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DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA DA FAUNA BENTÔNICA DE CINCO LAGOAS DO KARSTE DO PLANALTO DE LAGOA SANTA, MINAS GERAIS

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da fauna b en tônica de cinco lagoas do karste do p lanalto de Lagoa Santa, M inas G erais, pp. 77-89. In N essim ian, J. L. & A. L. C arvalho (eds). Ecologia de Insetos Aquáticos. Series O ecologia Brasiliensis, vol. V. PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil.____________________________________________________________________

DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA DA FAUNA BENTÔNICA DE CINCO LAGOAS DO KARSTE DO PLANALTO DE LAGOA SANTA, MINAS GERAIS

S A N T O S , R O C H A , L .A ., M A R Q U E S , M . M . G . S . M . & F.A .R. B A R B O S A

Resumo:

C inc o lagoas da região do karste do planalto de Lagoa Santa (MG ) lorani comparadas quanto ao número de taxa, densidade, dominância de grupos e similaridade. Dos 36 taxa encontrados, 21 foram comuns aos períodos de seca e chuva, 12 só ocorreram no período chuvoso e três no período de seca. A Lagoa dos Mares apresentou a comunidade mais estruturada, com maior número de ta x a (28), menor número de indivíduos/taxa e menor freqüência de taxa dominante. Bm seguida, a Lagoa Olhos D ’agua com 23 taxa, com 5 vezes mais indivíduos/taxa, quase 4 vezes mais ind/nr e 39% de d o m in â n c ia . L a go a Santa e C o n f i n s foram s e m e l h a n t e s entre si, mas c o m c o m u n i d a d e s m e n o s estruturadas, menor número de tax a e dominância acima de 60%. Por último, a Lagoa do Sumidouro que, apes ar de apresenta r alto núm ero de t a x a ( 1 7 ) , mostra grande d o m i n â n c i a de M e U m o i d e s tiiberciilatíi (87%), com densidades que alcançam 2483 ind/nr.

Palavras- chave: macroinvertebrados, qualidade de água. sistema lêntico. karste. Abstract:

“Diversity and abundance of benthic macroinvertebrates from five lakes of the Lagoa Santa’s karstic plateau of Minas Gerais”

Five lakes from the karstic plateau o f Lagoa Santa-MG were compared in relation to the number o f benthic macroinvertebrate taxa, density, dominance, and similarity. The total number o f taxa amounted to 36, am on g which 2 1 ta x a were co m m o n to the rainy and dry seasons; I 2 were restricted to the rainy se a so n and three on ly appeared during the dry se a s o n La g o a do s Mares presented the best structured community, with high number o f ta x a (28) , low dom ina nce , and low ratio individuals/ííLVíi, fo l l o w e d by Lagoa Olho s D ’agua with 23 taxa, five times more individuals/ taxa, almost four times more ind/irr, and a 39% dominance. Lagoa Santa and Lagoa Confi ns were similar, presenting a weak community structure with low number o f tax a and dominance higher than 60%. Finally, Lagoa do Sumidouro that, in spite o f having a high number o f taxa , sh ow ed a great dominance o f Me lan oic le s t u b e rc u l a t a (87%’), with densities reaching up to 2483 in d/ m2.

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78 Santos cl dl.

Introdução

Os ec o ssis tem as de água doce são bastante sensív eis às m odific ações antrópicas. Os principais eleitos das alterações provocadas pelo homem se refletem no ambiente aquático durante e após o escoamento superficial das águas (e conseqüente transporte de materiais dos ecossistemas terrestres). A utilização de corpos d ’água com o receptores de lixo e esgotos domésticos e industriais também levará ao aumento do grau de degradação ambiental a que este ambiente está sujeito.

Deste modo, é importante desenvolver estudos e definir critérios de qualidade de água que permitam quantificar os impactos ambientais provocados pelas ações huma­ nas de modo a poder minimizar seus efeitos negativos. Os métodos biológicos de avalia­ ção de qualidade de água são baseados no pressuposto de que os efluentes possuem efeitos mensuráveis nos parâmetros estruturais e funcionais das comunidades.

Os estudos da com unidade de macroinvertebrados aquáticos (número de or­ ganismos, distribuição, importância de grupos etc.), quando conjugados com outros parâmetros, com o análises físicas, químicas e de microorganismos (fito e zooplâncton), podem permitir a avaliação destas alterações ambientais (WILHM & DORRIS, 1968; CAIRNS, 1974 e OSBORNE et al., 1980).

E ste tr a b a l h o te v e c o m o o b j e t i v o c a r a c t e r i z a r as c o m u n i d a d e s de macroinvertebrados bentônicos de cinco lagoas do karste do planalto de Lagoa Santa em relação à ocorrência de macroinvertebrados do fundo e das margens nos períodos de seca e chuva. Complementarmente, comparou-se as comunidades das margens com aquelas associadas às raízes de macrófitas em duas das lagoas estudadas.

Á rea de estudo

O karste do Planalto de Lagoa Santa, situado em 19°38'S e 43°53'W, abrange uma área de 400 km 2, numa altitude média de 750m. A precipitação anual da região não ultrapassa 1300 mm, concentrada entre os meses de outubro a abril (KOHLER, 1978). Geologicamente, a formação do relevo kárstico é datada do pré-cambriano superior e caracteriza-se por afloramentos de filitos, argilitos e calcáreo. Durante muitos anos esta região atraiu a atenção de cientistas, principalmente das áreas de paleontologia e botâ­ nica e, apesar da riqueza de mananciais e lagoas, estudos limnológicos nestes ambientes tiveram início apenas na década de 1970 (Carvalho et al., 1977).

M aterial e métodos

As lagoas estudadas foram: Lagoa dos Mares, Lagoa Olhos D ’água, Lagoa de Confins, Lagoa Santa e Lagoa do Sumidouro. Uma estação na zona litorânea em cada uma das cinco lagoas foi amostrada com 50 conchadas (conchas metálicas de fundo perfurado, malha< 1 mm) e uma estação na região limnética com três dragagens (draga de Eckman), totalizando aproximadamente 1 m2 de área amostrada.

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O material coletado foi fixado em formol 5 % e no laboratório foi triado e identificado a nível de família ou nível laxonômico menor quando possível, utilizando-se as chaves taxonômicas de BORROR & De LONG (1969), PENNAK ( 1978) e MERRITT & CUMMINS (1984).

Os parâmetros medidos foram: número de taxa, densidade, dominância de grupos e similaridade (índice de Jaccard), de modo a permitir a comparação entre as zonas do litoral e do fundo para os períodos de seca e chuva. Com base nos resultados as lagoas foram classificadas cm termos de qualidade ambiental de acordo com a estru­ tura da comunidade. Na Lagoa dos Mares e Lagoa Olhos D ’água foram amostrados os organismos associados às raízes de Salvinia sp. para comparação com os organismos coletados nas margens através do método de conchadas.

Resultados Lagoa dos Mares

Dos 28 ta x a encontrados na Lagoa dos Mares 77,2% eram constituídos por Ceratopogonidae (21,1%), Oligochaeta (17,5%), Sphaeriidae (12,7%;), Chironomidae ( 13,2%) e Libellulidae (12,6%). (Tab.I). O total de taxa na margem foi 28 sendo que 19 taxa ocorreram no período de seca c 23 ta x a no período de chuva. Nas amostragens de fundo foram encontrados nove ta x a sendo cinco no período de seca e nove no período de chuva. Os ta x a com uns entre margem e fundo foram: Pliysa sp., M elanoldes sp., Sphaeriidae, Oligochaeta, Psychodidae, Chaoboridae, Chironomidae, Ceratopogonidae e Libellulidae.; 19 grupos de organismos ocorreram só na margem e nenhum foi exclusivo de ambiente profundo. A similaridade entre as faunas de fundo e margem foi de 94%.

Do total de taxa nos períodos de seca e chuva (28), 16 ta x a ocorreram nas duas estações, cinco ocorreram apenas no período de chuva e sete só foram coletados no período de seca. A similaridade entre os períodos de seca e chuva foi de 57%. O número médio de indivíduos por ta x a durante todo o período de coleta foi de 3,3; sendo 93,2 a densidade média/m2.

Lagoa Olhos D ’água

O núm ero total de ta x a na lagoa Olhos D ’água foi 23, sendo que 9 1,9% da c o m u n i d a d e d e í i i a c r o i n v e r t e b r a d o s e r a c o n s t i t u í d a p o r q u a t r o g r u p o s : Chironomidae (39,2%), Culicidae (21,2%), M elanoicles sp. (17,6%), Ceratopogonidae (13,9%), (Tab. II).

O total de t a x a na margem foi 22, dos quais 13 ocorreram no perío do da seca e 18 no período de chuvas. Nas coletas de fundo am ostrou-se um total de I 1 ta x a , sendo quatro no período de seca e 1 I no perío do de chuvas.

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80 Santos d al.

Dez t a x a foram com uns entre os biólipos, 12 ocorreram só na margem e um (Psyc hodidae ), só foi e n c ontrado no fundo, o que resulta numa sim ilarid ade de 43,5%.

Dos 23 t a x a coleta dos, 13 foram com uns aos perío dos dc cluiva e s e c a , , nove só foram capturados no período de chuva e apenas um (Baelidae) foi en c o n tra­ do só no perío do de seca, resultando numa similaridade sazonal de 56,5% . O número m édio de indiv íduos por t a x a durante todo o perío do de coleta foi 16,8; sendo 387 o n úm ero médio de o rg a n ism o s/m 2.

Tabela I. Macroinvertebrados amostrados na margem e fundo da Lagoa dos Mares no período de seca (julho) e chuva (janeiro e fevereiro) de 1992 a 1994 (Obs: M= margem; F= fundo).

1 9 92 1 9 9 3 1 9 9 4

J A N E I R O FEV ER EIR O JULH O FEV ER EIR O JU LHO

Taxa M F M F M F M F M E Pl iys a 4 7 5 1 5 1 2 L y m n a e a 1 3 M e l a n o i ü e s 12 1 3 4 7 2 f í i o i n p h u l u r i a 5 8 1 D r r p a n o l r e m a 6 6 7 Sphaeriidae 2 3 10 8 5 10 3 17 P o m a c e a 4 1 8 1 O l i g o c h a e ta 1 2 2 6 0 2 8 0 1 Hirudinea 6 3 Na ucoridae 3 1

Cor ixi dae 8

Gerridae 5 1 Ps y c h o d id a e 1 5 C hao boridae 1 5 C h ir o n o m id a e 1 2 2 2 0 21 2 0 3 3 1 3 C e r a t o p o g o n i d a e 1 1 83 3 1 1 1 Culicidae 5 4 1 Syr phidae 3 Pyralid ae 1 N o te r id a e 2 D y ti s c id a c 1 13 1 1 Hydrop hi lid ae 2 I G o m p h id a e 3 Libellulidae 9 5 2 10 5 2 Pro to n eu ri da e 6 Co en ag r io ni da e 2 T r ic h or yt id ae 1 Baetidae 2 T O T A L 2 6 17 3 4 8 105 198 120 7 5 2 3 17 3

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Tabela II. Macroinvertebrados amostrados na margem e no fundo da Lagoa Olhos D'água 110 período de seca (julho) e chuva (janeiro e fevereiro) de I992 a I994 (Obs: M= margem; F= fundo).

19 9 2 199 3 1 9 9 4

J A N E I R O r FV ER EIR O J UL HO FEVE REI RO JULHO

Taxa M F M F M F M F M F P h y s a 1 M e l a n o i d e s 105 4 2 6 10 8 7 2 7 B i o m p h a l a r i a 2 3 Sphaeridae 2 P o m a c e a 1 7 2 9 1 5 9 O li g o c h a e ta 8 10 3 1 0 Hirudinea 1 5 3 Naucoridae 3 3 5 2 N o t o n e c t i d a e 2 P s y c ho di d a e 5 Chaoborid ae 2 0 C hi r o n o m id a e 161 138 9 6 0 5 6 2 4 3 C e r a t o p o g o n id a e 5 0 5 3 0 2 1 Culicidae 7 7 5 4 5 St ra ti o m yi da e 2 5 4 0 D y tis c id a e 5 Hydro ph ilidae 1 1 Go m p h id a e 3 4 Libellulidae 10 3 4 1 Cordulidae 1 C oe na gr ion id ae 1 Po l y m ir ta c id a e 5 Baetidae 5 T O T A L 1 3 6 0 0 2 5 7 211 6 1 3 9 8 2 115 0 4 8 2 4 3 Lagoa Santa

Em L ag o a Santa só foram coletados dez t a x a dos quais 62,4% dos in diví­ duos eram C h iro n o m id ae, 19% O ligoc haeta e 13,3% M ela n o id es sp.

O total de t a x a coletados na margem foi nove e no fundo seis. A sim ilarida­ de entre os dois bió lo pos foi de 50%. Os t a x a com uns entre m argem e fundo foram cinco: M ela n o id es sp., P om acea sp., O ligochaeta, Hirudinea e C hironom idae. Os grupos que só o correram na m argem foram quatro: B io m p h a la ria sp., Noto nectidae, G o m p h i d a e e L i b e llu lid a e . O g r u p o que foi e n c o n t r a d o a p e n a s no fundo foi Chaoboridae. (Tab. III).

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82 Santo.-, cl al.

Dos dez t a x a am ostrados em Lagoa Santa, cinco foram com uns aos perío­ dos de seca e chuva, dois só foram coleta dos no perío do de seca: Noto nectidae e G o m p h i d a e ; e d o is só foram c o l e ta d o s no p e río d o dc ch u v a : C h a o b o r i d a e e L ibellulidae. A sim ilarid ade encontrada entre os períodos de seca c chuva foi de 55,6%.

O núm ero médio de indivíduos por ta x a durante todo o perío do de coleta foi de 22,7 e o número médio/ n r foi 227.

Lagoa de Confins

Foram identificados 11 tax a representados principalmente por M elanoides sp. (84,5%), Oligochaeta (6,1 90 , e Chironomidae (6,4%). totalizando 96% da comunidade. (Tabela IV). O número médio de indivíduos por taxa foi 2 8 , 1 e a densidade m é d ia /n r foi igual 562.

Com parando-se a comunidade da margem e do fundo da lagoa foram e nc on­ trados cinco ta x a comuns: M elanoides sp., Oligochaeta, Hirudinea, C haoboridae e C hironomidae. B iom phalaria sp. e Dytiscidae só foram am ostrados na margem e Cerato pogonid ae, Gom phidae e Protoneuridae só foram amostrados nas coletas de fundo. A similaridade resultante entre os biótopos foi de 50%.

Dos 1 1 ta x a amostrados, cinco loram comuns aos períodos de seca e chuva: M e la n o id e s sp., O lig o c h a e ta, C h a o b o ri d a e , C h i ro n o m i d a e e C e ra to p o g o n id a e . B iom phalaria sp., Hirudinea e Dytiscidae só ocorreram no período da seca e Gomphidae e Proto neuridae só ocorreram durante o período de chuvas. A similaridade entre os períodos de seca e ch uva foi 50%.

L agoa do Sum idouro

Foram a m o strad o s um total de 17 t a x a , cujas m aio res freqüências foram de M ela n o id es sp. (87,2%)), B io m p h a la ria sp. (6,5 % ) e C orixidae (2,7%). A s im ila­ rid ade entre biótopos foi apenas 35,3%. Nas m argens foram coletados 17 t a x a e no fu n d o seis, se n d o que todos os t a x a en c o n tra d o s no fundo o co rrera m tam b ém nas a m o stra g e n s de m argem . (Tab. V).

D o s 17 ta x a , tr ê s f o ra m c o m u n s ao s p e r í o d o s de c h u v a e s e c a . (M e la n o id e s sp., B io m p h a la ria sp. e O lig o c h a e ta ), 14 só o co rrera m no p e ríodo de c h u v a s e n en h u m foi e x c lu s iv o da seca (Tabela V), o que resulta em baixa sim ila rid a d e ( 17,6%). O núm ero médio de indiv íduos por taxa foi 146 e a densidade m édia/m 2 foi de 2483.

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Tabela 111. Macroinvertebrados amostrados na margem e no fundo da Lagoa Santa no período de seca (julho) e chuva (janeiro e fevereiro) de 1992 a 1994 (M = margem; F= fundo).

19 9 2 19 9 3 1 9 9 4 J A N E I R O F E V F R F IR O JU L HO F F V F R F I R O JU L HO Taxa M F M F M F M F M F M e l a n o i d e s 7 0 1 3 5 5 168 1 8 1 2 1 B i o m p h a l a r i a 5 P o m a c e a 5 10 O l i g o c h a e ta 3 6 2 0 2 0 0 7 0 5 6 5 0 Hirudinea 2 0 1 10 5 2 N o t o n e c t i d a e 1 Chao borid ae 4 5 1 C hi r o n o m id a e 150 7 5 2 2 5 146 6 5 0 17 1 G om p hi da e 5 Libellulidae 1 0 5 T O T A L 2 5 0 8 3 150 4 4 0 33 1 7 2 0 18 5 8 3 2 ? 2 T a b e la IV. M a c r o i n v e r t e b r a d o s a m o s t r a d o s na m a r g e m e no fu n d o da L a g o a de C o n f i n s no p e r í o d o d e s e c a ( j u l h o ) e c h u v a ( j a n e i r o e f e v e r e i r o ) de 1 9 9 2 a 1 9 9 4 ( M = m a r g e m ; F= f u n d o ) . 1 9 9 2 199 3 19 9 4

J A N E I R O FEVE REI RO JULH O FEV E R EI R O JU L HO

Taxa M F M F M F M F M F M e l a n o i d e s 7 0 2 14 10 2 0 8 0 2 0 4 8 5 85 5 B i o m p h a l a r i a 1 O l i g o c h a e ta 3 9 15 4 5 2 9 0 1 6 Hirudinea 10 1 3 C hao boridae 2 0 1 4 C h ir o n o m id a e 2 6 10 3 0 8 0 2 6 10 1 5 C e r a t o p o g o n id a e 1 5 2 0 T ip ul id ae 1 5 D y ti s c id a e 2 G om p hi da e 1 Pro to n eu ri da e 1 T O T A L 7 5 19 3 9 9 5 2 0 8 4 2 4 0 4 4 9 7 8 8 2 9

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84 S a m o s c l til.

Tabela V Macroinvertebrados amostrados na margem e fundo da Lagoa do Sumidouro no período de seca (julho) e chuva (janeiro e fevereiro) de 1992 a 1994 (M = margem. F= fundo).

1 9 9 2 19 9 3 1 9 9 4

J A N E I R O FEV ER EIR O JU LHO FEVER EIRO JU LHO

Ta xa M F M F M F M F M F M e l a n o i d e s 4 6 0 2 7 5 2 9 4 5 105 8 3 0 0 5 3 6 0 14 1 13 80 15 4 182 B i o m p h a l a r i a 5 2 3 8 0 1 2 1 6 2 10 2 0 5 2 15 4 O li g o c h a e t a 1 3 0 152 1 1 6 Hirudinea 10 2 15 10 C or ixi da e 6 7 0 Gerridae 3 35 2 B e l o st o m a ti d a e 3

Gelas toc ori da e 4

Chaob or id ae 4 0 5 2 0 C hi r o n o m id a e 2 0 5 10 6 7 4 1 C e r a t o p o g o n id a e 10 Culicidae 2 Hydrop hi lid ae 5 D ry o p id a e 6 Libellulidae 7 Co en ag r io ni da e 6 B aetidae 1 T O T A L 1 2 0 0 2 8 2 6 8 7 5 2 2 5 9 5 1 6 5 7 0 0 2 6 4 1 5 8 8 17 0 2 0 3

M acroinvertebrados encontrados nas raízes de Salvinia sp.

A tabela VI mostra o número de taxa presentes nas coletas da margem e aqueles encontrados nas raízes de Salvinia sp., na Lagoa dos Mares verificou-se uma maior diversidade de taxa na margem em relação aqueles encontrados na macrófita, o oposto ocorrendo na Lagoa Olhos D'água.

Tabela VI. Número de taxa co mun s e de ocorrência exclusiva na margem e em raiz de S alv ini a sp. na Lagoa Olhos D'águu e Lagoa dos Mares.

Lagoa M a rg e m Raiz C o m u n s To tal

dos Mares 1 1 9 4 2 0

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A diversidade de m acroinvertebrados bentônicos nos cinco am bientes Na comparação geral enire os períodos de seca e chuva c agrupando-se os dados das cinco lagoas observa-se que dos 36 taxa, 21 foram comuns nos períodos de seca e chuva e 12 só ocorreram no período de chuva, dos quais Corixidae e Gerridae apresentaram altas densidades. Os demais taxa apresentaram uma freqüência tão baixa que não se pode afirmar que se tratam de grupos “típicos” do período de chuvas. Situa­ ção semelhante foi verificada para os taxa Syrphidae, Noteridae e Trichorythidae os quais só ocorreram no período de seca, apesar das baixas densidades não permitirem concluir que sejam de ocorrência exclusiva neste período.

As coletas de margem foram as mais ricas, evidenciando a existência de 1 8 taxa exclusivos deste biótopo e 15 comuns à margem e fundo. Somente três grupos (Tipulidae, Gomphidae e Protoneuridae) são exclusivos de fundo.

A L ag o a dos M ares m ostrou a m aior es tru tu raçã o da co m u n id a d e de macroinvertebrados, possuindo o maior número de taxa (28), menor número de indivídu­ os/taxa e menor freqüência do grupo dominante. (Tabela VII). Segue-se a Lagoa Olhos D ’água com um total de 23 taxa, e com cinco vezes mais indivíduos/taxa do que a Lagoa dos Mares e quase quatro vezes mais organismos por m 2 e 39% de organismos dom in an­ tes. Por sua vez a Lagoa Santa e a Lagoa de Confins mostraram-se semelhantes entre si demonstrando contudo uma menor estruturação da comunidade em relação à Lagoa dos Mares e Lagoa Olhos D ’dgua a julgar pela redução significativa do número de taxa e dominância de um grupo acima de 60%. A Lagoa Sumidouro mostra a menor estruturação entre os ambientes estudados, apesar de apresentar maior número de taxa (17) que a Lagoa Santa (10) e Lagoa de Confins (11) mostra uma densidade de 2483 organismos/m2 e uma dominância de M elanoides sp. em torno de 87%. (Tabela VII).

Tabela VII Sínt ese geral da co munidade de macroinvertebrados das cinc o lagoas durante os anos de 1992 a 1994.

Pa r â m e tr os dos Mares Olhos Dágua Santa C o n fi n s Sumidouro

Total de ta x a 2 8 2 3 10 1 1 1 7

i n d . / t a x a 3 .3 1 6 2 2 2 8 146

in d ./ m 2 9 3 3 87 2 2 7 5 6 2 2 4 8 3

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86 S i i i H o s . d a l .

Discussão

Com o ressaltado por CU M M IN S (1974), têm sido propostas várias análises para descrever as alterações da estrutura da comunidade devido a fatores de estresse. Dentre estas podemos citar o índice de diversidade e a importância relativa de cada espécie. Nos trabalhos de PIELOU ( 1977) e WASHINGTON (1984) são feitas críticas dos diversos tipos de análises e sua validade e interpretação ecológica.

Neste trabalho foram utilizados outros parâmetros para análise da com unid a­ de de macroinvertebrados, como número de taxa, número de indivíduos/grupo e número de organism os/m 2. Estes parâmetros e o princípio do seu funcionamento têm por base as alterações de ambientes em que ocorre excesso de poluição por matéria orgânica e é desencadeado o processo de sucessão. Assim, a classificação de estresse das lagoas na ordem crescente Lagoa dos Mares, Olhos D ’água, Lagoa Santa, Lagoa de Confins e Lagoa do Sumid ouro parece coerente quando com parada com as observações sobre os usos predominantes destes ambientes e impactos em suas bacias de drenagem. A diversidade de macrófitas na Lagoa dos Mares e Lagoa Olhos D ’água parece exercer importante papel no funcio nam ento destes sistemas com o um todo. Em muitos lagos, a com unidade de macrófitas ao encontrar condições favoráveis torna o am biente mais produtivo, com maior número de nichos e grande núm ero de espécies (PE N FO U N D , 1956, MARGALEF, 1983). O fato das margens terem apresentado maior número de taxa de m acroinvertebrados em relação ao fundo corrobora esta hipótese. P o r outro lado, na L agoa Santa, a com unidade de macrófitas está praticam ente extinta e na Lagoa de C onfins esta c o m u n id ad e está reduzid a a algum as N infeáceas. Na L agoa do S u m i­ d ouro as m argens possuem E le o ch a ris sp. e C om m elina sp. e nenhum a m acrófita flutuante.

S e g u n d o R O O K E ( 1 9 8 4 ) , v á r i o s s ã o os m o t i v o s p e l o s q u a i s os m a cro in v e rte b ra d o s se as so cia m às m a cró fitas, d e s ta c an d o -se d entre eles a o b ­ te n çã o de alim e n to , a brigo e o b te n çã o de o x igê nio. C o m o os m a c ro in v e rte b ra d o s são um elo im p o rta n te entre as m acró fitas e os o rg an is m o situados na parte mais el e v a d a d a p irâm id e alim entar, a m a n u te n ç ã o da es tru tu ra de c o m u n id a d e é fu n d a ­ m ental p ara o f u n c io n a m e n t o e q u ilib rad o dos am b ien tes aquátic os.

Estudos realizados por Freitas (1977) na L agoa Santa, registraram 32 taxa de m a c r o in v e r te b ra d o s , n ú m e ro três vezes m aior do que o total c o le ta d o neste t r a b a lh o . E n tre e s s e s ta x a e s ta v a m p r e s e n te s r e p r e s e n t a n t e s de P l e c o p t e r a e T ri c h o p te ra , in d ic a d o res de ág u a de boa q u alid ad e. N esta época, a lagoa a p r e s e n ­ tava um c in tu rã o de E le o c h a ris sp. e P o lig o m iu m sp. na m argem e um tapete de C h a ra c e a e em boa parte da regiã o lim nética. D en sid a d e s c o n s id eráv e is de C hara sp. e N ite lla sp. eram e n c o n tra d a s até m eados da d éc ad a de 80 (C O U T I N H O & BAR BOSA, 1986).

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Como resultado do acelerado processo de urbanização foram observadas pro­ fundas modificações na Lagoa Santa tais como alterações no talude com conseqüente retirada de macrófitas da região litorânea, além da criação de uma praia artificial (BARBO­ SA, 1985). Profundas modificações na estrutura da comunidade fizeram-se notar, como demonstrado por exemplo para a com unidade fitoplanctonica, a qual sofreu drástica redução na diversidade de espécies (Barbosa et al., 1993).

Na Lagoa Olhos D ’água, em estudo de macroinvertebrados em raiz de Salvinia sp. em 1991, PELLI (1994) relata a ocorrência de 47 famílias de insetos, enquanto no presente estudo foram encontrados apenas 12 taxa (no ano de 1993)o que resulta numa redução de 75% em apenas dois anos.

Dos ambientes estudados a Lagoa dos Mares foi considerada a de melhor qualidade ambiental, seguida pela Lagoa Olhos D ’água, Lagoa Santa, Lagoa de Confins e por último a Lagoa do Sumidouro. O entorno da Lagoa dos Mares e Lagoa Olhos D ’agua é de ocupação recente, apresentando margens com vegetação mais preservada e mostrando maior abundância de macrófitas.

A maior riqueza de taxa concentrou-se nas regiões litorâneas e associada à presença de macrófitas, com exceção da Lagoa de Confins, onde o fundo foi mais rico em número de taxa que as margens. As diferenças entre os hábitats amostrados realçam a importância da manutenção da variedade de microhábitals para a conservação da diver­ sidade de espécies.

A preservação da biodiversidade destes ambientes está vinculada à conser­ vação da integridade não só dos corpos d ’água, mas também das suas bacias como um todo. Um melhor planejamento da ocupação e uso do entorno das lagoas, assim como o monitoramento constante da qualidade dos hábitats são mecanismos que levarão a manter e recuperar o s t a tu s das comunidades bióticas locais.

A gradecim entos

Os autores agradecem o suporte financeiro concedido pela FAPEMIG e PRPq/UFMG.

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