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Plano Nacional de Educação e metas educativas 2021: convergência de expectativas para a educação no Brasil e na Ibero-America

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Plano Nacional de Educação 2011–2020: desafios e perspectivas para a educação brasileira

Plano Nacional de Educação

2011–2020 e metas Educativas

2021: convergência de

expectativas para a educação no

Brasil e na Ibero-America

The National Plan of Education 2011-2020

and the Educational Goals 2021: the

convergence of expectations for

education in Brazil and Ibero-America

Luis Enrique Aguilar*

José Alberto F. Rodrigues Filho**

Resumo

este artigo dedica-se a analisar e identificar em que medida as me-tas constituintes do Plano Nacional de educação (PNe 2011-2020) encontram consonância com as metas previstas pelo projeto metas educativas 2021 da organização dos estados Ibero-Americanos. Não se trata de uma análise qualitativa dos conteúdos dos planos, mas, sim, da convergência de suas propostas e expectativas tomando por categoria as próprias diretrizes de elaboração do PNe 2011-2020. Palavras-chave: políticas educacionais; planejamento educacional; metas educacionais.

AbstRAct

this article is dedicated to analyzing and identifying the extent to which the goals of the National Plan of education (PNe 2011-2020) are consistent with the goals set by the project educational Goals

* Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: luis.aguilar@merconet.com.br .

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2021 from the organization of Ibero-American states. this is not a qualitative analysis of the plans’ contents, but rather an analysis of the convergence of their proposals and expectations according to their own guidelines for the elaboration of the National Plan of education 2011-2020.

Keywords: educational policy; educational planning; educational goals.

ResumeN

este artículo está dedicado a analizar y identificar el grado en que las metas constituyentes del Plan Nacional de educación - PNe 2011-2020 son coherentes con las metas establecidas por el Proyecto metas educativas 2021 de la organización de estados Iberoame-ricanos. No se trata de un análisis cualitativo del contenido de los planes, sino más bien un análisis de convergencia de sus propuestas y expectativas, teniendo como categoría de análisis sus propias directrices para la elaboración del PNe 2011-2020.

Palabras clave: política educativa; planificación educativa; metas educativas.

Introdução

No bojo de seu processo de redemocratização, o Brasil encontrou um mecanismo democrático e participativo para a elaboração de seu Plano Nacional de Educação PNE 2011-2020. Por meio da Conferência Nacional de Educação (CoNAE), finalizada em abril de 2010, construiu e encaminhou à Presidência da República a síntese de expectativas e demandas nacionais para a década atual.

De igual modo, as nações ibero-americanas, ao reconhecerem a cen-tralidade das políticas educacionais para a superação da desigualdade social e condição de pobreza a que importante parcela da população encontra-se submetida, conduz o projeto “Metas educativas 2021: a educação que queremos para a geração dos bicentenários”.

Longe da preocupação de analisar qualitativamente o que prevê os planos de metas, pois parte-se da premissa de que ambos são fruto de ampla discussão social acerca do que seus conteúdos deveriam reivin-dicar, este artigo debruça-se sobre a tarefa de analisar e identificar em que medida as demandas nacionais inserem-se no cenário de demandas emanadas do contexto ibero-americano.

Para tanto, verifica-se o processo de construção de cada um dos documentos-base identificando os eixos centrais de formulação de suas metas. Identificados, esses eixos são tomados como categorias de análise a fim de se identificar com que quantidade de metas cada um dos eixos é contemplado em cada um dos planos.

Embora reconhecendo que a quantidade de metas por eixo pode não ser um fator determinante de relevância de cada um, é possível inferir que se trata de uma referência de valor significativa.

em que medida as demandas nacionais inserem-se no cenário de demandas emanadas do contexto ibero-americano

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o PNe 2011-2020 tem uma história de construção baseada na amplitude da participação de todos os segmentos da sociedade por meio da I coNAe “construindo o sistema Nacional Articulado de educação: o Plano Nacional de educação, Diretrizes e estratégias de Ação”

O Plano Nacional de Educação PNE 2011-2020

Em 2008, o Ministro da Educação do Brasil constituiu uma comissão com 35 membros a quem delegou as tarefas de “coordenar, promover e monitorar o desenvolvimento da CoNAE em todas as etapas” conforme determina a Portaria Ministerial no 10/2008.

A CoNAE, realizada entre 28 de março e 1o de abril de 2010, entre

suas atribuições, produziu seu documento final, que teve como referên-cia “Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação: o Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação” (CoNAE, 2009). Tal documento tornou-se, desse modo, a principal referência para a elaboração do Projeto de Lei no 8.035/2010 – PNE 2011-2020. o

projeto de lei ingressou na Câmara dos Deputados em 20 de dezembro de 2010 e foi encaminhado ao Senado Federal em 25 de outubro de 2012. Seu último deslocamento no Senado Federal foi registrado em 5 de março de 2013 quando foi submetido à análise da Comissão de Assuntos Econômicos tendo como relator designado o senador José Barroso Pimentel – PT/CE, onde encontrava-se no momento em que este artigo é elaborado.

Para que se possa ilustrar a complexidade de tramitação da matéria no âmbito legislativo, apenas na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que não é central em seu mérito, existem 80 propostas de emendas. Em 14 de setembro de 2011, o Fórum Nacional de Educação (FNE) debruçou-se sobre as 2.9061 emendas apresentadas pelos

depu-tados federais, selecionando para análise 666 emendas consideradas “mais significativas”, das quais julgou 417 recomendáveis e 249 não recomendáveis.

Lembra Cury (2011) que a obrigatoriedade da existência de um plano decenal, “com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas”, surge efetivamente como instrumento de gestão da educação nacional a partir da Emenda Cons-titucional 59/09, que altera o artigo 214 da Constituição Federal. Assim, em que pese à existência de planos anteriores, o PNE 2011-2020 tem uma história de construção baseada na amplitude da participação de todos os segmentos da sociedade por meio da I CoNAE.

Embora não tenha concluído seu curso de tramitação e, consequen-temente, não disponha de poder legal, o PNE 2011-2020 (ABREU, 2011) é considerado o atual plano.

1 Números obtidos pela “Nota Pública do Fórum Nacional de Educação sobre as emendas

apresentadas pelos Deputados Federais ao Projeto de Lei no 8035/10, em tramitação

no Congresso Nacional”, publicada em: http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/ FNE/nota_publica_15.09.2011.pdf. Acesso em: 2 maio 2013.

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Prevê a realização da próxima coNAe para fevereiro de 2014, momento em que, sequer, pode-se afirmar que o PNe 2011-2020 estará votado e homologado como lei

Seu texto está constituído de 12 artigos cuja natureza é organiza-tiva e traz, em seu artigo segundo, suas dez diretrizes: erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; superação de desigualdades educacionais; melhoria da qualidade do ensino; formação para o trabalho; promoção da sustentabilidade socioambiental; promoção humanística, científica e tecnológica do país; estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto (PIB); valorização de profissionais da educação; difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação.

Nesse contexto, o PNE 2011-2020 propõe 20 metas, sendo que, para cada uma delas, estão elencadas estratégias pelas quais tais metas pos-sam ser alcançadas.

o MEC (2011) apresenta como instrumento de apoio à análise da capacidade de que dispõe a União e os demais entes federados de atingir as metas propostas uma Nota Técnica significativamente densa em que explora e discute a viabilidade de cada uma dessas metas. Seu exame permite concluir que há viabilidade efetiva para que todas as 20 metas possam ser alcançadas nos prazos previstos.

Contudo, assim como pode ser observado em países que compõem a organização dos Estados Ibero-americanos (oEI), o Brasil não se preo-cupou em criar indicadores para que o acompanhamento das metas seja direto e objetivo. Há de se reconhecer que, entre o apanhado de indica-dores e estatísticas formuladas e publicadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é possível obter informação que permita reconhecer o andamento das principais metas.

o artigo sexto do PNE 2011-2020 prevê a realização de, ao me-nos, duas C o N A E s com intervalo de até quatro anos entre elas. o FNE, a quem cabe por força de lei, organizar as conferências, prevê a realização da próxima C o N A E para fevereiro de 2014, momento em que, sequer, pode-se afirmar que o PNE 2011-2020 estará votado e homologado como lei.

o quadro 1 apresenta as metas componentes do PNE 2011-2020 agru-padas em categorias de análise que permitem verificar, inclusive, sua coesão. Tomam-se por categorias de análise as próprias dez diretrizes de elaboração do plano. A escolha das próprias diretrizes de elaboração do plano como categoria de análise permite cotizar e quantificar o grau de esforço necessário para a implementação de determinadas metas ou ainda identificar eventuais forças ou movimentos políticos que atuaram dando prioridade de atenção às demandas no processo de construção do PNE 2011-2020.

há viabilidade efetiva para que todas as 20 metas possam ser alcançadas nos prazos previstos

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Quadro 1 – Metas do PNE 2011 – 2020 por diretriz de elaboração do plano

Diretriz Metas I. Erradicação

do analfabetismo

5. Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os 8 anos de idade. 9. Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos, ou mais, para 93,5%, até 2015, e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.

II. Universalização do atendimento escolar

1. Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos.

2. Universalizar o ensino fundamental de 9 anos para toda po-pulação de 6 a 14 anos.

3. Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% nessa faixa etária.

III. Superação das desigualdades educacionais

4. Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino.

8. Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar o mínimo de 12 anos de estudo para as popula-ções do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional.

IV. Melhoria da qualidade de ensino

6. oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica.

7. Atingir, progressivamente, as seguintes médias nacionais para o Ideb, até 2021:

Para os anos iniciais do ensino fundamental – 6,0; Para os anos finais do ensino fundamental – 5,5; Para o ensino médio – 5,2.

13. Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores em instituições de educação supe-rior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício sendo, do total, 35% doutores.

V. Formação para o trabalho

10. oferecer, no mínimo, 25% de matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.

11. Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio assegurando a qualidade da oferta.

VI. Promoção da sustentabilidade socioambiental VII. Promoção humanística, científica e tecnológica do país

12. Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33%, de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.

14. Elevar, gradualmente, o número de matrículas na pós--graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.

elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos, ou mais, para 93,5%, até 2015 Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio assegurando a qualidade da oferta

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Dificuldade de estabelecimento de um regime de colaboração efetivo entre os entes federados (união, estados e municípios) Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais de magistério em todos os sistemas de ensino VIII. Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como propor-ção do PIB

20. Ampliar, progressivamente, o investimento público em edu-cação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do PIB do país.

IX. Valorização de pro-fissionais de educação

15. Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, que todos os professores da edu-cação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. 16. Formar 50% de professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu e garantir a todos formação continuada em sua área de atuação.

17. Constituir fórum permanente com representação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos trabalhadores em educação para acompanhamento de atualização progressiva do valor do piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica.

18. Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais de magistério em todos os sistemas de ensino.

X. Difusão dos princí-pios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação

19. Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a nomeação co-missionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar.

Embora não seja exclusivamente a quantidade de metas o fator determinante da relevância e cuidado com que cada diretriz foi tra-tada pelo PNE 2011-2020, não se pode simplesmente desconsiderar o fato quantitativo.

Fica evidente que as questões relacionadas à valorização dos profis-sionais da educação, a melhoria da qualidade de ensino e a universaliza-ção do atendimento escolar devem se constituir elementos norteadores de ações do poder público em relação à educação no decênio 2011-2020. Em particular, a universalização do atendimento escolar contou com a modificação recente da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que introduziu a obrigatoriedade da educação infantil (de quatro a cinco anos) conforme previsto na Lei no 12.796, de 2013.

As ações para a valorização de profissionais em educação, no que concerne à formação, contam com iniciativas de âmbito federal, como a Plataforma Freire e o Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor), cuja implantação deu-se em 2009, e cujos resultados obtidos até o momento estão aquém das expectativas. Alguns estados têm desenvolvido ações de igual natureza, e tudo leva a crer que o maior entrave para seu desenvolvimento pleno seja, de fato, a dificuldade de estabelecimento de um regime de colaboração efetivo entre os entes federados (União, Estados e Municípios). Reconhece-se que oferecer a formação aos professores que dela demandam, sem criar condições

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“melhorar a qualidade e a igualdade na educação para fazer frente à pobreza e à desigualdade e, desta forma, favorecer a inclusão social”

Algumas das metas constitutivas do PNe 2011-2020 são transversais em relação às diretrizes contribuindo para a consecução de mais de uma diretriz efetivas para que o professor-estudante a frequente, tem sido a maior

dificuldade para a efetivação do Parfor.

É preciso reconhecer que algumas das metas constitutivas do PNE 2011-2020 são transversais em relação às diretrizes contribuindo para a consecução de mais de uma diretriz. De maneira sinérgica e conduzidas concomitantemente, produzirão efeitos mais amplos.

Não são poucos os críticos ao PNE 2011-2020, particularmente no que se refere ao baixo desafio que as metas propõem em relação à situação atual. Um exemplo dessa situação é o da meta 13, que propõe ampliar a atuação de mestres e doutores em instituições de educação superior a pa-tamares já obtidos e mostrados pelo Censo da Educação Superior de 2011. Em que pese toda complexidade do trâmite do PNE 2011-2020 pela instância legislativa nacional, é possível constatar o encaminhamento de ações governamentais na direção de sua consecução.

De qualquer modo, este artigo propõe-se a observar o grau de con-vergência entre o PNE 2011-2020 e o Plano de Metas Educativas 2021, acordado na XVIII Conferência Ibero-americana de Educação, celebrada em El Salvador, no dia 19 de maio de 2008.

Plano de metas Educativas 2021: a educação que queremos

para a geração dos bicentenários

os ministros da Educação dos países ibero-americanos, reunidos em maio de 2008 em El Salvador, tomaram a decisão de promover o projeto denominado “Metas Educativas 2021: a educação que queremos para a geração dos bicentenários” (oEI, 2010), delegando-o à coordenação da oEI para a educação, a ciência e a cultura. Ressalta-se que a utilização da nomenclatura “geração dos bicentenários” decorre do fato de que a grande maioria das nações ibero-americanas comemorava, em 2008, a década do bicentenário de suas independências.

Diante de um diagnóstico que sinalizava analfabetismo, evasão escolar precoce, trabalho infantil, baixo rendimento de alunos e baixa qualidade de oferta educacional pública, a proposta do plano é, conforme a oEI (2010, p. 9), “melhorar a qualidade e a igualdade na educação para fazer frente à pobreza e à desigualdade e, desta forma, favorecer a inclusão social”.

A história de construção do projeto “Metas Educativas 2021” é menos complexa que a do PNE 2011-2020, pois originou do desejo e da decisão política do conjunto de chefes de Estado e de governo das nações ibero-americanas, elaborado por um comitê que envolveu re-presentantes da própria oEI, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) e aprovado em dezembro de 2010 em Mar del Plata, Argentina.

Para além de um plano de metas, trata-se de um projeto que, ao re-conhecer a profunda desigualdade econômica em que vivem seus países--membros, institui um fundo solidário para a cooperação educacional.

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Alcançar a igualdade educacional e superar todas as formas de discriminação na educação.

A estrutura do projeto Metas Educativas 2021 é diferente do PNE 2011-2020, pois traz 11 metas gerais sendo que, para cada uma delas, colocam-se uma ou mais metas específicas. O total de metas específicas é de 28. O plano ainda apresenta, para cada meta específica, os indica-dores e a expectativa de alcance para seu acompanhamento.

Para efeito de permitir uma análise de convergência, o quadro 2 asso-cia cada uma das dez diretrizes do PNE 2011-2020 e a quantidade de me-tas destinadas a alcançar as 11 meme-tas gerais do projeto Meme-tas Educativas 2021 e a quantidade de metas específicas a cada uma delas destinadas.

Quadro 2 – Associação entre as diretrizes do PNE 2011-2020 e as Metas Educativas 2021

PNE 2011-2020 Metas educativas 2021 Diretriz Quan-tidade de metas Meta geral Quan-tidade de metas I. Erradicação do analfabetismo 2 II. Universalização do atendimento escolar 3

3a Aumentar a oferta de educação

infan-til e potencializar seu caráter educativo. 4a Universalizar o ensino fundamental

e ampliar o acesso ao ensino médio. 2 2 III. Superação das

desigualdades educacionais 2

2a Alcançar a igualdade educacional e

superar todas as formas de discrimina-ção na educadiscrimina-ção. 4 IV. Melhoria da qualidade de

ensino 3 5

a Melhorar a qualidade da educação e

do currículo escolar. 6 V. Formação para o trabalho 2 6

a Favorecer a conexão entre trabalho e

emprego por meio da educação profis-sional e tecnológica. 2 VI. Promoção da

sustentabili-dade sócio-ambiental VII. Promoção humanística, científica e tecnológica do

país 2

7a oferecer a todas as pessoas

oportu-nidades de educação ao longo da vida. 9a Ampliar o espaço ibero-americano

de conhecimento e fortalecer a pesquisa científica.

2 2 VIII. Estabelecimento de meta

de aplicação de recursos públi-cos em educação como propor-ção do produto interno bruto

1 10a Investir mais e investir melhor. 2

IX. Valorização dos

profissio-nais da educação. 4 8a Fortalecer a profissão docente. 2 X. Difusão dos princípios da

equidade, do respeito à diver-sidade e a gestão democrática da educação.

1 1da sociedade na ação educativa.a Reforçar e ampliar a participação 1 11a Avaliar o funcionamento dos

siste-mas educacionais e do projeto “Metas Educativas 2021”. 3

Investir mais e investir melhor

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A particularidade dos problemas educacionais brasileiros encontra-se inencontra-serida na problemática enfrentada pelo conjunto dos países constituintes da oeI Mesmo tendo clareza de que a quantidade de metas destinadas ao

atendimento de uma diretriz (PNE), ou meta geral (Metas Educativas 2021), pode não indicar perfeitamente o grau de esforço demandado para seu cumprimento, é possível inferir que há convergência entre os planos. Questões, como a valorização de profissionais da educação e a melhoria da qualidade do ensino, aparecem de maneira intensa nos dois planos.

É preciso entender que o projeto Metas Educativas 2021 transcende os contornos de um plano de metas, embora o traga como parte integrante.

Desse modo, a síntese produzida no quadro 2 destina-se, exclusiva-mente, a apurar, do ponto de vista geral, quais são as questões latentes na educação ibero-americana sob o olhar da oEI e quais o Brasil reco-nhece por meio do PNE 2011-2020.

A inexistência de uma meta geral do projeto Metas Educativas 2021 para o tratamento da questão do analfabetismo, presente no PNE 2011-2020, não pode ser entendida como uma questão superada. Tanto a meta geral segunda quanto a quarta trazem metas específicas voltadas à questão.

o PNE 2011-2020 traz em seu contexto indicações de que seu acom-panhamento dar-se-á por meio de indicadores apurados pelo Inep, mas não o faz de maneira sistematizada.

o projeto Metas Educativas 2021 reconhece, de modo mais incisivo, as dificuldades para o processo de acompanhamento de um plano de metas, a ponto de incluir uma meta geral – a décima primeira –, cuja finalidade específica é dedicar-se ao processo de avaliação dos siste-mas educacionais envolvidos e ao desenvolvimento do projeto Metas Educativas 2021.

A oEI publicou nos últimos anos dois densos documentos (oEI, 2011) e (oEI, 2012) sob o título “olhar sobre a educação ibero-america-na” em que se pode notar o conjunto de dificuldades que se tem encon-trado para sistematizar dados e, mesmo, obtê-los de forma atualizada.

Considerações finais

Mesmo diante de um cenário que impõe um amplo conjunto de críticas tanto ao seu conteúdo quanto aos seus mecanismos de operacio-nalização, é possível verificar que o PNE 2011-2020 guarda significativa convergência em relação ao Plano de Metas Educacionais 2021: a edu-cação que queremos para a geração dos bicentenários. Ambos parecem derivar de um mesmo diagnóstico e sinalizam que a particularidade dos problemas educacionais brasileiros encontra-se inserida na problemática enfrentada pelo conjunto dos países constituintes da oEI.

Tanto os dados apresentados na N ota T écnica do Ministério da Educação do Brasil (MEC, 2011) quanto as primeiras análises de

acom-é possível inferir que há convergência entre os planos

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questões centrais, tanto no contexto nacional quanto no contexto ibero-americano, a valorização de profissionais da educação e a melhoria da qualidade do ensino

panhamento do projeto Metas Educativas 2021 (oEI, 2012) demonstram, quantitativamente, os esforços produzidos no âmbito dos países mem-bros da oEI e do Brasil em particular.

Encontram-se em andamento as etapas municipais de preparação da CoNAE que se realizará em fevereiro de 2014, momento em que uma análise, sob diferentes olhares, do andamento do PNE 2011-2020 será elaborada pela sociedade.

Espera-se que até lá, o Legislativo brasileiro tenha superado todas as etapas de tramitação do projeto de lei que institui o PNE e que, durante a CoNAE 2014, já se possa discutir o PNE como manifestação formal e legal do desejo da sociedade brasileira.

Percebidas como questões centrais, tanto no contexto nacional quanto no contexto ibero-americano, a valorização de profissionais da educação e a melhoria da qualidade do ensino são questões que têm encontrado forte dificuldade de condução. Ao avançarem, poderão, si-nergicamente, alavancar o desenvolvimento de todo conjunto de metas.

Referências

ABREU, M.; CoRDIoLLI, M. (orgs.) Projeto de lei do Plano Nacional de Educação

(PNE 2011/2020): projeto em tramitação no Congresso Nacional / PL no 8.035 /

2010. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2011.

CoNAE. Construindo o sistema nacional articulado de educação: o plano nacional de educação, diretrizes e estratégias de ação. Brasília, 2009. Disponível em: http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/doc_base_conae_re-visado2_sl.pdf. Acesso em: 2 maio 2013.

CURY, C. R. J. Por um novo plano nacional de educação. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, v. 141, n. 144, p. 790-811, set./dez. 2011.

MEC. Avaliação técnica das metas previstas no Projeto de Lei ordinário (PLo) no 8.035/2010, denominado Plano Nacional da Educação (PNE), correspondente ao decênio 2011-2020. Notas técnicas, Brasília, 2011. Disponível em: http://fne.mec. gov.br/images/pdf/notas_tecnicas_pne_2011_2020.pdf. Acesso em: 2 maio 2013. oEI – organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura. Metas educativas 2021: a educação que queremos para a geração dos bicentenários. Madri, 2010. Disponível em: http://oei.org.br/pdf/metas_sintese. pdf. Acesso em: 3 maio 2013.

. Miradas sobre la educación en iberoamérica 2011. Madri, 2011. Disponível em: http://www.oei.es/metas2021/Miradas.pdf. Acesso em: 4 maio 2013.

. Miradas sobre la educación en iberoamérica 2012. Madri, 2012. Disponível em: http://www.oei.es/miradas2012.pdf. Acesso em: 4 maio 2013.

Referências

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