• Nenhum resultado encontrado

PARASITISMO SOBRE APHIS GOSSYPII GLOVER (HEMIPTERA: APHIDIDAE), EM ALGODOEIRO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PARASITISMO SOBRE APHIS GOSSYPII GLOVER (HEMIPTERA: APHIDIDAE), EM ALGODOEIRO"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

PARASITISMO SOBRE APHIS GOSSYPII GLOVER (HEMIPTERA: APHIDIDAE), EM ALGODOEIRO

Dalva Gabriel (Instituto Biológico / dalva@biologico.sp.gov.br), Flávio Martins Garcia Blanco (Instituto

Biológico), Valmir Antonio Costa (Instituto Biológico), Felipe Augusto Fiorine (UFSCar), Bruno Raeder Roberg (UFSCar)

RESUMO - Foram avaliadas a diversidade de parasitóides e a taxa de parasitismo em A. gossypii, em algodoeiro, no Centro Experimental Central do Instituto Biológico, em Campinas, SP, na safra 2004/05. As amostragens foram feitas quinzenalmente e a cada amostragem foram coletadas 15 folhas por linha de cultivo, sendo uma folha de cada planta, em 24 linhas. No laboratório para cada folha foi feita a contagem dos pulgões parasitados (múmias) e não parasitados. As folhas contendo as múmias foram acondicionadas em recipientes de vidro e mantidas em sala com ambiente controlado. A maior taxa de parasitismo (36,3%) foi verificada aos 52 dias após a semeadura. As espécies encontradas parasitando A. gossypii foram Lysiphlebus testaceipes (Cresson, 1880) (Hymenoptera: Braconidae, Aphidiinae), com 1470 espécimes, Aphelinus gossypii Timberlake, 1924 (Hymenoptera: Aphelinidae), com 2 espécimes, Aphidius sp (Hymenoptera: Braconidae), com 1 espécime, respectivamente, 92,0%, 0,12% e 0,06% do total dos parasitóides primários e os hiperparasitóides Pachyneuron aphidis (Bouché, 1834) (Hymenoptera: Pteromalidae), com 93 espécimes e Syrphophagus aphidivorus (Hymenoptera: Encyrtidae), com 32 espécimes, respectivamente, 5,8% e 2,0 %, do total dos parasitóides emergidos.

Palavras-chave: Aphis gossypii, algodoeiro, parasitóides, hiperparasitóides.

INTRODUÇÃO

Dentre as pragas iniciais mais importantes da cultura do algodoeiro, destaca-se o pulgão A. gossypii, considerado praga de importância mundial, principalmente pela gama de plantas hospedeiras, alta prolificidade e grande capacidade de transmissão de viroses. No algodoeiro pode ser presenciado logo após a germinação. Sugam a seiva, prejudicando seriamente o desenvolvimento das plantas que se tornam depauperadas. É transmissor do vírus do Vermelhão e do Mosáico das nervuras forma Ribeirão Bonito e, quando não controlado, reduz a produção em cerca de 44%, considerando-se apenas as perdas qualitativas e quantitativas, sem contar os danos das viroses (GALLO et al. 2002).

De acordo com Papa (2001), as cultivares plantadas na região do cerrado brasileiro, suscetíveis às viroses, desencadearam um processo desenfreado de aplicações de inseticidas, sendo utilizadas, cerca de, 15 pulverizações de inseticidas não seletivos como organofosforados e carbamatos, por ciclo de cultura, só para o controle do pulgão. Em algumas regiões o pulgão foi responsável por cerca de 80% das pulverizações realizadas e mesmo assim não atingiu controle satisfatório (ORTIZ et al. 1999). Rodrigues et al. 2001 mencionaram que freqüentes aplicações de inseticidas contra pulgões feitas por produtores que desejam alcançar nível de infestação próximo a zero, levaram o pulgão A. gossypii a desenvolver resistência a vários grupos de produtos, particularmente ao pirimicarb, que é um produto seletivo e empregado em programas de MIP.

No estado do Mississippi (EUA) onde A. gossypii é considerada praga ocasional no algodão, Layton et al. 1999 afirmaram que é muito difícil controlar esse pulgão com inseticidas foliares, por causa do alto nível de resistência aos inseticidas e que as populações de A. gossypii estão sujeitas a

(2)

epizootias, doenças fúngicas de ocorrência natural causadas por Neozygites frenesii e à ação de parasitóides braconídeos como Lysiphlebus testaceipes.

Pelo exposto, outras medidas de controle, como o controle biológico, devem ser pesquisadas a fim de gerar informações importantes para o manejo de A. gossypii.

O objetivo deste trabalho foi verificar a diversidade de parasitóides e a taxa de parasitismo em A. gossypii, na cultura do algodoeiro.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no Centro Experimental Central do Instituto Biológico, em Campinas, SP. Em 15/10/04, a semeadura do algodoeiro cultivar IAC-24 foi feita em 24 canteiros, cada um com 0,72 m de largura e 3,0 m de comprimento. Na parte central de cada canteiro (sentido do comprimento) foi semeada uma linha e a distância entre linhas foi 1,40 m. Não foram utilizados inseticidas e fungicidas e as plantas daninhas foram eliminadas através de capinas manuais, mas foram utilizados fertilizantes solúveis.

Foram realizadas amostragens em 09 e 22/11/04, 06/12/04 e 24/01/05, respectivamente, aos 24 e 38, 52 e 100 dias após a semeadura do algodoeiro. Em cada data foram coletadas 15 folhas por linha de cultivo, em 24 linhas, sendo retirada uma folha do terço inferior de cada planta. As folhas foram acondicionadas em sacos plásticos e levadas ao laboratório para a contagem dos pulgões parasitados (múmias) e dos não parasitados.

A seguir as folhas, contendo as múmias, foram colocadas em recipientes de vidro redondo, com 20 cm de comprimento e 7,5 cm de diâmetro, aberto nas duas extremidades, vedadas com telas de nylon, presas através de elásticos. Os recipientes foram transferidos para sala com ambiente controlado (T = 24,0℃, U.R. = 65 % e fotofase = 10 h). As observações foram feitas diariamente para constatação da emergência dos parasitóides, que foram retirados, contados e enviados a especialista para determinação específica.

A porcentagem de parasitismo foi calculada através da formula:

100 º º º % × + = e parasitoid n praga n e parasitoid n P RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aos 24 dias após a semeadura do algodoeiro a taxa de parasitismo não ultrapassou 0,5% (Fig.1) e o número médio de pulgões por folha, nesta fase inicial do desenvolvimento da cultura, foi 4,4. Aos 38 dias, foi observada taxa de 7,5% (Fig.1) e o número médio de pulgões, nesta fase de pré-floração do algodoeiro, foi 18,7.

Aos 52 dias após a semeadura verificou-se um incremento na taxa de parasitismo tendo esta alcançado 36,3% (Fig.1). Entretanto foi verificado, também, elevado número médio de pulgões (25,9), nesta fase de formação das estruturas, considerada bastante crítica para o rendimento, pois, a planta precisa crescer rapidamente e ter uma alta eficiência fotossintética. Considerando que a fase crítica de ocorrência do pulgão na cultura do algodoeiro compreende o período da germinação até 60 dias e, que o nível de controle é de 1 a 5% de plantas atacadas (GALLO et al. 2002), estes resultados demonstram que a ação dos parasitoides não foi suficiente para suprimir a população dos pulgões.

Aos 100 dias após a semeadura, a taxa de parasitismo foi 1,1% (Fig.1) e neste período, que corresponde ao término da formação dos botões florais, ocorreu um decréscimo no número de pulgões, tendo sido constatada a média de 1,7 afídeo por folha.

(3)

Entre as espécies encontradas parasitando A. gossypii predominou Lysiphlebus testaceipes (Cresson,1880) (Hymenoptera: Braconidae) com 1470 espécimes.

Lysiphlebus testaceipes utiliza como hospedeiros várias espécies de pulgões de importância agrícola e, apresenta potencial elevado de utilização no controle biológico (CARNEVALE et al. 2003). Este endoparasitóide solitário parasita todos os estágios dos pulgões, exceto os ovos, e não demonstra preferência por instares específicos do hospedeiro, contribuindo assim, para suprimir populações de pulgões por meio da mortalidade direta causada pelo parasitismo e pela redução na taxa reprodutiva dos hospedeiros. Está amplamente distribuído nas regiões Neártica e Neotropical do Novo Mundo, sendo uma das espécies de afidiíneo dominantes na América do Sul (RODRIGUES et al., 2004).

Ocorreram também 2 espécimes de Aphelinus gossypii Timberlake, 1924 (Hymenoptera: Aphelinidae), que foi registrado pela primeira vez, parasitando A. gossypii, em algodão no Brasil, em 1998, no Estado de Pernambuco (FERNANDES et al., 2000) e 1 espécime de Aphidius sp (Hymenoptera: Braconidae). Os hiperparasitóides Pachyneuron aphidis (Bouché, 1834) (Hymenoptera: Pteromalidae) com 93 espécimes e Syrphophagus aphidivorus (Hymenoptera: Encyrtidae) com 32 espécimes, representaram, respectivamente, 5,8% e 2,0%, do total dos parasitóides emergidos.

Sampaio et al. 2001 mencionaram que um dos principais inimigos naturais de Myzus persicae (Sulzer) e Aphis gossypii é o parasitóide Aphidius colemani Viereck (Hymenoptera: Aphidiidae), citado como o mais eficiente no controle dessas espécies de pulgões, quando comparado a A. matricariae Halyday e Lysiphlebus testaceipes. Entretanto no presente trabalho, no que se refere ao número de espécimes, L. testaceipes ocorreu em número incomparavelmente maior do que Aphelinus gossypii e Aphidius sp.

CONCLUSÃO

O parasitóide Lysiphlebus testaceipes apresentou baixa eficiência no controle biológico natural de Aphis gossypii, no algodoeiro. Estudos sobre seu emprego em controle biológico aplicado devem ser conduzidos.

CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO

O trabalho registra, pela primeira vez, parasitismo de Lysiphlebus testaceipes em A. gossypii, no algodoeiro, no estado de São Paulo. A sua utilização para o controle de A. gossypii, em sistemas orgânicos de produção, onde os padrões proíbem o uso de agrotóxicos, deve se considerada.

(4)

0,5 7,5 36,3 99,5 92,5 63,7 98,9 1,1 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 24 38 52 100

Dias Após Semeadura - DAS

pulgão parasitado pulgão não parasitado

Figura 1. Taxa de parasitismo sobre A. gossypii, em algodoeiro. Campinas, SP. Safra 2004/2005.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARNEVALE, A.B.; BUENO, V.H.P.& SAMPAIO, M.V. Parasitismo e desenvolvimento de Lysiphlebus testaceipes (Cresson) (Hymenoptera: Aphidiidae) em Aphis gossypii Glover e Myzus persicae (Sulzer) (Hemiptera: Aphididae). Neotrop. Entomol., v. 32, n.2, p. 293-297, 2003.

FERNANDES, A.M.V.; FARIAS, A.M.I.; FARIA, C.A. de & TAVARES, M.T. Ocorrência de Aphelinus gossypii Timberlake (Hymenoptera: Aphelinidae) parasitando Aphis gossypii Glover (Hemiptera: Aphididae) em algodão no Estado de Pernambuco. An. Soc. Entomol. Brasil, v. 29, n.4, p. 831- 833, 2000.

GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BAPTISTA, G.C. de; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D.; MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S. ; OMOTO. C. Entomologia Agrícola. Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz., 2002. v. 10., 20 p.

LAYTON, M.B.; LONG, J.L. ; STEINKRAUS, D. Influence of boll weevil eradication on aphid populations in Mississippi cotton. In: BELTWIDE COTTON CONFERENCE, 1999, Memphis. Proceedings... p. 845-848.

ORTIZ, A.C.S.; TRENHAGO, G. da S. ; DEGRANDE, P.E. Pragas do algodoeiro na região de Costa Rica, MS – Safra 1997/98. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 2., 1999, Ribeirão Preto. Anais... Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1999. p. 374- 376.

PAPA, G. Situação atual e perspectivas futuras do manejo de resistência de pragas do algodoeiro a inseticidas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 3., 2001, Campo Grande.. Livro de Palestras. Campina Grande, EMBRAPA-CNPA, 2001. p. 46-50.

RODRIGUES, S.M.M.; BUENO, V.H.P.; BUENO FILHO, J.S.S. Desenvolvimento e avaliação do sistema de criação aberta no controle de Aphis gossypii Glover (Hem.: Aphididae) por Lysiphlebus

(5)

testaceipes (Cresson) (Hym.: Aphidiidae) em casa-de-vegetação. Neotrop. Entomol., v. 30, n.3, p. 433-436, 2001.

RODRIGUES, S.M.M.; BUENO, V.H.P.; SAMPAIO, M.V. & SOGLIA, M.C.M. Influência da temperatura no desenvolvimento e parasitismo de Lysiphlebus testaceipes (Cresson) (Hymenoptera: Braconidae, Aphidiinae) em Aphis gossypii Glover (Hemiptera: Aphididae). Neotrop. Entomol. , v.33, n.3, p. 341-346, 2004.

SAMPAIO, M.V.; BUENO, V.H.P.& LENTEREN, J.C. van. Preferência de Aphidius colemani Viereck (Hymenoptera: Aphidiidae) por Myzus persicae (Sulzer) e Aphis gossypii Glover (Hemiptera: Aphididae). Neotrop. Entomol. , v. 30, n.4, p. 655-660, 2001.

Referências

Documentos relacionados

FIGURE 2 - Spatial distribution maps of soil penetration resistance (SPR) in the study area, as a function of the positions (under coffee canopy - UCC; Midway between coffee rows

Ruesink & Kogan (1975) proposed the probability ratio method to develop sequential sampling protocols for insects. In order for this method to work, the following

Avaliação de parâmetros relacionados as variações de peso de camundongos durante as 6 semanas de suplementação com L-glutamina e treinamento aeróbio moderado Representação do

6.2.1 - O recurso será dirigido à Comissão Especial Coordenadora deste Processo Seletivo Simplificado e protocolizado no setor de protocolo do prédio sede desta

Sin embargo en el devenir del proceso de autoevaluación la comunidad educativa de la Facultad de Ciencias Exactas fue adaptando los objetivos enunciados por la

após a guerra, sendo que depois de determinado tempo, o nível de crescimento dos gastos públicos alcança novamente o padrão de crescimento anterior à

YR = proprietário com perfil para reflorestamento com recursos próprios; YF = proprietário com perfil para reflorestamento através de fomento; YA = proprietário com perfil

Blood oranges studied were noted for their high content of citric acid, which is the major organic acid, with values ranging from 864.99 to 1622.70 mg/100 g in Tarocco Ippolito