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EFEITOS DA ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL SOB O NÍVEL DE PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO OU OBESIDADE

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29 e 30 de outubro de 2019

EFEITOS DA ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL SOB O NÍVEL DE

PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS EM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO OU OBESIDADE

Déborah Cristina de Souza Marques1, Andressa Alves Coelho2, Marilene Ghiraldi de

Souza3, João Henrique Serrilho de Abreu Paulino4, Sônia Maria Marques Gomes

Bertolini5, Braulio Henrique Magnani Branco6

1

Acadêmica do Curso de Nutrição, Centro Universitário de Maringá - UNICESUMAR. Bolsista Fundação Araucária.

marques.deborah@hotmail.com 2

Acadêmica do Curso de Nutrição, Centro Universitário de Maringá - UNICESUMAR. Bolsista Fundação Araucária.

andressacoelho0805@gmail.com

3Acadêmica do Curso de Pós-graduação em Fisiologia do Exercício, Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR. Bolsista

Fundação Araucária. marileneghiraldi@gmail.com

4Acadêmico do Curso de Nutrição, Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR. joaohenriquepaulino@gmail.com 5Doutora, Docente do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde e Pesquisadora do Instituto UniCesumar de Ciência,

Tecnologia e Inovação (ICETI), UNICESUMAR. Sonia.bertolini@unicesumar.edu.br

6

Orientador, Doutor, Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde e Pesquisador do Instituto UniCesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI), UNICESUMAR. braulio.branco@unicesumar.edu.br

RESUMO

A mudança nos padrões alimentares e estilo de vida da população nos dias de hoje, tem culminado no aumento significativo do peso, sendo que um dos principais motivos se relaciona com a transição alimentar, sendo que a população tem deixado de consumir alimentos naturais, para consumir alimentos processados. Entretanto, os alimentos processados apresentam muito sódio, gordura e açúcares. Desse modo, reconhecendo a importância de fomentar programas multidisciplinares para o tratamento da obesidade (PMTO), com o intuito de proporcionar a formação de novos hábitos alimentares, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da orientação nutricional no nível de processamento de alimentos em crianças e adolescentes com excesso de peso ou obesidade. Foram avaliados 28 participantes, de ambos os sexos, com faixa-etária entre 7-18 anos. As avaliações incluíram o preenchimento do registro alimentar de três dias não consecutivos, aplicados antes e após o período de intervenção. Posteriormente, os alimentos foram classificados de acordo com o nível de processamento (in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados), sendo verificada a quantidade em gramas, calorias e % do valor energético total (VET). Os principais resultados indicaram elevado consumo de alimentos minimamente processados e ultraprocessados e baixo consumo de alimentos in natura para as gramas, calorias e % do VET (p< 0,05). Entretanto, não foram identificadas diferenças significativas entre o pré e pós-intervenção para as variáveis analisadas (p> 0,05). Com base nos resultados, identifica-se que 12 semanas de intervenções nutricionais são insuficientes para a ocasionar mudanças no comportamento alimentar das crianças e adolescentes investigados.

PALAVRAS-CHAVE: Consumo Alimentar; Nutrição; Obesidade; Transição Alimentar.

1 INTRODUÇÃO

A prevalência de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes se expandiu nas últimas décadas, constituindo-se uma epidemia mundial (ELVSAAS et al., 2017; FILGUEIRAS & SAWAYA, 2018). Desse modo, foram observadas mudanças no perfil nutricional e epidemiológico da população, as quais proporcionaram modificações nos padrões alimentares e estilo de vida (COSTA et al., 2018). Essas mudanças culminaram em um aumento significativo do peso corporal e consequentemente, no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s) (NETO et al., 2015).

Assim, tendo em vista a transição alimentar, houve uma tendência para o aumento do consumo de alimentos processados e ultraprocessados. Tais aumentos se devem a crescente industrialização, que está enfraquecendo os padrões alimentares tradicionais, baseados em alimentos in natura ou minimamente processados e em vista disso, verifica-se a facilidade de aquisição de produtos alimentícios prontos para consumir, devido à

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praticidade, acessibilidade e redução do tempo de preparo (ENES, CAMARGO & JUSTINO, 2019; SVISCO et al., 2019; FERREIRA et al., 2019). Portanto, o perfil dietético da população está em processo de transição para o consumo indiscriminado de alimentos de alta densidade energética, substituindo alimentos ricos em fibras e nutricionalmente balanceados, por alimentos pobres em nutrientes e com teores de gorduras e açúcares elevados, os quais podem trazer consequências a saúde, bem como proporcionar o excesso de peso, a longo prazo (COSTA et al., 2018; MARRÓN-PONCE et al., 2019).

Em 2010, Monteiro et al. sugeriu a classificação dos alimentos baseada no nível de processamento. Em vista disso, em 2014, foi publicada a versão mais recente do Guia Alimentar para a População Brasileira. No guia, foi incorporado e atualizada a classificação dos alimentos e a partir disso, o material tem sido propagado e difundido em nível nacional. A classificação proposta subdividiu os alimentos em quatro tipos de processamento: a) in natura, aqueles alimentos que são obtidos diretamente de plantas e animais sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza; b) minimamente processados, aqueles alimentos in natura que, antes da sua aquisição foram submetidos a alterações mínimas; c) processados, sendo considerados os alimentos que foram adicionados sal ou açúcar a um alimento in natura ou minimamente processado e d) ultraprocessados, aqueles produtos que passaram por diversas etapas e técnicas de processamento.

É relevante destacar que os alimentos processados passam por diferentes processamentos, transformam os produtos com adição de ingredientes artificiais, corantes e conservantes e tendem a conter altos níveis de gordura, açúcar e sal para melhorar sua palatabilidade e durabilidade e consequentemente, acabam causando problemas à saúde das pessoas, devido ao elevado desequilíbrio nutricional proporcionado pela ingesta elevada desses alimentos altamente industrializados (SETYOWATI, ANDARWULAN & GIRIWONO, 2017; RAUBER et al., 2015; VALE et al., 2019).

Diante disso, assim como das evidencias científicas que investigaram a formação de hábitos alimentares e práticas alimentares, torna-se preocupante saber que muitas crianças e adolescentes crescem dentro de um cenário alimentar obesogênico (ROCHA et al., 2017; RAUBER et al., 2015). Nessa conjuntura, grupos de tratamento multiprofissionais têm trabalhado incessantemente a fim de promover a saúde e a qualidade de vida de adolescentes, com excesso de peso e obesidade (BRANCO et al., 2019). As intervenções contam com a participação de médicos, biomédicos, profissionais de educação física, fisioterapia, psicólogos e nutricionistas (BRANCO et al., 2019). Assim, juntamente com a mudança e a prática de novos hábitos saudáveis, é possível trabalhar dentro da conjuntura multiprofissional com o tratamento não farmacológico da obesidade e das DCNT’s, os quais visam melhorar a saúde e a qualidade de vida da população (SILVA et al., 2016; FILGUEIRAS & SAWAYA, 2018). Igualmente, o objetivo central do presente estudo foi investigar os efeitos de uma intervenção multiprofissional sobre o nível de processamento dos alimentos (in natura, minimamente processado, processado e ultraprocessado) de crianças e adolescentes com excesso de peso ou obesidade.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A amostra foi composta por 28 crianças e adolescentes, no qual 11 foram do sexo masculino e 17 do sexo feminino, com faixa-etária entre 7-18 anos, apresentando quadro de excesso de peso ou obesidade (IMC = 33,90 ± 7,00), participantes de um Programa Multidisciplinar de Tratamento da Obesidade, com 12 semanas de intervenção. As atividades foram ofertadas pelo Grupo de Estudos em Educação Física, Fisioterapia, Esportes, Nutrição e Desempenho (GEFFEND) do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR).

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Interdisciplinar de Intervenção em Promoção da Saúde (LIIPS), por uma equipe multiprofissional composta por profissionais de educação física, fisioterapia, nutrição, psicologia, biomedicina e medicina, devidamente treinados.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da UNICESUMAR, sob o parecer nº 2.505.200/2018. As intervenções foram realizadas três vezes na semana, com a participação da equipe de nutrição: duas vezes na semana (duração de 50 minutos), psicologia: uma vez na semana (50 minutos), fisioterapia: duas vezes na semana (30 minutos) e educação física: três vezes na semana (1 hora de duração). Durante as intervenções, a nutrição trabalhou enfocando a reeducação alimentar, visando a mudança de hábitos alimentares, por meio de aulas teóricas e aulas práticas, desenvolvidas na cozinha da instituição de ensino superior, ou na área externa do laboratório.

As crianças e adolescentes realizaram a avaliação da composição corporal na bioimpedância InBody 570® (InBody®, Body Composition Analyzers, Coréia do Sul), sendo orientados a seguir o protocolo proposto por Heyward (1996). O peso corporal também foi medido na InBody 570®. A estatura foi mensurada foi utilizado o estadiômetro da marca

Sanny®, Standard; seguindo a padronização proposta por Lohman; Roche; Martorell (1991).

Com os valores do peso corporal e estatura, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC), através da fórmula: peso corporal (kg) / estatura (m)². A partir disso, os participantes foram classificados dentro dos percentis estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995).

Para obter informações acerca dos hábitos alimentares, foi entregue aos participantes, um registro alimentar. Em vista disso, os participantes foram solicitados a registrar todos os alimentos e bebidas consumidas no decorrer do dia, com suas respectivas quantidades. O formulário foi preenchido ao longo de 3 dias não consecutivos, sendo 2 dias alternados durante a semana e 1 dia de final de semana. A fim de conseguir estimar o porcionamento das refeições, os envolvidos contaram com o auxílio das medidas caseiras. Por fim, os participantes foram orientados a anotar de forma detalhada: a) modo de preparo; b) ingredientes; c) marca do alimento; d) diet/light/normal.

Subsequentemente, todos os registros alimentares coletados, foram calculados por intermédio do software Avanutri (versão 2004®, Avanutri Equipamentos de Avaliação Ltda,

Três Rios, Rio de Janeiro, Brasil). Posteriormente, os alimentos foram classificados de acordo com o nível de processamento: a) in natura os alimentos que não sofreram nenhum tipo de alteração após deixar a natureza, como folhas e frutas; b) minimamente processados, aqueles alimentos in natura que foram submetidos a processos de limpeza, moagem, secagem, fermentação, refrigeração, congelamento, embalagens a vácuo e/ou outros processos parecidos que não envolveram a agregação do sal, açúcar, óleos e gorduras ao alimento natural, como por exemplo, o arroz, o milho em grão, as oleaginosas, as frutas secas, dentre outros (SVISCO et al., 2019); c) processados, sendo os alimentos com base in natura, que durante o processo de fabricação ou cozimento são adicionados sal, açúcar, óleos e gorduras ou outra substancia de uso culinário para deixar o alimento mais saboroso e durável, como conservas de legumes, compota de frutas, carne seca, pães e queijos e d) ultraprocessados, que se refere ao produto desenvolvido na indústria, que envolve diversas etapas e técnicas de processamento, sendo nulo em alimentos naturais, uma vez que o objetivo principal do alimento ultraprocessado é tornar o alimento durável, pronto a comer e com ingredientes de baixo custo, como por exemplo: a mortadela, os sucos artificiais, os biscoitos recheados, o macarrão instantâneo, os refrigerantes, sorvetes, a margarina, os chocolates, as balas e outros (SVISCO et al., 2019). Ademais, a classificação seguiu a estandardização do Guia Alimentar para a População Brasileira (2014).

Em seguida, as respostas do registro alimentar foram tabuladas no programa Excel (versão 2013, Microsoft, Estados Unidos da América), pela quantidade em gramas (g),

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calorias (kcals), valor energético total (VET) e % do VET, de cada alimento segundo o nível de processamento. Assim, os resultados encontrados foram expressos pela média e desvio padrão dos três dias de análise do registro alimentar. Em adição, utilizou-se a média do consumo semanal para a apresentação das variáveis, bem como para a realização das análises estatísticas. Utilizou-se uma análise de variância (ANOVA), de um caminho com medidas repetidas. Caso fosse detectada diferença a partir da ANOVA, empregou-se o teste de Bonferroni, assumindo um nível de significância de 5%. Todas as análises estatísticas foram realizadas no pacote estatístico Statistica 12.0 (Stasoft, Estados Unidos da América).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram identificadas reduções no valor energético total (pré versus pós-intervenção) de 1629 ± 419 kcal para 1509 ± 476 kcal. Diante disso, observou-se que o percentual do VET conforme o nível de processamento no momento pré intervenção, foi de 3,53% de calorias provenientes de alimentos in natura, 46,58% de alimentos minimamente processados, 17,03% de processados e 32,54% de ultraprocessados. No momento pós-intervenção, identificou-se o consumo de 3,50% de alimentos in natura, 46,75% de minimamente processados, 20,85% de processados e 28,65% de ultraprocessados. Diante o exposto, a figura 1 apresenta o percentual do VET dos alimentos, conforme o nível de processamento dos adolescentes participantes do presente estudo.

Figura 1. Percentual do VET conforme o nível de processamento dos alimentos das crianças e

adolescentes participantes das intervenções.

Nota: * = menores valores quando comparado aos outros níveis de processamento dos alimentos no pré e

pós-intervenção (p<0,05); † = maiores valores quando comparado aos outros níveis de processamento dos alimentos no pré e pós-intervenção (p<0,05); § = maiores valores quando comparado aos alimentos in natura no pré e pós-intervenção e menores valores quando comparado aos alimentos minimamente e ultra

processados no pré e pós-intervenção (p<0,05).

É possível perceber que durante as 12 semanas, os valores do percentual do VET de alimentos in natura demonstraram-se menores quando comparados a outros níveis de

*

*

§

§

0 10 20 30 40 50 60 % V E T

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processamento, porém quando analisado os valores de alimentos minimamente processados, foram evidenciados valores mais elevados quando comparado aos outros níveis, tanto no período pré quanto, no pós-intervenção. Por sua vez, verificou-se uma elevação no consumo de alimentos processados, de 17,03% para 20,85%, fator que pode tornar preocupante quando analisado um grupo que necessita reduzir a massa gorda. Ressalta-se que os alimentos como iogurte, queijos, pão caseiro, pão francês ou atum em lata, por exemplo, são classificados em processados e muitas vezes são utilizados na dieta das pessoas que buscam perder peso corporal (MONTEIRO et al., 2010). Outro ponto que merece atenção, é o padrão alimentar do brasileiro, na qual os alimentos supramencionados fazem parte da dieta da população brasileira.

Todavia, houve uma redução do percentual do VET, no que tange os alimentos ultraprocessados, diminuindo de 32,54% para 28,65%. Tais respostas são extremamente positivas, dado que a literatura tem apontado que o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados associa-se as DCNT´s, podendo impactar diretamente na saúde e qualidade de vida da população (BIELEMANN et al., 2018). É notável destacar que os alimentos ultraprocessados são ricos em sódio, calorias, gorduras saturadas e trans, além de apresentar baixa quantidade em fibras e serem pobres nutricionalmente, prejudicando ainda mais a saúde (KLIEMANN et al., 2018; VALE et al., 2019). Adicionalmente, também foi avaliado o consumo em gramas dos alimentos conforme o nível de processamento dos participantes do presente estudo, como apresentado na figura 2.

Figura 2. Consumo em gramas conforme o nível de processamento dos alimentos das crianças e

adolescentes participantes das intervenções.

Nota: * = menores valores quando comparado aos alimentos minimamente processados no período pré,

pós e ao ultraprocessado no momento pré-intervenção (p<0,05); † = maiores valores quando comparado aos demais níveis alimentos por nível de processamento (p<0,05); § = maior quando comparado ao in natura no momento pós-intervenção; § = maiores valores quando comparado aos alimentos in natura no

momento pós-intervenção (p<0,05).

As respostas da figura 2 indicam um consumo médio no momento pré intervenção em gramas de 121,67g para os alimentos in natura, 544,54g para os alimentos

* * †

§ 0 150 300 450 600 750 900 C onsum o (g )

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minimamente processados, 165,03g para os alimentos processados e 293,75g para os alimentos ultraprocessados. Por outro lado, no momento pós-intervenção, identificou-se um consumo médio de 126,83g de alimentos in natura, 570,69g de minimamente processados, 174,01g de processados e 230,20g de ultraprocessados.

Assim, através da análise do consumo em gramas é possível observar um elevado consumo de alimentos minimamente processados. Apesar de não terem sido evidenciadas diferenças estatísticas no consumo em gramas na comparação dos momentos pré e pós-intervenção, identifica-se que o consumo de alimentos minimamente processados foi elevado. Tais respostas podem ser consideradas positivas haja visto que os alimentos em questão são saudáveis (SILVEIRA et al., 2010; SILVA et al., 2016). A figura 3 apresenta o delta absoluto e relativo do consumo de alimentos ultraprocessados em gramas das crianças e adolescentes participantes da intervenção.

Figura 3. Delta absoluto e relativo do consumo de alimentos ultraprocessados em gramas das

crianças e adolescentes participantes das intervenções. Nota: Painel A = delta absoluto e Painel B = delta relativo.

Em consonância com os dados apresentados na figura 1 e 2, não foram identificadas diferenças significativas no consumo em gramas de alimentos ultraprocessados no momento pré e pós-intervenção. No entanto, de acordo as análises individuais realizadas na figura 3, quando considerando o consumo individualizado dos alimentos ultraprocessados de cada participante, é notável uma diminuição do referido consumo. No que tange os aspectos elencados, os resultados verificados na figura 3 são fundamentalmente relevantes, pois a diminuição do consumo dos alimentos ultraprocessados, pode auxiliar a promoção da saúde, mediante a educação nutricional. Complementarmente, destaca-se que os hábitos alimentares são formados na infância e início da adolescência e provavelmente acompanhará as crianças e adolescentes na fase adulta. Destarte, a adoção de práticas alimentares saudáveis pode auxiliar a prevenção e tratamento de diferentes DCNT’s (RAUBER et al., 2015; ROCHA et al., 2017; SÁ et al., 2018). A figura 4 apresenta o consumo de calorias dos alimentos, conforme o nível de processamento das crianças e adolescentes participantes do presente estudo.

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Figura 4. Consumo em calorias conforme o nível de processamento dos alimentos dos

adolescentes participantes das intervenções.

Nota: * = menores valores quando comparado aos demais níveis de processamento nos momentos pré e pós-intervenção (p<0,05); † = maiores quando comparado aos alimentos in natura e processados no pré e pós-intervenção e maior que o ultra processado no momento pós-intervenção (p<0,05); § = menores valores

que os alimentos ultra processados no pré e pós-intervenção (p<0,05); ∞ = menores valores quando comparado aos alimentos ultra processados no momento pré-intervenção (p<0,05).

Os dados apresentados na figura 4 são substancialmente preocupantes. O consumo de alimentos in natura é demasiadamente incipiente. A exceção se deve ao consumo elevado de alimentos minimamente processados que foram extremamente elevados. No entanto, o consumo de alimentos processados e ultraprocessados foi excessivamente alto. Portanto, considerando as respostas elencadas pelas crianças e adolescentes, verifica-se a indispensabilidade de ações de capacitação e educação nutricional, com o intuito de minimizar o consumo de alimentos processados e sobretudo, de ultraprocessados. Acentua-se que durante as 12 semanas de intervenção, foram desenvolvidas aulas e práticas de nutrição com enfoque na mudança de comportamento alimentar, por meio de estratégias de elaboração de alimentos saudáveis e redução do consumo de açúcar, sal e condimentos.

Embora exista a possibilidade de subestimar a alimentação dos participantes por omissão proposital dos alimentos consumidos no registro alimentar, é notável uma ligeira tendência de mudança de comportamento alimentar durante o período de intervenção. Entretanto, pode-se levar em consideração que, além de mudar os hábitos alimentares é necessária uma modificação no estilo de vida, com uma diminuição do sedentarismo e aumento do gasto energético, dado que a diminuição do comportamento sedentário e a inclusão de exercícios físicos, são potencializadas as respostas nos parâmetros biopsicossociais concatenados à saúde e qualidade de vida (FILGUEIRAS & SAWAYA, 2018).

Por fim, quando a criança ou o adolescente permanece elevado tempo em casa, são realizadas atividades de baixo gasto energético, como por exemplo: assistir TV, jogar

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§

0 150 300 450 600 750 900 C alori as (kca l)

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videogame, acessar à internet, dentre outras atividades que proporcionam, por vezes, aumento da ansiedade e até mesmo, potencializam os transtornos alimentares (BIELEMANN et al., 2018; SETYOWATI, ANDARWULAN; GIRIWONO, 2018; COSTA et al., 2018). Por consequência, é indispensável a modificação no estilo de vida, com diminuição do sedentarismo e aumento do gasto energético, por meio da inclusão de exercícios físicos diários e diminuição do consumo de alimentos de alta densidade energética.

4 CONCLUSÃO

Apesar de não terem sido identificadas diferenças significativas nos alimentos em nível de processamento, verifica-se que nas análises individuais e qualitativas, houve uma redução do consumo de alimentos ultraprocessados. Assim, acredita-se que 12 semanas de intervenções nutricionais são insuficientes para a ocasionar mudanças significativas no padrão alimentar das crianças e adolescentes investigados. Logo, intervenções de longa duração ou metodologicamente distintas podem ser conduzidas, a fim de identificar estratégias efetivas para a promoção da alimentação saudável em crianças e adolescentes. REFERÊNCIAS

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Referências

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A Sementinha dormia muito descansada com as suas filhas. Ela aguardava a sua longa viagem pelo mundo. Sempre quisera viajar como um bando de andorinhas. No

5- Bruno não percebeu (verbo perceber, no Pretérito Perfeito do Indicativo) o que ela queria (verbo querer, no Pretérito Imperfeito do Indicativo) dizer e, por isso, fez

Levando em conta a metodologia proposta, para a análise dos argumentos mediante a identificação e resolução do estudo de caso, verificamos a qualidade de boa argumentação