Controle social no SUS:
participação nas
Conferências de Saúde
Cristina Câmara Capacitação em advocacy e controle social Salvador, 21 a 25 de set. 2010
“Criadas como mecanismo de controle das instâncias estaduais durante o Estado
Novo e transformadas em fórum de
participação pelo movimento social no início da Nova República, desde a oitava início da Nova República, desde a oitava edição as CNS tiveram importância
significativa na construção e no aprimoramento do SUS.”
Participação Comunidade Conferência Nacional (30 nov. a 4 dez. 2011) Conselho Nacional de Saúde Conferências Estaduais (16 jul. a 31 out. 2011) Conferências Municipais (1 mar a 15 jul. 2011) Conselhos Estaduais de Saúde Conselhos Municipais de Saúde
Participação da comunidade
Conferência Nacional de Saúde = maior e mais
importante encontro da Saúde no Brasil. A 13ª Conf. Nac. Saúde, em 2007, contou com quase 5.000 participantes.
A Lei n. 8.142/90 deixou vaga a composição dos A Lei n. 8.142/90 deixou vaga a composição dos
participantes, em comparação aos Conselhos, mas a representação dos usuários é paritária
tanto nos Conselhos quanto nas Conferências de Saúde
Fluxo decisório e operacional
Conferências
Propõem diretrizes para a formulação de políticas, a
partir da avaliação da situação de saúde
Conselhos
Formulam estratégias e controlam a execução das
políticas de saúde nas instâncias correspondentes políticas de saúde nas instâncias correspondentes
Instâncias Executivas
Implementam as políticas e homologam as deliberações
dos Conselhos
Conferências de Saúde
Instituídas em 1937
1941 – 2007: 13 Conferências Nacionais de
Saúde
Pouca bibliografia a respeito Pouca bibliografia a respeito
A importância das Conferências vai mudando e
ganhando força no cenário político
Resumos, documentos, anais e relatórios finais
Papel dos Conselhos sobre as
Conferências
“discutir, elaborar e aprovar proposta de
operacionalização das diretrizes aprovadas pelas Conferências de Saúde.” (Resolução 319/02 do CNS)
“Na criação e reformulação dos Conselhos de “Na criação e reformulação dos Conselhos de
Saúde, o poder executivo, respeitando os princípios da democracia, deverá acolher as demandas da
população, consubstanciadas nas conferências de saúde.” (Resolução 333/03 do CNS)
Papel dos Conselhos
“estabelecer critérios para a determinação de
periodicidade das Conferências de Saúde, propor sua convocação, estruturar a comissão
organizadora, submeter o respectivo regimento e programa ao Pleno do Conselho de Saúde
programa ao Pleno do Conselho de Saúde
correspondente, explicitando deveres e papéis dos conselheiros nas pré-conferências e
conferências de saúde.” (Resolução 333/03 do CNS, que recupera e amplia as atribuições dos Conselhos previstas na Resolução 33/92)
As Conferências
A regulamentação (legislação e resoluções) das
Conferências é limitada, por isto há referências às deliberações das próprias Conferências para
(re)afirmar o papel do controle social
Especialmente o relatório da 9ª Conf., traz várias
referências, além de conter o tópico “controle referências, além de conter o tópico “controle social”
O relatório da 10ª Conf. é pontual a respeito e o da
11ª Conf. menciona o papel das Conferências várias vezes, inclusive mencionando que a
Conferência Nacional deveria eleger as entidades para compor o CNS
Conferências de Saúde
Instâncias colegiadas de caráter deliberativo
Objetivo: Avaliar a situação da Saúde e propor
diretrizes para cada nível de governo
Possibilitam o controle social no âmbito do Poder
Executivo Executivo
Periodicidade estabelecida pelos Conselhos de
Saúde, não devendo passar de 4 anos
As Conferências Municipais e Estaduais são
prévias à Conferência Nacional, por isto também chamadas de pré-conferências
Conferências de Saúde
Possuem regimento próprio aprovado pelo
respectivo Conselho de Saúde (Lei n. 8.142/90)
Os regimentos devem constar no Manual da
Conferência
O regulamento da Conferência é submetido à O regulamento da Conferência é submetido à
aprovação, logo após a cerimônia de abertura da mesma
Conf. de Saúde – periodização
1ª e 2ª – Sanitarismo Clássico (1941-1962)
Encontro técnico de administradores
Ponto de vista majoritário do setor médico
3ª e 4ª – Transição (1963-1974)
3ª Conf. ocorreu treze anos após a 2ª Conf.
Conferência mais politizada e depois referida na Ref. Sanitária Depois do Golpe de 64, Conferência mais técnica. 4ª Conf.: RH
5ª a 7ª – Modernização Conservadora e Planejamento Estatal (1975-1985)
A 5ª Conf. iniciou um ciclo regular de dois anos até 1979; e, foi
aprovada a tese de ‘participação da população’
6ª Conf. - Debate sobre a política nacional de Saúde
7ª Conf. - Atenção básica é central pela primeira vez e forte
Conf. de Saúde - periodização
8ª e 9ª – Reforma Sanitária (1986-1992)
A partir da 8ª Conf. e, formalmente, a partir da Lei n. 8.142/90,
as Conferências passam a ser parte do processo de Ref. Sanitária
Institucionalização da participação da sociedade civil na
formulação das políticas públicas
Conferências e Conselhos de Saúde materializam princípios e
valores da Reforma Sanitária
A composição e representatividade nas Conferências mudam a
partir da 8ª Conf. e, em especial, após a CF 1988 e a 9ª Conf.
1990 – Collor adiou a 9ª Conf. várias vezes, por dois anos
10ª a 12ª – Consolidação do SUS (1996-2003)
10ª Conf. - Ênfase nos mecanismos de financiamento 11ª Conf. – Balanço sobre o SUS e o controle social
12ª Conf. – Compromisso do Ministro de utilizar as resoluções
1ª Conf. Nac. Saúde – 1941
Tema central: “Situação sanitária e assistencial
dos estados”
Conferências Nacionais de Educação e Saúde:
“órgãos destinados a promover o permanente entendimento deste Ministério com os governos estaduais no terreno da administração dos
estaduais no terreno da administração dos negócios de sua competência.” (MES)
Papel atribuído às Conferências
Intercâmbio de informações
Controle das ações no âmbito estadual e regulação do
fluxo de recursos financeiros
2ª Conf. Nac. Saúde – 1950
Tema central: “Legislação referente à higiene e
segurança do trabalho”
Realizada nove anos após a 1ª Conf. Outros temas:
Prestação de assistência médica sanitária e preventiva Prestação de assistência médica sanitária e preventiva
para trabalhadores e gestantes
Malária
Não há registros formais
o Ministro da Educação e Saúde Pedro Calmon (ago/50 - jan/51), Governo Gaspar Dutra
3ª Conf. Nac. Saúde – 1963
Tema central: “Descentralização na área da saúde” Realizada 13 anos após a 2ª Conf. e considerada
“prima precoce” da 8ª Conf., devido seu caráter político
Outros temas:
Situação sanitária da população brasileira
Distribuição e coordenação das atividades médico-sanitárias nos níveis federal, estadual e municipal
Municipalização dos serviços de saúde Fixação de um Plano Nacional de Saúde
o Ministro da Saúde Wilson Fadul, Governo João Goulart (época das reformas de base)
4ª Conf. Nac. Saúde – 1967
Tema central: “Recursos humanos para asatividades em saúde”
Novamente, caráter técnico
Praticamente dedicada ao planejamento de
recursos humanos
Outro tema: combate agressivo à malária Presença de representantes do MEC
5ª Conf. Nac. Saúde – 1975
Tema central: “Constituição do SistemaNacional de Saúde e a sua institucionalização”
Presença de representantes do MEC e do
recém-criado MPAS
Consagrou-se a tese da “medicina simplificada” Consagrou-se a tese da “medicina simplificada” Aprovada a tese de “participação da população” Preocupação com as áreas rurais e programas
tradicionais, como imunizações, vigilância
epidemiológica, assistência materno-infantil e grandes endemias
6ª Conf. Nac. Saúde – 1977
Tema central: “Controle das grandes endemias e
interiorização dos serviços de saúde”
Debates sobre grandes endemias
Interiorização dos serviços de saúde Política nacional do setor Saúde
Política nacional do setor Saúde
Tentativa de regulamentação do Sistema
Nacional de Saúde – tensão interna ao MS
7ª Conf. Nac. Saúde – 1980
Tema central: “Extensão das ações de saúde através dos serviços básicos”
Pela primeira vez a atenção básica foi ponto central de debate
O mov. sanitário estava articulado em torno de uma proposta de transformação do setor Saúde
proposta de transformação do setor Saúde
Temas diversos (regionalização, RH, articulação interinstitucional, serv. básicos e comunidade, etc.) Em out.1979, o Cebes apresentou o doc “A questão
democrática na área de Saúde”, num Simpósio na Câmara dos Deputados
8ª Conf. Nac. Saúde – 1986:
Tema central: “Saúde como direito: reformulação do Sistema Nacional de Saúde e financiamento
setorial”
Mudança nas composições e representatividades, e criação de dinâmica inédita das Conferências
Considerada um marco porque: Considerada um marco porque:
alterou a composição dos delegados, incorporando a
participação da sociedade civil
caracterizou o espaço das Conferências como um
fórum, que mesmo convocadas pelo Executivo Federal, passaram a ter “vida própria” (à parte, autônomas e
independentes)
8ª Conf. Nac. Saúde – 1986
A participação é pensada como parte da
constituição da política de saúde – produção, acompanhamento e fiscalização. O controle social emerge como efeito dessa participação
O objetivo do controle social é compreender o
setor Saúde em suas implicações recíprocas com setor Saúde em suas implicações recíprocas com as políticas sociais e econômicas
Importante pensar sobre as instâncias de controle
social inseridas no espaço público
Incentivo às pré-conferências
Apesar de anterior ao SUS, seu relatório é um
9ª Conf. Nac. Saúde – 1992
Tema central: “Municipalização é o caminho” Intensa pressão para sua realização, desde 1990 Precedida por eleições de delegados estaduais e
municipais, com direito à voto na Conferência
Busca independência e perspectiva de fiscalização para os Conselhos de Saúde. Controle externo
para os Conselhos de Saúde. Controle externo
Cobrança: implantação do SUS, descentralização e municipalização da Saúde
Vários pontos de diálogo entre Conferências e Conselhos, por ex.: regimento interno dos
Conselhos “deverá ser revisado na Conf. Saúde”
10ª Conf. Nac. Saúde – 1996
Tema central: “Construção de modelo de atenção à saúde”
Precedida por cerca de 5 mil conferências municipais e estaduais em todas as UF
Necessidade de avaliação e aprimoramento do SUS Debate sobre a NOB/96
Debate sobre a NOB/96
Período de restrição orçamentária e criação da CPMF
Reforço da redução da noção de participação à prática externa do controle social (legitimidade e coerência com a CF 1988)
11ª Conf. Nac. Saúde – 2000
Tema central: “Efetivando o SUS: acesso, qualidade e humanização na atenção à saúde com controle
social”
Balanço sobre implantação do SUS e o exercício do controle social
Diferencia-se do referencial presente desde a 9ª. Diferencia-se do referencial presente desde a 9ª.
Conf. A participação começa a ser vista como prática decisória, diferente dos espaços
institucionalizados, mas que deve fundamentá-los Preocupação em resgatar deliberações anteriores e
cobrar seu cumprimento
12ª Conf. Nac. Saúde – 2003
Tema central: “Saúde um direito de todos e umdever do Estado. A saúde que temos, o SUS que queremos”
Tentativa de resgate do “espírito” da 8ª Conf. e dos princípios e diretrizes da Reforma Sanitária
Forma ascendente: escolha de delegados e Forma ascendente: escolha de delegados e
elaboração do documento-base
A novidade foram as propostas referentes à intersetorialidade:
garantia de agendas intersetoriais baseadas nas diretrizes das Conferências Nacionais (Saúde, Educação, Cultura etc)
A realização de uma Conferência Intersetorial Nacional, entre outras
13ª Conf. Nac. Saúde – 2007
Tema central: “Saúde e qualidade de vida:
política de Estado e desenvolvimento”
Eixos temáticos:
Desafios para a efetivação do Direito Humano à Saúde
no Séc. XXI
Políticas públicas para a Saúde e qualidade de vida Políticas públicas para a Saúde e qualidade de vida A participação da sociedade na efetivação do Direito
Humano à Saúde
• 4.700 participantes (delegados, observadores, convidados, expositores)
13ª Conf. Nac. Saúde – 2007
4.430 municípios realizaram pré-conferências Retomada de princípios da Reforma Sanitária
157 moções aprovadas (apoios, repúdio, aplauso)
Repúdio à extinção da Funasa
Apoio: Modelo de atenção à saúde do homem com foco no câncer de próstata
Conferências Municipais de Saúde
Decisão política do Secretário de Saúde, do Conselhoe, principalmente, do Prefeito
Caso o Prefeito não se envolva, o Conselho precisa
trabalhar para que a Conferência seja uma estratégia de aproximação entre ele e outras instâncias do poder local
local
Documentos legais: Decreto de convocação,
Portarias e Regimento
Plenária final
Aprovação de propostas e moções
Escolha dos delegados para a Conferência Estadual de Saúde
Pós-conferência
Como participar da CMS ?
Procurar informações nos Conselhos Municipais e
com movimentos sociais em Saúde
Atenção ao calendário do Conselho, porque vai ser
debatido e aprovado o regimento interno da Conferência Municipal de Saúde
Se preparar para acompanhar o debate no Conselho Se preparar para acompanhar o debate no Conselho
Municipal
“Conferências Municipais passo a passo” (2003) - site
Femama
“Participação social no SUS: o olhar da gestão
municipal” (2009) - site do Conasems:
http://www.conasems.org.br/files/cartilha_participacao_social_setem bro.pdf
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Coletânea de normas para o controle social no Sistema Único de Saúde. 2ª ed. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2006. Disponível em:
http://www.conselho.saude.gov.br/. Acesso em: ago 2010.
__. Resolução n.33, de 23 de dezembro de 1992. Disponível em:
<http://www.fmb.unesp.br/etica_pesquisa/docs/resolucao_33.pdf>.
Acesso em: ago 2010.
__. Resolução 319, de 07 de novembro de 2002. Disponível em: __. Resolução 319, de 07 de novembro de 2002. Disponível em:
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http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/resolucao_cns_319-2002.pdf>. Acesso em: ago 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Conferências de Saúde. Disponível em:
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__. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Histórico da Saúde Pública. Disponível em: <
Referências
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Unicamp, 2006.
ESCOREL, S., BLOCH, R.A. As Conferências Nacionais de Saúde na construção do SUS. In: LIMA, N.T. et al. (Orgs.). Saúde e
democracia: História e perspectivas do SUS. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2005.
GUIZARDF, F.L. et al. Participação da comunidade em espaços GUIZARDF, F.L. et al. Participação da comunidade em espaços
públicos de Saúde: uma análise das Conferências Nacionais de
Saúde. Physis - Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, n.14, v.1, p.15-39, 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/physis/v14n1/v14n1a03.pdf>. Acesso em:
ago 2010.
RELATÓRIO da 13ª Conferência Nacional de Saúde, 2007. Disponível em: <http://www.conselho.saude.gov.br/biblioteca/Relatorios.htm> Acesso em: ago 2010. [Ver também o site da 13ª Conferência: