DEZ FLECHAS
DO COMANDO
Descubra como o pensamento militar pode ajudar na gestão de pessoas
Editor responsável Projeto gráfico e diagramação
Zeca Martins Lilian Nocete Mescia
Capa
Zeca Martins
Revisão
Camila da Silva Bezerra
Esta obra é uma publicação da
Editora Livronovo Ltda. CNPJ 10.519.6466.0001-33 www.editoralivronovo.com.br @ 2015, São Paulo, SP Impresso no Brasil. Printed in Brazil
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser copiada ou reproduzida por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso consentimento dos editores.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
M838d
Moreira, Luciano Rodrigues
Dez flechas do comando /Luciano Rodrigues Moreira. – Águas de São Pedro: Livronovo, 2015.
100 p. ; 21 cm ISBN 978-85-8068-204-5 1ª edição
1. Recursos humanos. 2. Gestão de Pessoas. 3. Treinamento militar. I. Título. CDD – 658.3
Ao adquirir um livro você está remunerando o trabalho de escritores, responsáveis por transformar boas ideias em realidade e trazê-las até você.
AUTOR
LUCIANO RODRIGUES MOREIRA
Nasceu na cidade de Ituverava, em São Paulo. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras e pós-graduado pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, esteve no Haiti comandando um pelotão de fuzileiros da linha de frente durante os combates de pacificação das favelas mais perigosas de Porto Príncipe.
Liderou soldados em inúmeras situações críticas, tendo exerci-do sua liderança no sentiexerci-do mais sensível da palavra.
Realizou o Curso de Operações do Exército Canadense, onde se especializou em coordenação, planejamento e emprego de grandes efetivos operacionais, seguindo a doutrina de combate dos países membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
É autor do livro Combate de Paz, em que relata as experiências vividas em situações de conflito, e faz análises do comportamento humano sob o enfoque da guerra. Moreira responde também pela coautoria do livro Sermais Gestão em pessoas.
Foi atleta das Forças Armadas, tendo representado o Brasil em diversas competições militares nacionais e internacionais.
Atualmente realiza palestras corporativas, relacionando te-mas do dia a dia corporativo com as marcantes experiências no comando de soldados em combate, o que resulta em uma abran-gente reflexão sobre negócios, motivação, superação, gestão do es-tresse, ambiente de trabalho, liderança e relacionamento humano.
Devemos lutar sempre pela felicidade, Mas sem esquecer o quanto já somos felizes.
Jamais poderei me esquecer o quanto sou feliz por ter vocês.
Mais uma vez, Obrigado.
O poderoso arca com o peso da responsabilidade de decisões que influenciam grandemente o destino alheio.
ÍNDICE
Capítulo 1 – A guerra benéfica ...11
Capítulo 2 – Centralização e descentralização do poder ...15
Capítulo 3 – Planificação da hierarquia ...25
Capítulo 4 – Mentes conectadas ...33
Capítulo 5 – Riscos, comprometimento e credibilidade ...43
Capítulo 6 – Ação e reação ...51
Capítulo 7 – A serena amizade ...61
Capítulo 8 – A importância da discordância ...69
Capítulo 9 – Aprendizado e conhecimento ...79
Capítulo 1
A guerra benéfica
A cada dia, as empresas se conscientizam mais sobre o espaço que o respeito aos valores e à ética ocupa na estrutura dos negó-cios. As condicionantes do sucesso das instituições vêm deixando de ser pontuais e são cada vez mais abrangentes.
Não há prioridade específica no gerenciamento de pessoas e processos. A complexidade da produção e do mercado exige aten-ção e desenvolvimentos complexos, em que a forma como se pro-duz é tão importante quanto o próprio produto.
Essa exigência nada mais é que a consequência da aceleração e universalização dos processos de comunicação. O consumidor do século 21 tem acesso à informação e, por isso, é capaz de formar e divulgar sua própria opinião. Existe um emaranhado comunicati-vo de redes e canais sociais que trata de todos os temas de interesse dos terráqueos.
Os pontos de vista e experiências são compartilhados não pelo limite físico da distância, mas pela capacidade da palavra e da expressão. Hoje os erros individuais rapidamente podem ganhar proporções intercontinentais. Uma pessoa que pretende comprar um televisor, antes de realizar a transferência de capital, entrará nos sites de busca e se informará sobre as características do produ-to e relaprodu-tos de reclamações acerca desta ou daquela marca.
Cada vez mais as pessoas têm esse poder. Quanto mais desen-volvida a nação, mais seus filhos têm poder. O poder e a
informa-12
Luciano Moreira
ção caminham juntos. É fato que as classes sociais com maior aces-so à informação (incluindo aqui a educação formal) são também as de maior poderio econômico. Assim, é viável aceitar a ideia de que a era da informação dará cada vez mais poder e civilidade às pessoas, uma vez que amplia a capacidade de julgamento e fiscali-zação dos administradores e da sociedade como um todo.
“Muito do novo marketing é baseado e organizado por meio do boca a boca. O consumidor de hoje é mais querer e menos precisar. Ele compra experiências em vez de coisas, e fala com os amigos sobre suas escolhas.
Seth Godin – Escritor
As pessoas estão vivendo em um mundo de constante progres-so, onde cada vez mais se preocupam com a validade dos cami-nhos percorridos para se atingir objetivos. O consumidor, o clien-te, os colaboradores e até mesmo os soldados têm enraizado um crescimento progressivo de sua consciência social e ambiental. A cada dia, torna-se mais importante estabelecer relações pessoais e profissionais com bases sólidas de respeito, valores e ética, alinha-das a condutas que visam um mundo cada vez mais sustentável.
Valores, respeito e ética: três palavras que representam não só ideologias para se fazer negócio, mas termos que exprimem o di-recionamento da humanidade rumo a um progresso inevitável. São três conceitos que, apesar de conservadores, são hoje decisivos para a sobrevivência e crescimento das empresas no mercado.
Neste ponto, chamo a atenção em especial a uma das “empre-sas” mais antigas e duradouras existente na humanidade: as Forças
13 DEZ FLECHAS DO COMANDO
Armadas. Apesar do estereótipo rude e conservador, a instituição militar se mantém ativa através dos tempos, mesmo em nações que passam por grandes períodos de paz. Mas onde a experiência dos profissionais da guerra pode ajudar nosso cotidiano?
Criadas para serem o último recurso da sociedade em situações de crise, as Forças Armadas carregam consigo conservadorismos morais que não saem de moda através dos séculos, o que possibi-lita sua sobrevida.
O “mercado” em que os combatentes atuam é repleto de caos. Nele, a incerteza impera e o dia a dia possui atividades diretamen-te ligadas a situações de perigo, que envolvem risco, sacrifício de vidas amigas e inimigas, ambiente estressante, bem como grande desgaste físico e psicológico. Desta maneira, em sua estratégia ge-rencial, a atividade militar requer uma administração de pessoas e dos “negócios” com forte apelo para a observação de aspectos sen-síveis à natureza humana: respeito, valores e ética. Você vê alguma relação com o mundo corporativo?
Muitas características da administração militar têm grande re-lação com ideias centrais de grandes empresas de sucesso. E isso não é mera coincidência. A evolução da administração dos recur-sos numa guerra decorre da experiência dos soldados em situa-ções críticas, em que os efeitos colaterais dos erros são gravíssimos. Após as soluções dos conflitos, os conceitos e técnicas aprimorados passam a ser usufruídos por toda a sociedade.
Além disso, o instinto de sobrevivência tornou o homem natu-ralmente competitivo, e a competição é um grande alimento para o desenvolvimento humano. A guerra confirma esta ideia, quando verificamos um maior e mais latente desenvolvimento tecnológico
14
Luciano Moreira
da humanidade nos períodos dos grandes conflitos globais (gran-des “competições” pela imposição de uma vontade política, terri-torial, econômica, religiosa, etc). Foi assim com a energia atômi-ca. Desenvolvida para o uso militar na Segunda Guerra Mundial com a finalidade de destruir, posteriormente teve seu uso inserido como inovação em geração de energia, na medicina, entre outros.
Nas forças armadas, como nas grandes empresas, para se atin-gir objetivos é necessário foco no trabalho de equipe, na criação de consenso e na colaboração entre os integrantes dos grupos de trabalho. Estas três ideias possuem uma história militar conside-rável. Elas têm por base, entre outros fatores, a liderança como mecanismo de multiplicação da força do líder. De que serviria as ideias de Napoleão Bonaparte se seus soldados não conseguissem expressar essa forma de guerra enquanto estivessem longe de seus olhos? Seja em um exército, em uma família, em uma equipe de futebol ou em uma empresa, a liderança está diretamente ligada à sobrevivência e ao sucesso de qualquer instituição.
Capítulo 2
Centralização e
descentralização do poder
Centralizar: evitar a dispersão, reunir ao centro, tornar central, fazer convergir para o centro.
No início da era dos exércitos modernos, a centralização do poder era o que predominava nos campos de batalha. Este estilo de organização e liderança vem de um tempo em que a brutalida-de do homem e do combate não permitiam ao comandante dar liberdade e iniciativa aos soldados. A própria natureza das técnicas e táticas militares exigia uma carga de disciplina e inflexibilidade por parte dos subordinados.
Os combates eram travados em terrenos previamente escolhi-dos pelos chefes. As tropas eram conduzidas ou induzidas de acor-do com as características topográficas. Os batalhões de infantaria, chamados falanges, com efetivos de 500 a 1.000 homens, eram dispostos frente a frente em grandes quadrados de combate. A ar-tilharia, dotada de lançadores de projéteis diversos e catapultas de bolas de fogo, formava-se à retaguarda. A cavalaria, com soldados montados e muito bem equipados, formava a força com maior poder de choque. Os comandantes se colocavam onde pudessem observar todo o teatro de operações. A um simples toque de cor-neta, seus homens podiam mudar a formação do quadrado para grandes fileiras.