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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº , DE LONDRINA - 10ª VARA CÍVEL. NÚMERO UNIFICADO:

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1586105-9, DE LONDRINA - 10ª VARA CÍVEL.

NÚMERO UNIFICADO: 0033271-23.2016.8.16.0000.

AGRAVANTE : LUIZ ANTÔNIO DE OLIVEIRA RAMOS

AGRAVADA : FORTGREEN COMERCIAL AGRÍCOLA LTDA. RELATOR : DES. HAMILTON MUSSI CORRÊA

Agravo de instrumento. Execução. Imóvel adquirido pelo executado através de escritura pública de compra e venda. Ausência de averbação junto ao registro do imóvel. Penhora. Possibilidade. Constrição que recai sobre os direitos decorrentes da compra e venda. Art. 835, XIII do CPC/2015. Tramitação do feito com segredo de justiça. Descabimento. Juntada de declaração de imposto de renda que não se enquadra nas hipóteses previstas no art. 189, do CPC/2015.

Recurso não provido.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 1586105-9, de Londrina - 10ª Vara Cível, em que é Agravante LUIZ ANTÔNIO DE OLIVEIRA RAMOS e Agravada FORTGREEN COMERCIAL AGRÍCOLA LTDA.

I – Trata-se de agravo de instrumento contra o seguinte despacho proferido na execução de título extrajudicial proposta pela agravada em face do agravante (fs. 34/35-TJ):

Certificado digitalmente por: HAMILTON MUSSI CORREA

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Agravo de Instrumento nº 1.586.105-9 – lb - fl. 2 “O único óbice à penhora do imóvel em questão é que ele não está registrado em nome do executado.

Todavia, é perfeitamente possível a penhora dos direitos que ele possui sobre o bem, eis que comprovada a aquisição pela escritura pública do movimento 27.4, pendente de registro.

Basta, assim, a retificação do termo de penhora a fim de que passe a constar a penhora sobre os direitos que o executado possui sobre o imóvel.

Consequentemente, torna-se inviável a averbação de penhora dos direitos que o executado possui sobre imóvel registrado em nome de terceiros, sob pena de violação do princípio da continuidade do registro. Inteligência do art. 195 da LRP.

Neste sentido, registrem-se (...)

Assim, deve a expropriação do bem prosseguir sem a averbação da penhora em seu registro.

Quanto às demais alegações do executado, não há prova de que ele não figura mais como detentor dos direitos sobre o bem e, ainda que assim o fosse, ele não possuiria legitimidade para defender direito de terceiro.

Portanto, retifique-se o termo de penhora, devendo constar como apenas os direitos que o executado possui sobre o imóvel e não se expeça certidão, porque não haverá a averbação no registro do bem. Intimem-se.”

Contra a decisão foram opostos embargos de declaração, os quais foram acolhidos em parte, nos seguintes termos (f. 36-TJ):

“Dou provimento aos embargos do movimento 56 para sanar as omissões apontadas nos seguintes termos:

a) defiro o pedido de gratuidade judicial, eis que demonstrada a impossibilidade de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios;

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Agravo de Instrumento nº 1.586.105-9 – lb - fl. 3 b) indefiro o pedido de tramitação dos autos em segredo de justiça, eis que não caracterizada nenhuma das hipóteses do art. 189 do NCPC e, não bastasse, foi o próprio executado que apresentou voluntariamente sua declaração de IR.”

É alegado:

a) nulidade da penhora realizada, pois o imóvel não foi registrado em nome do agravante ante a ausência de pagamento, tendo os vendedores movido ações contra o recorrente objetivando a cobrança do valor do bem;

b) impossibilidade de registro de penhora de bem que não está em nome do devedor, nos termos do art. 1.245 do CC e em atenção ao princípio da continuidade do registro;

c) inviabilidade da averbação da penhora conforme prevê o art. 844 do CPC/2015;

d) que o feito deve tramitar em segredo de justiça ante a juntada da declaração de imposto de renda do agravante, para preservar seu direito à intimidade, nos termos do art. 189, III, do CPC/2015.

Pede, assim, a atribuição de efeito ativo ao recurso e, no mérito, o provimento “determinando a tramitação dos

autos originários sob segredo de justiça, assim como determinar o cancelamento da penhora e respectivo termo de retificação de penhora, sob pena de ofensa ao princípio da continuidade, assim como de caracterizar ato atentatório à segurança jurídica e ao devido processo legal”.

O recurso foi recebido sem a atribuição de efeito ativo (fs. 79/80-TJ).

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Agravo de Instrumento nº 1.586.105-9 – lb - fl. 4 A agravada apresentou resposta, alegando: a) que o imóvel penhorado pertence ao agravante sem que exista qualquer pendência acerca do preço, devendo ser mantida a constrição mesmo faltando apenas o registro de transferência; b) ser descabida a tramitação do feito em segredo de justiça, pois a declaração de imposto de renda foi apresentada pelo agravante de modo voluntário (fs. 93/101-TJ).

É a breve exposição.

II - VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO:

1. A decisão agravada foi proferida já na vigência do novo Código de Processo Civil, em 24.06.2016 (f. 34-TJ), e, portanto, sob sua égide deve ser apreciada.

2. Cuida-se de execução de dois cheques ajuizada pela agravada em face do agravante, onde se pretende a cobrança da dívida de R$32.944,00 a época do ajuizamento (em abril de 2006).

Após inúmeras diligências infrutíferas na busca de bens em nome do agravante para garantir o juízo, foi deferido o pedido da exequente de penhora sobre imóvel de matrícula n. 969, da Comarca de Cambé-PR, adquirido pelo executado através de escritura pública de compra e venda de fs. 42/43-TJ, mas que ainda está pendente de transferência para o nome do devedor junto ao registro de imóvel.

O agravante apresentou impugnação, alegando que além do imóvel não estar registrado em seu nome, o que impossibilita a penhora, sequer realizou o pagamento do bem aos vendedores que movem ações contra o devedor para obter o pagamento do preço do imóvel.

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Agravo de Instrumento nº 1.586.105-9 – lb - fl. 5 A decisão agravada indeferiu o pedido, entendendo ser possível a penhora sobre os direitos decorrentes da escritura pública de compra e venda firmada pelo executado com os vendedores do imóvel de matrícula n. 969, da Comarca de Cambé-PR, o que não merece reforma.

A exequente, ora agravada, busca desde 2006 a satisfação do crédito executado, tendo, após ter realizado diligências no intuito de localizar bens do executado sem sucesso, encontrando a escritura pública de compra e venda, na qual restou consignada a aquisição de bem imóvel pelo devedor, no valor de R$214.375,00.

O art. 835, XIII do CPC/2015, equivalente ao art. 655, XI do CPC/73, prevê expressamente a possibilidade de a penhora recair sobre “outros direitos”.

Sobre o tema anotam Theotônio Negrão, José Roberto Gouvêa, Luiz Guilherme A. Bandioli e João Francisco N. da Fonseca: “o art. 655, XI, do CPC prevê a penhora de direitos, o que

autoriza a constrição do direito possessório, em especial nas situações em que o direito possui expressão econômica e integra o patrimônio do devedor” (Código de Processo Civil e legislação

processual em vigor, 46. ed., São Paulo: Saraiva, 2014, p. 862).

Assim, é possível que a penhora recaia sobre os direitos incidentes no bem objeto da escritura de compra e venda firmada pelo executado, sendo que a legislação não condiciona a constrição à averbação da escritura no registro imobiliário.

E nem seria razoável condicionar o ato de constrição à existência de averbação da escritura de compra e venda no registro imobiliário, pois significaria em premiar o devedor de ter

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Agravo de Instrumento nº 1.586.105-9 – lb - fl. 6 livre o bem que ele mesmo não levou a registro.

A propósito é o entendimento do STJ e desta Corte: “PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL NÃO VINCULADO AO OBJETO DA AÇÃO. PENHORA SOBRE OS DIREITOS ADVINDOS DO PACTO AVENÇADO. IMPENHORABILIDADE AFASTADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM POR AUSÊNCIA DE REGISTRO DO DOMÍNIO. POSSIBILIDADE DE SE CONSIDERAR COMO BEM DE FAMÍLIA OS DIREITOS ADVINDOS DO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA, DESDE QUE VERIFICADOS OS REQUISITOS PARA TANTO, DENTRE OS QUAIS NÃO SE INSERE O REGISTRO DO DOMÍNIO. RETORNO DOS AUTOS À CORTE ESTADUAL PARA QUE PROSSIGA NO EXAME DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À CONFIGURAÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. 1.

A ausência de registro de domínio não impede a realização de penhora dos direitos decorrentes do compromisso de compra e venda de imóvel (art. 655, XI, do CPC - penhora de outros direitos). Partindo dessa

premissa, não há como considerar impossível a impenhorabilidade desses direitos, por falta de registro de domínio. (...) 3. Agravo regimental provido.” (STJ, AgRg no REsp 512.011/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/03/2011, DJe 23/03/2011)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO INDENIZATÓRIA - FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - BEM IMÓVEL OBJETO DE ESCRITURA

PÚBLICA DE COMPRA E VENDA - AUSÊNCIA DE REGISTRO - PENHORA SOBRE DIREITOS - POSSIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 655, INCISO XI DO CPC/73, QUE VIGIA À ÉPOCA DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO - PRECEDENTES DOS TRIBUINAIS DE JUSTIÇA - PRETENSÃO RECURSAL

Agravo de Instrumento nº 1.498.825-5 ACOLHIDA - DECISÃO REFORMADA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.”(TJPR - 9ª C.Cível - AI - 1498825-5 - Pato Branco - Rel.: Domingos José Perfetto - Unânime - - J. 28.04.2016)

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Agravo de Instrumento nº 1.586.105-9 – lb - fl. 7 imóvel pelo executado aos vendedores não impossibilita a constrição do bem neste momento, pois caso se constate que o devedor não possui direitos sobre o imóvel objeto da escritura pública de compra e venda a penhora poderá ser levantada por não se mostrar útil para garantir a execução.

E como bem entendeu a decisão agravada, não há prova de que o executado “não figura mais como detentor dos

direitos sobre o bem e, ainda que assim o fosse, ele não possuiria legitimidade para defender direito de terceiro”.

Além disso, o fato de não poder ser realizado o registro da penhora na matrícula do imóvel, por estar em nome de terceiro, não inviabiliza a constrição que recai sobre os direitos decorrentes da escritura pública de compra e venda.

Também não prospera o pedido de que o processo tramite em segredo de justiça, pois se trata de medida excepcional que somente pode ser realizada nas hipóteses aludidas no artigo 189 do CPC/2015. Confira-se:

“Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:

I - em que o exija o interesse público ou social;

II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;

III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;

IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.

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Agravo de Instrumento nº 1.586.105-9 – lb - fl. 8 § 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.

§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.”

No caso, o fato de a declaração de imposto de renda do agravante se revestir de sigilo não induz a determinação de que o feito tramite com segredo de justiça.

Isso porque a juntada de declaração de imposto de renda não se enquadra em nenhuma das hipóteses de tramitação do processo em segredo em justiça previstas no art. 189, do CPC/2015, pois não se confunde com dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade.

Voto, assim, em negar provimento ao recurso. III - DECISÃO:

Diante do exposto, ACORDAM os integrantes da 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.

O julgamento foi presidido pelo Desembargador LUIZ CARLOS GABARDO, com voto, e dele participou, além deste Relator, o Desembargador HAYTON LEE SWAIN FILHO.

Curitiba, 08 de fevereiro de 2017.

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