jovcm requerendo-se.

dcste modo. a actuaeo do Estado: a

intcnen^o

lutclar

cdueativa

prcconizada

na

scgunda

est rcser\ada a jovens que entre os 12 e os 16 anos de idadc tenham

pratieado

t'aeto

qualifieado pela

lci eomo erime eoloeando em eausa os valorcs

jurdieos

esseneiais a vida

social dcnotando ainda os mesmos a ncecssidadc de educaeo para odireito que sc eonstitui eomo o tun

cspcei'ieo

da acco do Estado a Cste mvel (Fonscea, 2000).

Quer

numas eomo noutras

situavcs

a

(13)

Introdn^do

Embora se

desconhega

a sua verdadeira dimenso. parece ser difcil de contrariar a

ideia de que se tem assistido ao crescimento de um sentimento

generalizado

de

inseguranga

relativamente

delinquncia

juvenil,

sobretudo, urbana,a par,alisdoque

poder

estar a suceder com a criminalidade em

geral (Lourengo

et al.

1998).

Poder-se-sugerir,

como

aponta

Rodrigues

(1999),

que tal, at certo

ponto,

residir no facto de se

viver nos dias de

hoje

a uma

dramatizago

e

politizago

da violncia

extraordinariamente

grandes,

manifestages

estas que a todos afectam como

potenciais

oureais vtimas.

Neste sentido, no

ponto

de

partida

deste

projecto

de

mvestigago

est a necessidade de se contribuir para um melhor conhecimento sobre a

problemtica

do desvio e da

delinquncia juvenis

em

Portugal

tomando como

objecto

de estudo os

jovens de ambos os sexos at aos dezoito anos de idade que se encontravam em

execugo

de medida institucional no sistema de

justiga

tutelar de menores na fase

imediatamente anterior entrada em

vigor

da Lei Tutelor Educativa

(2001),

compreendendo-se,

nestes termos, o

perodo

entre 1 de Setembro e 31 de Dezembro

de2000.

luz das

profundas

mudangas

ocorridas nos ltimos anos na sociedade

poruguesa

a nvel

demogrfico,

econmico e cultural, a

emergncia

deste fenmeno social e das

problemticas

a eleassociadas

implicam,

numa

perspectiva

de anlise

sociolgica,

que

se atenda ao facto de

comportamentos

desta natureza

integrarem

duas

componentes

irrenunciveis; a do

comportamento

em si

prprio

e a da sua

definigo

como desviante

ou

delinquente

(Figueiredo

DioseCosta Andrade,

1984).

Se por

delinquir

se entende a

acgo

de cometer uma falta ou delito no

desrespeito

pelos

quadros

de regras que uma sociedade tem

legalmente

institudos

(Matos, 1996),

essa

transgresso

traduz umo

ruptura

face aos limiares de tolerncia dosgrupos sociais,

portadores

de sistemas de norrnas e de vg^i- o.e uma sociedade num dado momento

da sua

evolugo (Selosse.

1976).

Configura-se,

ento, como decisivo re;eva~ que a

delinquncia,

mais do que um

problema

de natureza meramente

jurdica.

antes de

mais um

problema

emmenementesocial que

obriga

a uma maior

implicaco

de toda a

sociedade na procura de alternativas que

objectivem

a sua

prevengo

e combate

(Rodrigues.

1997).

Nesta ordem de ideias, por efeito dessa

transgresso

vem a desencaaear-se um

mecanismo social de

reprovagdo

ede

sango

quereflecte uma

reacgo

colectiva que

vai para alm do

quadro

familiar e educativo suscitando uma

intervengo

de natureza

administrativa ou

jucicina

(Selosse,

1976). Deste modo, em

fungo

destes dois

quadros

de referncia, o que se

prende

com a natureza e dimenso dos

comportamentos

(14)

Introdu^do

comunidade, e o

normativo-jurdico

- das leis e

crengas, e tambm das

prticas

assumidas institucionalmente em

relago

a esses mesmos

comportamentos

(Moura

Ferreira,

1997),

que se situa a anlise a desenvolver ao

longo

deste

projecto

de

investigago.

Sendo a

prevengo

da

delinquncia

uma das maisrduas tarefas cometidas a uma

sociedade como

parte

essencial da

prevengo

do crime, este fenmenoveio a

adquirir,

gradualmente,

um contedo

prprio

no mbito do estabelecimento de uma

jurisdigo

especial

de

protecgo

da infdncia e

juventude

em

Portugal corporizada

no sistema de

justiga

tutelar de menores 2. V-se, assim,

consagrada

a existncia de direitos e deveres

especficos

entendidos estes nos

princpios

de um

quadro

normativo de natureza

juridica

que tende a dar

expresso

a umsentimento

comunitrio

que releva a

diferenciago

de

significado

e de

polticas

de

intervengo

que os actos delitivos

praticados

por

jovens

ou

por adultos requerememsi

prprios

(Mannheim, 1985).

s

profundas

transformages

que decorrem nesta rea com a entrada em

vigor

da

Lei Tutelar Educativo 3

contrape-se

um enorme vazio em termos de

informago

e conhecimentoda realidade social do que foi este sistema at data. De entre o

leque

de medidas tutelares

passveis

de

aplicago

a menores de 18 anos, no

quadro

do

modelo

vigente

entre 1978 e 31 de Dezembro de 2000 -a

Organizago

Tutelar de

Menores-, a mais grave

reportava-se

colocago

em

regime

de internamento em

Colgio

de Acolhimento,

Educago

e

Formago

do Instituto de

Reinsergo

Social do Ministrio da

Justiga

4.

Mais do que ressalvar a

importdncia

dos factos

praticados,

o que estava na baseda

escolha de uma medida era a

avaliago

da

personalidade

e das

condiges

de vida e

situago

familiar do

jovem;

os factos em si mesmos no

podiam

ser valorados seno

comosintoma de

madoptago

nOo tendo sequer deser

provados

(Gerso,

1994; Souso Santosetal,

1998).

2

Estc sistemanotem naturczacvel rclativamcntc a erianeasc

jovcns

em riseo social, ncm natureza

peiul

paramcnoresde 16anos:atc esta idadc soeonsidcrados

inimputavcis

face da lei

penal

s

podendo

ser-lhc

impostas

mcdidas tutclarcsde

protecco,

assistnciaoueducaeo(O.T.M.. I97X).

"

Faee ao modelo anienor definido

pela Organiza<~o

Tutelar de Menorcs (197K-21XX)), a Lci Tulclar

Educatvarcpresentaumavaneo

signifieativo

em termosde materia

lcgislativa

na consagraeodc

prineipios

orientadorcs quc proeuram destacar a multidimensionalidade do fenmeno da

delinquneia

juvcnil

no

respeito pclos

direitos

eonsagrados

em diferentes

convcn^es

e acordos internaeionais sobre a inancia e

ju\cntude

ratifieadosnosltimosanos

pclo

Kstado

Portugus.

4

No mbito daLei Tutclar Kducativa passaram a

dcsignar-se

por Ccntros Edueativos

permanecendo

sob a

tutela doInstitutode Reinsereo Social.

'*

Umadas

qucstdcs

mais

eomplevas

c eritieadasao

longo

dosanospor diversosauorcs(C.ersao. 199I, I99S;

Rodrigucs,

1997. 1999: Sousa Santosctal.. 199X: 1-Y.nseca. 21)00)

prcndc-se

eom ofaetodc. nombito desic

modclo

lcgislativo,

ao

jovem

mcnorde 16anosde idadc apenas

poder

screonsideradaa

suspc'ua

pela prtiea

de um factoquc faee da luz

penal

seria

qualifieado

como crime. mcsmo

quando apanhado

cm

flagrante,

unia ve/ quc a lei no

previa

a realizaco dc

julgamento

em sede

prpria

quc

asscguraria

a conscqucnte

(15)

In.Hoduro

A reviso da literatura revela a

inadequago

do modelo de

intervengo

institucional

de cariz

proteccionista

em

vigor

desde 1911 at final de 2000 no nosso

pas

argumentando-se

que a

intervengo

tutelar ter

hoje

outra razo deser em

fungo

das

profundas

transformages

ocorridas nos modos de vida e em toda a sociedade 6.

Sugere-se

que esta

inteivengo

apenas dever ser admitida nos casos em quesetenha manifestadouma

situagdo

desvianteque torne claraa

ruptura

com elementos nucleares

aa ordem

jurdica

estando actualmente definido um outro

tipo

de

respostas

que

acentua a

diferenciago

dos casos e o seu encaminhamento para vrios nveis de

intervengo

nacomunidaOeou por

parte

do Estado.

No mesmo sentido

apontaram

as ObservacesFinais

(1996)

do Comit dos Direitos da

Crianga

sobre o

primeiro

relatrio relativo

aplicago,

em

Portugal,

da

Convengo

sobre os Direitos da

Crianga,

reforgando-se

esta ideia no

segundo

relatnoda Comisso

inter-ministerial nacional

(1998).

Refere-se nestes documentos que a

aplicago

da

Organizago

Tutelar de Menores

(1978-2000)

no foi satisfatria no que diz

respeito

concesso das

garantias processuais

da

crianga

e s formas de

intervengo

relativas a

quem

suspeito

da

prdtica

facto ilcito que luz da lei

penal

seria

qualificado

como

crime e a quem se encontra apenas em

situago

de carncia de

protecco

e

assistncia social.

Assume-se que esse

tipo

de

intervengo

revestiu-se de

aspectos

positivos

no que concerne abertura das

instituiges

comunidade e na sua

intervengo

global

assente numa menor

esfigmatizago

dos

jovens

suspeitos

da

prtica

de factos ilcitos

(Gerso,

1984, 1989, 1994;

Rodrigues,

1997;

Epifnio

e Farinha.

1997).

Contudo,

a'guns

destes

aspectos

foram

conseguidos

custa da

indiferenciago

em termos da acco

desenvolvida face a menores que foram, antes de mais, vtimas nunca tendo enrraco em conflito com a Lei e

jovens

com condutas desviantes. mesmo

dolinquentes (Sousa

Santos et al,

1998).

Tal resultc. ra da sua

colocago,

em

conjunto,

nurr.a n esma

instituigo

no se

respeitando

as diferentes necessidadeseducativas

especiais

de uns e outros, acabando por ser este o

aspecto

mais

negativo

realgaOo

por diversos autores. Por outro lado, ressaltova a crescente dificuldade destas

instituiges

lidarem, no

regime

aberto em que funcionavam, com os

jovens

que

apresentavam

uma

problemtica

acentuadamente

delinquente

num

j

longo

percurso emtermos de vidc

marginal.

Sabendo-se como os mais variadosestudos realizados nacional e internacionalmente

nesta rea

(Cusson,

1989; Selosse, 1995; Sousa Santos et al., 1998; Fonseca,

2000)

tendem

proeessuais

fieandoa anlisc dc eadaeaso

sujeita

a uma e\cntual diserieionaridade por parte das entidades

ol'ieiais(Cierso. 19X9).

*

Esta linhade anlise ser maisdesenvolvida no

captulo

II dcdicado intervcnco institueional na areada

(16)

Iniroduco

a

apresentar

uma forte

associago

entre estrato social e

delinquncia

oficial

recenseada em sistemas de

justiga surgindo

os

jovens

dos mais baixos estratos sociais massivamente

sobrerrepresentaaos

nesse

tipo

de sistemas 7, a

questo

em

Portugal

assumiu foros e maior

gravidaOe

uma vez que a

prpria

lei acentuava a

vulnerabilidadesocial como critrio decisivo para a

intervengdo

menosprezando

at s ltimas

consequncias

a

possvel prtica

de factos ilcitos.

Em suma, como levantado para discusso

pelos

autores do Relatno do

Observatrio Permanente da

Justiga

Portuguesa

(1998)

sobre a

Justiga

de Menores, ao falar-se desta

juridisgo

nombito da

Organizago

Tutelar de Menores

(1978-2000)

estar-se-

perante

"itma

justi^a

desqualificada,

caracterizada por um modo de

interven^o patcrnalisui

e

institucionalizadora. sclcccionandoem

cspecial

os grupos sociais nwis vulnerveis,relathwncnte

qual

se

regista

uma

grande discrcpncia

entre aprocura

potencial

dc tutelaeatutcla

efectiva"

(Sousa

Santoset al, 1998.

p.l).

Tambm o

prprio

Ministrio da

Justiga

veio a reconhecer a crise em que se

encontrava este modelo

apontando

que a mesma advinha da

incapacidade

de

resposta

que atravessava verticalmente todo o sistema desde o nvel

legislativo

ao da

aplicago

dodireito

passando pelo

de

execugo

dasdecises

proferidas

(Ministrio

da

Justiga,

1997).

Nesta

linha,

importa

reter um outro facto que se reveste de

especial

significado:

a

considerago

que a medida de internamento, a mais grave das medidas

aplicveis

neste campo

pelo

seu carcter de

privago

de liberdade, deixou de funcionar como o ltimo recurso

passando

a ser,

praticamente.

"o "nico" recurso"

(Miranda

Pereira 8, cit. in

Cias,

1995).

Este

aspecto

resultar, em ltima anlise, da ineficcia ou inexistncia de

outros sistemasde

apoio

nacomunidade.

Face a este

enquadramento,

falar do universo de

jovens

internados nos

Colgios

do

Institutode

Reinsergo

Soeial pordeciso dos Tribunais

implica

ter

presente

c diversidade

de

situages

que sob uma mesma capa, eaum

primeiro

e

superficial

olhar, setendema

ocultar. Estando esta

populago

referenciada como uma das de maior risco aos mais

diversos nveis no desenvolvimento de

potenciais

trajectrias

de

marginalidade,

excluso(es) social(ais) e criminalidade dever a mesma, apesar das condicionantes

legais

anteriormente

apresentadas,

integrar

uma

pluralidade

de

perfis

sociais

cujos

Como sugcrc Cusson (I99X) a

proposito

do funeionamento das inslncias

judiciais

um poueo por todo o

mundo.quanto maisumacriancaou

jovcm provir

deum mcio socialcceonomicameniedesfavoiceido. mais

elevadas seroas

probabilidadcs

dc serlevadoaTribunal de Menorcsradieandoocernedesta

questo,

ainda

scgundo

mesmo autor. na natureza c cficaeia dos mecanismos dc controlo informal.

dcsignaihimcntc,

a

famlia c no olhar sclcctivo e

segregador

quc.

partida.

tende a condicionar. os agcntes das instneias dc

eontrolo formal.

N

(17)

Iiiir<>iiucii<'

pontos

comuns e

diferengas

se

impe

melhorconhecerverificando

qual

a natureza das

condutas desviantes

e/ou

delinquentes

a assinaladas.

Nesta ordem de ideias,

afigura-se

como

significativamente

pertinente

a

realizago

de uma anlise

sociogrfica

aprofundada

no levantamento dos

tragos

individuais, familiares e sociais assinalados nos seus percursos de vida que se traduza na

emergncia

da

complexidade

e

polimorfia

das

situages

e casos recenseados neste sistema, vector

fulcral para o desenvoivimento de

polticas

sociais que visem uma maior eficdcia na

prevengo

destas

situages.

Naturalmente, a vasta

abrangncia

do campo em anlise requer que se tomem

determinadas

opges

tericase

metodolgicas elegendo-se

para

objecto

desteestudo,

de entre o universo em causa, os

jovens

de ambosos sexos em

relago

aos

quais esteja

s:nc:!zada oficiolmente :

c

prtica

de actos desviantes

e/ou

delinquentes

at data da

sua

primeira

colocago

num destes

colgios.

Porque

a

problemdtica

do desvio e

delinquncia juvenis

que interessa analisarporser essaque.

partida,

deveria constituiro

cerne da

colocago

institucional no sistema de

justiga

tutelar, os casos de mera

vitimago

1G, apenas internados nestes estabelecimentos como

solugo

de ltimo recurso por no terem encontrado

resposta

noutros sistemas, no se constituem como

alvo deestudo ".

Assim, define-se como

objectivo

central desta

investigago:

identificar, analisar e

compreender

emque medida, e a que nveis,se associam factoresde ordem individual,

familiaresocial assinalados

pelos

mecanismos de controlo formal nospercursos de vidae nos contextos de

socalizago

dos

jovens

com

prtica

de actos aesviantes

e/ou

delinquentes

que se encontravam em

colocago

institucional nos catorze

Colgios

de

Acolhimento,

Educago

e

Formago

do Instituto de

Reinsergdo

Social nosltimos

quatro

mesesde

vigncia

da

Organizago

TutelardeMenores

(1978).

Por sinaiizado ofuiabnente cntende-se a cxistneia dc rcfercneia concrcta e

espccifiea

em doeumento

ofieial emanado de agcntes de mccanimos dc eontrolo formal (cntidadcs <ui

organismos

do l.stado.

dcsignadamcntc,

para efeito.s deste estudo. os Tribunais. as autoridades

polieiais

ou as

equipas

?\o Instituto

deReinsercoSocial)constantesnodossierindividualdosmcnoresafcelosaoseatorze

eolgios.

Considcram-sc neste grupo os jo\ens quc data da sua colocaeo em instituieo do sisiema de

justica

tutelar estavam apcnas refcrcnciados por sc eneontrarcm numa situaco de vitimaeo (de abandono.

negligneia

ou maus tratos de naturcza diversa) da

qual

resultou a intcr\ eueo do lsiado no havendo

qualquer

indieaco ofieial a uma eventual

prtiea

de eondutas desvianles e/ou

delinqucntes.

Como mai.s

frcntcsc ter

oportunidade

deverifieardclalhailamcnte.as

questes

dcvitimaeo

ultrapassam

de

longe.

e aos

mais divcrsos nvcis. cstc rcstrito nmero de casos atravessando todo o universoemestudo. Trata-se,

pois.

de um ponto fulcral na anlisc da>

trajeelorias daqucles

que alm dc

possveis

vtimas associam a outras

condic/>esno desenvolvimcnto deaetos

delinquentes.

i:

Decorrcnte da fase

exploratria

destadissertaco.a

abordagem

mais detalhada sobreestes easos cncontra-sc desenvolvidaemestudo intitulado "Jovcns.

dclinquncias

e

drogas:

cspa^os c

irajccirias"

aprcscntado

(18)

lnirodu{'do

De entre as malhas do desvio sdo apenas considerados para efeitos desta

investigagdo

um grupo

especfico

de entre

aqueles

que foram

j

objecto

de uma

etiquetagem jurdica

a

qual

veio a resultarna sua

colocagdo

institucional. Interessa,

pois,

atender ao facto que setrata de estudaro desvio e a

delinquncia juvenis

centrando o

olhar numa

populago

constituda somente por casos recenseados, a um daao momento. num sistema que se

apresenta

como a

ponta

da

pirmide

dos

litgios

do

aparelho judicial.

Avisdo que

aqui

se obtm

reporta-se

exclusivamente a uma

parte

da

problemtica

em causa ficando muito

longe

de a

abranger

no seu todo como o

tendem a comprovar os resultados dos mais diversos estudos realizados na

Europa

e nos Estados Unidos que

apontam

grandezas

bastante diferenciadas relativamente

delinquncia

dos

jovens

entre os 12 e os 18 anos consoante a natureza das fontes em

anlise 12

(Cusson,

1989; Queloz,

1994).

Mais ainda, tambm os resultados

apresentados

se

restringem

aoscasosanalisados levantando-se, no entanto,um

conjunto

de

pistas

que

importaria

verificar quer em

relago

a outros espagos e indivduos, quer em

relago

ao

mesmo sistema dluz denovo

quadro

legal.

Enquanto

problema

socialmente

construdo,

a

delinquncia

destaca a

condigo

de

jovem

como

etapa

de

socializagdo

que s

pode

ser

compreendida

em referncia ao

contexto em que vivida reflectindo

experincias passadas

e

presentes

na

relago

com

diversos

agentes

de

socializago,

de entre os

quais

se salientam a

famlia,

o grupo de pares,a escolaeoutras

instituiges.

Acredita-se que aque muitas coisasse

jogam

ese

colocam em causa. numa

evolugo

por vezesdemasiado

repentna

que

pode

abarcar desde a

resolugdo

saudvel e desdramatizante de um

problema,

quantas

das ocasies

frequentemente

menor,at exclusoou

estigmatizago

(Queloz, 1994).

Nesta

investigago, parte-se

da

hiptese

que o desvio e a

deiinquncia juvenis

dificilmenfe

podero

serabordadoscom baseem modelos de causalidadeassentes em

relagcs

line.'res

potencialmente

passveis

de

generalizcgc

c o-mo se de causas nicas

e

globais

se

pudesse

falar

ignorando-se

a

complexidade

da vida social. Pelo contrrio,

defende-se antes que sero o resultado da

agregago

dos maisdiversos factores para a

qual

so

susceptveis

de concorrer, a um momento e num contexto

especficos,

mltiplas

variveisde naturezaindividual, microemacrossocial.

"

Nestc mbito. e l'aec a resultados obtidos em diversas

pcsquisas.

a

delinquneia

auto-rcvclada

poder

abranger

XOa9(K.f dos

jovens:

a

delinqucneia

aparente

(partieipada

s autoridadcs

polieiais podera abrangcr

X a I09<: dos

jovcns

e a

dclinquencia

sancionada

(pelos

Tribunaisc autoridades

judiei.irias) podera abrangcr

4 a 5C" dos

jovcns

(Lc Blanc, 1997:

Queloz,

1994). Numa incsina linha, Cusson (19X9) alcrta para as

lunitaees que os cstudos ecntrados sobrc as estatisties ou sobre os sisiemas oficiais de

justiea poderuo

enccrraremsi

prprios

sc ficarem"rcfns"dc uma leitura rcdutora (juc destacaraclasse soeialcomo ainais

forte variavel na

possvcl

pretcnso

de

cxpHcaco

dodesvio c

clclinquncia juvcnis quando.

na reahdadc.

essascondutas sc cncontraro

generalizadas

a maisde90%da

populaco

juvenil.

assim que tendca ficar

apenas umapequena fracco.de modo

particular.

submetidaa umolharselcctivo por parte das instncias de

(19)

Introdit^o

Como se ter

oportunidade

de verificar no decorrer destas

pginas,

mais do que

tentar

explicar-se

esta

problemtica,

oque se vem a destacar-se oretrato dosespagos e contextos que marcam estas

trajectrias

de vida no desvendar de contornos

profundos

da sociedade

portuguesa

onde

pobreza,

excluso(es)

social(ais),

marginalidade

e desvio, ou at mesmo criminalidade,

qualquer

um destes vectores fortemente associado a uma

interacgo

familiar marcadamente

negativa

sob o

ponto

de vista da

qualidade

da

relago

afectiva entre

pais

e filhos, se constituem como os

tragos

maisrelevantes.

O desenvolvimento de um olhar atento sobre percursos de vida destes

jovens

temem

conta os

aspectos

e

limitages

estruturais que dominam a

interacgo

e as dinmicas familiares em volta das

quais

os mesmos actuam no evidenciar da sua autonomia

relativa.

Os debates desenvolvidos acerca desta temtica tm vindo a enfatizar a

ligagdo

entre influncias de ordem social e o desenvolvimento de

comportamentos juvenis

reprovados

socialmente,

designadamente,

na

relago

com consumo e/ou trfico de

substncias ilcitas

(drogas)

ou com abusos de substncias lcitas (tabaco,

lcool,

medicamentos,

colas),

emergindo

cada vezmaisaconscincia de que apenasse

possui

um viso

parcelar

e menor deste

problema, pela multiplicidade

de contextos e de

variveis aue o atravessam. A este nvel, so

significativos

os resultados obtidos por

Agra

et al.

(1997)

em estuCo realizado em 1993

junto

da

populagdo

de menoresem

regime

de

internato em estabelecimentos tutelaresda

regio

de Lisboa que sugerem a tendncia

para a

permanncia

de certos indicadores

sociogrficos

ao nvei da

caracterizago

das

dinmicas e estilos de vida familiarescom

predominncia

de famlias de baixo estatuto scio-cultural e

scio-profissional,

de

grande

dimenso,

apresentando

disfunges

em

especial

quantoqrelages

de autoridade verificando-se ainda

frequenternente situagoes

de

distupgo

familiar

(Agra

etal,

1997).

Ainda que condicionados

pelas

linhas orientadoras da

aplicago

da

Organizagdo

Tuteiar de Menores

(1978-2000)

assume,

pois,

uma extraordinria

importncia

a

interrogago

levantada por Machado Pais

(199b)

noque concerneao

questionamento

sobre

quais

osreais mecanismos de

selecgo

que

justificam

o

aparecimento

sistemtico

dos

jovens

oriundos dos estratos sociais mais desfavorecidos do ponto de vista

scio-ecnomico nas estatsicas oficiais do sistema de

justiga

tutelar de menores

podendo,

eventualmente, estar-se na presenga de processos estruturais que acentuam a

reprodugo

de

desigualdades

sociais.

Porque

as

trajectrias

individuais se inscrevem em

quaCros

sociais ma:s

abrangentes

de entre os

quais

se evidencia a famlia. esta mesma

interrogago

dever ser lida luz

(20)

Inlroducdo

constrangimentos

estruturais que as moldam e afectam a sua dinmica interna e de

relago

com o exterior,

tambm

ser verdade que, at determinado

ponto,

dispem

de uma autonomiaque Ihes

permite,

mesmo

quando

sujeitas

a

condiges

sociais

objectivas

similares,

apresentarem

modos de existir e de

resposta

s

situages

diferenciados e

particulares.

A par das

profundas

transformages

culturais e sociais ocorridas na sociedade

portuguesa

no decorrer dos ltimos anos, nomeadamente. no campo da famlia, o desenvolvimento de novas linhas de

orientago

na rea da

Sociologia

da Famlia veio

trazer a

introdugo

de novos conceitos que

implicam

leituras dinmicas da realidade social em

fungo

da diversidade das

trajectrias

sociais familiares que acabam por colocar em causa a tradicional viso funcionalista dos

papis

familiares

(Kellerhals

et

al.,

1989).

Diversamenteda

variago quantitativa

defamlias no nosso

pas,

a sua estrutura

que est fundamentalmente em causa. As fortes

alterages

verificadas no seu seio; a

variago

da sua dimenso, as novas formas de relacionamento e a sua

disperso

nos

meios urbanos so

alguns

dos factores mais influentes na

evolugo

da sociedade

portuguesa

actual

(Garcia

et al.,

2000)

e que ao

longo

destas

pginas

sero

objecto

de

particular

atengo.

Jovens, espacos,

trajectrias

e

delinquncias perspectivam

a

construgo

de diversos

caminhos de

abordagem.

quele

aqui

apresentado

no so de todo indiferente razes de ordem

pessoal

e

profissional

que se

prendem,

fundamentalmente,com o exercciode

funges

docentes durante mais de

quinze

anos num destes

colgios.

No a

juventude

de uma forma

genrica

e

abrangente

que se vai encontrar ao

longo

destas

pginas

como se dela

alguma

vez fosse

possvel

faia: sem se descer,

concreta e

especificamente,

aos

prprios jovens.

Do mesmo modo, no a

delinquncia

num sentido fechado e redutor, estritamente

sociolgico

ou meramente

iurdico,

que

emergir

nesta

pesquisa; pelo

contrrio, so

delinquncias

vrias,

partes

de

umconceito mais lato. que se

aqui

evidenciam. So percursos de vida que se tocam ou

se afastam luz da anlise dos espagos atravessados e das

trajectrias

reveladas. So

jovens

que, por entre asmalhas do desvio. se

apresentam naquilo

que delesse deram a

conhecerou que foi

possvel

aosmecanismosde controlo formalsobre osmesmossaber.

Das

limitages

decorrentes do

prprio objecto

de estudo e da natureza e dimenso

desta

pesquisa,

este

conjunto

de

opges

metolgicas

reflecte um determinado olhar

tragado

luz de

objectivos especficos

que

potenciam

uma certa

perspectiva

em

detrimento de muitas outras

possveis

como, alis, sc v

ospolhado

na

prpria

organizago

deste trabalho.

Assim, para alm desta

introdugo.

da concluso,

bibliografia

e anexos, o

presente

(21)

Introdu^uo

de trs

captulos.

Cada um destes subdivide-se em

alguns

pontos

em

fungo

da

pertinncia

das

abordagens

realizadas.

A

primeira parte,

de

enquadramento

terico e

apresentago

do modo de

investigago,

resulta, sobretudo, de uma fase de anlise documental. No

primeiro

captulo procede-se

delimitago

tericada

problemtica

do desvio e da

delinauncia

juvenis passando-se considerago

da

condigo

dainfdncia e

juventude

em

fungo

de

alguns

dos

principais

quadros

tericos. Termina-se com a

problematizago

do conceito

de

delinquncia

juvenil

partindo-se

de uma

articulago

entre olhares

sociolgicos

e

jurdico.

A existncia de um

segundo captulo,

mais

longo

do queinicialmente

previsto,

justificada

pela

necessidade de

explicitago

mais detalhada de certos

aspectos

normativo-jurdicos subjacentes

aosistema de

justiga

tutelaratfinal de 2000.

Sendo o processo de

investigago

um caminhar

longo

na

verificago

das

hipteses

quese

afiguraram

como asmais

plausveis

face ao

objecto

de estudo,a

divulgago

dos resultados reflecte, naturalmente, as escolhas

particulares

de quem leva a cabo essa

investigago

tendo-se, por isso, a conscincia que muitas outras

questes

e reflexes

potencialmente

relevantes acabam por ficar de fora. Deste modo. no terceiro

captulo

salienta-se a

fundamentago

das

opges

de carcter

metodolgico, caracterizago

das tcnicas escolhidas e

descrigo

do processo que conduziu

delimitago

do

universo destacando-seo

conjunto

de

procedimentos

deanlise

subjacentes.

A

segunda

parte

-jovens,

espagos,

trajectrias

e

delinquncias-

, numa linha de

continuidade est voltada para a

apresentago, interpretago

e discusso dos dados obtidos na

investigago emprica

sobre o desvio e

delinquncia

na

populago

dos

colgios

do Instituto de

Reinsergo

Social.

Porque

o

ponto

de vista dos

sujeitos

no

objecto

de anlise nestas

pginas,

ainda assim asua presenga manifesta-se no incio de

cada um dos

capitulos

que

compem

esta

parte

atravs da

divulgagdo

de textos

originais

de

jovens

de um dos

colgios

recolhidos informalmente em diversos momentcc no exerccioda nossa actividade

profissional.

A sua incluso nada mais

pretende

doque manter viva a necessidade de

enquadrar

a leitura destes dados tendo em atenco a existnciade umoutrooihar. tantas dasvezes

esquecido

ou

menosprezado

socialmente.

Estes trs

captulos

so dedicados ao

aprofundamento

e

problematizagdo

dos dados

relativosa diferentes vectores de

caracterizago

e anlise de entre os

quais,

nosendo,

de modo

algum.

estanques entre si, dois merecem uma

particular

atengo:

o grupo

domsticoe as condutas desviantes e

prtica

de factos ilcitos. Deste processo resulta o

tragar

de um

quadro

global

de anlise que mais do que trazer

respostas

acerco da

problemtica

em estudo se revela como fonte de

mltiplas

interrogages

no

questionamento

sobre as

condiges

de vida que, ainda

hoje,

assinalam a

condigo

(22)

PARTE

I

ENQUADRAMENTO

TERICO

E

(23)

SocicdadeeDesvio:a DclimiunciaJuvenii.

I

-

SOCIEDADE

E

DESVIO:

A

DEUNQUNCIA

JUVENIL

1.1. - Em torno do desvio: que leitura(s)

possvel(is)

para este conceito?

"Saa com a minha mee

perguntava-ihe:

o qitc c isio. o qite

aquilo'!

h cla

respondia

isto

umapedra, aquilo

tun

pcssaro.

Era verdade e no era verdade.

Porquc

uma

pcdra

cra scmprc

qualqucr

coisa

diferente

e o

pssaro

erapequenoecastanhoou

grande

epreto, de bico amarelo.

Tinha de haver uma ordem cpara isso cra

prcciso

perguntaros nomes. Entdo

voltavaaperguniar:oque isto.oquea

quiloT'

(Tamaro,

1997,

p.48)'3

O estudo do

comportamento

que se

designa

como desviante tem vindo a constitur.

desde o sculo XIX, um campo de trabalho aliciante edesafiante para os

investigadores

sociais. Oconceito de desvio,

enquanto

fenmeno

complexo

de natureza social, remete para um

abrangente

campo de anlise definido

pelas

interacges

estabelecidas entre indivduos, sociedades, e os sistemas de normas que tendem a

enquadrar

e orientar a

acgo

dos diversos actores sociais num determinado contexto

(Becker,

1963, p. 9; Cohen, 1971, p. 14;Giddens, 1997, p.

172).

Na

perspectiva

de vdrios autores

(Cusson,

1995;

Agra

e Matos. 1997) est-se

perante

um conceito

transdisciplinar

que

permite

encontrar racionalidade em

objectos

sociais

aparentemente

to

dspares

como o crime, a sexualidade, a

droga,

a

doenga

ou a morte entre outros 1J, Para que tal

seja

possvel

requere-se uma

atengo

especial

variabilidade da

percepgo

de norma e de desvio de sociedade para sociedade, de

poca

para

poca

colocando-se, assim, em relevo a

pertinncia

de se circunscrever

claramentea

problemtica

queseconstitui como

objecto

de estudo numa

pesquisa.

Interessando,de modo

particular

nesteestudo, odesvio sob a forma de

delinquncia,

parte-se

daideia que centro de um sistema socia! tudoseencontra

organizado

em torno

de

instituiges

cujas

funges objectivam

a

manutengdo

da estrutura social. Se se

';

InT'amaro. Susanna(1997).Parauma vozso. 2"cdico. Lisboa: Ed.Prescnca.

u

Numa

primcira aproximaco

sob uma

perspeetiva

soeiolgica.

Cusson (1995)

propc

uma classificaeo

quccnilobi sete

eategorias

de acordo com a naturcza do

prprio

dcsvio: os erimes e delitos. o suiedio. o

ahuso ila

droga.

as

transgrcsses

sc.xuais. os desvios

religiosos.

as docncas mentais e os

handicaps

tsieos.

Questionando-se

sobre a

oportunidade

de incluir nodesvio fenmcnos to diferentes como oerime ou um

handieap

l'sico(atitulo de

exemplo

asurdez),csteautor alertaparaanecessidadedc sc atendcr existcneia

de "uina

gradu^o

nouniverso dodesvio que vai dcsdc o dcsvio

pcrfciiarncnio

vountrioaoinvolunrdrio"

(idem.

p.359).

Fundamentandoasuaanlise nos trahalhos dc Mcrton(1971). Moseovici(1976)e Montanino e Sasiirin

(1976).

Cusson (1995. p. 380) eondcnsa cssas

categorias

inieiaisem apenas quatroquc variam

cntrco mcnosc o mais voluntrio: osdeficicntes(saicm do domimo daaeco voluntaria),os indivduoscom

pcrturhaccs

de eomportamento (situacesintcrmdiasem que o careter voluntrio doaeto no cxeluido

mas tamhem no accite). os trangressorcs e os desviantcs sub-culturais. Scndo estas duas ultimas

catcgorias

as mais estudadas cm

Sociologia.

o

prprio

autor rceonheec quc no oportuno incluir os

Referências

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