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O uso do cinema educativo na educação pré-escolar e nas escolas do 1º ciclo do ensino público, semiprivado e privado no concelho de Vila Real

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA

O uso do Cinema Educativo na Educação Pré-Escolar e

nas escolas do 1.º Ciclo do Ensino Público, Semiprivado e

Privado no concelho de Vila Real

Dissertação de Mestrado em Comunicação e Tecnologia Educativas

Cátia Catarino Fontes Crespo

Orientadores:

Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola (UTAD)

Professora Doutora Manuela Raposo Rivas (Universidade de Vigo)

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA

O uso do Cinema Educativo na Educação Pré-Escolar e

nas escolas do 1.º Ciclo do Ensino Público, Semiprivado e

Privado no concelho de Vila Real

Dissertação de Mestrado em Comunicação e Tecnologia Educativas

Cátia Catarino Fontes Crespo

Orientadores:

Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola (UTAD) Professora Doutora Manuela Raposo Rivas (Universidade de Vigo)

Composição do Júri:

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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Dissertação de Mestrado na área de Tecnologia Educativa/Comunicação Educacional, de acordo com o disposto no artigo 21º do Decreto-Lei 216-92, de 13 de outubro, apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Às minhas avós Conceição e Maria.

Pela capacidade de resiliência com que conduziram as suas vidas. Pela abnegação e amor para com todos.

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Agradecimentos

Chegou ao fim esta longa jornada; olhando para trás, pairam tenuemente as recordações do longo caminho que foi desenhado até este momento.

Começo por agradecer ao meu orientador Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola e co- orientadora Professora Doutora Manola Raposo Rivas (Universidade de Vigo) pelo seu excelente trabalho de orientação, sábios conselhos, exigência, disponibilidade e amizade.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro por me ter acolhido durante todo o meu percurso académico.

Aos Diretores dos Agrupamentos, Coordenadores, Professores do 1ºciclo e Educadores de Infância, do concelho de Vila Real, e aos alunos, os meus sinceros agradecimentos.

Um agradecimento muito especial às minhas grandes amigas Nata e Bela pelo seu apoio inestimável. Sem elas seria tudo muito mais difícil.

À minha amiga Andreia Barbosa e amigos Hugo Azevedo e Miguel Barroso por todo o auxílio, apoio, espírito de sacrifício, carinho e amizade.

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Índice Geral

Agradecimentos ... v

Índice Geral ... vii

Índice Tabelas ... viii

Resumo ... xi

Abstract ... xiii

Resumen ... xv

Lista de abreviaturas e siglas ... xvii

Introdução ... 1

Capítulo I - O CINEMA EM CONTEXTO EDUCATIVO ... 5

Nota Introdutória ... 7

1. A Comunicação através da imagem ... 8

1.1.Imagem - Conceito ... 8

1.2. Os primórdios da imagem ... 10

1.3. A imagem na Idade Média ... 11

1.4. A imagem do Século XV ao século XVIII ... 13

1.5. A fotografia em movimento e o “boom” do cinema... 15

1.6. Da televisão à imagem virtual ... 17

1.7. Importância da imagem ... 19

2. O valor pedagógico do cinema ... 24

2.1 O Cinema como ferramenta educativa ... 28

2.2 O cinema na sala de aula ... 31

2.3. O cinema em Portugal ... 37

2.4. Os Cineclubes e aCinemateca Nacional ... 43

A Cinemateca Portuguesa ... 46

Breve história da evolução da cinemateca Nacional: ... 47

MISSÃO E ATIVIDADES ... 48

Capítulo II - DESENHO E DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO ... 51

Nota Introdutória ... 53

1. Desenho Metodológico ... 54

2. Questões da Investigação ... 55

3. Objetivos da Investigação ... 56

4. Instrumentos de Recolha de Dados ... 57

5. Organização e tratamento dos dados recolhidos ... 60

Capítulo III - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS ... 61

Nota Introdutória ... 63

1. Caracterização dos Diretores/Coordenadores, Educadores/Professores e Alunos ... 64

2. Análise dos objetivos ... 67

2.1. Utilização do cinema educativo no contexto educativo ... 67

2.2. Razões da utilização/ não utilização do cinema educativo ... 71

2.3. Frequência de utilização do cinema educativo no contexto educativo ... 74

2.4. Finalidades da utilização do cinema ... 77

2.5. Preferências dos alunos do 3.º e 4.º anos de escolaridade quanto aos filmes e aos seus heróis (ínas) favoritos (as) ... 78

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2.7. Atividades que podem ser realizadas com o cinema educativo ... 88

2.8. Contributo do cinema educativo na aprendizagem dos alunos ... 90

2.9. Forma como os diretores/coordenadores apoiam a utilização do cinema educativo ... 91

Capítulo IV - CONCLUSÕES E REFLEXÃO FINAL ... 97

Nota Introdutória ... 99

1. Discussão e conclusão dos resultados ... 100

1.1. Utilização do cinema educativo no contexto educativo ... 100

1.2. Razões da utilização/ não utilização do cinema educativo ... 101

1.3. Frequência de utilização do cinema educativo no contexto educativo ... 101

1.4. Finalidades da utilização do cinema ... 102

1.5. Preferências dos alunos do 3.º e 4.º anos de escolaridade quanto aos filmes e aos seus heróis (ínas) favoritos (as) ... 102

1.6. Formação e necessidades formativas quanto ao cinema educativo ... 103

1.7. Atividades que podem ser realizadas com o cinema educativo ... 103

1.8. Contributo do cinema educativo para a aprendizagem dos alunos ... 104

1.9. Forma como os diretores/coordenadores apoiam a utilização do cinema educativo ... 104

2. Reflexão final ... 105

3. Limitações e constrangimentos da investigação ... 106

4. Implicações e desenvolvimentos futuros ... 107

Bibliografia ...109

Webgrafia ...111

Referências Legislativas ...112

ANEXOS ...113

Anexo I - Pedido de Autorização aos Encaregados de Educação ... 115

Anexo II - Questionário Diretores e Coordenadores ... 117

Anexo III - Questionário aos professores e educadores de infância sobre o Cinema como Recurso Didático ... 121

Anexo IV - Questionário dirigido aos alunos do ensino básico sobre o cinema como recurso didático ... 129

Índice Tabelas Tabela 1: Síntese das características das imagens segundo Uned (1978) ... 23

Tabela 2: Iniciativas e projetos de integração do cinema em contexto educativo. ... 38

Tabela 3: Relação dos objetivos da investigação com as perguntas de investigação e os diferentes questionários. ... 58

Tabela 1.1: Caracterização dos diretores e do seu meio escolar ... 64

Tabela 1.2: Caracterização dos Educadores/Professores e do seu Meio Escolar ... 65

Tabela 1.3: Caracterização Alunos ... 67

Tabela 2.1.1: Visualização de filmes na escola segundo os alunos ... 68

Tabela 2.1.2: Utilização de material de apoio sobre o filme ... 69

Tabela 2.1.3: Local da projeção de filmes ... 69

Tabela 2.1.4: Fatores que podem influenciar a utilização do cinema na sala de aula segundo educadores/professores ... 70

Tabela 2.1.5: Géneros cinematográficos mais adequados para o uso em educação na ótica dos educadores/professores ... 71

Tabela 2.2.1: Razões para utilizar o cinema ... 73

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Tabela 2.3.1: Frequência de uso do cinema educativo e componente do currículo/ conteúdo onde

é usado ... 75

Tabela 2.3.2: Avaliação da experiência de uso do cinema... 75

Tabela 2.3.3: Género de filmes mais utilizados no contexto educativo ... 76

Tabela 2.4.1: Finalidade do uso dos filmes ... 77

Tabela 2.4.2: Material de apoio sobre o filme usado pelos diretores de agrupamento e coordenadores sem componente letiva ... 78

Tabela 2.5.1: Perceção dos alunos sobre a visualização de filmes... 79

Tabela 2.5.2: Filmes visualizados recentemente pelos alunos ... 79

Tabela 2.5.3: Filmes preferidos dos alunos ... 80

Tabela 2.5.4: Justificação das preferências dos alunos... 81

Tabela 2.5.5: Filmes que os alunos menos gostaram de ver ... 81

Tabela 2.5.6: Justificação das escolhas dos alunos ... 82

Tabela 2.5.7: Herói preferido dos alunos ... 82

Tabela 2.5.8: Herói preferido dos alunos ... 83

Tabela 2.5.9: Heroína preferida dos alunos ... 84

Tabela 2.6.1: Formação específica dos educadores/professores sobre o uso do cinema na educação... 85

Tabela 2.6.2: Disponibilidade dos educadores/professores para fazer formação sobre o cinema educativo ... 86

Tabela 2.6.3: Organizador da formação sobre o cinema educativo ... 87

Tabela 2.6.4: Modalidade de formação sobre o cinema educativo ... 87

Tabela 2.6.5: Necessidade de fazer formação sobre o cinema educativo ... 88

Tabela 2.7.1: Atividades propostas aos alunos depois de ver um filme ... 89

Tabela 2.7.2: Atividades preferidas dos alunos depois de ver um filme ... 89

Tabela 2.8.1: Justificações do contributo do cinema educativo na aprendizagem dos alunos ... 91

Tabela 2.9.1: Práticas dos diretores/coordenadores com o cinema educativo ... 92

Tabela 2.9.2: Frequência de utilização do cinema pelos diretores/coordenadores ... 92

Tabela 2.9.3: Quantidade de filmes visualizados por dia ... 93

Tabela 2.9.4: Quantidade de filmes visualizados num ano letivo ... 93

Tabela 2.9.5: Horário da projeção dos filmes ... 93

Tabela 2.9.6: Filmes mais projetados ... 94

Tabela 2.9.7: Idioma de projeção dos filmes ... 94

Tabela 2.9.8: Critérios para selecionar os flimes projetados ... 94

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Resumo

Percebendo a múltipla capacidade de vinculação cultural, informacional e educacional que as imagens têm e partindo do pressuposto que o cinema tem uma função estratégica e pedagógica na sociedade, podendo contribuir para a politização dos indivíduos, surgiu o desejo de estudar o cinema na prática pedagógica nas escolas do 1º Ciclo e Jardins de Infância públicos, privados e semiprivados do concelho de Vila Real. Entende-se então que, se o cinema está presente na vida dos alunos, não pode ser desconsiderado e simplesmente abolido do sistema educativo.

Procurámos enfocar a função pedagógica do cinema, compreender a articulação existente entre as práticas pedagógicas e o cinema, com o registo de imagens e som, por se tratar de um media que continua a circular no ambiente escolar; refletir também sobre a presença do cinema nessas escolas e as possibilidades de uso pelo professor tanto sob o ponto de vista técnico quanto pedagógico.

Utilizou-se como método de pesquisa o estudo de caso, usando inquéritos por questionários traduzidos e adaptados dos questionários realizados por uma equipa de investigação de Raposo Rivas (2009) para levantar o material empírico para triangulação de informações com perguntas voltadas para os três segmentos: docentes, discentes e coordenação pedagógica (diretores). A amostra produtora de dados foi de 6 diretores/coordenadores de estabelecimento, 104 educadores/professores do 1.º ciclo e 301 alunos.

Uma revisão bibliográfica deu suporte para desenvolver a problemática proposta e a análise do material obtido no decorrer da pesquisa.

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Abstract

Taking into account the multiple cultural, informational and educational binding capability of images and assuming that the cinema plays a strategical pedagogical role in society, which can contribute to the politicisation of individuals, a desire emerged to study the role of cinema in the pedagogical practice in public, private and semi-private elementary schools (first four years of teaching) and pre-primary schools in the municipality of Vila Real. It is therefore assumed that if cinema is present in schoolchildren’s lives, it cannot be disregarded and simply abolished from the educational system.

We have attempted to focus on the pedagogical role of cinema, to understand the existing interrelation between pedagogical practice and cinema - with the recording of images and sound -, because this media is still present in schools; and also to reflect on the presence of cinema in those schools and the possibilities of use by teachers both from the technical and pedagogical points of view.

The research methodology used was case studies, using questionnaire surveys that have been translated and adjusted from questionnaires carried out by a Raposo Rivas (2009) research team, in order to collect empirical material for data triangulation, with questions addressed to three segments: teachers, learners and principals. The data-producing sample consisted of 6 principals/coordinators, 104 educators/teachers (first four years of elementary school) and 301 schoolchildren.

A bibliographic review supported the development of the subject matter proposed and the review of the material arising from the research conducted.

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Resumen

Teniendo en cuenta la múltiple capacidad de vinculación cultural, informacional y educativa que tienen las imágenes y partiendo del presupuesto de que el cine desempeña una función estratégica y pedagógica en la sociedad, lo que puede contribuir a la politización de las personas, surgió el deseo de estudiar el cine en la práctica pedagógica en las escuelas del primer ciclo de educación primaria y de educación infantil, pública, privada y concertada del ayuntamiento de Vila Real. Se entiende entonces que si el cine está presente en la vida de los estudiantes, no puede ser despreciado y simplemente abolido del sistema educativo.

Hemos tratado de centrarse en la función pedagógica del cine, comprender la relación existente entre las prácticas pedagógicas y el cine, con el registro de imágenes y sonido, por tratarse de un medio que sigue circulando en el entorno escolar; reflexionar también sobre la presencia del cine en estas escuelas y las posibilidades de uso por parte del docente, tanto a nivel técnico como desde el punto de vista pedagógico.

Se utilizó como método de investigación un estudio de casos, a través de encuestas por cuestionario, traducidos y adaptados de los cuestionarios realizados por un equipo de investigación gallego (Raposo Rivas, 2009) para recoger el material empírico para la triangulación de información con preguntas dirigidas a tres sectores: profesores, estudiantes y de coordinación docente (directores). La muestra productora de datos fue de 6 directores / coordinadores, 104 educadores /profesores del primer ciclo y 301 estudiantes.

La revisión de la literatura ha dado apoyo para desarrollar la problemática propuesta y el análisis del material obtenido durante la investigación.

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Lista de abreviaturas e siglas

Esta dissertação utiliza as várias abreviaturas:

CCV CPC FPCE JCE 1.ºCEB Cineclube de Viseu

Clube Português de Cinematografia

Federação Portuguesa das Coletividades de Educação Juventude-Cinema-Escola

Primeiro Ciclo do Ensino Básico

QA Questionário dos Alunos

QDC Questionário Diretores de Agrupamento e Coordenadores de Estabelecimento

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O último século é denominado o século da tecnologia. Nos últimos vinte anos, temos assistido a uma grande evolução dos meios tecnológicos e científicos, alterando radicalmente a condição humana, influenciando todos os setores de atividade, fomentando o aparecimento de novas tendências e de uma nova condição, chegando mesmo a questionar se não estamos perante o aparecimento de um novo ciclo designado pós-humano, onde a dependência da tecnologia é levada a um tal estado que é impossível desligar a condição humana do uso e dependência da tecnologia. Contudo, Ela “tanto pode beneficiar como prejudicar o modus

vivendi do Homem” (Lopes, 2007:149).

No que se refere à utilização da tecnologia no contexto escolar, verificamos que tem um significado amplo e que se encontra relacionada com todo o conjunto de recursos, ferramentas, instrumentos, aparelhagens, máquinas, procedimentos, métodos, rotinas, programas, e tudo o que faça parte de uma aplicação sistemática de conhecimentos científicos, com o propósito de resolver problemas práticos. Neste contexto, salienta-se que uma teoria tecnológica da educação é transdisciplinar e consiste na organização dos meios reais necessários à organização do ensino. Além disso, a tecnologia atual vai para além da sua definição, projetando uma era educativa e informativa nunca antes vista no contexto da humanidade; esta nova era é marcada essencialmente pela eliminação das barreiras físicas e pela disponibilidade na partilha constante de conhecimento, tendo como consequência a modificação do próprio sistema educativo e uma revolução na comunicação.

A tecnologia veio revolucionar o ato de comunicar (comunicação, no seu original em latim "communicare", significa “partilhar, participar algo, tornar comum”, sendo a expressão máxima da condição humana e a que permite a transmissão de conhecimentos de geração em geração, e tendo em conta que cada geração irá acrescentar mais informação às gerações seguintes. O ato de comunicar é efetivamente tornar comum o conhecimento que cada um possui para que desta forma se forme a sociedade e a cultura), projetando os media para uma dimensão nunca antes vista, transformando o mundo numa verdadeira “aldeia global”. No entanto, a estrutura em si mantém-se inalterável; por exemplo, por muitas mutações que o canal comunicativo sofra, a comunicação é sempre feita de forma a transmitir uma mensagem, sendo necessário os seguintes intervenientes: um emissor, que é um sujeito que codifica e envia a mensagem para um recetor; o recetor, que é o destinatário da mensagem; um sujeito que recebe e descodifica a mensagem enviada pelo emissor; a mensagem, que é o conteúdo da

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informação transmitida; e o código utilizado, que é o conjunto organizado de signos e regras que devem ser conhecidos pelo emissor e pelo recetor para que a comunicação se processe. Tudo isto funciona sobre um canal, que é o meio físico pelo qual é transmitida e onde circula a mensagem; por fim, a mensagem só terá sucesso na sua transmissão se um último parâmetro se cumprir, que é o contexto, conjunto de circunstâncias onde a mensagem é produzida e recebida. Estes são os elementos comuns a todos os esquemas de comunicação, quer sejam de alta tecnologia, como a internet e a televisão, ou simplesmente o quadro da sala de aula ou uma imagem, seja ela impressa ou projetada em equipamento de multimédia, estática ou em movimento (vídeo), estando sempre presentes quando se inicia um processo de comunicação; apesar de nem sempre pensarmos em todos eles, estão sempre presentes, na medida em que se falhar um elemento, todo o processo de comunicação é perdido, e a mensagem não chega ao destino. No entanto, neste contexto, salientamos um novo elemento comunicacional que se refere à motivação que leva o emissor a enviar uma mensagem e o recetor a estar disponível/motivado para a receber. Assim, o princípio impulsionador do uso da tecnologia educativa está diretamente ligado ao potencial motivador que estes recursos, como a imagem e o cinema, têm sobre os alunos para lhes estimular o raciocínio e lhes despertar a consciência, competindo ao professor usar e manipular essas ferramentas de forma a motivar e direcionar o pensamento de acordo com um objetivo estabelecido.

Atualmente, os meios de comunicação entram nas nossas casas, ocupam-nos grande parte do tempo de lazer e transformam-se em companhia no decurso de uma viagem, tornando-se impensável viver na atualidade sem a televisão, ainda que ligada meramente para fazer “barulho”, sem a rádio, que em lugares isolados e recônditos são a companhia de milhares de idosos que vivem no isolamento, sem a imprensa escrita, que diariamente leva às populações as novidades e as notícias de todo o mundo, o cinema, considerado a sétima arte e de todas é a primeira, e a internet, que se tornou meio de investigação, de ensino, de comunicação, de lazer, de partilha de experiências, entre tantas outras coisas. Estes meios indispensáveis à vida do homem tornaram-no num novo ser dependente da tecnologia, que dela se apropria e que a adapta à medida das suas necessidades, adequando-a à sua realidade.

A invenção dos satélites, das telecomunicações e consequentemente a expansão da informática e a massificação do uso da internet transformaram os media numa poderosa força que ultrapassa atualmente o caráter informativo, trazendo novos desafios e novas abordagens à realidade, à qual a escola não pode deixar de ser sensível, uma vez que esta mantém o seu

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papel, reforçado, de preparar os jovens para uma participação ativa enquanto futuros adultos, conscientes de si, e responsáveis pela continuação de uma estrutura cultural sustentável, de comunicação e de relação para com o outro. A escola deve então promover uma educação para a utilização saudável da tecnologia, que sirva as necessidades cognitivas humanas, e não uma subjugação escrava do humano em relação à tecnologia, como se pode atualmente constatar com os fenómenos de “fanatismo” sobre o desejo de posse das últimas novidades tecnológicas ou nos casos de invasão e informação desnecessária ou descontextualizada. Esta começa a levantar problemas ao homem e às instituições, preocupando pais, pedagogos e a sociedade em geral, sendo urgente tomar medidas de forma a proteger as novas gerações de condutas destrutivas e castradoras do pensamento crítico em relação à vida em sociedade. Exemplo disso é a massificação do desejo dos jovens de ambicionar sempre o último modelo de smartphone, promovendo um consumismo desnecessário e prejudicial; ou idolatrarem ídolos, como o cantor Justin Bieber, cuja conduta influencia desmesuradamente milhares de jovens por todo o mundo. Compete à escola de hoje assumir não só um papel de reprodutor/emissor de conhecimento, mas também as funções de ensinar a comunicar e a interpretar os media para que as novas gerações possam crescer num ambiente tecnologicamente saudável.

Ao longo das últimas décadas, a escola tem enfrentado dilemas consideráveis em torno das possibilidades de práticas pedagógicas devido à rápida evolução tecnológica que se tem verificado. Na verdade, o professor tem sentido dificuldades em desenvolver o trabalho pedagógico que integre o audiovisual, a hipermédia e a narrativa do cinema. Por isso, é preciso avaliar o modo como são utilizadas as tecnologias que circulam no ambiente escolar como: o computador, o quadro interativo, a fotografia e, em particular, o cinema enquanto veículos para abordar e desenvolver os conteúdos didáticos.

Centrando o nosso olhar nessa “invasão” tecnológica nas práticas pedagógicas, propomos explorar o cinema na escola, procurando investigar se é utilizado, como é que isso acontece, com que métodos didáticos e comparar com um estudo já realizado em Espanha na investigação “El uso del cine según el professorado de Educacíon Primaria”( Raposo Rivas; Gorgoso; Rodríguez, 2009)

Pesquisamos a relação do cinema com a prática pedagógica, partindo do olhar dos três segmentos: discentes, docentes e coordenação, por meio de inquérito por questionário.

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Em linhas gerais objetivamos despertar o interesse pela arte cinematográfica, ressaltando sua importância como veículo de comunicação e expressão da sensibilidade humana.

O trabalho que aqui apresentamos foi realizado entre 2014 e 2015. O seu conteúdo encontra-se estruturado em duas partes principais, contendo capítulos. Uma primeira parte, que apresenta o enquadramento teórico e conceptual da investigação, e uma segunda parte, que se refere ao contexto metodológico do trabalho realizado, seguido da apresentação da investigação empírica propriamente dita e os resultados. Esta dissertação agrupa ainda as referências bibliográficas utilizadas, bem como um conjunto de anexos que agrupam informações pertinentes complementares ao trabalho realizado.

Cada capítulo aborda uma temática específica e é iniciado por uma nota introdutória, onde se apresentam os diversos pontos que o constituem.

No capítulo I, fazemos uma breve resenha da evolução da imagem e do cinema enquanto fonte de comunicação, desde a sua origem até aos dias de hoje (…)

No capítulo II, expomos a Metodologia de Investigação usada neste estudo, os procedimentos da investigação seguidos, designadamente as opções metodológicas, a caracterização da amostra assim como as técnicas e instrumentos de recolha e as opções tomadas relativamente ao processo de organização, tratamento e análise de dados.

No capítulo III, referente à “Apresentação dos resultados e Conclusões”, apresentamos uma síntese dos resultados da investigação, seguindo uma lógica coerente de organização interna e destacando os aspetos mais salientes face aos objetivos formulados inicialmente e à argumentação teórica que nortearam o estudo, assim como as principais conclusões a que chegámos.

No capítulo IV, expomos os resultados do nosso trabalho assim como a reflexão final acerca dos resultados.

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Capítulo I

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Nota Introdutória

Este capítulo visa a explicitação do quadro teórico-conceptual da nossa investigação. Obedeceu a uma profunda revisão da bibliografia onde procurámos aprofundar, essencialmente, questões sobre o cinema em contexto educativo. No ensejo que a revisão crítica da literatura fosse de qualidade, estabeleceram-se critérios, tais como a clareza, a sequência lógica, a relevância, a atualidade, o carácter empírico e a independência para contextualizar a temática abordada.

Efetivamente acredita-se que a ideia do cinema nasceu a partir da necessidade de o homem se expressar e que evoluiu ao longo dos anos, o que permitiu que este se tornasse um potente meio de comunicação e de expressão. Evoluções que dizem respeito tanto ao aperfeiçoamento da técnica quanto ao do conteúdo. O cinema dos primórdios trabalhava com ideias reais, enquanto o cinema contemporâneo trabalha com a ficção. A sua função primordial é o entretenimento, sendo o prazer encontrado pelos indivíduos o aspeto relevante que aproxima o espectador da imagem em movimento.

Nesse sentido, consideramos que o uso do cinema pode servir de base para analisar a sociedade e fomentar a discussão de assuntos relevantes que visam contribuir para a formação e socialização dos alunos na contemporaneidade. Napolitano (2009) enfatiza que infelizmente a cultura cinematográfica dos sujeitos encontra-se cada vez mais limitada e restrita a um tipo de cinema, ou seja, o cinema comercial americano. Diante dessa realidade, cabe à escola, local privilegiado para se trabalhar o saber científico e sistematizado, propiciar momentos para que os alunos se apropriem da diversificação da cultura audiovisual. Para tal, o autor salienta que o professor exerce a função de mediador do conhecimento e ocupa o papel fundamental nas atividades que envolvem a análise de filmes na sala de aula. Cabe-lhe a ele incentivar o aluno a realizar leituras ambiciosas, pesquisas aprofundadas sobre o tema proposto, com intuito de torná-lo um espectador crítico e exigente.

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1. A Comunicação através da imagem

1.1.Imagem - Conceito

É no passado longínquo que a imagem encontra a sua origem. Este termo deriva do latim “imago” e significa representação visual de objeto, designa reprodução, representação, retrato. Da palavra imagem derivam outras palavras, como: imaginar, imaginação, imaginativo, imaginário, entre outras1.

Se dividirmos a palavra nos seus elementos constituintes (lat. I – MAG- O), podemos verificar a igualdade etimológica com os elementos constituintes (MAG-IA). A imagem foi a primeira forma que o homem encontrou para registar e transmitir conhecimentos de forma objetiva e clara. Foi, nos tempos mais recuados da vida do homem, a forma encontrada para comunicar com os outros. O seu produto tinha como base a observação do mundo à sua volta e os recursos utilizados foram todos aqueles que a experiência lhe permitiu descobrir.

Recuando no tempo, ao grego antigo, o vocábulo imagem corresponde ao termo eidos, raiz etimológica do termo idea ou eidea, cujo conceito foi desenvolvido por Platão no seu idealismo2, que considerava a imagem como uma projeção da mente. Aristóteles, por sua vez, considerava a imagem uma aquisição dos sentidos, uma representação mental do objeto/ objeto real, fundamentando a teoria do realismo.

Há milhares de anos, antes da escrita, a imagem era o principal recurso linguístico de que o homem dispunha para comunicar e para perpetuar a cultura que foi desenvolvendo ao longo dos séculos. Apesar do seu triunfo apoteótico na contemporaneidade, é no passado que a imagem reencontra a sua origem. Prova disto são por exemplo, as pinturas rupestres nas cavernas da era do Paleolítico Superior, a Vénus de Willendorf que representava os corpos

1 DicionárioPriberam (http://www.priberam.pt/dlpo/imagem 26-05- 14, 12:11m)

2 O idealismo de Platão parte do pressuposto da existência de dois mundos: o inteligível e o sensível. O primeiro, o mundo das

ideias, eterno e imutável, onde está a essência de tudo o que existe no mundo sensível, sendo este um espelho/cópia dos conceitos, puros e verdadeiros, existentes no mundo inteligível. O mundo sensível é visto como uma réplica da verdade captada pelos sentidos humanos que, apesar de terem a ideia do real, nunca a sentem na sua verdadeira essência, considerando por isso que os sentidos são enganadores e fonte de erros e equívocos, concluindo por isso que a verdade só pode ser alcançada pela razão que está em contacto direto com os mundos das ideias. Para Aristóteles, não é possível pensar uma coisa sem lhe atribuir uma substância, uma quantidade, uma qualidade, uma atividade, uma passividade, uma posição no tempo e no espaço, ou seja, separando a ideia do objeto, considerando a existência de duas espécies de Ser: os verdadeiros, que subsistem por si, e os acidentes. Quando se morre, a matéria fica; a forma, o que caracteriza as qualidades particulares das coisas, desaparece. Os objetos sensíveis são constituídos pelo princípio da perfeição (o ato), são enquanto são e pelo princípio da imperfeição (a potência), através do qual se lhes permite a aquisição de novas perfeições. O ato explica a unidade do ser, a potência, a multiplicidade e a mudança.

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femininos, as grutas de Lascaux, os cromeleques, os dólmens e os menires do neolítico, os defuntos pintados de variadas cores na Idade do bronze, as pinturas de santos e divindades na Idade Média. Fica assim evidente a necessidade que os nossos antepassados sempre tiveram de se perpetuarem no tempo através de figuras visíveis. São provas visíveis da luta constante do homem perante a morte, ou seja, perante a nadificação dos seus corpos e das suas gentes. Segundo Régis Debray, o nascimento da imagem ocorre exatamente pela morte, pela sua inconformidade perante a finitude da condição humana. Assim, a imagem, como o «terror domesticado»(Debray, 1992:6) e como esperança de vida eterna «(…) atestaria (…) o triunfo da vida, mas um triunfo conquistado sobre a morte e merecido através dela.» (idem, p.10). Encontramos nos rituais funerários das civilizações antigas o uso da imagem como evocação de uma vida perene. No caso da civilização egípcia, o culto pelos antepassados exigia que estes permanecessem em imagem. Neste sentido, aprimoravam-se no arranjo dos sepulcros onde reconstituíam o meio quotidiano. O sepulcro deveria receber um corpo para residir, quer fosse o cadáver mumificado ou a estátua do falecido. É curioso porque a designação egípcia para escultor era nada mais do que «aquele que mantém vivo».

Na antiguidade grega, os rituais fúnebres também ficavam marcados pelo seu recurso à imagem, uma vez que após a incineração dos corpos dos heróis, utilizavam uma imagem evocatória onde o morto gozava de uma vida plena.

Os gregos valorizavam a vontade de “ver” ao ponto de Régis Debray afirmar que «(…) viver, para um Grego antigo, não era, como para nós, respirar, mas ver, e morrer era perder a visão» (idem, p.11).

No que concerne aos costumes fúnebres da sociedade arcaica de Roma, Régis Debray, designa por «queda dos corpos e ascensão dos duplos» (idem, p.11), na medida em que após o enterro do cadáver todo o ritual funerário se centra em torno da sua imagem.

Todos os rituais funerários das civilizações antigas revelavam o medo da morte e a esperança que o homem depositava na imagem como o prolongamento da vida. Porém, o culto da imagem não foi uma prática aceite pelo Cristianismo. Podemos analisar no Antigo Testamento: «Não farás para ti imagens esculpidas nem qualquer imagem do que existe no alto dos céus, ou do que existe em baixo, na terra, ou do que existe nas águas, por debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhe prestarás culto» (idem, p.11). Esta proibição associa-se ao receio de idolatria (eidola-latreia) que o povo pagão prestava às suas imagens. Este conceito, idolatria, contém uma significação negativa no mundo cristão, uma vez que se

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entendia como adoração de objetos que se tornavam em falsos deuses. Com o passar do tempo, o recurso à imagem assume diversas finalidades. Por exemplo, no Renascimento, surgido entre os séculos XIV e XVI, a imagem que provinha dos quadros e das esculturas tinha como intenção a representação do real. Marcada pelo antropocentrismo que reinava na época, os artistas procuravam através de novas técnicas pintar e talhar a pedra, de modo a transmitir mais fidedignamente a realidade. Era também através da arte que se procurava transmitir e difundir novos valores e estilos de vida. Como já foi referido, o ser humano depositava na imagem a vontade de reproduzir o real, tal como o desejo de perpetuar a sua existência. Neste sentido, não se limitou às paredes das grutas nem tão pouco às telas, e lançou-se na investigação de técnicas que permitissem aperfeiçoar a construção e a produção de imagens. Ao longo dos séculos, há imagens que se perpetuarão na história nascidas das mãos de grandes mestres, tais como Leonardo Da Vinci, Miguel Ângelo, Rubens, Velasquez, Renoir, Monet, Van Gogh, Pablo Picasso.

Neste sentido, Fontanella (2006: 24) informa que no princípio, a imagem produzida pelo homem mostrava elementos muito simples «representando os seres tal como eram percecionados» tendo alcançado «elevada mestria» numa «sequência de fases cada vez mais elaboradas» dominando, progressivamente, «formas e materiais» cujo conhecimento foi transmitindo de geração em geração.

1.2. Os primórdios da imagem

A imagem foi a primeira forma para registar e transmitir conhecimentos. Essa primeira imagem teve como suporte a observação do mundo pelo homem, e os recursos utilizados para o seu registo foram aqueles que a experiência lhe permitiu descobrir. Neste âmbito, Oliveira (1996) considera que, para além das próprias mãos e dedos, imbuídos de substâncias naturais cromáticas que permitiram ao Homem registar as primeiras imagens, com o tempo, aprendeu também a utilizar, como instrumentos de escrita pela imagem, pedaços de madeira carbonizada e outros materiais que, pela sua dureza, possibilitavam gravar sulcos sobre as superfícies das rochas e das paredes das cavernas, que constituíram os primeiros quadros murais usados pelo Homem para transmitir o saber, instituindo-se o que hodiernamente denominamos de arte rupestre.

Verifica-se que os olhos e os ouvidos captam e compreendem todos os estímulos do mundo envolvente, possibilitando, a posteriori, a sua evolução no mundo de forma natural e social.

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Ao mesmo tempo que toma consciência do mundo, o ser humano vai obtendo, através da visão e da audição, conhecimentos básicos que lhe possibilitam interagir com a comunidade, munindo-se da forma mais completa, potenciadora e versátil de comunicação – a linguagem verbal.

Segundo Gomes (2007:109), “a imagem, foi nos tempos mais recuados da vida do homem, a primeira forma de comunicação, aquela que lhe permite comunicar com os outros, mesmo na sua ausência, desafiando a barreira do tempo.”

1.3. A imagem na Idade Média

A Idade Média é o marco do regresso do ideal de formação grega, cujo propósito é a revalorização, o ensino e a formação de todos os cidadãos.

Neste período (séc. VIII a XV), só uma pequena minoria tinha acesso à cultura e ao conhecimento das letras, pelo que ao longo deste período foi valorizada a comunicação pela imagem como instrumento de educação. A transmissão de conhecimentos de cariz religioso era o objetivo primordial. Segundo Oliveira, (1996:45),

“nas grandes catedrais, os espaços são preenchidos com figurações de carácter religioso, quer através de estátuas e de relevos, quer de grandes superfícies cobertas de cenas diversas, obtidas por meio de vitrais, por meio de pinturas e por meio de revestimentos constituídos por minúsculos mosaicos de vidro colorido ou de pequenas pedras, obtendo-se um efeito mais cromático e duradouro do que por meio da pintura” (Oliveira 1996:45).

De acordo com o autor, na época Clássica Greco-Romana as representações tinham três dimensões: altura, comprimento e uma certa noção de profundidade; na Idade Média houve uma espécie de retrocesso na técnica de representação das cenas, visto que lhes falta a terceira dimensão, a noção de profundidade que propiciou o afastamento da noção de perspetiva. É um aspeto notório quando observadas as imagens ilustrativas dos livros desta época, as chamadas «iluminuras», as imagens de painéis pintados nas diferentes igrejas do mundo ocidental ou nas grandes tapeçarias. Predomina o plano representativo, faltando a noção de profundidade.

Nas obras escritas, as imagens desempenham um papel importante, inclusivamente para o povo iletrado, ilustrando o corpo do texto escrito.

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“Através das imagens, algumas de elevada beleza cromática e de grande valor documental, pelo registo de aspetos da vida da época, são desempenhadas duas grandes funções: além de um complemento de informação relativamente ao texto, torna-se possível ao «leitor» iletrado captar uma parte da informação que se pretende transmitir” (Oliveira 1996: 46).

É ainda na Idade Média que a banda desenhada, aliando duas fortes linguagens – icónica e verbal –, encontra os seus antecedentes históricos mais diretos, e segundo Oliveira (1996: 46):

“É nos cancioneiros da Península Ibérica que se encontram alguns dos melhores exemplares de comunicação pela imagem. Embora a técnica de desenho possa não ser inteiramente perfeita, algumas bandas desenhadas medievais têm características avançadas para o seu tempo, retirando a primazia a algumas técnicas frequentemente consideradas modernas e próprias da segunda metade do século XX (…) A presença de legenda em cada imagem funciona como um complemento ou reforço da história que se pretende narrar, constituindo imagem e legenda um texto «scripto-visual»”.

Analisando estas ideias, compreendemos que o valor pedagógico da imagem se torna

de grande importância na medida em que assume uma alternativa ao texto escrito, principalmente para os iletrados, estabelecendo aquilo que Jean Cloutier (1975: 29) aponta como um documento scripto-visual, em que “as ilustrações, as iluminuras, as glosas e os anexos, fazem parte integrante da comunicação” e, que Gomes (2007:112) considera como “uma relevante ferramenta de importância comunicacional, visto que a descodificação da mensagem pode ser decifrada por qualquer pessoa independentemente de saber ler ou escrever”.

A banda desenhada não foi inicialmente considerada importante enquanto recurso educativo, foi vista como um valioso auxiliar na educação posteriormente, uma vez que permitia ampliar capacidades expressivas e desenvolver a competência da comunicação. Qualquer pessoa, mesmo iletrada, pode através da banda desenhada deduzir a mensagem visto que contém elementos icónicos que auxiliam na interpretação.

Neste sentido, a banda desenhada possibilita que os alunos comuniquem e se exprimam naturalmente visto que são suportes audiovisuais adequados para motivar a expressão.

(35)

1.4. A imagem do Século XV ao século XVIII

A partir do século XV regista-se uma nova etapa em termos de evolução do homem e da comunicação. A invenção dos caracteres móveis tipográficos por Johannes Gutenberg, por volta de 1440, proporcionando a composição de textos variados e a sua reprodução valorizou a comunicação e viabilizou a imprensa escrita (Oliveira, 1996:48).

O início de uma nova era na história da humanidade foi marcado pela invenção da imprensa, permitindo que todos pudessem interagir e envolver-se uns com os outros, dando origem a um conjunto de fenómenos provocados pelo aparecimento do documento impresso em detrimento do manuscrito e facilitando a difusão de variadíssimos géneros de imagens, que poderiam ser utilizadas em benefício da educação.

Na visão de Cloutier (1975:33), a invenção da imprensa dá origem ao primeiro medium

de massa, sucedâneo do manuscrito, recuperando-lhe o estilo e os carateres, à semelhança do

sistema de paginação visto que os livros do século XV, pela impressão dos textos na tipografia e pela integração de iluminuras e ilustrações, estabelecem-se como verdadeiras sínteses scripto-visuais. Também os descobrimentos portugueses, iniciados no século XVI, sob a égide do Infante D. Henrique e que culminaram com a chegada ao “novo mundo” Oriente, contribuíram para o engrandecimento do conhecimento científico.

No decorrer do século XVIII, nasceram na Europa obras de divulgação de conhecimentos – as enciclopédias. Nas enciclopédias a comunicação pela imagem tem preponderância relativamente à informação escrita e é o suporte principal de transmissão do conhecimento.

De acordo com Oliveira (1996:49), sob a autoria de D'Alembert, no Discurso

Preliminar existiu o cuidado de fazer, através de imagens, uma minuciosa e rigorosa

representação, para exemplificar a constituição de uma máquina complexa, de forma contínua e simples.

“…os esquemas das máquinas e dos utensílios. Nada foi omitido do que podia mostrá-los distintamente aos olhos. No caso em que uma máquina mereça pormenores pela importância do seu uso e pela quantidade de componentes, passou-se do simples ao composto. Começou-se por juntar numa primeira gravura tantos elementos quantos os possíveis de observar sem confusão. Numa segunda gravura, vêem-se os mesmos elementos com alguns outros» «sem nenhum embaraço nem para a inteligência, nem para os olhos” (D'Alembert, 1964: 236-248, apud Oliveira 1996: 49)

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Neste sentido uma imagem «vale mais do que mil palavras», visto que transmite com rigor ao recetor da mensagem todos os elementos indispensáveis para a sua descodificação.

O surgimento da câmara escura, que ficou conhecida a partir do século XVI e da lanterna mágica no século XVIII, constituíram os antepassados mais longínquos da máquina fotográfica e das máquinas de projetar.

A câmara escura dada a conhecer garças a Leonardo da Vinci, que, nos seus documentos escritos, datados de 1558, executa a descrição do princípio ótico, aludindo à possibilidade de aquisição de imagens com pleno rigor na forma e na cor, por meio da sua projeção sobre uma folha de papel branco. Cerca de três séculos mais tarde, o jesuíta de origem alemã Atanásio Kircher3 inventou a lanterna mágica. Digamos que é o predecessor dos

sistemas de projecção, nomeadamente os diapositivos e o cinema, e consistia num sistema de projeção de imagens – desenhadas à mão sobre lâminas de vidro, sobre um ecrã branco (Oliveira, 1996: 50).

“A comunicação, recorrendo a imagens, através do projector de diapositivos, cujo antecessor é a lanterna mágica, possibilitou outros sistemas de projecção de imagens fixas: o episcópio – projecção de imagens existentes em suportes opacos, tais como livros, enciclopédias, fotografias, postais ilustrados, o retroprojector – projecção não só imagens em suportes transparentes, mas também de objectos opacos, obtendo-se imagens em silhueta, o data display – pequeno ecrã de cristais líquidos que se coloca sobre o retroprojector, para projectar imagens provenientes de um computador” (Gomes, 2007:115).

Estes recursos permitiram que apenas um único aparelho disponibilizasse a informação de forma apelativa a toda uma turma, e percebemos que a projeção de imagens fixas conquistou, ainda que vagarosamente, o campo pedagógico. Neste sentido, Raposo Rivas (2002) afirma que o retroprojetor é

“(um) meio de projecção, por excelência, de imagens fixas, (…) e serve para centrar a atenção dos alunos, melhorar a compreensão, aumentar a quantidade gráfica e economizar tempo. Permite também que o professor mantenha um contacto visual com os alunos e se adapte aos seus ritmos de aprendizagem” (Raposo Rivas, 2002:100).

3 Atanásio Kircher (1601-1680), jesuíta de origem alemã, foi ordenado sacerdote em 1628 e fixou-se em Roma em 1635. Além da

lanterna mágica, inventada em 1650, Kircher é considerado o pai da história da música e inventor de duas máquinas, uma para escrever e a outra para compor música.

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Assim, percebemos que a comunicação pela imagem ganhou gradualmente importância e as suas potencialidades também foram granjeando importância no campo pedagógico.

1.5. A fotografia em movimento e o “boom” do cinema

De acordo com a Enciclopédia Livre Wikipédia, a palavra fotografia deriva das palavras gregas φως [fós] ("luz"), e γραφις [grafis] ("estilo", "pincel") ou γραφη grafê, o que significa "desenhar com luz" ou "representação por meio de linhas", "desenhar". Tendo em conta a mesma fonte, na forma em que atualmente a entendemos, a fotografia, foi conseguida em 1827, século XIX, por Joseph-Nicéphore Niépce.

Com o aparecimento da fotografia e da revolução industrial, a imagem tornou-se num agente de mobilidade.

De acordo com Cloutier (1975:39), a gravação das imagens utilizando uma câmara, a fotografia, “provocou a extensão do mundo da imagem,” que rapidamente “foi notavelmente adoptada pelas instituições de ensino, transformando-se rapidamente num respeitável recurso educativo, nas distintas disciplinas” (Gomes, 2007:117). Neste sentido, Moderno (1984:199) aludira que “ninguém desconhece o impacto que a fotografia e os quadros murais exercem principalmente nas disciplinas de observação: Geografia, História, Biologia, Desenho, etc.”

É em plena revolução industrial, no século XIX, que surge a fotografia, constituindo-se como uma forte revolução em termos de comunicação audiovisual. A sua invenção está associada a diversos nomes, inventores e inventos que se desenvolveram em diferentes momentos, ambientes e regiões do globo.

O fotógrafo inglês William Friese-Green teve um papel muito importante no desenvolvimento da arte da fotografia. Projetou em 15 de novembro de 1889 cenas do quotidiano no Optical Magic Lantern Journal. Em 1895, 1 de novembro, foi a vez dos irmãos Skladanowsky repetirem o feito no Wintergate em Berlim. O fotógrafo paisagista Edward MuyBridge foi o primeiro a desenvolver a experiência de fotografia sequencial recorrendo a várias máquinas para registar o movimento.

A projeção de imagens em movimento surgiu num curto espaço de tempo e ficou a dever-se ao trabalho incessante de fotógrafos, inventores, e industriais de diversas partes da Europa Ocidental e América do Norte.

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Convém aqui destacar os espantosos contributos dos fotógrafos William Dickson para a companhia de Thomas Edison, dos irmãos Skladanowsky de Berlim e dos irmãos Lumière de França, na medida em que foram essenciais para a arte de contar histórias com base em imagens em movimento (Rosenfeld: 1959).

A fotografia foi a propulsora do cinema, pois a imagem fixa, instantânea, obtida pela objetiva da máquina fotográfica, rapidamente se metamorfoseia num todo em que o momento temporal e a ação beneficiam do movimento.

A palavra cinema é, por isso, a abreviatura de cinematógrafo; é a técnica de projetar fotogramas (quadros) de forma rápida e sucessiva para criar a impressão, ilusão de movimento ("kino" em grego significa movimento e "grafos" escrever ou gravar), bem como a arte de se produzir obras estéticas, narrativas ou não, com esta técnica4.

É no início do século XIX que o cinema abre então uma nova página na história da imagem. Desta feita, não se limitando à imagem fixa do mundo, mas incorporando o movimento.

O cinema edifica a grande etapa da contemporaneidade do século XIX na história da comunicação pela imagem, uma consequência da inclusão do movimento. A imagem, até então fixa, ganha a partir desse momento uma importância acrescida no processo comunicacional.

Os desenvolvimentos alcançados no domínio das técnicas da produção da imagem, foram os impulsionadores da invenção do cinema. Assim, foi no século XIX, mais concretamente a 28 de dezembro de 1885, que os irmãos Lumière fascinaram o público parisiense com "extraordinárias" imagens em movimento envoltas num ambiente sem luz de uma sala de cinema onde reproduziram o dia-a-dia dos operários à saída de uma fábrica. A partir desse instante, percebeu-se que o cinema iria trazer algo diferente, tal como o referiu (Giacomantonio, 1976):

“O cinema pode, portanto, dar-nos aquela imagem dinâmica do mundo que a fotografia podia só fazer-nos intuir. E mais: tal como a fotografia podia criar espaços novos, assim o cinema, modificando, a seu bel-prazer, as próprias coordenadas espácio-temporais, pode criar novas dimensões dinâmicas” (Giacomantonio, 1976: 113).

4 Enciclopédia Livre: Wikipédia)

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1.6. Da televisão à imagem virtual

Pelo que temos vindo a expor, percebemos que, ao longo dos séculos, a imagem constituiu um poderoso meio de comunicação. Desde as imagens rupestres à fotografia já no século XIX, o seu poder comunicacional não ficou indiferente à escola. O cinema foi evidentemente mais um marco importante na evolução da imagem. Posteriormente, passou-se ainda pelo desenvolvimento da televisão, um sistema eletrónico de transmissão de imagens e som de forma instantânea.

“A televisão permite a visualização de imagens à distância, projectadas sobre um ecrã, designado por cinescópio, (…) uma válvula de grandes dimensões, formada por um canhão de feixes electrónicos e uma superfície sobre a qual esses feixes, projectados segundo varreduras de linhas horizontais que percorrem o ecrã da esquerda para a direita e de cima para baixo, vão dar origem à formação de imagens, tanto mais perfeitas quanto maior o número de linhas que varrem a superfície do ecrã” (Oliveira, 1996: 59).

Foi dos inventos que mais contribuiu, conjuntamente com a rádio e a imprensa, para a transformação do planeta numa imensa «aldeia global», na medida em que se tornou acessível a um imenso número de pessoas, proporcionando diversão e companhia, e transmitindo informação e formação. A par deste desenvolvimento, o uso dos sistemas de vídeo constituíram um recurso de relevo na vida do homem e consequentemente no ensino, na medida em que proporcionaram passar das imagens limitadas do pequeno ecrã do televisor a grandes ecrãs, transformando a televisão num substituto do cinema, graças à existência de videoprojectores compactos e de elevada qualidade.

“as potencialidades dos sistemas de vídeo no ensino estão consideravelmente aumentadas pelo facto de ser possível passar imagens limitadas do pequeno ecrã do televisor a grandes ecrãs (…) (Oliveira, 1996: 66).

Por volta da Segunda Guerra Mundial, na década de 1980 surge o computador5, como nova máquina tecnologicamente avançada, que permite a difusão da imagem e adquire um carácter familiar, ocupando um lugar ao lado de outros aparelhos de uso doméstico. Progressivamente, começa também a ser introduzido no campo do ensino e torna-se um vocábulo de uso corrente. Paralelamente, aparecem modelos inovadores e programas capazes

5 É “um aparato convencional, a máquina que trata a informação através de um conjunto de dispositivos conectados entre si,

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de executar variadas atividades, não só no arquivo, tratamento de dados e processamento de texto, como na área da produção gráfica e tratamento da imagem, tornando-se mesmo possível a produção de imagens de síntese e a criação de mundos virtuais.

“O computador veio permitir que a imagem até então divulgada pelos livros, revistas, televisão ou vídeo, imagem apresentada, passasse a ser visualizada e modificada através de programas específicos de tratamento de imagem. Assim, cada pessoa pode, individualmente, perante um computador, “trabalhar” a imagem” (Gomes, 2007: 124).

Associada ao computador temos a Internet6, que veio confirmar a vocação universal do computador. Hoje, qualquer cidadão pode aceder a um conjunto de imagens, englobando a videoconferência, a difusão de informação, a troca de mensagens eletrónicas para participar em encontros de informação telemática e enviar correio eletrónico. É inegável a quantidade de imagens a que os jovens podem aceder. Através deste novo medium o homem desenvolve novas formas de comunicação, onde o texto e a imagem se aproximam, incorporando sons e imagens em movimento.

Apesar das imensas evoluções, a imagem conheceu mais ainda. Os meios informáticos desenvolveram-se, permitindo a união da televisão com a informática. Da união de um sistema de leitura de discos compactos de vídeo com a tecnologia informática nasceu um novo tipo de aparelho, geralmente acoplado ao televisor e coexistindo com os já tradicionais gravadores de vídeo de salão – o leitor de vídeo interativo7 – CD-I que é uma sofisticada forma técnica de multimédia interativa, que constitui um suporte capaz de armazenar imagens fixas ou animadas, sons, textos e gráficos, podendo conter num único disco diversos domínios de aplicação. As multissensoriais aceleram e aumentam a compreensão e, além disso, prendem por mais tempo a atenção dos recetores da mensagem, porque os recursos usados pelo multimédia - imagem, som e movimento - têm como objetivo chamar a atenção a cada instante.

A evolução das tecnologias da comunicação tem conhecido um acelerado ritmo, de tal modo que atualmente se utiliza o computador como suporte basicamente passivo para

6 Conglomerado de redes em escala mundial de milhões de computadores interligados pelo protocolo de Internet que permite o

acesso a informações e todo tipo de transferência de dados. A Internet é a principal das novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs). (Enciclopédia Livre: Wikipédia)

7 Segundo Lorenzi (1995: 114-117) é “um conceito novo; não substitui uma tecnologia mais antiga, (…) lembramos que se trata de

um leitor que se coloca debaixo do televisor e uma manete de jogo. Basta em seguida colocar um disco no leitor para começar um jogo interactivo ou a aprendizagem da guitarra, para descobrir a pintura de Van Gogh ou para ouvir um concerto. Estas diferentes facetas do CD-I têm em comum a interactividade: afixa-se no ecrã uma pergunta e compete ao utilizador escolher a resposta certa por meio da pequena alavanca.”.

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difusão de produtos de outras media, como fotos jornalísticas, imagens artísticas, textos de livros, jornais e revistas (...).

De facto, vemos que as novas perspetivas de construção de ambientes virtuais podem conduzir a novas conceções de interação. A imagem virtual proporciona uma outra visão. A realidade virtual é uma simulação ordenada em que se emprega o grafismo para criar um mundo que parece realista, vive dessa interatividade. A interatividade em tempo real define a realidade virtual. Parente (1999: 92) afirma que:

“Alguns símbolos digitados num teclado bastam para criar universos de formas e cores em constante metamorfose ou dar vida a paisagens virtuais. As imagens infográficas podem imitar a natureza, traduzir teorias em formas sensíveis ou mergulhar-nos fisicamente em mundos com propriedades desconcertantes. Essa produtividade das imagens de síntese vem das linguagens simbólicas, liberadas da materialidade da luz. As imagens de síntese são essencialmente abstratas, apesar de oferecerem um aspecto material, visível. Todas as possibilidades funcionais da infografia e o seu papel escritural original nascem desta aliança original entre o formal e o sensível”.

Perante isto, podemos pensar que é difícil dimensionar a verdadeira revolução em curso no campo da imagem e, de modo mais abrangente, no campo do tratamento da informação e da comunicação. No entanto, a imagem passou de um objeto plano, feito unicamente para os olhos, para um espaço no qual podemos incluir objetos que podemos tocar, manipular, ouvir, que resistem e se animam por meio das mãos do recetor da mensagem.

Entendemos que a imagem virtual pode ser um excelente meio de comunicação no dia-a-dia do ser humano e consequentemente na educação. Neste sentido, e tendo em conta o principal foco desta investigação, acreditamos que esta evolução do conceito de imagem muito contribuiu para a evolução do conceito de cinema e, por conseguinte, da sua utilização em termos educativos.

1.7. Importância da imagem

A imagem tem um papel preponderante na sociedade atual. Independentemente de onde estivermos, à distância de um clique todos nós temos acesso à mais diversificada informação. Transversal a todas as gerações, confirma-se o adágio popular: “Uma imagem vale mais do que mil palavras”.

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A imagem tem um poder “emotivo”, desencadeia, em cada um, reações diferentes, mas que ao mesmo tempo podem ser iguais em comportamento por imitação, como se pode observar nas gerações de jovens adolescentes. Essas reações têm a capacidade de despertar novos interesses, inventar novos valores, criar imagens de bem-estar e influenciar.

A imagem sob o ponto de vista estático, a fotografia, desencadeia à partida o mesmo tipo de reação que uma imagem dinâmica. Pode constatar-se este facto nas redes sociais:

facebook, twitter, entre outros. No que diz respeito, nomeadamente, à publicação de imagens

de figuras públicas, notáveis ou não, ajuízam-se comentários sobre as mesmas.

A edição de janeiro de 2014 da conceituada revista “Rolling Stones” (EUA) fez capa com o Papa Francisco, algo inimaginável até aos dias de hoje, ora pela imagem reservada que a Igreja ao longo dos tempos veiculou, ora por ninguém crer que numa revista desta natureza pudesse aparecer o mais alto dignitário da Igreja, o Papa. Ainda que com espanto, a aceitação foi imediata por quase toda a sociedade. A surpresa, a alegria e o entusiasmo dos cidadãos deveu-se exatamente ao poder da imagem do Papa Francisco, propiciada pelo seu exemplo de conduta.

São constantes as implicações da comunicação audiovisual no comportamento dos jovens relacionadas com o fenómeno do website de partilha de vídeos Youtube8, que no princípio de outubro de 2009 tinha mais de 1 bilião de visitantes por dia.

É o caso de um audiovisual do Youtube denominado “Neknomination vídeos”, que surgiu na Austrália em dois mil e treze, onde os jovens desafiam outros jovens a consumir quantidades exageradas de álcool seguidas de tarefas, as mais comuns das quais relacionadas com a prática de desportos radicais. Nesta sequência, foram registadas três mortes no Reino Unido. Paralelamente, na África do Sul, outro jovem, Brent Lindeque, decidiu contrariar essa conduta aproveitando de outra forma, desta feita positiva, o poder das nomeações nas redes sociais, denominado “smartnomination”. Esta ação sensibilizou outros jovens que se preocuparam em desenvolver atitudes socialmente positivas, ajudar o próximo, melhorar o dia de alguém, mantendo-se vivos, saudáveis e sem correr o risco de se acharem ridículos dentro de alguns anos.

Relativamente ao impacto da imagem na sociedade, vivemos atualmente outro fenómeno denominado “Selfies”. Este termo ou neologismo tem origem na palavra

8 O domínio www.youtube.com foi ativado em 15 de fevereiro de 2005 por Chad Hurley, Steve Chen e Jewed Karim, empregados

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portrait “, ou autorretrato, normalmente tirada com um telemóvel e cuja finalidade é a partilha nas redes sociais. O que antigamente seria denominado de narcisismo é atualmente considerado uma moda. Em 2013, foi considerada pelos responsáveis dos dicionários Oxford como a palavra do ano. Esta corrente também tem servido para a solidariedade social, como foi o caso do ocorrido na última gala de entrega dos Óscares 2014, em que a selfie tirada por Ellen Degeneris com um grupo de conhecidos atores, cerca de uma hora após ser editada, bateu o recorde no Twitter de selfie com mais “tweets” cerca de um milhão, e no dia seguinte perto de três milhões. Apesar de ter sido considerada uma estratégia da Samsung, um dos patrocinadores da octogésima-sexta gala dos Óscares, a ação assumiu um caráter social e esta companhia doou cerca de um milhão e meio de dólares a instituições de solidariedade indicadas pela apresentadora.

Não obstante, e tal como referimos inicialmente, a palavra «imagem» está diretamente relacionada com a palavra «magia». Ambas exibem a mesma raiz etimológica "MAG", cujo valor semântico, nos guia para atração, fascínio, feitiço. Segundo Gomes (2007:129), “a imagem é cativante e apelativa despertando naturalmente o interesse; detém um verdadeiro poder comunicacional e, simultaneamente mágico”. De facto, a imagem transmite informação e qualquer leitor perante um jornal ou revista concede prioridade às imagens, fazendo a leitura das mensagens que estas transmitem, só depois cedendo o lugar ao conhecimento dos conteúdos verbais.

Refletir sobre a perceção dessas imagens e o modo como são interpretadas pode ajudar a criar capacidades para a sua descodificação e levar à produção de mecanismos de prevenção perante a agressividade dos meios audiovisuais ou as formas de comunicação não solicitadas pelo recetor. Pode ainda contribuir para a formação de um público mais exigente e culto, porque o bom gosto pode ser ensinado.

A imagem transformou-se numa das mais exploradas formas de comunicação utilizadas pelo homem pois o nosso dia-a-dia é composto por todo o tipo de imagens que nos assolam, mesmo de forma não intencional. A nossa visão leva-nos a captar as diferentes mensagens icónicas e verbais expostas e, mesmo inconscientemente, a percecionar e acomodar as imagens na construção da nossa “enciclopédia” experiencial.

Oliveira (1996: 35) exibe algumas características da imagem, na qualidade de representação da realidade. A imagem para este investigador é:

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1) uma presença e uma ausência, na medida em que nos coloca perante uma realidade que se encontra ausente, mas da qual ela é um espelho.

2) simultaneamente sonho e realidade, na medida em que permite o acesso, como acontece, por exemplo, no mundo do cinema, uma realidade construída que se situa entre o universo do real e da ficção.

3) um sistema de representação sensorial, materializado num documento e, consequentemente, uma forma de comunicação que encerra uma carga real e afetiva, na medida em que nos informa, nos permite uma análise da realidade e nos sugere ou desperta sentimentos.

4) um fenómeno simultaneamente individual e social.

5) conjuntamente objetiva e subjetiva, na medida em que, na apresentação de uma realidade objetiva, o seu registo depende sempre de uma opção subjetiva daquele que a captura ou a realiza e no qual interferem diversos fatores, tais como o enquadramento, a iluminação, o ponto de vista, o tipo de plano utilizado, etc.

Mesmo que a imagem consista numa representação objetiva de uma determinada realidade abstrata ou concreta, toda a sua representação visual é ininterruptamente uma reprodução, subjetiva e objetiva, da realidade.

“A imagem é suscetível de ser descodificada por qualquer pessoa, qualquer povo, em qualquer época ou país sem que haja uma alteração significativa do seu valor como significante. A linguagem icónica – através da imagem – detém sempre o mesmo valor significativo, sendo grande a probabilidade de poder ser descodificada com maior ou menor precisão, ao longo dos tempos; a linguagem verbal, por sua vez, permanece limitada pela barreira linguística em que se insere o sujeito” (Gomes, 2007: 130).

Neste sentido, segundo Oliveira (1996), as palavras vão-se alterando, ao longo dos tempos, na forma, no significado, caindo muitas vezes no desuso e no esquecimento e sendo substituídas por outras mais recentes, fazendo com que os textos antigos se tornem de difícil descodificação, mas “(…) uma imagem que represente uma determinada cena manterá sempre o mesmo valor significativo, tendo grandes probabilidades de poder ser descodificada com maior rigor” (Oliveira, 1996: 36).

Também Raposo Rivas (2002: 90) menciona que uma determinada imagem “apresenta variadíssimas peculiaridades que a definem segundo o nível que existe em cada uma delas”. A

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