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Taxas de Lucro de. Setores Industrials no Brasil: Uma Nota sobre sua Evolugao no. Penodo *

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(1)

Taxas de Lucro de

Setores Industrials no Brasil:

Uma Nota sobre sua Evolugao no

Penodo 1973-79*

REGIS BONELLI

EDUARDO AUGUSTO A. GUIMARAES**

Introdugao

A preocupagao com as tendencias e fato- res determinantes da taxa de lucro de se- tores industrials nos anos posteriores a 1973 motivou, principalmente, a elaboragao destas notas.

Como e sabido, o crescimento industrial brasileiro nos anos 70 atravessou uma fase de desaceleragao, que se iniciou em 1974, embora somente apos 1976 tenha-se revela- do com mais nitidez. Seria de se esperar, portanto, que a taxa de lucro das empre- sas — e dos setores que estas compoem — tivesse diminufdo neste penodo. £ precisa- mente a analise da evolugao desta taxa no penodo 1973-1979 que se dedicara este es- tudo.

* Os autores agradecem a Andrea S. Calabi por comentarios a uma versao anterior des- te texto e a Fernando A. de Moura, Eva Ro- sental, Carmem Argolo e Ana Isabel da Costa Martins pelo auxflio prestado na pre- paragao e computagao dos dados.

Da PUC/RJ e da FEA/UFRJ, respectivamen- te. Ambos os autores pertencem tambem ao I PEA.

Para tanto, organizaram-se estas notas da seguinte maneira. A segao 1 apresenta algu- mas identidades basicas para a analise pos- terior, enfatizando o conjunto de hipoteses e restrigoes subjacentes a estas relagoes e as variaveis utilizadas. Ainda nesta segao sera feita uma breve descrigao da amostra que constitui o pacote de dados empfricos utilizados. A segao 2 propoe uma analise in- tersetorial das taxas de lucro e seus deter- minantes, destacando as diferengas que se observam ao longo do tempo e examinando a evolugao da rentabilidade segundo os diver- sos setores industrials. As conclusoes sao apresentadas na ultima segao.

1 Algumas Relacoes Basicas

A analise deste texto focalizara basica- mente a taxa de lucro sobre o capital pro- prio da firma, definido como a relagao entre o lucro Ifquido antes do imposto de renda e o patrimonio Ifquido. Esta taxa de lucro po- de ser expressa atraves da identidade;

ILK (1) =

PL K PL

(2)

LUCROS POR SETORES INDUSTRIAIS

onde Leo lucro Ifquido, PL o patrimonio li- quido e K o capital total da empresa (patri- monio Ifquido mais capital de terceiros). Vale dizer, a taxa de lucro sobre o capital proprio (p = L/PL) e, por definigao, igual ao produto da taxa de lucro sobre o capital da firma (r = L/K) e sua taxa de endividamento (definida como e = K/PL), ou seja:

(1 a) p = r.e

A decomposipao acima apresentada, em (1), 6, reconhecidamente, uma simplificagao. Isto porque a razao L/K nao inclui, no nume- rador, o custo associado ao capital de ter- ceiros: as despesas financeiras (DF). Proce- dendo desta forma conclui-se que, sempre que a taxa de lucro sobre o capital total for positiva, aumentos no endividamento ele- vam a taxa de lucro sobre o capital total. Em outras palavras, a exclusao das despesas fi- nanceiras impoe uma alavancagem financei- ra positivaO). Uma forma mais correta de analisar a questao seria decompor a taxa de lucro sobre o capital proprio em:

e neste caso a expressao (1) acima pode ser utilizada. Com a relagao K/PL em tor- no de 2 (como observado na media da in- dustria), a condigao acima simplifica-se pa- ra DF < L: a alavancagem sera positiva se as despesas financeiras nao excederem o lucro Ifquido.

De fato, no entanto, e necessario seguir a decomposigao indicada em (1), e as seguin- tes, devido as despesas financeiras nao serem discriminadas nas fontes de dados utilizadas. A favor disto esta o fato de que urn estudo recente constatou que ha uma alavancagem financeira positiva para a maior parte dos setores industrials (bem como pa- ra o total da industria), no perfodo analisa- do(2).

Com esta simplificagao em mente, pode- se tambem observar, por outro lado, que a taxa de lucro sobre o capital total da em- presa (r) pode ser expressa atraves de ou- tra identidade: PL ou L + DF L + DF L + DF K K PL PL K K L + DF PL 1] L + DF K

onde o lado esquerdo da expressao e a ala- vancagem. Segue-se que esta sera positiva se;

K L + DF PL

> 1

(1) "Alavancagem" e a diferenga entre a taxa de lucro Ifquido sobre o patrimonio (capital proprio) e a taxa de lucro total (isto ef in- cluindo despesas financeiras) em relagao ao total do ativo (ou capital total). Uma alavancagem positiva significa que o uso de capitals de terceiros resulta em custos inferiores h rentabilidade obtida a partir da sua utilizagao.

(2)

K K

onde F e o faturamento. Nesse sentido, a taxa de lucro sobre o capital total (r) e, por definigao, igual ao produto da margem de lucro (m = L/F) e o coeficiente faturamento- capital total (k = F/K), ou seja:

(2 a) r = m.k

Por conseguinte, e possfvel expressar a taxa de lucro sobre o capital proprio atra- ves da identidade: K (3) PL K PL ou (3 a) p = m.k.e

(2) Ver CALABI, A. S.; REISS, G.D. & LEVY. P.M. Geragao de poupangas e estrutura de capi- tal das empresas no Brasil, FIRE, 1979. 94

(3)

Regis Bonelli & Eduardo Augusto A. Guimaraes O coeficiente faturamento-capital total

(k), por sua vez, pode ser expresso pela Identidade;

F F H (4) k= =

K H K

onde H indica o valor da produgao obtido quando a empresa utiliza plenamente sua capacidade instalada. A relagao F/H corres- ponde, assim, ao grau de utilizagao da ca- pacidade instalada. No caso da empresa que produz um unico bem, essa razao seria afetada apenas por variagoes no volume fi- sico da produgao; no caso de empresas mul- tiprodutoras, no entanto, o valor da relagao F/H pode ser alterado por simples varia- goes dos pregos relatives das mercadorias produzidas. A razao H/K, por sua vez, rela- ciona o valor da produgao a plena capaci- dade ao valor do capital total, podendo va- riar, portanto, em virtude de mudangas na intensidade de capital da firma e de mo- dificagoes de pregos relatives. Neste sen- tido, se a intensidade de capital (relagao capital-produto) e os pregos relatives per- manecerem constantes, variagoes do coefi- ciente K estarao refletindo mudangas no m- vel de utilizagao da capacidade instalada.

Por outro lado, a margem de lucro (m) po- de ser expressa como:

L CD Cl (5) m = = 1

F F F

onde CD sao os custos diretos de produgao e Cl os custos indiretos. Assim, F/CD e a razao de "mark-up" Na hipotese de que os custos indiretos nao se alterem com flutua- goes das vendas, e possivel estimar o com- portamento do "mark-up" a partir das varia- goes da margem de lucro e do faturamento. Contudo, no longo prazo, e face a modifica- goes na escala de produgao, esta hipotese nao pode ser sustentada. Neste caso, e possivel que a relagao custos indiretos/fa- turamento (Cl/F) seja constante: logo, va- riagoes na margem de lucro e no "mark-up' teriam o mesmo sentido. Por outro lado, a hipotese de que a relagao custos indiretos/fa-

turamento varia numa diregao especifica so permitiria alguma conclusao sobre a evolu- gao do "mark-up" quando a margem de lu- cro se movesse na diregao oposta aquela atribuida a esta relagao, caso em que o "mark-up" teria variado no mesmo sentido da margem de lucro (m). Quando a variagao que se atribui a razao CI/F e a mudanga em (m) tern o mesmo sinal, nada se pode afir- mar a priori sobre o sentido da variagao do "mark-up"

Cabe observar que, alem dos fatores mencionados acima, como determinantes das variagoes dos diversos coeficientes uti- lizados, os resultados referentes a um de- terminado setor industrial podem-se alterar, tambem, por simples modificagao do peso relativo das firmas que compoem o setor. Neste sentido, as alteragoes observadas nao refletiriam modificagoes no desempenho das empresas, mas expressariam apenas o efei- to de seus crescimentos diferenciados sobre os valores do setor, estimados como me- dias ponderadas.

As taxas e coeficientes, apresentados nesta segao, serao utilizados, em seguida, para analisar as diferengas intersetoriais das taxas de lucro em cada um dos anos do periodo considerado, bem como para exa- minar os fatores determinantes de sua evo- lugao segundo setores industriais no perio- do 1973-1979.

O comportamento da taxa de lucro de um setor ao longo do tempo sera examinado a partir de uma decomposigao logaritmica da identidade (3 a), da qual se obtem a expressao:

(3 b) log (PT + t/PT) = log(mT + t/mt)+ + log (Kt^/Kt) + log (ex+t/eT)

Esta relagao indica como se decompoem as variagoes da taxa de lucro sobre o capital proprio, segundo variagoes atribuiveis a margem de lucro (m), ao coeficiente fatura- mento-capital total (k) que, como se viu, e uma proxy para o grau de utilizagao da ca- pacidade instalada, e a taxa de endivida- mento (e).

(4)

LUCROS POR SETORES INDUSTRIAIS

A massa de informagoes que constitm a base empirica destas notas e composta dos dados contabeis de grandes Sociedades Anonimas, sistematizados e publicados no Quern e Quem na Economia Brasileira, da revista VISAO, abrangendo os anos de 1973 e 1979(3). Deste conjunto, utillzando- se os valores totals do lucro Ifquido antes do imposto da renda (L)f patrimonio Ifquido (PL), faturamento (F) e total do exigfvel (cur- to e longo prazo), relatives a 47 setores. O capital total (K) foi definido como a soma do patrimonio Ifquido (PL) e do exigfveIC4). A partir destes montantes, foram calculados os coeficientes apresentados nesta segao.

Como e sabido, o cadastro de empresas de VISAO possui boa e crescente cobertu- ra, em relagao ao universe de empresas in- dustriais. Segundo esta estimativa, o fatu- ramento total corresponde a cerca de 75% do Valor da Produgao Industrial, estimado para 1979. A cobertura e, supostamente, crescente, porque tern aumentado o nume- ro de empresas inclufdas na amostra ao longo do tempo — de cerca de 2 400 em- presas. em 1973, para aproximadamente 3 500, em 1979. Este aumento resulta, em boa medida, da extensao da amostra, de modo a incluir empresas de menor porte. Contudo, uma parcela nao desprezfvel pode ser atribufda a criagao de novas Sociedades Anonimas, ao longo do perfodo 1973-1979. Neste contexto, as variagoes constatadas em valores totais so merecem ser conside- radas quando apontam para tendencias opos- tas aquelas sugeridas pelo simples aumen- to do numero de empresas cadastradas. No que diz respeito a variaveis, definidas como razoes entre duas grandezas contabeis, no entanto, e razoavel supor que os valores ob-

(3) Publicado anualmente no mes de agosto, desde 1967. Utilizam-se os volumes de 1974 a 1980, cujos dados cobrem os anos imediatamente anteriores.

(4) Para a definigao destes agregados conta- beis ver Quem e Quem, varies anos. To- dos os valores apresentados, a seguir, fo- ram convertidos para pregos de 1979, uti- lizando-se o fndice Geral de Pregos — Dis- ponibilidade Interna (coluna 2), da Conjun- tura Econdmica.

servados nao sejam viesados pela expansao do cadastrof5).

Observe-se, por fim, que modificagoes in- troduzidas na sistematica de apuragao dos lucros das empresas pela nova Lei das So- ciedades Anonimas exigem cautela na ana- lise da evolugao da massa de lucro (e, por conseguinte, da taxa e da margem de lucro). Como se sabe, a nova legislagao, ao alterar a parcela a ser deduzida do lucro bruto na apuragao do lucro Ifquido por conta da cor- regao monetaria do ativo circulante, via de regra, acarreta uma redugao do lucro acusa- do pela empresa. Vale dizer, neste caso, urn mesmo desempenho da empresa traduzir- -se-ia, quando observada a sistematica in- troduzida pela nova Lei das Sociedades Anonimas, na apuragao contabil de uma me- nor massa de lucro. A nova sistematica passou a ser utilizada por algumas empre- sas em 1978, tornando-se, seu uso, genera- lizado e compulsorio em 1979. Uma vez que nao foi possfvel corrigir os valores apresen- tados pelas empresas, ficam algo prejudica- das as comparagoes entre os resultados an- teriores e posteriores a 1978. Esta dificul- dade e tanto mais incomoda, quanto mais se aproxima o vies resultante do sentido observado na evolugao da taxa de lucro, no perfodo 1976-1979. Contudo, como indicado adiante, ainda assim sera possfvel evidenciar o movimento declinante da taxa de lucro neste perfodo, embora aquela limitagao im- pega a avaliagao da magnitude desse de- clfnio.

2. O Comportamento da Taxa de Lucro: Analise dos Resultados

DIFERENQAS INTERSETORIAIS

A presente segao examina as diferengas intersetoriais das taxas de lucro sobre o ca- pital proprio em cada urn dos anos do perfo- (5) Se existir uma associagao positiva entre tamanho e taxa de lucro, o aumento do ca- dastro com o tempo levara a uma redugao da taxa de lucro media de urn determinado setor. Porem, no presente caso, este efei- to e negligenciavel dado o uso de uma media ponderada para cada setor.

(5)

< t— P cn ^ f- LU 2 O r- E 2 CL O O DC h- Q- Z < < t Q < > O Q Z O ^ LU LU Q DC § § CO < CO < X < o o LU CO LU DC O _J < > LU O §2 -J o H- LU Q d CL < O LU CO O 5 < != < Q ^ S - s ? < < E Ll- 5 LU Q LU CO O jd E z ,,, LU o LL O O o DC o =) 9 s Q iU O DC < CD CD 00 r- CD t- CD CO t- CD CO f- CD CD CO c- CD CM t- CM v© CD 00 in x— o* 00 o" o CD CO o CO c- LO ■«— cq CD C0_ o_ CM o" co" o" CO o" o" o" cm" cm"

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(6)

LUCROS FOR SETORES INDUSTRIAIS

do 1973-1979, comparando-as com as dife- rengas observadas nas demais relagoes, apresentadas na segao anterior.

Observe-se, inicialmente, na tabela 1, que a media das taxas setoriais de lucro apre- senta movimento descendente a partir de 1976, declinando de 22,1%, neste ano, para 12,7%, em 1979. Este movimento segue-se a elevagao da referida taxa entre os anos extremes do trienio anterior (de 20,0%, em 1973, para 22,1%, em 1976).

A dispersao destas taxas setoriais fica evidenciada pelos coeficientes de variagao nos varios anos, tambem apresentados na tabela 1. Tais resultados revelam que, em- bora relativamente estavel ate 1976, a dis- persao das taxas setoriais (p) aumentou sig- nificativamente a partir de 1977, exatamente quando tern imcio um movimento descen- dente de seus valores medios.

Ao lado da dispersao observada, constata- se significativa estabilidade da renta- bilidade relativa dos varios setores. Os coeficientes de Spearman, das correlagoes de ordem das taxas de lucro (p) em distin- tos anos, apresentados na tabela 2, mos- tram-se quase sempre significativos ao m- vel de 5% (excegao de dois casos), embora

declinem a medida que aumenta o inter- vale entre os anos considerados — como, alias, seria de se esperar. Assim, cabe afirmar que, de maneira geral, os setores mais rentaveis no inicio do periodo mantem essa posigao relativa ao longo dos anos.

Os coeficientes de Spearman sao parti- cularmente elevados, quando se correlacio- na o ordenamento dos setores em dois anos subseqiientes. E interessante notar, em re- lagao a estas ultimas correlagoes, que os coeficientes indicam uma maior estabilidade do ordenamento dos setores a partir de 1977, ano em que tern inicio o movimento descen- dente da media das taxas de lucros setoriais. Tal resultado merece ser associado aqueles referentes a dispersao das taxas de lucro setoriais, que apontaram a elevagao do coe- ficiente de variagao destas taxas, a partir deste mesmo ano. Esta associagao indica que, durante o movimento ascendente da media das taxas de lucro industrials, embo- ra a dispersao entre as taxas setoriais per- manecesse relativamente estavel, as posi- goes relativas dos diversos setores sofre- ram algumas alteragoes, refletindo desem- penhos diferenciados. Por outro lado, quan- do a tendencia inicial reverte apos 1976, e da lugar a um movimento descendente da taxa de lucro, a industria ganha maior esta-

TABELA 2

MATRIZ DE COEFICIENTES DE CORRELAQAO DE ORDEM (SPEARMAN) ENTRE AS TAXAS SETORIAIS DE LUCRO SOBRE O CAPITAL PROPRI0 EM DIVERSOS ANOS*

(47 observagoes) 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1973 0,600 0,613 0,462 0,309 0,228 0,380 1974 0,618 0,506 0,406 0,256 0,274 1975 0,579 0,345 0,341 0,134 1976 0,744 0,751 0,590 1977 0,846 0,761 1978 0,686

Fonte: VISAO, elaboragao IPEA/1NPES.

* Os coeficientes superiores a 0,253 sao significativos a 5%. 98

(7)

Regis Bonelli a Eduardo Augusto A. Guimaraes bllidade esta associada, no entanto, a uma

maior dispersao das taxas de lucro setoriais.

EVOLUQAO DO SETOR INDUSTRIAL

Uma primeira avallagao da evolugao do to- tal industrial no periodo estudado, pode ser feita a partir das informagdes da tabela 3, a seguir, onde aparecem os valores das principais variaveis e taxas, anteriormente apresentadas.

Assinale-se, inicialmente, tendo em vista caracterizar o movimento do setor industrial durante o perfodo, que a evolugao do fatura- mento em termos reais — uma proxy para a produgao efetiva — mostra uma desacelera- gao do crescimento a partir de 1974, embo- ra a taxa de expansao tenha sido ainda ele- vada nos anos de 1975 e 1976. Ao deflacio- nar os valores correntes, por urn indice de pregos especifico para produtos industrials, diferencia-se melhor o ano 1976 de 1975 — aproximando-se os resultados dos indices de produgao real do IBGE (3,8% de crescimento em 1975 e 12,7%, em 1976) — e destaca-se o fato de que 1976 foi o ulti- mo ano da decada dos 70, em que a produ- gao industrial ainda cresceu a uma taxa ele- vada, em relagao a tendencia historica. Des- ta forma, o trienio 1973-1976 caracterizou-se por uma taxa de crescimento da produgao bastante superior a do trienio seguinte. De fafb, neste ultimo periodo, tornado como urn todo, a produgao, estimada pelo fatura- mento real, teria virtualmente estagnado.

A taxa de lucro sobre o capital (p) oscila, no intervalo 18,0 a 21,5%, em torno de um valor medio de 19,5% durante o periodo 1973-1977, para declinar signficativamente nos anos seguintes. Dadas as modificagoes introduzidas pela Lei das S/A, comentadas anteriormente, tais resultados poderiam su- gerir que o nivel de rentabilidade das em- presas mantem-se, apesar da desaceleragao do ritmo de crescimento das vendas, sendo que o declinio dos dois ultimos anos refle- te, meramente, alteragoes de dispositivos legais. Tal conclusao seria, no entanto, equi-

vocada, ja que, como se vera adiante, esta tendencia reflete, em principio, a evolugao da estrutura do passive das empresas.

Convem, portanto, examinar a evolugao da margem de lucro (m), do coeficiente fatura- mento-capital total (k) e da taxa de endivida- mento (e), grandezas em que pode ser decom- posta a taxa de lucro. A margem (m) mostra um declinio expressive entre os anos 1973 e 1975, seguido por um periodo de estabilidade entre 1975 e 1978, e por um novo declinio em 1979. Neste sentido, e interessante ob- servar que (m) revela-se significativamente estavel, exatamente no periodo em que se desacelera o ritmo da expansao da indus- tria. Quanto a queda observada em 1979, ela certamente reflete, em uma extensao que nao e possivel determinar, as mudangas de procedimentos contabeis, introduzidas pela nova Lei das S/A. Na verdade, o decli- nio de (m), neste ano, esta associado a uma redugao da ordem de 30% no montante to- tal (absoluto) do lucro liquido das empre- sas do cadastro. No que diz respeito ao coeficiente (k), observe-se que, apos um au- mento expressive entre 1973 e 1974 e uma certa estabilidade entre 1974 e 1975, decli- na continuamente ate 1979, quando corres- ponde a apenas 73% do valor maximo, verifi- cado em 1974-1975.

Quanto a taxa (e), observa-se uma tenden- cia ascendente, que alcanga seu ponto mais elevado em 1976, ano em que os capitais de emprestimo representavam 58% do capi- tal total, na versao contabil resumida, aqui adotada, dai diminuindo ate 1978, para apre- sentar, no ano final, um nivel pouco infe- rior ao maximo observado em 1976. Estas variagoes refletem, como parece obvio, aquelas observadas no capital total (K) e nas parcelas que o constituem (PL e capitais de terceiros, CT). De fato, a tabela 3 mostra que o crescimento do Patrimonio Liquido (ou capitais proprios) foi bem mais acentuado no tri§nio 1976-1979, do que no anterior. No trienio inicial, o acrescimo de cerca de 40% no capital total foi basica- mente devido a elevagao no endividamento,

(8)

CO < LU CO < <J> r»- o CO a cc F— CO ZD Q o Ql < 05 >- CD <D "O O .5 _C LU ~ _Q O €0 Z O 2 E < 03 CC CO £ - < - S ® o 9 ZD o g 2 o < Q_ d DC O ZD O) c- 05 00 O) IS r- CD CO f- OJ "xf 00 id' cm" CO 0" OJ X— CM T— 00 00 00 OJ CO CM ■*- CM CM 10 f- CD CD O) ^r- CO CD rG 2 S " t>- O CD CD CO CD CVJ CO o" Oi CD LO ^ l>- DJ CO ID O CM ID IO CO CM 05 O CO l>- CM 00 CM 00 00 ID CM CM •^T ID CM CD ■«-_ ID CM •«-- O, ^ cm" CO" ■*— CO 00 CM 00 CO T— CD O T— ID CM T- CD ID T- CM CM O) t- C0 ID CD O t- <35 ID_ cd" cm" oj" co" ID CO CO o ^ CO CO CM CJ) OT CD ID ^fT-^LOOodo~C3r— 05 CD O CM ■«- t- ^ ■<- O CD O T- x- CM CD CD ID CM t- id" "xf CD OO' X— OJ CM ID ID CD CM x— CM O CO CM X— CM CM CD Q. 0 C 0 E 0 ■g > P — -R §1 —1 !d a. w o o c 51 0) E ■— oj CIL ^ Oi d <0 E — ra E? o .1 2 S ra 5 r? =5 'o '— ^ O 4^ 4—* ■ ' ■ 3 0 —I Q_ Ll_ O 0 O O -D C 0 "D 0 DC 0 "D 0 X 0 0 CO o s_ 0 o 1_ 0 0 ■a ci 0 O CM ■»- id" ID CO ■«- CO o CO ID l>- CO CM ^ 00 00" ID id" *d-" co" 00 CM CD <N CO «>f ^ w CM t- O CO •«— CO CO <«- OJ OJ CO 00 oj" ID o CO ID 0 CD O x— CJ CM 0 00 x— OJ ID co" cm" O" co" co' 0" cm" 00 ID OJ to CO CO CD ID ID CO CM CO X— 0 CO O CO 00 CO x-T co" ID ID O 00 ID CO CO fx. CD co" cm" CM CM O O o" o" O O + « 0 0 4-> f-J c c 0 0 E E 0 0 v_ 3 3 •M +-> 0 0 LL LL 0 0 O O ■x X 0 o S <0 c o o LU 2 •Ki . c CO 3 Ul i § Z o < -a 111 (U Q; CM o « »0 E: o _E 0 o o « B — 0 §. § -S ^ 0 CO c > .2 o _0 V 0 c Q o LL + 0 O s <0 c: o Uj 0 Vx 0 fx. c .0 'c o O 0 TO 00 CM 0 c ^3 O CO "0 <n 3 -a c co o +-■ 3 ■a o 0 xs 0 .Q _o DJ 0 t: 0 o ■O 0 o 0 4-» 0 1_ o a. CD o o 0 0 no 0 o XJ c. _o 0 D. o x> 0 c o a _0 >4- 0 Q

(9)

Regis Bonelli & Eduardo Augusto A. Guimaraes dado que a elevagao do Patrimonio Lfquido

real, entre 1973 e 1976, nao chegou a alcan- gar mais do que modestos 11%, no trienio como um todo(6).

A metodologia apresentada na segao an- terior e, a seguir, utilizada para decompor as variagoes na taxa de lucro (p), ao longo do tempo(7).

As decomposigoes apresentadas na tabela 4, mostram, na parte referente a variagoes

anuais que:

a. o aumento na taxa de lucro em 1974 re- flete igualmente a elevagao no endividamen- to (e) e na utilizagao do capital (k — relagao faturamento-capital). A contribuigao da margem (m) foi negativa, isto e, houve re- dugao em (m) com aumento em (p].

b. praticamente toda a redugao na taxa de lucro observada em 1975 deveu-se a redu- gao da margem de lucro, ja que (k) e (e) per- maneceram praticamente estaveis.

c. o aumento da taxa (p) em 1976, reflete a elevagao do endividamento neste ano e o aumento da margem (m).

d. a redugao na taxa de lucro, em 1977, pode ser atribuida a redugao nos tres compo-

(6) Para uma analise do nivel e variagoes do grau de endividamento das empresas in- dustriais no periodo 1969-1975 e de sua influencia sobre a rentabilidade sobre o ca- pital proprio, ver CALABI, A.S.;; REISS, G. D. & LEVY, P.M. op. cit. Ver tambem HORTA, M.H.T.T. Padroes de financiamento das grandes empresas no setor industrial bra- sileiro no periodo 1970/1975, Pesquisa e Planejamento Economico, 10 (3): 885-910, dez. 1980.

(7) Como se recorda da segao 1, expressao (3b):

,o9 PT+t/^ = ,ogfmT+tJ + + log (kT+t/K) + + log(eT+t/eT)

Dividindo os termos do lado direito da iden- tidade pelo termo do lado esquerdo, obtem- se as participagoes percentuais, apresen-

tadas na tabela 4.

nentes, com enfase um pouco maior na va- riavel (e); ja a redugao de 1978 deveu-se a diminuigao no coeficiente de utilizagao do capital (k), cabendo a redugao no coeficien- te de endividamento um papel secundario e a margem uma parcela desprezivel; neste sentido, e licito afirmar que a redugao de (p) nao e meramente um reflexo das altera- goes introduzidas pela nova Lei das S/A; e. a redugao de (p), em 1970, reflete quase que integralmente a queda na margem de lucro neste ano (resultado algo ambiguo, devido ao efeito da nova Lei das S/A), ca- bendo a redugao no coeficiente (k) uma par- cela nao desprezivel, embora secundaria, da

redugao em (p).

Considerados os dois trienios comparati- vamente, a segunda parte da tabela 4 mos- tra que o aumento na taxa de lucro sobre o capital proprio, observado entre 1973 e 1976, reflete a elevagao no endividamento e o aumento no coeficiente (k). Ja no trienio seguinte, a decomposigao mostra que a re- dugao na margem (m) e no coeficiente (k) fo- ram igualmente importantes para a redugao na taxa de lucro. Considerado o periodo como um todo, ressalta-se a importancia na queda da margem (m) e no coeficiente de

utilizagao (k).

Dadas as ressalvas feitas anteriormente, quanto a comparabilidade de 1979 com os anos precedentes, e dado o fato de que ainda houve um pequeno aumento da taxa de lucro, entre 1973 e 1974, efetua-se a decomposigao entre 1974 e 1978. Esta se- ria, de acordo com o exposto, representati- va da evolugao da rentabilidade industrial, desde o final do periodo do auge do cresci- mento industrial, ate o presente. Os resul- tados revelam que a queda de (p) reflete, principalmente, a redugao no coeficiente de utilizagao (com uma ponderagao de cerca de 54%) e, secundariamente, a diminuigao da margem (m) (cujo peso e da ordem de 40%). Ao endividamento cabe, no periodo como um todo, um papel de pequena relevancia (pon- deragao de cerca de 6%). Isto sugere que a redugao na taxa de lucro, sobre o capital

(10)

LUCROS POR SETORES INDUSTRIAIS

TABELA 4

DECOMPOSIQAO DAS VARIAQOES NA TAXA DE LUCRO (p) ANUALMENTE E SEGUNDO SUBPERKDDOS SELECIONADOS

1973-1979

Penodo Margem (m)

% devido a variagao de: Utilizagao do Capital (k) Endividamento (e) Sentido da Variagao de p 1974/73 1975/74 1976/75 1977/76 1978/77 1979/78 38,1 102,0 35,9 33,3 2.7 89,8 61.0 1.7 15,2 20,6 74,8 33.1 77,1 0,3 79,3 46,1 27,9 22,9 positive negative positive negative negative negative 1976/73 1979/76 144,0 45,8 62,8 44,7 181,2 9,5 positive negative 1979/73 1978/74 90,5 40,5 40,4 53,7 30,9 3.8 negative negative Fonte: VISAO, elaboragao IPEA/INPES (ver texto).

proprlo, esta assoclada ao fraco crescimen- to da demanda frente as expectativas de ex- pansao, expressa pela evolugao do capital total. Em segundo lugar, mas ainda impor- tante, figura a redugao na margem de lu- cre (m), tambem esta urn reflexo de variaveis de mercado, para diferenciar do coeficien- te de endivldamento, uma variavel referente a estrutura do passive das firmas e, por con- seguinte, a sua estrategia de financiamento de operagoes correntes e expansao. Como se recorda da segao anterior, a margem (m) pode ser escrita como:

1 Cl (5) m = 1

n F

onde n e a razao de "mark-up" (faturamen- to-custos diretos = F/CD), Cl sao os cus- tos indiretos e F o faturamento.

Assim, a redugao na margem (m) pode se devida a redugao no "mark-up" ao aumento na parcela de custos indiretos no fatura- mento: a apenas urn destes efeitos, na di- regao apontada, superando o outro na dire-

gao oposta. Nao e possfvel, tendo em vis- ta as informagoes disponiveis, definir qual destas possibilidades efetivamente ocorreu. A desaceleragao do ritmo de crescimento in- dustrial tanto pode ter determinado uma re- dugao no "mark-up" como resultado da in- tensificagao do mvel de competigao, quanto pode ter induzido uma elevagao do seu va- lor, com vistas a garantir a manutengao da taxa de crescimento da massa de lucres. Por outro lado, nao cabe descartar a possibili- dade de uma elevagao da razao CI/F Em particular, porque o intense recurso ao en- dividamento (inclusive para giro) ate 1976 engendra, inclusive pela necessidade de con- tratar novos emprestimos para saldar com- promissos passados, a criagao de montantes crescentes de custos financeiros que, como se recorda, estao incluidos nos custos indi- retos.

A EVOLUQAO DAS TAXAS DE LUCRO SEGUNDO SETORES

Cumpre elaborar, neste ponto, a analise da evolugao da taxa de lucro, apresentada 102

(11)

m LU CO < CO o Q O O CO LU CO O Q O cE LU Q- LU CO LU cr O i— LU CO O Q Z 3 O LU CO < LU CC < DC 3 o Q LU LU CO h- CD < DC 3 0 o> O) o ■O CO o lO E cn s_ O E 0 _ CO O £ CO o LU ■— DC § O ^ LU Q CO < Q ui CO c 0 E 'o 0 O 0 03 0 X 0 I- c 00 0 l>- 1 g 0 0 0 CO c 0 E o 0 0 O 0 "O 0 0 CO f— ^ C CO 0 t- E 2 0 3 E 15 ^ 0 CO CD CD CD CO cm' CO „ m CM O CO T- T- o ^ ^ ^ uo C5 tQ O O o 5 ^ i ' - . - - , - . - - 05 CD CM in ^ <J> kJ" rJ" - - - w- - :ocv|l9r7'c0<9w,"" ',«" * i^Tcmcdcmi-*- ; T— T— i i » i in ^ ^ cm cm cd CO 00 qq t"- *- 00 O) O CM CO O O ->i_ txj fs. CO - ~ ^ i in cd co co o) 00 CO C-- O ■*- CO CO ctj n-) - , - - - - t-CO*^" uj u; o CD CO • CM CM T- CM. in ^ o> CO CD O CM CO ^ ^ ^ ^ s .1- ^ « O CD 03 00 cd T-^" o CM CD C- oscpcoOcoococomcooo^ocjojco inT-t»-ooooo'?tcMCMr-ocoocoo>0)"r-oot«-«^coint^co COinoOOJO'^-inCMinCMOCMinCOCOf-CDCMI^-CMOJOCMO oit^ojoiCMOT-coci-r-co^c^oocnc-t^T-^oocnT-in^ •^oocot^-ot^t^in-i-cD^o^inincocoooo'^ooinOTin CM CM CD 'r~ CM CM CD t- CO CD CM ■«- T- CM CD O CD DC 2 —I 3 DC < O O O O co X LU CO LU > — CO DC LU U_ Q. 3 < 0 LOCDI>-COCDOT-CMCO^LnCDt^COCD CMCMCMCMCMCOCOCOCOCOCOCOCOCOCO > ^ CD ^ DC LU —' J LU 3 O - O < DO u. O O o^-CMCO'3-incoc-O O ol ^ d Q > •«- T- Oin^O-r-^COC-^^t-OOCDCOCM t o --- O CO CO COCMT-t-CM^COCD^JC^-COOOO ■ ■ ■ ^ i t r"- i i i __ CM O O 2 a a i 0 i in cd_ co" co" ^ ^ CD CO CM CO 00 CD CD C» CO O) CO O

O ^ id CO in CO d CD" ^j" co" co" CO 05 cd" CD o" o" T- CM t- T-

in 05 cv cd" o" cd' o' IP- T— cm X— xt X- ^ o in 00 CD C>>-_ «5f CD_ CM_ C0_ CO O CO CD O CM_ in ^ O CM_ cm" cd" !>■" cd" co" id ■p-" co" co" 'St -t-" 10" co" x-T T-' is." T-" o" cd" co" cm" CO

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(12)

LUCROS FOR SETORES INDUSTRIAIS

anteriormente, de modo a identificar possi- vels especificidades no comportamento dos diversos setores.

Neste sentido, convem apresentar, preli- minarmente, a magnitude relativa do fa- turamento dos diferentes setores, confor- me representados no cadastro utilizado nes- te estudo, bem como suas taxas de cresci- mento no penodo 1973-1979 (ver tabela 5). Observe-se, em particular, que, da mesma forma que para o setor industrial como urn todo, o crescimento das vendas no trie- nio 1973-1976 foi substancialmente mais ele- vado do que no trienio seguinte, em prati- camente todos os 47 setores industriais considerados. De fato, considerado o total da Industria de Transformagao, o crescimen-

to real das vendas chegou a ser negatlvo entre 1976 e 1977, resultado que tamb^m caracteriza 29 dos 47 setores de industria.

No tocante a evolugao das taxas setoriais de lucro, e oportuno examinar, inicialmente, a estabilidade destas ao longo do tempo, por meio da determinagao dos coeficientes de variagao das taxas anuais dos diversos se- tores. Os resultados apresentados na tabe- la 6 indicam que, dentre os 47 setores industriais considerados, 15 apresentam coe- ficientes de variagao inferior a 0,20; 14 en- tre 0,20 e 0,30; 11 entre 0,30 e 0,50 e 7 superiores a 0,50. Para o total das industrias, o coeficiente de variagao de (p) e 0,199.

Note-se que tais resultados apontam uma correlagao de ordem negativa entre o coe-

TABELA 6

SETORES CLASSIFICADOS SEGUNDO FAIXAS DO COEFICIENTE DE VARIAQAO DA TAXA DE LUCRO AO LONGO DO PERIODO 1973/79

Numero

Coeficiente de Setores* de Variagao Setores

Menor do que 0,200 15 ONM(0.1816) MNF(0,2487) MEL(0,2364) 001^(0,2376) PLA(0,2155) PET(0,2233) PER(0,1971) VES(0,2540) MOI(0,2127) LAT (0,1434) OLV(0,2118) ALM(0,2086) BEB(0,1955) CGL(0,1716) APP(0.2505)

(Media = 0,2126)

0,200 — 0,300 14 CER(0,1730) VID(0,2528) MET(0,2131) MAQ(0.1998) INS(0,2833) MOV(0,1955) CAL(0,2342) COU(0,1676) TEX(0I1637) ART(0,2226) FRI(0,1389) AgU(0.1254) FUM(0,3011) DIV(0,2252)

(Media = 0,1854)

0,300 — 0,500 11 CIM(0,1108) FER(0,2611) APg(0.1831) AVV(0,1723) MAD(0,1789)

BORfO.rae) QUI(0,1403) GAS(0.1432) PES(0.0500) JOR(0,1909) GRF(0,1335)

(Media = 0,1585)

Maior do que 0,500 7 SID(0,0808) NAV(0,1054) AUT(0,0838) TRA(0,0819) PAP(0,1037) FAR(0,1350) CAF(0,2059)

(Media = 0,1138) Fonte: VISAO, elaboragao IPEA/INPES.

* Os valores entre parenteses indicam a taxa media de lucro no penodo 1973/79. 104

(13)

Regis Bonelli & Eduardo Augusto A. Guimaraes ficiente de variagao e a taxa de lucro me-

dio do setor (o coeficiente de Spearman e de — 0,562), isto e, elevadas taxas medias de lucro sobre o capital proprio tendem a flutuar relativamente pouco, ao longo do tempo, o oposto ocorrendo com as taxas baixas.

O movimento que caracteriza a evolugao da taxa de lucro sobre o capital proprio, no penodo 1973-1979, para a industria como urn todo — oscilagao em torno do valor me- dio de 19,5 ate 1977 e declmio nos dois ultimos anos — nao e, obviamente, comum a todos os segmentos que compoem o se- tor industrial. Assim sendo, para efeito de decomposigao das variagoes da taxa de lu- cro por setores ao longo do tempo, optou-se por classlfica-los em grupos com caractens- ticas de evolugdes semelhantes. Quatro grandes grupos ficam assim formados, sen- do que apenas os dois ultimos serao objeto de decomposigao.

O primeiro grupo referido e o dos setores em que a taxa de lucro revelou-se relativa- mente estavel em todo o penodo. £ com- posto de apenas 3 setores: PES — Pes- cado (Pesca e Industrializagao), BEB — Be- bidas e CGL — Conglomerados. A evolu- gao destas taxas aparece, a seguir, no gra- fico K8).

O segundo grupo (ver grafico 2) e com- posto de 6 setores, cuja evolugao da ta- xa de lucro nao se ajusta aos padroes co- muns a maioria, pois, em geral, sao setores cujas fases de elevagao ou redugao da ta- xa de lucro sao curtas: ONM — Outros produtos de minerais nao metalicos; DOM — Aparelhos Domesticos, Material de Co- municagao; NAV — Construgao Naval; CAL — Calgados; COD — Couros; TEX — Fiagao e Tecelagem.

O terceiro grupo compoe-se de 18 setores que apresentaram ou tendencia declinante ao longo de todo o perfodo em exame (11 (8) Ap6s o numero e simbolo do setor segue- se, entre parenteses, a taxa de lucro media no penodo 1973-1979.

casos), ou redugao seguida de relativa esta- bilidade (3 casos), ou taxa aproximada- mente constante seguida de redugao (4 casos). Em suma, trata-se de setores para os quais so houve, para efeito de decomposi- gao, pen'odos descendentes (ver grafico 3).

O quarto e ultimo grupo (20 setores), com- poe-se de setores onde houve uma fase de aumento e outra de declmio da taxa de lu- cro (19 casos, em geral com pico em 1976) e urn caso de aumento ao longo de todo o perfodo (ver grafico 4).

A decomposigao logarftimica para o ter- ceiro grupo encontra-se na tabela 7, ao pas- so que a relativa ao quarto grupo esta apre-

sentada na tabela 8.

Resumindo os comentarios a extrair da tabela 7, observa-se que:

a. a margem de lucro (m) foi tambem de- clinante em todos os casos, exceto um (o setor de Fumo). Adicionalmente, o percen- tual de variagao de (p) que reflete o movi- mento de (m) foi bastante elevado, com pou- qufssimas excegoes (duas, alem do Fumo); b. o coeficiente faturamento-capital declina tambem na grande maioria dos casos (tres excegoes apenas, e todas de pequena ex- pressao). No entanto, sua contribuigao foi, com pouqufssimas excegoes, inferior a da margem:

c. o coeficiente de endividamento nao apre- sentou tendencias tao definidas: em 11 casos aumentou, diminuindo nos 7 restan- tes, Estas redugoes, no entanto, foram de pequena expressao relativa, a excegao dos casos de Agucar e Plasticos.

Quanto aos 20 setores que apresentam fa- ses de aumento e posterior declmio da ta- xa de lucro no perfodo 1973-1979 — ver tabela 8, onde o ultimo setor apresenta uma tendencia ascendente em todo o perfo- do — deve ser observado, no que diz res- peito a fase ascendente, que:

(14)

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(15)

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(16)
(17)

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(18)

LUCROS POR SETORES INDUSTRIES

a. o movimento da margem foi, em um tergo dos cases, contrario ao da taxa (p). Dos cases em que coincidem, em apenas 6 o aumento da margem corresponde a parcela

principal do aumento em (p);

b. i& o coeficiente faturamento-capital va- ria mals frequentemente na mesma diregao que a taxa (p) do que a margem (m) (3 ex- cegoes apenas), sendo que em 5 casos represents a principal contribuigao;

c. quanto ao indicador de endividamento, ob- serva-se que aparece como elemento mais importante do que os demais em 10 casos. Finalmente, quanto a fase descendente, convem destacar que:

a. em 17 dos 19 casos, a margem tamb^m caiu, sendo em aproximadamente a metade o componente mais Importante na redugao; b. a queda do coeficiente (k) foi pratica- mente geral e, alem disso, em muitos casos correspondeu a uma parcela expressiva da

redugao em (p);

c. o coeficiente de endividamento reduziu-se em 14 dos 19 casos, mas em apenas tres correspondeu a parcela jnais importante dentre os componentes.

Apesar das dificuldades em procurar ex- tra! r um padrao comum a um conjunto tao heterogeneo de setores, cada qual com sua dinamica propria, atuando segundo carac- terfsticas de diferentes estruturas de mer- cado, produzindo grupos de bens com fina- lidades e caracteristicas de demanda dis- tintas e reagindo, portanto, diferencialmen- te a poli'tica economica e a eventos exoge nos, alguns resultados interessantes emer- gem das informagoes das tabelas 7 e 8.

Assinale-se, em primeiro lugar, que, para setores que experiments ram fases de au- mento na taxa de lucro sobre o capital pro- prio, a elevagao no coeficiente de endivida- mento parece ter sido o principal responsa- vel por este aumento. Isto ocorreu em

10 setores sendo que em 4 esta in- fluencia foi absoluta CMEL, DIV, APP e LAT) e, em 3, superior por larga margem a segunda variavel (MAO, OLV e FER)(9). A elevagao da margem de lucro foi importan- te em apenas 6 casos, dentre os setores que experimentaram fase ascendente, sendo que de forma absoluta em apenas um caso (GRF). Nos 5 restantes o aumento no coeficiente (k) pode ser aceito como co-res- ponsavel pelo aumento de (p). Quanto ao au- mento do coeficiente (k), sua importancia nao deve ser excessivamente enfatizada na decomposigao das fases ascendentes, pois em apenas 2 casos (JOR e VES) sua influen- cia e absoluta, sendo que em outros 2 reparte com a margem a responsabilidade principal.

No que diz respeito a fase descendente, observada em 37 setores, os resultados sao mais marcantes. Observe-se, inicialmente, que a redugao no coeficiente de endivida- mento nao foi, em praticamente algum caso, com excegao de CIM, a variavel de maior peso na variagao de (p). Este papel coube, na granda maioria dos casos, a mar- gem de lucro, pois em 24 dos 37 setores a margem (m) corresponde a parcela mais im- portante na decomposigao da taxa (p), sendo que em 9 casos sua influencia e absoluta e, em 12, repartida com o coe- ficiente (k). No entanto, uma parcela do peso de (m) pode ser atribufda, como ja assinalado, ao efeito da nova Lei das S/A. Por outro lado, a redugao no coeficiente faturamento- capital foi, em 12 casos, dentre 37, o com- ponente mais importante da queda em (p). Levando-se em conta sua importancia, em- bora secundaria, nos casos em que a varia- gao da taxa de lucro reflete, prioritariamen- te, a redugao da margem (m), parece licito ressaltar que a redugao no coeficiente (k) foi relevante nas fases de queda em (p). Se pode ser, de fato, encarado que (k) varie

(9) Vale observar que 16 setores tem 1976 como o ano de coeficiente de endividamento mais alto, contra 11 setores em 1977, 7 em 1975, 6 em 1974, 4 em 1979 e 3 em 1973.

(19)

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(20)

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Regis Bonelli & Eduardo Augusto A. Guimaraes com o grau de utilizagao da capacidade, se-

gue-se que, ao arrefecimento no crescimen- to da demanda, pode ser atribuido um papel de destaque nas redugoes observadas na taxa de lucro sobre o capital prdprio, para a grande maioria dos setores industrials, nos anos 70.

Conclusao

Este artigo teve por objetivo, tao somente, reunir e organizar algumas informagoes re- lativas a evolugao da taxa de lucro no setor industrial no periodo 1973-1979, restringin- do-se a uma sistematizagao de estimativas referentes a variaveis que a teoria postula como relevantes, mas abstendo-se de inte- gra-Ia em modelos teoricos. As limitagoes da base empirica utilizada ja foram enfatiza- das ao longo do texto. Os resultados apre- sentados nao constituem, certamente, evi- dencia suficiente para apoiar conclusoes definitivas sobre o desempenho do setor in- dustrial, durante o periodo. Sugerem, no entanto, algumas hipoteses relativas a evo- lugao da industria.

Os resultados obtidos apontam para o fa- to de que a desaceleragao do ritmo de cres- cimento industrial a partir de meados da decada dos 70 foi acompanhada de uma re- dugao da taxa de lucro, embora o periodo 1973-1976 fosse ainda marcado por flutua- goes dentro de uma faixa estavel; uma ten- dencia declinante caracterizou-se depois da- quele ultimo ano. Assinale-se, no entanto, que a queda da margem de lucro da-se inte- gralmente entre 1973 e 1975. Se tal redu- gao nao se refletiu de imediato na rentabi- lidade sobre o capital proprio, isto deveu-se ao acrescimo do coeficiente de utilizagao entre 1973 e 1974 e do endividamento entre 1973 e 1976. Este comportamento da taxa de endividamento, alias ja enfatizado em outros estudosO0), parece refletir o nivel

(10) Por exemplo, CALABI, A.S.; REISS, G.D. & LEVY, P.M., op. cit. Como notam estes autores, "(...) ao decidir jnvestir acima da capacidade de financiar internamente a sua expansao, as empresas industrials aumen- tam sua taxa de lucro concomitantemente

elevado de investimento naqueles anos, ape- sar do declinio no ritmo de expansao indus- trial, bem como a crescente necessidade de capital de giro, face a aceleragao do proces- so inflacionario. Por outro lado, deve ser observado que o efeito do ligeiro declinio da taxa de endividamento acerca da evolu- gao da taxa de lucro sobre o capital prd- prio, no trienio 1976-1979, foi desprezivel. Neste mesmo periodo, a margem de lucro e o coeficiente faturamento-capital atuam na mesma diregao, contribuindo com igual peso para o declinio da taxa de lucro. Tal resul- tado equivale, de resto, ao observado no periodo 1974-1978.

Este quadro reflete bem a desaceleragao do ritmo de crescimento no periodo, em particular a fraca expansao da demanda frente as expectativas que presidiram a onda de investimentos nos anos anteriores. De fato, em tal contexto, face a interrup- gao no crescimento do faturamento e a pro- vavel elevagao dos custos indiretos a par- tir de 1976, a queda da margem de lucro so seria evitada atraves de elevagao do "mark-up". Os resultados obtidos nao per- mitem avangar qualquer conclusao defini- tiva sobre o comportamento deste. Suge- rem, no entanto, que, mesmo que se te- nha elevado, nao o fez na extensao necessa- ria para assegurar a manutengao da margem de lucro da industria. Quanto a evolugao do coeficiente faturamento-capital, e inteira- mente compativel com o quadro observado nos ultimos anos. De fato, diante de uma desaceleragao do ritmo de crescimento in- dustrial que se segue a uma forte onda de investimento, e de se esperar que uma va- riavel, que reflete o grau de utilizagao da capacidade instalada, apresente valores de- clinantes.

A consideragao da evolugao das taxas de lucro dos diferentes setores industriais per- mitiu definir padroes de comportamento li-

ao aumento do seu nivel de endividamento. alavancando, portanto, favoravelmente a sua rentabilidade" (p. 197). Para as taxas de lucro em 1969 e variagoes no periodo 1969-1975, ver tabela 11-31, p. 121.

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LUCROS FOR SETORES INDUSTRIAIS

geiramente distintos, confirmando porem, no geral, os resultados relatives a industria como urn todo.

A anaiise das diferengas intersetoriais da taxa de lucro sobre o capital proprio reve- lou que durante o movimento ascendente do seu valor medio, embora a disparidade en- tre as taxas setoriais permanecesse relati- vamente estavel, as poslgoes relativas dos

varlos setores experimentaram algumas alte ragoes, refletindo desempenhos diferencia dos. Quando, no entanto, a tendencia ini cial reverte-se apos 1976, e os valores me dios declinam, a industria ganha maior esta bilidade do ponto de vista da posigao relati va dos diversos setores. Entretanto esta maior estabilidade esta associada a uma maior dispersao das taxas de lucro setoriais.

Apendice

NOMENCLATURA DOS SETORES INDUSTRIAIS 1. CIM: Cal e Cimento. 24. GAS:

2. CER: Ceramica e Artefatos de Ci- 25. FAR: mento. Gesso e Amianto.

3. VID: Artefatos de Vidro e Cristal. 26. PER: 4. ONM: Outros Produtos Minerals

nao Metalicos. 27 CAL: 5. SID: Siderurgia. 28. COU: 6. MNF: Metalurgia de nao Ferrosos. 29. BOR: 7. MET: Prod. Metalurgicos Diversos 30. TEX: 8. MAQ: Maquinas, Motores e Equipa- 31. ART: mentos Industriais. 32. VES: 9. INS: Maquinas, Aparelhos e Ins-

trumentos para Escritorio. 33. MOI: 10. MEL: Material Eletrico. 34. FRI: 11. DOM: Aparelhos Domesticos, Mate-

rial de Comunicagao. 35. PES: 12. NAV: Construgao Naval.

13. FER: Material Ferroviario. 36. LAT: 14. AUT: Vefculos Automotores, 37 AQU: 15. APQ; Autopegas e Carrogarias. 38. CAF: 16. TRA: Tratores, Maquinas e Terraple- 39. OLV; nagem e Implementos. 40. ALM: 17 AW: Avioes e outros Vefculos. 41 BEB:

Moveis e Artefatos de

18 MOV: Decoragao. 42. FUM: 19. MAD: Madeiras, Compensados, 43. JOR:

Laminados e Artefatos. 44. GRF: 20. PAP: Papel e Papelao. 45. CGL: 21. QUI: Oufmica e Petroqufmica. 46. APP: 22. PLA: Plasticos e Derivados.

23. PET: Petroleo (Refinagao e 47 DIV: Distribuigao.

Gas (de petroleo). Produtos Farmaceuticos, Medicinais e Veterinarios. Produtos de Perfumaria, Higie- ne Domestica, Velas etc. Calgados. Couros e Peles. Borracha e Artefatos. Fiagao e Tecelagem. Artefatos de Tecidos. Artigos de Vestuario e Acessorios. Moinhos. Carnes Frigorificadas e Industrializadas. Pescado (Pesca e Industrializagao). Laticmios. Agucar e Alcool. Cafe. Oleos Vegetais

Produtos Alimentares Diversos. Bebidas e Refrigerantes em geral.

Fumo e Produtos de Fumo. Jornais. Editoras e Graficas. Conglomerados. Instrumentos e Aparelhos Profissionais e de Precisao. Artigos Diversos. 114

Referências

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