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Academic year: 2021

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TÍTULO: TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA DE CULTIVOS MARINHOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: CAPACITAÇÃO E INSERÇÃO SOCIAL DE COMUNIDADES LITORÂNEAS NA ILHA GRANDE.

AUTORES: Marcos Bastos1; Fernando Moschen2; Roberto dos Santos Silva3

1. Departamento de Oceanografia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ mbastos@uerj.br

2. Secretaria de Agricultura e Pesca - Prefeitura Municipal de Angra dos Reis - PMAR fmoschen@hotmail.com

3. Estação Ecológica de Tamoios - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA

ÁREA TEMÁTICA: Meio Ambiente

O presente trabalho consiste em uma parceria estabelecida entre o Departamento de Oceanografia da UERJ com a Secretaria de Agricultura e Pesca da PMAR e a Estação Ecológica de Tamoios do IBAMA e tem como objetivo a capacitação das comunidades litorâneas e pesqueiras da Ilha Grande e adjacências a partir da transferência de tecnologias adequadas às vocações locais e em sintonia com os pressupostos que caracterizam o desenvolvimento sustentável.

Ao longo da história as regiões costeiras vêm sendo habitadas de forma preferencial e até o ano de 2005 estima-se que 50 % da população mundial estará concentrada em uma faixa costeira inferior a 70 quilômetros de largura (CNIO, 1998). Associada a ocupação desta faixa há a uma crescente demanda por infra-estrutura e facilidades que invariavelmente levam ao comprometimento e deterioração da qualidade ambiental e, geram conflitos devido aos múltiplos usos dos espaços destas regiões.

A maricultura que é um ramo da aquacultura dedicada ao cultivo de organismos marinhos se encontra amplamente disseminada em várias regiões do mundo, e vem sendo considerada uma alternativa à produção de alimentos e geradora de postos de trabalho e renda, tendo papel relevante nos esforços dirigidos para mitigar problemas de cunho social, econômico e ambiental (Hernandez, 1990; Vieira, 1995; Brandini et al, 2000; FAO, 2000).

A subordinação histórica das comunidades pesqueiras à manipulação dos preços de venda do pescado e, ainda, a sua impotência frente à especulação imobiliária e ao crescimento desordenado do turismo vem subjugando estas sociedades aos interesses do capital (Silva, 1989).

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Tem sido crescente a quantidade de programas nacionais e internacionais destinados a transferência e capacitação tecnológica dos cultivos marinhos para as comunidades litorâneas e pesqueiras. Tais ações têm promovido a reinserção dos excluídos através da criação de uma atividade rentável e independente, dentro do contexto dos países em desenvolvimento (Arana, 1999).

Metodologia

A Ilha Grande está localizada na região sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro, entre as coordenadas 23o 04' 20" e 23o 13' 30" S e 44o 05' 30" e 44o 22' 50" W. A Ilha Grande é a maior das 365 ilhas que compreendem esta baía e adjacências e pertence ao Município de Angra dos Reis. Apresenta ao longo de seu litoral numerosos cabos e enseadas e 105 praias distribuídos em seus 155 quilômetros de contorno. A população da Ilha é flutuante e tal fato deve-se ao perfil turístico da região. Segundo o censo da Prefeitura de Angra dos Reis, de 1997, a população da Ilha Grande ultrapassa a 5000 habitantes, sendo que no verão tal número ultrapassa a 20 000 habitantes.

A implantação da maricultura na região iniciou-se através do Projeto Desenvolvimento Sustentado da lha Grande em 1996 com recursos provenientes do Ministério do Meio Ambiente através de Programa Nacional de Nacional de Meio Ambiente dentro do componente Projeto de Execução Descentralizada (MMA / PNMA / PED), financiado pelo do Banco Mundial. Após o PED deu-se continuidade implantação de novos cultivos a partir da adoção de um modelo participativo que possibilitou a comunidade uma real participação na construção deste e que consistiu, primeiramente, em uma aproximação quantitativa da realidade, trazendo à luz dados concretos, indicadores e tendências observadas. As reuniões iniciais possibilitaram conhecer a relação dos ilhéus com o meio ambiente e a importância histórica e social desta relação. Paralelamente levantamentos de dados oceanográficos, foram conduzidos visando se determinar os locais mais adequados a implantação dos módulos de produção. Após o levantamento e diagnóstico sócio ambiental foi submetida às comunidades uma proposta que contemplava, inicialmente, aos beneficiários identificados dentro de seus próprios núcleos. Posteriormente foram iniciadas as etapas referentes a transferência de tecnologia que abarcavam o treinamento teórico e prático de confecção e instalação das estruturas de cultivo. Após 10 meses os mexilhões cultivados eram retirados das cordas de cultivo e classificados para a comercialização. Ao longo dos dois últimos anos vem-se diversificando a tecnologia de produção a partir de novas técnicas de cultivo e de novos produtos como a vieira, Nodipecten nodosus e a ostra

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Resultados e Discussão

Atualmente a região da Ilha Grande é considera como o pólo da maricultura no Estado do Rio de Janeiro e conta com 28 beneficiários diretos que têm obtido individualmente produções de até 7 toneladas anuais de mariscos, beneficiando indiretamente mais de 300 indivíduos entre familiares, fornecedores e compradores (restaurantes, hotéis e pousadas) locais. A evolução da produção é basicamente sustentada pelos mexilhões e mais recentemente incrementada pela adoção de novos produtos. Apesar do crescente aumento de programas nacionais destinados a transferência e capacitação tecnológica dos cultivos marinhos para as comunidades litorâneas e pesqueiras (Arana, 1999), não é raro o acontecimento de problemas na transferência de informação na maricultura, pois erroneamente em muitos casos tais pacotes são considerados de fácil absorção e podem ocasionar resultados incipientes ou até mesmo serem condenados ao fracasso pois desconsideram a necessidade de um íntimo conhecimento situacional (Lutz, 1980; Newrick, 1993; Wisner, 1994). Portanto é pertinente e desejável o questionamento sobre os desdobramentos e implicações referentes a

transferencia tecnológica, por envolver mudança de hábitos entre ações historicamente baseadas em

técnicas extrativistas a partir de conhecimentos intuitivos e ou herdados para uma nova modalidade que implica e exige novos conhecimentos. Ainda, segundo Brüscke (1995) o repasse tecnológico à comunidade pode ter funções conflitantes como submeter os menos aptos à submissão aos mais aptos. No presente trabalho tais aspectos não foram observados pois a vocação marítima somada ao conhecimento empírico das comunidades proporcionou uma troca de experiência entre as equipes de trabalho e os beneficiários, e houve um movimento que surgiu e partiu da própria comunidade pelo interesse da transferência de tecnologia e de conhecimentos sobre maricultura. Uma evidência notada a partir da aproximação com as comunidades foi a motivação destas pela possibilidade de utilizarem o ambiente marinho como fonte obtenção de recursos alimentícios e econômicos além da tradicional atividade extrativista. Outro aspecto importante identificado, foi a formação de uma consciência sobre a preservação ambiental, já intuitivamente praticada, a qual vem substituindo a mentalidade extrativa baseada na explotação dos recursos pesqueiros pelo uso destes de forma auto-sustentada.

A noção de desenvolvimento sustentável emergiu, a partir de diversas críticas ao modelo extrativo de desenvolvimento vigente no início dos anos 70. Este paradigma socialmente desagregador, espoliador de mão de obra e dependente de matéria prima de países do terceiro mundo (Wolfe, 1973; Pinto, 1976; Sunkel, 1980; Meadows, 1982; Diegues, 1989; 1996), possibilitou o surgimento do

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conceito de desenvolvimento sustentável que introduziu uma nova dimensão ética implicando na transformação das relações políticas, econômicas e sociais (Redclift, 1987; Brundtland, 1991). A maricultura desenvolvida na região não se incompatibiliza com outras atividades, e como em outras regiões pode ser conduzida em comunhão com processos de produção alternativos combinados Diegues (1986). A maricultura implantada na Ilha Grande vem permitindo às comunidades locais, se beneficiarem desta atividade zootécnica de forma auto-sustentada em sintonia com o ecossistema costeiro. A viabilidade econômica da atividade vem proporcionando o ingresso de novos maricultores, beneficiando as gerações presentes e criando perspectivas para as gerações futuras. Estas sociedades passaram a ter um papel definitivo na determinação, planificação e execução de suas prioridades mitigando, assim, os conflitos e compatibilizando as alternativas econômicas.

A transferência tecnológica na maricultura pode e deve propiciar a inserção social contudo a sua exigência quanto a assimilação de novos conhecimentos deve considerar a identidade cultural e o contexto sob a qual insere-se e tem na pratica extensionista a via que permite simplificar a mudança para uma nova modalidade de produção.

Referencias Bibliográficas

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