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A relevância da lei de incentivo fiscal nos municípios catarinenses: análise de uma empresa prestadora de serviços em Lages e Xanxerê

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA BETINA HARGER SILVEIRA

A RELEVÂNCIA DA LEI DE INCENTIVO FISCAL NOS MUNICÍPIOS CATARINENSES:

ANÁLISE DE UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS EM LAGES E XANXERÊ

Florianópolis 2020

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BETINA HARGER SILVEIRA

A RELEVÂNCIA DA LEI DE INCENTIVO FISCAL NOS MUNICÍPIOS CATARINENSES:

ANÁLISE DE UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS EM LAGES E XANXERÊ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientadora: Prof. Tânia Maria Françosi Santhias, Msc.

Florianópolis 2020

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BETINA HARGER SILVEIRA

A RELEVÂNCIA DA LEI DE INCENTIVO FISCAL NOS MUNICÍPIOS CATARINENSES:

ANÁLISE DE UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS EM LAGES E XANXERÊ

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Direito, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 07 de dezembro de 2020.

______________________________________________________ Professora e orientadora Tânia Maria Françosi Santhias, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Susana dos Reis Machado Pretto, Msc

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Sâmia Mônica Fortunato, Esp

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

A RELEVÂNCIA DA LEI DE INCENTIVO FISCAL NOS MUNICÍPIOS CATARINENSES:

ANÁLISE DE UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS EM LAGES E XANXERÊ

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Florianópolis, 20 de novembro de 2020.

____________________________________

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À minha família e ao meu namorado, que sempre estiveram comigo e me apoiaram.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Beatriz e Topázio, à minha irmã, Carina, e à minha avó, Érica, por terem me apoiado durante a graduação, por terem me animado nos dias sombrios e por estarem comigo nas minhas conquistas.

Agradeço ao meu namorado, Ian, por sempre estar comigo, por ter me acalmado quando as coisas não pareciam boas, por ser quem é.

Agradeço aos meus amigos, em especial à Júlia e à Kathleen, que trouxeram alegria aos intervalos das aulas e proporcionaram debates incríveis sobre os mais variados temas.

Agradeço à Unisul, pelo ensino, e aos professores que tive o prazer de ter aula durante a graduação, foram essenciais para o meu entendimento do Direito e o gosto pelas análises jurídicas.

Agradeço à empresa Flex Gestão de Relacionamentos S.A. e aos profissionais envolvidos, por ter permitido fazer a análise que foi proposta e ter disponibilizado os materiais de estudo.

Agradeço também à minha professora orientadora, a Prof. Tânia, por ter me apoiado na proposta deste trabalho e por estar comigo nessa jornada.

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“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.” (Marcel Proust).

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RESUMO

A possibilidade de conceder incentivo fiscal para empresas, mediante contrapartida que beneficiem o desenvolvimento econômico do município, existe. Essas medidas podem impactar positivamente as cidades em diversos aspectos. Através do estudo da evolução das leis de incentivo fiscal do imposto sobre serviço e imposto sobre serviço de qualquer natureza dos municípios de Lages e Xanxerê e comparação das leis vigentes, foi possível identificar as oportunidades para as empresas e para o município. Para o estudo de caso da empresa Flex Gestão de Relacionamentos S.A., foi analisado alguns dados dos municípios, do ano em que a empresa se instalou, do ano seguinte e de 2018, para ver a evolução e chegar na conclusão que ter empresas trabalhando pelo desenvolvimento econômico do município é um acelerador no desenvolvimento. A empresa movimenta a economia e não apenas os próprios colaboradores, mas toda a comunidade se beneficia dessa medida tomada pelo município. Portanto, o incentivo fiscal pode ter alta relevância na hora da tomada de decisão de uma empresa, frente as possibilidades de interiorização. Palavras-chave: Incentivo fiscal. Imposto Sobre Serviços. Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Municípios Catarinenses.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 AS LEIS DE INCENTIVO FISCAL EM LAGES E XANXERÊ ... 11

2.1 LAGES ... 13

2.2 XANXERÊ ... 17

3 COMPARAÇÃO DAS LEIS DE INCENTIVO FISCAL DE LAGES E XANXERÊ 22 3.1 BENEFICIADOS, DURAÇÃO E CONTRAPARTIDA DO INCENTIVO ... 22

3.2 SOLICITAÇÃO, ÓRGÃO REGULADOR E ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS 25 3.3 DAS PENALIDADES, REVERSÕES E RESCISÕES ... 29

4 ESTUDO DE CASO: FLEX GESTÃO DE RELACIONAMENTOS ... 33

4.1 LAGES ... 35 4.1.1 Flex em Lages ... 37 4.1.2 Resultados perceptíveis ... 40 4.2 XANXERÊ ... 44 4.2.1 Flex em Xanxerê ... 45 4.2.2 Resultados perceptíveis ... 47 5 CONCLUSÃO ... 51 REFERÊNCIAS ... 53

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1 INTRODUÇÃO

Um dos desafios dos municípios é a geração de empregos, que consequentemente movimenta a economia local, desenvolvendo a área e proporcionando oportunidades aos moradores. Um meio de atrair empresas para se instalarem na cidade é através da isenção de alguns tributos, dentre eles o Imposto Sobre Serviços (ISS), ou Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). Para que seja possível a concessão de benefícios às empresas, é necessário que o município possua uma lei de incentivo fiscal, que determinará como será feito os trâmites, a contrapartida da empresa, prazos e todos os detalhes que envolvem essa ação.

Para os municípios que possuíam uma atividade econômico muito tradicional, e que está vendo uma mudança, a possibilidade de atrair empresas com benefícios fiscais é muito interessante. O trabalho aqui apresentado tem como resultado um estudo de caso sobre a utilização de incentivo fiscal, na forma da isenção do ISSQN, e o que a cidade ganhou com a ida da empresa para o seu território.

A motivação de realizar o estudo se deu pela proximidade da acadêmica com a empresa em questão, a Flex Gestão de Relacionamentos S.A. e o fato de ver como, de forma leiga, as cidades se beneficiaram. A visão leiga é importante, mas uma análise mais detalhada, com um estudo das leis que foram aplicadas e o que efetivamente mudou na cidade, deve ser mais interessante ainda.

A explicação sobre o estudo de caso, de forma breve e introdutória, é que a empresa foi fundada em 2009, na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, e desde 2011 notou a oportunidade em interiorizar a operação, principalmente pelos incentivos fiscais vigentes na época e a disponibilidade de pessoas para trabalhar. Dessa forma, em 2011 a empresa foi para Lages, região Serrana de Santa Catarina e, com os resultados positivos e a oportunidade de se beneficiar de incentivo fiscal, se instalou em Xanxerê, no oeste de Santa Catarina, no ano de 2014. Portanto, a pergunta de pesquisa a ser respondida no decorrer do trabalho é: qual é a relevância das leis de incentivo fiscal para atrair novas empresas para o desenvolvimento dos municípios catarinenses, com ênfase em Lages e Xanxerê?

Para responder a pergunta, os procedimentos metodológicos que serão utilizados é o procedimento monográfico com estudo de caso, com a técnica bibliográfica e com coleta de dados primários, através da análise da legislação, e

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utilização de dados secundários, sendo eles as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), livros sobre o assunto, e material da empresa objeto do estudo de caso. O objetivo geral do trabalho é identificar o impacto das leis de incentivo fiscal no desenvolvimento de Lages e Xanxerê, e os objetivos específicos são: apresentar a evolução das leis de incentivo fiscal nos municípios em estudo no período de 2009 a 2019, como estímulo das atividades das empresas no desenvolvimento econômico; comparar as leis de incentivo fiscal de Lages e Xanxerê no desenvolvimento econômico; e verificar os efeitos extrafiscais no município a partir das leis de incentivo fiscal: o estudo de caso da empresa Flex Gestão de Relacionamentos S.A.

Para entregar o que está sendo proposto, o trabalho foi dividido em três capítulos, sendo eles: capítulo 2 com o objetivo de apresentar as leis de incentivo fiscal em vigência em cada município, as mudanças que ocorreram na lei que está vigente e como foi a evolução das leis até chegar na atual; no 3º capítulo será apresentada a comparação da lei vigente na cidade de Lages e a lei vigente no município de Xanxerê em diversos tópicos, sendo alguns deles quem são os beneficiados em cada lei, quais são as contrapartidas das empresas e as penalidades, reversões e rescisões que existem; e por fim, o capítulo 4 é o estudo de caso, com informações sobre a empresa, como foi a tomada de decisão para interiorizar a operação e qual foi o impacto na cidade, sentido e comprovado por meio de dados.

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2 AS LEIS DE INCENTIVO FISCAL EM LAGES E XANXERÊ

Cada imposto tem sua competência, podendo ser Municipal, Estadual ou Federal. Ainda que nem todos os impostos sejam de competência federal, o que for decidido nas esferas menores, devem estar de acordo com as regras gerais determinadas pelo Governo Federal.

Em âmbito municipal, o art. 156 da Constituição Federal estabelece o seguinte

Art. 156 Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I – propriedade predial e territorial urbana;

II – transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. (BRASIL, 1988)

O foco do trabalho será no Imposto Sobre Serviços conforme o objetivo de analisar um caso concreto de uma empresa cujas atividades são tributadas dessa forma.

O Imposto Sobre Serviço (ISS) é de competência municipal e cabe a cada prefeito decidir sobre isenções, por exemplo, mas a Lei Complementar Federal nº. 116 de 2003, que foi alterada pela Lei Complementar Federal nº. 157 de 2016, determina o limite das alterações no imposto. O ISS tem sua competência municipal determinada pelo art. 156, III da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e Chimenti (2019) explica o seu fato gerador como

O fato gerador do ISS é a prestação, por empresa ou profissional autônomo, com ou sem estabelecimento fixo, de serviços de qualquer natureza, enumerados em lei complementar de caráter nacional, desde que tais serviços não estejam compreendidos na competência dos Estados. (p. 159)

Ainda, em relação ao município, Chimenti (2019) diz que “observada a lei complementar da União, inclusive quanto a lista de serviços, os Municípios podem instituir o ISS, descrevendo o seu fato gerador em lei ordinária municipal.” (p. 159) Com isso, é possível concluir que desde que observada a regra geral, os Municípios tem liberdade quanto ao imposto em questão. Chimenti (2019) faz a observação que “a pessoa política que detém a competência tributária para instituir o tributo também é competente, por meio de lei, para conceder isenções.”(p. 159)

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Isenção de imposto é uma das causas de exclusão do crédito tributário, ou seja, o tributo está dispensado de pagamento. A isenção pode ser conceituada como

Isenção é a dispensa do pagamento do tributo por disposição expressa em lei. Na isenção, a situação jurídica se encontra no campo de incidência do tributo, porém é dela excluída em virtude de lei. As isenções são benefícios outorgados pelo legislador com a finalidade de incentivar determinadas atividades (p. 29) (BORGES; REIS, 2015)

Com essa previsão é possível que o Município determine certos incentivos fiscais através da isenção do pagamento de tributo com determinadas contrapartidas. Essa possibilidade é ressaltada por Fabretti (2017) quando diz

O executivo pode, mediante lei, abrir mão de parte da arrecadação de determinado imposto para incentivar certas atividades ou regiões. Em contrapartida, a renúncia fiscal do Executivo constitui um benefício fiscal para o contribuinte, desde que este observe com rigor os requisitos que a lei exige para o direito de utiliza-lo. (p. 321)

A possibilidade da isenção está disposta no Código Tributário Nacional, em seu art. 176.

Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.

Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. (BRASIL, 1966)

Portanto, temos que isenção de um tributo é um tipo de incentivo, sendo especificamente o incentivo fiscal. Para a finalidade do estudo, o conceito a ser levado em consideração é que o incentivo é uma isenção de pagamento de determinado tributo, regulado por lei específica, com o objetivo de desenvolver determinada atividade e com contrapartida do beneficiado.

Com essas considerações, e sendo possível estabelecer um conceito, vamos às leis. Importante a lembrança que no que for comentado sobre incentivo fiscal, o entendimento será alinhado com o conceito mencionado no parágrafo anterior.

A Lei Complementar Federal nº. 116 de 2003 é a que regulamenta o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza e as leis municipais precisam ser recepcionadas por esta. Com as mudanças que a Lei Complementar Federal 116

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sofreu com o decorrer dos anos, principalmente com a Lei Complementar Federal nº. 157 de 2016, os municípios também tiveram que se adequar.

2.1 LAGES

O Município de Lages possui algumas leis que tratam sobre o assunto de incentivo fiscal, a mais recente e que está em vigor é do ano de 2009 mas até essa lei muitas modificações e adições aconteceram.

A Lei Complementar do município de Lages nº. 287 de 2007 é o Código Tributário Municipal e embora tenha muitas disposições sobre documentos fiscais, não prevê nada sobre incentivo econômicos e fiscais. Como visto anteriormente, para o município conceder benefícios fiscais é preciso que tenha uma lei regulamentando o que, como, por quanto tempo e quem pode receber o benefício. Dessa forma, o município possuía, até 2009, a Lei nº. 2330 de 1997, e posteriormente entrou em vigor a Lei nº. 3626 de 2009.

A Lei nº. 2330 de 1997, do município de Lages, tinha como objeto a consolidação das leis de incentivo econômico e isenção fiscal e muito do que constava no texto legal permanece na versão atual, a Lei nº. 3626 de 2009 que foi a responsável pela revogação da Lei anterior. A Lei de 2009 continua em vigor, e agora com algumas alterações no decorrer dos anos.

A Lei nº. 3626 de 2009 (Lages, 2009) “dispõe sobre incentivos econômicos e fiscais para empresas que empresas que se estabelecerem, ampliarem sua capacidade produtiva ou desenvolverem projetos de desenvolvimento tecnológico e de inovação” e é possível distinguir três grupos de beneficiários: as empresas que se estabelecerem nos limites do município de Lages; as empresas que ampliarem a sua capacidade produtiva; e as empresas que desenvolverem projeto de desenvolvimento tecnológico e de inovação. Quando comparada à Lei nº. 2330 de 1997, o primeiro diferencial está nos grupos de beneficiários. Na Lei mais antiga, os grupos alvos eram empresas industriais, comerciais ou prestadoras de serviço que: se estabelecessem, ou eram estabelecidas, no município de Lages; que ampliassem a sua capacidade produtiva; ou que transferissem as suas instalações para o município de Lages. A adição de uma atividade que poderia ser exercida pelas empresas na Lei recente, o desenvolvimento de projetos de desenvolvimento

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tecnológico e inovação, traz a visão de futuro, do desenvolvimento tecnológico que o mundo vive hoje e muitas empresas dependem disso.

Sobre a Lei nº. 3626 de 2009 vale ressaltar alguns pontos. O art. 1º traz sobre os beneficiários da Lei, sendo eles:

Art. 1º O Município de Lages poderá conceder incentivos econômicos e fiscais para as empresas que se estabelecerem no Município de Lages, ou que aumentarem a sua capacidade de produção e comercialização. (LAGES, 2009)

Para esclarecer o conceito de incentivos econômicos e fiscais, em seguida tem quais as ações da prefeitura que os constituem

§1º Constituem incentivos econômicos e fiscais I – Concessão de áreas em “pólos empresariais”; II – Execução de infra-estrutura;

III – Locação de espaços para a instalação de empresas; IV – Isenção de Impostos e Taxas Municipais. (LAGES, 2009)

Em relação aos incentivos, o art. 1º ainda fala que:

§3º Os incentivos econômicos e fiscais poderão ser concedidos isolada ou cumulativamente, de acordo com o projeto. (LAGES, 2009)

Através desse trecho da Lei nº. 3626 de 2009 é possível identificar que a isenção o Imposto Sobre Serviços (ISS), por ser um imposto de competência municipal, pode ser concedida, desde que a empresa que está requisitando se enquadre no art. 1º, caput.

Em relação as empresas prestadoras de serviço e o imposto pago por elas, temos o art. 3º. Esse é um artigo que sofreu modificações com Lei editada nos anos seguintes. Originalmente, o art. 3º, caput tinha que

Art. 3º As isenções de impostos e taxas municipais para empresas prestadoras de serviços serão de até 03 (três) anos para qualquer empresa prestadora de serviços que se instalar no Município ou que ampliar a sua capacidade produtiva. (LAGES, 2009)

Atualmente, o art. 3º, caput está dispondo que

Art. 3º As isenções de impostos e taxas municipais, serão de até 03 (três) anos para qualquer empresa prestadora de serviços que se instalar no Município ou que ampliar sua capacidade produtiva, observada a alíquota

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mínima do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISQN, conforme definido no artigo 8º da Lei Complementar nº 197, de 10 de setembro de 2003. (Redação dada pela Lei nº. 4218 de 2017) (LAGES, 2009)

Comparando as duas redações, a diferença está que agora, com o art. 3º

caput alterado, existe uma alíquota mínima a ser cobrada no Imposto Sobre

Serviços de Qualquer Natureza (ISQN), o qual abrange o ISS. Antes de ter uma alíquota mínima, a empresa poderia ter a isenção 100% do imposto, tendo alíquota 0. A Lei nº. 4218 de 2017 simplesmente determina a alteração o caput do art. 3º da Lei nº. 3626 de 2009, e ao ler o art. 8º da Lei Complementar nº. 197 de 2003 temos a redação antiga, sendo

Art. 8º As alíquotas do imposto sobre serviços de qualquer natureza são as constantes da Lista de Serviços, parte integrante desta Lei. (LAGES, 2003)

E a redação nova do art. 8º da Lei Complementar nº. 197 de 2003, referenciada na nova redação do art. 3º caput da Lei nº. 3626 de 2009, é

Art. 8º As alíquotas do imposto sobre serviços de qualquer natureza são as constantes da Lista de Serviços, parte integrante desta Lei, observada a alíquota mínima de 2% (dois por cento). (LAGES, 2009)

A Lei Complementar nº. 197 de 2003 é a lei específica do município de Lages que trata sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza e tem todas as informações especificas desse imposto, que, como já comentado, é de competência municipal e precisa ter norma reguladora. O art. 8º foi editado por conta da Lei Complementar nº. 501 de 2017 e tem os seguintes parágrafos, em complemento do

caput já mencionado anteriormente:

§1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei.

2º É nula a lei ou ato do Município que não respeite as disposições relativas à alíquota mínima prevista neste artigo. (LAGES, 2017)

Essa Lei Complementar nº. 501 de 2017 surgiu da necessidade do município se adequar a Lei Complementar Federal nº. 157 de 2016, que alterou diversas Leis,

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uma delas foi a Lei Complementar nº 116 de 2003, que dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza a nível Federal.

Essa lei, a Lei Complementar nº. 157 de 2016 adicionou um artigo na Lei Complementar nº 116 de 2003, sendo a redação atual

Art. 8º-A A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento).

§1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar.

§2º É nula a lei ou o ato do Município ou do Distrito Federal que não respeite as disposições relativas à alíquota mínima previstas neste artigo no caso de serviço prestado a tomador ou intermediário localizado em Município diverso daquele onde está localizado o prestador do serviço. §3º A nulidade a que se refere o §2º deste artigo fera, para o prestador do serviço, perante o Município ou o Distrito Federal que não respeitar as disposições neste artigo, o direito à restituição do valor efetivamente pago do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza calculado sob a égide da lei nula. (BRASIL, 2003)

No art. 6º da Lei Complementar nº. 157 de 2016 está disposto que

Art. 6º Os entes federados deverão, no prazo de 1 (um) ano contado da publicação desta Lei Complementar, revogar os dispositivos que contrariem o disposto no caput e no §1º do art. 8-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (BRASIL, 2016)

Essa disposição do art. 6º da Lei Complementar nº 157 de 2016 remete ao fato que para que uma norma possa existir, ela deve ser compatível com a norma superior, ou seja, as leis municipais teriam que ser revogadas, ou se adequar a Lei Complementar em nível Federal para que continuassem a existir. Em relação a essa necessidade de adequação, pode-se utilizar da explicação de Barzotto (2007) apud Cardoso (2015)

A regra de reconhecimento é a regra suprema do sistema. Isso pode ser visto pelo fato de que ela é a última regra a ser invocada em um processo de validação. Um decreto do Executivo é válido se foi elaborado em conformidade com uma lei. A lei é considerada válida se foi emanada nos termos previstos pela constituição. Esta é válida porque a regra de reconhecimento diz que aquilo que está disposto da constituição é direito.

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Portanto, para que continuasse tendo efeito, a Lei Complementar do Município de Lages nº. 197 de 2003 foi alterada pela Lei Complementar do Município de Lages nº. 501 de 2017.

A Lei nº. 3626 de 2009 está em vigor e adequada às normas federais. No ano de 2009, com a publicação da referida Lei, o município de Lages podia conceder isenções no imposto sobre serviços, sem alíquota mínima definida, e agora, no ano de 2020, depois das alterações, o município ainda pode conceder isenções do imposto mas é necessário observar que a alíquota mínima é 2%.

2.2 XANXERÊ

Xanxerê é um município que possui um Código Tributário Municipal, a Lei Complementar nº. 2880 de 2005, bem consolidado, abordando muitos aspectos importantes e possui alguns pontos válidos a serem mencionados.

O art. 4º dispõe sobre a competência do município sobre determinados impostos, sendo eles

Art. 4º Os Tributos Municipais são: I – IMPOSTOS

Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU;

Imposto sobre a Transmissão “Inter Vivos”, a qualquer título por ato oneroso, de Bens Imóveis, por Natureza ou Acessão Física e de Direitos Reais sobre Imóveis, exceto os de garantia, bem como a Cessão de Direito à sua Aquisição – ITBI;

Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS. (XANXERÊ, 2005)

No que diz respeito ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, o Código Tributário Municipal possui um capítulo dedicado, indo do art. 44 ao art. 85. Nessa parte dedicada ao ISS, temos o art. 57 que estabelece as alíquotas

Art. 57 As alíquotas mínimas e máximas do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza são as seguintes:

I – mínima – 2% (dois por cento)

II – máxima – 5% (cinco por cento). (XANXERÊ, 2005)

Ainda em relação as alíquotas, o art. 57 ganhou o parágrafo único com a Lei Complementar nº. 3956 de 2017, ficando com a seguinte redação:

Parágrafo Único – O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de

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base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menos que a decorrente da aplicação da alíquota mínima. (XANXERÊ, 2005)

Além da Lei Complementar nº. 2880 de 2005, o município de Xanxerê possui a Lei Complementar nº. 3157 de 2009 que “dispõe sobre a política de desenvolvimento econômico no município de Xanxerê, sobre o programa de melhoria e valorização da propriedade agropecuária e a criação do Conselho Municipal do Desenvolvimento Econômico – CMDE” (XANXERÊ, 2009). No título da Lei, cabe destacar a parte sobre desenvolvimento econômico, que é de extrema importância para o desenvolvimento de um município.

Sobre incentivos fiscais e econômicos, o art. 2º traz que

Art. 2º O Município de Xanxerê, respeitada as prioridades sócioeconômicas, poderá conceder incentivos fiscais e econômicos às pessoas jurídicas que se estabelecerem no Município e incentivos econômicos àquelas existentes que ampliares suas instalações ou diversificarem suas atividades produtivas, como também, aos produtores agropecuários, observando as exigências da Lei Complementar Federal nº. 101 de 04 de maio de 2020. Parágrafo Único – Os incentivos fiscais e econômicos estabelecidos nesta Lei têm como objetivo a implantação e a expansão de empresas nas atividades industriais, comerciais, turísticas, prestadoras de serviços e agropecuárias no Município de Xanxerê, gerando o desenvolvimento econômico, especialmente a ampliação do mercado de trabalho e da renda. (XANXERÊ, 2009)

Com o objetivo de especificar os setores que podem ser beneficiados com os incentivos, o art. 4º traz um rol das atividades produtivas aptas a pleitear os incentivos.

Art. 4º Poderão pleitear os incentivos previstos nesta Lei, as pessoas jurídicas que se estabelecerem no Município e incentivos econômicos àquelas existentes que ampliarem suas instalações ou diversificarem suas atividades produtivas, como também, os produtores agropecuários, enquadradas como:

I – Industriais II – Logística III – Comerciais

IV – Prestadoras de serviços, com exceção de instituições financeiras V – Condomínios e loteamento empresariais, que abrigam empresas cujas atividades se enquadrem nesta Lei

VI – Incubadoras empresariais VII – Agropecuária

VIII – Telemarketing e Tecnologia (Call Center) (XANXERÊ, 2009)

Importante pontuar que a atividade do inciso VIII foi adicionado ao rol pela Lei Complementar nº. 3615 de 2013.

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Em relação ao benefício fiscal do ISS e do ISSQN a Lei traz o art. 5º, I, b, d. Art. 5º O programa de incentivos de que trata esta Lei abrange benefícios fiscais na forma de redução e isenção, limitados ao prazo máximo de 10 (dez) anos, iniciando-se a contagem na data da assinatura do contrato, independentemente de alterações posteriores na Legislação pertinente, dos seguintes tributos municipais:

I – Impostos: [...]

b) Redução do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS, incluindo os devidos sobre a execução das obras civis de construção, ampliação e/ou reforma do prédio para a instalação da pessoa jurídica para a alíquota de 2% (dois por cento).

[...]

d) Isenção do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN, nos 5 primeiros anos de atividade e redução à alíquota de 2,00% nos 5 anos subsequentes, às empresas sujeitas a esse tributo que gerarem e mantiverem número igual ou superior a 500 empregos diretos, comprovados anualmente mediante apresentação de cópia dos respectivos contratos de trabalho firmados na CTPS dos empregados. (XANXERÊ, 2009)

O disposto sobre o ISSQN foi adicionado pela Lei Complementar nº. 3615 de 2013.

Esse artigo foi revogado completamente pela Lei Complementar nº. 3956 de 2017.

A Lei Complementar nº. 3956 de 2017 alterou alguns dispositivos legais, e o art. 8º diz respeito à Lei Complementar nº. 3157 de 2009.

Art. 8º Ficam revogadas, a partir de 30 de dezembro de 2017, toda e qualquer isenção de ISSQN em andamento, em análise ou em fase de aplicação, especialmente a definida no art. 5º da Lei Complementar 3157/2009 de 23 de setembro de 2009. (XANXERÊ, 2017)

Essa Lei Complementar nº. 3956 de 2017 a nível municipal surgiu para se adequar à Lei Complementar Federal nº. 157 de 2016 cujo art. 2º adicionou a seguinte redação à Lei Complementar Federal nº. 116 de 2003, que regula as disposições sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza:

Art. 2º A Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 8º-A:

“Art. 8º-A A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento).

§1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no caput, exceto

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para os serviços a que se referem os subitens 7.92, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar.

§2º É nula a lei ou o ato do Município ou do Distrito Federal que não respeite as disposições relativas à alíquota mínima previstas neste artigo no caso de serviço prestado a tomador ou intermediário localizado em Município diverso daquele onde está localizado o prestador do serviço. §3º A nulidade a que se refere o §2º deste artigo gera, para o prestador de serviço, perante o Município ou o Distrito Federal que não respeitar as disposições deste artigo, o direito à restituição do valor efetivamente pago do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza calculado sob a égide da lei nula.” (BRASIL, 2016)

O art. 6º da Lei Complementar Federal nº. 157 de 2016 traz o prazo para os municípios se adequarem à nova redação.

Art. 6º Os entes federados deverão, no prazo de 1 (um) ano contado da publicação desta Lei Complementar, revogar os dispositivos que contrariem o disposto no caput e no §1º do art. 8-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (BRASIL, 2016)

O município de Xanxerê seguiu o que estava sendo requisitado e revogou as disposições sobre incentivos fiscais que não estavam de acordo com o novo dispositivo federal. Atualmente o município de Xanxerê apenas concede incentivos econômicos, que estão elencados no art. 6º da Lei Complementar nº. 3157 de 2009 e que foram modificados em 2011 pela Lei Complementar nº. 3311 de 2011.

Algo a ser mencionado é o fato da Lei Complementar nº. 3956 de 2017, em seu art. 8º visto anteriormente, ter estabelecido que fica revogado isenção de ISSQN que está em fase de aplicação. O que acontece é que caso a empresa que recebeu o benefício estiver cumprindo com a contrapartida acordada, e no caso do ISSQN a contrapartida está estabelecida no art. 5º, I, d da Lei Complementar nº. 3157 de 2009, o incentivo é considerado direito adquirido pelo tempo determinado.

Para conceituar direito adquirido, temos o art. 6º, §2º do Decreto-Lei nº. 4657 de 1942 a nível federal.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

§2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (BRASIL, 1942)

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O termo pré-fixo que o artigo menciona seria um tempo específico de duração do direito e a condição pré-estabelecida é o que a empresa precisa fazer para receber o isenção. Os dois aspectos que configuram direito adquirido estão presentes no dispositivo que foi revogado, restando a dúvida de quais seriam os resultados dessa ação.

A Constituição Federal de 1988 também menciona o direito adquirido, como vemos a seguir

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Com a análise de Cunha (2016, p. 11), tem-se que “qualquer que seja a natureza da lei, o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada estão preservados. Nem mesmo razões de ordem pública podem superar a rigidez estabelecida pela Constituição Federal.” Com essa explicação, deduz-se que o direito adquirido pelas empresas beneficiadas pela Lei Complementar nº. 3157 de 2009 de Xanxerê, ao iniciar a execução das contrapartidas acordadas, não pode ser revogado, mesmo que por Lei Complementar a nível Federal, como foi no caso do art. 6º da Lei Complementar Federal nº. 157 de 2016.

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3 COMPARAÇÃO DAS LEIS DE INCENTIVO FISCAL DE LAGES E XANXERÊ

Muitas mudanças aconteceram nas leis que dizem respeito de ações de incentivo fiscal, incentivo econômico e desenvolvimento econômico dos municípios de Lages e Xanxerê. O objetivo do capítulo é fazer uma comparação das condições das leis de cada cidade, abordando principalmente os requisitos para a empresa receber o benefício e a contrapartida. Além desses pontos, os aspectos gerais também serão abordados para fins de conhecimento.

Em Lages, a Lei que está em vigor é a Lei nº. 3626 de 2009 que dispõe sobre incentivos econômicos e fiscais. No município de Xanxerê, o dispositivo que está produzindo efeitos é a Lei Complementar nº. 3157 de 2009, que estabelece a política de desenvolvimento econômico do município. A Lei de Xanxerê, desde 2017, não permite mais os incentivos fiscais, como a isenção e redução do ISS, mas nessa comparação será levado em consideração o que era permitido até então.

3.1 BENEFICIADOS, DURAÇÃO E CONTRAPARTIDA DO INCENTIVO

As leis com o objetivo de conceder incentivos fiscais são voltadas às pessoas jurídicas que exercem determinada atividade. Para receber o benefício estipulado pelo diploma legal, é necessário estar adequado ao que se pede.

Em Xanxerê, temos o art. 4º da Lei Complementar nº. 3157 de 2009 estipulando quais setores podem receber os incentivos.

Art. 4º Poderão pleitear os incentivos previstos nesta Lei, as pessoas jurídicas que se estabelecerem no Município e incentivos econômicos àquelas existentes que ampliarem suas instalações ou diversificarem suas atividades produtivas, como também, aos produtores agropecuários, enquadradas como:

I – Industriais II – Logística III – Comerciais

IV – Prestadoras de serviços, com exceção de instituições financeiras V – Condomínios e loteamentos empresariais, que abrigarem empresas cujas atividades se enquadrarem nesta Lei

VI – Incubadoras empresariais VII – Agropecuária

VIII – Telemarketing e Tecnologia (Call Center). (XANXERÊ, 2009)

Em sequência, no mesmo diploma legal temos o art. 5º, especificando qual é o tempo do benefício fiscal e qual seria a alíquota.

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Art. 5º O programa de incentivos de que trata esta Lei abrange benefícios fiscais na forma de redução e isenção, limitados ao prazo máximo de 10 (dez) anos, iniciando-se a contagem na data da assinatura do contrato, independentemente de alterações posteriores na Legislação pertinente, dos seguintes tributos municipais:

I – Impostos:

b) Redução do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS, incluindo os devidos sobre a execução das obras civis de construção, ampliação e/ou reforma do prédio para a instalação da pessoa jurídica, para a alíquota de 2% (dois por cento).

d) Isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN, nos 5 primeiros anos de atividade e redução à alíquota de 2,00% nos 5 anos subsequentes, às empresas sujeitas a esse tributo que gerarem e mantiverem número igual ou superior a 500 empregos diretos, comprovados anualmente mediante apresentação de cópia dos respectivos contratos de trabalho firmados na CTPS dos empregados. (XANXERÊ, 2009)

Com esses trechos da Lei Complementar nº. 3147 de 2009 do município de Xanxerê, podemos identificar que as empresas prestadoras de serviço podem solicitar o incentivo fiscal referente ao ISS. Além disso, o benefício tem prazo determinado de 10 (dez) anos e no caso do ISSQN, o benefício é concedido por 5 (cinco) anos e nos 5 (cinco) anos seguintes o benefício muda, passando para uma alíquota de 2% (dois por cento) desde que a empresa gere 500, ou mais, empregos diretos. De acordo com a redação legal, no caso de ISS o benefício é de 10 (dez) anos com a alíquota reduzida para 2% (dois por cento) e não é possível renovar o incentivo.

A cidade de Lages concede benefícios para vários setores da economia e o art. 3º da Lei nº. 3626 de 2009 do município de Lages traz a especificação sobre as empresas prestadoras de serviços.

Art. 3º As isenções de impostos e taxas municipais, serão de até 03 (três) anos para qualquer empresa prestadora de serviços que se instalar no Município ou que ampliar a sua capacidade produtiva, observada a alíquota mínima do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISQN, conforme definido no artigo 8º da Lei Complementar Federal nº. 197 de 10 de setembro de 2003.

§1º Entende-se por empresa prestadora de serviços aquela cuja atividade principal é a de prestação de serviços. (LAGES, 2009)

Outro setor que é tributado com ISS é a área de tecnologia, que nessa Lei está sendo tratada como projetos de base tecnológica ou inovação. O art. 5º explica sobre os incentivos que podem ser concedidos a essas organizações.

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Art. 5º Quando se tratar de projetos de base tecnológica ou inovação a isenção dos impostos e taxas municipais será limitado a 100% (cem por cento) do volume de investimentos realizados e devidamente comprovados no desenvolvimento do projeto.

§1º Considera-se inovação tecnológica a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado para a redução do impacto ambiental de atividades produtivas e desenvolvimento de novas formas de reciclagem. 2º Não serão computados para o cálculo dos incentivos previstos no “caput” deste artigo, as despesas decorrentes de terrenos, construção e veículos. (LAGES, 2009)

As empresas que se encaixarem no art. 5º estão isentas não apenas do Imposto Sobre Serviço mas também de todos os impostos e taxas que são de competência municipal, observado o limite disposto na Lei.

Em relação ao ISS, os dois artigos transcritos acima estabelecem quem pode ser beneficiário do incentivo, qual é a alíquota que será cobrada e por mais que o art. 3º estabeleça o prazo definido para a isenção, sendo que ainda é possível de renovar até o limite de 5 (cinco anos), o art. 5º não define quanto tempo os projetos de base tecnológicas e inovação vão receber isenção dos impostos e taxas municipais.

Retirando do texto legal, temos que a contrapartida da empresa prestadora de serviço é se instalar em Lages ou ampliar a sua capacidade produtiva. As consequências dessas ações, para a cidade, é uma maior movimentação na economia, principalmente nos setores de construção, reforma, móveis; e uma diminuição nos índices de desemprego pelas pessoas que a empresa contrata e pelos empregos indiretos que a empresa também está envolvida.

Para os projetos de base tecnológica e inovação, a contrapartida está no fato desses tipos de projeto precisarem de muitos investimentos, tanto de infraestrutura e pessoas qualificadas para o trabalho quanto em matéria prima que alguns projetos necessitam. Parecido com a empresa prestadora de serviços, essas ações da empresa movimentam a economia, o que é bom para a cidade como um todo.

Importante destacar que existe algumas pessoas jurídicas que não são aptas a receber o incentivo fiscal, em ambas as cidades, mesmo que sejam tributadas com o Imposto Sobre Serviços.

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O município de Xanxerê não possui artigo especificando quem não pode, apenas menciona que instituições financeiras são a exceção das empresas prestadoras de serviços.

Art. 4º Poderão pleitear os incentivos previstos nesta Lei, as pessoas jurídicas que se estabelecerem no Município e incentivos econômicos àquelas existentes que ampliarem suas instalações ou diversificarem suas atividades produtivas, como também, aos produtos agropecuários, enquadradas como:

[...]

IV – Prestadoras de serviços, com exceção de instituições financeiras. (XANXERÊ, 2009)

O município de Lages possui bem definido quem não pode receber o benefício fiscal. O art. 17 da Lei nº. 3626 de 2009 diz que

Art. 17 Não podem se enquadrar no regime desta lei: I – Profissionais autônomos;

II – Permissionárias ou concessionárias de serviços públicos; III – Diversões públicas e motéis;

IV – Agenciamento e representação de qualquer natureza; V – Instituições financeiras;

VI – Empresas com atividades temporárias, transitórias ou obras certas, com sede em outro município.

Assim sendo, a única similaridade entre as duas Leis, no que toca as pessoas que não são beneficiárias, é a vedação da concessão do incentivo fiscal às instituições financeiras.

3.2 SOLICITAÇÃO, ÓRGÃO REGULADOR E ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS A empresa que desejar solicitar o incentivo fiscal deve entregar uma série de documentos para a análise do órgão competente. O art. 10 da Lei Complementar nº. 3157 de 2009 do Município de Xanxerê elenca os documentos necessários, sendo importante pontuar que enquanto a redação do caput e dos parágrafos é da redação original de 2009, os incisos com os documentos foram alterados pela Lei Complementar nº. 3311 de 2011.

Art. 10 A pessoa jurídica que pretender os incentivos fiscais ou econômicos, previstos nesta Lei Complementar, deverá formalizar o pedido através de requerimento, acompanhado dos seguintes documentos:

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II – Estudo mercadológico, contendo avaliação da oferta e demanda, preços vigentes e projeção de preços e comportamento dos consumidores;

III – Indicação dos Incentivos necessários;

IV – Cronograma de geração de empregos diretos e indiretos; V – Atividade a ser desenvolvida;

VI – Planta Baixa das instalações;

VII – Declaração do faturamento anual estimado da pessoa jurídica;

VIII – Certidão negativa de débitos dos poderes públicos federal, estadual e municipal, da Justiça Comum Federal e Estadual, do FGTS, referente à pessoa jurídica e de seus sócios, expedidos com prazo não superior a 60 dias;

IX – Data do início das atividades; X – Quantidade de área a ser construída;

XI – Cópia do contrato social da pessoa jurídica devidamente registrada na Junta Comercial do Estado.

§1º O CMDE poderá exigir da pessoa jurídica os documentos adicionais que julgar necessários à instrução do processo.

§2º Os documentos apresentados pela pessoa jurídica serão submetidos à análise do CMDE, que emitirá parecer a respeito da aprovação ou da rejeição dos incentivos previstos nesta Lei Complementar. (XANXERÊ, 2009)

Esses documentos elencados servem para o município, na hora de considerar a concessão ou não do incentivo, analisar se a empresa pode cumprir com a contrapartida, se tem débitos, se está regular com os deveres para com os colaboradores entre outros aspectos. Com uma lista de documentos tão extensa quanto a de Xanxerê, o art. 8º da Lei nº. 3626 de 2009 de Lages estabelece que

Art. 8º A solicitação dos benefícios previstos nesta lei, pela empresa interessada, deve ser instruída através de requerimentos ao executivo municipal com respectivo projeto contendo.

I – Requerimento assinado pelo interessado ou seu preposto;

II – Comprovante de inscrição no Cadastro Municipal de Contribuintes – CMC;

III – Comprovante de Inscrição Estadual;

IV – Comprovante de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ; VI - Certidão Negativa da Fazendo Municipal;

VII – Certidão Negativa da Fazendo Estadual; VIII – Certidão Negativa da Fazenda Federal;

IX – Certidão Negativa do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social; X – Certidões Negativas de Protesto e distribuição judicial da empresa e dos sócios diretos em seus domicílios quando se tratar em empresa de outro município nos últimos cinco anos;

XI – Certidões Negativas de Protesto e distribuição judicial da empresa e dos sócios diretos local nos últimos cinco anos;

XII – Ficha técnica conforme modelo “FT/09”, contendo: Caracterização dos sócios,

Carta de intenções assinada pelos sócios, Inversões financeiras a serem realizadas; Previsão de receitas e despesas,

Geração de empregos,

Relação das construções a serem realizadas e suas características, Relação de equipamentos integrantes do projeto,

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XIII – Cópias das plantas de engenharia do projeto, inclusive de segurança, destino de resíduos, tratamento paisagístico, tipo de edificação. (LAGES, 2009)

Além dos documentos, também deve ser analisado alguns critérios socioeconômicos, que estão elencados em ambas as leis. Para Lages, o que deve ser avaliado está no art. 8º, §4º.

§4º Para efeito de avaliação da proposta de investimento para enquadramento nesta lei o CMDET levará em consideração:

I – O número de empregos gerados; II – Utilização de matéria-prima local; III – Empreendimentos pioneiros;

IV – Produção de bens ou serviços para exportação; V – Utilização de novas tecnologias;

VI – Arquitetura adequada aos costumes e tradições locais. (LAGES, 2009)

E para Xanxerê, o art. 3º traz a lista de aspectos a serem considerados, e é importante ressaltar que os incisos estão com a redação alterada pela Lei Complementar nº. 3311 de 2011.

Art. 3º As prioridades socioeconômicas serão definidas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, ouvido o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico – CMDE, considerando, entre outros:

I – O número de empregos diretos e indiretos gerados. II – A preservação do meio ambiente.

III – Faturamento anual bruto.

IV – O desenvolvimento ou aplicação de novas tecnologias. V – A atividade econômica pioneira.

VI – A utilização de matéria prima local.

VII – O valor dos investimentos. (XANXERÊ, 2009)

Os municípios têm alguns pontos em comum, como o número de empregos gerados e a utilização de matéria prima local, e alguns pontos que só tem em um dos municípios, como a preservação do meio ambiente, em Xanxerê; e a arquitetura adequada aos costumes e tradições locais e a produção de bens ou serviços para exportação, em Lages. Outro fato comum dos dois municípios é a menção de um Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico.

O Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico (CMDE) da cidade de Xanxerê está regulado nos arts. 24 a 30 da Lei Complementar nº. 3157 de 2009. O art. 29 estabelece quais são as atribuições desse Conselho.

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Art. 29 São atribuições do CMDE:

I – Definir seu funcionamento através de regimento interno, aprovado por resolução.

II – Estabelecer critérios e mecanismos de análise e avaliação de relevância econômica e social de benefícios a serem concedidos, prazos de concessão, acompanhamento e controle dos benefícios concedidos, respeitando as disposições previstas nesta Lei.

III – Receber processos de pedidos de benefícios, devidamente instruídos com requerimento protocolado.

IV – Proceder a análise e emitir parecer para concessão dos benefícios. V – Indicar as condições contratuais e garantias de concessão dos incentivos às empresas beneficiárias.

VI – Encaminhar todas as decisões para homologação do parecer ao Poder Executivo Municipal.

VII – Analisar pedidos de alteração da atividade econômica, fechamento, transferência e outras situações, antes de vencido o prazo estabelecido. VIII – Adotar outros procedimentos necessários para a consecução dos objetivos desta Lei. (XANXERÊ, 2009)

E o art. 30, com redação alterada pela Lei Complementar nº. 3311 de 2011, diz que

Art. 30 A concessão dos incentivos e estímulos previsto nesta Lei serão obrigatoriamente submetidos a análise prévia do CMDE, ressalvada a hipótese de doação, com ou sem encargos, realizados por meio de uma licitação pública. (XANXERÊ, 2009)

Portanto, em Xanxerê, todo e qualquer pedido, salvo as ressalvas já previstas, precisam ser aprovadas pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico. Os arts. 25 e 26 determinam como deve ser a formação desse órgão.

Art. 25 O CMDE está vinculado a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, com atribuições previstas nesta Lei.

Art. 26 O CMDE será composto por 10 (dez) membros, nomeados por Decreto do Executivo, assim representados:

I – Secretário ou Diretor do Desenvolvimento Econômico; II – Secretário ou Diretor de Administração e Finanças; III – Secretária ou Diretor da Agricultura;

IV – Secretário ou Diretor de Obras, Transportes e Serviços; V – Um Assessor jurídico do Município;

VI – Um Representante da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Xanxerê – ACIX;

VII – Um Representante da Câmara de Dirigentes Lojistas de Xanxerê; VIII – Um representante da Agenda 21;

IX – Um representante do Coletivo Sindical;

X – Um Representante da Câmara de Vereadores. (XANXERÊ, 2009)

Como é possível notar, o Conselho tem as atribuições de definir e controlar a concessão dos benefícios, dentre outras atividades, e é formado por pessoas das áreas impactadas, sendo evidente a credibilidade que o órgão tem para a função.

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Na legislação de Lages o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico (CMDET) definiu qual é o papel do órgão.

Art. 22 O CMDET é um órgão consultivo do Município, criado para orientar, através de pareceres, a aplicação de incentivos econômicos e fiscais, previstos nesta Lei e outros temas de interesse econômico do município. Parágrafo Único. Cabe também ao CMDE, julgar em primeira instância, processos administrativos referentes a esta Lei. (LAGES, 2009)

No município, o Conselho será formado por

Art. 21 Fica criado o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico – CMDET, composta pelos seguintes membros.

I – O Secretário de Desenvolvimento Econômico do Município de Lages; II – O Secretário de Finanças do Município;

III – O Secretário de Planejamento de Município;

IV – O Secretário do Trabalho de Geração de Renas do Município; V – Um representante da Associação Comercial e Industrial de Lages; VI – Um representante da Câmara de Diretores Lojistas – CDL;

VII – Um representante da Associação de Empresas de Tecnologia e Informação. (LAGES, 2009)

A preocupação e cuidado que pode ser pontuado em Xanxerê tem em Lages também. O Conselho é formado por vários profissionais das categorias que são beneficiadas pelos incentivos e também pelas pessoas tomadoras de decisões no município, sendo possível de deduzir que estarão analisando a concessão dos incentivos e exercendo suas funções no Conselho da melhor forma possível e com o beneficio do município em mente.

As duas cidades viram a necessidade de ter um órgão consultivo dando parecer quanto a concessão dos incentivos fiscais. Algo interessante é que em Lages o nome do órgão é ligeiramente diferente de Xanxerê, possuindo o “Tecnológico” ao final. Como um dos públicos alvos da concessão de benefício é projetos de base tecnológica ou inovação (art. 5º da Lei nº. 3626 de 2009), ter o enfoque tecnológico no Conselho Municipal que vai fazer a avaliação dos pedidos é algo coerente.

3.3 DAS PENALIDADES, REVERSÕES E RESCISÕES

Cada lei estabelece os procedimentos de solicitação do benefício de incentivo fiscal, qual vai ser as características, como a duração e qual é a contrapartida, e

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também estabelece como que a empresa pode deixar de receber o incentivo. Cada cidade nomeou o capítulo da Lei mas o intuito é o mesmo, estabelecer as condições me que a empresa perde o benefício.

Em Xanxerê, o Capítulo V compreende os arts. 14 a 19 e tem como título “Da Rescisão”. Vale ressaltar o disposto nos arts. 14 e 15.

Art. 14 Cessarão os incentivos às pessoas jurídicas que deixarem de cumprir com as obrigações desta Lei Complementar e, especialmente quando ocorrer uma das seguintes hipóteses:

I – A pessoa jurídica paralisar suas atividades por mais de 6 (seis) meses, não importando o motivo.

II – A pessoa jurídica destinar ou utilizar o imóvel para fins diferentes daqueles constantes do Contrato firmado com o Município, sem a anuência do CMDE.

III - A pessoa jurídica alienar, ceder, doar ou transferir a terceiros, sob qualquer forma, o imóvel que recebeu.

IV – Falência da pessoa jurídica.

V – Transferência das atividades da pessoa jurídica para outro município. Parágrafo Único – Para fins do contido no caput deste artigo será instaurado processo administrativo.

Art. 15 Cessados os incentivos, na forma do artigo 14, desta Lei Complementar responsabilizar-se-á a pessoa jurídica pelo recolhimento de todos os tributos municipais que estavam dispensados, acrescidos de correção monetária e juros, além da obrigação de indenizar o Município das despesas de serviços decorrentes dos incentivos recebidos. (XANXERÊ, 2009)

Com essas disposições, o município se protege das empresas que possam estar de má-fé e que tenham pedido o benefício para outra finalidade que não o acordado, que teria como contrapartida os benefícios para a cidade. As penalidades do art. 15 estão de acordo com o que o município deixou de recolher e que faz sentido que a empresa pague de forma retroativa e com valores atualizados.

Já o município de Lages tem o Capítulo V nomeado como “Das Penalidades e Reversões” e é composto pelos art. 19 e 20.

Art. 19 Reverter-se-ão ao Patrimônio Público Municipal, livres de qualquer ônus ou indenização, os terrenos concedidos à título de incentivos econômicos, quando:

I – Não utilizados para as finalidades previstas no projeto e no decreto que concedeu o benefício;

II – Decorrido o prazo previsto no artigo 9º desta lei, e a empresa não tenha iniciado suas atividades;

III – Decorrido o prazo de conclusão das obras previsto na carta de intenções e a empresa não tenha iniciado suas atividades;

IV – Paralisação das obras por mais de 120 (cento e vinte) dias sem que a empresa tenha se manifestado perante o município;

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V – Ocorrer a extinção da empresa antes de encerrar o prazo do benefício concedido e sua instalação no Município;

VI – Não cumprimento das normas técnicas de construção;

VII – Áreas de terras não utilizadas para os fins específicos, e não edificadas, durante o prazo do benefício, forem superiores a 40% (quarenta por cento) do total do terreno;

Parágrafo Único. Em caso de reversão a empresa terá 90 (noventa) dias, da data da decisão, extinção ou sentença para retirar as benfeitorias existentes, não o fazendo neste prazo, estes passarão a pertencer ao Patrimônio Público Municipal.

Art. 20 A empresa que tiver seu benefício cancelado deverá recolher os tributos não recolhidos no período em que gozou do benefício, no prazo de 30 dias da data da reversão, extinção ou sentença, não o fazendo o mesmo será lançado de ofício, sem prejuízo dos acréscimos legais. (LAGES, 2009)

A abordagem do município de Lages é diferente da utilizada em Xanxerê. O art. 19 estabelece que a empresa não terá prejuízo ou indenização no momento de “devolver”’ à cidade o que deixou de pagar pelo tempo que foi beneficiada pelo incentivo, ou seja, o pagamento será sem acréscimos de juros nem correção monetária. Dependendo do caso, esse método pode facilitar para que a empresa realmente pague o que deve, sendo que em situação diferente talvez o município ficasse no prejuízo por faltar condições a pessoa jurídica.

Outra abordagem diferente em Lages é que existe um tempo limite para ocorrer essa devolução de valores, e está especificada no texto legal, enquanto que Xanxerê não tem isso estabelecido. Não ter o momento da devolução fixado abre espaço para interpretações, uma delas é que o pagamento deve ser no momento que for declarado cessado o benefício, e outra interpretação é que o pagamento poderá ser quando for possível. São dois extremos e são duas interpretações que impactam diretamente o município.

A comparação da Lei Complementar nº. 3157 de 2009, do município de Xanxerê, e da Lei nº. 3626 de 2009, da cidade de Lages, focou no que diz respeito ao público alvo dos incentivos, duração do benefício, qual é a contrapartida e quem não pode receber o benefício. Além disso, também foram especificados os documentos necessários para a solicitação do benefício, quem faz o controle das concessões dos benefícios, e o que é levado em consideração na hora de analisar o pedido. Para finalizar, os motivos que a empresa pode ter o benefício revogado e quais as consequências desse ato também foram objetos de comparação.

As duas leis são da mesma época, final do ano de 2009, e trazem aspectos muito similares. Ambas precisam estar de acordo com as Leis Federais sobre o

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assunto, mais especificamente precisam estar de acordo com a Lei Complementar nº. 116 de 2003, e as outras disposições que regem o tema.

Os objetivos de cada lei estão bem claros nos textos legais e são similares, buscando o desenvolvimento econômico do município, mas uma grande diferença é o destaque que a cidade de Lages dá para os projetos de cunho tecnológicos e de inovação. A Lei é de 2009 e já estava prevendo o impacto que esses projetos possuem no dia a dia das empresas e dos brasileiros em geral e o que a Lei dá a entender é que o município estava preparado para analisar esses projetos e decidir pela concessão ou não do benefício.

O Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, de Xanxerê, e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico, de Lages, apresentam grande relevância no texto legal pelas funções atribuídas à eles. São esses órgãos que analisam, acompanham, controlam os benefícios, dão parecer sobre assuntos relacionados ao desenvolvimento econômico do seu respectivo município e nele estão representadas as categorias de empresas do público alvo e outras figuras importantes para a economia local.

Em relação ao fim do benefício, além do tempo decorrido, ambas as leis preveem algumas situações e dentre elas o não cumprimento do acordado na concessão do benefício e condutas que vão contra o disposto nas leis. Em relação a penalidades, Lages é mais benéfica e não cobra o valor devido com correção monetária, enquanto Xanxerê atualiza. Ambas as cidades pedem ressarcimento dos valores que deveriam ter sido pagos (mas não foram por conta do benefício).

Na adequação da lei municipal à Lei Complementar nº. 157 de 2016, Xanxerê seguiu exatamente o que a Lei Complementar Federal estabeleceu e revogou os artigos relacionados ao incentivo fiscal. O município de Lages se adequou à alíquota mínima definida mas continua concedendo incentivos fiscais.

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4 ESTUDO DE CASO: FLEX GESTÃO DE RELACIONAMENTOS

A empresa Flex Gestão de Relacionamentos S.A. foi fundada em 2009, na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, e atualmente também está presente nas cidades de Palhoça, Lages, Xanxerê, São Paulo e Engenheiro Coelho (Flex, 2020). Flex oferece aos seus clientes soluções customizadas para Gestão de Relacionamentos. Através de investimentos em inovação, tecnologia, pessoas e de plataformas multicanais, busca constantemente excelência operacional em suas atividades. É uma empresa jovem, inovadora e comprometida com seus clientes na construção de Relacionamentos Inteligentes com milhares de consumidores. Possui hoje 12.000 (doze mil) colaboradores, impactando 35.000 (trinta e cinco mil) pessoas (Flex, 2020).

A Flex foi criada por profissionais pioneiros e com histórias de sucesso no mercado de Gestão de Relacionamentos. A empresa ajuda seus clientes a encantarem os seus consumidores, sempre norteada por valores: Profissionalismo, Lealdade, Felicidade, Flexibilidade, Respeito; e pelo seu propósito, que é “Fazer a Diferença na Vida das Pessoas” (Flex, 2020).

Não apenas oferece soluções completas e de alta tecnologia para gestão de relacionamentos, mas faz isso de uma forma diferente, tanto na gestão e valorização de pessoas como na entrega de resultados sustentáveis para todos os seus

stakeholders. Os clientes da empresa são atuantes em diversos segmentos:

Financeiro, Varejo, Educação, ONG, Indústria, Saúde, Securitizadoras, Seguro, Pesquisa, Entretenimento e Telecom (Flex, 2020).

A empresa que nasceu com capital familiar conseguiu estabelecer um índice de crescimento acelerado, manter seus níveis de governança e cultura, e em menos de 10 anos, em 2018, conquistou a listagem no segmento Bovespa Mais na B3 (Bolsa de Valores Brasileira). Nos últimos anos a empresa foi destaque em diferentes prêmios, resultado dos investimentos em inovação e da forma como gera resultados para seus profissionais, parceiros, clientes e sociedade. Alguns prêmios são (Flex, 2020):

- Quatro premiações da Clientes SA 2018 - Melhores Empresas de Relacionamento e Cliente;

- Prêmio Whow! de Inovação, como a empresa mais inovadora do ano no segmento de Contact Center/BPO em 2018;

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- Empresa Cidadã da ADVB/SC na categoria Preservação Ambiental, com a substituição dos copos descartáveis pelos eco copos e evitando o descarte de 4.6 toneladas de plástico na natureza em 2018; e

- Melhor Empresa de Contact Center do Ano e premiada em mais seis categorias, do Prêmio Conarec 2018.

O ano de 2020 também foi marcante para a companhia. Com um novo posicionamento no mercado, a empresa Flex Gestão de Relacionamentos S.A. passa a integrar a Connvert e está formalizada como a vertente de Business

Process Outsorcing (BPO), ou seja, terceirização de serviços dos seus clientes.

Também integra a Connvert a empresa Code7, sendo a vertente de tecnologia, que é focada no desenvolvimento de soluções digitais e serviços de Software as a

Service (SaaS), que significa que é uma empresa que vende softwares como

produto principal. A CXdzain é a terceira vertente da holding Connvert, sendo a responsável pela jornada do consumidor dos clientes, trabalhando com os conceitos e metodologias de Customer Experience (experiência do usuário/consumidor) (Flex, 2020).

Desde o início da Companhia, a preocupação sobre o local de instalação das unidades sempre esteve presente, principalmente pelo fato da Flex ter sido criada com o intuito de expandir seu modelo de negócio para diferentes cidades, inclusive no interior de Santa Catarina.

A Flex foi pioneira na expansão para o interior do estado, com um modelo de operação de contact center diferenciado, disponibilizando um ambiente inovador e totalmente equipado para exercício da atividade. No interior de Santa Catarina, o estudo identificou Lages e Xanxerê com grandes potenciais de desenvolvimento.

As unidades de Lages, sendo a primeira inaugurada em 2011, possibilitaram mais inovação e empregabilidade para o município e hoje emprega mais de 1800 profissionais. No município de Xanxerê a implementação de um site da Flex também levou mais progresso, principalmente no quesito empregabilidade (hoje com 800 profissionais). A localização de suas unidades sempre foi estratégica para a Flex, que nasceu em Florianópolis, cidade considerada um polo tecnológico e de constante inovação (Flex, 2020).

Os principais fatores que possibilitaram a ida da empresa Flex Gestão de Relacionamentos S.A. para Lages e Xanxerê foram os incentivos fiscais recebidos,

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em forma de isenção e/ou diminuição da alíquota do imposto sobre serviços (ISS), possibilitado através das leis municipais.

4.1 LAGES

O município de Lages fica localizado na Serra Catarinense e é conhecido pela tradicional Festa do Pinhão, que acontece todo ano nos meses de maio e/ou junho mas possui muito mais além do turismo. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), no censo de 2010, declarou que a cidade possuía 156.727 (cento e cinquenta e seis mil e setecentos e vinte e sete) habitantes e a população estimada, também pelo IBGE, para o ano de 2020 é de 157.349 (cento e cinquenta e sete mil e trezentas e quarenta e nova) pessoas.

No aspecto de Trabalho e Rendimento, o censo do IBGE de 2010 também deixa claro que o salario médio mensal dos colaboradores formais é 2,3 (dois virgula três) salários mínimos e desses trabalhadores, 31,5% (trinta e um e meio por cento) possuem o rendimento mensal per capita de até ½ salário mínimo (IBGE, 2020). A economia do município é concentrada em alguns setores, sendo eles: agropecuária, indústria, comércio e prestação de serviços. De acordo com o levantamento feito por SEBRAE/SC do ano de 2020, o setor de prestação de serviços está em primeiro lugar tanto na questão de número de estabelecimentos quando na empregabilidade, com carteira de trabalho assinada.

Referências

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