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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ PROGRAMA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR Rua Álvaro Mendes, Centro - CEP nº Teresina PI

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ PROGRAMA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR Rua Álvaro Mendes, 2294 - Centro - CEP nº 64000-060 – Teresina – PI PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 513/2012

RECLAMANTE: ADRIANO SANTOS DA COSTA

RECLAMADO: LG ELETRONICS DA AMAZONIA LTDA E NOVA PONTOCOM COMERCIO ELETRONICO S.A/ EXTRA.COM.BR

PARECER I – RELATÓRIO

Cuida-se de processo administrativo instaurado, nos termos da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), bem como do art. 33 e seguintes do Decreto Federal nº 2.181/97, pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor, órgão integrante do Ministério Público do Estado do Piauí, visando apurar indício de perpetração infrativa às relações de consumo por parte dos fornecedores LG ELETRONICS DA AMAZONIA LTDA E NOVA PONTOCOM COMERCIO ELETRONICO S.A/ EXTRA.COM.BR.

O Consumidor, no dia 19/04/2012, principiou reclamação, através da ficha de atendi-mento anexa (fls. 03). Na ocasião, informou que adquiriu um aparelho celular LG P350, ESN n° 357346045210917, no dia 10/01/2012, pelo valor de R$314,10 (trezentos e catorze reais e dez cen-tavos), junto ao site da Loja EXTRA.COM, nota fiscal de n° 000.006.857.

Ocorre que o produto adquirido apresentou vício, ocasião em que o Demandante en-tregou o bem à Autorizada Cell Logico, na data de 07/02/2012, OS n° 3447, às fls. 06. No entanto, até a data do início da Reclamação, em 19/04/2012, o fornecedor, ainda, não havia devolvido o apa-relho reparado.

Diante disso, a Reclamante se dirigiu a este PROCON/MP/PI para solicitar a restitui-ção do valor pago pelo equipamento, devidamente corrigido.

Destarte, o PROCON/MP-PI notificou os fornecedores LG e EXTRA.COM.BR, para no prazo de 05 (cinco) dias, atender ao pleito do autor; bem como para, no prazo de 10 (dez) dias, comunicar a providência adotada para a solução da contenda.

A empresa EXTRA.COM.BR não apresentou qualquer manifestação por escrito em sede do procedimento de Notificação Recomendatória. Todavia, não foi juntada aos autos a compro-vação de que o fornecedor fora notificado para se manifestar.

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Já o Fabricante LG protocolou defesa escrita, na data de 10/05/2012. Neste ato, pro-pôs a restituição do valor pago em nota fiscal. Anexou aos autos a “declaração de devolução de va-lor” a ser preenchida pelo reclamante e enviada à empresa, conforme orientações em defesa. Ademais, informou que o prazo para o depósito do valor seria de 20 (vinte) dias úteis, a contar do rece -bimento pela empresa dos documentos informados em defesa.

Na data de 05/11/2012, o fornecedor LG apresentou, novamente, manifestação por escrito. Nesta, esclareceu que o autor não encaminhou os documentos com as informações necessá-rias para o integral cumprimento da proposta. Diante da inércia do demandante, solicitou arquiva-mento da reclamação como atendida.

Empós, a Conciliadora considerou a arguição do demandante em face dos reclama-dos LG e EXTRA.COM.BR como FUNDAMENTADA NÃO ATENDIDA. Contra os mesmos foi instaurado o Processo Administrativo nº 513/2012 (fls. 14-15).

No dia 10/12/2012, o reclamado LG, apresentou defesa administrativa, intempestiva-mente, conforme certidão às fls. 20. Em contrapartida, sustentou que celebrou acordo com o reque-rente, em audiência realizada no Juizado Especial, na data de27/08/2012. Na ocasião, acrescentou, ainda, que foi depositado o valor pago pelo produto, em conta de titularidade do Reclamante, na data de 21/09/2012. Nessa feita, solicitou o arquivamento do Processo, com a extinção de eventual multa.

A empresa NOVA PONTOCOM apresentou defesa administrativa, a destempo, na data de 12/12/2012, conforme certidão às fls. 39. Neste ato, argumentou que assim que teve conhe-cimento da reclamação apresentada pelo consumidor, adotou as medidas necessárias para atender o pleito do mesmo. Ressaltou que o autor informou que adquiriu uma aparelho celular junto à empre-sa, no dia 07/10/2012, pelo valor de R$351,00 (trezentos e cinquenta e um reais). Todavia, o produ-to apresenprodu-tou vício e encaminhado à Auprodu-torizada na data de 07/02/2012, não havendo o reparo no prazo legal. Ademais, assentou que, em contato com o cliente, no dia 28/11/2012, o mesmo afirmou que já havia recebido o bem da Assistência.

Após, vieram os autos conclusos.

II – DA POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Antes de se adentrar nos fatos propriamente ditos, alguns pontos preliminares devem ser explanados. Pois então, passamos à sua análise.

A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, in-ciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas disposições transitórias, sendo um sistema

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autôno-mo dentro do quadro Constitucional, que incide em toda relação que puder ser caracterizada coautôno-mo de consumo.

O Código de Defesa do Consumidor, como lei principiológica, pressupõe a vulnera-bilidade do consumidor, partindo da premissa de que ele, por ser a parte econômica, jurídica e tecni-camente mais fraca nas relações de consumo, encontra-se normalmente em posição de inferioridade perante o fornecedor, conforme se depreende da leitura de seu art. 4º, inciso I, in verbis:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo. (grifos acrescidos)

Neste diapasão, sedimenta o Professor RIZZATTO NUNES1:

O inciso I do art.4º reconhece: o consumidor é vulnerável.

Tal reconhecimento é uma primeira medida de realização da isonomia garan-tida na Constituição Federal. Significa que o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo. Essa fraqueza, essa fragilidade, é real, con-creta, e decorre de dois aspectos: um de ordem técnica e outro de cunho eco-nômico.

Assim, outro não é o entendimento da Jurisprudência pátria:

Vale ressaltar que a hipossuficiência não se confunde com o conceito de vulnerabilidade do consumidor, princípio esse previsto no art. 4º, I do Código Consumerista, que reconhece ser o consumidor a parte mais fraca da relação de consumo. Tal princípio tem como consequência jurídica a intervenção do Estado na relação de consumo para que seja mantido o equilíbrio entre as partes, de modo que o poder de uma não sufoque os direitos da outra. A vulnerabilidade é uma condição inerente ao consumidor, ou seja, todo consumidor é considerado vulnerável, a parte frágil da relação de consumo.” (TJDFT – AGI nº 20080020135496 - 4º Turma Cível – Rel. Des. Arlindo Mares – DJ. 13/05/09) (grifos inseridos)

A proteção ao consumidor decorre da constatação de ser o consumidor o elemento mais fraco da relação de consumo, por não dispor do controle sobre a produção dos produtos, sendo submetido ao poder dos detentores destes, surgindo, assim, a necessidade da criação de uma política jurídica que busque o equilíbrio entre os sujeitos envolvidos na relação consumerista.

A boa-fé objetiva, a qual é tida como outro princípio máximo do CDC, trata-se do princípio geral do direto contratual, do qual se retira a necessidade de agir corretamente, com lisura e de acordo com as regras da moral. Neste diapasão, impõe o CDC aos contratantes a obediência aos deveres anexos ao contrato – como é o dever de cooperação que pressupõe ações recíprocas de

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lealdade.

A equidade impõe equilíbrio às relações consumeristas, mantendo-se os direitos e deveres das partes contratantes em harmonia, com a finalidade de encontrar a justiça contratual.

O princípio da transparência, por sua vez, é corolário ao princípio da informação e educação e significa que tanto os fornecedores como os consumidores deverão ser educados e informados acerca dos seus direitos e deveres com vista à melhoria do mercado de consumo.

A Professora CLÁUDIA LIMA MARQUES2, por sua vez, ensina que esta vulnerabilidade se perfaz

em três tipos: técnica, jurídica e econômica:

Na vulnerabilidade técnica o comprador não possui conhecimentos específi-cos sobre o objeto que está adquirindo e, portanto, é mais facilmente engana-do quanto às características engana-do bem ou quanto à sua utilidade, o mesmo ocorrendo em matéria de serviços.

Noutro aspecto, vale discorrer sobra a boa-fé nas relações de consumo. Esta, por sua vez, é considerada como a boa conduta humana que se espera de todos nas relações sociais (art. 4º, inciso III, do CDC).

Na linha do Código de Defesa do Consumidor, o artigo 422 do Código Civil estabelece que “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé”. A boa fé diz respeito ao exame objetivo e geral da conduta do sujeito em todas as fases contratuais (pré-contratual, contratual e pós-contratual), servindo, a partir de suas funções, como parâmetro de interpretação dos contratos, identificação de abuso de direitos e criação de deveres anexos.3

É natural, nos ordenamentos jurídicos modernos, que têm a dignidade da pessoa humana como fundamento, a imposição dessa boa-fé nas relações contratuais e, sobretudo, nas relações de consumo, enquanto concretizadora de direitos fundamentais4.

Nesse viés, ensina o Superior Tribunal de Justiça:

O princípio da boa-fé se aplica às relações contratuais regidas pelo CDC, impondo, por conseguinte, a obediência aos deveres anexos ao contrato, que são decorrência lógica deste princípio. O dever anexo de cooperação pressupõe ações recíprocas de lealdade dentro da relação contratual. A violação a qualquer dos deveres anexos implica em inadimplemento contratual de quem lhe tenha dado causa. (STJ – Resp 595631/SC – Rel. Min. Nancy Andrighi – DJ 02.08.2004) (grifos inclusos)

III – DA INFRAÇÃO AO ARTIGO 18, §1°, II DO CDC

2CLÁUDIA LIMA MARQUES, Contratos no Código de Defesa do Consumidor, Revista dos Tribunais, 3. Ed, p.

148/149.

3 BESSA, Leonardo Roscoe; MARQUES, Cláudia Lima; BENJAMIN, Antônio Herman V. Manual de Direito do

Consumidor. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 324.

4 KHOURI, Paulo R. Roque A. Direito do Consumidor - Contratos, Responsabilidade Civil e Defesa do Consumidor

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Para o deslinde do processo, deve-se analisar a pretensão deduzida à luz do art. 18, da Lei nº 8.078/90, que trata sobre a responsabilidade pelo vício de produto.

O tema diz respeito justamente aos produtos que não atendem à sua finalidade específica.

O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 18 vaticina:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. (grifos insertos)

LEONARDO ROSCOE BESSA5 preceitua que, de acordo com a leitura do artigo

supratranscrito, existem três espécies de vícios, quais sejam: 1) vício que torne o produto impróprio para o consumo; 2) vício que lhe diminua o valor; 3) vício decorrente da disparidade das características dos produtos com aquelas veiculadas na oferta e publicidade.

O Preclaro doutrinador elucida que, existindo vício, possui o consumidor direito a, alternativamente e à sua livre escolha: a) substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; b) restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; c) abatimento proporcional do preço.

Preleciona que, antes da escolha de uma das três alternativas que se abrem em favor do consumidor na hipótese de vício de produto, o fornecedor possui prazo de 30 (trinta) dias para saná-lo, conforme se depreende da leitura do §1º, do artigo 18, da Legislação Consumerista Pátria:

Art. 18 - (…) § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço. (grifos implementados)

Ora, após extrapolado o prazo legal, o consumidor não é mais obrigado a aceitar o reparo do produto. Ademais, quando realizada a escolha pelo cliente entre a substituição do produto, a restituição do valor pago ou abatimento proporcional do preço, faz este jus ao cumprimento imediato de uma daquelas alternativas, nos exatos termos do dispositivo legal transcrito alhures, sendo, assim, considerado desarrazoado, desproporcional e ilegal a exigência de novos prazos para o cumprimento da lei.

5 BENJAMIN, Antônio Herman V.; MARQUES, Cláudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do

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Da exegese do dispositivo legal, outro entendimento não se pode chegar, senão a de que a restituição do valor pago, monetariamente corrigido, pelo produto viciado deve ser imediata, aplicando-se este entendimento à hipótese de escolha da troca do bem.

Sendo este o direcionamento da Jurisprudência Pátria:

CIVIL E PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COMPRA DE VEÍCULO NOVO COM DEFEITO. LEGITIMIDADE PASSIVA DA CONCESSIONÁRIA. REVELIA. AFASTAMENTO. RESCISÃO CONTRATUAL. DEVOLUÇÃO DO VALOR PAGO. RETORNO AO STATUS QUO ANTE. PERDAS E DANOS. RESTITUIÇÃO PROPORCIONAL. DANOS MORAIS. IMPROCEDÊNCIA. Nos termos do artigo 18, §1º, do CDC, ultrapassado o prazo de 30 (trinta) dias para solução do vício do produto, é facultado ao consumidor a restituição imediata da quantia paga pelo bem, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. Vale dizer, apresentando o veículo novo defeito não sanado em 30 (trinta) dias, faz jus o adquirente à rescisão contratual com o respectivo recebimento integral do valor pago por aquele bem. ( TJ/DF. Apelação Cível nº 67661-12.2009.807.0001 – Rel. Des. Cruz Macedo. 4º Turma Cível – Publ. 05/04/11, Pág. 130) (grifos adicionados)

Nesse diapasão, é importante sublinhar que a verdadeira intenção do Código de Defesa do Consumidor foi a de que os fornecedores, ocorrendo quaisquer das hipóteses que facultam ao consumidor as escolhas do artigo 18, imediatamente, já realizassem a troca do bem ou a restituição do valor pago, sem a necessidade de se recorrer aos Órgãos de Proteção e Defesa do Consumidor ou ao Poder Judiciário.

Outrossim, referindo-se especificamente ao fato ensejador do presente processo ad-ministrativo, cumpre assentar o entendimento deste PROCON de que a solicitação do prazo de 20 (vinte) dias úteis, que corresponde a aproximadamente 30 (trinta) dias corridos, para atendimento do pedido de quaisquer das alternativas constantes no multicitado artigo 18 do CDC é considerada abusiva e ilegal.

Infelizmente, as empresas tentam, a todo preço, esquivar-se de suas responsabilidades, sendo obrigação do PROCON equilibrar esta balança, na qual coexistem os interesses dos fornecedores e dos consumidores.

Consignadas as explanações aqui exposta, que tratam sobre os direitos previstos na Lei nº 8.078/90, e examinados os autos do processo, tem-se que o âmago da questão controvertida se encontra na procrastinação do atendimento do pleito do consumidor, após escoado o prazo legal de 30 (trinta) dias, bem como no desatendimento da determinação do PROCON/PI constante na no-tificação recomendatória.

No caso vertente, constatou-se que o consumidor entregou o aparelho à Autori-zada para reparo, na data de 07/02/2012, às fls. 06, sendo que até a data em que o requerente iniciou a reclamação neste PROCON/MP/PI, no dia 19/05/2012, o bem ainda não havia sido

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devolvido. Logo, houve flagrante descumprimento do prazo estabelecido pelo artigo 18, §1° do CDC, para o conserto do produto.

Após a análise dos autos, constatou-se que a empresa EXTRA.COM.BR não se ma-nifestou sobre o pedido do autor, atinente a Notificação Recomendatória. Nesta mesma esteira, veri-ficou-se, ainda, que o demandante não juntou ao processo o comprovante de recebimento de tal no-tificação pelo fornecedor. Diante disso, não se pôde comprovar que a empresa vendedora ficou cien-te da solicitação do requerencien-te e sequer da existência do vício do produto.

Impende destacar que o Lojista se manifestou, apenas, após a instauração deste Pro-cesso Administrativo, havendo, nessa ocasião, o comprovante de recebimento da Notificação, às fls. 18-19. Neste ato, a empresa manifestou-se intempestivamente e apresentou esclarecimentos contra-ditórios, confusos e inverídicos, que não enfrentou o mérito da questão veja-se:

O Cliente informou ter realizado a compra de um item “CELULAR DES-BLOQUEADO P350 PRATA – LG”, no dia 07/10/2012, pelo valor de R$351,00 ( Trezentos e cinquenta e um reais), no site Extra.com.

Contudo, ocorre que o produto apresentou defeito, e cliente se dirigir a assistência técnica no dia 07/02/2012, e ate o dia 19/04/2012 o problema não havia sido solucionado. (grifos isertos)

Inicialmente, consta esclarecer, conforme nota fiscal, às fls. 05, que o valor do produ-to informado pela empresa não corresponde ao seu real montante. Ademais, segundo a informação do fornecedor, o produto foi adquirido em outubro/2012 e foi encaminhado à Autorizada em feve-reiro/2012, logo, em data anterior a aquisição; configurando mais uma imprecisão nos esclareci-mentos prestados.

Apesar de todas estas discordâncias de informações, identificadas na defesa apresentada pela empresa, talvez, por desatenção do representante que redigiu o documento; há de se ressaltar, conforme dito alhures, que não restou comprovado neste Processo que o re-querido teve a oportunidade de solucionar a demanda do cliente, posto que não foi possível a comprovação de que o mesmo estava ciente do vício do produto, para, assim, providenciar a resolução do pleito.

Logo, diante disso, não há a possibilidade de responsabilização ao fornecedor NOVA PONTOCOM pela infração ao artigo 18, §1°, II do CDC.

Quanto ao fabricante LG comprovou-se que o mesmo recebeu a notificação, atinente a Recomendatória, tendo em vista que se manifestou sobre o pleito, na data de 10/05/2012, às fls. 08.

Assim, resta cristalina a desídia do referido fornecedor que, embora comprovadamente sabedor da manifestação de seu cliente, manteve-se inerte, sem diligenciar em cumprir suas obrigações, decorrente de norma legal de ordem pública, no caso, do Código de

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Defesa do Consumidor.

De mais a mais, verifica-se que a empresa LG descumpriu a determinação do PROCON/MP/PI para no prazo de 05 (cinco) dias, atender ao pleito do autor.

Digno de nota que o prazo concedido aos fornecedores em sede de Notificação Recomendatória é para atendimento ao pleito no prazo de 05 (cinco) dias, devendo a empresa apresentar defesa no prazo de 10 (dez) dias para comunicar o procedimento adotado, ou seja, comprovar a substituição do produto por um novo ou a restituição do valor pago, conforme opção do cliente.

O Fabricante LG apresentou proposta de acordo. Ademais, a proposta forneci-da pela empresa era contrária às normas estampaforneci-das na legislação consumerista pátria, eis que o fornecedor solicitou o prazo de 20 (vinte) dias úteis, a contar do recebimento da docu-mentação apensa, devidamente preenchida, para proceder com a restituição do valor pago pela requerente e, ainda, sem correção monetária.

Nesse diapasão, verificou-se que, no decorrer dos procedimentos administrativos ins-taurados, permaneceu a empresa na órbita do ilícito, posto que não comprovou o atendimento do pleito da requerente no prazo fornecido pelo PROCON/MP/PI, e, ainda, apresentou proposta despi-da de razoabilidespi-dade, tendo em vista que condicionou o cumprimento do acordo ao aguardo de mais 20 (vinte) dias úteis.

Em oposição ao Processo em epígrafe, o fabricante argumentou que a solicitação da demanda foi atendida no âmbito judicial, sendo o valor pago pelo Consumidor efetivamente restituí-do na data de 21/09/2012.

Impera-se consignar que este Processo Administrativo visa apurar a ocorrência de in-fração à legislação consumerista e aplicar a devida sanção administrativa nos termos do disposto no art.56 do CDC, posto o prazo excessivo que a empresa solicitou para cumprir uma determinação le-gal, que, nada mais é, do que a obrigação do fornecedor, que deveria ser cumprida imediatamente após escoado o prazo legal para reparo do bem.

De outro tanto, o reclamante teve que arcar com o amargo prejuízo de aguardar apro-ximadamente 07 (sete) meses para a resolução do problema, posto a desídia do requerido.

Por estas razões, em função das evidentes lesões à legislação consumerista, no sentido de que o prazo para cumprimento das obrigações insertas na Lei Consumeristas não podem ficar ao alvedrio dos fornecedores, medida que se impõe é a penalização do reclamado LG ELETRONICS DA AMAZONIA LTDA, a fim de que se abstenha de trilhar a conduta abusiva combatida.

Derradeiramente, cumpre frisar que as sanções administrativas impostas, nos termos do artigo 56 do CDC, possuem um viés didático, a fim de que o fornecedor, que descumpriu as

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or-dens do citado código, não reitere sua conduta e adote ações que se coadunem com o espírito da lei consumerista.

IV – CONCLUSÃO

Ante o exposto, por estar convicta da existência de transgressão à Lei nº 8.078/90, opino pela aplicação de multa ao reclamado LG ELETRONICS DA AMAZÔNIA LTDA, tendo em vista perpetração infrativa ao artigo 18, §1°, II da Lei nº 8.078/90; bem como pela inaplicabilidade de sanção administrativa ao fornecedor NOVA PONTOCOM COMERCIO ELETRONICO S.A.

É o parecer.

À apreciação superior.

Teresina, 15 de Outubro de 2013.

Gabriella Prado Albuquerque Técnico Ministerial – Matrícula n°102

Assessor Jurídico PROCON/MP/P

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ PROGRAMA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR Rua Álvaro Mendes, 2294 - Centro - CEP nº 64000-060 – Teresina – PI PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 513/2012

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RECLAMANTE: ADRIANO SANTOS DA COSTA

RECLAMADO: LG ELETRONICS DA AMAZONIA LTDA E NOVA PONTOCOM COMERCIO ELETRONICO S.A/ EXTRA.COM.BR

DECISÃO

Analisando-se com percuciência e acuidade os autos em apreço, verifica-se indubitável infração aos artigos 18, §1°, II do Código de Defesa do Consumidor e perpetrada pelo fornecedor LG ELETRONICS DA AMAZONIA LTDA, razão pela qual acolho o parecer emitido pela M.D. Técnico Ministerial, impondo-se, pois, a correspondente aplicação de multa, a qual passo a dosar.

Passo, pois, a aplicar a sanção administrativa, sendo observados os critérios estatuídos pelos artigos 24 a 28 do Decreto 2.181/97, que dispõe sobre os critérios de fixação dos valores das penas de multa por infração ao Código de Defesa do Consumidor.

A fixação dos valores das multas nas infrações ao Código de Defesa do Consumidor dentro dos limites legais (art. 57, parágrafo único da Lei nº 8.078, de 11/09/90), será feito de acordo com a gravidade da infração, vantagem auferida e condição econômica do fornecedor.

Fixo a multa base no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) ao fornecedor LG ELETRONICS DA AMAZONIA LTDA.

Considerando a inexistência de circunstância agravante contida no art. 26, do Decreto 2.181/97. Considerando a existência da circunstância atenuante contida no art. 25, II, do Decreto 2.181/97, por ser o infrator primário. Diminuo o quantum em ½ (um meio), convertendo-se a obrigação no importe de R$2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

Pelo exposto, em face do fornecedor LG ELETRONICS DA AMAZONIA LTDA torno a multa fixa e definitiva no valor de R$2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

No que tange ao reclamado NOVA PONTOCOM COMERCIO ELETRONICO S.A., acompanho o parecer exarado pelo M.D. Técnico Ministerial.

Para aplicação da pena de multa, observou-se o disposto no art. 24, I e II do Decreto 2.181/97.

Posto isso, determino:

- A notificação do fornecedor infrator LG ELETRONICS DA AMAZONIA LTDA, na forma legal, para recolher, à conta nº 1.588-9, agência nº 0029, operação 06, Caixa Econômica Federal, em nome do Ministério Público do Estado do Piauí, o valor da multa arbitrada, correspondente a R$2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), a ser aplicada com redutor de 50% para pagamento sem recurso e no prazo deste, ou apresentar recurso, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar de sua notificação, na forma dos arts. 22, §3º e 24, da Lei Complementar Estadual nº 036/2004;

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- Na ausência de recurso ou após o seu improvimento, caso o valor da multa não tenha sido pago no prazo de 30 (trinta) dias, a inscrição dos débitos em dívida ativa pelo PROCON Estadual, para posterior cobrança, com juros, correção monetária e os demais acréscimos legais, na forma do caput do artigo 55 do Decreto 2181/97;

- Após o trânsito em julgado desta decisão, a inscrição do nome dos infratores no cadastro de Fornecedores do PROCON Estadual, nos termos do caput do art. 44 da Lei 8.078/90 e inciso II do art. 58 do Decreto 2.181/97.

- O arquivamento do processo, no que concerne ao fornecedor NOVA PONTOCOM COMERCIO ELETRONICO S.A., sem a aplicação de sanção administrativa.

Teresina-PI, 15 de outubro de 2013.

Dr. CLEANDRO ALVES DE MOURA Promotor de Justiça

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