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Envelhecimento e finitude na perspectiva de idosos hospitalizados: contribuições para o cuidado de enfermagem

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA AFONSO COSTA

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE

ENVELHECIMENTO E FINITUDE NA PERSPECTIVA DE

IDOSOS HOSPITALIZADOS: CONTRIBUIÇÕES PARA O

CUIDADO DE ENFERMAGEM

BÁRBARA DA SILVA E SILVA CUNHA

Niterói-RJ 2013.

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BÁRBARA DA SILVA E SILVA CUNHA

ENVELHECIMENTO E FINITUDE NA PERSPECTIVA DE IDOSOS HOSPITALIZADOS: contribuições para o cuidado de enfermagem

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial à obtenção do Título de MESTRE EM

ENFERMAGEM. Área de Concentração: a

Complexidade do Cuidado em Enfermagem e Saúde. Linha de Pesquisa: o Cuidado nos Ciclos Vitais Humanos – Tecnologias e Subjetividades na Enfermagem e Saúde.

Orientadora: Profª Drª FÁTIMA HELENA DO ESPÍRITO SANTO

Niterói – RJ 2013.

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ENVELHECIMENTO E FINITUDE NA PERSPECTIVA DE IDOSOS HOSPITALIZADOS: contribuições para o cuidado de enfermagem

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências do cuidado em Saúde da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial à obtenção do Título de MESTRE EM ENFERMAGEM .

Aprovada em Niterói, 21 de Janeiro de 2013.

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª Fátima Helena do Espírito Santo – Presidente Universidade Federal Fluminense - UFF

Profª Drª Rosângela da Silva Santos –1ª Examinadora Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ

Profª Drª Rose Mary Rosa Costa Andrade e Silva – 2ª Examinadora Universidade Federal Fluminense - UFF

Profª Drª Jaqueline Da Silva – Suplente Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Profª Drª Elaine Antunes Cortez – Suplente Universidade Federal Fluminense - UFF

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DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa aos meus pais César Roberto da Silva Cunha e Maria Elizabeth da Silva pelos ensinamentos, pelo amor incondicional, pelo incentivo empreendido

que fizeram de mim essa pessoa autodeterminada, que luta e corre atrás de seus objetivos.

Ao meu irmão Raphael da Silva e Silva Cunha e minha cunhada/irmã Renata Garcia Fontes, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando em todos os momentos da minha vida, pela paciência nos meus dias de tensão durante o mestrado, pela ajuda emocional, pelo companheirismo e dedicação que fazem de minhas dúvidas– minhas

certezas.

Aos meus queridos padrinhos: Júlio César Rego Gama e Maria Angélica Gama Ervatti pelo apoio e orientação espiritual.

Aos meus avôs Maria Elizabeth Lopes da Silva e Renato Pinheiro Dias da Cunha (in memorian) pelos cuidados, pelo amor e carinho e pela família maravilhosa que

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela dádiva da vida, pela paz interior e equilíbrio e pela crença na espiritualidade que me trouxeram um significado transcendental em

si.

Aos eternos amigos Júlio César Santos da Silva (Julinho) pelo incentivo e motivação para que eu consolidasse mais uma etapa da minha vida. A Joice Cordeiro Ferreira

Lamego, Daiana Paula Bolzan, Emerson Márcio dos Santos pelo apoio e amizade durante esses anos. A Liz Bastista da Silva por toda cooperação e auxílio quando

sempre precisei.

A minha querida orientadora Profª Drª Fátima Helena do Espírito Santo pelos ensinamentos e lições de vida, pela compreensão, pelo zelo e carinho, pela cumplicidade e dedicação na elaboração do projeto e ainda por ter aceitado prontamente esse desafio que a pesquisa proporcionou. Em sua essência maternal e

acolhedora obtive além do refúgio durante minhas ansiedades, esclarecimentos e reflexões. Comigo carrego minha eterna admiração, gratidão e amizade.

Aos professores do Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde da EEAAC/UFF pela abordagem interdisciplinar de conteúdos pertinentes à construção da pesquisa e pelas sugestões e apontamentos conexos ao Programa. Um

agradecimento especial à Profª Drª Marilda Andrade que acompanhou de perto a minha trajetória acadêmica e que me amparou nos momentos de angústia.

Aos funcionários da Coordenação de Pós-Graduação que nos forneceu esclarecimentos, além do auxílio necessário.

Aos colegas e amigos, que diante de todas as adversidades, colaboraram para a construção de novas concepções. Em especial as amigas Daniela Ferreira da Silva que compartilhou comigo muitas dúvidas, queixas, como também alegrias e vitórias, por proporcionar momentos prósperos de descontração fora da universidade. A amiga

e psicóloga Adriana Marques de Souza pelo apoio emocional, pela amizade, pela troca de experiências. As companheiras Aline Schultz e Graziele Bittencourt pelo

convívio, incentivo e apoio.

Aos docentes membros da banca: Profª Drª Rosângela da Silva Santos, Profª Drª Rose Mary Rosa Costa Andrade e Silva, Profª Drª Jaqueline Da Silva e Profª Drª Elaine

Cortez pelos apontamentos e sugestões que trouxeram grandes constribuições à dissertação, e pelo aceite quanto a participação.

As chefias das unidades das clínicas médica e cirúrgica, masculina e feminina, ao corpo médico, aos enfermeiros e colegas que um dia fizeram parte da minha vida

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profissional (Carla, Samanta, Fabiane, Mauro, Welington, Cláudio, Marinet, Paulo), a equipe técnica de enfermagem do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP)

pela colaboração durante a coleta de dados.

Aos idosos entrevistados que aceitaram espontaneamente participar da pesquisa. Aprendi com os senhores os verdadeiros ensinamentos quanto aos aspectos pertinentes ao envelhecimento e finitude, com o enfoque da história de vida de

indivíduos dotados de experiências, saberes, valores e crenças.

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RESUMO

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva-exploratória, que utilizou o método de história de vida, que teve como objeto de estudo o envelhecimento e a finitude na trajetória de vida dos idosos hospitalizados. Os objetivos do estudo foram descrever a trajetória de vida do idoso, identificar a perspectiva de envelhecimento e finitude na trajetória de vida do idoso hospitalizado, discutir as implicações dessas perspectivas para o cuidado de enfermagem ao idoso hospitalizado. A pesquisa teve como cenário as unidades de clínicas médica masculina e feminina e cirúrgica masculina e feminina de um hospital Universitário situado em Niterói. A coleta de dados se deu através de entrevista aberta com 15 idosos hospitalizados durante o período de março a agosto de 2012. Os resultados da pesquisa apontam para a primeira categoria (Re)Vivendo Histórias surgiram três sub-categorias: O jogo da memória no significado do envelhecer - os idosos rememoram aspectos vividos desde infância, que apresenta sentido negativos e positivos da velhice; Percebendo as “perdas” no carrossel da vida - os idosos revelaram que durante a trajetória de vida, perceberam a maior predominância das perdas, e assim, influenciou para a forma de enfrentamento e reflexão diante da sua hospitalização; Superando os limites da vida - os idosos discutiram sobre as fases dificultosas que passaram no decorrer da vida, em que houve a necessidade de superação para encontrar um novo sentido à vida. Na segunda categoria Refletindo Situações Limites da Vida Durante a Hospitalização surgiram duas sub-categorias que foram: Compreendendo sua própria finitude diante da hospitalização - os sujeitos refletiram sobre a própria finitude no ambiente hospilar, enfatizando essa percepção através das perdas enfrentadas na história de vida da; Analisando as novas perspectivas diante da vida - os idosos manifestaram grande influência para revalorização dos seus significados, enquanto sujeitos cidadãos dotados de direitos e deveres na sociedade. Conclui-se que trazer à tona essas representações sobre as perspectiva do envelhecimento e finitude aos idosos hospitalizados, permitiu a análise da história de vida em que possibilitou reflexão quanto o sentido da sua existência, tendo em vista que as representações das perdas são comuns aos idosos, e remetem-se no momento da hospitalização por decorrência da fragilidade e vulnerabilidade. Então, as ações voltadas para a assistência à população idosa internada devem contribuir para o bem estar físico e psíquico, além do maior envolvimento da equipe de saúde na compreensão da finitude e do envelhecimento, uma vez que há representações sociais negativas impostas pela sociedade, na qual a temática é empurrada para o confinamento institucional.

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ABSTRACT

It is a descriptive-exploratory, qualitative research that has used the method of life history and that has as aim to study aging and finiteness in the life trajectory of institutionalized elderly. The objectives of the study have been to describe the life trajectory of the elderly, to identify the perspective of aging and finiteness in the life trajectory of the institutionalized elderly, to discuss the implications of these perspectives for the nursing care of the institutionalized elderly. The research had as environment the male and female medical clinic units and male and female surgical units of a University hospital in Niteroi. Data collection was made through open interview with 15 institutionalized elderly during the period from March through August, 2012. The research results indicate for the first category (Re)Living Histories and three subcategories came out of it: The memory game in the meaning of aging – elder people remember aspects lived since childhood with negative and positive senses of elderly; Perceiving the “losses” in the life merry-go-round – elder people revealed that during life trajectory they have perceived the great predominance of losses and, thus, it has influenced the way of facing and reflecting about the difficult times they lived during their lives and in which there was the need of overcoming the fact for finding a new sense for life. In the second category, Reflecting the Limit Situations of Life During Institutionalization two categories came out: Understanding their own finiteness before institutionalization – subjects reflected on their own finiteness in the hospital environment, emphasizing this perception through the losses faced in life history; Analyzing the new perspectives before life – elderly manifested a great influence for revalorization of their meanings, as citizens with rights and duties in the society. One concludes that giving life to theses representations on the perspectives of aging and finiteness to the institutionalized elderly allowed the analysis of the life history in which it was possible the reflection as to the meaning of their existence, since the representations of the losses are common to elder people and they are alive at the moment of institutionalization due to their fragility and vulnerability. So, the actions towards to the assistance to the elder population institutionalized should contribute for the physical and psychic well-being, besides the greatest involvement of the health team in the understanding of the finiteness and aging, since there are negative social representations imposed by society, in which the theme is pushed to the institutional confinement.

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RESUMEN

Tratase de una pesquisa cualitativa, descriptiva-exploratoria, que ha utilizado el método de historia de vida, que tuvo como objeto de estudio el envejecimiento y la finitud en la trayectoria de vida de los ancianos hospitalizados. Los objetivos del estudio fueron describir la trayectoria de vida del anciano, identificar la perspectiva de envejecimiento y finitud en la trayectoria de vida del anciano hospitalizado, discutir las implicaciones de esas perspectivas para el cuidado en el trabajo de enfermeros al anciano hospitalizado. La pesquisa tuvo como escenario las unidades de clínica médica masculina y femenina e quirúrgica masculina y femenina de un hospital Universitario ubicado en Niterói. La coleta de datos se dio a través de entrevista abierta con 15 ancianos hospitalizados durante el período de marzo al agosto de 2012. Los resultados da pesquisa apuntan para el primer categoría (Re)Viviendo Historias han surgido tres sub-categorías: El juego de la memoria el significado del envejecer - los ancianos rememoran aspectos vividos desde la infancia, que presenta sentidos negativos y positivos de la ancianidad; Percibiendo las “pérdidas” en el carrusel de la vida - los ancianos han revelado que durante la trayectoria de vida han percibido la mayor predominancia de las pérdidas y, así, eso ha influenciado para la forma de enfrentamiento y reflexión delante su hospitalización; Superando los límites de la vida - los ancianos han discutido sobre las fases dificultosas porque han pasado en el descorrer de la vida, en que hubo la necesidad de superación para encontrar un nuevo sentido en la vida. En la segunda categoría, Refletando Situaciones Límites de la Vida Durante la Hospitalización han surgido dos sub-categorías, que fueron: Comprendiendo su propia finitud delante la hospitalización - los sujetos han refletado sobre la propia finitud en el ambiente hospitalario, enfatizando esa percepción a través de las pérdidas enfrentadas en la historia de vida; Analizando las nuevas perspectivas delante de la vida - los ancianos han manifestado grande influencia para revalorización de sus significados, mientras sujetos ciudadanos dotados de derechos y deberes en la sociedad. Concluyese que traer a la superficie esas representaciones sobre las perspectiva del envejecimiento y finitud a los ancianos hospitalizados ha permitido el análisis de la historia de vida en que ha posibilitado reflexión cuanto al sentido de su existencia, ya que las representaciones de las pérdidas son comunes a los ancianos y remeten se en el momento de la hospitalización en consecuencia de la fragilidad y vulnerabilidad. Entonces, las acciones direccionadas para la asistencia a la populación anciana internada deben de contribuir para el bien-estar físico y psíquico, además del mayor envolvimiento del equipo de salud en la comprensión de la finitud y del envejecimiento, una vez que ha representaciones sociales negativas impostas por la sociedad, en la cual la temática é empurrada para el confinamiento institucional.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Esquema gráfico das Categorias e Sub-categorias definido por

Cores... 71

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Caracterização dos idosos pesquisados distribuídos por sexo, idade, estado civil, número de filhos, ocupação, religião,

clínica de

internação...

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AAS - Ácido Acetil Salicílico

AIVD - Atividades Instrumentais da Vida Diária AVC - Acidente Vascular Cerebral

AVD - Atividades da Vida Diária

BAVT - Bloqueio Átrio Ventricular Total

BVS - Biblioteca Virtual em Saúde CP- Controle Primário

CS- Controle Secundário DAC- Doença Arterial Crônica

DANT- Doenças Não Transmissíveis e seu Agravos DCNTs- Doenças crônicas não transmissíveis

DeCS - Descritores em Ciências da Saúde DM - Diabetes Melitus

DNA - Deoxyribonucleic Acid

DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

DVP - Doença Vascular Periférica

HAS - Hipertensão Arterial Crônica

HCTZ - Hidroclorotiazida

HUAP - Hospital Universitário Antônio Pedro IAM - Infarto Agudo do Miocárdio

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IOT - Intubação Oro-Traqueal

Lilacs - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde OMS - Organização Mundial de Saúde

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OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde PNSPI - Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa

SCA - Síndrome Coronariana Aguda

SciELO - Scientific Electronic Library Online SUS - Sistema Único de Saúde

TCLE - Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UFF - Universidade Federal Fluminense Unifesp - Universidade Federal de São Paulo USP - Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Objeto de Estudo………... 22

Questões Norteadoras………... 22

Objetivos………... 22

Justificativa Relevância da Pesquisa………... 22

CAPITULO I: O ENVELHECIMENTO, O IDOSO E A FINITUDE HUMANA Considerações sobre o Envelhecimento Humano………... 26

Aumento da População Idosa: Quais Repercussões?... 28

Estereótipos do Idoso na Sociedade Moderna………... 33

O Envelhecimento como um Processo Contínuo………... 37

Princípios Gerontológicos no Cuidado ao Idoso………... 40

Aspectos Emocionais e Espirituais no enfrentamento do Envelhecimento e Finitude………... 42 Dimensões da Morte/Morrer para os Profissionais da Saúde………... 44

A Finitude Humana diante de sua Face Subjetiva………... 46

Sobre a Morte e o Morrer………... 50

CAPITULO II: PERCURSO METODOLÓGICO Caracterização da Pesquisa………... 59

O Método História de Vida... 59

Cenário do Estudo………... 62

Sujeitos do Estudo………... 64

Aspectos Éticos da Pesquisa………... 64

A Coleta de Informações………... 65

O “Caminhar” da Coleta de Informações... 66

Organização e Análise das Informações... 70

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Perfil dos Idosos do Estudos………... 74

Historiograma dos Sujeitos da Pesquisa………... 77

(Re)Vivendo Histórias………... 92

O jogo da memória no Significado do Envelhecer………... 92

Percebendo as “perdas” no Carrossel da Vida………... 114

Superando os Limites da Vida………... 129

Refletindo Situações Limites da Vida Durante a Hospitalização…………... 137

Compreendendo sua Própria Finitude Diante da Hospitalização…………... 138 Analisando as novas Perspectivas Diante da Vida………... 145 CONSIDERAÇÕES FINAIS………... 153

REFERÊNCIAS………... 158

APÊNDICES Apêndice A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido………... 175

Apêndice B: Roteiro de Entrevista ………... 177

ANEXO Anexo A: Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ………... 178

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Desejo que você Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la. Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes. Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançá-lo. Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la. Os frágeis usam a força; os fortes, a inteligência. Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina, Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas. Seja um debatedor de idéias. Lute pelo que você ama.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Considero o envelhecimento e a finitude relevantes para a reflexão da vida, uma vez que a partir daí redimensionamos o significado da existência. Assim, dissertar sobre temas tão subjetivos e delicados trouxeram desafios na busca de respostas, tendo em vista que ainda são pouco explorados nos entudos na área de Gerontologia e Enfermagem. Neste sentido, foi através de intensa dedicação e compromisso que me debrucei neste campo ainda visto na sociedade atual com um silêncio multidimensional, cercado de fragilidades. Apoiado nesta afirmativa, alguns autores esboçam a ideia de que tanto o envelhecimento quanto a finitude humana são considerados na sociedade ocidental como um tabu, pois apresenta grande complexidade na sua percepção, além de que é cordialmente escondida e negada (AGRA do Ó, 2008; OLIVEIRA, 2008; OLIVEIRA; QUINTANA; BERTOLINE, 2010; ARAÚJO; VIEIRA, 2004; COMBINATO; QUEIROZ, 2006) e, em alguns sentidos, recorre-se à medicalização e à medicina estética para atenuar esse fato real (HENAO, 2003).

Alguns apontamentos referem-se ao envelhecimento e à finitude, presumindo que a velhice não deve ser confundida com a precipitação para o seu findar, ainda mais em se tratando de situação de hospitalização.

Ao longo da minha trajetória acadêmica e profissional no âmbito hospitalar, no cuidado de enfermagem a clientes idosos hospitalizados presenciei algumas situações que me fizeram refletir quanto ao significado da finitude para esses idosos que muitas vezes verbalizavam: “não estou bem, já dei o que tinha que dar”, “isso… são os problemas da vida”, ou “o que eu tenho é problema de velhice”.

Tais experiências contribuíram para despertar meu interesse em abordar mais profundamente essa temática de pesquisa visando proporcionar aos idosos internados,

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uma assistência que contribua para a revalorização dos seus significados existenciais. O que pode repercutir diretamente na qualidade de vida e também nortear o cuidado de enfermagem no ambiente hospitalar a esses idosos.

Assim, em estudo quanto ao levantamento do perfil sociodemográfico e de saúde de idosos atendidos no setor de emergência de um hospital geral, foi possível levantar uma variedade de informações relevantes para qualidade da assistência de enfermagem a essa clientela, que consome os serviços de saúde em decorrência de complicações por doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) (CUNHA; SÁ; NASCIMENTO, 2013). No entanto, um estudo paralelo de revisão integrativa no qual se identificou a percepção do envelhecimento e finitude para os idosos e equipe de enfermagem, evidenciando-se compreensões distintas sobre a temática. Pois, tais questões apresentam faces subjetivas, que possibilitam reflexões e transformações individuais, em que o saber e os valores construídos durante a trajetória de vida possuem significados de acordo com a visão de mundo e história de vida dentro de um contexto social (CUNHA; ESPÍRITO SANTO, 2013).

Portanto, ao entender envelhecimento e finitude, devem-se considerar a finalidade do envelhecer como um projeto de individual, afirmando o apoio coletivo (PY; TREIN, 2006). Braz e Bitencurt (2000) e Zinn e Gutierrez (2008) destacam que uma das questões fundamentais da velhice é a vivência da finitude, em que se configura num caminhar continuo em direção ao fim da vida.

Nesse sentido, o idoso é um ser situado no tempo, em que sua presença no mundo se constrói através das experiências vividas, logo o processo de envelhecer requer expressão existencial do indivíduo como em qualquer outra fase do desenvolvimento humano, entretanto a velhice só será entendida no seu fim quando houver significado no seu todo (BORGES, 2011).

Sendo assim, Frumi e Celich (2006) discorrem sobre o fato de que o envelhecimento e a finitude representam um processo natural da existência humana, contudo nem sempre aceito pelos seres que o vivenciam; e ainda, quando a sabedoria e história de vida do idoso são valorizadas, entendidas e consideradas, o sujeito percebe que sua existência possui significação.

Portanto é fundamental entender alguns aspectos sobre o envelhecimento e finitude que trazem uma série de interpretações que variam de um indivíduo para outro, levando em consideração as relações sociais que contribuem para a desvalorização da

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velhice no mundo moderno e, além disso é preciso desmistificar o fenômeno da morte o qual é omitido na cultura contemporânea.

No início da década de 70 a inserção da mulher no mercado de trabalho, os avanços na área da medicina diagnóstica e implantação de políticas públicas de saúde, bem como o incentivo à amamentação exclusiva, a vacinação infantil, atenção ao pré-natal e campanhas quanto ao uso de métodos contraceptivos contribuíram para a redução da mortalidade infantil e redução da natalidade, repercutindo diretamente no aumento da expectativa de vida.

Desta forma, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010d), a esperança de vida ao nascer subiu para 73,48 anos em ambos os sexos, considerando que a mulher vive mais que o homem. Em contrapartida, nos dias atuais, observa-se um aumento da violência urbana nos grandes centros urbanos, atingindo principalmente jovens que morrem precocemente.

Nesse contexto, a morte se faz presente através da mídia a todo o instante, nos jornais, revistas, noticiário, obrigando o indivíduo a encarar este fato constantemente.

Portanto, toda a humanidade está sujeita à morte e essa realidade assusta os indivíduos e a vulnerabilidade é um fato universal que está intrinsecamente ligada à condição humana, já que “o ser humano está exposto a multiplos perigos: o perigo de adoecer, o perigo de ser agredido, o perigo de fracassar, o perigo de morrer. Viver humanamente significa, pois, viver na vulnerabilidade” (ROSELLÓ, 2009, p. 57). Para Novaes (2000, p. 28), “pela proximidade concreta da finitude as pessoas desenvolvem fantasias e medos da morte, não conseguindo libertar-se dessa angústia, muitas vezes paralisadora”.

No que tange a abordagem da velhice e morte para a sociedade ocidental, esta traz representações e significações positivas ou negativas sobre sua própria finitude, pois permite a elaboração de conceitos na sua perspectiva de vida, que envolve a trajetória de vida do sujeito e as experiências que envolvem a morte.

Assim, procurou-se para o presente estudo, referências sociológicas que pudessem contribuir para maior compreensão dessas questões, o que conduziu ao pensamento do sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990) o qual propõe algumas reflexões sobre a temática do envelhecimento e a morte como um problema social.

Sobre a referida temática Elias (2001, p. 7) revela que a morte e o morrer são vistos na sociedade ocidental como tabu, onde o sujeito a reprime do convívio social,

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afastando de si o máximo possível e, ainda, assumindo uma crença inabalável em nossa própria imortalidade em que “os outros morrem, eu não”. Para entender a dinâmica dessa sociedade que encobre o campo consciente da morte e ainda, a problematização da velhice.

Assim, o que é abordado na sociedade atual, num movimento de exclusão dos velhos para a esfera privada, na qual cabe ao idoso o afastamento e isolamento do espaço público para os cuidados de especialistas, para o declínio da vitalidade que acaba no processo final da morte (AGRA do Ó, 2008).

A obra de Elias (1982-2001) retrata essa realidade evidenciada em “A solidão dos moribundos”, a qual trata da problemática como consequência da exclusão dos velhos e a retirada desse sujeito do meio social, ressaltando a convivência parcial dos jovens com os idosos que nega a identificação com o outro, sendo distanciado do cotidiano. E, além disso, há uma dificuldade em aceitar a morte, que é empurrada para longe do convívio social, dessa forma esta tende a ser “recalcada”:

Pode-se tratar de um “recalcamento” tanto no plano individual como no social. No primeiro caso, o termo é utilizado no mesmo sentido de Freud. Refere-se a todo um grupo de mecanismos psicológicos de defesa instilados pelos quais experiências de infância excessivamente dolorosas, sobretudo conflitos na primeira e a culpa e a angústia a eles associadas, bloqueiam o acesso à memória (ELIAS, 2001, p. 15).

Ainda sob esse aspecto, o recalcamento tido na segunda instância, refere-se ao condicionamento da psique humana em relação à morte, que se manifesta no meio social. Pois, “essas situações de enfrentamento individual e social são duas linhas próximas de atuação, e só podem ser percebidas quando comparadas a épocas anteriores e ou outras sociedades” (ELIAS, 2001, p. 18).

Corroborando para a análise da morte para o ser humano, na perspectiva social nos tempos atuais, outra obra de grande referência é a do historiador francês Philippe Ariès (1975-2003) em a “História da Morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias”, a qual reflete a compreensão acerca da morte e morrer em épocas distintas, onde para o autor:

As transformações do homem diante da morte são extremamente lentas por sua própria natureza ou se situam entre longos períodos de imobilidade. Os contemporâneos não a percebem porque o tempo que as separa ultrapassa o de várias gerações e excede a capacidade da memória coletiva (ARIÈS, 2003, p. 20).

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De um modo geral, a abordagem de Ariès discorre sobre a ideia de que a sociedade moderna sofreu transformações ao longo dos tempos, que representou o afastamento da morte do convívio do homem para um isolamento institucionalizado, o que permitiu a atuação da medicina e da tecnologia. Houve uma centralidade da morte para a família e o falecido como coadjuvante. Bem diferente dos tempos da era Idade Média, em que havia serenidade quanto ao enfrentamento da morte pela sociedade, na qual era exaltada publicamente em um ritual.

Outro ponto a destacar varia de acordo com o advento das doenças crônicas na vida do idoso, em que as circunstâncias do processo do adoecimento geram alterações na integridade subjetiva da dimensão humana. Desta forma, as doenças nos idosos são fenômenos complexos identificadas de acordo com aspectos genético-biológicos, variando conforme o surgimento (agudo ou gradual), destacando a sintomatologia (gravidade), o curso (progressiva, constante ou reincidente/esporádica), finalizando em seus efeitos (modificações, incapacidade, redução da expectativa de vida e morte) (SILVA, 2009).

Para Oliveira (2008, p. 21), “nos dias de hoje com a produtividade sendo o pilar de nossa sociedade, um idoso que não trabalha perde o valor, recobre-se de estigmas de deteriorização e é colocado à margem da sociedade”.

O mundo contemporâneo, segundo Borges (2008), preocupado com seus objetivos, se contrapõe à qualidade de vida e à valorização simbólica da velhice, pois os indivíduos tendem a se esconder diante de inúmeras tecnologias a fim de evitar o que é inevitável pelas condições temporais. Aliado a isso, há também uma atmosfera negativa sobre o envelhecimento dotado de paradigmas que contribuem para a vulnerabilidade e fragilidade.

Para Zinn e Gutierrez (2008, p. 82):

Os idosos convivem com crenças sociais e estereótipos que supervalorizam os pontos negativos da velhice, tais como: perdas fisiológicas, incapacidades funcionais, restrições, déficit cognitivo, entre outros, muitas vezes, essa atmosfera negativa sobrepõe o lado positivo da velhice, marcado pela fase constituída por ganhos e experiências compensatórias.

Nesse sentido, as estratégias de ações voltadas para a assistência à população idosa hospitalizada devem contribuir para o bem estar físico e psíquico, além do maior envolvimento da equipe de saúde na compreensão da finitude e do envelhecimento, uma vez que há representações sociais negativas compartilhadas pela sociedade, na qual a temática tende a ser empurrada para o confinamento institucional.

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Logo, algumas considerações se inserem no campo da enfermagem gerontológica, a fim de estabelecer uma assistência humanizada, além do empreendimento de esforços visando à integralidade da assistência ao idoso, na qual o tema relativo à morte ainda é um mistério, cercado de fragilidades.

Deve-se salientar também, que vivemos em uma época onde os avanços tecnológicos predominam e isto contribui para um distanciamento da equipe em relação ao sujeito, o que leva a um isolamento afetivo-emocional. Pois, às vezes, não sabemos lidar com certas questões que envolvem o sofrimento, o medo, a finitude em relação à sua temporalidade e certos anseios.

Diante de todos esses aspectos acerca da finitude e da velhice, torna-se importante ampliar esta temática nas pesquisas, haja vista que ainda há poucos estudos na perpectiva da enfermagem gerontológica, que busque a assistência integral e holística voltado à população idosa, considerando o aspecto biopsicossocial, tendo como meta a melhoria da qualidade de vida do idoso.

Assim, à luz dessas considerações, delimitou-se como objeto de estudo: O envelhecimento e a finitude na trajetória de vida do idoso hospitalizado.

Questões Norteadoras

Qual a perspectiva de envelhecimento e finitude na trajetória de vida do idoso hospitalizado?

Quais as implicações do envelhecimento e finitude para o cuidado de enfermagem ao idoso hospitalizado?

Objetivos

 Descrever a trajetória de vida do idoso;

 Identificar a perspectiva de envelhecimento e finitude na trajetória de vida do idoso hospitalizado;

 Discutir as implicações dessas perspectivas para o cuidado de enfermagem ao idoso hospitalizado.

Justificativa e Relevância da Pesquisa

O crescimento populacional brasileiro frente ao aumento da expectativa de vida e à redução da fecundidade trouxeram mudanças em um curto espaço de tempo. O que

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vemos atualmente é que a demanda no setor saúde traz novos desafios no que se refere à transferência de recursos, e o envelhecimento populacional que implica um aumento das doenças crônicas não transmissíveis que levam a constantes internações hospitalares, consultas ambulatoriais, e aumento no consumo de medicamentos (CAMARANO et al, 1999).

Portanto, o Brasil passa a vivenciar um aumento na demanda de idosos nos serviços de saúde necessitando investir em politicas públicas e estratégias de suporte a esses indivíduos, visando melhoria do atendimento a partir de uma abordagem adequada que considere as especificidades inerentes ao processo de envelhecimento e às necessidades individuais dos sujeitos. Além disso, deve-se considerar que a medo da própria finitude revela ao indivíduo um sentimento natural e universal, indistinguível a classes sociais, idade, sexo e culturas. Assim, a morte e o morrer variam conforme o contexto sócio-cultural e histórico das diferentes civilizações (AGRA; ALBUQUERQUE, 2008).

Nesse sentido, os aspectos relacionados ao processo de envelhecimento e finitude humana emergem através de momentos reflexivos da vida e a Enfermagem destaca-se pela possibilidade de oferecer um cuidado que proporcione bem estar fisico e psíquico aos idosos hospitalizados.

Com base nessas considerações, os enfermeiros que atuam na assistência com idosos devem considerar que no momento do processo de internação hospitalar ocorrem mudanças comportamentais que variam de um indivíduo para outro. O idoso nesse momento se afasta de sua centralidade, o que leva ao comprometimento do bem estar subjetivo. Logo, um dos aspectos relacionado a bem estar subjetivo pode ser compreendido como medidas cognitivas na qual se destaca a satisfação global com a vida, medidas essas emocionais ou afetivas, como valores positivos ou negativos (SIQUEIRA, 2007).

Dentro desse propósito, a Enfermagem destaca-se na aderência à linha de pesquisa do Mestrado - Cuidado nos ciclos vitais humanos, tecnologia e subjetividades na saúde - no que tange à contribuição da integralidade do Cuidado ao idoso.

Portanto, é necessário oferecer aos profissionais subsídios para que compreendam aquilo que se apresenta de forma invisível aos olhos, e isto é considerado uma forma de cuidado (COSTENARO; LACERDA, 2001).

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Ter a oportunidade de estar junto ao outro que perpassa com maior proximidade pelo fenômeno do morrer exige uma habilidade que pouco aprendemos nos cursos de formação profissional: A arte do silêncio. O silêncio, aliado à escuta terapêutica, proporciona o contato com a essência do outro.

A partir daí, o Enfermeiro poderá implementar estratégias para a mudança no comportamento, através de programas que incentivem à função cognitiva, autonomia, independência, contribuindo para o bem estar físico, mental e social, além de contribuir de forma perspicaz para a qualidade de vida. Pois, a educação para os profissionais da enfermagem que atuam na assistência, torna-se relevante uma vez que a morte e o morrer fazem parte do cotidiano do profissional, já que estão não apenas em um quantitativo maior no ambiente hospitalar, mas também por um tempo maior nas diretrizes assistenciais.

Dentro desse propósito, viabiliza a aplicabilidade do conhecimento técnico-científico, no sentido de trabalhar o envelhecimento e a finitude de maneira que contribua para a análise da história de vida do idoso, a fim de desenvolver a assistência humanizada, na escuta quanto ao alívio de suas emoções de modo a aceitá-lo de forma individual e integral. As experiências de perdas e lutos, levando em consideração a análise da vulnerabilidade frente aos fatores de risco que se desenvolve com a internação, a partir de sua identificação e percepção dos grupos mais desfavoráveis. Souza et al (2010, p. 3943) identificam que “o cuidado ao idoso deve prezar pela manutenção da qualidade de vida, considerando os processos de perdas próprias do envelhecimento”.

A aplicabilidade do tema para a representação acadêmica permitirá o conhecimento técnico-científico em uma área pouco explorada, que é a representação do envelhecimento e finitude ao idoso hospitalizado, a qual envolve uma série de questões de representações sociais, onde a velhice e morte são silenciadas.

Também desenvolverá para prática acadêmica a adoção de conteúdo científico, a partir da problemática sob o ponto de vista do sujeito que a vivencia. Ainda sob esse ponto de vista, propiciará a formulação quanto às grades curriculares para adoção mais precisa e específica, quanto à abordagem da morte a qual também é pouco abordada.

Para o campo da pesquisa, que até então, encontram-se poucas produções científicas por pesquisadores enfermeiros, fornecerá subsídios para construção de novos paradigmas da subjetividade humana. Portanto, há necessidade de melhores

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compreensões para a investigação desta temática ainda tratada com temor, pois existe a escassez de respostas.

Assim, o papel fundamental da pesquisa para a instituição será o de viabilizar ensino e treinamento aos profissionais de enfermagem que atuam na assistência a idosos; programa de informação e educação para a clientela idosa internada na unidade hospitalar; adotar planejamento e métodos de cuidados alternativos, que permitirá o resgate dos valores de idosos fragilizados e sem expectativa de vida, minimizando seus medos e anseios em relação à morte.

Logo, os profissionais de enfermagem devem se comprometer com o cuidado integral ao idoso hospitalizado, no sentido de entendê-lo como um indivíduo que possui uma história de vida, pois desta forma, oferecem “proteção ao qual pode dar sentido e legitimidade ao nosso agir profissional enquanto princípio ético de qualquer prática de cuidado” (SCHRAMM, 2002, p. 18). Em virtude disso, não podem limitar sua atenção no atendimento daquilo que é visível no corpo, principalmente em áreas críticas onde a vivência com situações de vida – morte é sempre tão próxima.

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CAPÍTULO I: O ENVELHECIMENTO, O IDOSO E A FINITUDE HUMANA

Considerações sobre o Envelhecimento Humano

O tema “envelhecimento da humanidade” sempre esteve presente na sociedade, e é hoje visto como um fenômeno mundial. Atualmente, configura-se um crescimento na demografia mundial, aonde a população longeva brasileira vem adquirindo destaque ao longo dos tempos, e ainda continua crescente essa pirâmide etária.

A demanda do crescimento populacional na dimensão mundial já apresenta um aumento significativo em relação a outros grupos etários. Isso é validado, quando a estatística mundial mostra que de 1990 a 2025, haverá aumento na população idosa de 2,4% ao ano, contra 1,3% de outros grupos etários em sua totalidade (PAPALÉO NETTO, 1996).

O aumento de idosos que em 1999 era de 9,1%, obteve um avanço de 13,9% em 2009 (IBGE, 2009). Na esfera brasileira, teremos 64 milhões de idosos em 2050, representando 29.7% da população total (MAMEDE, 2011).

Assim, o fenômeno denominado como transição demográfica, resulta na mudança de característica do regime demográfico de alta natalidade e alta mortalidade para outro com baixa natalidade e baixa mortalidade (LEBRÃO, 2009).

A redução da taxa de fecundidade teve início na década de 70, onde houve um aumento da produtividade no mercado de trabalho por mulheres, representado por profundas mudanças nos setores econômicos, políticos e sociais.

Neste sentido, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2001) a queda da taxa de natalidade nas três últimas décadas, de 5.8 filhos em

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1970, para 2.3 filhos em 1999; traduz na inserção maciça de mulheres no mercado de trabalho, e também no aumento do nível de escolaridade.

Além disso, outro fator importante a ser considerado é a redução da mortalidade infantil e aumento da esperança de vida ao nascer, que trazem mudanças da estrutura etária do país, ocasionando aumento progressivo na estatística do envelhecimento.

Fato esse abordado pelos autores, Vermelho e Monteiro (2003, p. 91) que discutem a consequência da transição demográfica, identificando três fases que são: estágio primitivo, onde ocorre um equilíbrio populacional, marcado por elevado número de mortalidade e natalidade; estágio intermediário de “divergência de coeficiente”, sendo compreendida pela taxa de natalidade que permanece alta, enquanto reduz a taxa de mortalidade, assinalando para a “explosão populacional”; estágio intermediário de “convergência de coeficiente”, onde a natalidade diminui mais que mortalidade, neste é visível o “envelhecimento” da população; por último, estágio moderno, em que há um equilíbrio populacional pelos valores de fecundidade que se aproxima do nível de reposição.

Deve-se considerar que as taxas de mortalidade no Brasil tiveram redução nas estatísticas pela valorização das entidades públicas, no fortalecimento da saúde preventiva, como o progresso na assistência à saúde e sanitária da população, além da urbanização, contribuindo para melhoria das condições de vida.

De acordo com o IBGE (1999, p. 10):

A partir de meados da década de 70, o Estado brasileiro vem patrocinando algumas medidas de ações compensatórias (como saneamento básico, programas de saúde materno-infantil, imunização e ampliação da oferta de serviços médico-hospitalares descentralizados). Coincidindo com um período em que se observam fortes declínios dos níveis médios da fecundidade brasileira, que vêm tendo impactos positivos sobre a sobrevivência dos grupos infantis, e também sobre as condições de vida e de saúde da população em geral.

Portanto, observa-se que ainda vivenciamos situação de pobreza extrema, e condições precárias de saneamento. Mesmo assim, os avanços tecnológicos permitiram a mudança do perfil de mortalidade por doenças infecto-parasitárias, que nos anos 60 e 70 eram fatais.

Então, o histórico do envelhecimento populacional brasileiro nos aponta uma demografia com transformações progressivas na sociedade, no sentido que é visto como questão social.

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Dias Júnior e Costa (2006, p. 2) analisam esse fato dizendo que:

Desde a consolidação da transição demográfica, a problemática em relação aos estudos da população mudou de foco. Hoje a preocupação está em relação ao baixo crescimento populacional, que aliado ao aumento da proporção e da longevidade da população idosa, já está gerando, em alguns países, novas demandas sociais.

Ao abordar a temática do envelhecimento humano, considera-se que essa ideologia, diante da sociedade brasileira, apresenta uma análise sob uma dimensão, repleta de desafios. Pois o envelhecimento é um fato real e progressivo, onde produz um impacto principalmente nos setores públicos; a destacar o setor saúde, que apesar de esforços serem desprendidos para a população longeva como avanços tecnológicos da medicina moderna, e a promoção do envelhecimento saudável, o idoso continua a consumir grandes despesas com tratamento hospitalar de saúde.

Aumento da População Idosa: Quais Repercussões?

A explosão do envelhecimento populacional é um fato considerado na atualidade como um fenômeno mundial, e também há um destaque na sociedade brasileira. Desta forma, existe um fator de crescimento maior dos grupos de idosos em relação aos outros grupos de outra faixa etária (CAMARANO, 2006).

As perspectivas do envelhecimento no Brasil sugerem mudanças de paradigmas - para os defensores do aumento da natalidade - no que se refere ao enfraquecimento econômico e social, alimentando a ideia de que a velhice traria decadência individual e coletiva (ALVES JÚNIOR, 2009).

Com isso, observam-se alguns significados distintos sobre a velhice, que traz à luz da visibilidade contemporânea, dois polos distintos; ao qual o primeiro representa a figura negativa do velho como: pessoa sem serventia, dependência, solidão, isolamento social e familiar. No segundo eixo, reflete a figura do aposentado ativo, com sabedoria e experiências acumuladas (SHIRATORI et al, 2009; ALVES JÚNIOR, 2009).

As representações sociais, econômicas e políticas dos idosos no Brasil buscam mudanças no redimensionamento das prioridades no que tange ao comprometimento a uma nova demanda, tornando-se assim, um desafio aos setores públicos. Onde provoca mudanças em relação à oferta de serviços que forneçam atendimento de qualidade, assim como políticas que proporcionam a garantia de direitos e constituições referentes

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ao idoso.

É importante considerar que o envelhecimento produz mudanças individuais, familiares e sociais, onde o sujeito muitas vezes representa um papel secundário.

Gonçalves (2005) discorre sobre a ideia de que o idoso na sua perspectiva de trajetória de vida, geralmente apresenta uma dificuldade de viver o presente, devido a fatores como limitações do corpo, doenças e suas comorbidades, convívio familiar desfavorável, declínio das atividades, e também, dependência financeira.

Assim sendo, o processo de envelhecimento acontece de forma individual, onde os sujeitos passam por transformações contínuas que são inevitáveis. Deste processo, a velhice produz impactos psicológicos, biológicos, sociais, econômicos, configurando-se muitas vezes, em enfrentamentos internos decorrentes das alterações do ciclo vital.

Por essas razões, os idosos cuja maior parte é representada por aposentados e pensionistas, também são cidadãos políticos, e isso é uma forma de identidade já que atualmente eles podem interagir e mobilizar mudanças para o reconhecimento de sua presença na vida do país (FIGUEIREDO; SANTOS; TAVARES, 2009).

Segundo Goldman (2009, p. 34), os instrumentos utilizados enquanto direitos sociais incluem “educação pública, laica e universal, a saúde, a habitação, a previdência pública e a assistência social, dentre outros”.

Neste contexto, visando à garantia dos direitos dos idosos, contemplados na Constituição Federal de 1998 (BRASIL, 1988, s/p) no seu Art.3º; inc. IV, o bem estar de todos sem qualquer discriminação é assegurado da seguinte forma:

Art. 3º- Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

IV- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

E ainda, para a construção do alicerce aos Direitos dos idosos (BRASIL, 1988, s/p) destaca-se:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:

II - facultativos para:

b) os maiores de setenta anos;

Art. 230º- A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

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§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.

§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.

Com vistas ao cumprimento dos interesses e necessidades da população idosa, o Estatuto do Idoso possibilita o envolvimento das entidades governamentais em defesa aos direitos fundamentais, medidas de proteção, acessibilidade jurídica, a também política de atendimento ao idoso.

O referido Estatuto do Idoso (Lei Federal nº 10.741/2003) foi sancionado pelo ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, e têm o objetivo de regulamentar os direitos dos idosos assegurados pela Constituição Federal de 1988. Esta Lei amplia a anterior (Lei Federal de 8.842, de 04 de janeiro de 1994), que dispõem sobre a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. (BRASIL, 2003).

A seguir, destacam-se os principais artigos pertinentes aos direitos dos idosos os quais são relevantes à proposta do estudo, e que se referem aos direitos da pessoa humana como garantia de “oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade” (art. 2º do Estatuto do Idoso); quanto à efetivação de todos os direitos dos idosos, de acordo com o bem estar físico, social, psicológico, saúde, liberdade, respeito é obrigação da família, sociedade, e Estado (art. 3º); bem como, de acordo com (art. 4º) “nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei” (BRASIL, 2003, p. 9).

No que refere à saúde do idoso, o Estatuto do Idoso em seu (art. 10º) que relaciona a assistência de forma integral na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) “acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde [...]” (BRASIL, 2003, p. 13); quanto às considerações de internação hospitalar pelos idosos, estes possuem o Direito de ter um acompanhante durante sua permanência no hospital (art. 16.º); para a adequada assistência de acordo com as necessidades do idoso na unidade de saúde, os profissionais devem ser capacitados, assim como os cuidadores e grupos de auto-ajuda (art. 18.º) (BRASIL, 2003).

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De acordo com o Estatuto do Idoso (art. 20.º) traz relevância aos direitos quanto às atividades “educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade” (BRASIL, 2003, p. 17); também para a prática das referidas atividades, o idoso terá direito à desconto de 50% em “[...] eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos local” (art. 23.º) (BRASIL, 2003, p. 18).

Em relação ao (art. 29º), que se refere à Previdência Social, os idosos aposentados e pensionistas terão direito ao benefício previdenciário de acordo com “[...] critérios de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente” (BRASIL, 2003, p. 20).

Para o transporte coletivo, o Estatuto do Idoso garante a gratuidade aos maiores de 65 anos, e em “[...] transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares” (art. 39º) (BRASIL, 2003, p. 25).

Visando à melhoria dos direitos fundamentais da população idosa, a Política Nacional do Idoso (Lei Federal nº 8.842/1994) deve proporcionar a garantia da autonomia e participação social. Ainda, quanto aos seus princípios, (art. 3º) destaca em seus incisos que é dever do Estado, da família e sociedade proporcionar o bem estar e o direito à vida ao idoso, além da cidadania e participação na comunidade; o processo de envelhecimento se refere à sociedade em geral, que deve ter o conhecimento e informação para todos; a população idosa não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; o idoso deve ser o principal das transformações desta política (BRASIL, 1994).

E quanto às diretrizes deve-se destacar: o convívio do idoso com as demais gerações; prioridade no atendimento ao idoso através das famílias, em detrimento ao atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência; acessibilidade nas informações educativas sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento; prioridade de atendimento em órgãos públicos e privados prestadores de serviços; apoio às pesquisas sobre o envelhecimento (art. 4º) (BRASIL, 1994).

Também, no que tange às políticas públicas destinadas à população idosa, o Ministério da Saúde (2006) através do Caderno de Atenção Básica - Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa - lança mão de políticas de saúde com a finalidade de contribuir

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para a longevidade saudável e envelhecimento ativo. Nesta perspectiva, têm como referência o Pacto pela Vida 2006 (tendo a saúde do idoso como uma das prioridades), Políticas Nacionais de: Atenção Básica, Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, Promoção da Saúde e Humanização no SUS; além do aumento populacional de idosos no Brasil (BRASIL, 2006a).

No que se refere ao Pacto pela Vida, em defesa do SUS e de Gestão (2006) traz algumas diretrizes principais que são: Promoção do envelhecimento ativo e saudável; atenção integral à pessoa idosa; implantação do serviço domiciliar; Acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeitado o critério de risco; Formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2006b).

O Pacto pela Vida também cita como estratégias: a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que contém informações sobre a saúde dos idosos; Manual de Atenção Básica e Saúde para a Pessoa Idosa, voltado para as ações de saúde, tendo em vista as diretrizes contidas na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa; Programa de Educação Permanente à Distância, o qual se refere à educação permanente na área do envelhecimento e saúde do idoso, voltado para profissionais da saúde; Acolhimento à pessoa idosa nas unidades de saúde; Assistência Farmacêutica, que desenvolve a dispensa de medicamentos à população idosa; Atenção Diferenciada na Internação, que contribui na avaliação ao idoso internado, visto que é realizada por uma equipe multidisciplinar; Atenção Domiciliar, que beneficia o idoso quanto ao atendimento residencial, valorizando o ambiente além dos familiares no processo de recuperação do paciente (BRASIL, 2010).

Neste sentido, as políticas de saúde propostas no Caderno de Atenção Básica, visam oferecer suporte técnico e científico aos profissionais da saúde na atenção básica, levando em consideração que o aumento populacional de idosos no Brasil é contínuo, e com isso, ocorre o aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) (BRASIL, 2006a).

Visando à melhoria da qualidade de vida do idoso de forma sistematizada, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) surge como meta para a avaliação funcional do idoso, na qual os objetivos são a independência e autonomia pelo maior

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tempo possível, de acordo com o Ministério da Saúde (2006) no Caderno de Atenção Básica - Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2006a).

Assim, essa afirmação é complementada com o manual do Ministério da Saúde (2010) na Série Pactos pela Saúde 2006, v. 12 - Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento que diz:

É função das políticas de saúde contribuir para que mais pessoas alcancem idades avançadas com o melhor estado de saúde possível, sendo o envelhecimento ativo e saudável, o principal objetivo. Se considerarmos saúde de forma ampliada, torna-se necessária alguma mudança no contexto atual em direção à produção de um ambiente social e cultural mais favorável para população idosa (BRASIL, 2010, p. 12).

Considerando as especificidades do idoso, as políticas públicas devem fornecer acessibilidade e integralidade quanto aos Direitos e Deveres, de modo a fornecer subsídios para a qualidade de vida a uma população que cresce, e tende a crescer ainda mais nos próximos anos. Pois, “[...] é obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e digno” (SHIRATORI et al 2009, p. 340).

Estereótipos do Idoso na Sociedade Moderna

O que pode ser entendido sobre o envelhecer, a área da medicina preventiva procurou estudar os processos do envelhecimento, definindo assim seus estágios no século XV; no século XVIII era visto como algo que o indivíduo trazia em si, cujo enfraquecimento acarretaria a velhice e, consequentemente, a morte; já no século XIX, a velhice era considerada como doença, tornando-se sinônimos; e, no século XX, surge a geriatria como especialidade médica, e logo após a gerontologia como uma ciência proposta a investigar o envelhecimento como um processo natural (OLIVEIRA, 2009).

Assim, as atitudes diante do envelhecimento são as mais variadas, primeiro há uma recusa na identificação interior com a percepção da chegada à terceira idade, sendo que muitos recorrem à tecnologia para o adiamento deste fato que é real e progressivo. Deste modo:

Há idosos que tentam adiar a velhice, pelo fato de não a aceitarem. São aqueles que fazem cirurgias plásticas, compram roupas diferentes e procuram parceiros jovens; tudo isso com diferentes saídas para manter a ilusão de que não estão envelhecendo (FIGUEIREDO; SANTOS; TAVARES; 2009, p. 19).

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Tendo em vista essa imagem que o idoso coloca de si, torna-se difícil a aceitação do processo de envelhecimento, quando o corpo dá os primeiros sinais.

Delalibera (2005, p. 9) enfatiza que “o corpo é atingido culturalmente pelas mais variadas esferas de poder, é vitimizado por apelos de consumo, pela forma como o trabalho o molda, como as crenças religiosas o concebem entre outros”.

Com isso, essa recusa individual que também é repassada à sociedade, há uma negligência íntima de percepção das alterações do corpo com o envelhecimento, sendo visíveis essas alterações através da imagem refletida do outro como um espelho. A autora também relata que:

É o outro do espelho quem denuncia sua condição de quem não pode mais satisfazer o outro e assim a idade se transforma em angústia. O sujeito constrói, portanto, a sua realidade a partir do encontro com sua imagem no espelho (DELALIBERA, 2005, p. 23).

Em conformidade com essa questão, segundo o pensamento de Lévinas, considera-se que “O outro se destaca da multidão e, no entanto não é apenas diferente dela” (HUTCHENS, 2007, p. 39).

As transformações do envelhecimento na sociedade como um problema social, tiveram além da influência do crescimento populacional de idosos e ainda aumento do número de aposentados, outras questões como a pobreza e dependência, e relações entre gêneros (ALVES JÚNIOR, 2009).

Trazendo à luz esses questionamentos sobre o problema da pobreza, aposentadoria, e a dependência financeira remetem especialmente a população idosa humilde, que produz uma renda insuficiente para as suas demandas.

Ainda mais se essa população tiver comprometimento em sua saúde, o que leva um maior gasto. Sendo assim, os idosos em situações de pobreza, principalmente quando a previdência social se torna a única fonte de renda, pode representar situações negativas e precárias no que se refere à qualidade vida; pois, além disso, ainda implica hábitos alimentares precários e asilamento, aliado às doenças (SILVA, 2009; NERI, 2007).

Os idosos na sociedade moderna convivem com crenças estruturadas e formadas sobre o envelhecimento, com sentido negativo. Tais reflexões podem ser vistas quando Oliveira (2007, p. 279) destaca que “a sociedade capitalista, em particular a brasileira, impõe um isolamento social às pessoas que envelhecem e não participam diretamente

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do processo produtivo”.

Assim, quando as pessoas se aposentam e passam da categoria produtiva para a não produtiva, trabalhador para ex-trabalhador, ativo para inativo, estabelece desafios para própria existência; pois diante disso, encontram solidão pelo afastamento da vida social e convívio com amigos que é interrompida, além da família algumas vezes se distanciar, quando cada um segue o curso da própria vida ou então quando essa se desinteressa pelo idoso, e esse idoso não encontram a companhia dos jovens, e os adultos não dispõem de tempo para eles (SIQUEIRA; BOTELHO; COELHO, 2002; FIGUEIREDO; SANTOS; TAVARES, 2009).

Outra situação que traz conflito para o idoso se refere à institucionalização, que traz solidão, falta de autonomia, vulnerabilidade. Pois, a institucionalização do sujeito idoso, considerado um tipo de violência, torna-o tendencioso a um isolamento dos laços afetivos sociais, empurrando-a para os bastidores da vida normal.

Assim, para Loreiro (2008, p. 858), “o velho asilado, abandonado, com a auto-estima em baixa, pode desejar a própria morte”.

Desta forma, o ambiente institucional dos asilos é um local frio, dotado de normas e rotinas que deixam os idosos fragilizados pela perda da autonomia e dependência, ficando à mercê das regras impostas pela sociedade, no sentido de exclusão. Essa vulnerabilidade para os idosos ocorre por conta do distanciamento da rotina e convívio social que tinham antes de entrarem para a instituição, fato este que ocorre devido às barreiras que a instituição apresenta e que impedem o contato ao mundo externo pelos internos sem a permissão da divisão administrativa (BRASIL; SOUZA, 2005).

São diversos os motivos que levam à institucionalização: impossibilidade de cuidar do idoso em domicílio; dificuldade de relacionamento intergeracional; dificuldades econômicas, para acompanhamento e tratamento médico do idoso dependente; dificuldade de adaptação dos membros da família quanto à modificação do domicílio que apresenta riscos físicos; compreensão dos familiares nos momentos difíceis, como lapsos de memória, história repetitivas, e avareza (FIGUEIREDO et al, 2009).

Os mecanismos de vulnerabilidade e fragilidade pelo processo de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) influenciam também na estereotipia dos idosos na sociedade, que só valoriza o indivíduo saudável e dependente.

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Para Silva (2009), o equilíbrio dinâmico positivo do idoso relaciona-se com a capacidade autônoma do sujeito, mecanismos participativos da comunidade, organização e reestruturação dos cuidados do indivíduo, além da habilidade do idoso em interagir com o meio histórico, cultural, social, econômico, natural e tecnológico; e quando ocorre o desequilíbrio dessas estruturas, pode ocorrer o desajuste gerontológico para doenças crônicas, resultando em problemas geriátricos de diferentes magnitudes.

Assim sendo, o surgimento de doenças crônicas na vida do idoso requer tratamento em longo prazo e autocuidado, o que leva o idoso à desmotivação quanto a esta prática, no sentido de algumas limitações e recomendações específicas quanto à alteração do estilo de vida.

Então, no tocante à saúde dos idosos, Cunha; Sá e Nascimento (2013) revelam que os serviços de saúde no Brasil devem se preparar para o atendimento de qualidade prestado à população idosa, pois em muitos os casos de internação hospitalar dessa clientela na clínica de emergência, ocorre por instabilidade de um quadro crônico-degenerativo, que é comum aos idosos.

Desta forma, Leite (2007, p. 14) ressalta que:

O impacto do envelhecimento humano em toda a sociedade deve ser considerado como sendo visível particularmente, no sistema de saúde, no qual se constata déficit em sua infraestrutura necessária para atender as demandas desse estrato populacional, em termos de espaço físico, políticas, ações e intervenções específicas e, especialmente, de recursos humanos capacitados qualitativa e quantitativamente.

O que gera um problema aos idosos, pois além de conviverem com o fator doença, também se defrontam com a situação de superlotação das instituições públicas hospitalares, as quais estão despreparadas para a demanda excessiva o que provoca desconforto no ser que é cuidado e para os que cuidam pela falta de estrutura física e condições para a assistência humanizada, de qualidade.

Algumas representações negativas sobre a finitude humana no processo de hospitalização tornam-se mais presentes quando o idoso vivencia momentos angustiantes de perda dentro da mesma unidade de internação. Daí, o idoso redimensiona aquela situação de morte para si, tendo em vista suas condições de saúde desfavoráveis diante da fragilidade emocional e isolamento social.

Outras representações quanto ao envelhecimento humano levam-nos a refletir que a sociedade em que vivemos não concebe essa realidade como algo natural e

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universal. Cada vez menos os jovens pensam na sua finitude e na construção de uma relação com o velho, ou seja, um futuro inevitável.

Desta maneira, a abordagem do envelhecimento para o idoso possui diversas dimensões de significado, em conformidade com o que é experimentado ao longo da vida; sendo assim, contextualizados conforme os múltiplos aspectos da vida humana, que são compreendidos de acordo com a história pessoal, crenças e valores do indivíduo.

Neste sentido, observa-se cada vez mais a necessidade de uma nova atenção da sociedade para a população idosa, reconhecendo os valores e sentidos do envelhecimento, no sentido de transformar a sociedade atual, abandonando estereótipos excludentes (SHIRATORI, 2009).

O Envelhecimento como um Processo Contínuo

Compreende-se o envelhecimento humano como fenômeno multidimensional, no qual ocorrem profundas alterações no organismo vivo. Essas transformações ocorrem por um processo contínuo, que fazem parte da evolução humana, assim sendo, inevitável.

É preciso considerar que o envelhecimento trata de questões relativas ao tempo, estabelecendo progressivamente os aspectos cronológicos, que sinaliza as etapas da vida percorrida e revela a chegada à terceira idade.

Desta forma, o Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003) através do seu primeiro parágrafo define que o sujeito é considerado idoso com a idade cronológica de 60 anos ou mais.

Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera dois fatores cronológicos para caracterizar o indivíduo idoso, na qual a idade de sessenta anos seria em países em desenvolvimento, e em países desenvolvidos, a idade igual ou maior que 65 anos (ALVES JÚNIOR, 2009).

Outras definições sobre o envelhecimento humano o tratam como uma etapa natural, sequencialmente progressiva que acarreta a diminuição da reserva funcional do indivíduo – senescência - não costuma provocar problemas em condições normais; já que em quando há um mecanismo de sobrecarga, como doenças, acidentes, estresse emocional, pode ocorrer condição patológica, que demanda assistência especializada – senilidade (BRASIL, 2006b).

Referências

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