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FACULDADES INTEGRADAS ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO

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FACULDADES INTEGRADAS

“ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO”

FACULDADE DE DIREITO DE PRESIDENTE PRUDENTE

A ANÁLISE CRIMINOLÓGICA E A IMPUTABILIDADE DOS ASSASSINOS EM SÉRIE

Bruna Toniolo Moura

Presidente Prudente/SP

2010

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FACULDADES INTEGRADAS

“ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO”

FACULDADE DE DIREITO DE PRESIDENTE PRUDENTE

A ANÁLISE CRIMINOLÓGICA E A IMPUTABILIDADE DOS ASSASSINOS EM SÉRIE

Bruna Toniolo Moura

Monografia apresentada como requisito parcial de Conclusão de Curso para obtenção do Grau de Bacharel em Direito, sob a orientação da professora Fabiana Tamaoki

Presidente Prudente/SP

2010

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A ANÁLISE CRIMINOLÓGICA E A IMPUTABILIDADE DOS ASSASSINOS EM SÉRIE

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Direito.

________________________________

Profª. Fabiana Tamaoki

________________________________

Prof°. Mário Coimbra

________________________________

Dr. Ricardo Cangussu de Lima

Presidente Prudente, 04 de novembro de 2010

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O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

Fernando Pessoa

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre ao meu lado, guiando o meu caminho, me iluminando, me protegendo e me proporcionando toda força de que

necessito.

Agradeço a minha família, por estar sempre me apoiando em todos os momentos, me dando forças, entusiasmo e por me proporcionar tudo o que hoje sou.

Agradeço aos meus avós pela força, confiança e por sempre acreditarem em mim.

Agradeço a Fabiana Tamaoki por ter me concedido a honra de ser sua orientanda, por toda sua dedicação, competência e sabedoria que me proporcionou durante este

trabalho, auxiliando em sua conclusão.

Agradeço ao Doutor Ricardo e ao Professor Mário Coimbra por terem aceitado o meu convite, sendo uma honra a presença deles em minha apresentação.

Agradeço por fim a todos os meus amigos e companheiros que compartilharam comigo esse anos maravilhosos.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo o estudo do assassino em série, aquele criminoso perigoso que comete vários delitos durante um lapso temporal. Para tal, foram utilizadas as definições acerca da criminologia, pois esse tipo de assassino é um capítulo a parte dessa matéria, bem como as definições desses agentes, os diferenciando dos assassinos comuns, devido a sua forma de atuar e de se comportar, analisando o perfil deles, o seu comportamento perante a sociedade e a frieza com que cometem seus crimes. O trabalho apresentou a classificação desses criminosos, de acordo com o seu modo de ser e agir; trouxe uma abordagem sobre algumas doenças mentais para analisar a questão da imputabilidade dos agentes portadores dessas enfermidades, a fim de mostrar que os serial killers podem ser portadores dessas doenças, mas que nem sempre são enfermos, bem como trouxe o estudo das personalidades psicopáticas, analisando sua definição, características e classificação, para que também seja feita sua diferenciação dos assassinos em série, uma vez que, embora haja uma semelhança, nem todo psicopata é serial killer e nem todo serial killer é psicopata. O principal aspecto do trabalho foi desenvolver um estudo sobre a imputabilidade, verificando com isso a sanção penal a ser aplicada a esses indivíduos. Por derradeiro, foi explanado a respeito da possibilidade desses indivíduos terem uma ressocialização. O método desenvolvido para a realização do trabalho foi o dedutivo, utilizando pesquisa em materiais bibliográficos, análise e comparação de doutrinas referentes ao tema, artigos da internet e obras que tratam de assuntos correlatos.

Palavras-chave: Criminologia. Assassino em série. Serial Killer. Personalidade Psicopática. Imputabilidade. Ressocialização.

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ABSTRACT

This paper has as objective to study the serial killer, a dangerous criminal who commits several crimes during a temporary lapse. For these purposes, had been used the definitions of criminology, because this type of killer is a chapter apart of this matter, as well as the definitions of these agents, differing them from the common killers due to their way of acting and behaving, analyzing their profile, their attitude towards society and the coolness with which they commit their crimes. The work presented the classification of criminals according to their way of being and acting; it brought an approach on some mental illnesses to consider the issue of accountability of agents carriers of these diseases in order to show that serial killers can be carriers of these diseases, but they are not always sick, and it brought too the study of psychopathic personalities, examining its definition, characteristics and classification, to distinguish them from the serial killers, although there is a similarity not all psychopathic is a serial killer and not every serial killer is a psychopath. The main aspect of this work was to develop a study on liability by checking it with the penalty to be applied to these individuals. For last, it was explained about the possibility of these individuals have a social rehabilitation. The method developed for the performance of the work was deductive, using bibliographic materials research, analysis and comparison of doctrines on the subject, internet articles and works that deal with related issues.

Keywords: Criminology. Serial killer. Psychopathic personality. Liability. Social rehabilitation.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

FBI – Federal Bureau of Investigation (“Escritório Federal de Investigação”).

PHD

Philosophy Doctor.

DSM-IV-TR – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4° Edição, Texto Revisado.

CID-10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e

Problemas Relacionados com a Saúde, 10ª Edição.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...09

2 CRIMINOLOGIA………...11

2.1 Definição…...12

2.2 Assassinos em série...13

2.2.1 Definição...13

2.2.2 Características...16

2.2.3 Classificação...18

3 TRANSTORNOS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO…...21

3.1 Esquizofrenia...23

3.2 Psicose maníaco-depressiva...27

3.3 Paranóia...30

3.4 Personalidades psicopáticas...32

3.4.1 Definições...32

3.4.2 Características...35

3.4.3 Classificações...37

3.4.4 Aplicação jurídica...39

4 CAPACIDADE DE ENTENDIMENTO E AUTODETERMINAÇÃO...42

4.1 Imputabilidade...42

4.2 Inimputabilidade...46

4.3 Semi-imputabilidade...48

4.4 Medida de segurança...50

4.5 Aplicação legal dos assassinos em série...53

4.6 Ressociabilidade...55

5 CONCLUSÃO...57

BIBLIOGRAFIA...59

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como escopo tratar dos denominados assassinos em série, sendo de grande importância seu estudo, uma vez que eles estão em abundância em nossa sociedade e também devido a grande periculosidade que apresentam ao mundo.

O primeiro capítulo trouxe a definição sobre criminologia, que é uma ciência que trata do crime, do delinqüente, da vítima e do controle social dos delitos e um capítulo à parte da criminologia trata exatamente dos assassinos em série.

Desenvolveu-se o estudo desses assassinos, fazendo uma análise de seu comportamento, explanando acerca de sua definição, suas características específicas que os diferenciam dos assassinos em comum e sua classificação, pois esses indivíduos seguem um modo de operar seus crimes e dependendo da forma recebem uma classificação.

No segundo capítulo foram abordadas algumas doenças mentais, uma vez que os assassinos em série podem ser portadores delas e em assim sendo sua aplicação jurídica sofre uma modificação. Ainda foi feito um estudo acerca das personalidades psicopáticas, pois muitas vezes estas se confundem com o serial killer, ficando demonstrada a diferença existente entre os termos e ainda a aplicação legal que esses psicopatas apresentam.

O enfoque principal do trabalho foi apresentado no terceiro capítulo, em que se fez um estudo sobre a imputabilidade, ou seja, sobre a capacidade de entendimento da ilicitude do fato e do desenvolvimento segundo esse entendimento.

Foi trazida a questão da imputabilidade, da semi-imputabilidade e a inimputabilidade, explicando cada uma delas, para se entender melhor a aplicação jurídica do assassino em série, pois este pode cumprir pena, ficar isento dela ou ainda ficar sujeito à medida de segurança, dependendo do caso concreto.

Por fim, fez-se uma verificação quanto a ressociabilidade dos serial killers, se seriam eles capazes de se “curar” ou não, sendo este assunto muito

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questionado e de grande polêmica, uma vez que se tratam de assassinos com ausência de qualquer sentimento.

A escolha do tema foi devido à polêmica apresentada pelo assunto, à importância em conhecer e entender melhor esses criminosos que estão em nosso meio, ficando demonstrada a dificuldade, não em identificar esses agentes, mas em auxiliar a justiça sobre qual lugar adequado para eles e a maneira como tratá-los, haja vista serem indivíduos com elevada probabilidade de reincidência criminal.

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2 CRIMINOLOGIA

O criminoso chamado de assassino em série, é aquele que mata um considerável número de vítimas durante certo período de tempo, com um intervalo entre eles, podendo ser de dias, meses ou anos (Ilana Casoy, 2002, p.16).

Serial Killer é o termo mais usado para esses agentes e, de acordo com a autora Ilana Casoy (2002, p.15), foi usado primeiramente pelo agente aposentado do FBI e estudioso do assunto, Robert Ressler, nos anos 70.

Segundo Genival Veloso França (1998, p.358) esses assassinos têm uma personalidade psicopática e não uma personalidade doente ou patológica, podendo então denominá-la de personalidade anormal, pois sua inteligência é normal, ou até mesmo elevada, mas seu caráter é distorcido, apresentando assim, uma perturbação.

Storring, apud Genival Veloso França (1998, p.358), trouxe para a personalidade desses criminosos a seguinte definição:

Aquelas personalidades em que os desvios da vida instintiva, dos sentimentos, dos afetos e da vontade são tão intensos, que chegam a dissolver a estrutura do caráter e da personalidade, sua ordem interior, firmeza, unidade e totalidade.

Esses agentes são encontrados em abundância na nossa sociedade, e seu estudo é de grande importância, uma vez que sua identificação é dificultosa e apresentam periculosidade à sociedade.

O número desses criminosos vem crescendo cada vez mais pelo mundo a fora, principalmente nos Estados Unidos da América. O Brasil também tem demonstrado vários casos envolvendo os assassinos em série, sendo de grande preocupação para a sociedade esse aumento, pois ela está desprotegida contra o ataque desses indivíduos (Ballone GJ, s.d, s.p).

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Assim sendo, o estudo do “serial killer” é fundamental, visto que são pessoas com capacidade de discernimento e que cometem o crime para a satisfação de suas vontades, calculando cada passo durante a consumação do delito.

2.1 Definição

Segundo os autores Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes na obra “Criminologia” (2002, p.39) cabe definir a criminologia como:

Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplando este como problema individual e como problema social – assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinqüente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito.

Então, ainda de acordo com os autores supra citados García-Pablos de Molina e Gomes (2002), a criminologia é uma ciência empírica, pois está ligada a análise dos fatos e da prática, e interdisciplinar, formada por uma série de ciências e disciplinas, tais como a sociologia, a psicotalogia, a biologia, direito, filosofia, antropologia, entre outras. Destina-se ao estudo do crime, do delinqüente, da vítima, do controle social da conduta delitiva, da criminalidade e de suas causas, assim como da personalidade do agente criminoso e da maneira de ressocializá-lo, sendo ela assim, um estudo do crime.

Na Obra “Introdução à Criminologia”, Alfonso Serrano Maíllo (2007, p.21) traz o conceito de criminologia segundo a concepção clássica de Sutherland:

“É o conjunto de conhecimentos sobre o delito como fenômeno social. Inclui em seu âmbito os processos de elaboração das leis, de infração das leis e de reação à infração das leis”.

De acordo com o professor José Ricardo Rocha Bandeira (2008, s.p), especialista em psicanálise e criminologia forense, o estudo da criminologia iniciou-

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se com a publicação da obra de Cesare Lombroso chamada "L'Uomo Delinquente", em 1876, onde sua tese se baseava na figura do delinquente nato. Para Lombroso, o problema da delinqüência está no próprio delinqüente e não no meio social. Já, de acordo com Rousseau, a criminologia busca a delinqüência do agente no meio social, pois para ele grande parte da personalidade do individuo é produto do meio.

Por fim, ainda segundo o autor acima citado (2008, s.p), a criminologia tem como finalidade analisar a personalidade e a conduta do agente criminoso, bem como buscar uma maneira adequada de punição para esses indivíduos. Ela busca identificar as causas que levaram o agente ao fato delituoso, auxiliando na ressocialização do delinquente e na prevenção da criminalidade.

Um capítulo a parte do estudo da criminologia se destina aos assassinos em série, sendo este assunto de grande importância, pois esses agentes causam à sociedade um risco, sendo necessário um cuidado adicional no sentido de se considerar os sentimentos do público.

2.2 Assassino em Série

2.2.1 Definição

Segundo a autora Ilana Casoy, na sua obra “Serial Killer: Louco ou Cruel?” (2002), trata-se de assassino em série o sujeito que comete vários homicídios durante um período de tempo, com um lapso temporal entre cada um deles, podendo ser de dias, meses e até mesmo anos. São agentes que possuem um perfil psicopatológico, cometem esses crimes com certa freqüência, seguindo um modo de operação, ou seja, um “modus operandi”, tendo o mesmo modo de executá-los. Geralmente deixam sua marca na cena do crime, como uma assinatura, para uma possível identificação.

A diferença desses assassinos dos assassinos em massa está justamente no fato do lapso temporal existente entre um delito e outro, pois os assassinos em massa matam suas vítimas de uma só vez e sem se preocupar com

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as características destas e procura dirigir suas condutas para o grupo que foi por ele oprimido, rejeitado e ameaçado supostamente (Ballone GJ, s.d, s.p).

A maioria desses agentes são cidadãos respeitáveis e ativos no meio social em que vivem, são muito inteligentes e induzem as suas vítimas com facilidade, pois são atraentes e com uma grande capacidade de mentir, levando as vítimas a acreditarem no que dizem, para que assim, configurem seus delitos (Ilana Casoy, 2002).

Essa definição possui uma discussão acerca da quantidade de vítimas do indivíduo, para que assim, seja ele considerado um assassino em série. De acordo com a autora Ilana Casoy (2002, p.16), alguns estudiosos dizem ser necessária a morte de pelo menos duas pessoas, sendo este considerado um serial killer, já para outros, para que o sujeito seja assim considerado é preciso ter no mínimo quatro vítimas. Mas é evidente que a quantidade de vítimas não é um ponto relevante para diferenciá-los dos assassinos em comum. O que os diferencia dos demais é a maneira que cometem os delitos e o motivo para sua configuração.

As vítimas são escolhidas ao acaso, são eleitas cuidadosamente, não são conhecidas do assassino e elas nada fazem para que sejam mortas, sendo tratadas como um objeto. Geralmente, esse tipo de assassino, opta por vítimas do sexo feminino e de menor porte físico, isso para a facilitação na consumação do ato a ser praticado (Ilana Casoy, 2002, p.17).

Esses assassinos matam por prazer, sentem vontade em cometer assassinatos, se alimentam do controle e poder que exercem sobre a vítima.

Costumam ser indivíduos sádicos por natureza, que praticam a tortura para satisfazer os seus prazeres perversos. Assim sendo, trata-se de agentes que se sentem bem ao fazer um mal ao próximo.

Ainda, conforme a autora acima citada (Ilana Casoy, 2002), o motivo do crime praticado pelo assassino em série não faz sentido para ele mesmo. Essa seqüência de delitos faz parte de um círculo vicioso, que só termina quando o agente é preso ou morto. Uma evidência apontada por esses assassinos é que eles, depois de cometerem o assassinato, ou seja, depois que a vítima morre, ele volta ao abandono de sua fúria e ódio, misteriosos, por si mesmo.

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Conforme expõe o Doutor Joel Norris, Phd em Psicologia e escritor apud Ilana Casoy (2002, p.17), o assassino em série tem seus ciclos, que são divididos em seis fases:

1- Fase Áurea, que é aquela onde começa, para o assassino, a perda da realidade em que vive;

2- Fase da Pesca, que é quando o assassino vai à busca da vítima, fazendo uma seleção, para assim elegê-la;

3- Fase Galanteadora, que é aquela onde o assassino induz a vítima, seduzindo-a e enganando-a;

4- Fase da captura, é aquela quando a vítima é capturada, cai na armação feita para sua captura;

5- Fase do assassinato ou totem, é o momento auge para o assassino, é o clímax de suas emoções;

6- Fase da depressão, que ocorre depois que a vítima é morta.

A definição dada pelo Instituto Nacional de Justiça a respeito do tema, publicada em 1988 apud Michael Newton (2005) retratava o seguinte:

Uma série de dois ou mais assassinatos cometidos como eventos separados, normalmente, mas nem sempre, por um infrator atuando isolado. Os crimes podem ocorrer durante um período de tempo que varia desde horas até anos. Quase sempre o motivo é psicológico, e o comportamento do infrator e a evidencia física observada nas cenas dos crimes refletiram nuanças sádicas e sexuais.

O grande obstáculo para definição desses assassinos é que pessoas precisam morrer para que ele seja assim definido.

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2.2.2 Características

De acordo com o site Psiqweb (s.d, s.p), o perfil de um assassino em série não é absoluto, mas geralmente são homens jovens ou de meia idade, de raça branca e na maioria das vezes, suas vítimas são mulheres. São cidadãos respeitáveis na sociedade, atraentes, bem sucedidos e muito inteligentes, isso acaba seduzindo a vítima, que não acredita ser essa pessoa um assassino e certamente não acha que está se colocando em uma situação de risco, pois esses assassinos criam uma personalidade para se comportar no meio social.

O verniz social dessas pessoas é perfeito, sofisticado e construído habilmente, desenvolvendo uma personalidade para o contato com o próximo, apresentando uma dissociação de seu comportamento assassino. Esse controle de seu comportamento, perante as outras pessoas, mostra que eles sabem que seus atos são oprimidos pela sociedade e esse motivo apresenta a capacidade que eles têm de discernir entre o errado e o certo (Ilana Casoy, 2002, p.19 a 22).

Segundo Casoy (2002, p.18), os aspectos psicológicos assemelham esses assassinos em série, pois suas condutas são bem parecidas e seu passado traz algo em comum, analisando, principalmente, a infância desse assassino.

Ainda de acordo com a escritora e estudiosa do assunto supra citada (2002), o histórico da infância do assassino em série parece sempre trazer a chamada “terrível tríade” ou conhecida como “Tríade MacDonald”: enurese, que é a incontinência urinária sem conhecimento, inconsciente, nem idade avançada; a destruição de propriedade e mania de atear fogo, que é a piromania; e o abuso sádico de outras crianças e até mesmo de animais. Esses criminosos ainda apresentam outras características comuns na infância, como por exemplo, baixa auto-estima, masturbação compulsiva, pesadelos constantes, dores de cabeça constantes, problemas alimentares, automutilações, devaneios noturnos, isolamento social e familiar, entre outras, todas relatadas pelos próprios assassinos.

A grande maioria desses agentes criminosos sofreu também, abusos sexuais, emocionais e físicos na infância, ou também aqueles relacionados ao

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abandono ou negligência, mas muitas vezes crianças que cresceram com essas formas de abuso não se tornaram criminosos violentos.

O caráter de um indivíduo depende muito das habilidades adquiridas pelos seus pais, sendo essencial cuidar do emocional das crianças, lhes proporcionando auto-estima, inteligência, capacidade de empatia, para que ela aprenda a controlar seus impulsos, a resolver seus problemas e saber administrar a sua raiva, podendo conviver com a sociedade, sem que traga problemas (Ilana Casoy, 2002, p.26).

Os crimes praticados por esses agentes são fantasias que eles criam, sendo a vítima um objeto e não uma parceira para essa realização. Faz parte da característica desses sujeitos o fato de eles repetirem e reencenarem os atos violentos para alimentar a sua fantasia e satisfazer o seu prazer sexual, sendo um exercício mental o criminoso relembrar o crime que cometeu (Ilana Casoy, 2002, p.17).

Todos os comportamentos acima descritos possuem uma semelhança, que é o seu agravamento com o tempo. Os atos e as fantasias se tornam mais violentos ainda e os atos sádicos ficam cada vez mais cruéis.

Segundo o site Psiqweb (s.d, s.p), a maior parte dos assassinos em série é diagnosticada como portadora do Transtorno de personalidade anti-social, tendo como características a amoralidade, a incorrigibilidade, a ausência de sentimentos de afeto, a impulsividade, o comportamento fantasioso e o não sentimento de compaixão por outras pessoas.

Devido à natureza psicopata que alguns possuem, eles não sabem como se relacionar com outras pessoas, mas acabam aprendendo, observando os outros comportamentos e isso o ajudará a capturar a vítima. São, normalmente, ótimos atores e possuem a aparência de pessoas normais, dificultando o conhecimento do risco que eles apresentam no meio social (Ilana Casoy, 2002).

Por fim, cabe ressaltar que esses assassinos seriais quando são capturados, negam que cometeram os crimes a eles imputados, se considerando inocente perante a autoridade. Mesmo com a presença de provas materiais os incriminando, ou seja, com a existência de fotos deles com as vítimas ou objetos das vítimas encontrados com ele ou qualquer outra prova irrefutável, negam terem

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praticado o fato criminoso. Ou ainda, quando são pegos, podem assumir que cometeram os delitos, mas alegam à insanidade ou doenças mentais, isso para que sejam afastados da responsabilidade penal (Ilana Casoy, 2002, p.21).

2.2.3 Classificação

De acordo com a doutrina de Ilana Casoy (2002, p.16), em sua obra

“Serial Killer: Louco ou Cruel?”, os assassinos em série são divididos em quatro tipos. Sendo eles:

- Visionário: é aquele sujeito psicótico, totalmente insano, que escuta vozes de dentro da sua cabeça e segue o que elas falam, e ainda podem ter alucinações.

- Missionário: não se demonstra uma pessoa psicótica perante a sociedade, mas psicologicamente ele sente a necessidade de exterminar certo grupo social, como forma de livrar o mundo daquilo que pra ele é julgado como indigno ou imoral.

- Emotivos: esse indivíduo é aquele que sente prazer em matar, utilizando de métodos sádicos, torturando suas vítimas, matam simplesmente por matar, como uma maneira de se divertir.

- Libertinos: são aqueles assassinos que matam buscando um prazer sexual, são os chamados assassinos sexuais. O seu prazer está ligado proporcionalmente ao sofrimento da vítima, a tortura empregada nela.

De acordo com Shanna Freeman (s.d, s.p), há duas formas de classificar os assassinos em série. Uma dessas formas é baseada no motivo e a outra baseada nos padrões sociais e organizacionais.

A baseada no motivo é chamada de tipologia de Holmes, devido a Ronald M. e Stephen T. Holmes, escritor de várias obras abordando esse assunto.

Para ele, nem todos os assassinos em série são classificados em um tipo só, muitos

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deles podem apresentar características de mais de um tipo e nenhuma classificação existente é capaz de explicar o que leva alguém a se tornar um assassino serial.

De acordo com o artigo supra citado (s.d, s.p), uma crítica apontada à tipologia Holmes é que essa classificação desses criminosos não é baseada em dados suficientes e sim em dados obtidos em entrevistas ou por meio de uma observação casual. Apesar da crítica esse método é bem útil para o estudo desses agentes.

Para os adeptos dessa tipologia, os assassinos em série podem se concentrar tanto no ato, ou seja, o ato em si é o matar aqui se encontra os visionários e os missionários; como se concentrar no processo, sentindo prazer no matar lentamente a vítimas, a fim de torturá-la. Nesse último grupo estão os assassinos sexuais, assassinos que buscam o poder e assassinos que tiram proveito (Shanna Freeman, s.d, s.p).

Cabe ainda apresentar a classificação dos assassinos em série de acordo com as habilidades sociais e organizacionais. Segundo a escritora Ilana Casoy (2002, p.39 a 41) esses assassinos são divididos em organizados e desorganizados, baseados na cena do crime.

O assassino tipo organizado é aquele que possui um ótimo relacionamento com a sociedade, conseguem se adequar a ela, e com isso apresentam uma vantagem, conseguindo assim, seduzir a sua vítima com confiança e segurança. Exibe um grande grau de inteligência e planejam os seus crimes com muito cuidado, se atentando aos detalhes, mantendo, com isso, um controle sobre o cenário criminoso. Esse indivíduo ainda, possui um conhecimento na área da ciência forense e por isso consegue não deixar rastros na cena do ato delituoso, dificultando a investigação do crime. Muitas vezes ele se orgulha do ato que praticou, como se não passasse de um projeto feito por ele. Por fim, esse assassino acompanha os delitos que cometeu pela mídia, de uma maneira cuidadosa (Ilana Casoy, 2002, p.39 a 41).

O assassino enquadrado no tipo desorganizado possui as seguintes características: são impulsivos, reclusos, introvertidos, se reprimem de qualquer tentativa de contato com as outras pessoas, costumam ter poucos amigos, são de pouca inteligência e movidos pela emoção e pela ansiedade. Podem apresentar um

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histórico de problemas mentais e com hábitos e personalidade assustadores e excêntricos. Ele não planeja seu crime e nem se preocupa em encobrir os rastros dele, muitas vezes até costuma deixar a arma do crime e a vítima no local do delito.

Adota ritos para a configuração de seus atos, como a necrofilia, que é o contato sexual com cadáveres, canibalismo, abuso sexual e mutilações. Procura sua vítima quando surge uma oportunidade, a escolhendo aleatoriamente, não seguindo um padrão para selecioná-la. O assassino tem pouca consciência do crime que cometeu, pode até chegar a bloquear da memória os assassinatos (Ilana Casoy, 2002, p.39 a 41).

Por fim, os crimes que não aparecem nos registros disponíveis ou quando é modificado tecnicamente pelo criminoso são classificados como atípicos e tanto a polícia quanto a perícia tem que levar em conta outros aspectos para a resolução do caso ou a associação do delito a um assassino em série, conforme dispõe Shanna Freeman (s.d, s.p).

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3 TRANSTORNOS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO

De acordo com Genival Veloso França (1998, p.354) a normalidade psíquica não é um termo fácil de conceituar, por ser ela relativa, ligada a fatores culturais, sociais e estatísticos, não sendo ela apresentada apenas pela ausência de enfermidade mental.

Nerio Rojas apud França (1998, p.355), traz a definição da chamada doença mental:

Um transtorno geral e persistente das funções psíquicas, cujo caráter patológico é ignorado ou mal compreendido pelo paciente e que impede a adaptação lógica e ativa às normas do meio ambiente, sem proveito para si nem para a sociedade.

Seguir um modelo médico da normalidade é inadequado e inaceitável, visto que traria que todas as pessoas possuiriam enfermidade mental, sendo que muitas delas passam apenas por problemas existenciais, que se reparam com a modificação de pensamentos, sentimentos, modo de agir e através da adaptação (França, 1998, p. 355).

Cabe ressaltar que a expressão “doença mental” não retrata realmente o que se pretende atingir, pois esta é sinônimo de enfermidade da mente. O problema está exatamente no sinônimo dessa expressão, uma vez que a mente não é uma parte do corpo humano, e sim, uma função, e também não sendo a mente algo material, não se admite uma doença. A referida expressão também não poderia ser entendida como uma doença no cérebro, pois isto significa um tumor, uma esclerose múltipla, e o paciente apresentando doenças nas enfermidades chamadas mentais deve ser transferido para áreas especializadas nos seus casos. Este é o entendimento trazido pelo psiquiatra norte americano Faller Torrey apud França (1998, p.355). Assim sendo, a tendência atual é utilizar a expressão “transtorno mental”, ao invés de doença mental.

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O Psiquiatra norte americano acima citado (1998, p.355) ainda diz: “Na verdade, a mente não pode adoecer, assim como o intelecto não pode ter um abscesso. Doença é algo que a gente tem; como comportamento é algo que a gente faz”.

Genival Veloso França (1998, p.355) traz o conceito clássico sobre a Psiquiatria Médico Legal:

É a ciência que visualiza o indivíduo em suas estruturas psicocaracterológicas, nas suas manifestações anti-sociais, não se limitando só ao aspecto do diagnóstico e do assessoramento do direito, mas ampliando-se como uma ciência do comportamento, e que procura desvendar os fatos obscuros da mente e as razões implicativas da criminogênese, além de avaliar os limites da capacidade civil de cada um;

uma Psiquiatria que procura fugir do aspecto legista, formal e penal, transcendendo ao preventivo e ao reconstrutor da reabilitação social, cuja tendência não seja a preocupação de aplicar um diagnóstico psiquiátrico a toda conduta anormal, de forma indiscriminada.

Por fim, fica claro que demonstrar o conceito de normalidade e de enfermidade mental não é uma tarefa fácil, pois, de acordo com Antonio García- Pablos de Molina e Luiz Flavio Gomes (2002, p.263) essas noções de saúde e de normalidade mental são conflitantes tanto no campo da medicina somática como também na Psiquiatria, pois os limites existentes entre a enfermidade e a saúde, a anormalidade e a normalidade, são bem relativos, dispostos a mudanças e ligados as circunstâncias.

Ainda de acordo com os autores acima citados (2002, p.263) a psiquiatria é uma especialidade médica que vai se ocupar das alterações, anomalias ou transtornos mentais, tais como esquizofrenia, paranóia, psicose maníaco depressiva, retardamento mental, neurose, transtornos da personalidade e etc.

De acordo com França (1998, p. 355) a esquizofrenia, a psicose maníaco-depressiva, a paranóia e as personalidades psicopáticas são as síndromes mais comuns de transtornos mentais e de comportamento.

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3.1 Esquizofrenia

Segundo Genival Veloso França (1998, p.355) a esquizofrenia é uma psicose endógena, sendo a mais freqüente das psicoses, uma vez que, das populações manicomiais cerca de 50 por cento são esquizofrênicas. É ela a doença mental por excelência, não se sabendo ao certo se é uma síndrome, uma entidade clínica ou um modo existencial.

De acordo com Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes (2002, p.280):

A esquizofrenia incapacita o sujeito para valorar a realidade bem como para governar retamente sua própria conduta, já que implica um leque de disfunções cognoscitivas e emocionais que podem afetar a percepção, o pensamento inferencial, a linguagem e a comunicação, a organização comportamental, a afetividade, a fluidez e produtividade do pensamento assim como a fala, a capacidade hedônica, a vontade, a motivação e a atenção, com inexorável deteriorização de sua atividade laboral e social.

A esquizofrenia incide igualmente nos homens e nas mulheres, surgindo, na maioria das vezes, entre os 15 e 25 anos (França, 2002, p.355).

O seu surgimento se dá quando o indivíduo passa a perder o contato com a realidade, produzindo uma transformação que o impede de estabelecer um juízo certo a respeito das coisas da realidade, bem como o rompimento de sua biografia, de sua identidade, o transformando em um ser diferente na sua essência (García - Pablos de Molina e Gomes, 2002, p.280).

O início da esquizofrenia pode ser observado quando a pessoa começa a apresentar alterações de humor, do afeto, do caráter, hostilidade aos familiares, apatia, diminuição da atividade genérica, tristeza e diminuição dos interesses vitais, outras pessoas apresentam ainda alucinações, delírios, sentimento de despersonalização, delírios de perseguição e auto-acusatórios (França, 1998, p.355).

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Segundo Antonio Garcia, Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes (2002, p.280) a pessoa que apresenta a esquizofrenia sente que seus pensamentos, suas ideias, seus sentimentos não lhe pertencem, não sendo mais próprio, passando a ser governado por alguém que os controla e manda. E ainda:

Pensamentos e idéias delirantes, percepções alucinatórias, perda do sentido do Eu, da própria identidade, diminuição ou perda da capacidade volitiva, alterações da afetividade (desapego, ambivalência, embotamento, indiferença e frieza etc.), transtornos do sistema lógico (pensamento paralógico, simbólico e sincrético, rigidez e perseverança do pensamento) e do sistema verbal, retratação e ruptura com a realidade, o mundo externo (autismo), alterações psicomotrizes (catatonia) e inclusive atitudes e gestos extravagantes (manierismo) formam parte do mundo do esquizofrênico, o qual vive em solidão uma existência torturada, sem consciência da sua doença, e sem obter vantagem secundária alguma da mesma.

Os esquizofrênicos apresentam também uma ambivalência, ou seja, há um contraste entre aquilo que sentem e aquilo que fazem, podendo ficar triste com histórias felizes e vice-versa.

Uma outra característica dos possuidores dessa síndrome é que escutam vozes, que os deixam transtornados, pois elas os condenam, ameaçam e controlam, os deixando confusos e agindo como “loucos”, tampando os ouvidos para não escutá-las mais, acabando por deteriorizar com isso, a sua inteligência (França, 1998, p.355).

Henrique Roxo apud França (1998, p.355), traz uma trilogia sintomatológica para caracterizar esta síndrome: perda da afetividade, esta é a primeira a se desestruturar, pois os pacientes começam a perder a amizade de seus familiares e pais, e dão uma atenção maior a aqueles estranhos ou empregados;

perda da iniciativa, pois os pacientes vão se tornando pessoas indecisas, indiferentes, descuidadas, que deixam para depois as necessidades que precisam fazer; e a associação extravagante de ideias, com a modificação de sua personalidade.

Genival Veloso França (1998, pág.355) traz uma ordem a respeito dos elementos fundamentais encontrados nos esquizofrênicos: “desordem do pensamento, delírios paranóides, incongruência da afetividade, alucinações, ideias

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de referência, neologismos, despersonalização, maneirismos, bloqueio do pensamento”.

Ainda, Jason Albergaria (1999, p.79) apresenta os principais sintomas da esquizofrenia trazidos pelos psiquiatras, sendo eles: “cisão da mente;

transitivismo; ambivalência afetiva, desdobramento da personalidade; autismo”.

Os pacientes esquizofrênicos ou podem se curar, ou podem se curar com defeitos, ou podem não se recuperar, agravando sua situação a cada dia.

Quatro formas clínicas da esquizofrenia podem ser apresentadas, sendo elas: forma simples, forma hebefrênica, forma catatônica e forma paranóide, ambas trazidas por França (1998, p.355 e 356) e por Jason Albergaria (1999, p.81).

A forma simples é aquela em que o psiquismo vai enfraquecendo lentamente e progressivamente, podendo levar o paciente até mesmo a uma demência simples. Nesta forma de esquizofrenia, o transtorno afeta a atividade e também a emoção, mas aqui não há delírios e nem alucinações.

De acordo com França (1998, p.355) essa forma se apresenta da seguinte maneira:

Apresentam os pacientes embotamento afetivo, desagregação do pensamento, conduta extravagante, indiferentismo. Raciocínio, atenção e memória perturbados. Não tem alucinações. A personalidade transforma-se sem maior dramaticidade, sem idéias delirantes e sem alterações sensoriais.

A forma habefrênica, de acordo com França (1998, p.355):

Manifesta-se pelo comprometimento afetivo, indiferentismo, debilitamento intelectivo, sintomas alucinatórios-delirantes, perda dos sentimentos éticos e estéticos. A expressão é desdenhosa, ridícula e teatral. Apresentam-se ora deprimidos, marcadamente hipocondríacos, ora românticos: ou, ao contrário, impulsivos, irritáveis e impertinentes.

Também, segundo Jason Albergaria (1999, p.81), esta forma de esquizofrenia ocorre na puberdade e o indivíduo passa a ter a sua personalidade

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modificada e sua inteligência é prejudicada, tendo assim ideias absurdas, além das alucinações e delírios que apresentam.

Já a forma catatônica, de acordo com Jason Albergaria (1999, p.81) os pacientes apresentam os seguintes sintomas: “estupor, excitação, negativismo e automatismo.” Neste tipo de esquizofrenia o enfermo age de forma impulsiva e imprevisível.

O enfermo catatônico apresenta o que recebe o nome de reflexibilidade cérea, pois permanece parado por certo tempo na mesma posição, imóvel. Além disso, ainda apresenta alguns sinais, sendo eles: sinal da língua, ao pedir que o paciente mostre a língua ele a conserva fora da boca por bastante tempo; e o sinal da mão, onde ele não aperta a mão ao cumprimentar o próximo (França, 1998, p.356).

Por fim, cabe apresentar a forma paranóide que, segundo França (1998, p.356), nessa forma de esquizofrenia predomina: “o delírio alucinatório, a despersonalização e as alucinações polimorfas”.

Nessa esquizofrenia paranóide os pacientes se sentem influenciados e possuídos por outra pessoa, que os obriga a fazerem o que não querem, e no eco do seu pensamento eles procuram não pensar para não ouvir o que se passa nos seus pensares. Esses enfermos ainda se sentem perseguidos por comunistas, espíritas, maçons, etc.

A esquizofrenia pode levar o enfermo a uma série de delitos, sendo eles, em regra, repentinos, sem motivos e inesperados.

Segundo Jason Albergaria (1999, p.81):

A delinqüência do esquizofrênico afina-se com o tipo de esquizofrenia. Na esquizofrenia simples, as infrações mais freqüentes são a vadiagem, delitos por omissão, abandono da família. No tipo hebefrênico, delitos contra os costumes, exibicionismo, fuga. Na esquizofrenia catatônica, homicídio e lesões corporais. O tipo paranóide é o mais perigoso: delitos contra a pessoa, injúria e calúnia.

Conforme França (1998, p.356), os esquizofrênicos autores de crimes, quando na fase sintomática dessa síndrome, são considerados inimputáveis na

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maioria dos casos, estando então sujeitos a medida de segurança, pois apresentam um nível alto de periculosidade. Ainda França (1998, p.356) traz:

A valorização penal deve equivaler ao estado mental no momento do crime, fato este que nem sempre é aceito, por entender-se que eles são inimputáveis em qualquer estado. Outros acham que, quando parcialmente curados, sua capacidade de imputação é relativa e, quando comprovadamente curados, respondem pela sua total imputabilidade.

Os portadores desse transtorno mental apresentam problemas quando autores de crimes, na questão das medidas preventivas que devem ser aplicadas a eles, quanto ao seu tratamento, na sua socialização sadia e adaptação ao convívio social.

3.2 Psicose Maníaco-Depressiva

Segundo Eduardo Roberto Alcântara Del - Campo (2005, p.303):

O termo psicose é utilizado, de uma maneira geral, para apontar qualquer transtorno mental diverso dos estados demenciais, retardados mentais (oligofrenias) e transtornos diversos (neuroses), incluindo o que se entende pelos obsoletos de insanidade e loucura.

Entre as psicoses, a que se destaca é a psicose maníaco-depressiva.

Esta psicose é hoje denominada de transtorno bipolar e de acordo com as aulas do professor José Hamilton1 (informação verbal), tem como traço marcante e fundamental a mudança mórbida da afetividade, estando o paciente ora inclinado sobre a fase maníaca e ora sobre a fase melancólica, ambas alternadas por um período de normalidade.

1 Docente do curso de Direito das Faculdades Integradas “Antonio Eufrásio de Toledo” de Presidente

Prudente. E-mail josehamilton@unitoledo.br

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Segundo Genival Veloso França (1998, p.356):

É um transtorno mental cíclico, com crises de excitação psicomotora e estado depressivo, isoladas, combinadas ou alternadas, de intensidade, duração e disposição variáveis, sem maior repercussão sobre a inteligência.

Este transtorno mental possui duas fases: a maníaca e a depressiva ou melancólica. Estas fases apresentam sintomas bem distintos e consequentemente uma diferente delinqüência associada a cada uma (França, 1998).

De acordo com Jason Albergaria (1999, p.82) a fase maníaca é marcada pela exaltação da afetividade e do humor, ideia de grandeza e atividade, irritabilidade, incremento da atividade sexual, laboral, social, evidente auto-estima, loquacidade, atividades perigosas, euforia, entre outras.

Já a fase melancólica ou depressiva é totalmente oposta a fase maníaca. É marcada pela tristeza, perda da autoconfiança, diminuição da atividade, os movimentos e a linguagem são afetados pela inibição, falta de prazer pelas atividades rotineiras, abatimento moral, sentimento de auto-acusação, culpa e pessimismo, e o indivíduo nesta fase fica propenso ao suicídio. Segundo Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flavio Gomes (2002, p.288) esta fase: “costuma evoluir em fases recorrentes de recaída, seguidas de períodos livres de sintomas com total restituição do nível prévio de atividade e características da pessoa do doente; ou alternar-se com episódios maníacos”.

Genival Veloso França (1998, p.356) traz ainda uma terceira fase, a hipomania, que é a fase mais perigosa, pois leva o paciente a atitudes irrefletidas e inconseqüentes, devido à exaltação dos sentimentos de euforia, poder, otimismo e autoconfiança, e ainda, o indivíduo nessa fase não tem consciência do seu mal.

A delinqüência na psicose maníaco-depressiva varia de acordo com as suas fases. Leva-se em conta se o paciente encontra-se ou não com a sintomatologia do mal, isso no referente à imputabilidade desses agentes.

De acordo com França (1998, p.357) os pacientes portadores dessa enfermidade devem ser considerados semi-imputáveis ou inimputáveis, tendo eles a privação parcial ou total da capacidade de entendimento e de sua autodeterminação.

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Mas determinar a imputabilidade desses pacientes é uma tarefa bem difícil, pois quando eles cometem o delito durante um estado de normalidade sua situação se agrava se estiverem enclausurados, ou seja, eles estando presos as fases maníaca e depressiva podem ser agravadas.

Segundo Jason Albergaria (1999, p.83), na psicose em seu grau extremo os portadores dessa enfermidade são considerados inimputáveis, e já no intervalo lúcido são imputáveis.

Durante a fase depressiva, conforme expõe Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes (2002, p.291), podem ocorrem várias condutas delitivas, como exemplo delitos de omissão de socorro ou crimes comissivos por omissão, isto quando o paciente se encontra numa intensa depressão, pois eles não reagem quando se deparam com uma situação de estresse, haja vista a lentidão ideativa e a inibição motora própria da depressão; e os jovens, nessa fase de depressão, cometem delitos patrimoniais. Mas o grande problema está nas chamadas condutas autolíticas e no suicídio, e junto a este último tem o delito típico da depressão que é o suicídio ampliado, aquele em que o doente depois de matar os seus entes queridos se suicida.

Por fim, na fase maníaca o delito vai depender da intensidade e da natureza da mania e conforme os autores acima citados (2002, p.291): “o comportamento criminoso, não obstante, detecta-se com facilidade porque nem o doente premedita sua prática – esta é pouco elaborada – nem se esconde ou desculpa depois de levá-la a cabo”. Nesta fase ocorrem delitos de homicídio, de fraude, de lesões, usurpação de títulos e honras, delitos sexuais, mas é na fase de hipomania que o comportamento criminoso ocorre com mais freqüência, podendo o doente cometer: “delitos de falsidade, de fraude, de exibicionismo, delitos contra a liberdade sexual, de invasão de moradia ou de casamento ilegal, ocultando seu estado civil autêntico”.

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3.3 Paranóia

A paranóia, segundo Genival Veloso França (1998, p.357), é:

O transtorno mental marcado por permanentes concepções delirantes ou ilusórias, que permitem manifestações de autofilia e egocentrismo, conservando-se claros o pensamento, a vontade e as ações. O paranóico tem alto conceito de si próprio.

Também chamada de transtorno delirante, ela possui um núcleo central formado pelo “delírio crônico, sistematizado e não extravagante” de acordo com Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes (2002, p.284).

O paranóico não se sente doente e nem aparenta estar, uma vez que esse transtorno atinge somente uma parte do psiquismo, aquela referente ao seu delírio, permanecendo do mesmo modo os seus sentimentos, sua maneira de agir, sua capacidade de raciocínio e juízo, assim como o restante de sua personalidade, que se conserva. Ainda, expõe Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes (2002, p.285) que: “fora da temática delirante, o paranóico se adapta razoavelmente ao meio, sua inteligência pode ser superior à média, embora se coloque ao serviço do delírio, costuma ser bom trabalhador, embora frio e distante”.

Genival Veloso França (1998, p.357) traz as formas clínicas mais comuns de paranóia, sendo elas:

- paranóia do ciúme, é aquela caracterizada por atos violentos de ciúmes, envolvendo escândalos em público, acusando o seu cônjuge de infiel, passando a segui-lo e até mesmo a analisar a fisionomia de seus filhos, achando ser eles do (a) amante, não tendo esse delírio uma motivação caracterizadora.

- paranóia erótica, é aquela em que o paciente passa a perseguir sua vítima por todos os meios possíveis, pois alimenta por ela um sentimento amoroso, chegando inclusive a mandar cartas ou fazer provas de seu amor. Geralmente suas vítimas são pessoas com certo status, mulheres famosas ou muito bonitas.

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- paranóia genealógica, é aquela em que o delírio corresponde a forma de compensar o sentimento que apresenta de inferioridade econômica e social, então esses pacientes dizem ser parentes de personalidades históricas, associando o sobrenome ao de personagens. Geralmente são, os pacientes, pessoas órfãs, humildes ou filhos ilegítimos.

- paranóia de intervenção e de reformas, é aquela em que os pacientes possuem ideias de cunho profético-religioso, pregando sua doutrina e prometendo a salvação para os seus seguidores e para os arrependidos. Surgem em pequena quantidade e criam confusões e perturbações para as autoridades, devido aos problemas com a paz social e a ordem pública.

- paranóia de perseguição, é aquela mais comum entre os pacientes, que são conhecidos como litigantes costumeiros. O delírio se dá ao fato de se acharem perseguidos ou vítimas de alguma espionagem, conspiração, envenenamento, organização, acabando, na maioria das vezes, presos ou internados, devido as suas condutas.

Os portadores desse transtorno, segundo Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes (2002, p.286), apresentam uma especial periculosidade, pois essa síndrome não se percebe ou se detecta facilmente. Os seus crimes dependem da natureza ou da classe de delírio que apresentam, podendo cometer desde a difamação ou calúnia até o homicídio, passando por delitos de desacatos, resistência à autoridade, agressões físicas, entre outros. Mas é na temática do delírio que o paciente pode ser mais perigoso, deixando de ser perseguido e passando a ser perseguidor, se considerando o único dono da verdade e infringindo as normas legais.

Acrescenta ainda os autores supracitados (2002, p.286):

Um setor da doutrina considera que o paranóico não é totalmente imprevisível porque a natureza do seu transtorno, a dinâmica de sua personalidade, a análise histórico-biográfica e as condutas ameaçadoras ou agressivas incipientes, prévias do paranóico, proporcionam sinais de alarme confiáveis que antecipam o crime.

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Por fim, Genival Veloso França (1998, p.358) diz que esses portadores, atinente a questão de sua imputabilidade, deveriam ser colocados na posição de semi-imputáveis, havendo assim uma redução da pena dos crimes cometidos. Mas o problema de colocar esses pacientes em uma prisão não está somente no fato de sua periculosidade, mas também aos grandes problemas que serão criados contra si e contra os outros.

Desta forma, mesmo que esses enfermos conheçam a lei e tenham atitudes normais, devem ser considerados inimputáveis, sendo levados a tratamento disposto para tanto, pois são pessoas que podem sofrer sérios prejuízos em um meio prisional.

3.4 Personalidades Psicopáticas

3.4.1 Definições

Várias são as denominações que as personalidades psicopáticas recebem, sendo elas: psicopatas, personalidades anti-sociais, sociopatas, personalidades dissociais, personalidades anormais, entre outras. De acordo com Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p.36), muitos estudiosos procuram diferenciar essas denominações, mas pela ausência de um consenso definitivo a respeito do tema, isso tem levado a uma série de discussões entre muitos clínicos, autores e pesquisadores. Alguns pesquisadores, que acreditam que fatores sociais prejudiciais são os causadores do problema, preferem utilizar o termo “sociopata”, já outros, que acreditam que esse transtorno é devido a fatores genéticos, psicológicos e biológicos, utilizam o termo “psicopata”.

Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p.36) traz que o consenso a respeito dessa denominação também não se encontra entre a Associação de Psiquiatria Americana (DSM-IV-TR), que utiliza o termo Transtorno de Personalidade Anti- social, e a Organização Mundial de Saúde (DID-10), que utiliza o termo Transtorno de Personalidade Dissocial. Apesar de tantas denominações e de muitas discussões

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entre pesquisadores sobre qual seria a mais lógica e mais correta, o importante mesmo é que independente da terminologia adotada todas traçam o perfil de um agente transgressor.

Segundo Genival Veloso França (1998, p.358), as personalidades psicopáticas, ou também conhecida como psicopatia, são: “grupos nosológicos que se distinguem por um estado psíquico capaz de determinar profundas modificações do caráter e do afeto, na sua maioria de etiologia congênita”.

França (1998, p.358) assevera que elas não são personalidades patológicas ou doentes, mas sim personalidades anormais, sendo esta a melhor forma de denominá-las, visto que sua característica marcante é o distúrbio do caráter e da afetividade, assim como alterações do temperamento e dos instintos, mantendo a sua inteligência intacta, ou seja, normal e até mesmo acima do normal.

Seria então a personalidade psicopática uma anormalidade permanente do caráter e do afeto, não se enquadrando nem como uma enfermidade mental, como a psicose e nem uma deficiência da inteligência, como a oligofrenia.

Os psicopatas então não são considerados loucos, ou seja, a psicopatia não é enquadrada como uma doença mental, e segundo Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p.37):

Ao contrário disso, seus atos criminosos não provem de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos.

O termo personalidade psicopática, de acordo com Ana Paula Zomer Sica (2003, p.30), foi empregado em 1954 por Schneider, que também a definia como personalidade anormal, sendo aquela que o ponto marcante é sofrer pela anormalidade ou fazer sofrer a sociedade devido a sua inadaptação.

Em 1941 foi publicado o livro The Mask of Sanity (A Máscara da Sanidade), do psiquiatra americano Hervey Cleckley, sendo este o primeiro estudo sobre os psicopatas.

Storring apud França (1998, p.358) tratou também de definí-las:

“aquelas personalidades em que os desvios da vida instintiva, dos sentimentos, dos

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afetos e da vontade são tão intensos, que chegam a dissolver a estrutura do caráter e da personalidade, sua ordem interior, firmeza, unidade e totalidade”.

Essas personalidades psicopáticas são também classificadas por Delton Croce e Delton Croce Júnior (1996, p.348):

Chamamos personalidades psicopáticas a certos indivíduos que, sem perturbação da inteligência, inobstante não tenham sofrido sinais de deterioração, nem de degeneração dos elementos integrantes da psique, exibem através da sua vida intensos transtornos dos instintos, da afetividade, do temperamento e do caráter, mercê de uma anormalidade mental definitivamente preconstituída, sem, contudo, assumir a forma de verdadeira enfermidade mental.

O Manual Estatístico de Diagnóstico de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria apud Odon Ramos Maranhão (1995, p.80) trouxe o conceito acerca dessas personalidades anti-sociais:

Este termo se refere a indivíduos cronicamente anti-sociais, e que estão em dificuldades, não tirando proveito nem da experiência e nem das punições sofridas e não mantendo lealdade real a qualquer pessoa, grupo ou código.

São frequentemente empedernidos e hedonistas, mostrando acentuada imaturidade emocional, com falta de senso de responsabilidade, falta de tirocínio e habilidade de racionalizar sua conduta de modo que ela pareça justificável e razoável.

Assim sendo, a psicopatia trata-se de uma personalidade anormal, onde o agente não se enquadra nem como portador de doença mental e nem como portador de uma deficiência da inteligência. Essa personalidade psicopática é colocada como portadora de uma perturbação da saúde mental, e isto vai ser importante para determinar a imputabilidade desses agentes ao se verem diante da prática de um crime.

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3.4.2 Características

As psicopatias possuem certas características que são marcantes e acentuadas, expostas por França (1998, p.358), sendo elas:

Distúrbios da afetividade, ausência de delírios, boa inteligência, inconstância, insinceridade, falta de vergonha e de remorso, conduta social inadequada, falta de ponderação, egocentrismo, falta de previsão, inclinação à conduta chocante, raramente tendem ao suicídio, vida sexual pobre e não persistem num plano de saúde.

De acordo com as aulas do professor José Hamilton do Amaral2 (informação verbal), são pessoas portadoras de uma inteligência média ou superior, muito charmosas e sedutoras, extremamente sociáveis, facilmente se integrando na sociedade. Destacam-se por obterem sucesso na vida política e social e também nos esportes. Essas características são positivas, até então nenhum problema surge em relação a esses psicopatas. O problema aparece com as outras características que eles possuem, sendo estas as negativas: são pessoas competitivas e que passam por cima de seus concorrentes com a maior facilidade, sem dúvida alguma, para alcançarem seus objetivos, são frias, insensíveis, impiedosas e não gostam de ninguém, só de si mesmo.

Segundo Ana Beatriz Barbosa Silva (2008) os psicopatas são

“predadores sociais”, que mentem de maneira que as outras pessoas não conseguem perceber o seu instinto maquiavélico e também se disfarçam tão bem que todos acham que são pessoas humanas como as outras.

O foco principal dessas personalidades anti-sociais é a respeito do caráter e do afeto, pois são elas desprovidas de caráter e de sentimentos como a amizade, o amor, o carinho, o afeto, o humanismo. Praticam seus atos sem sentirem remorso depois de serem feitos, mentindo e enganando a todos com muita

2 Docente do curso de Direito das Faculdades Integradas “Antonio Eufrásio de Toledo” de Presidente

Prudente. E-mail josehamilton@unitoledo.br

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facilidade. Se sentirem-se ameaçados por outrem o elimina sem remorso algum, pois são indivíduos que não sentem culpa, não se importam com os outros, para eles os outros são os outros, ou seja, o resto é resto, e ele está sempre no centro das atenções.

O psicopata é amoral e não imoral, embora muitos utilizam esses termos como sinônimos, possuem eles significados diferentes. No dicionário imoral é: “contrário a moral; desonesto”; já amoral é: “que não é conforme a moral; a que falta moral; pessoa que não tem o senso de moral”, ou seja, o individuo amoral é aquele que não tem senso do que seja moral, do que seja ético, não se determinando de acordo com os preceitos morais. Neste último se enquadra o portador da personalidade anti-social, haja vista que eles agem em desacordo com os costumes e regras da sociedade.

O psiquiatra canadense Robert Hare apud Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p.40) é uma das maiores autoridades a respeito do assunto sobre psicopatas e ele contempla o seguinte:

Os psicopatas têm total ciência dos seus atos (a parte cognitiva ou racional é perfeita), ou seja, sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo dessa maneira. A deficiência deles (e é aí que mora o perigo) está no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles, tato faz ferir, maltratar ou até matar alguém que atrevesse o seu caminho ou seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são resultados de uma escolha, diga-se de passagem, exercida de forma livre e sem qualquer culpa.

De acordo com Jason Albergaria (1999, p.103):

Desde a meninice, o psicopata mostra sinais de desafetação emocional e traços prejudiciais da personalidade. Sua personalidade parece dominada por impulsos coercitivos básicos e primitivos, excluída a conduta racional.

Mostra franca rebeldia ante o progenitor dominante. Resiste seguir os ideais e costumes de sua família, e tende a desenvolver-se num nível social inferior. O psicopata típico não sente carinho por ninguém, é egoísta, ingrato, narcisista e exibicionista. Vive para o momento. Exige a satisfação imediata e instantânea de seus desejos.

Estas são as características mais importantes e encontradas com mais freqüência nas personalidades psicopáticas, demonstrando, assim, a tendência que

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esses indivíduos possuem à conduta anti-social e também a falta de caráter e afeto que apresentam perante os outros.

3.4.3 Classificações

Segundo Kraepelin apud Eduardo Roberto Alcântara Del-Campo (2005, p.309) as personalidades psicopáticas são divididas em: “irritáveis, instáveis, instintivas, tocadas, mentirosas e fraudadoras, anti-sociais e disputadoras”.

Genival Veloso França (1998, p.358) traz as classificações de Myra y Lopes, que dividia os psicopatas em: “astênicos, explosivos, irritáveis, histéricos, ciclóides, sensitivo-paranóides, perversos, esquizóides, hipocondríacos e homossexuais” e a de Kurt Schneider, sendo esta a mais aceita.

Kurt Schneider apud França (1998, p.385 e 359) classificou os psicopatas em:

- Psicopatas hipertímicos: são aqueles que têm vocação para as disputas, os escândalos, as brigas familiares e também no trabalho. Seu modo de ser oscila, estando às vezes tranqüilos e calmos e em outros momentos ficam extremamente furiosos. Suas características mais marcantes são (1998, p.385 e 359): “alegria, despreocupação, euforia, impaciência, tendência à execução imediata, instabilidade de vida e de trabalho, prodigalidade”.

- Psicopatas depressivos: são aqueles que apresentam como característica o mau humor, o pessimismo e a desconfiança. Eles permanecem num estado de ânimo depressivo. São de pouca criminalidade, mas propensos ao suicídio.

- Psicopatas lábeis do estado de ânimo: são aqueles que possuem um estado de ânimo que oscila desproporcionalmente entre as crises de depressão e de irritação, sendo muito perigosos nessa fase impulsiva.

- Psicopatas irritáveis ou explosivos: são diferentes dos hipertímicos e dos histéricos, pois nestes a irritabilidade é apresentada como uma forma de agir,

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enquanto que neles há um excesso de irritabilidade da afetividade e do humor, seguida de uma tensão violenta. Mas a alta periculosidade se concentra nos histéricos, que nos picos da irritação cometem crimes passionais, homicídios. Esses psicopatas explosivos possuem um casamento instável e no tocante à educação de seus filhos agem de maneira inadequada.

- Psicopatas de instintividade débil: são aqueles que não possuem iniciativa, ou seja, quando começam a desenvolver uma atividade não chegam a terminá-la, abandonando-a logo, não conseguindo se fixar numa só coisa. São indivíduos propensos ao homossexualismo, ao alcoolismo, a vagabundagem e aos tóxicos. São inquietos, intransigentes e indecisos, não sabem o que realmente querem.

- Psicopatas sem sentimentos ou amorais: sua característica mais marcante é o fato de não possuírem sentimentos de amor, afeto, de carinho, de simpatia, sendo capazes de cometer várias ações anti-sociais como o roubo, a fraude, o estelionato, o homicídio, a prostituição, entre outras. Cometem seus crimes de maneira desumana, agindo friamente e movidos pelo impulso. São indivíduos que desconhecem a piedade, a bondade, a vergonha e a honra. Realizam suas atividades movidos pela paixão, pelo domínio, praticando o mal para satisfazer sua vontade, pois sentem falta disso. Essas anormalidades que eles possuem são herdadas desde a infância, quando já praticavam atos de crueldade e a delinqüência já os dominavam. O tratamento desse tipo de psicopata tem se demonstrado insuficiente e o seu confinamento em unidades carcerárias tem piorado ainda mais o quadro desses indivíduos.

- Psicopatas carentes de afeto: sua principal característica é que eles gostam de se demonstrar mais do que são e muitas vezes chegam a acreditar nas suas próprias mentiras. “Fazem parte do grupo dos petulantes, fanfarrões, exibicionistas e presunçosos, com extrema labilidade afetiva, teatralidade e exaltação” (1998, p. 385 e 359).

- Psicopatas fanáticos: são aqueles que mesmo possuindo uma intelectualidade limitada e idéias confusas, estão propensos a liderar grandes grupos de pessoas em épocas em que o político-social se encontra instável, encontrando-se aí a sua periculosidade. Não costumam ficar imparciais diante de fatos, tomando sempre partida de um dos lados, muitas vezes se exaltando em assuntos estranhos.

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