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CONCEDIDA. Documento assinado digitalmente, conforme MP n /2001, Lei n /2006 e Resolução n. 09/2008, do TJPR/OE.

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MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.379.478-2.

ORIGEM: FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA- PR.

IMPETRANTE: FERNANDO HENRIQUE FIGUEIREDO DE LACERDA GUERREIRO.

IMPETRADO: PRESIDENTE DA COMISSÃO DO CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA OUTORGA DE DELEGAÇÕES DE NOTAS E DE REGISTRO PÚBLICO.

RELATOR: DES. CARLOS MANSUR ARIDA.

EMENTA:

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO PARA OUTORGA DAS DELEGAÇÕES NOTARIAIS E REGISTRAIS DO ESTADO DO PARANÁ. EDITAL QUE NÃO MENCIONOU TEXTUALMENTE A NECESSIDADE DE JUNTAR AS CERTIDÕES DO PRIMEIRO E SEGUNDO GRAU DA JUSTIÇA FEDERAL. CANDIDATO QUE SÓ JUNTOU CERTIDÃO EMITIDA PELO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE PELO PODER JUDICIÁRIO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E

PROPORCIONALIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA.

Certificado digitalmente por: CARLOS MANSUR ARIDA

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RELATÓRIO:

Fernando Henrique Figueiredo de Lacerda Guerreiro impetrou mandado de segurança, com pedido liminar, em face do Presidente da Comissão do Concurso Público, Des. Mário Helton Jorge, em razão da sua inabilitação para a prova oral do concurso de provimento de delegações.

Afirmou o impetrante, que: (i) o Edital n° 01/2014 consignou no seu item “5.6.7” a exigência de que os candidatos residentes em outros Estados (ou que tenham residido, estudado ou trabalhado fora do Paraná após os 18 (dezoito) anos de idade) exibissem (...) “ certidões de distribuidoras cíveis e criminais (abrangendo o período de 10 anos), e protestos (05 anos), das comarcas que indicarem, bem como da Justiça Federal, Justiça Militar Federal e Estadual e da Polícia Civil, Federal e Estadual”; (ii) em cumprimento ao dispositivo, tendo em vista que sempre residiu no Estado do Rio de Janeiro, logrou apresentar “Certidão de Distribuição de Ações e Execuções Originárias Cíveis e Criminais emitidas pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região”, órgão da Justiça Federal que, a seu ver, abarcava também os registros do primeiro grau de jurisdição; (iii) todavia, foi surpreendido pela inclusão de seu nome na lista de não habilitados para etapa seguinte; (iv) a autoridade coatora invocou o não atendimento do supracitado no item “5.6.7”, ao fundamento de que não foi entregue a certidão de distribuição de ações civis e criminais emitida pelo Juízo de 1° Grau da Justiça Federal do Rio de Janeiro; (iv) o edital foi genérico ao demandar para

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a habilitação expedientes “da Justiça Federal”, eximindo-se de detalhar expressamente que o candidato deveria providenciar certidões tanto da primeira quanto da segunda instância; (v) houve boa-fé na juntada exclusiva da certidão emitida pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

Assim, postulou a concessão de liminar para autorizar a participação do impetrante no sorteio da prova oral e, ao final, pela confirmação de seu direito líquido e certo à habilitação na fase oral do Concurso Público de Provas e Títulos.

A liminar foi deferida às fls. 82-86, com o fito de permitir que o impetrante participasse do sorteio da prova oral do certame.

O Estado do Paraná requereu o ingresso no feito às fls. 127-135.

Embora cientificada, a autoridade coatora não prestou informações.

A Douta Procuradoria Geral de Justiça lançou parecer às fls. 105-109 entendendo ser desnecessária a sua intervenção no feito.

Convém destacar que esta ação já havia sido julgada procedente pelo acórdão de fls. 113-121, e depois anulada

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em face do pedido feito pelo Estado do Paraná (petição de fls. 127-132). Dessa forma, os autos foram reincluídos em pauta.

É o relatório.

VOTO E SEUS FUNDAMENTOS:

1. O que se busca o impetrante no presente mandamus é o resguardo de direito líquido e certo, qual seja o de participar da fase oral do Concurso Público de Provas e Títulos para Outorga de Delegações de Notas e de Registro do Estado do Paraná.

1.1 Embora a liminar concedida tenha caráter satisfativo, pois permitiu que o impetrante fosse habilitado à fase oral do Concurso Público, isso não obsta a análise de mérito do mandado de segurança. A habilitação do candidato na próxima fase do certame só ocorreu em razão da impetração do mandado de segurança e da concessão da medida liminar.

Ainda que o julgamento do mérito neste momento não traga efeito prático, pois o objeto da demanda já se exauriu, faz-se necessária sua análise até mesmo pela necessidade de distribuição do ônus da sucumbência, confirmando ou não a liminar concedida.

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2. O direito líquido e certo pleiteado na via de mandado de segurança é aquele que se prova de plano, não necessitando de dilação probatória no curso de seu trâmite.

Em sede de apreciação sumária, verificou-se estarem presentes os requisitos para concessão da liminar pleiteada. Agora, após análise mais detida do feito, não vejo razões para modificar a decisão anteriormente proferida.

Isso porque, logrou êxito o impetrante em demonstrar a verossimilhança da afirmação no sentido de que o edital do certame não foi claro e suficiente, admitindo interpretações equivocadas.

Da leitura seca do edital n° 01/2014, percebe-se o percebe-seguinte:

Os candidatos residentes em outros Estados ou

que tenham residido, estudado ou trabalhado fora do Estado do Paraná após os dezoito (18) anos de idade, também apresentarão, na mesma oportunidade, certidões de distribuidores cíveis e criminais (abrangendo o período de 10 anos), e protestos (05 anos), das comarcas que indicarem, bem como da Justiça

Federal, Justiça Militar Federal e Estadual e da

Polícia Civil, Federal e Estadual”. (grifo nosso). De fato não constou expressamente no seu teor a obrigatoriedade de exibição de certidões extraídas em ambos os Graus de Jurisdição (Justiça Federal de 1° e 2° Grau), tendo

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mencionado apenas Justiça Federal, de modo que o candidato apresentou apenas certidão emitida pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

E, não sendo o edital claro o suficiente e admitindo interpretação diversa, no mínimo deveria, se fosse o caso, ter oportunizado ao candidato aquilo que exigia, mas não dava para saber ao certo, hipótese essa que poderia ser aplicada em face do disposto no edital, quanto à possibilidade de prorrogação do prazo para a entrega de certidões.

Em caso semelhante, assim decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. OUTORGA DE DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS. CANDIDATO APROVADO NAS FASES OBJETIVA E SUBJETIVA. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO EXIGIDO NO EDITAL. CERTIDÃO NEGATIVA DE DISTRIBUIÇÃO NA JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. APRESENTAÇÃO DE CERTIDÃO EMITIDA PELO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1a. REGIÃO. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DA CERTIDÃO NO MOMENTO POSTERIOR. RECURSO PROVIDO. 1. In casu, o candidato, regularmente aprovado nas fases

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objetiva e subjetiva para o concurso de Outorga de Delegações de Serviços de Notas e de Registros, por equívoco, apresentou certidão negativa emitida pelo Tribunal Regional Federal da 1a. Região, enquanto as certidões exigidas seriam da Justiça Federal de Primeira Instância. 2. Não se desconhece que o Edital é a lei do concurso, que deve estabelecer normas garantidoras do tratamento isonômico e impor a igualdade de condições para o ingresso no serviço público. 3. Entretanto, não se considera razoável a exclusão do candidato do certame, em virtude de um equívoco, totalmente desculpável, uma vez que é inteiramente admissível a apresentação da referida certidão negativa em momento posterior, qual seja, na data da nomeação ou até mesmo da posse. 4. Ressalte-se, em apoio a tese expendida, que o entendimento desta Corte Superior é de que, até mesmo a exigência de diploma ou habilitação legal para o exercício de cargo público, somente pode ser feita na data da posse - inteligência da Súmula 266/STJ. 5. Recurso em Mandado se Segurança a que se dá provimento. (STJ - RMS: 39265 MA 2012/0208844-8, Relator: Ministro ARI

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PARGENDLER, Data de Julgamento: 18/12/2014, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/02/2015).

Certo é que a Administração Pública, no exercício de seu direito de buscar os candidatos mais aptos, não pode atuar desarrazoadamente, mediante ilegalidades. Deve, antes de tudo, respeitar direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal.

Ora, desclassificar o candidato pela não apresentação da certidão de distribuição de ações civis e criminais emitidas pelo Juízo de 1° Grau da Justiça Federal do Rio de Janeiro, por um equívoco, não traz qualquer lógica e afeta diretamente o princípio da razoabilidade e proporcionalidade.

Sendo assim, vê-se verossimilhança na afirmação do candidato, de modo que a ordem deve ser concedida.

As custas processuais devem ficar a cargo do impetrado. Sem verba honorária sucumbencial, de acordo com o art. 25 da Lei nº 12.016/2009.

3. Por tais fundamentos, voto no sentido de conceder a segurança em definitivo.

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ACORDAM os Desembargadores integrantes da Quinta Câmara Cível do Eg. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, em composição integral, por unanimidade de votos, em conceder a segurança.

A sessão foi presidida pelo Des. Luiz Mateus de Lima, que compôs o quórum de julgamento, acompanhado pelos Des. Leonel Cunha, Nilson Mizuta e o Juiz Substituto em 2º grau, Rogério Ribas.

Curitiba, 07 de junho de 2016.

DES. CARLOS MANSUR ARIDA Relator

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