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DIDÁTICA EM ESPAÇOS NÃO-FORMAIS: AS ATIVIDADES EM PLANETÁRIOS

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Academic year: 2021

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134 ISBN 978-85-7846-516-2

DIDÁTICA EM ESPAÇOS NÃO-FORMAIS: AS ATIVIDADES EM PLANETÁRIOS

Juliana Romanzini – UEL Email: juromanzini@hotmail.com Matheus Rodrigues da Silva- UEL Email: matheus_rodrigues77@hotmail.com Eixo 1: Didática e Práticas de Ensino na Educação Básica

Resumo

Os Planetários são espaços não-formais de ensino e divulgação científica, que promovem atividades estruturadas voltadas para diversas áreas, embasadas na Astronomia. Para a organização de tais atividades, é imprescindível a ocorrência da assimilação dos saberes, habilidades, técnicas, atitudes e valores (Libâneo, 2001). No presente trabalho realiza-se uma discussão a respeito da didática das atividades desenvolvidas nesses ambientes, enfatizando-se as sessões de cúpula, que são planejadas de acordo com critérios, que atendem de certo modo a essas assimilações e aos princípios, valores e desenvolvimento social, promovendo a reflexão ontológica e coletiva de um indivíduo imerso em um meio social e cultural, não centrada somente em seu entorno imediato. Considera-se a relevância dessa pesquisa para as atividades nos Planetários, de modo a se desenvolver um trabalho de ensino e divulgação científica que fortaleça tanto as práticas em sala de aula para uma melhor aprendizagem dos alunos quanto a abrangência da Astronomia dentro da comunidade em geral.

Palavras-chave: Didática, Educação Não-Formal, Planetários.

Introdução

Os espaços não-formais são considerados por Dierking (2005) os centros da revolução da educação, pois apresentam características que se diferem das encontradas nas escolas. Quando os visitantes chegam a esses lugares, encontram um local diferente do seu cotidiano e expõem sua vontade de conhecer e aprender, ao interagirem com objetos e atividades oferecidos por esses ambientes (CHAGAS, 1993).

Como suporte ao ensino formal, espaços os espaços não-formais podem tanto oferecer aos estudantes a vivência de situações que não podem ser reproduzidas na escola, que muitas vezes tem carência de espaço físico e materiais

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135 para tal fim (VIEIRA, BIANCONI & DIAS, 2005), e também auxiliar nas atividades formais de sala de aula, atuando como complemento das mesmas.

Abrangendo mais um aspecto do leque de oportunidades promovidas pelos espaços não-formais, Falk e Storksdieck (2005) apontam que em tais espaços os visitantes passam por experiências práticas e observacionais que vão ao encontro de seus interesses e necessidades, e que não são usualmente vivenciadas nos ambientes escolares.

Voltados para o ensino de ciências e tecnologias, encontram-se os museus de ciência, observatórios, planetários, laboratórios interativos, entre outros. Vinculados ou não à instituições de ensino, desenvolvem estratégias e situações que englobam pessoas de diversas faixas etárias, escolaridades e condições sociais. Frente ao potencial educacional desses ambientes, desenvolve-se nessa pesquisa uma discussão a respeito da didática nos Planetários, que são espaços dedicados, em primeiro plano, para o ensino e divulgação da Astronomia.

Considera-se a abordagem didática, de extrema importância para a educação nas suas diversas instâncias, que segue se desenvolvendo em relação ao estrutural teórico, metodológico e prático, como destaca Libâneo (2001): “com a diversificação das atividades educativas na contemporaneidade, há também uma diversificação da ação pedagógica na sociedade” (p.153).

Características dos Planetários

Os Planetários são ambientes de imersão baseados em projeções no teto, nos quais se pode ter uma reprodução da esfera celeste, por meio de um equipamento óptico capaz de projetar em um teto abobadado as estrelas e sua aparente disposição no céu, bem como os planetas e outros objetos celestes (ROMANZINI, 2011). Eles promovem aos visitantes momentos únicos que se diferem da realidade cotidiana que podem fascinar o público, além de gerar oportunidades de descoberta e construção de conhecimentos sobre lugares e situações pouco ou jamais pensados.

A estrutura física desses espaços consta de uma sala com teto abobadado, poltronas reclináveis ao redor do projetor central, acústica diferenciada, climatização e luminosidade especial, que são essenciais para a reprodução das situações imersivas. Geralmente é acrescida de espaços auxiliares para exposições, oficinas,

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136 palestras e demais atividades e, em alguns casos, integra observatórios e museus de ciências.

A didática em Planetários

O ensino não-formal ocorre de forma organizada e estruturada fora do sistema escolar, onde há a promoção de atividades e situações previamente elaboradas e voltadas a todas as faixas etárias e grupos sociais, não objetivando um sistema de trocas como ocorre nas escolas e instituições formais, como por exemplo, avaliações e certificações (LABELLE, 1981).

A didática estrutural dos planetários segue as características supracitadas, pois baseia suas atividades na “intencionalidade na ação, no ato de participar” (GOHN, 2006, p.29). Existindo assim, certa organização dos conteúdos e práticas oferecidas, de forma mais flexível em relação ao que encontramos na educação formal, que não se segue um currículo rígido e pragmático como o escolar, tampouco se fixa o tempo despendido para o ensino e também para a aprendizagem desses conteúdos, atentando para “as diferenças e capacidades de cada um e cada uma” (GADOTTI, 2005, p.2).

Libâneo (2001) destaca que o processo educativo tem caráter mediador e está fortemente ligado à comunicação e interação dos indivíduos com o conhecimento científico, entre si, com os próprios mediadores, com o ambiente e com a sociedade, e no qual ocorre a assimilação de saberes, habilidades, técnicas, atitudes e valores (p.7). E os Planetários podem ser potenciais educacionais que contemplam tais características com suas diversas atividades pré-estruturadas.

Em relação aos saberes: a base conceitual dos Planetários é a Astronomia, porém sendo esta uma ciência abrangente, permite que vários campos do saber sejam agregados em uma atividade conjunta, epistemológica e didaticamente articulada (BISHOP, 1979; OTHMAN, 1991; BARRIO, 2002; SALVI & BATISTA, 2006; MARTINS, 2009), Assim, podem ser proporcionadas atividades interativas de ensino e divulgação científica, voltadas para qualquer tipo de público visitante, possibilitando a (co) (inter) relação com diversas áreas do conhecimento (como com a biologia na busca de vida exoplanetária, matemática no cálculo de órbitas, geografia nos estudos geoplanetários, química nas fusões intraestelares, física na

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137 mecânica celeste, além da história e influências dos astros nas diversas culturas com o passar dos anos, etc.).

Em relação às habilidades e técnicas: de acordo com a Teoria Sócio Cultural de Vygotsky, os processos sociais e psicológicos humanos se formam por meio de ferramentas e artefatos culturais que medeiam a interação entre indivíduos e entre esses e seus envolvimentos físicos (WERTSCH, 1993). O próprio surgimento da Astronomia se deu da habilidade do ser humano em identificar regularidades, prever fenômenos naturais e a partir daí se desenvolver histórico, social e culturalmente, e continua a motivar o aprimoramento científico e tecnológico, objetivando-se uma melhor compreensão do cosmo.

Em relação às atitudes e valores: A ciência é uma forma de compreender o mundo do qual fazemos parte, tanto para fins de sobrevivência quanto de progresso subjetivo, social e tecnológico. Porém, quando se toma uma vertente racional, pautada na explicação de fenômenos, processos e interações, baseando-se unicamente em teorias, dados empíricos e modelagens, sem nenhuma conexão com os valores e experiências humanas, esse conhecimento científico se torna descontextualizado (Lacey, 2009). A Astronomia surgiu há milênios atrás, e vem se desenvolvendo cada vez mais ao longo da história, com um objetivo fortemente enraizado de se compreender o lugar do homem no cosmos. Assim, as sessões de cúpula desenvolvidas no espaço dos Planetários podem contribuir para uma discussão a respeito dos valores sociais, ambientais, éticos e tantos outros, que são essenciais para a preservação e melhores condições da vida em todos os seus aspectos.

Considerações Finais

Sendo evidenciada a potencialidade da Astronomia em atender aos princípios, valores e desenvolvimento social, não se deve limitá-la à racionalidade de explicação estrutural de conceitos e fenômenos, mas sim promover uma interação com cada indivíduo dentro de seu contexto social, mostrando seu valor diante de suas capacidades e habilidades, que conjuntamente com os demais integrantes de seu meio, promovem o avanço da sociedade através dos saberes adquiridos. Nas sessões de cúpula, tidas como momentos de imersão e interação dos visitantes com

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138 os fenômenos celestes, se promovem reflexões a respeito do lugar do ser humano no cosmos, de sua inteligência e capacidades para compreender a natureza celeste, e da importância em se considerar e respeitar os valores sociais, morais, religiosos e tantos outros que são intrínsecos à subjetividade do homem e também da coletividade humana.

Referências Bibliográficas

BARRIO, J. B. M. El planetário: um recurso didáctico para la enseñanza de la astronomia. 2002. Tese (Tesis Doctoral) - Universidad de Valladoid, Facultad de Educación y Trabajo Social, Departamento de Didáctica de las Ciencias Experimentales y Geodinâmica, Valladoid, 2002.

BISHOP, J. E. The educational value of the planetarium. Planetarian, v. 8, p. 1-6, 1979.

CHAGAS, I. Aprendizagem não formal/formal das ciências: relações entre os museus de ciência e as escolas. Revista de Educação, v. 3, p. 51-59, 1993.

DIERKING, L. D. Lessons without limit: how free-choice learning is transforming science and technology education. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 12, p. 145-160, 2005.

FALK J. H.; STORKSDIECK, M. Learning science from museums. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 12, p. 117-143, 2005.

GADOTTI, M. A questão da educação formal/não-formal. In: INSTITUT INTERNATIONAL DES DROITS DE L’ENFANT (IDE). Droit à l’éducation: solution à tous les problèmes ou problème sans solution? Sion (Suisse), 2005. p.1-11.

GOHN, M. G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação, v. 14, n. 50, p. 27-38, 2006.

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139 LABELLE, T. J. An introduction to the nonformal education of children and youth. Comparative Education Review, v. 25, n. 3, p. 313-329, 1981.

LACEY, H. O lugar da ciência no mundo dos valores e da experiência humana. Scientiae Studia, São Paulo, v.7, n.14, p.681-701, 2009.

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar, Curitiba, n.17, p.153-176, 2001.

MARTINS, C. O planetário: espaço educativo não-formal qualificando professores da segunda fase do ensino fundamental para o ensino formal. 2009. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2009.

OTHMAN, M. Science education in a planetarium. Astronomical Society of Australia. v. 9, n. 1, p. 69-71, 1991.

ROMANZINI, J. Construção de uma sessão de cúpula para o ensino de Física em um Planetário. 2011. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.

SALVI; R.; BATISTA, I. L. Perspectiva pós-moderna e interdisciplinaridade educativa: pensamento complexo e reconciliação integrativa. Ensaio, v. 8, n. 2, p. 147-160, 2006.

VIEIRA, F. Identificação do céu. 3. ed. Rio de Janeiro: Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, 2002.

VIEIRA, V.; BIANCONI, M. L.; DIAS, M. Espaços não-formais de ensino e o currículo de ciências. Ciência e Educação, v. 57, n. 4, p. 21-23, 2005.

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140 WERTSCH, J. “Forword”. In: L. S. VIGOTSKY e A. R. LURIA (Ed.), Studies on the History of Behavior: Ape, Primitive and Child (pp. ix-xiii). Hillsdale NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

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